XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 Tudo que é sólido desmancha no ar: a relação entre estratégia, inovação e empreendedorismo Simone Cristina Ramos (PUC-PR) [email protected] Jane Mendes Ferreira (PUC-PR) [email protected] RESUMO Este artigo tem o objetivo de, através de uma leitura exploratória, discutir a relação existente entre inovação, empreendedorismo e estratégia. A justificativa para tal discussão é a contínua mudança existente em nossa sociedade, que exige das organizações alta capacidade de transformação e adaptação. Será revisto na literatura a relação existente entre empreendedorismo e inovação, com a proposição de um modelo da função do agente empreendedor no processo de inovação. Na correlação deste tema com estratégia, será demonstrado que um elemento fundamental desta relação, é o gerenciamento da atividade empreendedora que desdobra-se em elementos culturais que podem reforçá-la ou inibi-la. A conclusão exposta, aponta a relação entre inovação, empreendedorismo e estratégia como profícuo campo de pesquisa, que pode subsidiar a tomada de decisão dos estrategistas e, ao fomentar a inovação, aumentar o potencial competitivo das organizações. Palavras chave: Estratégia, Inovação, Empreendedorismo. 1. Introdução Desde os primórdios da modernidade, esta era está associada à constantes transformações sociais, materiais e culturais. Reconhecidos como severos críticos do sistema de produção capitalista, já em 1847, Marx e Engels, apontavam o caráter fundamental da transformação inerente ao novo modelo produtivo: “A burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais. A conservação inalterada do antigo modo de produção constituía, pelo contrário, a primeira condição de existência de todas as classes de industriais anteriores. Essa mudança contínua da produção, esse abalo constante de todo o sistema social, essa agitação permanente distinguem a época burguesa de todas as anteriores e através dela tudo o que é sólido desmancha no ar.” (Marx e Engels, 1993) Se já no século dezenove, no início do que chamamos hoje de modernidade, a mudança era percebida como intensa e inédita, esta tendência se consolida ao longo do século vinte, culminando com o que alguns autores chamam de pós-modernidade. Para Santos (1986), vivemos em uma era pós-moderna, onde estão dissolvidos os laços culturais rígidos da modernidade e a transformação flui, perspassa, todos os setores sociais. Nas artes presenciamos uma pluralidade de estilos e técnicas jamais permitida. As instituições sociais precisaram rever sua postura em relação à sociedade. Os referenciais sobre os quais construímos nosso saber se renovam constantemente, concretizando a afirmação de que tudo o que é sólido desmancha no ar. ENEGEP 2004 ABEPRO 3350 XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 Em relação às empresas o mesmo movimento de transformação intensa pode ser percebido pois proliferam novos formatos estruturais, tecnologias e processos (SCOTT, 1985; CLEGG, 1993). Desta forma, o desafio para todas as organizações, quer sejam grandes corporações ou pequenas empresas é enfrentar a obsolescência e renovar-se continuamente de forma a otimizar recursos e potencializar resultados. Sendo assim, o gerenciamento do processo de inovação é um dos desafios estratégicos de qualquer negócio e a conexão estratégia-inovação, se eficiente, pode se transformar em fonte de diferencial competitivo, se ineficaz, pode culminar em dificuldade de crescimento e sobrevivência. Ao se discutir a relação entre estratégia e inovação, faz-se necessária a inclusão de uma terceira variável, o empreendedorismo, pois há indícios na literatura (SCHUMPETER, 1936; FENWICK, 2003) de que a inovação é altamente correlacionada com a atividade empreendedora. Neste trabalho discute-se esta relação com mais três seções além desta introdução: a primeira discutindo empreendedorismo e inovação com a proposição de um modelo representativo de tal relação, a segunda correlacionando o tema com estratégia e a terceira apontando as considerações finais. 