Os Grandes Motivadores do Ser Humano Tensores Energizantes Básicos Renato Klein, Master Coach Tudo é energia e, de acordo com o que vêm confirmando as mais recentes teorias, descobertas e experiências científicas: tudo quanto existe no Universo pode resumir-se ao que existe em cada átomo... “O universo não é feito por coisas mas por redes de energia vibracional, emergindo de algo ainda mais profundo e sutil”. (W.Heisenberg) A este conjunto de “redes de energia” Albert Einstein denominou de TENSOR, um CAMPO ENERGÉTICO formado pelos eventos ou pelos seres. Segundo ele, o Tensor se forma de acordo com o Movimento (E= mc2). Como diz Einstein: “A ordem dos acontecimentos é determinada pelo Tensor”. Ou: “Cada evento possui uma ordem própria de acordo com o Tensor”. Ou ainda: “O Tensor tem uma ordem própria que orienta os eventos internos e interfere, sintonica ou distonicamente, nos eventos externos.” ”Podemos entender um Tensor como sendo um campo ativo de forças formadas por paradigmas, fatos, atividades e/ou acontecimentos interligados e interdependentes que tendem a determinar subjetivamente a forma como as coisas ou os processos acontecem dentro do próprio Tensor.” O conceito de Tensor supõe que tudo aquilo que afete o comportamento (pessoal, grupal ou social) num dado momento deve ser representado como parte integrante do campo energético existente naquele momento, uma realidade fenomenológica. O tensor é o que se pode denominar também de “espaço vital”, considerado dinamicamente. Isto é, a totalidade dos fatos coexistentes e mutuamente interdependentes compreende a pessoa, o grupo, a organização social e todo seu meio. O Tensor pode ser chamado também de ambiência, egrégora, clima, campo unificado, energia sutil. Refletíamos, um pequeno grupo - composto por Renato, Maria Luiza, Odival e Gustavo, na virada da década de 70 para 80, no emergir de Sinopse Holográfica -, sobre quais os tensores básicos que impulsionam as energias humanas. Usávamos a Teoria da Organização Humana com seus 14 subsistemas sociais – parentesco, sanitário, manutenção, lealdade, lazer, viário, pedagógico, patrimonial, religioso, segurança, político-administrativo, jurídico e precedência. E crivamos três dos subsistemas que tinham força para fazer convergir tensorialmente todos os outros, para atender os diferentes níveis de exigências e necessidades humanas: Parentesco, Manutenção e Lealdade – que passaram a se chamar de Tensor de Subsistência, Tensor de Reprodução e Tensor de Reunificação. Nos inúmeros cursos e vivências que desde então temos ministrado, este referencial dos Tensores Básicos foi adquirindo cada vez mais consistência, permitindo ampliar a compreensão dos principais impulsos que movem o ser humano na constru- ção e na desconstrução da convivência humana. O referencial de apoio que usamos hoje nos trabalhos grupais e nas mentorias pessoais é o seguinte: ENERGIZANTES BÁSICOS TENSORES CENTRO DE COMANDO TENSOR DE REUNIFICAÇÃO Impulso: sede de infinito, de transcendência. estética e mística Estímulo: Comunhão, Compaixão, Contido-conter Amor Universal CENTRO AFETIVO TENSOR DE REPRODUÇÃO Impulso: Sexualidade/continuidade da espécie, geração Estímulo: Atendimento sexual, bipolaridade, apegos afetivos (família, tribo, raça, time, igreja, pátria, bando) Amor pelo Grupo CENTRO VITAL TENSOR DE SUBSISTÊNCIA Impulso: Respiração, sede-fome, sono, frio-calor, segurança, vida x morte Estímulo: Busca de recursos de sobrevivência) Amor pela Vida (individual) Como pode ser visto no referencial acima, cada um dos Tensores Básicos contém um Centro Energético, um Impulso e um Estímulo. Vejamos, então, cada um destes Tensores Básicos: 1. Tensor de Subsistência Centro Energético: o Centro Vital. É a luta pela vida. Todo ser vivo, micro ou macro organismo, luta por manterse vivo e por expandir sua vida. Boa parte da vida de um organismo é utilizada no processo de nutrição. Por isso, a relação alimentar constitui para ele um fator determinante. Para satisfazer ao processo nutricional, o ser vivo precisa de condições que lhe permitam produzir ou utilizar os alimentos disponíveis, que o meio ambiente deve oferecê-las. É uma luta constante pela sobrevivência. É luta de vida e morte. Necessita se alimentar, mas tem que se defender para não servir de alimento de outro. Nossa vida corre riscos por meio de