www.brasileconomico.com.br mobile.brasileconomico.com.br PUBLISHER RICARDO GALUPPO DIRETOR JOAQUIM CASTANHEIRA DIRETOR ADJUNTO RAMIRO ALVES SEXTA-FEIRA E FIM DE SEMANA, 18, 19 E 20 DE MAIO, 2012 O ANO 4 | N 686 | R$ 3,00 ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012 Por que o Corinthians é o campeão do ranking BRASIL ECONÔMICO. ➥ P2A Exclusivo: quanto custa um gol no maior evento esportivo do país. ➥ P8A Endividamento coloca os clubes brasileiros na marca do pênalti. ➥ P4A Custo do engarrafamento em São Paulo já está em R$ 52,8 bi ao ano Os prejuízos causados pela lentidão do trânsito na capital já representam cerca de 13% do PIB da cidade. O estudo, publicado com exclusividade pelo BRASIL ECONÔMICO, é do secretário municipal Marcos Cintra. Em 2008, a estimativa era de R$ 33 bi. ➥ P6 Antoine Antoniol/Bloomberg Gigante da logística coloca US$ 6,5 bilhões no Brasil Ao mesmo tempo em que aumenta o valor dos fretes e corta rotas deficitárias, a dinamarquesa Maersk prepara investimentos em portos e petróleo no país, apurou o BRASIL ECONÔMICO. ➥ P14 Portabilidade vai Um Setubal dobra ser arma do BB o lucro da Itautec Crise provoca uma corrida a bancos na Espanha e Grécia Auréola de Zuckerberg brilha na bolsa Somente o espanhol Bankia, parcialmente nacionalizado, sofreu saques de mais de ¤ 1 bilhão em uma semana. ➥ P25 BB Seguro Vida Empresa Flex. Proteção para seu empregado, segurança e produtividade para seu negócio. Expansão industrial passaporintegração comoutros países Ações do Facebook começam a ser negociadas hoje na Nasdaq, depois de uma oferta pública que rendeu US$ 16 bilhões. ➥ P4 Seminário em homenagem aos 60 anos do BNDES discute potencial do mercado latino-americano. Suplemento Especial Executivos financeiros, o alvo preferido dos headhunters INDICADORES Se antes o caminho era trilhar carreira em uma instituição ou, no máximo, ir para a concorrência, agora navegar em outras áreas é a tendência. E os profissionais de finanças saem na frente. ➥ P28 Como, em apenas 2 anos à frente do conselho, Ricardo Setubal deu virada na empresa. ➥ P26 TAXAS DE CÂMBIO Dólar comercial (R$/US$) Euro (R$/€) JUROS Selic (ao ano) BOLSAS Bovespa — São Paulo Dow Jones — Nova York FTSE 100 — Londres 17.5.2012 COMPRA VENDA 2,0040 2,5374 2,0060 2,5384 META 9,00% VAR. % -3,31 -1,24 -1,24 EFETIVA 8,89% ÍNDICES 54.038,20 12.442,49 5.338,38 Banco da Empresa da Ana O registro deste plano na SUSEP não implica, por parte da Autarquia, incentivo ou recomendação à sua comercialização. Um produto da Companhia de Seguros Aliança do Brasil CNPJ: 28.196.889/0001-43 comercializado pela BB Corretora de Seguros e Administradora de Bens S.A. CNPJ: 27.833.136\0001 39. Processo SUSEP nº 15414.005138/2011-71. Os serviços de assistência são prestados pela Brasil Assistência CNPJ: 68.181.221/0001-47. Banco quer intensificar briga por cliente com oferta on-line de crédito imobiliário. ➥ P24 2 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 CARTAS OPINIÃO Avanço Gostaria de fazer uma ressalva sobre a entrevista “Agnelo e Perillo estão no mesmo patamar na CPI do caso Cachoeira” (publicada em 2/5/2012). O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, também deve explicações à sociedade e à CPMI, pois também faz parte desta turma. A Delta, suspeitíssima, tem relações muito próximas com este governador, embora estejam querendo deixa-lo de fora desta CPMI. Roberto C. Silva Rio de Janeiro (RJ) A matéria “FMI alerta sobre alta de crédito hipotecário na América Latina”, publicada pelo BRASIL ECONÔMICO ON-LINE (em 10/5/2012) evidencia um caráter meio esquizofrênico nas análises do Fundo Monetário Internacional (FMI). Primeiro seus analistas reclamam da falta