D Apresentação Durante muito tempo, nós, educadores, nos trancamos na sala de aula. Nosso mundo era ali, entre quatro paredes. Havia também a sala dos professores, concordo. Mas era isso. Estávamos em uma confortável zona de segurança. Entendo que o mundo educacional não pode simplesmente aceitar todas as alternativas e modismos que o mercado sugere. Nem é essa a função. Mas estivemos muito focados em nosso mundo. Esquecemos que o computador e a Internet aceleraram a educação, as economias, a geografia, as finanças, as empresas, os comportamentos. E nós ali, na sala de aula. Como falar sobre o ensinar se não temos uma idéia macro do que se passa nessa aldeia global? Como ensinar Geografia, História ou Economia se não percebemos que o Amapá e o Rio Grande do Sul se avizinharam? Que o que afeta a economia turca afeta também a rede de supermercados Pão de Açúcar? A instabilidade vai ser a regra deste milênio, ainda mais no que diz respeito à cambiante cartografia do conhecimento, da ciência, da tecnologia. Nada vai durar muito tempo. Manual do Professor Isso acabou. O mundo mudou. Tudo está acontecendo muito rápido. Antigamente é o mesmo que cinco anos atrás. O futuro é a próxima semana. Na velocidade que as coisas estão mudando é nosso dever pensar um pouco mais para onde estamos indo e levando nossos estudantes. Precisamos sair da toca. Não somos mais apenas professores, somos, também, analistas de tendências. Devemos entender melhor o mundo para melhor dialogarmos com ele. Caros leitores, deixemos nossas tocas. Quem hiberna são os ursos. Muitos deles, aliás, estão ameaçados de extinção. Boa leitura. Júlio Clebsch 5 N Introdução As pessoas vivem agora com o paradigma da atualização. Em palestras, cursos e mesmo nas rodinhas de conversa, o assunto é esse: “Atualize-se ou você está fora do mercado”; “Busque informações novas diariamente se não você corre o risco de se tornar ultrapassado”. Em um mundo que a transferência de dados ocorre em segundos, você, professor, precisa estar preparado para abandonar o casulo e voar em busca de novidades. Junto com esse novo cenário surgem novas tendências que exigem uma mudança profunda na forma de ensinar das instituições e dos educadores. Manual do Professor Novas tecnologias, redefinições dos papéis corporativos, mundo virtual. A velocidade com que as transformações ocorrem em nossa sociedade chega a ser assustadora. A cada novo dia, uma invenção surge e outra máquina ou conceito se torna obsoleto. Contudo, são pouquíssimas as escolas que preparam seu corpo docente para os novos tempos. Hoje existem centenas de variáveis como: inteligências múltiplas, o surgimento de uma geração que interage de maneira diferente com o mundo, interdisciplinaridade, diferentes formas de avaliação, período integral, novas disciplinas, Internet. Ou seja, diversas situações nas quais a escola e, principalmente, o professor, precisam conhecer e saber lidar da maneira mais produtiva possível. O mundo moderno quer, e precisa, de seres humanos integrais, flexíveis e empreendedores. Isso também se aplica ao mercado de trabalho. Procuram-se pessoas que saibam identificar e quebrar as regras que atrapalham ou impedem o desenvolvimento de um ensino criativo e diferente. 7 Manual do Professor Uma lição importante para a sua carreira 8 C olocaram cinco macacos dentro de uma jaula. No meio da jaula, uma mesa. Acima da mesa, pendendo do teto, um cacho de bananas. Os macacos gostam de bananas. Viram a mesa. Perceberam que, subindo nela, alcançariam as bananas. Um dos macacos subiu na mesa para apanhar uma banana. Porém, os cientistas estavam preparados para tal eventualidade: com uma mangueira deram um banho de água fria nele. O macaco que estava sobre a mesa, ensopado, desistiu provisoriamente de seu projeto. Passado alguns minutos, voltou o desejo de comer bananas. Outro macaco, então, resolveu comê-las. Mas, ao subir na mesa, outro banho de água fria. Depois do banho se repetir por quatro