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Tabelas e Gráficos de Resultado:
Valor da quota em 31/03/2011: 2,787322
Patrimônio Líquido: R$ 9.206.765,69
Performance
Março de 2011
Últimos 12 meses
Performance Acumulada
Performance Anual Média
Retorno acumulado
desde o início da FCL
Em R$
+0,64%
+13,83%
+178,73%
+29,62%
Em US$
+2,13%
+15,12%
+247,91%
+34,25%
Retorno anual médio
FCL Capital
Ibovespa
CDI
10,75%
10,84%
178,73%
29,21%
FCL Capital
50,42%
50,96%
Ibovespa
CDI
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Parte 1-Performance - Um balanço dos primeiros 4 anos
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Neste ultimo mês o clube de investimentos FCL Capital completou 4 anos de
vida. A performance do clube de investimentos FCL Capital está acumulada em
176,73% em reais e 247,91% em dólares americanos desde sua fundação, em 3
de abril de 2007.
Durante o mês de março de 2011 nossa performance foi positiva em 0,64% em
reais e em 2,13% em dólares.
Ao olharmos a performance anual média acumulada pelo clube, métrica de
desempenho mais importante e através da qual avaliamos nossa própria
performance, nosso desempenho se encontra em 29,20% médios ao ano em reais
e em 36,57% ao ano em dólares.
Como previmos na nossa última carta, após uma série de fatores pontuais e
combinados que fez nossa performance sofrer bastante em fevereiro, passamos a
navegar águas um pouco mais tranquilas neste mês de março. Isso é claro se
descontarmos os efeitos do terrível terremoto/tsunami/faltas de energia/riscos
nucleares que o Japão passou a viver.
Nenhuma de nossas operações e participações possui exposição direta a área
atingida, mas é certo que um choque como esse é sentido pelo mundo. Em um
primeiro momento papeis de seguradoras pelo mundo sofreram um pouco, mas
passado o momento de maior tensão as coisas começaram a voltar ao normal. É
possível que este evento faça as empresas ao redor do mundo repensarem um
pouco seus modelos de fornecimento e gestão de estoques, com o sistema Just in
time, onde os pedidos feitos aos fornecedores são entregues ao cliente o mais
rápido possível. Ou ao menos novas preocupações com dispersão geográfica de
fornecedores sejam introduzidas aos modelos de gestão.
Por hora o que se pode dizer que a tendência de crescimento econômico mundial
levemente acima da tendência continua, apesar de um roll cada vez maior de
choques negativos estar temperando este movimento. Aumento do preço do
petróleo devido as instabilidades no Oriente médio, problemas continuados na
Zona do Euro, situação fiscal ruim na maior parte das economias desenvolvidas,
ameaça de inflação nos mercados emergentes e agora os problemas no Japão.
Não é desprezível a lista de riscos e problemas pelos quais a economia mundial
atravessa atualmente, mas por outro lado existe ainda um “upside” bastante
grande devido a volta de uma situação de maior normalidade econômica nos
Estados Unidos e Zona do Euro. O balanço final ainda é incerto mas a equação
deve pender ligeiramente para a continuação do crescimento, desde que novos
choques não apareçam.
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A tabela acima foi compilada pela revista The Economist e mostra quanto os
mercados financeiros mundiais demoraram para se recuperar de diversos
choques, como o furação Katrina, o tsunami no sul da Ásia e o terremoto de
Kobe. A tabela sugere que alguns dias após o evento ocorre um movimento de
venda forte de investidores espantados o que gera uma ótima oportunidade de
compra.
Com efeito, após o pior momento da bolsa de Tókio, o índice Nikkei já
recuperou mais de 15% de seu valor, o que mostra mais uma vez que o melhor
momento para se comprar ações é quando há „‟sangue nas ruas‟‟ como diria o
Barão de Rotschild.
