Entrevista com o ator Alvaro Thuler POUCAS E BOAS DA MARI - Alvaro, você ficou conhecido pelo público por causa de seu personagem Boris Tutchenko, o coronel russo da propaganda da marca Net. Como foi que você virou o coronel da Net? ALVARO THULER - Sou ator e teve uma seleção na qual fui escolhido para fazer esse personagem que faço desde 2007. PBM - O que mudou em sua carreira depois dessa propaganda? A.T. - Mudou muita coisa. Esse personagem ficou muito conhecido. Eu já fazia comerciais antes, mas nenhum tão marcante como o da Net e isso abriu portas. Hoje em dia, se eu falar quem sou, muda completamente as coisas, até para estacionar carro muda. (rs) PBM - Você tem medo de ficar conhecido apenas como “olha o cara da Net”, devido esse sucesso do personagem? A.T. - Não tenho. Acho isso é normal. O personagem existe quando se está na TV e enquanto se faz a campanha. PBM - Durante nossas conversas, falamos muito dessa mistura do real com o imaginário, das pessoas confundirem o ator com opersonagem. Conte para os internautas do PBM uma história que ocorreu essa confusão. A.T. - Outro dia eu, minha esposa, um amigo e sua irmã estávamos voltando de um passeio de moto, depois de almoçarmos no Rancho 53 da Rodovia Castello Branco. Era um dia lindo. Um policial pediu para eu parar. Assim eu fiz. Meus amigos também pararam. Peguei o documento e entreguei ao guarda, que olhava a foto e olhava para mim, como se me conhecesse. Eu perguntei se havia algo errado e ele me disse: ‘Você não me é estranho!’ A irmã do meu amigo respondeu: ‘Ele é o Coronel’. Nisso ia passando um outro soldado por trás e, ouvindo a palavra Coronel, bateu continência. Eu não sabia o que falar, mas a vontade era de rir. Então falei para o guarda que eu era o Coronel da Net. O guarda perguntou se era o Skavurska, e eu disse que sim. Pediu um autógrafo e eu dei. Quando eu passei, indo embora, o guarda disse: ‘O Coronel está indo embora’. O que havia batido continência, mais do que depressa, bateu de novo. Eu ri Entrevista realizada por Mari Valadares – MTB: 43.155/SP. Site Poucas e Boas da Mari – www.poucaseboasdamari.com Imprima se necessário. Preserve o meio ambiente. muito porque foi muito engraçado. Espero que esse guarda não fique com raiva de mim ao ler esta entrevista. PBM - Conte um pouco sobre sua carreira. A.T. - Eu brinco de ator desde 1972. A maioria dos comerciais que eu fiz, foram todos de horário nobre. Gozado falar isso, mas se pegar todos os comerciais que tenho guardado em casa, todos passaram em horário nobre. Quando veio esse personagem que faço hoje, o coronel Boris Tutchenko, isso para mim abriu muitas portas, como disse anteriormente. É uma propaganda que está no Brasil todo. É maravilhoso fazer esse personagem. PBM - Você acha que atores ficam mais rotulados em publicidade do que em novelas, cinema ou teatro? A.T. - Isso depende muito do cliente. Tudo depende do que você irá fazer e da forma como será feita. Estou na Net desde 2007, não fiz outra propaganda. Fiz teatro. E muitas vezes, por exemplo, o cara vai assistir, pois o coronel da Net está no elenco. Você traz um público que gosta do personagem. PBM - Você me contou que fez uma peça no Bar Brahma, em São Paulo. A.T. - Fiz uma participação no Teatro de Revista de Boteco. Antigamente tinha um cara que ficava na plateia, que sentia a reação do público e depois dava as “deixas” para as ações acontecerem na peça. Eu fazia esse personagem. Dependendo do dia, fazia ou um italiano ou um português. Brincávamos muito com isso. Ficamos dois meses em cartaz... Fiz outra peça, A Padovana (2008), do Tuca Miranda, que foi muito engraçada. Antes de eu entrar, A Padovana era triste, ai fui convidado para fazer parte do elenco. A peça era sobre uma rotisseria, que foi a primeira rotisseria que teve no Brasil, em São Paulo. Eu fazia um cliente alemão. Quando entrei, mudaram todo o contexto do espetáculo. Apresentamos no Ruth Escobar, tinha gente agarrado no teto lá. Foi uma coisa assim maravilhosa... Também já encenei Bernarda Alba, A Clandestina. PBM - Bernarda Alba é uma história pesada. A.T. - Em 1994, fiz Bernarda Alba, eram quatro homens no elenco. Dessa vez foi uma comédia. Eu fazendo drama não dá. (rs) Até faço drama, mas para mim a dificuldade maior é isso, pois tenho medo de cair para o ridículo. Entrevista realizada por Mari Valadares – MTB: 43.155/SP. Site Poucas e Boas da Mari – www.poucaseboasdamari.com Imprima se necessário. Preserve o meio ambiente. PBM - Mas em comédia não é mais fácil cair no ridículo? A.T. - Não sei. Eu sou engraçado naturalmente, que até quando começo a falar sério, as pessoas acham graça. O drama para mim é muito mais difícil, não por fazê-lo, mas para não fazer as pessoas rirem em uma situação séria. Se me policio na comédia, no drama tem que ser cinco, seis vezes mais. No drama tem que ser sempre “menos, menos, menos”, pois qualquer reação que eu fizer, vai virar comédia. Fica difícil por isso, por ter que me controlar. PBM - Tem alguma novidade para esse ano? A.T. - Se tudo der certo, estou montando o meu show... O pessoal está fazendo muito stand-up agora. Conto piada desde 70, então já faz tempo que faço isso, pois stand-up é contar piada em pé. Eu quero fazer algo diferente, não quero fazer o que está ai. O show não tem um nome definido ainda. PBM - Para finalizar, como você falou em stand-up comedy, a pergunta que farei costumo fazer para comediantes e humoristas que entrevisto. O stand-up se alastrou pelo país, ganhando visibilidade a partir do programa CQC, da Band. Hoje existem vários grupos que fazem esse estilo de comédia. O que você acha dessa explosão de stand-up no Brasil? A.T. - Eu acho legal, porque nós temos no Brasil muitos atores, humoristas bons, que às vezes a televisão não quer e que são melhores do que os que estão lá. E com isso você abre um leque. Quem é bom fica, quem não é, tchau. Tem que ter vários grupos, nós precisamos dar risada. PBM - O humor da TV não estagnou? A.T. - Não acho que estagnou. O cara é bom no teatro, no stand-up, mas quando ele vai para TV é direcionado. Quando o programa é diário ou semanal, às vezes acaba se tornando um pouco cansativo. O humor deveria ser uma vez por mês, pois chega uma hora que perde a graça, não tem mais texto. Se você começa ver sempre a mesma piada, cansa. As pessoas sabem o que é bom e o que não é. Há aquelas que gostam de porcaria, ai é diferente. Eu gosto do brega, por exemplo, porque ele veio como sendo um estilo de classes mais baixas, e hoje, o brega está em todas as classes. PBM - Alvaro, muito obrigada pela entrevista e sucesso em sua carreira. A.T. - Obrigada, você! Entrevista realizada por Mari Valadares – MTB: 43.155/SP. Site Poucas e Boas da Mari – www.poucaseboasdamari.com Imprima se necessário. Preserve o meio ambiente. Entrevista realizada por Mari Valadares – MTB: 43.155/SP. Site Poucas e Boas da Mari – www.poucaseboasdamari.com Imprima se necessário. Preserve o meio ambiente.