ID: 35047914 16-04-2011 Tiragem: 49454 Pág: 20 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 29,18 x 33,33 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 5 Estradas Derradeiro troço do IC17 entre a Buraca e a Pontinha ajudará a aliviar Lisboa O “remendo” que faltava na CRIL abre amanhã Victor Ferreira e Luís Filipe Sebastião a O derradeiro troço da Circular Regional Interna de Lisboa (CRIL), com 3,6km, abre amanhã ao trânsito. Quando isso acontecer – a empresa Estradas de Portugal não confirmou a hora de abertura –, coloca-se um ponto final numa obra faraónica, tanto pelo preço como pela duração. O mínimo que a Grande Lisboa pode pedir é que o seu impacto no trânsito seja tão grande quanto a espera e a polémica que o projecto implicou. A conclusão da CRIL poderá retirar até 70 mil veículos que actualmente são obrigados a embrenharem-se na capital pelos três principais eixos viários (Segunda Circular, Eixo Norte-Sul e Calçada de Carriche). A previsão é de um estudo da consultora TIS, liderada pelo especialista em transportes José Manuel Viegas, que estima, em declarações ao PÚBLICO, que os automobilis- Cada quilómetro custou, em média, cerca de 51 milhões de euros. Ainda há processos judiciais em curso, por causa das expropriações tas “vão demorar três a quatro meses para alterar as suas rotinas”. A CRIL está prevista desde 1980, com a designação de Itinerário Complementar 17. Porém, o anteprojecto é de 1969 – mandava no país Marcello Caetano. Desde sempre considerada uma das vias estruturantes da região, esta ligação entre Algés e Sacavém foi avançando aos solavancos. O troço entre Alto do Duque e Pina Manique (Buraca), ligando a Auto-estrada de Cascais e o IC19 (Lisboa-Sintra), começou com Cavaco Silva e ficou pronto em 1996. Os restantes quatro sublanços, apesar de N Túnel de Benfica Com 1500 metros de comprimento, e quatro vias em cada sentido ao longo da maior parte da sua extensão, terá cancelas de emergência e equipamento de fibrolaser para medir a temperatura interior, radares de controlo de velocidade, videovigilância e portas laterais para evacuação terem apenas cinco quilómetros cada, foram abrindo espaçados no tempo. A CRIL deveria ter ficado pronta para a Expo-98. O último sublanço (BuracaPontinha), com 3,6 quilómetros, abre hoje, 15 anos depois da primeira inauguração e 13 anos sobre esse evento internacional em Lisboa. “É uma peça absolutamente central no macro-ordenamento do tráfego da região de Lisboa”, vinca José Manuel Viegas, acrescentando que as estimativas iniciais previam uma redução de 20 por cento do trânsito só na Segunda Circular. Um estudo da sua consultora estima agora que a conclusão Caminho pedonal Nó da Damaia É um dos nós mais contestados pelos moradores, que defendiam a construção de apenas metade desta ligação, mas a solução adoptada sempre teve o apoio da Câmara da Amadora ALGÉS Nó das portas de Benfica Consequências da conclusão da CRIL Estimativa em % Santa Cruz de Benfica/Damaia Os espaços de ventilação do túnel situam-se junto às moradias de Santa Cruz de Benfica Alverca Ganho de tráfego Nó da Buraca 168 178 142 95 67 61 CRIL 59 14 2ºCircular Eixo N/S LISBOA A5 89 scais Eixo N-S -46% 56 36 25 CREL 2ª Circ. -20% A16 91 FONTE: ABAE CRIL +49% Sintra 178 33 IC22 -7% Loures IC16 Média de veículos por dia Em milhares, nos dois sentidos Com CRIL A1 CREL -24% A16 +43% 2.