Nossa estratégia mestra para 2011 não se alterou. Continuamos satisfeitos com
nosso portfólio atual e após um primeiro trimestre que não nos deixou satisfeitos
em termos de performance, começamos a ver nossas cotas se recuperarem.
Para finalizar, gostaríamos de salientar, que o desempenho acumulados nos
últimos 12 meses do índice Ibovespa é de -2,5 pontos percentuais enquanto a
FCL Capital viu suas quotas se apreciarem em quase 14% no mesmo período.
Esperamos continuar a propiciar a nossos investidores desempenho favorável em
qualquer cenário para a bolsa de valores. Não é uma tarefa trivial, mas é uma das
missões da FCL Capital.
Parte 2- Projeto de criação do fundo FCL Equities
O projeto de transformação do clube de investimentos FCL Capital continua a
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todo vapor. Credenciada como gestora e realizada a assembléia faltam apenas
dois passos, a migração do clube para nosso futuro parceiro, a BTG Pactual e a
consequente transformação do clube em fundo.
Quando isso acontecer, nossos investidores terão novas possibilidades, como fim
de limites para investimentos e a possibilidade de compra de quotas da FCL
Capital tanto como pessoas físicas, como já fazem hoje, como pessoas jurídicas.
Progresso da FCL Capital
Credenciamento como gestora
Concluído
Alteração do estatuto do clube
Concluído
Migração para novo administrador
Previsão: Maio de 2011
Credenciamento do fundo na
CVM/BOVESPA
Previsão: Julho de 2011
Parte 3- O supermercado vai para a prateleira de produtos
Introdução
Começando neste mês e concluindo no próximo, iniciaremos uma série de duas
cartas mensais onde falaremos sobre as bolsas de valores. Muito se fala sobre as
ações das empresas, mas as bolsas em si são um assunto fascinante e em plena
ebulição por motivos que explicaremos a seguir. Dividimos este fascinante tema
em cinco pontos sendo que abordaremos os 3 primeiros nesta carta e os dois
últimos na carta do próximo mês.
Historia - Os mercadores de Veneza
O surgimento dos mercados de valores financeiros no planeta é uma história
fascinante, ainda que não completamente entendida, e sem dúvida um dos 3
pilares básicos que possibilitou o surgimento da sociedade de negócios moderna,
ao lado da criação do instituto da personalidade jurídica, que separou as
empresas de seus donos, e o reconhecimento pela primeira vez dos direitos de
propriedade intelectual.
Vestígios foram aparecendo em diferentes lugares e os primeiros resquícios do
que viriam a ser as modernas bolsas de valores, com suas quotações, com seu
frenesi, com seus altos e baixos foram aparecendo. Infelizmente não se sabe
muito sobre esta história. Sabe-se é claro que as bolsas de valores, como as
conhecemos hoje, levaram séculos para desenvolver-se.
Na mesapotãnea antiga já existiam tábuas de madeira onde escrivães
controlavam devedores e poupadores. Na Roma antiga vários serviços públicos
eram empreendimentos que permitiam a participação de nobres, em um esquema
de entrada e saída que lembra troca de títulos e por consequência ações.
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O próprio Cícero em certa passagem de suas memórias reclama que o preço de
tais títulos estaria vivendo "épocas muito elevadas".
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Mais tarde, na idade média, o conceito de mercado de capitais teve novos
desenvolvimentos. As grande navegações foram sem dúvida um propulsor: como
muitas expedições exigiam recursos extraordinários mesmo para as coroas e
reinados, algumas tinham um esquema de quotas, onde a burguesia que
começava a nascer podia adquirir uma cerca quota e ter lucros se a expedição
voltasse para a Europa tendo descoberto ouro e prata no alem mar.
Isso significa que cinco séculos antes de Eike Batista realizar suas famosas
aberturas de capitais na Bovespa e ser criticado porque suas empresas ainda são
pré-operacionais, as capitais européias medievais adotavam um esquema que
lembrava rudimentarmente o conceito de Eike, apesar de ainda não terem
dominado o marketing e sendo certo que o navio Santa Maria, do navegador
Cristovão Colombo, que descobriu as Américas não se chamava Santa Maria X
ou coisa parecida.