de consistência no crescimento nos países; em seguida reclamam da pouca clareza dos dados. Depois que resolverem “acelerar” as hipotecas “cucarachas” a todo vapor. Daqui a pouco vão dizer que estamos construindo o “nosso” subprime. Não dá para agradar esses “especialistas” nunca! Leandro Almeida São Gonçalo (RJ) Roberto Freire Divulgação Presidente do PPS Stepan Nercessian Deputado federal (PPS-RJ) O parlamentar foi à tribuna da Câmara ontem pedir desculpas pelo “desconforto” trazido à Casa após sua ligação com Carlos Augusto Ramos, o Cachoeira, de quem recebeu dinheiro. Retrocesso Scott Eells/Bloomberg Em minha opinião, as medidas divulgadas na reportagem “Governo anunciará mudança em regras da poupança" (publicada em 2/5/2012) deixam claro que a manobra financeira do governo Dilma é na verdade um confisco do dinheiro da população. Quem aplicou em títulos do governo e na caderneta de poupança, contando com uma promessa de remuneração, agora se vê numa armadilha — uma espécie de buraco negro do qual não se pode sair. Como todo governo populista o discurso para a população menos esclarecida também deve estar sendo orquestrado. Em paralelo, nosso dinheiro suado vai para o mensalão do PT. Sinto vergonha deste governo. Valdir Costa São Paulo (SP) Duílio Calciolari Presidente da Gafisa AGafisa estánotopo doranking dereclamações dasconstrutorasdoProcon,por atrasode entrega deimóveis, combaseem queixas que precisaram demediaçãoparaserem solucionadas. CONECTADO [email protected] Ferramentas do mundo digital que facilitam seu dia a dia Phyton Bytes Informativos do STJ Noite Hoje O aplicativo vai conquistar os fãs dos comediantes do grupo britânico Monty Python. O programa traz 22 vídeos de humor clássicos da série “Flying Circus”, como os Ministry of Silly Walks e The Piranha Brothers. Todos podem ser visualizados com comentários de Terry Gilliam, um dos mais célebres ex-membros do grupo. Gostaria de ter acesso a uma compilação diária das principais decisões do Superior Tribunal de Justiça? Com esse aplicativo é possível receber gratuitamente dez informativos recentes ou fazer assinatura anual que permite o acesso a um conteúdo mais amplo. O programa permite consultas de súmulas (apenas no tablet), pesquisa por palavras-chaves e anotações. O software é para quem curte a vida noturna. O conteúdo apresenta dicas de diversão todos os dias em seis capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte e Porto Alegre. De festas a shows, há todos os tipos de baladas com endereços, telefones de contato e link de busca. As informações podem ser compartilhadas no Facebook, Twitter e Foursquare. US$ 2,99 iPhone US$ 9,90 iPhone, iPod Touch e iPad Grátis iPhone e Android Texto alinhado à sfdfesquerda, sem hifenização, Cartas para a Redação: Avenida das Nações Unidas, 11.633, 8º andar, CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP). falso, alinhado esquerda, sinha o à esquerda, E-mail: [email protected] texto alinhado à esquerda, sem hifenização, texto As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura. Em razão de falso, alinhado esquerdafhlação. ➥ PXX espaço ou clareza, BRASIL ECONÔMICO reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br A seca não é carinhosa Emulando os governos militares do “milagre econômico” com sua Transamazônica , o governo Lula/Dilma utilizou as obras da ferrovia Transnordestina e o faraônico projeto de transposição de águas do rio São Francisco como cenários no recente processo eleitoral para fotos e filmagens que emolduraram a campanha da “mãe do PAC”. Com essas obras, propagavam que os problemas recorrentes há séculos finalmente seriam superados. Agora, o Nordeste, mais uma vez, enfrenta uma seca — com seu séquito de sede, fome e miséria — mesmo depois de quase uma década de administração petista, período no qual espalhava aos quatro ventos o anúncio de obras que iriam redimir a condição do Nordeste como uma região atrasada. Mas realidade é outra, seja por falta de capacidade gerencial, seja por deficiência de projeto ou de execução, como o trecho destinado à famigerada empresa Delta, com rachaduras em vastas extensões do leito artificial que o tornam imprestável para o fim desejado necessitando ser refeito antes de seu uso, essas obras não estão prontas. Enquanto a seca impera em vastas regiões do sertão nordestino, nossa presidente, amparada pela extraordinária máquina de propaganda que herdou do governo Lula, vem a público anunciar mais um novo “projeto de combate à pobreza”. Inaugurar promessas é uma especialidade do governo petista. A presidente Dilma Rousseff inova com o programa Brasil Carinhoso ao reinaugurar promessas já feitas. Faz um grande evento publicitário para relançar um programa fracassado, o Pró-Infância, lançado em 2007, na gestão do presidente Lula, agora com outro nome, aliado ao aumento do Bolsa Família. Em um ano e cinco meses de governo, a presidente não entregou nenhuma das 6 mil creches prometidas na campanha de 2010. Agora, promete somente 1.500 unidades. É um verdadeiro escárnio com a população, ainda mais ao sabermos do Ministério da Educação, que no país não passam de 400 creches do governo federal em pleno funcionamento e todas foram construídas antes do governo do PT. É fácil transferir dinheiro ou lançar projetos que não saem do papel. Difícil é construir uma política de geração de emprego e renda As creches são fundamentais para garantir que a primeira infância seja cercada dos cuidados necessários ao desenvolvimento das crianças, possibilitando às mães apoio para poderem trabalhar, gerar renda e ter autonomia. Creche é dignidade para as mães e segurança para as crianças. É fácil transferir dinheiro ou lançar projetos que não saem do papel. Difícil é construir uma política de geração de emprego e renda, qualificar as pessoas ao mercado de trabalho para permitir que elas garantam seu sustento sem a tutela do Estado. Difícil é entregar as obras prometidas que trariam maior dinamismo econômico à região. A presidente precisa parar de gastar dinheiro com publicidade e começar cumprir o que prometeu. A população começa a dar sinais de cansaço com tanto discurso e pouca ação. O das bolsas que se aliviam o presente não oferece perspectivas de um futuro diverso e melhor. Que o diga a atual, e ainda infelizmente recorrente, seca. Como dizia Luiz Gonzaga, em um clássico de nossa música popular, “mas dotô uma esmola/ a um home que é são/ ou lhe mata de vergonha/ ou vicia o cidadão”. ■ NESTA EDIÇÃO Inovação para o desenvolvimento Gargalos e oportunidades de fomento à indústria nacional serão tema de debate no próximo dia 23. O objetivo é apresentar ao governo sugestões para o programa Brasil Maior. ➥ P10 Genesys procura executivo no Brasil Com operação separada da Alcatel-Lucent, uma das principais missões do novo presidente da desenvolvedora de software será ampliar a receita com serviços. ➥ P18 Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 3 MOSAICO POLÍTICO Paulo Rabello de Castro Presidente do Conselho de Economia da Fecomercio e do Lide Economia [email protected] PEDRO VENCESLAU [email protected] Renato Araujo/ABr Repercussões da crise grega Virou uma enorme crise “grega”: tentamos aprender os nomes quase impronunciáveis de políticos gregos à espera das eleições marcadas para 17 de junho, uma eternidade de espera. Os mercados passam a medir em indicadores o agravamento do cenário financeiro