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Jornal da
BIBLIOTECA
Ano III - n.012
Órgão da Associação Cultural Mutirão
Zona Sul, São Paulo - Set/OuL01985
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Cr$ 1.000
A questão da "autonomia" de Santo Amaro divide
as opiniões. Neste domingo, dia 15, haverá o plebiscito que definirá qual o destino da região: se continua
ligada a São Paulo ou se vira um município. No Largo de São José (fotos), porém, os moradores que participaram de uma prévia organizada por Mutirão declararam um solene "NÃO" a essa "autonomia"
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PÁG. 3
QUE AUTONOMIA QUE NADA!
D/CAS PARA
GENTE JOVEM
PAG. 5
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INTEGRAÇÃO: QUE SERÁ?
QUE
SERÁ?
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TOTAL APOIO
À GREVE DOS
BANCÁRIOS
MULHERES CONQUISTAM
MAIS POSTOS DE LEITE
PAG. 8
MOVIMENTO
POR MORADIA
PAG. 5
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ENTRE NÓS
PISTAS PARA LEITURA
Na véspera do plebiscito que decidirá
sobre a autonomia de Santo Amaro, este é
o assunto que mais empolga a população
da região. O JP não poderia deixar de dar
sua contribuição nesse debate. A quem interessa esta "autonomia"? Na pág. 3, o JP
faz uma grande reportagem sobre o assunto. Nas reportagens sobre saúde (pág. 8),
transporte (pág. 3), mutuários (pág. 6) e mutirão para pavimentação de ruas (pág. 4) vemos o modelo de participação oferecido
pela Nova República: "Nós lhes damos
chance de escolher, desde que escolham o
que queremos"éoqueesperam.Ma reportagem sobre invasão, na pág. 5, temos um
exemplo de como o governo quer se aproximar do povo: violência em resposta à necessidade de moradia.
Na pág. 8, o movimento de alimentação
mostra do que o povo é capaz quando se
organiza com vontade. Nas reportagens sobre creche, esgoto e limpeza pública, na
pág. 4, vemos como continua antigo o des-
caso do novo governo com os moradores
da periferia.
Na pág. 7, o avanço do sindicalismo
combativo com as vitórias das chapas dos
plásticos e químicos, ligados á CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a importante iniciativa da CUT de buscar uma aproximação entre movimento sindical e popular.
A matéria sobre o Encontro dos Movimentos Populares da Região de Interlagos,
na pág. 3, aponta para sua unificação como alternativa de superar as dificuldades
de avanço das lutas dos trabalhadores. E o
Periferia vê a campanha do PT para a prefeitura de São Paulo, na pág. 6, uma contribuição importante para esse avanço. Nosso jornal não poderia deixar de falar sobre
a Constituinte. Na pág. 6, tratamos desse
assunto que interessa de perto à classe
trabalhadora.
Mas nem só de luta é a vida do povo. E ai
estão as reportagens sobre esporte e cultura feitos pelos moradores da região, na
pág. 5. Leia Tudo!
AQUI NOSSA HISTORIA
TIM-TIM POR TIM-TIM
Os moradores dos bairros e vilas da periferia
sabem que é muito raro aparecer notícias sobre
seus problçmas e sua vida nos jornais, nas rádios e na televisão. De vez em quando aparece
um repórter de um grande jornal, entrevista os
trabalhadores e no dia seguinte sai uma matéria pequena e escondida no meio de tanta notícia. Isto porque os donos destes grandes jornais, revistas e todos os meios de comunicação, não estão interessados em ouvir o povo.
As lutas, as conquistas, as reivindicações e os
movimentos do pessoal dos bairros mais pobres quase não são divulgados.
Pensando nisso, alguns grupos de moradores aqui da região do Grajaú, São José, PareIheiros e Cidade Dutra começaram a discutir a
idéia de fazer um jornal para tratar dos problmeas do povo, denunciar as coisas erradas,
pressionar a Administração Regional, e ajudar
a divulgar as lutas.
Bairros como Icaral, São José, São Rafael,
Parque Amazonas, Balneário São José, Cocaia,
Vila Angelina, Parque Planalto, Maria Fernanda
e Parelheiros, já participavam destas primeiras
discussões sobre a necessidade do jornal.
UM JORNAL ABERTO
De 1979 a 1984 saíram onze n.0s do JP — que,
por falta de dinheiro, teve de parar.
Assim, em julho deste ano, a A.C. MUTIRÃO,
junto com o pessoal batalhador e decidido,
conseguiu reunir muita gente pra discutir a retomada do JP e a formação do novo Conselho
de Moradores. Os membros deste Conselho
são indicados pelos bairros, movimentos e entidades da região, e por isso a MUTIRÃO pediu
aos participantes que voltassem aos seus bairros, fizessem reuniões com os moradores e movimentos com o objetivo de indicar os representantes para o Conselho do JP.
Por enquanto, o novo Conselho ainda não está formado, mas alguns bairros já indicaram
seus representantes, como o São Rafael (Sr.
João Machado) e a Casa da Mulher do Grajaú
(Fátima). Muita gente ainda vai chegar, pras
reuniões, bate-papos e discussões no Conselho de Moradores — porque só com a força do
pessoal da região é que o JP vai em frente. O JP
está e estará sempre aberto a todos os moradores, entidades, movimentos e associações da
região, pretendendo sair de dois em dois meses. Venl a participar
das discussões do
seu jornal. Vamos dizer o que os jornalões, as
rádios e as tevês não dizem. Até o fim deste
and o JP quer entrar em contato com todos os
movimentos, entidades, e vilas da região para
marcar reuniões, para discutir o jornal e eleger
representantes para o Conselho de Moradores.
Conselho de Moradores
traça rumo do Periferia
A Associação Cultural Mutirão é bem nova.
Foi fundada em 28 de fevereiro de 1982. Mas
como idéia é mais antiga: é filha do Jornal da
Periferia, que hoje é seu órgão de imprensa.
Desde 1979, o Conselho de Moradores, que
orienta o jornal, já pensava em formar uma entidade cultural, sem fins lucrativos, para ampliar
suas atividades.