Voltando então a idade média, ao mesmo tempo que europeus desenvolviam nas
grandes navegações as primeiras noções do conceito de mercado de capitais, ou
seja, a aquerencia de um quinhão em um empreendimento que poderia ou não
gerar lucros futuros, no Japão agricultores desenvolviam os primeiros sinais de
um mercado de preços futuros. Como o arroz é um item tão fundamental na vida
daquele país, em fins do século XVI agricultores e compradores concordaram
com um sistema onde para acabar com as incertezas, preços futuros para a
próxima colheita eram previamente acordados. Logo, é claro, e como existe até
hoje, os mercados futuros de arroz atrairiam especuladores que procuravam
ganhar dinheiro com as oscilações nos preços.
Existem relatos de que ainda no Japão medieval famílias desenvolveram
sofisticados sistemas de comunicações via bandeiras no topo de montanhas
distantes, onde comunicavam chuvas e monções vindas do oceano, e que
certamente fariam os preços cair. Certo é que os mercados futuros viriam a se
tornar outra inovação indispensável ao funcionamento da economia moderna,
pois nunca poderia existir por exemplo um AmBev ou uma Nestlé sem que
existissem contratos futuros de Cevada ou Cacau para que estas empresas
possam se organizar, planejar e adquirir com o tempo o desenvolvimento e
tamanho que adquiriram.
Com estes desenvolvimentos surge então a companhia das Índias Ocidentais, em
1602, que é tida pela maioria como a primeira verdadeira empresa aberta, e logo
para as bolsas como as conhecemos hoje. Também ao mesmo tempo, na Europa
Ocidental, surge a figura do banqueiro. Não podemos nos esquecer de que a
Europa vivia sob o regime do feudalismo. Cada feudo possuía seu soberano, suas
leis e sua própria moeda! Alguns comerciantes perceberam que mercantes e
andarilhos que vagavam pelas perigosas estradas tinham de, ao invés de serem
pagos em moedas, que não significavam nada para eles, receber uma espécie de
carta de crédito, que poderia ser trocada pela própria moeda do reino de origem.
Assim ganhava-se em segurança e praticidade.
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Impérios financeiros que existem até hoje assim surgiram na Europa antiga. Mas
talvez o capítulo mais sensacional da história viria a acontecer do outro lado do
Atlântico. Poucos iriam supor que cerca de 24 corretores, que se reuniam
diariamente desde os idos do ano de 1792 embaixo de uma figueira para comprar
e vender títulos de bens, direitos e empresas viriam a ser um capítulo a parte
nesta historia. Aos poucos os negócios cresceram e da rua eles foram para dentro
de um prédio. A primeira sala que eles ocuparam possuía cerca de 150 metros
quadrados e ficava no final da então deserta e agrária rua de Wall Street, no sul
da ilha de Manhattan.
Surgiu então a necessidade de regras e de uma certa formalização. Foi escrita
então uma espécie de constituição, um código de procedimento. Aquele não seria
um simples mercado a céu aberto. Não seria uma casa de leilões. Aquela seria
uma bolsa de valores. Surge assim, no ano de 1817 o que viria a se tornar e é até
hoje o cérebro de todo o sistema capitalista mundial: a bolsa de valores de Nova
York.
2) Panorama atual - 24 horas sem parar
Nos últimos 90 dias o mundo das bolsas de valores mundiais esteve em plena
ebulição. Tradicionalmente menos inovadoras do que as empresas listadas em
seu domínio, as bolsas costumavam ocupar um papel adormecido no mundo das
finanças globais. Este sempre foi um negocio de monopólio, quase como uma
companhia de água ou luz, ao mesmo tempo, as bolsas de valores eram mais
vistas como uma funcionalidade que como um negócio em si.
