Metodologia de leitura de texto | A banda na garagem A banda na garagem Preparação para a leitura Autor: Moacyr Scliar Inicie uma conversa sobre o gênero crônica: quem já leu? Em que suporte? De que assuntos tratavam as crônicas lidas? Como costumam ser as crônicas quanto à extensão, à linguagem utilizada, às situações apresentadas? individual extraclasse. Marque um tempo para realizá-la e sugira aos alunos que, enquanto leem, observem os mesmos elementos que perceberam ao realizar a aproximação com o gênero na atividade anteriormente realizada em grupo. Depois, em grupos, peça que investiguem, em jornais, revistas e livros que você disponibilizará, a presença de crônicas e escolham uma para apresentar aos colegas (faça uma investigação prévia nos materiais escolhidos para se assegurar de que os alunos encontrarão o que for demandado). Diga ainda que, após a leitura do livro de Moacyr Scliar, cada um será desafiado a, de forma semelhante ao autor, redigir uma crônica a respeito de algum fato contemporâneo (recomende que estejam atentos para flagrar o assunto da futura crônica!). Organização: Regina Zilberman Ilustrações: Andrés Sandoval Gênero: Narrativa Temas transversais: Ética — ética e moral, respeito mútuo, identidade Abordagem interdisciplinar: Língua Portuguesa e Literatura, Arte/Música, História, Geografia Palavras-chave: Respeito ao outro, convivência social, subjetividade, realidade x imaginação, valores humanos O livro apresenta uma coletânea de crônicas de Moacyr Scliar, publicadas entre 2008 e 2010 no jornal Folha de S. Paulo. Como recomenda o gênero, elas partem de situações da vida real e transformam fatos cotidianos em literatura que revela aspectos inusitados da realidade e do comportamento humano. As situações criativas e divertidas apresentadas dão a conhecer o autor e estimulam o gosto pela leitura literária. Durante a apresentação ao grande grupo, vá destacando as situações de comunicação em que a crônica é produzida (para quem, com que intenção e em que suportes), a finalidade maior de comentar aspectos do cotidiano nem sempre perceptíveis ou valorizados na vida real, a linguagem de registro, simples, coloquial e espontânea, e o ponto de vista que o autor lança sobre o fato destacado, geralmente irônico, poético ou bem-humorado. Apresente então o livro A banda na garagem, de Moacyr Scliar. Fale do autor e de sua preferência pelo gênero. Conte que o escritor foi assíduo colaborador de jornais e muitas de suas crônicas também foram, posteriormente, publicadas em livros, como é o caso da leitura agora encaminhada e de Deu no jornal (Edelbra, 2008). Recomende a leitura © Edelbra Editora | www.edelbra.com.br Metodologia de leitura de texto | A banda na garagem Compreensão global do texto Decorrido o tempo de leitura extraclasse, promova uma conversa sobre o que leram: quais são os temas abordados pelo autor? De que mais gostaram? Quais os recursos usados pelo autor para registrar suas histórias? Proponha uma discussão em grande grupo: “Vocês devem ter notado que todas as crônicas do livro são antecedidas de uma citação que se reporta ao fato que motiva a observação do cronista. Este fato é datado, geralmente retirado de jornal, revista ou site, suportes perecíveis. Se ficasse lá, o fato tenderia a ser esquecido pelo leitor. Por que motivo as crônicas lidas ultrapassam o tempo do assunto que as motivou?” Ouça as inferências dos alunos e valorize as que estiverem relacionadas ao valor literário (linguagem, grau de problematização da realidade a partir da reflexão que propõe, à escolha de um organizador e avalista da produção do autor), ao suporte (livro), e à atualidade do assunto tratado. Em geral, como ocorre com Moacyr Scliar, o cronista é um autor reconhecido pela produção em outros gêneros literários e faz da crônica uma oportunidade de tratar com o mesmo cuidado e estilo pessoal a narração de um momento, a reflexão sobre um flagrante do dia a dia. Em vista disso, ela deixa de estar vinculada a um tempo imediato e pode ser valorizada por suas características literárias, que lhe atribuem maior durabilidade e investem em continuar produzindo sentidos em leitores de outros tempos. a respeito: ‘Qual a explicação para aquele vigor, aquela esplêndida forma física?’”; ora ele simula indiretamente a fala do personagem: “— Eu sou judoca, já participei até de campeonatos de judô.”; ora ele repete declaradamente o que ele disse, recorrendo a verbos de dizer (dizer, falar, perguntar, surpreender-se etc.): “Sim, ela disse, posso lhe ensinar as coisas básicas do judô.”