eventos da natureza, como, por exemplo, tempestades, afogamentos, falta de água, de ar, agressores como vírus, bactérias, epidemias, etc. Corre riscos também nas brigas, assaltos, guerras, violência no trânsito, agressões, etc. A natureza toda se organiza em níveis cada vez mais complexos de suporte vital, formando as assim chamadas cadeias alimentares. Exemplos de cadeias alimentares: capim →gafanhotos →pássaros →raposas (Cadeia de Predadores) ; trigo →pulgão →protozoário (Cadeia de Parasitas); folhas →fungos →vermes (Cadeia deDecomposição). O ser humano, na busca do alimento, desenvolve as mais variadas relações com o ambiente, através da caça, pesca, agricultura, pecuária, piscicultura, desmatamento, etc. e, ao contrário dos demais seres vivos, consome muito mais compostos orgânicos do que a quantidade por ele utilizada como alimento. A maior parte da matéria consumida é usada na produção de energia. Em nome do desenvolvimento, o homem vem interferindo na Natureza, eliminando ou modificando o ambiente, de modo a inviabilizar a satisfação das necessidades básicas de seres vivos, o que pode causar profundas modificações de caráter ecológico, com o desaparecimento de espécies úteis e a superpopulação por espécies indesejáveis, com conseqüências para o próprio homem. Este tensor é essencialmente egocêntrico. Cada ser vivo tem que lutar para permanecer vivo, seja buscando alimentos, seja se protegendo das intempéries naturais, seja procurando meios de se defender de outros seres que queiram sobreviver a suas custas. Os cuidados com alimentação, respiração, exercícios físicos, sono, etc. permitem-nos ativar e desenvolver nosso centro energético vital, com reflexos altamente positivos em nosso centro afetivo e nosso centro de comando. Por outro lado, os vícios de alimentação, bebida, tóxicos, descuidos com saúde, com descanso, etc. debilitam nosso centro vital, afetando negativamente nosso centro afetivo (relacional) e nosso centro de comando. 2. Tensor de Reprodução Centro Energético: o Centro Afetivo. A natureza mostra que os seres vivos, dos animais às flores dos vegetais, possuem dois sexos distintos e energeticamente opostos, mas que se atraem, garantindo a perpetuação das espécies pelo acasalamento. O organismo vivo “sente” que seu tempo é limitado e tem impulso de transcender este limite, de perpetuar-se em seus descendentes. Como dizia Teilhard de Chardin: “Seria preciso um livro inteiro para determinar e admirar como cresce e se sublima, por evolução, da Célula até o Homem, a dualidade dos sexos. (..) Iniciava-se um jogo sem fim: o das combinações de “caracteres”, cuja análise é minuciosamente efetuada pela genética moderna.” (O Fenômeno Humano, Cap. 2, D). A dualidade sexual garante a continuidade da vida, a transmissão às gerações futuras das características genéticas, mas também a emergência de novos seres únicos e irrepetíveis, dando origem à imensa e fantástica multiplicidade de expressões vivas em nosso maravilhoso planeta. A tensão, pois, gerada pela sexualidade é o que permite a continuidade da Vida, a transcendência biológica das gerações. Através da sexualidade se forma a família, que se expande para a tribo (a parentela), a comunidade, a sociedade humana, enfim. Mas, por ser o tensor de reprodução essencialmente dual, masculino e feminino, é ele gerador de todo um campo dual, com um forte senso de pertença: “minha” mulher, “meu” marido, “meus” filhos, “minha” família, “meu” Deus. Este senso de pertença se transfere também para os parentes, a tribo, o bairro, a cidade, o estado, a pátria, o time, o bando, a religião. O tensor de reprodução é prestadio do tensor de subsistência. Os pais se sacrificam pelos filhos, os cidadãos dão a vida pela pátria, o crente paga seus dízimos, etc. Este sentimento de inclusão é acompanhado também de um sentimento de exclusão. O que não é “meu”, eu excluo, rejeito, ou tento dominar, absorver. Daí nascem os proselitismos ideológicos, os missionarismos religiosos, mas também os ciúmes, a violência, as brigas, as guerras, as ocupações, os extermínios. Há todo um jogo de dominação entre casais, entre pais e filhos, entre irmãos, entre parentes. Esta dualidade se expande para os jogos, às vezes sutis, outras vezes com violência explícita, de chantagens, de controle político-financeiro, de invasões. Por outro lado, este