O panorama antigo era conhecido: os investidores de cada país basicamente
investiam dentro de suas fronteiras, comprando papeis e títulos ali negociados.
Cada mercado nacional era geralmente representado por uma bolsa de valores,
provavelmente uma outra bolsa de mercadorias e futuros e talvez algumas bolsas
regionais menores. Assim era por exemplo o caso do Brasil, onde aos poucos a
bolsa de valores do Rio de Janeiro foi dando lugar a bolsa paulista até
desaparecer por completo. Por mais que se lembre do caso do especulador Nagi
Nahas, que teria acelerado este processo, é certo que isso provavelmente teria
acontecido de uma forma ou de outra.
É claro, o mundo possui investidores mais sofisticados, já algumas décadas,
sobretudo nos Estados Unidos e Europa, que saltam facilmente fronteiras dos
países e investem em papeis ao redor do mundo. Se olharmos rapidamente os
principais acionistas de famosas empresas brasileiras como Vale do Rio Doce,
Petrobras, Natura, etc. veremos que muitos deles são fundos de ações globais
sediados nos mercados desenvolvidos.
Há muito se fala também que os investidores caminhariam de dezenas de
mercados regionais para um mercado global ligado 24 horas por dia. A idéia era
que os papeis das principais empresas fossem negociados continuamente,
passando da bolsa de Nova York para a de Londres para a de Tóquio ou Honk
Kong e novamente recomeçando em Nova York. E de fato, isso aconteceu. Ao
analisarmos papéis de empresas como General Electric, Microsoft, ou mesmo
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empresas brasileiras como Bradesco e Vale, veremos que elas são listadas em
diversas bolsas pelo mundo.
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A negociação destes papeis não para nunca. Poucos investidores brasileiros
sabem também que existe uma outra Bovespa dentro da bolsa de Nova York. A
negociação de ADRs, títulos de ações brasileiras dentro da bolsa americana,
possui um volume que rivaliza com o da própria Bovespa. A novidade é que as
bolsas deixaram de ser um elemento passivo na história. Este processo passou
por algumas etapas. Primeiro houve a chamada desmutualização, isso é, as
bolsas ao invés de propriedade das corretoras por meio de títulos se tornaram
empresas, cujos donos passaram a possuir ações. E assim muitas bolsas pelo
mundo se transformaram em empresas bilionárias.
Logo, as próprias bolsas fizeram algo impensável, lançaram seus próprios IPOs
em suas próprias bolsas! Hoje bolsas como a NYSE e a BMFBOVESPA são
empresas que valem bilhões de dólares e têm suas próprias ações negociadas,
respectivamente, na NYSE e na BMFBOVESPA.
Passamos então para uma nova e previsível fase na onda de consolidação das
bolsas: elas pela primeira vez começaram a se tornar multinacionais. Uma onda
de fusões e aquisições tem sido vista nos últimos meses pelos quatro cantos do
mundo. Hoje a bolsa de Mercadorias e Futuros de Chicago (CME) a maior do
mundo em valor de mercado é uma das donas da BMFBOVESPA que por sua
vez já possui acordos de cooperação com diversas bolsas latino americanas para
no futuro fazer com que as ações de empresas da região sejam negociadas em
plataformas de liquidez regionais.
Isso tornaria possível por exemplo a um investidor brasileiro investir em ações
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mexicanas sem a necessidade de enviar seus recursos para fora do país (um
processo complicado para um investidor pessoa física) e vice-versa. Do outro
lado do mundo a bolsa de Singapura acaba de se unir a bolsa australiana e a
bolsa de Frankfurt fez uma oferta pela bolsa de ações de Nova York (NYSE) que
poderá criar a maior bolsa do mundo. Isso se a Nasdaq Euronext, que já é
produto de uma fusão global não fizer um lance ainda maior.