A Mutirão tem por objetivos apoiar e contribuir para a organização e o desenvolvimento
sócio-cultural da população; promover e incentivar o debate de problemas de interesse da comunidade, através de cursos, palestras, debates, projeção de filmes, teatro, divulgação de
textos e confecção do jornal.
Em três anos de vida a Mutirão já teve que
enfrentar as dificuldades de uma entidade popular que se propõe, junto com outros companheiros, a buscar uma vida digna para os trabalhadores. Falta de dinheiro, vontade de fazer
muita coisa e falta de tempo para realizar tudo
que queremos. Mas, apesar das dificuldades,
estamos conseguindo colocar em prática os
nossos objetivos. O Jornal da Periferia começa
a circular novamente. Além disso, a Mutirão
Artesanato
movimenta
a moçada
■■'■■■
Artesanato: vivendo e aprendendo
Desde junho de 1984, a Casa da Juventude
do Grajaú montou, na Mutirão, um curso de artesanato. O projeto da Casa da Juventude tem
por objetivo desenvolver um trabalho com menores: iniciação ao trabalho, esporte, lazer e
cultura. Na Mutirão, a Léa, monitora das atividades de artesanato, transmite, para uma média de 30 jovens, noções de artes plásticas:
princípios de marcenaria, modelagem, conhecimentos básicos de tinta e pintura em cerâmica,
madeira e tecido.
Para fazer um bom trabalho Léa considera
importante que os jovens descubram a beleza
das cores. Os jovens encenam também pecinhas de teatro, têm um time de futebol e já fizeram algumas excursões, organizadas pela Casa da Juventude. As aulas são de segunda às
sextas-feiras, das 13 às 21 h. As inscrições, que
ainda estão abertas, podem ser feitas com a
Léa, na sede da Mutirão.
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Mutirão
PROGRAMAÇÃO
Estrada Velha de Parelheiros, n? 958 — s/1
Cinema — Estamos planejando passar
dois filmes por mês. Um filme político,
seguido de debate, e um filme pra divertir, porque ninguém é de ferro. Se refletir
sobre a luta do povo é importante, tem
de ter hora também pra se divertir.
14/9, às 18:30h — "Em nome da Lei de
Segurança Nacional", seguido de debate
com um advogado da Comissão de Justiça e Paz de São Pauto e do diretor do filme.
28 e 29/9 — Filme comercial. Este é pra
dar risada. Oportunamente divulgaremos o título do filme, o preço do ingresso e os horários de projeção.
Festas
12/10 — Forró do Jornal, a partir das 21h.
Mais próximo do dia começaremos a vender
os ingressos. Vá se preparando que vai ser animado.
13/10 — Festa pras crianças, com apresentação de peça de teatro, pelos alunos da Léa.
EXPEDIENTE:
DIRETORIA DE MUTIRÃO:
Reunião de moradores no JP
promoveu debates sobre questões de interesse
dos movimentos da região. Fez curso para as
mulheres e mantém curso para menores. Fez
festas e participou de festas da região. Abriu
sua sede para reuniões de interesse da população. Está formando um centro de recursos que
ainda é modesto, mas pretende ser bem equipado.
Em fevereiro deste ano foi eleita nova diretoria da Mutirão, que veio com muita garra e com
toda a vontade de levar este barco pra frente.
Presidente: Joel Valdoski
Vlce-PresIdente: Elza Ribeiro
Secretário: Jorge Ivan Ferreira
Tesoureiro: Manoel G. Ribeiro
2.° Tesoureiro: Luiz (Reco)
CONSELHO FISCAL:
Albertino Gomes
João Machado
Valdirene
José Gonçalves
JORNAL DA PERIFERIA
Jorge Batista (SJP n? 6040)
Jeny de Oliveira (CRJ n.0 13.604)
Composição e Impressão:
Joruès — Cia. Editora
R. Arthur de Azevedo, 1977 — Pinheiros
AQUI&AGORA
Consulta popular antecipa o resultado de 15 de setembro:
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ESSA "AUTONOMIA
PAPO FURADO!
"Não!" — esta foi a resposta da grande
maioria dos moradores da região, quando
perguntados se estavam a favor ou contra
o atual projeto de "autonomia" de Santo
Amaro. Para apurar melhor a opinião do
pessoal, a Associação Cultural Mutirão organizou uma consulta popular, na praça do
Largo São José, no último 17 de agosto (sábado), das 10 horas ao meio-dia. Voto direto e secreto. Resultado: 366 votos contra a
tal "autonomia"; 74 a favor; 4 nulos e um
voto em branco — num total de 445 votantes.
No Jardim São Rafael, no dia 25 de agosto (domingo), a decisão dos moradores,
que também votaram numa consulta popular organizada com apoio da SAB (Sociedade de Amigos do Bairro) e da CEB (Comunidade Eclesial de Base), foi ainda mais marcante: 691 contra; só 17 e favor a 11
brancos/ nulos. No São Rafael houve manifestações de rua contra a "autonomia",
além de uma batucada após o resultado da
consulta popular.
REPETIR O "NÃO"
Estes fatos e estes números demonstram o quanto a idéia da "autonomia", da
forma como é atualmente colocada, causa
estranheza — e dúvida — a população.
Tudo indica que, no próximo dia Io de setembro, por ocasião do plebiscito sobre o
assunto, o povo vai repetir um solene
"não", porque a "autonomia" hoje não passa de um papo furado.
Quer dizer: não se trata de uma autonomia de verdade, que dê mais força e poder
a uma região. Trata-se, ao que tudo indica,
de uma jogada de políticos, comerciantes
Largo de São José: Mutirão...
e empresários locais, preocupados acima
de tudo com seus próprios interesses.
Há pessoas sérias pró e contra a autonomia, deve-se reconhecer, mas a situação
deve ser analisada em função da realidade
atual. Um dia, é claro, vamos ter um poder
local legítimo e reconhecido na região,
mas — para que isto aconteça — precisamos ainda conquistar uma democracia de
fato, onde o povo seja capaz de controlar
este poder e dar as regras do jogo.