tensor tem como foco impulsor o campo afetivo. Ali se acha o prazer de viver, das trocas de carinho, do compartilhar, do companheirismo, da cumplicidade, da solidariedade (mas sempre com forte dose de exclusão “dos outros”). Pode-se dizer que é a necessidade de afeto que origina a atração pelo outro, que pode ou não desembocar na atração propriamente sexual. Se de um lado este campo afetivo dá prazer, alegria, desfrute, por outro lado é um terrível gerador de sofrimento e dor. A dor do ciúme, o sofrimento da separação, da solidão, das brigas de casais, de pais e filhos, de irmãos, e, por extensão, as guerras, a exploração, os jogos de poder. Pode-se vibrar com as vitórias e conquistas, e sofrer com as derrotas e perdas. Freud trouxe à tona uma visão ampliada da sexualidade como energia não só voltada para a reprodução biológica, mas como geradora de campos de atração e repulsão entre indivíduos e grupos. O invento tecnológico da pílula anticoncepcional, em meados do século XX, vem trazendo uma verdadeira revolução civilizatória no que diz respeito a costumes e tradições nas relações entre o masculino e o feminino em todos os povos, com a quebra de tabus milenares. Cada vez menos são as normas e costumes que determinam os comportamentos humanos nos seus relacionamentos. Cada vez mais se exige comportamentos responsáveis e conscientes no que tange à sexualidade e às expressões afetivas. 3. Tensor de Reunificação Centro Energético: o Centro de Comando. “Com o amor do homem pela mulher, por seus filhos, por seus amigos, e até certo ponto por seu país, imaginávamos muitas vezes ter esgotado as diversas formas naturais de amar. Ora, dessa lista está precisamente ausente a mais fundamental forma de paixão: aquela que, sob a pressão de um Universo que se cerra, precipita, um sobre o outro, os elementos do Todo. Um amor universal, não somente é algo psicologicamente possível, mas é também a única maneira completa e final de podermos amar.” (Teilhard de Chardin, em Fenômeno Humano, Cap II, 2) Ao longo da história humana pode-se verificar que todos os povos, em todos os tempos, buscaram alguma forma de explicação para suas origens mais profundas, para além dos limites dos sentidos. “O homem é, em sua existência, um ser finito, porém seus projetos se entrelaçam no caminho da infinidade e é neste estado que se manifesta o conflito de sua ansiedade existencial perante todo significado do vivido.” P. Tillich. Todos os povos constroem uma visão transcendente. Todos têm alguma forma de expressão religiosa. Toda religião possui um sistema de crenças no sobrenatural, geralmente envolvendo divindades, deuses e demônios. As religiões costumam também possuir relatos sobre a origem do Universo, da Terra e do Homem, e o que acontece após a morte. A maior parte crê na vida após a morte. A grande limitação, contudo, do ser humano é sua imensa capacidade de projetar para o infinito as limitações de sua imaginação, que continua sustentada pelo modo processual de avaliar seu mundo. Por isso projeta para o transcendental figuras representativas de seu universo vivencial : deuses (Deus anjos e santos) e demônios à sua imagem e semelhança, encarregados de solucionar seus problemas de sobrevivência (alimentação, saúde, segurança, etc.), suas desavenças na convivência familiar, comunitária e nacional (rezas e ofertas em sacrifício para o “meu” ganhar e, em consequência, para “o outro” perder), bem como suas angústia diante do mistério da morte. E com isso, as religiões se põem a serviço dos jogos dicotômicos proprios do Campo Afetivo – “minha” religião ou “minha” igreja é a verdadeira, as outras são falsas ou menos puras... E assim dificultam, ou até mesmo podem impedir, às pessoas o acesso a uma postura centrada na Reunificação. O ser humano cria símbolos, cria projeções, cria sonhos. É algo exclusivo dele, nenhum outro animal é capaz de criar utopia. Porque o ser humano vê o real transfigurado. Essa capacidade é o que nós chamamos de transcendência, isto é, transcende, rompe, vai para além daquilo que é dado. Numa palavra, eu diria que o ser humano é um projeto infinito. Um projeto que não encontra neste mundo o quadro para sua realização. Por isso é um errante, em busca de novos mundos e novas paisagens. A conclusão que tiramos desse fato é que não devemos nos deixar enquadrar por ninguém, por