Ou seja, é fato de que de bolsas locais estamos caminhando para uns cinco ou
seis grandes grupos globais de bolsas de valores. E isso em um momento onde
cada pequena economia se esforça para ter sua bolsa. Os terminais da Bloomberg
não nos deixam mentir, algumas das bolsas de melhor performance nos últimos
12 meses são de lugares onde a ultima coisa que imaginamos é um mercado
financeiro, como Laos, Camboja e Mongólia. O certo é que hoje para a grande
maioria dos investidores financeiros de ações, commodities e moedas, a primeira
pergunta ao se acordar não é mais como será o dia e sim "como está o dia na
Europa?" no caso de um investidor americano, ou "como está o dia na Ásia" no
caso de um investidor europeu, ou ainda "como foi o dia nos Estados Unidos" no
caso de um investidor asiático.
Sem dúvida as consequencias são imensas. Não importa que se trate de um
comprador de contratos futuros de trigo ou de um especulador com ações, o
negócio muda completamente de figura quando os preços do mesmo contrato de
trigo ou da mesma ação em bolsas como Chicago ou Londres deixam de ser uma
informação distante para se tornar um dado que influencia completamente o
panorama dos negócios. E é para esse mundo que estamos caminhando. Um
mundo que passará a possuir não mais diversos mercados financeiros, mas
apenas um mercado financeiro. um mercado 24 horas por dia.
3) O futuro das bolsas - Uma constelação inexplorada
Ha cerca de 2 anos a equipe da FCL Capital levou um susto: havíamos sido
comunicados, junto com todos os outros investidores da BMFBOVESPA de um
forte reajuste nos valores de custódia e emolumento da bolsa. Isso começou a
nos mostrar o outro lado de ter uma bolsa desmutualizada. Como defensores do
livre mercado, pagamos e não reclamamos, até porque é claro, não tínhamos a
opção de fazer nada alem disso.
Certo é que a BMFBOVESPA ocupará um lugar de destaque neste cenário de
consolidação global das bolsas e é forte candidata a centralizar a liquidez
financeira na negociação de moedas, commodities e ações da America latina.
Certo também é que hoje, graças ao fato de ser a única bolsa do Brasil e a
principal da região ela possui margens bem mais altas do que se poderia supor.
Ao lermos o balanço da bolsa percebemos que ela é quase um negócio dos
sonhos: margens altas, negocio com escala e em franco crescimento, sem
concorrentes (apesar de que a concorrência bastante atenta notou o mesmo e
puxou para cima o valuation do papel e a FCL Capital nunca foi nem está em
vias de se tornar acionista da BMFBOVESPA).
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Diante deste fato uma noticia tem percorrido o mundo das finanças do pais: a
Claritas, renomada gestora de recursos teria se unido a BATS, um grupo
internacional de bolsas e negociação eletrônica de ações para lançar no Brasil
uma concorrente a BMFBOVESPA. Não se sabe ainda na prática como será a
operação desta nova bolsa mas imagina-se que seja um ambiente de negociação
diferenciado, mais voltado a ordens eletrônicas de grandes investidores.
Seja como for parece que os dias de reinado absoluto e solitário da bolsa
brasileira estão perto do fim. Mas isto tudo ainda é apenas o começo: a regulação
brasileira também está mudando. Recentemente a CVM baixou um novo
conjunto de regras, que aos poucos começa a ser explorado pelos fundos
nacionais, permitindo pela primeira vez que uma parte do caixa e das aplicações
dos fundos domiciliados no Brasil seja aplicada no exterior. Assim, fundos de
ações e fundos Multimercados poderão respectivamente aplicar 10% e 20% de
seu patrimônio em ativos estrangeiros e uma nova categoria de fundos ,
denominados superqualificados, poderá aplicar até 100% de seu patrimônio em
ativos fora do Brasil.
Isso não é um mero capricho: a possibilidade de comprar ativos no exterior
facilitará em muito a vida dos gestores brasileiros em tarefas de diversificação e
controles de risco. Basta pensar por exemplo em um gestor de fundos long short
que terá um universo muito maior de concorrentes, podendo realizar por
exemplo operações entre Natura e a Avon, Gerdau e Arcelor Mittal e uma
infinidade de outros casos.