ALTERNATIVA POPULAR
Hoje, o movimento popular, ainda fraco e
dividido em torno da questão, não conseguiu definir a alternativa popular de uma
nova administração para Santo Amaro. Assim, quem tende a faturar com essa "autonomia" são, em particular, os proprietários
INTEGRAÇÃO COMEÇA
COM DESVIO DE ROTA
"Transporte não é só um direito do cidadão;
é uma obrigação do Estado" — ao lembrar esta
frase, Clóvis Granado, do Movimento de Transportes da região, denuncia a atitude da Secretaria Municipal de Transporte no caso do projeto de integração trolebus e ônibus para a Zona
Sul.
"Tudo é feito de cima para baixo", diz Clóvis,
porque "eles visam esvaziar os movimentos populares autênticos". A Secretaria de Transportes quer é uma "participação consultiva", através de 44 conselhos regionais, criados pela
Prefeitura; e não uma efetiva "participação" e
um efetivo "controle" por órgãos independentes — criados pela própria população.
O QUE SERÁ?
Assim, a Prefeitura vai levando adiante o seu
projeto de implantação de terminais na praça
José Maria, sem dar satisfações ao povo. Pouco se sabe, realmente, sobre esta medida. O
que será exatamente? Como será? Haveria outras alternativas? Sabe-se que muita grana está
sendo gasta: 270 bilhões somente este ano. Para que exatamente?
A Secretaria de Transportes fala sempre de
uma vantagem para os donos de ônibus, que
vão ter uma economia de 60% em óleo diesel,
porque os seus ônibus vão fazer um trajeto
mais curto. Com isso — perguntamos — vão diminuir os preços das passagens de ônibus?
(Até agora, estamos sem resposta).
Se existe alguma vantagem para o usuário,
vantagem real, então por que os órgãos públicos ficam escondendo o jogo, sonegando informações detalhadas?
O Governo e a Prefeitura, que se dizem "democratas", deveriam logo se mancar. Não
adianta montar os "conselhos regionais", tudo
sob controle, porque a população já tem uma
experiência de luta e sabe o que quer. Se todo
mundo pudesse, de fato, dar sugestões e controlar o serviço de transportes, a coisa seria outra. Do jeito que a coisa vai, é um desvio de rota. Vai dar trombada!
recolhe voto popular
de terras e os donos de empresas de transporte coletivo.
Quando a coisa se modificar, com o movimento popular crescendo e se impondo,
aí sim, a autonomia poderá surgir como
uma forma de Independência concreta da
região — como uma forma de poder local
de caráter popular.
Vamos, juntos, lutar para que isto aconteça o mais rápido possível. Por enquanto,
o resultado da consulta popular é o que parece mais justo: "não" a autonomia defendida por politiqueiros e empresários.
Interiagos articula
unificação das lutas
Participantes de movimentos e entidades
populares da região de Interiagos realizaram
seu 3? Encontro, no dia 18 de agosto, na Escola Jerônimo Monteiro, dando continuidade
à proposta de achar um caminho para a unificação das lutas na região. A necessidade de
unificação vai no sentido de fortalecer e fazer avançar os interesses populares, junto
aos órgãos de decisão política.
Para concretizar essa proposta
considerou-se importante: tornar os encontros permanentes, com periodicidade de três
meses; dar continuidade aos boletins, que
deverão sair nos intervalos dos encontros. E
ainda: procurar todos movimentos e discutir
com eles a importância da unificação,
propondo-lhes que elejam um representante
para compor a coordenação dos encontros;
dar espaço, em cada encontro, para um movimento expor sua experiência de luta; organizar para o próximo encontro uma palestra
sobre os Conselhos Populares da zona Leste, feita por companheiros daquela região. E,
também, realizar um curso de formação política, com o seguinte temário: 1) A Nova República e o lugar do trabalhador; 2) Constituinte e eleições: quanto vale o voto do trabalhador?; 3) Reforma Agrária; 4) Os movimentos populares no Governo Montoro; 5) A
história recente do movimento operário; 6) O
socialismo é um sonho?
A organização deste curso ficou a cargo
do CR (Centro de Recursos) e da Mutirão. A
primeira reunião de encaminhamento será
no dia 15 de setembro, às 18h, na sede da
Mutirão. A reunião é aberta para outras entidades que queiram dar apoio a esta proposta. O próximo Encontro será no dia 1.A de dezembro. Aguardem o boletim.
TRANCOS&BARRANCOS
PAVIMENTAÇÃO:
BARRA PESADA!
MUTíRAfl /
O pedido de pavimentação de todas as
ruas do Pq. Maria Fernanda, com autorização de pavimentação em apenas duas, já
estava com o Administrador Regional, em
junho deste ano. Numa reunião na Administração Regional foi feita a seguinte proposta para a comissão: "Pavimentamos todas as ruas do loteamento, mas pela
EMURB e em sistema de mutirão". Acontece que a EMURB cobra o serviço praticamente à vista (prazo de um ano), enquanto
que a Prefeitura oferece condições melhores, esticando o prazo de pagamento para
4 anos.
A justificativa do Administrador Regional, segundo a moradora D. Nair Ribeiro foi
a seguinte: "São muitas as ruas a serem
pavimentadas nessa região... As verbas
são pequenas e não dá pra pagar a mão-deobra".
Consultada pela comissão, a população
do bairro decidiu, após três reuniões, aceitar a proposta. Porque se não aceitasse,
não se sabe quando as ruas seriam pavimentadas.
As obras foram feitas nos dias 31 de
agosto de 1? setembro no Pq. Maria Fernanda e nos loteamentos vizinhos, Pq. Maria Borba e Jd. Ramália, que também estão
na mesma luta.
O QUE É MUTIRÃO?
D. Nair explica como funciona este sistema: "O material de guia e sarjeta é trazido
pela Administração Regional e a população faz o serviço. Depois que o serviço está
pronto a Prefeitura vem e coloca o cascalho e o asfalto. O que é feito pela população, não entra no preço do asfalto".