papa nenhum, por governo nenhum, por ideologia nenhuma, por revelação nenhuma. Por nada no mundo, porque tudo é menor. “O ser humano é um projeto ilimitado, transcendente, não dá para ser enquadrado. Ele pode, amorosamente, acolher o outro dentro de si. Pode servi-lo, ultrapassando limites. Mas é só na sua liberdade que ele o faz, é só quando se decide a isso, sem nenhuma imposição. Não há nada que possa enquadrá-lo, nenhuma fórmula científica, nenhum modo de produção, nenhum sistema de convivência.” (Dalai Lama, 2008) O universo de crenças e expressões ritualísticas sempre desafiou e continua desafiando a ciência e a filosofia. A razão humana ou se submete às crenças, gerando toda forma de teologias, ou simplesmente rejeita tudo como formas primitivas de explicação da vida e do universo. Mas a insatisfação continua desafiando a razão. A vida só acontece no Aqui e Agora, num presente absoluto, onde tudo no universo pulsa simultaneamente. Para dar-nos conta disso, temos que acalmar nossa mente, treinada para o movimento, o processual, apegada às experiências do passado, angustiada frente ao que possa vir a acontecer no futuro. Há que mergulhar no silêncio interior para ouvir o grande SER pulsante, para sentir-se contido no Universo e simultaneamente O contendo. Há que meditar! O Universo é regido pela harmonia dos movimentos do Tensor Universal, através do qual a energia se harmoniza, numa função inesgotável de potencialização (direção anatrópica). Ao nível humano, ele se apresenta como Tensor de Reunificação. Por que? Nossos condicionamentos mentais, nossas ações de subsistência e nossos vínculos afetivos nos dividem, cobram de nós mecanismos de ataque e defesa, de inclusão e exclusão. Nossa mente é estruturada pelas condições culturais em que é educada, pelos valores e crenças repassados através dos pais, parentes, comunidade, escolas, meios de comunicação. É preparada para buscar os meios de sobrevivência, de reprodução e de convivência com a natureza e o meio humano. Teoricamente estaria preparada para atender ao Tensor de Subsistência e ao Tensor de Reprodução. Tudo isso vem acompanhado de muita dor e sofrimento. Sofrimento causado pela fome, pela doença, pela perda de bens, por desfalques, corrupção, insegurança econômica. Sofrimento causado pelas brigas, ciúmes, separações, mortes. Só podemos encontrar paz e harmonia no momento em que nos redescobrimos unos no universo. No momento em que consigo ver em todos os seres o reflexo da única grande Energia Universal, só então encontro harmonia em mim e nos seres à minha volta. Na linguagem bíblica, o homem “foi feito à imagem e semelhança de Deus”. Em cada ser se reflete o Uno. Cada ser, em suas múltiplas formas, é uma expressão única e irrepetível da mesma grande Unidade. Em todos os nossos atos, em todos os nossos pensamentos, em todos os nossos olhares, em todos os nossos gestos, nós somos seu reflexo. “Eu e o Pai somos Um. Quem me vê, vê o Pai, pois Eu estou no Pai e Ele está em mim.” (Jo 14, 10-11). É a consciência do Contido-Conter. A profunda tomada de consciência disso nos permite ver donde parte todo o sofrimento humano: da desunião, da separatividade. Ao ver no outro o reflexo divino que ele é, já o vejo para além de suas expressões limitadoras, como sexo, idade, cor, raça, nacionalidade, partido, religião, e até mesmo para além dos vínculos afetivos. Sinto pulsar dentro de mim a mesma freqüência maior que pulsa no outro. É somente esta visão que me permite de fato uma postura prestadia. É somente centrado nesta percepção que me ponho inteiramente a serviço da Vida. E é só com uma perspectiva transcendente que consigo manter-me centrado diante das dificuldades de convivência, vendo no outro alguém que, da mesma forma que eu, reflete o Todo, de um modo diverso do meu, mas o mesmo Todo. Ele e eu temos nossos condicionamentos, nossas limitações, sobretudo nossas formas mentais limitantes. Não sou o dono da verdade, nem estou a serviço de algum dono da verdade. A Verdade já está implantada no ser de cada um de nós, que somos reflexos da fonte maior da Verdade. De fato, só podemos ser prestadios de Vida para as pessoas quando nos propomos a caminhar com elas na busca dos melhores meios de acessar esta Verdade interior e, quando muito, instrumentá-las para facilitar-lhes este Caminho. Itapema, SC, 09.01.2012