ª CIRCULAR Sem CRIL A8 Perda de tráfego C. Carriche 31 20 A5 A16 35 IC16 27 IC19 25 IC22 A5 +6% Eixo N-S Rio Tejo ID: 35047914 16-04-2011 Tiragem: 49454 Pág: 21 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 29,32 x 37,87 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 5 Moradores indignados com acusações de egoísmo Os moradores da Damaia e Santa Cruz dizem que as acusações de Almerindo Marques (na foto) “são falsas e de conteúdo calunioso, tendo como objectivo branquear a responsabilidade da EP no atraso da conclusão da CRIL e nos elevados custos”. Dizem ainda que as expropriações foram feitas “muito abaixo do valor de mercado”. desta nova radial proporcionará uma poupança de 4000 horas por dia nos trajectos da região de Lisboa. O sublanço que abre hoje, com ano e meio de atraso em relação ao último calendário previsto, custa ao Estado 114 milhões de euros (obras), aos quais se somam 72,7 milhões em expropriações e realojamentos. Foram realojadas 1500 famílias e expropriados 596 terrenos – alguns dos quais são alvo de processos judiciais ainda em curso. Feitas as contas, cada quilómetro deste lanço custou cerca de 51,6 milhões. O que compara com os seguintes preços convencionados pelo mercado: um quilómetro normal de autoestrada (plana, sem necessidade de grandes movimentações de terra, nem condicionamentos urbanos) custa 6,5 milhões; um quilómetro em montanha, 20 milhões; um quilómetro em ponte, 25 milhões; um quilómetro em túnel, 60 milhões. O trajecto, com três ou quatro vias para cada sentido, tem sete nós, seis túneis, dois viadutos, cinco passagens superiores e quatro inferiores. Viegas considera o último sublanço como “um remendo”, dada a exiguidade de espaço disponível. Anteontem, o secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos (PS), disse que a empreitada lançada por 111,6 milhões custaria 114 milhões, o que daria uma derrapagem de 2,4 milhões de euros. Porém, segundo um documento da Estradas de Portugal, a que o PÚBLICO teve acesso ontem, a derrapagem é maior, no mínimo mais cinco milhões de euros. Isto porque a empresa retirou do projecto inicial a ligação do IC 16 a Benfica e à Pontinha, uma obra de 5,2 milhões de euros que estava contabilizada no preço inicial, mas que irá ter um concurso próprio, segundo a empresa, e será paga à parte. O estudo da TIS prevê que, com a redistribuição de tráfego, a CRIL ga- nhe diariamente mais 30 mil veículos nos dois sentidos, captando mais 6000 para a A16 (CREL-Cascais), dez mil para a A5 (Lisboa-Cascais) e 4000 para o IC16 (Radial da Pontinha). No sentido inverso, os automobilistas deverão optar por fugir dos congestionados acessos à capital. A Segunda Circular perderá até 36 mil veículos, o Eixo Norte-Sul na ordem dos 31 mil e a Calçada de Carriche à volta de três mil. Isto sem contar com o IC19 (menos 6000 viaturas), a CREL (perde até 8000) e o IC22 (baixa 2000). cam facilitados os acessos à A5, IC19, IC16 e A8 (Odivelas-Leiria). O estudo da TIS prevê ainda uma redução da sinistralidade de 12,1 por cento. O traçado do último sublanço da CRIL merece críticas dos moradores afectados pela obra (ver páginas seguintes), mas também do Observatório de Segurança de Estradas e Cidades (OSEC). Nuno Salpico, magistrado e presidente deste organismo não-governamental, ressalva não dispor de informações seguras acerca de eventuais alterações na obra. Numa peritagem em Julho de 2008 (revista em Abril de 2010), um engenheiro do OSEC concluiu: “[O] traçado em construção não verifica um único critério técnico de segurança e, pior do que isso, todas essas violações graves aos critérios técnicos de segurança Dúvidas sobre a segurança A nova radial, para além de retirar tráfego de Lisboa, com a consequente melhoria e fluidez das principais avenidas urbanas, permitirá uma ligação mais rápida entre a zona ribeirinha do Tejo, em Algés, e a A1 (Lisboa-Porto) e a Ponte Vasco da Gama. No meio fi- acumulam-se nas mesmas zonas do traçado – nas curvas –, potenciando níveis de risco proibido.” As zonas de maior perigo foram identificadas em Pina Manique, no nó de ligação IC19-Segunda Circular; no início do túnel de Benfica; na curva próxima do nó da Damaia; na curva junto ao túnel da Venda Nova e na curva perto do nó da Pontinha. Em todos estes locais são apontadas limitações à visibilidade, devido ao perfil da curvatura da via e das lombas acentuadas existentes no desnível da estrada. Por isso, defendia o cancelamento da empreitada “para executar um projecto que garanta as condições