No Pq. Maria Borba quem lidera o movimento é a Sociedade Amigos do Bairro. No
Jd. Ramália dois moradores assumiram as
tarefas do movimento e no Pq. Maria Fernanda a convocação da população, para
decidir sobre os passos do movimento, está a cargo de D. Nair. Todos os moradores
estão muito interessados na pavimentação. A participação nas reuniões está ótima e o pessoal está mais mobilizado do
que na luta pelas escrituras. Estão fazendo
as reuniões na rua por dois motivos: primeiro, resolve o problema de falta de espaço nas casas e depois, chama mais gente.
Quem passa e vê aquela aglomeração, vai
ver o que é e fica.
Na reunião do dia 11 de agosto, no canteiro da Estrada de Parelheiros, próximo ao
Pq. Maria Borba e Pq. Maria Fernanda, havia cerca de 100 moradores, além de representantes do Jd. Ramália e da SAB do Pq.
Maria Borba. Nesta reunião ficou decidida
a formação de grupos por rua, cada grupo
assumindo o serviço de sua rua.
AVALIAÇÃO DO SISTEMA
D. Nair explicou que os moradores, apesar de saberem que é obrigação da Prefeitura fazer o serviço, porque pagamos mpostos, ficaram de acordo com o mutirão
porque não tiveram outra alternativa. "Ou
entrávamos com a mão-de-obra gratuita,
ou não conseguiríamos a pavimentação
das ruas". (E aquelas promessas feitas em
1982, na campanha para o governo do Estado, quando o PMDB se comprometia a criar
novos empregos?)
D. Nair conta alguns questionamentos
que o movimento está fazendo sobre o mutirão: "Por que será que para aprovar a pavimentação de duas ruas eles demoraram
cinco anos e para pavimentar todas as
ruas, em sistema de mutirão, foram só dois
meses?". Outra coisa: "Será que nos loteamentos novos, feitos para os ricos, a Prefeitura propõe a eles pegarem na enxada
para fazer guia e sarjeta?"
Mas D. Nair acha que o movimento pode
aproveitar o mutirão para discutir com o
pessoal a necessidade de outras lutas, como, por exemplo, um ponto final de ônibus
no bairro. "E isto nós vamos fazer na reunião com o Prefeito, aqui na Escola Jorge
Saraiva. Nós não vamos lá para dizer que
ele é um homem bom. Nós vamos lá é para
dizer que estamos fazendo o serviço e por
isso estamos com mais garra para ficar no
pé dele".
Avaliando este sistema de mutirão, o
morador Sr. Raimundo Ribeiro disse que a
população vai ficar "mais sacrificada",
porque eles vão segurar mais ainda as verbas. Mas também vai ser mais difícil eles
continuarem na Prefeitura, porque "o pessoal está mais esclarecido e só vai votar
em quem presta".
Morador denuncia:
"Falta tudo em
Parelheiros"
Os moradores do Jardim Rochel, em Parelheiros, estão reclamando do descaso e
do abandono a que foram relegados pela
Administração Regional de Santo Amaro.
Sr. Benê, um dos moradores entrevistados,
afirma que "o descaso é tanto que há cinco
anos não passa uma máquina nas ruas do
bairro."
Com isso, os buracos e as valas tomaram conta das ruas e o caminhão de lixo só
passa uma vez em cada três meses". Então, até "andar a pé já está ficando impraticável".
FALTA TUDO
Já o morador Toninho disse que no Jardim Rochel "falta tudo." Não tem rede de
esgoto, nas ruas não tem cascalho, só buracos, dificultando a vida do pessoal.
Quando chove a situação piora a tal ponto
que não permite que as crianças saiam de
suas casas para a escola, devido a lama e
a situação das ruas.
Segundo o Sr. Benê, "o povo jã não sabe
mais o que fazer para mudar esta situação,,
pois já está cansado de tanto reclamar junto à Administração Regional de Santo
Amaro, mas ninguém toma providências".
Ele explica. "Só queremos ruas decentes
para podermos passar, coleta de lixo três
vezes por semana e assistência médica, e
isso não é nenhuma exagero, pois nós pagamos impostos e temos direito a isso".
SÃO RAFAEL EXIGE:
Ônibus, creche
e esgoto já!
Falta tudo também no Jd. São Rafael,
mas os moradores continuam lutando por
creche, ônibus e esgoto. O ônibus da
CMTC que faz vira de manhã no Jd. Guanabara não é suficiente. "Continuamos lutando por uma linha que vá até o centro da cidade e faça ponto inicial no bairro", afirma
o Sr. João Machado.
Quanto ao saneamento básico, os moradores do Jd. São Rafael planejam uma
grande mobilização a partir de dezembro
próximo, se a SABESP não cumprir sua
promessa de ligar a rede de esgoto no bairro.
PROMESSA DA SABESP
Há cinco anos os moradores da região lutam para conseguir uma extensão da rede
de esgoto. Em 1983, quando vários bairros
da região entraram na luta, conseguiram
uma promessa da SABESP de que até o final de 1985 ela colocaria esgoto em todos
os bairros localizados entre a Vila São José e o Jd. Campinas. O prazo já está vencendo e os moradores estão cansados de
esperar.
NECESSIDADE DE CRECHE
Sentindo necessidade de uma creche no
bairro, os moradores começaram, em maio
de 1983, um movimento pela sua obtenção.
Depois de muita luta, a antiga Secretaria
do Bem-Estar do Menor aprovou o pedido e
encaminhou um projeto à Prefeitura. Alegando falta de verba, a Prefeitura colocou
o pedido no 13? lugar da lista.
Como a construção das creches está andando a passos de tartaruga, as lideranças
do Jd. São Rafael estão mobilizando os demais moradores para pressionarem o início das obras.
TRANCOS&BARRANCOS
POVO EM LUTA CONSEGUE
UM LUGAR PARA MORAR
A luta por moradia no Grajaú já tem um
marco importante: a compra de um terreno
pela COHAB, localizado entre o Jd. Lucélia
e a Chácara Tanay. Como explica Bernadete de Souza, o movimento começou em
1982 com a invasão do terreno da prefeitura, próximo ao Lg. do Grajaú.