2. O papel do empreendedor no processo de inovação O empreendedorismo tem se consolidado como uma importante área de pesquisa acadêmica, com produção teórica relevante e crescente. A inclusão do assunto como um dos eixos temáticos do encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração na sua próxima edição, é uma demonstração de sua crescente relevância. Como campo relativamente novo e predominantemente multidisciplinar, apresenta pouco consenso e muita fragmentação (SINGH, 2001; CORDEIRO e PAIVA, 2002). Esforços têm sido feitos para consolidar uma visão abrangente e delimitadora a respeito do campo e de suas variáveis (SHANE e VENKATARAMAN, 2000; GARTNER, 2001). Porém, a diversidade ainda é a tônica de seus estudos e abordagens diferenciadas têm produzido resultados também diferenciados. Algumas linhas de pesquisa têm se consolidado como vertentes agrupadoras dos esforços dos pesquisadores e contribuem de forma diversa para a consolidação do saber sobre o tema. A primeira delas é uma linha que, neste trabalho, será chamada de cognitiva. Ela agrupa estudos que buscam discriminar as características que tornam um indivíduo empreendedor ou correlacionar estas características com o resultado de seu empreendimento. Seu principal objetivo de pesquisa é definir quais as características pessoais e cognitivas devem ser desenvolvidas para garantir maior freqüência e melhor aproveitamento das iniciativas empreendedoras. A segunda será chamada de sociológica, e tem como objetivo principal identificar quais fatores sociais e culturais estão positivamente relacionados com o empreendimento e seu sucesso. Esta linha visa avaliar tanto a relevância de iniciativas públicas de fomento ao empreendedorismo, quanto os fatores culturais que demonstram ser adequados ao surgimento e crescimento de novos empreendimentos. A terceira linha será chamada de processual, e foca o processo de surgimento e gerenciamento de um novo empreendimento, tentando delimitar quais condições internas e estruturais são favoráveis à prosperidade dele. O foco, neste tipo de estudo, é o processo de concepção da idéia e ENEGEP 2004 ABEPRO 3351 XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 concretização do novo negócio, para apreender quais os fatores relevantes para o sucesso do empreendimento nascente. A relação entre empreendedorismo e inovação é um tema que perspassa as três linhas apresentadas acima, e podemos encontrar na literatura estudos embasados nas perspectivas cognitiva, sociológica e processual. Estudos da perspectiva cognitiva que discutem esta relação abordam, por exemplo, o impacto da percepção do indivíduo no processo empreendedor (GIMENEZ, 2000), o impacto de características individuais, como a criatividade, neste processo (INÁCIO, 2002), a relação entre características do proprietáriogerente e a taxa de inovação nas suas empresas (KIKCUL e GUNDRY, 2002), dentre outros. Já na perspectiva sociológica, são encontradas discussões como a necessidade de trabalho autônomo (FREIRE, 2002), a relação entre inovação e empreendedorismo (SCHLEMM e HEIDEMANN, 2003), a relação entre inovação e a sociedade (MACDANIEL, 2003) e levantamentos como o Global Entrepreneurship Monitor (BYGRAVE E HAY, 2002) que mapeia a relação entre o nível de atividade empreendedora e a taxa de inovação das nações. Na perspectiva processual, podemos encontrar estudos com foco em investigar o processo de input-output presente nos processos empreendedores e inovadores (MORRIS, LEWIS e DONALD, 1994) e qual o papel do reconhecimento da oportunidade neste processo (SINGH, 2001). Ainda que a produção acadêmica, como demonstrado acima, correlacione freqüentemente os temas de empreendedorismo e inovação, não existe um modelo definido que sintetize o papel do empreendedor neste processo. Para Schumpeter (1936), a inovação é fruto da concretização do papel do empreendedor, que através da destruição criativa pode inovar de cinco maneiras diversas: a) introdução de um novo bem (produto ou serviço), com o qual os consumidores ainda não têm familiaridade. b) introdução de uma nova metodologia de produção, ainda não validada pela experiência. c) abertura de um novo mercado, ainda não familiar à empresa ou ainda não reconhecido como um mercado possível. d) conquista de uma nova fonte de matéria prima, independente se esta nova fonte é criada ou apenas passa a ser explorada de maneira diversa. e) nova forma de organização de um mercado já existente, como a consolidação ou quebra de um mercado monopolista. Apesar de novos empreendimentos poderem estar ligados a invenções, na própria obra de Schumpeter (1936) podemos distinguir o conceito de empreendedor e de inventor e esta distinção deve ser contemplada na