Mas se quisermos realmente libertar a imaginação e imaginar o futuro,
provavelmente a idéia mais empolgante está nas bolsas privadas de quotas e
direitos.É uma categoria ainda nascente, representada por novas bolsas como
Second Market (www.secondmarket) e Sharespost (www.sharespost.com). A
novidade é que elas são empresas que organizaram uma série de regras,
procedimentos de conduta e formas de negociação exclusivamente voltadas a
quotas de empresas, títulos e patentes privadas. Isso quer dizer que nestes
sistemas se dá por exemplo a negociação de quotas de empresas fechadas, cujo
capital ainda não foi lanado em nenhuma bolsa de valores.
Recentemente o SecondMarket caiu em evidência mundial por ser neste mercado
que diversos funcionários e investidores iniciais do site Facebook negociam as
quotas que possuem na empresa. O Facebook e algumas outras empresas de
destaque fizeram o Second Market decolar nos Estados Unidos e é através desta
ferramente que podemos por exemplo inferir o valor que o mercado tem
concedido a esta incrível empresa: pelo valor das últimas negociações de quotas
que tem trocado de mãos podemos calcular e dizer que o mercado tem estimado
um valor aproximado de U$ 50 bilhões de dólares para o Facebook.
E é através deste mercado que diversos fundos que desejam ter exposição a esta
e outras promissoras empresas consegue comprar as quotas mesmo diante do fato
destas empresas ainda não terem lançado seu capital em nenhuma bolsa de
valores. Isso tudo é muito inspirador para a FCL como gestora, e ao mesmo
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tempo nos exige humildade. Exploramos um universo incrivelmente pequeno, o
das cerca de 600 empresas que possuem capital aberto listado na Bovespa.
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Julgamos que desempenhamos esta tarefa com algum sucesso mas nos
preparamos e nos concentramos para o dia onde com as novas regulações da
CVM poderemos passar deste universo para o universo das cerca de 35.000
empresas de capital aberto ao redor do mundo. Mas ainda isso será uma gota no
oceano. Traçando um paralelo com a astronomia, a humanidade ao longo dos
séculos vem cada vez mais descobrindo o quão pequena é. De centro do universo
em nossa própria concepção, passamos com Galileu a nos considerar tão
somente um planeta que girava ao redor de sua estrela, o sol. Mas ao menos o
sistema solar era o centro do universo! Foi então que descobrimos que o sol nada
mais era que uma entre milhões de estrelas da Via Láctea.
Mas isso ainda era o começo: com as descobertas de Edward Hubble por volta de
1920 descobrimos que a Via Láctea não era o universo, mas apenas uma galáxia
entre outras incontáveis galáxias. E se nosso ego ainda resistir, cientistas nos
últimos 20 anos têm dado cada vez mais crédito e plausibilidade para a teoria de
que o nosso universo não é o único, mas apenas um entre infinitos universos que
se expandem e contraem, como se fossem bolhas de sabão.
Assim voltando ao mundo das finanças, caberá aos gestores de recursos a tarefa
de sempre expandir seu universo, das 600 empresas da Bovespa (e cujo universo
explorado pela maioria dos gestores diga-se de passagem, não passa de 50
empresas) para as cerca de 35 mil empresas abertas no mundo para então, graças
a novos mercados de negociação com o Second Market, para as cerca de 60
milhões de empresas de capital fechado que existem ao redor do globo. Este será
o universo das próximas gerações de investidores.
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“O presidente da Vale presidirá?