A partir daí os moradores começaram a
se organizar e fizeram um acampamento
no centro da cidade, quando se tirou uma
comissão de negociação, que entrou em
contato com as autoridades. O resultado
foi a promessa de compra de um terreno na
estrada do Bororé. A inscrição das famílias
para conseguir moradia no local chegou a
420.
se, em agosto de 1983, uma área de 172 mil
metros quadrados, e montasse uma fábrica de blocos para a construção das 420 casas. Todo mundo já ia comemorar esta vitória, quando o presidente da EMPLASA recusou este número de construções, alegando se tratar de uma região de mananciais. Com isso EMPLASA e COHAB reduziram o projeto para 82 casas. Mas mesmo
tendo aprovado este número reduzido de
construções, elas não começaram as
obras.
A CETESB e a SABESP também criaram
mais problemas se recusando a colocar
água e esgoto no local, alegando o mesmo
motivo: a lei de proteção aos mananciais.
FÁBRICA DE BLOCOS
Apesar disso, o pessoal decidiu encarar
a briga até o fim. Desmataram o terreno,
construíram quatro casas de bloco projeta-
Depois de muita luta o pessoal do movimento conseguiu que a COHAB compras-
FISCAIS E POLICIAIS
CIRANDA
Nesse espaço queremos falar de festas, futebol, filmes, grupos de música,
dança, capoeira, artesanato, poesia, enfim, tudo que o povo pode fazer nas horas de folga. Este cantinho é de vocês que se ligam nessas coisas boas. Mandem seus recados.
Nesse número publicamos a poesia de um morador — "Primavera" — e o relato de duas experiências de trabalhos com jovens.
das pelo movimento e, numa assembléia
de moradores, do dia 13 de abril deste ano,
decidiram invadir o terreno e não esperar
mais esta aprovação que estava demorando muito. Desta data até I.0 de maio, o movimento sofreu duas violentas repressés
por parte dos fiscais da COHAB e por policiais da ROTA. Da primeira vez, eles derrubaram todos os barracos que o pessoal havia levantado. Da segunda vez, além de
destruir barracos, roubaram as pás, enxadas e picaretas com as quais o pessoal trabalhava.
Depois de tanta violência, em vez de desanimarem, os moradores foram em frente.
No dia 14 de maio deste ano as máquinas
de terraplanagem começaram a preparar o
terreno para a construção das casas, a
área foi cercada com arame e a COHAB
apresentou um plano de trabalho para o local. Atualmente 28 famílias já estão morando no terreno em casas construídas em
mutirão.
DICAS PARA
GENTE JOVEM
A Casa da Juventude da COHAB - Grajaú está
atendendo agora nas suas novas instalações, oferecendo aos Jovens que tenham até 18 anos incompletos, a oportunidade de escolher, entre vários cursos,
um que realmente lhe agrade.
Entre os cursos ministrados a Casa oferece: curso
de marcenaria, de corte e costura, borbado, tricô e
crochê, arte culinária, artesanato, artes plásticas,
datilografia, auxiliar de escritório e música — inclusive aulas de violão. Os cursos sáo todos grátis e a
coordenação dos trabalhos fica por conta do Aldo.
Garotos Unidos do São Rafael
Visando proporcionar lazer sadio aos jovens
do bairro, iniciou-se há dois anos, no Jd. São
Rafael, um trabalho com garotos de 12 a 16
anos. O Sr. João Inácio Benício e o grupo de
adultos que se uniu a ele com tal objetivo,
acham que os jovens poderão ter um futuro melhor, ocupando seu tempo de folga com atividades que curtem.
O grupo conta hoje com 60 jovens do bairro e
chama-se "Garotos Unidos do São Rafael".
Sua principal atividade é o futebol. O Sr. João
Inácio já conseguiu material para os "Garotos"
na Secretaria de Esportes: rede, bola, farda etc.
O técnico do time é o Aparecido.
As reuniões com os jovens são feitas duas
vezes por semana, na sede do clube, na rua Pedro de Andrade Caminha, n? 44.
ARMANDO A JOGADA
O Sr. João Machado conta que ao se iniciarem as atividades com os jovens foi feita uma
reunião com os pais, para dar uma explicação
dos objetivos do clube e ver se eles concordavam. Discutiu-se também a necessidade de pagamento de mensalidades para ajudar nas despesas do time. O Sr. João Machado e o Sr. Ge-
raldo estão entusiasmados com o trabalho,
mas acham que, para chegar onde querem, ainda falta muito.
Falta, por exemplo, uma área de lazer bem
equipada e a participação de todos os jovens
do bairro. Olhai, gente! Não vamos deixar a bola cair!
Futebol agita no
Parque Planalto
Se você é um jovem que gosta de esportes e
curte futebol de salão, tal uma boa dica: a Comunidade do Parque Planalto tem por lá um time masculino e um feminino de futebol de salão. A turma está aguardando convites de outros times para jogos amistosos ou até mesmo
participação em campeonato.
Ah! O nome das feras? Mauri, Chico, Luiz,
João e Antônio Carlos. E o nome das gatas? Leninha (premiadissima goleira), Zena, Nana, Luiza e Marlene. Os interessados poderão ligar
241-7085 e acertar tudo com a Madalena.
PRIMAVERA
José Dário da Silva (*)
Tu, flor meu jasmim,
estende, porém se abre,
divide o amor que sente,
me ensina tudo que sabe.
A natureza é bela
Uma delas
é a nossa querida primavera.
Primavera, o tempo passa
e você vai.
Mas a sua recordação
de mim não sai.
De novo o tempo passa
e você vem.
Primavera, uma natureza
amiga,
Voei tem.
Gente, a primavera vai
mas outro dia ela vem
em busca da amizade
que a gente tem.
Viva
Viva
Viva
Viva
a vida bela,
o ano novo.
a primavera,
nós, o povo.