vezes, os macacos concluíram que havia uma relação causal entre subir na mesa e o banho de água fria. Como o medo da água fria era maior do que o desejo de comer bananas, resolveram que quem tentasse subir na mesa levaria uma surra. Quando um deles subia na mesa, antes do banho de água fria, os outros lhe aplicavam uma tremenda surra. Aí os cientistas retiraram da jaula um macaco e colocaram no seu lugar um outro que nada sabia dos famigerados banhos. Ele se comportou como qualquer membro da espécie. Subiu na mesa para comer as bananas. Entretanto, antes que o fizesse, os outros quatro lhe aplicaram uma surra. Sem nada entender e passada a dor, voltou a querer comer banana e subiu na mesa. Nova surra. Depois da quarta surra, ele concluiu: nessa jaula, macaco que sobe na mesa apanha. Adotou, então, a sabedoria cristalizada pelos políticos humanos que diz: se você não pode derrotá-los, junte-se a eles. E os cientistas substituíram os macacos originais restantes por macacos novos, até que na jaula só ficaram macacos que nada sabiam sobre o banho de água fria. Mas, a despeito disso, eles continuavam a surrar os macacos que subiam na mesa. Se pudéssemos perguntar aos macacos a razão das surras, eles responderiam: “É assim porque é assim...” Entendeu? Então, leitor, faça um paralelo: por que é assim que ensinamos? Por que é assim que trabalhamos? Manual do Professor Os cientistas retiraram então um outro macaco e o substituíram por outro. A mesma coisa aconteceu. Os três macacos originais mais o último, que nada sabia da origem e função da surra, lhe aplicaram a sova de praxe. Esse último macaco também aprendeu que, naquela jaula, quem subia na mesa apanhava. Professor, você já pensou em questionar-se? Sua forma de ensinar poderia ser outra? Você tem fome de quê? Enfim, você vai querer que seus alunos sejam os macacos? É claro que não! Então, aproveite as dicas que este Manual do Professor traz para você e instigue os seus astutos aprendizes a buscarem as bananas. 9 Auto-ajuda 1 A vida não é uma emergência, mas vivemos como se fosse. Tudo o que a tensão pode fazer por você é aumentar sua pressão sangüínea. Por isso, quando a ansiedade bater ou o enrijecimento do corpo lembrá-lo de que está tenso, respire fundo, relaxe, volte ao trabalho e aproveite o momento. 3 Deixe que confiem em você 2 A confiança de um aluno não pode ser conseguida do dia para a noite, mas um passo importante é conversar com ele de igual para igual. Deixe que fale, olhe nos olhos dele a todo o momento, peça opiniões e respeite o que lhe for dito, mesmo que não concorde. Se notar que algum aluno alimenta picuinhas em relação a você, aproxime-se mais dele e leia os trabalhos que escreve. Se estiver a contento, apenas elogie. Caso tenha de criticar, o faça depois de ter apontado alguns acertos. E mantenha a classe! Cobrança na dose certa Priorize suas responsabilidades. Não deixe tarefas chatas ou trabalhosas para depois. Quanto antes enfrentá-las, antes estará livre para atividades mais prazerosas. Também não queira ser perfeito em tudo o tempo todo. Respeite seus limites e seja paciente com você. Manual do Professor 1 Relaxe 13 4 Manual do Professor Como falar melhor em 10 lições 1. Seja natural. 2. 3. Pronuncie bem as palavras. 4. Fique atento à velocidade. Não fale nem muito rápido, nem muito devagar. 5. Alterne altura e ritmo da fala para manter aceso o interesse dos ouvintes. 6. Adapte seu vocabulário ao público. 7. Não assassine a gramática! Isso compromete toda a sua apresentação. 8. Mantenha uma postura física correta. 9. Cuide para que sua fala tenha começo, meio e fim. Tenha uma altura de voz compatível com o ambiente. 10. Fale com emoção; envolva-se com o assunto. 14 Tempo extra 5 Você pode mostrar a seus alunos o quanto se importa com eles destinando um horário para atendê-los. Separe uma de suas horas vagas para conversar com seus estudantes sobre a matéria, possíveis dificuldades ou para dar apoio ao que já vem caminhando bem.