obrigatórias de segurança”. BELÉM Rotunda da Falagueira Túnel da Venda Nova Possui uma extensão de 270 metros e apenas três vias em cada sentido Nó de Alfornelos PONTE VASCO DA GAMA Nó de Pedralvas IC 16 IC16 (Radial da Pontinha) Troço entre os nós da Pontinha e de Benfica, com 0,8 km de extensão e dois túneis, com conclusão prevista para finais de 2011 Nó de Benfica Fases da construção dos troços da CRIL 1969 1975 Anteprojecto Reserva de terrenos e delimitação de zonas livres de construção 1996 1997 1998 2003 2011 Alto do Duque Pontinha / Pina Manique / Olival Basto Olival Basto / Sacavém Algés / Alto do Duque Pina Manique / Pontinha 5 Km 5 Km 5 Km 4 Km 4 Km ID: 35047914 16-04-2011 Tiragem: 49454 Pág: 22 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 29,25 x 35,60 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 5 Estradas Polémica em torno da CRIL dura há anos e promete continuar “Nós, no executivo, fomos ludibriados, tal como os moradores. Há dois anos o projecto que estava em cima da mesa não era este.” Manuel Salgado Vice-presidente da Câmara de Lisboa Dezembro de 2010 “Que o nosso sacrifício altere, pelo menos, a forma como são feitas obras públicas” Inês Boaventura (texto) e Enric Vives-Rubio (fotos) Casas à venda, negócios fechados, gente amargurada. A CRIL é uma fonte de descontentamento, não porque exista, antes pela forma como foi feita a Fátima Cardina mora há 36 anos na Damaia e sempre soube que a Circular Regional Interior de Lisboa (CRIL) – cujo projecto inicial tem 41 anos – ia passar bem perto de sua casa, mas só há alguns anos começou a perceber, e a temer, as consequências que esta obra lhe iria empurrar pela porta adentro. Hoje, da janela da sua casa, que pôs à venda por acreditar que a sua qualidade de vida jamais voltará a ser a mesma, Fátima tem vista privilegiada para o túnel rasgado que a partir de amanhã poderá ser atravessado por qualquer coisa como 90 mil veículos por dia. “Vou ter muita pena, afinal são 36 anos, não são 36 dias”, diz, rodeada de fotografias das filhas e das netas que cresceram neste terceiro andar da Praceta Bernardo Santareno, na Amadora. Foi para lhes “deixar uma melhor herança” que Fátima se juntou, em 2003, à “luta” – não contra a CRIL, mas a favor de um projecto diferente daquele que acabou por se concretizar. “Publicidade enganosa” “Esta obra podia ter sido feita sem nenhum impacto para a população”, afirma, reconhecendo agora de que pouco valeram as muitas noites e madrugadas passadas a fazer cartazes e a preparar iniciativas, para demonstrar que aquilo que mostravam os folhetos da Estradas de Portugal não correspondia à verdade. “Era publicidade enganosa”, sustenta Fátima. Desde que a empreitada do último troço da CRIL começou – já lá vão três anos e tantas embalagens de anti-histamínicos que lhes perdeu a conta –, Fátima passou a viver em sobressalto, com “o ruído e a poluição” da obra que, nalgumas semanas, decorreu “24 sobre 24 horas”. Teme que o pior venha a partir de amanhã, quando o troço abrir ao tráfego. Também na Damaia, “no primeiro prédio junto ao muro da vergonha” que agora separa esta freguesia do Bairro de Santa Cruz de Benfica, está José Ferreira, um comerciante de peças automóveis que não esconde a sua revolta. “Concordo que a CRIL tinha de ser feita e a maioria do povo concorda, só que a proposta apresentada não era assim”, garante, acrescentando que ele e os seus vizinhos foram “roubados, vigarizados”. “Nós temos aqui um muro de Berlim”, constata José Ferreira, enquanto aponta para a parede de betão que se ergue em frente à primeira linha de prédios da Damaia e que dificulta a vida daqueles que todos os dias pretendem atravessar para o concelho de Lisboa. É lá que se localiza o Mercado de Benfica, a escola primária com jardim-de-infância na Rua Dr. Cunha Seixas e outros equipamentos cujo acesso fica agora mais difícil, especialmente para os mais idosos, obrigados a usar a rampa ou as escadas