O Gancho
BOLETIM
INFORMATIVO
MAIO 83
OA
PASTORAL
Cr$ 10,00
Cenlro de PastoralJeraueiio
BIBLIOTECA
OPERARIA
DE
N9 30
CAMPINAS
EDITOMAL
UMA INSULTA AOS
TRABALHADORES
Tiverem ampla reperaussão os saques dos desempregados
a estabelecimentos comerciais em São Paulo. Cansados de procurar empregos} se viram forçados a procurar alimentos. A '
primeira reação das autoridades foi de espanto, para em seguida apresentarem sua versão sobre as causas. A causa principal foi a fome mesmo. Mas as autoridades teimaram em dizer
que a causa determinante foi a subversão que se aproveitou '
da fome do povo. Como se fosse necessário que um subversivo
convencesse um faminto a procurar comida,
Nem os que levantaram estas suspeitas acreditara/ri nelas, tanto assim que os acontecimentos de São Paulo, servi-'
ram de seria advertência aos governantes, aos políticos e '
aos patrões.
Nem por isso os trabalhadores se organizaram melhor a
pca^tir daz, mas estes fatos trouxeram preocupação para os pa
irões e seus governos. Estes trataram de achar uma saída rcP
pida para ao menos adiar acontecimentos semelhantes.
A solução deles não sai diferente, mesmo se tratando '
de governos de oposição. Os governos do Estado e de Campinas
fazem aquela fomosa oposição "confiável", aquela do voto útil, que está sendo muito boa para o sistema capitalista. A
solução que arrumaram para o desemprego é uma afronta ao tra
balhador: em muitos municípios paulistas reúnem os recursosde entidades e empresas, até da Igreja, para dar uma cesta '
de alimentos aos desempregados. Uma cesta de 15 a 20 kilos.
Ê uma perfeita enganação. 0 Trabalhador, depois de esbulhado
pelo salário baixo e pelo desemprego, ê humilhado pela esmola. Ate agora não houve uma iniciativa concreta siquer para
abrir
novas frentes de trabalho. Pelo contrário, além da
esmola, arrumaram novos aumentos de aluguel, de alimentos,de
ônibus, de remédios...
Mas mesmo a esmola se cobra. A troco da cesta de alimentos se proíbem as manifestações publicas dos trabalhadores. 0 governo de democratas cristãos perde a compostura,
'
rompe compromissos e promessas para reprimir manifestações
daqueles que apenas exigem o direito natural ao trabalho.
2 de oposição cotr. alguns membros da Diretoria e maioria da base.
Houve duas votações '
para definir a chapa
'
vencedora. Na primeira
eleição, a chapa 2 ganhou por mais de 400 vo
tos da chapa do Pelego,
mas mesmo assim por cau
sa da Legislação sindical péssima que temos,
foi preciso fazer nova'
eleição, quando as mano
bras do pelego para ganhar ou anular as eleições, comeram soltas:
1?) o pelego impediu que
as urnas coletassem voto no último dia das eleições ,porque ele sabia que a maioria seria
da chapa 2;
29) quando percebeu que
mesmo com esta manobra,
nao estava garantido, '
correu a SP. na Delegacia Regional de trabalho
para anular as eleiç5es
CHAPA 2
CAIU UM SUPER-PELEGO
É isso ai, pessoal I
nos dias 17-18-19 de
abril, houve eleições '
no Sindicato dos Bancários de Campinas e Região .
Havia duas chapas
'
concorrendo às eleições
para Diretoria do Sindi
cato; a chapa 1 da atual diretoria e a chapa
CONGRESSO DE TRABALHADORESNos dias 21- 22-23/04
realizou-se em Sao Paulo
o I CONGRESSO E STADUAL '
de TRABALHADORE S, com a
presença de mai s de 500
dele gados.
Este CONGRES SO tinha
como objetivo, discutir
a s ituaçao dos trabalha'
dores no Estado e tirar
propôs tas uni f i cadas no'
sentido de for t alecer a
união e organiz ação
dos
3
trabalhadores paulistas.
Chegou-se a um plano'1
de ação que será desenvolvido até a realização
do CONCLAT,
Também foi marcado um
novo CONGRESSO ESTADUAL
que será na 1- quinzena'
de julho quando se discu
tiraç, basicamente, as 'r
propostas que S.Paulo le
vara ao Congresso nacional da Classe trabalhado
ra.
Em diversos Congressos Operários realizados no começo do nosso'
século, o dia 19 de maio
foi definido como o Dia
Internacional de luta '
dos Trabalhadores contra a exploração capita
lista. A data relembra7"
martírio de trabalhadores norte americanos
'
que, no ano de 1886, ío_
ram mortos na luta pev
Ia jornada de trabalho'
de 8 horas diárias.
0 19 de Maio nasceu,
portanto, como um dia '
de luta. Na historia do
movimento
operário no
Brasil, esta data foi '
co me mo rada de mui tas ma
neiras. Ela reflete o T
movimento operário como
um termômetro: quanto
mais forte a luta dos '
trabalhadores, mais representativo foi o 19 '
de Maio.
Pela comemoração do^
19 de Maio neste ano,dá
prâ gente ter um retrato do movimento operário hoje: em Campinas,o
ato público convocado
pela maioria dos sindicatos, associações d«
classe e partidos políticos não atraiu mais
que 100 trabalhadores e
teve que ser cancelado,
(veja depois nas paginas 6 e 7 as comemorações nas outras cidades
da Diocese).