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- O Estado de S.Paulo
Escolhido para assumir a presidência da Vale, a maior companhia privada
brasileira, o executivo Murilo Ferreira terá de atender a dois objetivos
possivelmente incompatíveis - cuidar do crescimento da empresa e de sua
rentabilidade e, ao mesmo tempo, agradar ao governo. Se for obediente à
presidente Dilma Rousseff e aos políticos por ela autorizados a dar palpites,
comprometerá o desempenho econômico da Vale e perderá a confiança dos
acionistas privados. Se assumir a função como um preposto do Palácio do
Planalto, acabará entrando no jogo do aparelhamento partidário e do
empreguismo. Mas, se levar em conta só os critérios profissionais e se concentrar
na gestão dos negócios, entrará em conflito com o Palácio do Planalto, ficará
sujeito a pressões políticas e terá de lutar duramente, como lutou seu antecessor,
Roger Agnelli, para não ser defenestrado. Poderá resistir até por muito tempo,
mas a derrota será quase certa.
Ao escolher o nome do executivo Murilo Ferreira, os controladores da empresa
levaram em conta esse duplo desafio. O administrador foi funcionário do grupo,
presidiu a Vale Inco, no Canadá, e é conhecido no mercado. Ontem mesmo já
houve manifestações de investidores a favor de seu nome. Além disso, ele
presidiu a Albrás, empresa fabricante de alumínio e grande consumidora de
eletricidade. Nessa condição, reuniu-se várias vezes com a então ministra de
Minas e Energia, Dilma Rousseff. Murilo Ferreira, segundo fontes confiáveis,
era o nome preferido da presidente da República para a sucessão de Roger
Agnelli.
O problema do novo presidente da Vale, no entanto, não consistirá apenas em
manter um difícil equilíbrio entre as demandas do mundo político e as do
mercado. Muitos empresários importantes são forçados, ocasionalmente, a levar
em conta os dois tipos de interesse. Mas o caso da Vale é especial. Como
empresa privada, cresceu firmemente, multiplicou seus lucros e alcançou
posições cada vez mais importantes no mercado global. Alimentou o Tesouro
Nacional com volumes crescentes de impostos e tornou-se um fator de enorme
importância estratégica para o País. Sem a Vale, a economia brasileira seria
muito menos dinâmica e as contas externas, muito menos seguras.
Em outras palavras, a Vale, tal como foi administrada a partir da privatização,
assumiu um papel cada vez mais importante para a realização dos objetivos
nacionais. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, parece desconhecer
esse fato.
Segundo ele, a Vale "precisa contribuir mais fortemente para os interesses do
País". "A produção de aço no País", acrescentou, "é conveniente, é necessária ao
povo brasileiro e à sociedade." Ele não explicou a diferença entre o povo
brasileiro e a sociedade, mas esse pormenor é pouco relevante, no meio desse
discurso lamentável. A produção de aço é importante, de fato, mas a siderurgia
brasileira tem cumprido bem esse papel - e com sobras, porque há capacidade
ociosa no setor.
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O ministro parece ignorar também esse fato. Isso é compreensível. Reconduzido
ao cargo por influência do senador José Sarney, ele deve preocupar-se com
assuntos muito mais importantes, como a sujeição da Vale aos interesses
políticos do Planalto e de seus aliados. O simples fato de o ministro Edison
Lobão falar a respeito das obrigações da Vale é preocupante não só para os
acionistas privados, mas para todos os brasileiros sérios. A ocupação do setor
elétrico estatal pelo PMDB é fato bem conhecido. Outras estatais têm sido
usadas, também, para servir aos aliados do governo. As consequências tornaramse públicas, em alguns casos, depois da exibição de vídeos gravados durante
sessões de bandalheiras.
Será esse o destino da Vale? A pergunta é mais que razoável, diante da
experiência brasileira. Mas as perspectivas já são assustadoras, mesmo sem a
hipótese da distribuição predatória de cargos. O governo quer forçar a companhia
a investir segundo critérios voluntaristas - por exemplo, aumentando a
capacidade ociosa do setor siderúrgico ou substituindo o Grupo Bertin no
consórcio da Hidrelétrica de Belo Monte. Terá o novo presidente algo razoável
para dizer sobre essas pretensões?”
Texto retirado do jornal “O estado de São Paulo” 06 de abril de 2011
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