UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Prova de História do Brasil I (HH060) (Primeiro semestre de 2013)
Prof. Responsável: Luiz Geraldo Silva
Web: http://people.ufpr.br/~lgeraldo/brasil.html
Caro Aluno ou Aluna:
Antes de responder as questões leia com atenção o disposto no item Normas para elaboração de provas e
relatórios do website da disciplina História do Brasil I (HH060). Se você apresentou seminário neste
bimestre deve responder as três primeiras questões; se não apresentou deve responder todas as
questões.
1. Conforme Alencastro, ao final do “longo século XVI”, o qual fora “iniciado com as primeiras
descobertas ibéricas e concluído no final da Guerra dos Trinta Anos (1618-48)”, os “‘velhos países
capitalistas’, Portugal e Espanha, são suplantados no comércio ultramarino pelos ‘novos países
capitalistas’ do Norte da Europa, Inglaterra e Holanda” (ALENCASTRO, L. F. A economia política
dos descobrimentos. In: NOVAES, Adauto (Org.). A descoberta do homem e do mundo. S. Paulo: Cia.
das Letras, 1998, p. 193). Com base nesta proposição, analise aspectos militares, políticos e ideológicos
discutidos por este historiador, bem como por Bethencourt & Curto e Hespanha & Santos, que
conformam a crise da expansão portuguesa entre fins do século XVI e meados do século XVII (2,5
pontos).
2. Na década de 1570, Pero de Magalhães Gândavo formulou proposição conforme a qual “a língua
deste gentio toda pela costa é uma: carece de três letras – scilicet [vale dizer], não se acha nela F, nem
L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei; e desta maneira vivem
sem Justiça e desordenadamente” (GÂNDAVO, Pero de M. Tratado da terra do Brasil (5ª ed.) e
História da província santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil 1576 (12ª ed.). Recife: Editora
Massagana, 1995, p. 24). Na década seguinte Gabriel Soares de Souza propõe ideia semelhante, na qual
desdobra e amplia aquela formulação original. Referindo-se especificamente aos “tupinambás”,
destaca que “na língua que é quase geral pela costa do Brasil” percebe-se a falta de “três letras das do
ABC, que são F, L, R grande ou dobrado, coisa muito para se notar”, pois, “se não têm F, é porque não
têm fé em nenhuma coisa que adorem; nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos padres da
Companhia [de Jesus] tem fé em Deus Nosso Senhor”. Do mesmo modo, “se não têm L na sua
pronunciação, é porque não têm lei alguma para guardar” e, finalmente, se não há “R na sua
pronunciação, é porque não têm rei que os rejam, e a quem obedeçam, nem obedecem a ninguém, nem
ao pai o filho, nem o filho ao pai e cada um vive ao som da sua vontade” (SOUZA, Gabriel Soares de.
Tratado descritivo do Brasil em 1587 (5ª ed.). São Paulo/Brasília: Editora Nacional/INL, 1987, p. 302).
Tais observações, contudo, são, além de eurocêntricas, profundamente contraditórias, uma vez que
seus tratadistas descrevem, ao mesmo tempo, práticas sociais, políticas, religiosas e econômicas entre
os tupinambás dotadas de coerência, estrutura e dinâmica interna. À luz destas proposições, examine
aspectos da vida social e política entre os tupinambás considerando exemplos e descrições contidas em
ambos os escritores seiscentistas e, principalmente, em análises empreendidas por John Manuel
Monteiro (2,5 pontos).
3. Entre os séculos XVI e XVII distinções sociais, econômicas e políticas importantes separavam, por
um lado, as capitanias açucareiras e centrais e, por outro lado, as áreas remotas dos extremos sul e
norte da América portuguesa. Analise estas distinções sublinhando processos relativos ao
estabelecimento e desenvolvimento de empreendimentos econômicos e concernentes à obtenção de
força de trabalho (2,5 pontos).
4. A criação de vilas, capitanias e estruturas jurídicas constituíram alicerces da implantação da
administração portuguesa nas minas gerais. Examine a criação destas instituições entre as primeiras
décadas e meados do século XVIII (1,0 ponto).
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