1. Uma instituição cultural é principalmente um espaço de apresentação de conteúdos artísticos ou também um espaço de questionamento e transformação social? As instituições culturais detêm o poder de legitimar o que é o legado cultural e artístico que merece ser preservado, estudado e divulgado. Algumas destas instituições abrem-se a novas narrativas e colaborações, procurando afirmar-se como agentes de reflexão e mudança. Será esta alteração de perspetiva uma forma de retórica para legitimar o investimento público que estes equipamentos exigem? O que muda na prática das instituições culturais que defendem novas formas de articular a sua dimensão educativa e social? 2. Que fatores tomar em consideração para efeitos de enfoque e priorização da ação educativa das instituições culturais? Deverá a ação educativa desenvolver-se a partir de uma relação de pesquisa e extensão dos conteúdos implícitos na programação artística da instituição (coleção, exposições, concertos, espetáculos, etc.)? Será a sua função mostrar e tornar acessível o que é especializado e complexo? E qual o papel das relações de proximidade? A dinâmica do bairro, da cidade ou da região serão fundamentais para a inscrição de uma instituição cultural no seu território? E haverá casos em que a dinâmica territorial deve privilegiar a dimensão nacional ou internacional? Será possível conciliar as várias dimensões? 3. Como criar um programa educativo coerente, em termos conceptuais e de tempo, para ter um impacto social? Trabalhar problemas sociais de forma pontual parece conduzir apenas a mudanças de curta duração, sem impacto real. Será possível trabalhar a inclusão com um programa de atividades avulsas? Poderá a lógica da colaboração e do trabalho em rede ( com escolas e outras instituições) contribuir para o papel social das instituições culturais? 1. A ação educativa deve focar-se em públicos específicos? A importância da aprendizagem ao longo da vida é hoje um dado adquirido. As instituições que desenvolvem uma ação educativa em contextos não formais têm um papel importante a desempenhar neste domínio. Será possível e será desejável desenhar programas/projetos adequados a diferentes tipos de público? Quais são os fatores a ter em conta para identificar os públicos que devem ser alvo de atividades educativas numa instituição cultural? Poderá o programa educativo de uma instituição cultural abarcar no âmbito da sua atividade os vários problemas de coesão e solidariedade (o abandono escolar, a multiculturalidade, o envelhecimento ativo, as necessidades educativas especiais, a cidadania, os valores democráticos) que a sociedade contemporânea enfrenta hoje? 2. Deve uma instituição cultural preocupar-se em captar novos públicos, nomeadamente os chamados não públicos? Estarão as instituições culturais a cumprir a sua missão se a maioria das pessoas na sociedade as considera irrelevantes ou desinteressantes e não as frequenta? Deverá haver um esforço no sentido de criar relações também com estas pessoas ou será melhor concentrar a ação nas necessidades e interesses de quem as frequenta? Quais as necessidades e motivações dos não públicos? A criação de uma relação com eles implica uma alteração na programação? Implica baixar a qualidade da mesma? Que tipo de alterações seriam necessárias? De que forma podemos ir ao encontro destes públicos? Poderão os programas educativos desempenhar algum papel nesse campo? 3. Poderá o público assumir um papel interventivo na programação das instituições culturais? A tendência para o esbatimento de fronteiras entre o agente que produz e que recebe conteúdos culturais é uma realidade. Cada vez mais os artistas convocam a participação ativa do público no ato de perceção das suas obras. Como é óbvio uma obra de arte convoca sempre as experiências sensoriais, emocionais e reflexivas do recetor. Mas é mais do que isso quando o artista concebe uma obra que só existe ou só se manifesta no momento em que o público interage com ela. Será que as instituições culturais também podem convocar criativamente os seus utilizadores? Há instituições culturais que criam grupos de jovens, por exemplo, para conceber a programação que lhes é destinada. Outras criam oportunidades de intervenção dos públicos ao nível da criação de conteúdos. Será que uma abertura às escolhas do público coloca em risco a qualidade de uma programação? Em que é que a abertura à participação do público interfere positiva ou negativamente no trabalho do programador? 1. Como pensar a relação entre o programador e o coordenador educativo de uma instituição cultural? O programa educativo deve ser pensado a partir dos conteúdos definidos pelo programador ou haverá vantagens no envolvimento da perspetiva do responsável pelo programa educativo numa fase precoce da elaboração do programa? Quais as vantagens e quais os constrangimentos de uma perspetiva dialogante da programação cultural? 2. Como se delimita o papel dos setores educativos dentro de uma instituição? Cabe normalmente aos setores educativos desempenhar atividades de mediação, estimulando a relação dos públicos com o património da instituição. Quando é que uma visita orientada é ou não educativa? Quando é que uma exposição, um concerto ou um espetáculo é ou não educativo? Será que um concerto para o público familiar é educativo só porque é anunciado para esse público? O que é que o torna educativo? Deve um setor educativo dedicar-se a programar atividades educativas como visitas, oficinas e cursos? Pode e deve o setor educativo pensar fora dos padrões educativos ditos tradicionais? Em que medida é que os formatos convencionais das visitas, oficinas e cursos se podem transformar e fugir aos padrões tradicionais? Quais os contornos de uma atividade “fora do padrão”?