colocadas no local. Numa caminhada pela Rua Garcia de Orta, pela Avenida Alves Redol e pela Rua de Goa, no lado da Amadora, José Ferreira lembra com “Queremos que este exemplo de atitude, de cidadania, sirva para evitar que situações destas se repitam”, diz Jorge Alves, que lutou durante 17 anos por uma alternativa melhor “A declaração de impacte ambiental está a ser respeitada, tendo em conta as condicionantes que ela própria determinou.” Rui Nelson Dinis Administrador da Estradas de Portugal Janeiro de 2010 Cristina Dias tem uma peixaria. Está ainda à espera de uma indemnização tristeza o tempo em que estas eram artérias com “um movimento fora do comum” e muitos estabelecimentos comerciais de portas abertas. Hoje há pelo menos dois – uma loja de roupa e um talho – que exibem vidros cobertos de pó e cartazes que dispensam explicações adicionais: “Encerramos temporariamente por falta de condições devido às obras da CRIL.” A confirmar indemnizações Na peixaria de Cristina Dias a porta antes aberta está agora encostada para evitar a entrada de pó. “Tive de dispensar a funcionária, que estava cá há sete anos, e não ganho para a renda, que é alta. Tenho-me aguentado, porque isto é o meu sustento”, conta a comerciante. Cristina Dias garante que nos últimos três anos as vendas baixaram 40 por cento, acrescentando que continua a aguardar resposta ao pedido de indemnização que fez à Estradas de Portugal. Questionada pelo PÚBLICO, a empresa confirma que “seis comerciantes apresentaram queixas” e diz que, “com o recurso a peritos externos, está a confirmar os valores apresentados pelos queixosos”. No lado de Benfica, Lisboa, mora Jorge Alves, que, à custa da luta que vem travando nos últimos 17 anos, se tornou o rosto mais conhecido da muito acesa contestação popular à CRIL. Uma causa que lhe exigiu “muito tempo, muitos sacrifícios da família e profissionais”, mas da qual garante nunca ter tido vontade de desistir. E, apesar de a estrada que viu nas- Nas traseiras da moradia de Jorge Alves há agora uma estrada ID: 35047914 16-04-2011 “Se isto fosse um Estado de direito, já tinham rolado cabeças.” Fernando Nunes da Silva Vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa Novembro de 2009 Tiragem: 49454 Pág: 23 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 29,10 x 35,44 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 4 de 5 “Jamais se gastou tanto numa estrada para que os prejuízos dela decorrentes fossem os menores possíveis.” Nunes Correia Ex-ministro do Ambiente, Novembro de 2007 “Cada quilómetro desta obra é mais caro do que o do TGV.” Francisco Louçã Líder do Bloco de Esquerda Agosto de 2009 Antigo consultor que negociou traçado Fátima Cardina pôs à venda a casa em que mora há 36 anos Técnico garante que obra feita não corresponde ao projecto cer nas traseiras da sua moradia na Rua Comandante Augusto Cardoso pouco ou nada ter a ver com aquela pela qual se bateu, Jorge Alves mantém a expectativa de que o esforço que foi seu e de muitas outras pessoas não tenha sido em vão: “Espero que o nosso sacrifício destes anos todos possa, pelo menos, alterar a forma como são feitas obras públicas em Portugal. Queremos que este exemplo de atitude, de cidadania, sirva para evitar que situações destas se repitam.” Avisos aos condutores José Ferreira diz que a comunidade foi separada por um “muro de Berlim” Nem o facto de a empreitada do último troço da CRIL estar concluída faz este morador de Santa Cruz de Benfica baixar os braços. A comissão de moradores que representa prepara-se para distribuir folhetos alertando os automobilistas para os “pontos negros” daquela via. Os folhetos dirão ainda que, de acordo com a legislação, os condutores podem, em caso de sinistro, responsabilizar criminalmente “os responsáveis técnicos e políticos que validaram o projecto”. Em julgamento continua a acção na qual Jorge Alves defende a ilegalidade da obra, nomeadamente por não cumprir a declaração