Boletim eletrônico: Ano I .: Nº 03 .: 27.10.2008 A Reação do Governo Perante a Crise 19 de setembro O Banco Central anuncia um leilão de US$ 500 milhões com compromisso de recompra da moeda após 30 dias. Nessa operação o BC "empresta" os dólares às instituições financeiras durante esse período. Os recursos servem para que os bancos possam financiar as exportações brasileiras. 24 de setembro O BC anuncia mudanças no recolhimento de depósitos compulsórios, que beneficia bancos menores e instituições que trabalham com leasing. Com isso, o BC garante a injeção de R$ 13 bilhões no mercado. 26 de setembro O BC realiza uma nova operação de venda de dólares com compromisso de recompra, no valor de mais US$ 500 milhões, e ajuda a conter o dólar. 1º de outubro O Banco do Brasil antecipa R$ 5 bilhões em crédito para o setor agrícola para suprir a falta de recursos causada pela crise financeira. 2 de outubro O BC anuncia a redução do compulsório para os bancos grandes que comprarem parte das carteiras de crédito dos bancos pequenos. A estimativa do BC é que a mudança injete R$ 23,5 bilhões na economia, além de ajudar as instituições menores. 6 de outubro O pior dia desde o início da crise, o dólar ultrapassa os R$ 2,15 e a Bolsa cai mais de 15% durante o dia. São anunciadas várias medidas. Pela manhã, o BC anuncia um leilão de "swap cambial" e coloca US$ 1,468 bilhão no mercado financeiro. Nessa operação, que não era realizada desde maio de 2006, o BC oferece proteção contra a alta do dólar. À tarde, o governo anuncia a criação de uma linha internacional de crédito para ajudar os exportadores, com o dinheiro das reservas internacionais do BC. O governo também reforça a linha de financiamento para exportações préembarque do BNDES, com mais R$ 5 bilhões. No final do dia, o presidente Lula edita uma medida provisória que dá mais poderes ao BC para atuar durante a crise. Entre elas, está à autorização para o BC comprar carteiras de crédito de bancos em dificuldades no Brasil. 7 de outubro O BC volta a realizar leilões de swap cambial e venda de moeda com compromisso de recompra. São colocados no mercado US$ 1,359 bilhão e US$ 700 milhões, respectivamente. Desde 19 de setembro, foram vendidos US$ 4,529 bilhões ao mercado por meio de leilões do BC, sem afetar as reservas internacionais. Mesmo assim, a moeda sobe 5% e fecha cotada a R$ 2,31. 8 de outubro O dólar chega a R$ 2,48 pela manhã e obriga o BC a vender parte das reservas internacionais para acalmar o mercado. Pela primeira vez, desde o dia 13 de fevereiro de 2003, o BC realiza um leilão em que vende parte dos US$ 208 bilhões que tem em caixa. Nos leilões anteriores, o BC vendia a moeda com um compromisso de recompra. Na prática, isso funcionava como um empréstimo e não afetava as reservas. Foram realizados três leilões. Os valores não foram divulgados. Em outra operação de swap, o BC coloca mais US$ 1,303 bilhão no mercado. A moeda recua para R$ 2,28. No fim do dia, o BC anuncia mais duas mudanças nas regras do recolhimento sobre depósitos compulsórios e coloca mais R$ 23,2 bilhões na economia. 9 de outubro O BC realiza novos leilões de swap e vende mais dólares das reservas. Além disso, o CMN (Conselho Monetário Nacional) regulamenta as regras para que o BC possa socorrer os bancos que precisem de crédito em dólares ou reais. A regulamentação dá ao BC poderes para interferir na administração dos bancos que venderem suas carteiras de crédito à instituição em busca de recursos. No fim do dia, o ministro da Fazenda e o presidente do BC, que embarcaram para os EUA com a missão de defender uma regulamentação mais rígida dos mercados financeiros no encontro do FMI. 10 de outubro O BC vende mais dólares das reservas e realiza outros leilões de swap, para segurar a cotação da moeda. 13 de outubro O BC informa mais mudanças no compulsório, que significam a liberação na economia de R$ 47,1 bilhões dos R$ 100 bilhões que foram prometidos pela manhã. No compulsório sobre exigibilidade adicional (que inclui depósitos a vista, prazo e poupança), o limite de dedução aumentou de R$ 300 milhões para R$ 1 bilhão. O limite de dedução do compulsório sobre depósitos a prazo passou de R$ 700 milhões para R$ 2 bilhões, com impacto de R$ 13,1 bilhões a partir de 17 de outubro. Os bancos também terão direito a fazer um abatimento em relação ao compulsório recolhido sobre operações de leasing. Em relação ao desconto no compulsório sobre depósitos a prazo para quem comprar carteiras de crédito de outros bancos, muda o patrimônio de referência do banco vendedor, que sobe de R$ 2,5 bilhões para R$ 7 bilhões. O percentual de desconto para quem comprou sobe de 40% para 70%. Segundo o BC, além de vender a carteira de crédito, os bancos menores poderão vender também outros ativos, principalmente aqueles ligados a fundos de investimentos desses bancos. 16 de outubro O Banco Central anunciou mais uma mudança nas regras dos depósitos compulsórios. Agora, o BC ampliou as possibilidades para que esses bancos possam elevar o dinheiro que têm em caixa com a venda de ativos para bancos maiores. Além de vender a sua carteira de crédito e títulos dos seus fundos de investimentos, os bancos menores poderão vender outros ativos: 1) títulos e valores mobiliários de renda fixa, adiantamentos e outros créditos de pessoas físicas e jurídicas não-financeiras; 2) depósito interfinanceiro com garantia de ativos elencados no item 1 ou de operações de crédito. Além disso, o CMN autorizou o Banco Central a determinar que, nas operações de empréstimos em moeda estrangeira, os recursos sejam direcionados para operações de comércio exterior. O BC também fica autorizado a receber debêntures emitidas por empresas não financeiras nas operações de redesconto. 22 de outubro O Governo Lula abriu a possibilidade de estatizar bancos, como forma de atenuar os efeitos da crise internacional. A Medida Provisória nº 443, publicada ontem no ‘Diário Oficial da União’, estabelece que Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal poderão comprar ações e até o controle de instituições financeiras em dificuldade sem passar por licitação. Também podem ser estatizadas seguradoras, entidades abertas de previdência privada e de capitalização. A MP autoriza ainda a compra de participação acionária de construtoras, como forma de manter o aquecido o setor, responsável por grande número de empregos. Fonte: Folha Online