formulação do modelo representativo destes papéis. Para Hirsrich (apud SCHLEMM e HEIDEMANN, 2003), o inventor é o responsável pela criação em primeira mão de algum objeto, idéia ou serviço, e é altamente motivado pela criação em si, sem necessariamente estar envolvido na exploração comercial de sua invenção. O perfil do inventor normalmente está associado a altos índices de educação, tolerância ao risco e lócus de controle interno, encontrando no número de patentes requeridas a medida de sua realização como inventor. Já o empreendedor é um indivíduo capaz de reconhecer oportunidades (SINGH, 2001), fomentar e organizar recursos para o aproveitamento delas (BRUSH et alii, 2002) e transformar a exploração da oportunidade em uma realidade comercialmente viável. O empreendedor pode ser altamente comprometido tanto com a criação de um novo negócio, ENEGEP 2004 ABEPRO 3352 XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 quanto com a concretização da mudança em negócios já existentes. Sua motivação, para além do invento em si, é voltada ao sucesso do empreendimento. Para a transformação da invenção em um produto ou serviço comercialmente viável, são necessárias algumas atividades que compõem o processo de inovação. Estas atividades são o reconhecimento de uma oportunidade, a captação e organização dos recursos necessários para a exploração dela, e o estabelecimento de um novo produto ou serviço como uma realidade comercialmente viável. Para a consolidação destas etapas é fundamental o envolvimento do agente empreendedor, agindo como catalisador entre diversos agentes sociais. A figura 1, demonstra o papel do empreendedor como um agente intermediador entre o inventor e o novo empreendimento. Nesta representação, o inventor está relacionado com um primeiro momento do processo, sendo responsável pela invenção propriamente dita. A linha diagonal representa o aporte de recursos (monetários, humanos, de relacionamento e tecnológicos) necessários para a consolidação do processo de inovação. O empreendedor está associado a este momento intermediário, de reconhecimento do potencial de uma invenção ao correlacioná-la com a oportunidade percebida, de captação e organização dos recursos necessários e planejamento e concretização de um novo negócio. O novo negócio, etapa final da linha representativa deste processo, pode ser entendido tanto como a consolidação de uma nova empresa, quanto como uma nova oportunidade explorada por uma empresa já existente. O estrategista, apontado como participante no novo negócio, é o ator organizacional responsável pelo gerenciamento dos primeiros inputs provenientes dos meios interno e externo. Ele ainda é responsável pelo contínuo desenvolvimento do negócio, por meio da regulação entre os seus objetivos iniciais e os resultados obtidos. Cabe ao estrategista a consolidação do sucesso na exploração da oportunidade identificada pelo agente empreendedor, e este sucesso estará ligado a capacidade da organização (nova ou já estabelecida) de continuamente identificar novas oportunidades e re-organizar os recursos em função de sua exploração. NOVO NEGÓCIO INVENÇÃO Inventor Empreendedor Estrategista Recursos FIGURA 1: O PROCESSO DE INOVAÇÃO Em acordo com o modelo proposto, é possível atribuir a inovação à consolidação do papel do empreendedor, tanto em novos negócios quanto no aproveitamento de novas oportunidades em negócios já estabelecidos. A conexão inovação-empreendedorismo pode apresentar uma relação dialética com a estratégia das organizações, sendo delimitada por ela e, ao mesmo ENEGEP 2004 ABEPRO 3353 XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 tempo, influenciando-a significativamente. Tal relação será discutida na próxima seção deste trabalho. 