de impacte ambiental (DIA). Segundo o Ministério do Ambiente, “quer a entidade de avaliação de impacte ambiental, quer a Inspecção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território não confirmaram as queixas, nem os alegados incumprimentos da DIA”. a Tem 3,6 quilómetros, mas a dimensão reduzida não impediu que o troço que faltava para concluir a CRIL fizesse história, pelo atraso de décadas na concretização, pelo custo da obra, pelos avanços e recuos no projecto e pela contestação popular que gerou. E nem na véspera da abertura ao tráfego se dissipou a polémica: técnicos e autarcas garantem que o projecto executado não foi aquele que tinha sido acordado com a Estradas de Portugal (EP). Nunes da Silva, vereador da Mobilidade em Lisboa, já chamou “um verdadeiro crime” a esta empreitada. Gabriel Oliveira, vereador dos Transportes e Trânsito na Amadora, referiuse ao muro de betão erguido entre a Damaia e Santa Cruz de Benfica como “uma barbaridade”. Ambos concordaram que a estrada que agora une a Buraca à Pontinha não corresponde ao projecto que estava no papel e que no passado permitiu pôr fim a um longo litígio entre a EP e os municípios atravessados pela CRIL. Essa convicção é partilhada por José Reis, que é hoje assessor de Nunes da Silva e durante vários anos representou a Câmara da Amadora nas negociações com aquela empresa. O engenheiro recorda que as divergências eram tantas que o nó da CRIL só se desatou quando o anterior presidente da EP, António Laranjo, decidiu assumir pessoalmente este processo. “Fomos discutindo metro a metro. Durante meses tivemos reuniões, duas ou três vezes por semana”, conta José Reis, acrescentando que desse trabalho resultou a proposta que foi a concurso público em 2007. O problema, denuncia o engenheiro, é que, apesar de o programa do concurso ser “extremamente rígido, não permitindo qualquer alteração altimétrica”, aquilo que foi feito não corresponde ao acordado. “Junto à escola no Bairro da Santa Cruz de Benfica tínhamos um muro que não chegava aos três metros e neste momento tem seis. No lado da Amadora não havia alteração da cota e agora levantou na ordem dos três metros. É uma monstruosidade, numa obra destas é inaceitável”, diz o antigo consultor do município da Amadora. E as discrepâncias não ficam por aqui: José Reis acrescenta que a rotunda das Portas de Benfica “levantou incompreensivelmente”, deixando um dos torreões “enterrado um metro e tal”, e que a ligação entre a Estrada dos Salgados e as Pedralvas que estava prevista foi “cortada”. “Depois daquele trabalhão todo de não sei quantos anos...”, lamenta o engenheiro, afirmando que a obra feita é “substancialmente pior” do que a proposta que tinha sido acordada. Questionado sobre as discrepâncias denunciadas por este técnico e por autarcas, o secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, sustenta, em declarações ao PÚBLICO, que a tal “solução consensual” alcançada quando António Laranjo era presidente da EP foi “integralmente” concretizada. I.B. José Reis diz que as alterações conduziram a uma “monstruosidade” 16-04-2011 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 11,11 x 27,43 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 5 de 5 CRIL Projectada em 1969, devia estar feita em 1998, abre amanhã ENRIC VIVES-RUBIO ID: 35047914 Tiragem: 49454 a José Sócrates visita hoje o último troço da Circular Regional Interna de Lisboa (CRIL), 15 anos após a inauguração do primeiro lanço. Os 3,6km entre a Buraca e a Pontinha completam o anel rodoviário que permite ligar Lisboa Ocidental a Lisboa Norte. Há políticos que consideram o traçado um crime, e um especialista garante que a obra não respeita o projecto. Hoje a via abre-se a uma corrida popular. A partir de amanhã é para os carros. c Local CRIL vai tirar 70 mil automóveis por dia de Lisboa Cada quilómetro custou cerca de 51,6 milhões de euros Hoje realiza-se uma corrida popular no troço de 3,6km