(*) Joaé Dário da Silva, 20
anos de Idade, estudou até
a 7* série e parou porque
chegava tarde do trabalho e
depois da aula tinha de Ir a
pé da escola, no Jd. Icaraí,
até sua casa, no Jd. São Rafael. Agora este poeta, ajudante de torno revólver, está desempregado. Desde
criança gosta de poesia. Já
declamou suas poesias nas
comunidades do Jd. Icaral,
Jd. Sâo Rafael e Grupo de
teatro da OSEC.
^^
PANORAMA
MUTUÁRIOS: FESTA PARA
FORTALECER MOVIMENTO
WEÊÊmÊÊÊÊm
No dia 10 de agosto os mutuários do
conjunto habitacional do Pq. das Arvores
fizeram uma grande festa ao ar livre com
shows e barraquinhas. José Luiz de Souza,
membro da comissão do Movimento dos
Mutuários da Zona Sul, explica: "Estamos
fazendo festa com o objetivo de levantar
fundos para cobrir os gastos com advogados, papéis e custas do processo jurídico
que certamente será instaurado contra os
mutuários inadimplentes".
"Inadimplente" é aquele cidadão que
comprou casa ou apartamento financiado
pelo BNH e que não está podendo pagar as
prestações. Sabendo que serão acionados
pelo ^H, os mutuários do Pq. das Arvores
ache '-; que não adianta ficar esperando. O '
proc '^60 contra eles vai chegar, então é
prec^ Q; se preparar.
fPROPÇSTA DE AÇÃO
irque da Árvores, os mutuários estão
Mutuários: alegria e luta no Conjunto do Parque das Árvores
propondo o não pagamento das prestações do
BNH e a não opção pelo reajuste semestral.
"Estamos num impasse", disse José Luiz. "A
grande maioria dos mutuários do Parque não
tem condições de pagar o reajuste anual de
246%, imposto pelo BNH. O governo, para nos
obrigar a optar pela semestral idade, ofereceu
um aumento de 112% nesse reajuste. Para isto,
Boletim distribuído pela AMASUR:
temos de cancelar o antigo contrato e fazer um
"E a Nova República chegou. Com ela as
novo, optando pelo reajuste semestral, que senossas esperanças de um reajuste decente e
ria calculado de acordo com os reajustes salajusto que pusesse um fim em nossos martíriais".
"Mas nós sabemos que esta é mais uma jorios, se foram. As promessas não se concregada do governo da Nova República para resoltizaram e o resultado está aí: 246% de auver dois problemas: a crise do BNH e a questão
mento anual, quando o justo seria 112%. Esda política salarial. Então, sempre que lutarte reajuste compensaria os abusos ilegais e
mos por aumento salarial, estaremos lutando,
imorais cometidos nos anos anteriores conconseqüentemente, por aumento no reajuste
tra uma classe bastante sofrida: os mutuádas prestações do BNH. Além do mais, se o norios.
vo contrato for um sucesso, tudo vai passar a
Mas isto não nos desanimou. Surgiram váser reajustado de acordo com os aumentos de
rias instituições em todo o País para defensalário (alimentação, transporte, educação,
der os nosos direitos. A luta é árdua, pois
saúde etc), o que vai tornar a vida do trabalhaexistem vários interesses envolvidos na
dor mais difícil ainda".
questão. As financeiras, que não querem
COMUNIDADE APOIA
perder um centavo de seus fabulosos lucros
José Antônio Marques, morador do conjunto,
e
o BNH, conivente, não se interessa em vamembro da Comodidade Eclesial de Base
CEB), desenvolve um trabalho de catequese
unto às crianças do Parque e colaborou tam3ém com a festa dos mutuários. Ele considera
que tanto a catequese como as novenas dão
abertura para se falar nos problemas comunitários. "O sistema em que vivemos isola as pessoas.
EXISTE NOVA REPUBLICA PARA
OS MUTUÁRIOS?
1
POR QUE A CONSTITUINTE
INTERESSA AO TRABALHADOR
\
O Brasil precisa (mesmo!) de mudanças econômicas, sociais e políticas urgentes. Isto pode e deve ser
assegurado por uma Assembléia Constituinte, ou seja, por uma reunião de legítimos representantes do
povo, eleitos em clima de efetiva liberdade e igualdade na disputa. Por isso, os trabalhadores defendem
uma Assembléia Constituinte-já, livre, democrática e
soberana. Mas, para tanto, é necessário que seja Jogado no lixo todo o restolho da ditadura que ainda
persiste, como a Lei de Segurança Nacional (LSN).
Na Constituinte, os trabalhadores terão muito o
que defender: direito de greve, autonomia sindical,
reforma agrária, dignidade salarial, habitação, saúde, escola, enfim, tudo aquilo que se faz necessário e
urgente para melhorar a nossa condição de vida. Essa luta vai ser dura, porque os patrões estão se armando para defender seus privilégios. Os trabalhadores, porém, já estão definindo suas propostas, se
organizando para a batalha da Constituinte — e não
vão deixar barato!
ler seus poderes e motivos pelos quais ele
foi craido; financiar moradias a baixos custos.
São paulo precisa se organizar e fortalecer. A luta Isolada não leva a nada. Precisamos nos unir. Com este objetivo criamos a
AMUSAR (Associaão dos Mutuários de Sto.
Amaro e Regiões), para levar a termo a nossa
luta. Sua participação é importante, não só
como mutuário, mas também como elemento atuante, na busca de uma legislação mais
abrangente que atenda as nossas necessidades.
CONTAMOS COM A SUA PARTICIPAÇÃO!
Associação dos Mutuários de Santo Amaro e Regiões — AMASUR.
Rua Senador Dantas, n? 98 — Santo Amaro — Fone: 251-6761.
PT COLOCA
0 POVÃO
NA JOGADA
O Partido dos Trabalhadores (PT) está apresentando na região as suas propostas para a
Prefetura de São Paulo. Os candidatos do PT,
Eduardo Suplicy (prefeito) e Luiza Erondina (vice), defendem a eleição direta dos Administradores Regionais e a criação de Conselhos de
Representantes do Povo em cada região para
se criar "a democracia na cidade".