3. Estratégia, inovação e empreendedorismo Pode-se observar através da revisão da literatura sobre estratégia que ela deriva de uma compreensão determinista (foco nas escolhas internas) para uma visão contingencial (foco na adaptação ao meio externo). No “Safári de Estratégia”, (MINTZBERG et alii, 2000), são elencadas dez escolas distintas de planejamento, agrupando-as em três categorias. A primeira é chamada de prescritiva, pois se preocupa mais em postular como o planejamento deve ser elaborado do que como ele de fato é formulado. Esta categoria reúne as escolas do design (que concebe a estratégia como visão mais influente para combinar forças internas e externas), do planejamento (que utiliza em modelos mais formais e burocráticos os conceitos da escola do design) e a do posicionamento (que concebe a estratégia como uma escolha entre posicionamentos limitados). A segunda categoria é descritiva, e estuda como as estratégias são, de fato, formuladas. São compreendidas neste grupo as escolas empreendedora (a estratégia como uma visão do empreendedor), cognitiva (a estratégia como um processo cognitivo), do aprendizado (onde formulação e implementação são processos dialeticamente influenciados e a estratégia é a relação entre intenções pré-determinadas e emergentes), do poder (a estratégia como resultante de jogos e negociações entre os ambientes internos e externos), cultural (a estratégia é mediada pela cultura organizacional e de seus personagens) e ambiental (estratégia como reação as forças dominantes do ambiente). A terceira categoria busca a integração e é representada pela escola da configuração (a estratégia como gestão dos ciclos de mudanças). Tal derivação de um paradigma de escolhas internas para um paradigma adaptativo pode estar relacionada à percepção da crescente complexidade do ambiente externo e seu caráter de constante mudança tanto no que se refere ao macro ambiente (forças sociais, econômicos tecnológicas e legais) quanto ao ambiente da tarefa (fornecedores, agentes de regulação do setor, concorrentes e clientes). Sendo assim, mudança é um tema, por excelência, correlato à estratégia. Esta última, deve preparar a organização para mudanças previsíveis e imprevisíveis, e orientar a alocação de recursos para as respostas necessárias em decorrência do processo de contínua transformação existente em nossa sociedade. O gerenciamento da inovação, tanto para pequenas empresas quanto para grandes corporações, é fundamental para evitar a obsolescência e manter a conexão da organização com sua missão essencial. Tal gerenciamento precisa estar presente tanto no processo de formulação, quanto de implementação da estratégia e se apresenta por demandas diferenciadas. No processo de formulação a capacidade mais intensamente exigida da organização é a de scanning dos ambientes interno e externo, para inserir em seu conteúdo informações relevantes sobre o surgimento de ameaças e oportunidades e antecipar-se a elas. No processo de implementação a capacidade mais exigida é a de auto-regulação, com atenção especial aos controles organizacionais e ao feedback proveniente destes controles. Nos processos de formulação e implementação da estratégia, as organizações podem desenvolver ações capazes de estimular e regular a atividade empreendedora. O crescimento do potencial empreendedor pode estimular a inovação, pois ele é o agente responsável pelo monitoramento das oportunidades e faz a mediação entre a invenção e a realidade comercialmente viável. Outro papel atribuído ao empreendedor é a canalização dos recursos necessários através de sua captação ou re-ordenamento. O correto gerenciamento do potencial ENEGEP 2004 ABEPRO 3354 XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 empreendedor da organização pode, então, estar associado a sua capacidade de estabelecer novas combinações para os recursos já existentes e de aproveitar as oportunidades identificadas. Tal visão é corroborada por Fenwick (2003), que ao estudar a relação entre inovação e novos negócios, afirma que a inovação é uma dimensão complexa e vital para o desenvolvimento das organizações, e que a teoria sobre ela deve ser mais bem delimitada para prover às organizações recursos para o seu gerenciamento. É possível delimitar alguns elementos culturais necessários ao fomento da atividade empreendedora dentro da organização como tolerância ao erro, sistema de recompensa que privilegie ações empreendedoras, disponibilidade de recursos para alocação em projetos e sistema de autoridade e responsabilidade horizontalizados (SHANE, 1993). A tolerância ao erro faz-se necessária pois a inovação é altamente correlacionada com um número maior de fracassos do que de sucessos. Um sistema rígido de controle, que puna iniciativas de fracasso tende a forçar os indivíduos a utilizarem somente soluções já conhecidas e inibir o potencial inovador da organização. O sistema de recompensas de uma empresa aufere legitimidade as ações de seus participantes indicando para o grupo quais comportamentos são