Durante todo o mes de
abril os jornais falaram
que este 19 de Maio seria marcado pela unidade
de todos os sindicatos.
Depois do fracasso do 19
de Maio, temos que perguntar: porque os trabalhadores rejeitaram esta
unidade? Algumas respostas podem aparecer:
1) A unidade dos trabalha
dores nao é construída
só por um acordo entre '
os sindicalistas, mas e
construída nã luta do
'
dia a dia;
2) A unidade dos trabalhadores só pode ser con
seguida quando os sindicatos tiverem nas suas '
mãos. Enquanto as direto
rias sindicais (mesmo
combativas) não tiverem
um autêntico trabalho de
base, elas não conseguirão mobilizar ninguém pa^
ra as lutas do movimento
operário.
3) A unidade dos trabalhadores nem sempre deve
passar pelos orgaos do
movimento sindicall Investir num organismo inter-sindical como a CSU)
Comissão Sindical Onica
juntando autênticos e pe^
legos e montada em cima
da estrutura sindical e
fazer o jogo das forças
mais comprometidas com o
sistema no movimento ope_
rário.
Em cima disto, temos
que discutir algumas
quês toes :
1) Você sabia que existia em Campinas uma Comissão Sindical Onica?
2) Queremos a unidade '
entre todos os trabalha
dores. 0 que deve ser 'r
feito para consegui-la?
3) Qual o valor que tem
para nós a comemoração
do 19 de Maio?
4) Na Semana do Trabalhador, consegu imos j un
tar muitos trab alhadores nos no s s os grupos e
na Missa da Cat edral. 0
que podemos faz er para
que estes traba lhadores
participem cada vez
mais dos seus s indicatos e de suas 1 utas?
5) Que sugestões temos
para renovar o sentido
do 19 de Maio como um '
dia de luta dos trabalhadores ?
SFMANA 00 TRABALHADOR - 2ii cc30deASeÍL
Como foi realizada a
semana dos trabalhadores?
Foi mesmo um passo ã
frente na caminhada de '
conscientização e de mobilização dos trabalhado^
res? Foram muitas as comunidades e paróquias
que organizaram encontms
com projeção de slides,'
para discutir sobre as '
condições de trabalho e
os problemas mais urgentes.Todo mundo apontou o
desemprego como um dos '
problemas que atingem
'
mais o povo, de maneira
particular os trabalhado^
res da periferia.
Um outro ponto bastan
te discutido foi a falta
de organização de classe.
Os sindicatos não estão
fazendo praticamente nada para pressionar os p£
troes e os governantes,
nos níveis estadual e fe_
deral, para adotarem medidas econômicas adequadas para enfrentar a cri_
se .
Ficou muito claro para os trabalhadores
que
é urgente retomar os sin
dicatos como instrumento
para enfrentar a situação. Nao serão acordos,o
da Lvete Vargas e Marque
zan, que vão melhorar as
condições dos trabalhado^
res. Ficou também claro
que o espaço que a Pasto
ral Operária tem nas comunidades é muito importante, mas não suficiente para a mobilização da
Classe Trabalhadora.
A Pastoral Operaria '
deve incentivar todas ãs
iniciativas que ajudam a
organização dos trabalha_
dores. Certamente tem
'
muito o que aprender nes_
sa caminhada, mas o rumo
está certo. Mesmo na nos_
sa Igreja são poucos
os
que estão convencidos da
necessidade de "acordar"
o povo e da urgência de
ficar do lado dele, na '
procura de soluções
aos
graves problemas que o '
Sistema cria. Ainda há '
os que pensam que algu-'
mas das celebrações e
das denuncias feitas nas
comunidades e paróquias,
sejam obra de grupos minoritários e "subversivos". Mas nem por isso '
vamos desanimar. Achamos
que a Semana do trabalha
dor serviu para mudar um
pouco esta visão.
Além dos encontros ti_
vemos algumas comemorações importantes:
CAMPINAS: foi celebrada
uma Missa na Catedral no
dia 30 de abril com a
'
participação do Arcebispo DOIE Gilberto.
A Igreja estava lotada
de trabalhadores. Foi '
bem apresentada a situa
çao em que o povo vive
por causa do abismo que
separa os poucos que
tem mui t o e os mui tos '
que nada têm.
0 19 de
maio foi realizado com
celebrações nas paroquias Sta Rita de Cássia e Nossa Senhora
da
Candelária. A missa cam
pai, na Candelária, foi
presidida pelo Arcebispo Dom Gilberto.
A procissão teve a participação de mais de
mil trabalhadores, que
levavam faixas de denun
cias e de louvor a Sao
José. Esta significativa participação foi o
resultado dos encontros
realizados nas comunid£
des .
INDAIATUBA
VALINHOS -Foram feitos en
contros, com projeção
de
slides, nas comunidades:
Jardim Pinheiro, Jardim '
Sao Jorge, Bairro Santo '
Antônio e Vila São José.
Os participantes destes '
encontros se juntaram aos
outros trabalhadores de
Campinas na celebração do
dia 30 de abril na Catedral .
PEDREIRA- No 19 de maio
a JOC e a Pastoral Operária realizaram uma Missa'
do Trabalhador, que foi
irradiada pela rádio local. Foi lida e comentada
a mensagem de Dom Gilberto e o manifesto do Congresso Nacional dos Jovens
trabalhadore s .
Foi denunciada a situação
da classe trabalhadora
em Pedreira e foram feitas as
f rentá-
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