Além disso, o PT na Prefeitura assumirá os
seguintes compromissos:
• Aumento e melhor uso do estoque de terras
da Prefeitura, destinando-se estas terras, principalmente, à construção de moradias populares.
• Creches adequadas e decentes, aumento e
melhoria dos postos de saúde.
• Transporte coletivo barato e de boa qualidade, sob controle efetivo dos moradores.
• Apoio direto às lutas dos trabalhadores e
todo o poder da Prefeitura a serviço da real democratização do País.
PT: Suplicy (prefeito) e Erondina (vice)
ws üEm
O PT de Paralheiros convida os simpatizantes das candidaturas de Suplicy e Erundina para participarem dos comitês de
campanha da região. Endereços dos comitês: São José — R. José Bochigliere, n.0 140
(reuniões todos os domingos a partir de
17hs); Grajaú — (Núcleo PT Graiaú - reuniões todos os sábados a partir de 20hs).
-BATENTE
QUÍMICOS:
I
VITORIA REAFIRMA A
DIRETORIA COMBATIVA
Na eleição realizada este mes, a diretoria do sindicato dos
Químicos de São
Paulo - chapa 1 —
mostrou sua força e
sua representatividade junto a categoria,
ao conseguir esmagadora vitória diante
da Chapa 2, por 6.525
a 2.062 votos.
Chicão, diretor da chapa eleita, explica
que "se o resultado foi tranqüilo, foi porque durante três anos de gestão, os dirigentes do sindicato desempenharam um
trabalho realmente sério e representativo,
voltado aos interesses da categoria". A diretoria reeleita criou o "Sindiluta", que é
um jornalzinho diário que informa e conscientiza a categoria. Outras atividades serviram para solidificar o sindicato, como
uma entidade forte, voltada realmente ao
interesse dos trabalhadores. "Depois de
todos esses trabalhos, pudemos comprovar nas urnas que o trabalhador está confiante e aposta no nosso trabalho" — diz
Chicão.
PROGRAMA DE AÇÃO
O programa de trabalho da chapa eleita
contém uma série de pontos: luta com as
classes trabalhadoras pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais;
reajuste trimestral de salário; estabilidade
de emprego; plena liberdade de autonomia
sindical; desatrelamento do sindicato com
o Estado; congelamento nos preços dos
gêneros de primeira necessidade; limitação dos preços da casa própria e melhor
condição de transporte.
A proposta de trabalho dá ênfase também ao reconhecimento do direito de greve, fim das intervenções nos sindicatos e
plena participação no desenvolvimento da
luta sindical, conjuntamente com a CUT. E
ainda: apoio ás oposições sindicais combativas e representativas; á organização de
comissões de fábricas e CIPAS. Quanto á
saúde do trabalhador, o diretor Chicão diz
que é uma questão muito séria para a categoria, "já que o nosso trabalho envolve produtos insalubres, que aos poucos vai corroendo a saúde do trabalhador". Além disso, diz Chicão, "é nossa intenção fazer
deste sindicato um sindicato verdadeiramente representativo democrático; um espaço onde o trabalhador possa, de fato, organizar a sua luta e fortalecer a sua organização com reuniões, assembléias, encontros e congressos dos trabalhadores".
PLÁSTICOS:
OPOSIÇÃO EMPLACA
E DERROTA PELEGO
No dia 16 de agosto a chapa de Oposição dos Plásticos venceu as eleições. Ela
já havia vencido o primeiro escrutínio, com
uma diferença de 641 votos. No segundo,
aumentou esta vantagem para 1300 votos
de diferença. Agora, com a direção do sindicato, os companheiros vão dar continuidade à sua luta pela unificação da "data
base" — de janeiro para novembro. E vão
levar outras reivindicações da categoria:
reajuste trimestral de salários, aumento
real e piso salarial com base no salário-mínimo calculado pelo DIEESE, redução da
jornada de trabalho para 40 horas.
OUTRAS METAS
A luta pela estabilidade é também de
grande importância para os plásticos: de
1980 a 1985 houve uma redução de 60.000
para 38.000 trabalhadores, com demissões
em massa. A luta para acabar com as condições insalubres e, até que isto aconteça,
pelo pagamento do adicional de insalubridade — são outros pontos-de-honra para a
nova diretoria.
APOIO DECISIVO
A nova diretoria, que funcionará como
colegiado, quer democratizar o sindicato e
apoia a construção da CUT (Central Única
dos Trabalhadores). Para a vitória da chapa
de oposição foi decisivo o apoio que ela recebeu da CUT e de vários sindicatos combativos.
Ato público para
lembrar Santo Dias
No próximo dia 13 de outubro, no Largo 13 de
Maio, haverá um ato público em comemoração
ao sexto aniversário da morte do companheiro
operário Santo Dias, assassinado durante um
piquete grevista, em frente à fábrica Silvania,
por policiais da PM.
O objetivo do ato é mostrar às autoridades
que os trabalhadores da região não esqueceram daquele fato, e que estão unidos na defesa
de seus direitos, honrando a memória de Santo
Dias. Os preparativos para o ato já começaram,
sendo muito importante a participação e a ajuda de todos os integrantes do movimento sindical e do movimento popular.
As reuniões preparatórias estão sendo feias
na Igreja do Socorro, com datas marcadas: dia
24 de setembro, 8 e 22 de outubro. Participe você também. Vamos mostrar a nossa unidade e
nossa força!
UNIFICAÇÃO
DOS
MOVIMENTOS
Depois de refletir melhor sobre a problemática dos movimentos populares e sindicais, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) - Região Sul - decidiu fazer tentativas,
no sentido de contribuir para a unificação
das lutas populares e sindicais. Dois encontros já foram feitos na periferia, colocando-se as dificuldades que os membros
dos movimentos sindicais vêm tendo para
unificar as suas lutas de categorias, visto
Sue os patrões modificaram suas táticas
e repressão.
