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Descoberta que abre caminho para tratar autismo
Tipo Meio:
Internet
Meio:
Ciência Hoje.pt
URL:
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=40889&op=all
Data Publicação:
19-03-2010
Descoberta que abre caminho para tratar autismo Cientistas do Carnegie Mellon conseguiram perceber
como cérebro codifica substantivos
Os neurocientistas Marcel Just e Vladimir Cherkassky e os cientistas informáticos Tom Mitchell e
Sandesh Aryal, da Universidade de Carnegie Mellon, parceira de nove instituições do Ensino Superior
de Portugal, conseguiram determinar como é que o cérebro organiza representações de substantivos,
combinando imagens cerebrais e técnicas de aprendizagem mecânica. O estudo foi publicado na
revista científica PLoS One .
Esta novidade surge como uma espécie de Pedra de Roseta neural, e um importante avanço para o
tratamento de doenças do foro psiquiátrico e neurológico, ao permitir compreender como é que o
cérebro codifica os substantivos.
"Descobrimos como é que o dicionário cerebral está organizado" , explica Marcel Just, professor de
Psicologia e director do Center for Cognitive Brain Imaging. "Não é apenas uma ordem alfabética ou
segundo cores e tamanhos. Fá-lo através de três características básicas usadas pelo cérebro para
definir substantivos comuns como 'apartamento', 'martelo' e 'cenoura'".
Este estudo permitiu, pela primeira vez, identificar pensamentos estimulados por palavras isoladas
com precisão, através de imagens cerebrais, ao contrário de estudos anteriores que recorriam a
estímulos visuais ou combinados com palavras. A equipa foi também capaz de prever onde se daria a
activação mediante um substantivo apresentado aos participantes. A comparação de imagens sobre os
resultados esperados e obtidos mostram que as teorias geram previsões bastante precisas.
Pensamentos estimulados por palavras isoladas Nas doenças psiquiátricas e neurológicas, os
significados de certos conceitos estão, por vezes, distorcidos. Estas novas técnicas tornam possível a
medição dessas distorções e apontar um caminho para as contrariar. Por exemplo, uma pessoa com
agorafobia, medo de espaços abertos, pode ter uma codificação exagerada da dimensão abrigo. Uma
pessoa com autismo pode ter uma codificação mais fraca em contacto social.
Três códigos, três fundamentos
Os três códigos ou características relacionam-se com três fundamentos: como é que nos relacionamos
fisicamente com o objecto (como o seguramos, por exemplo); como é que está relacionado com o
acto de comer; ou com a ideia de abrigo.
Os três factores, cada um codificado entre três a cinco diferentes áreas do cérebro, foram
descobertos através de um algoritmo, que procurou pontos comuns entre zonas cerebrais dos
participantes que respondiam a 60 substantivos que descrevem objectos físicos. Por exemplo, a
palavra "apartamento" provocou alta activação nas cinco áreas que codificam palavras relacionadas
com "abrigo" .
A investigação demonstrou também que o significado dos substantivos é codificado de forma similar
no cérebro dos vários participantes. "Este resultado demonstra que, quando duas pessoas pensam
sobre a palavra 'martelo' ou 'casa', os padrões de activação cerebral são bastante similares", confirma
Tom Mitchell, responsável pelo Machine Learning Department na School of Computer Science.
Moldar o cérebro
Avanço pode ajudar a tratar autismo Jaime Cardoso, da Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto, está desde Janeiro neste departamento da Universidade de Carnegie Mellon - no âmbito do
programa de intercâmbio de professores -, a colaborar na área de investigação em aprendizagem
automática (machine learning), visão computacional e em sistemas de apoio à decisão que beneficiem
as duas áreas anteriores.
Trata-se de uma iniciativa que se traduz numa oportunidade única para os académicos e para as
instituições, pela imersão cultural dos docentes e pela promoção de mudanças positivas através da
adopção das melhores práticas na educação, na investigação e na inovação.
Esta descoberta tem ainda implicações no desenvolvimento e nos testes a nível neural: "Nós
ensinamos a mente, mas estamos a moldar o cérebro, e agora podemos testar o cérebro sobre o quão
bem aprendeu um conceito" , conclui Marcel Just.
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