. Essas alternativas do relato dão um tom de oralidade ao que está sendo contado, ou seja, aproximam a crônica da coloquialidade. • Mais alguma característica dessa crônica ressalta a oralidade? Escute o que observaram e destaque algumas palavras que têm essa finalidade, como o uso do adjetivo para indicar excesso (Levaria uma surra tremenda [...]), o recurso a interjeições, como meu Deus! Mostre que esses recursos dão vida ao narrado e devem ser utilizados quando os alunos forem produzir suas crônicas. Forme grupos e proponha que escolham uma crônica de que tenham gostado muito e indiquem os elementos compositivos da narrativa (Quem? O quê? Quando? Onde?), quem narra (o narrador) e de que ponto de vista (é personagem — eu/nós, ou só observa — ele/eles), o tom da narrativa (é bem-humorado, reflexivo, sério, poético, irônico?), que aspecto da realidade motiva o enredo da crônica, que tipo de linguagem é utilizada? Sugira que preencham um quadro com as observações que fizerem: Título da história: Fato inspirador Quem? O quê? Estudo do texto Destaque uma crônica e proponha um estudo mais detalhado, por exemplo, Duras na queda (p. 24). Converse com a turma a respeito dela. • Qual o fato inspirador da produção da crônica? É um fato datado? • Quem narra a crônica? Como isso fica evidente? Mostre que, já no primeiro parágrafo, o narrador se refere a um outro (três coisas Quando? nela o impressionaram [...]; jamais ele havia sido abraçado). Por esse motivo, o narrador não participa da ação, mas sabe de tudo, até de coisas não declaradas pelo personagem; é um narrador onisciente. Fixe-se então nos recursos que o narrador utiliza para construir o discurso: ora ele reproduz uma suposta fala do personagem, como em: “[...] ele acabou manifestando sua admiração e perguntando-lhe Onde? Narrador Tom da narrativa Linguagem Organize um esquema no quadro-negro e desafie-os a socializarem o que observaram, descobrindo aspectos que se repetem em cada crônica. Peça que destaquem excertos que confirmem seus achados e valorize todas as colaborações da turma. Procure fixar as características do gênero, orientadoras da produção textual que farão mais adiante. © Edelbra Editora | www.edelbra.com.br Metodologia de leitura de texto | A banda na garagem Resposta ao texto Encaminhe a finalização da experiência de leitura desafiando os alunos a escreverem uma crônica. Sugira que utilizem os mesmos recursos identificados no estudo das crônicas de Moacyr Scliar e se orientem pelo esquema que segue: Para planejar a crônica Há adequação da linguagem, valorizando a coloquialidade? No desenvolvimento da narrativa, personagens, cenário e tempo estão presentes? Há um elemento surpresa, que chama a atenção do leitor? O desfecho resolve algum conflito? Apresenta um final surpreendente? Título da história: Fato inspirador Há preocupação em envolver o leitor com a história contada? Quem? O quê? Quando? Há cuidado com a construção de frases, com o uso de pontuação, com a grafia? Onde? Alguma coisa pode ser melhorada? Narrador Tom da narrativa Adequação de linguagem à coloquialidade Presença de conflito Desfecho surpreendente Depois de pronta a produção individual, troque o que foi produzido entre duplas de alunos e ofereça um roteiro de observação, de modo que possam conversar entre eles sobre a eficácia comunicativa do texto que organizaram: Feitas as reformulações sugeridas pela análise entre pares, faça você a leitura e a correção comentada das narrativas. Dê algum tempo para que realizem as alterações que forem necessárias. Peça que preparem uma versão final, para publicarem em blog ou em painel. Em qualquer circunstância, é possível e desejável que acrescentem ilustrações aos textos produzidos. Depois, convide outras turmas para acompanharem a mostra/o blog. Especialmente porque a crônica atrai muitos leitores, sugira a leitura de outras obras do autor, de outros textos do gênero, colaborando para a formação das histórias de leitor de seus alunos. Para verificar a eficácia comunicativa da crônica: Qual o fato motivador da crônica? O texto corresponde às expectativas criadas pelo título? Qual é o foco narrativo? O autor é personagem (1ª pessoa) ou não se envolve, apenas conta o que aconteceu com outros? Qual o tom da crônica? © Edelbra Editora | www.edelbra.com.br