"Hoje a burguesia não usa só a força do
cassetete, mas também se arma com outras táticas de repressão, que seria a cassação das comissões de fábricas e suas lideranças, além da divisão das categorias
com as campanhas salariais e greves isoladas" • comenta o sindicalista Silva, membro da CUT Regional. "As vitórias que estamos conseguindo", diz ele, "são as criações de comissão de fábrica e reuniões interfábricas, pois para combater os patrões
é necessário levar uma luta conjunta".
Os movimentos populares, por sua vez,
também passam por dificuldades, como a
falta de entrosamento, mas reconhecem
também a necessidade de se articularem
com as lutas sindicais. Por isso mesmo estão discutindo as formas para caminharem
juntos.
PERIFERIA
MULHERES CONQUISTAM
MAIS POSTOS DE LEITE
A conquista do leite mais barato pelas
mulheres que militam na Casa da Mulher
do Grajaú, vem servindo de estímulo para
outras mulheres da região reivindicarem,
junto à Secretaria da Agricultura, outros
postos de distribuição de leite.
Esta luta se iniciou em outubro do ano
passado, a partir da Casa da Mulher do
Grajaú, por causa dos constantes aumentos do preço do leite. A entidade encampou, na ocasião, um movimento pelo total
congelamento dos produtos de primeira
necessidade. E conseguiu, junto à Secretaria da Agricultura, a instalação de 6 postos
na região da grande São Paulo - sendo dois
deles no Grajaú (um na sede da Casa da
Mulher e outro no Centro Comunitário Bri-
Na Secretí
uitura: "mais leite!"
gadeiro Faria Lima). Os postos distribuem
diariamente 12 mil litros de leite por um
preço de 20% mais barato.
PROMESSA DO SECRETÁRIO
O movimento cresceu. No dia 12 de julho,
mais de 1500 mulheres se concentraram na Secretaria da Agricultura a cobraram do secretário, Sr. Nelson Nicolau, outros 24 postos de distribuição do produto. E obtiveram a promessa
de que estes postos serão instalados entre outubro/novembro. Cinco postos estão sendo reivindicandos para a região de Interlagos: Jardim
São Rafael, Jardim Icaraí, Parque Maria Fernanda, Jardim Três Corações e Jardim Lucélia.
SEGUINDO EM FRENTE
' No entanto o movimento tende a esbarrar em
dificuldades, como as exigências da Secretaria
da Agricultura, no sentido de que a Prefeitura
ou a comunidade assuma o aluguel do local para a instalação dos postos, material de limpeza,
contribuição com a mão-de-obra etc. As mulheres, porém, vêm se organizando e se empenhando na continuidade da luta pelo subsídio
não só do leite, mas de todos os alimentos básicos. O movimento vem se reunindo, discutindo todas estas questões e preparando uma nova reunião com a Secretaria da Agricultura, prevista para 14 de setembro, para definir a questão da instalação dos 24 postos de distribuição
do leite. Os bairros que estiverem interessados
em participar desta luta poderão entrar em contato com a Associação Cultural Mutirão, Estrada Velha de Parelheiros, 958, s/1; ou com a Casa da Mulher do Grajaú - fone 520-2775.
Posto da COHAB, no Grajaú: alimento melhor
MOVIMENTO DE SAÚDE:
NADA VEM DE GRAÇA
Quando o movimento começou, em outubro
de 1982, poucos acreditavam na possibilidade
de se conseguir um hospital para a região, apesar de todos concordarem com a necessidade
dele. Hoje, porém, a situação é outra. Com uma
comissão séria, formada por pessoas representantes de bairros, o movimento da saúde ganhou a credibilidade necessária e passou a desempenhar um importante papel, sobretudo na
luta pela construção do hospital.
Para divulgar este importante trabalho, conversamos com João Neres de Oliveira, José Geremias e José da Silva (Zezé), membros da comissão e representantes do Parque Cocaia.
Tranqüilos, eles não escondem a satisfação
diante das conquistas que o movimento vem alcançando. Mesmo assim, João Neres faz questão de dizer: "Nada sai de graça. Tudo o que
conseguimos foi fruto da luta organizada do
nosso povo".
Segundo a comissão, o objetivo no início do
movimento, era exigir da Secretaria Municipal
de Higiene e Saúde mais atenção e mais assis-
tência junto aos postos de saúde da região,
que, no momento, são em número de 12. Mas
pouco tempo depois, chegou-se à conclusão
de que era necessário lutar por um hospital para a região. Agora as duas coisas caminham
juntas.
VITÓRIAS DO MOVIMENTO
Várias são as conquistas que o movimento já
alcançou: o PAM (Posto de Assistência Médica) do Jd. Eliana e o PAM do Jd. Mirna são duas
importantes vitórias. Mas, para João Neres, a
conquista do PA (Pronto Atendimento), ainda é
a maior delas. O PA fica ao lado do PAM Milton
Aidrede, no conjunto da COHAB - Brigadeiro
Faria Lima, no Grajaú, e dispõe de médicos, enfermeiros, auxiliares, além de medicamentos e
uma ambulância de prontidão.
José Geremias afirma: "Hoje nós discutimos
de igual para igual as questões de saúde da
nossa região, porque, aos poucos, fomos conquistando o4 nosso espaço. Penso que a conquista do hospital é só uma questão de
tempo". João Neres completa: "Para isso a co-
missão vem trabalhando no sentido de organizar melhor o povo nos bairros. Promovemos
amplas discussões e grandes assembléias
com técnicos da Saúde e representantes do
DSC-2; além de pesquisas e um abaixo-assinado que será encaminhado aos ministros do Planejamento e Saúde, com o objetivo de pressioná-los para a liberação da verba para a construção do hospital".
'ms HESMI
Quinzenalmente a equipe da Comissão
do Movimento da Saúde se reúne na Comunidade do Jordanópolis, rua Vitorlno Pereira, n? 34, próximo ao Colégio João de Deus.
Objetivo: discutir e articular novos passos
do movimento. Sua presença é Importante.
Os encontros são às quintas-feiras, às
20horas. Vamos lá!
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QUE AUTONOMIA QUE NADA! INTEGRAÇÃO: QUE SERÁ? QUE