esperados. Recompensando a inovação e o intra-empreendedorismo a empresa simboliza para seu público interno que estes também são comportamentos legítimos e estimula a busca por inovações. Os recursos internos da organização precisam ser disponibilizados para a busca de novas soluções. Como o desenvolvimento de projetos é uma atividade que consome recursos presentes sem retorno de curto prazo, faz-se necessário que a estratégia da empresa preserve estes investimentos conectando-os com uma visão de longo prazo. O sistema de responsabilidade e autoridade horizontal parece ser o mais adequado para fomentar o empreendedorismo e a inovação por permitir maior contato entre os funcionários de diferentes processos e permitir maior autonomia aos indivíduos para o gerenciamento de suas ações cotidianas. Pelo aqui discutido, é possível afirmar que a estratégia pode estar associada ao potencial empreendedor e de inovação de uma organização ao conceber a mudança como fator inerente a sua sobrevivência. A estratégia que privilegie a ação empreendedora pode se desdobrar em elementos de incentivo a atividade intra-empreendedora que seriam refletidos em elementos culturais como tolerância ao fracasso, sistema de recompensas, disponibilização de recursos internos e autoridade horizontal. Como o resultado da inovação é incerto, podendo tanto representar uma fonte de diferencial competitivo quanto resultados nulos, é importante para o estrategista a compreensão de que a visão de longo prazo da organização precisa legitimar processos intra-empreendedores de busca da inovação. 4. Considerações finais Neste artigo foi realizada uma discussão sobre inovação, empreendedorismo e estratégia, salientando o papel do empreendedor na concretização da inovação e ressaltando a necessidade de estudos que detectem como as organizações trabalham com o potencial empreendedor em sua formulação e implementação de estratégias. A justificativa de tal estudo é a contínua e acelerada transformação existente em nossa sociedade, que alcança proporções jamais vistas e é um desafio para todas as organizações que desejam evitar a obsolescência mantendo-se conectadas a sua missão primordial. A correlação entre os temas empreendedorismo e inovação foi revista na literatura, encontrando ampla produção que atribui ao empreendedor um papel vital neste processo. ENEGEP 2004 ABEPRO 3355 XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 Visando esclarecer tal papel foi formulada uma representação gráfica que demonstra a relação do empreendedor com outros elementos do processo de inovação: o inventor, o estrategista e os recursos necessários. Pela articulação dos temas, foi demonstrado que nos processos de formulação e implementação da estratégia é vital o estabelecimento de controles para fomento e regulação da atividade empreendedora na organização, visando elevar os índices de inovação existente nas organizações. Algumas características culturais, como tolerância ao fracasso, sistema de recompensas que privilegie ações empreendedoras, disponibilização de recursos internos e autoridade horizontal, foram apontadas como agentes de facilitação do intra-empreendedorismo e da inovação. Uma conclusão possível de tal discussão é a necessidade de aprofundamento do conhecimento sobre a relação entre inovação, empreendedorismo e estratégia, que pode vir a ser uma área profícua de estudos teórico-empíricos. Tais estudos podem sustentar a ação dos estrategistas que vêem na inovação um processo fundamental para a continuidade e prosperidade das organizações e também servir como base para a avaliação dos programas existentes que visam fomentar a atividade inovadora como meio de desenvolvimento social sustentável. REFERÊNCIAS BRUSH, C. G. et alii. Empreendedorismo e Construção da Base de Recursos. In.: Revista de Administração de Empresas. São Paulo: RAE, n. 1, v. 42, jan-mar. 2002. BYGRAVE, W. D.; HAY, M. (Coords). GEM – Global Entrepreneurship Monitor. Relatório Global, 2002. CLEGG, S. R. Modern Organizations: organization studies in the postmodern world. California: Sage Publications Ltda., 1993. ELWOOD, W. C.; TSE, E. C. Y. The Relationship Between Strategy and Entrepreneurship. International Journal of Contemporary Hospitality Management, v.7, n.1, p.22-27, 1995. FENWICK, T. Innovation: examining workplace learning in new enterprises. 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