Carta de Rio Claro I Congresso Paulista de Orçamento Participativo Promovido pelo Fórum Paulista de Participação Popular e Prefeitura Municipal de Rio Claro-SP, em maio de 2000. Publicado em: 06/06/2000 Os prefeitos municipais, representantes de governos locais, de instituições universitárias e de pesquisa, conselheiros de orçamentos participativos e representantes de movimentos de participação popular, parlamentares e demais participantes do I Congresso Paulista de Orçamento Participativo, reunidos em Rio Claro (SP), nos dias 27 e 28 de maio de 2000, consideraram que: 1. O Estado de São Paulo sente de forma contundente os reflexos da crise econômica e social que preocupa todo país. O processo de urbanização da sociedade, neste século, levou a uma concentração crescente das pessoas nas cidades, e as transformações na organização social advindas da nova situação locacional, fizeram emergir novas necessidades a serem satisfeitas. Os municípios e suas articulações regionais, tem buscado enfrentar as dificuldades colocadas por este cenário de crise e suas experiências são ferramentas básicas na superação dos limites que esta crise coloca para a gestão pública e para o desenvolvimento de políticas sociais. 2. O controle social da gestão e da implementação de políticas públicas tem sido uma forma de construir uma produtiva parceria e gerar a partir dela um compromisso entre poder público e população que pode assegurar a construção de saídas para o desenvolvimento econômico e social de nosso estado. As comunidades têm se apresentado cada vez mais organizadas na defesa de seus interesses e a sua participação responsável e solidária permite que sejam consideradas e corrigidas muitas desigualdades através do acesso a bens e serviços que assegurem os seus direitos humanos fundamentais. 3. Dentre as experiências de controle social da gestão pública a proposta de Orçamento Participativo sempre foi a nossa meta mais cultivada. As experiências brasileiras, relativas à participação popular na elaboração do Orçamento Municipal, têm demonstrado ser esta uma forma mais democrática de decisão e que dá maior segurança ao poder público no tocante ao planejamento e distribuição dos recursos em benefício da maioria. Coletamos informações, trocamos experiências, fomos buscar pesquisas, realizamos este Congresso, tudo porque pretendemos, além de fortalecer a realização da proposta de Orçamento Participativo nas várias prefeituras do nosso estado, construir as condições e conquistar o espaço para que o Orçamento Estadual seja formulado de forma pública e com ampla participação popular. Queremos tornar viável e factível a realização do Orçamento Participativo no Estado de São Paulo. 4. Com o aprendizado que até aqui acumulamos e que ficou expresso neste congresso que contou com 450 inscritos, com a presença de representantes de 51 cidades de 5 Estados, sendo 47 do Estado de São Paulo, uma de Minas Gerais, uma da Paraíba, uma do Paraná, e uma do Rio Grande do Sul pretendemos inscrever de forma destacada nos programas de governos que se apresentam para as disputas municipais a necessidade de controle social da gestão pública como forma de colocar a administração pública a serviço do bem estar coletivo. 5. I Congresso Paulista de Orçamento Participativo deve servir para consolidar a possibilidade imediata de ampliação da rede de municípios que adota experiências de participação e controle social na elaboração e implementação de suas políticas públicas e avançar na conquista de espaços que assegurem esta possibilidade também para o Estado de São Paulo. Neste sentido decidimos : - A criação de um grupo de trabalho junto ao Fórum Paulista de Participação Popular com o objetivo de sistematizar e divulgar as experiências relativas ao Orçamento Participativo nos Municípios; - O incentivo à criação de canais que sirvam de apoio para promover a capacitação e formação de participantes diretos nos diferentes processos de elaboração dos Orçamentos Públicos com participação popular e controles social; - A realização de um II Congresso sobre Orçamento Participativo em 2002, tendo como promotor a Fórum Paulista de Participação Popular que avance na direção da gestão participativa; - A elaboração de projetos de Lei que contemplem a inclusão na Lei Orgânica do Município da gestão participativa para a elaboração da peça Orçamentária, bem como mecanismos para o acompanhamento de sua execução plena; - A realização de um evento que traga as informações e debata o impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal para o estado e os municípios; - O apoio à tramitação de iniciativas legislativas que contemplem a participação popular e o controle social no processo de elaboração e execução do Orçamento Estadual. Rio Claro, 28 de maio de 2000