europeu em função dos capítulos seguintes da novela de “Zorba, o Grego”. A corrida aos bancos gregos deve continuar nos próximos dias, agravando a fragilíssima posição do sistema bancário local. Alimentar a possibilidade de a Grécia sair do euro é como se fazer um pré-anúncio de desvalorização cambial. Quem puder, sacará euros para entesourar suas economias, comprimindo drasticamente os ativos líquidos dos bancos. Estes param de emprestar em euros e ninguém mais lhes repassará recursos no interbancário por receio de só receber em dracmas (a antiga moeda grega). A paralisia da economia real vai se completando. Trata-se de uma questão de dias antes da instalação do pânico bancário. O travamento do sistema bancário é apenas um dos vários desdobramentos graves e imediatos da crise de confiança na permanência da Grécia na eurozona. Mas há outras sequelas terríveis: haverá, com certeza, nas próximas semanas, um forte recuo adicional na arrecadação fiscal — poucas empresas gregas optarão por continuar recolhendo impostos em dia e em euros, caso se convençam de que poderão fazê-lo, mais adiante, na moeda desvalorizada. Tentarão também acelerar importações e sustar exportações, pondo em cheque o resto da esperança de a Grécia cumprir seu acordo de pagamentos da dívida renegociada há alguns meses. Os credores já se preparam para mais uma rodada de prejuízos, mas a conversa dura deve esperar as eleições de junho para o potencial ajuste valer mais do que papel de embrulhar pão. Até lá, só por um acidente político a Grécia deixará a Europa, porque o cenário fora do euro seria, para ela, de um empobrecimento ainda pior, que a população tampouco endossa. Os desdobramentos indiretos dessa crise são, no entanto, até mais arriscados para a estabilidade do euro do que o tamanho, em si, do calote grego. Os mercados passaram a temer a Espanha (a bola da vez, já que Portugal fica quieto para não ser notado...). O custo de rolagem da dívida espanhola em papéis de 10 anos subiu a 6,5% esta semana. Os da Itália, a 5,94%, não estão muito longe disso. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, admite que a Espanha “está num buraco” (afirmação recente, num discurso interno em que prega a redução drástica do déficit fiscal para continuar viabilizando empréstimos em nível de juros suportáveis). Na posição de custo atual, a rolagem da dívida espanhola não tem futuro. Algum tipo de swap de dívida soberana terá que ser feito pelo Banco Central Europeu, envolvendo o Mecanismo Europeu de Estabilização. O nome pomposo é para disfarçar o custo insólito de servir esta nova dívida, a ser repartido por toda a Comunidade através de um adicional ao imposto de circulação de produtos e venda de serviços. É uma situação estrutural, de excesso de dívidas transeuropeias, que só se resolve com reestruturação maciça e repartição de custos e perdas. Esta, sim, é a grande questão pendente — hoje, ontem e sempre. ■ Marta Suplicy politiza acidente no metrô Depois de receber pressão de todos os lados, a senadora Marta Suplicy finalmente entrou de cabeça na campanha de Fernando Haddad em São Paulo. O local escolhido para marcar posição foi...Brasília. Ontem, ela usou a tribuna do Senado para atacar a gestão Kassab e fazer um discurso que repetiu até nas vírgulas as falas repetidas por Haddad nesse começo de campanha. “Há um desprezo gigantesco em relação aos usuários do transporte público na cidade de São Paulo”, disse. Ela aproveitou a ocasião para politizar as panes nas linhas do metrô e nas 127 linhas ferroviárias ocorridas desde 2007, quando um acidente matou sete pessoas. Em tom eleitoral, Marta citou o atual prefeito da capital paulista que, em suas palavras, conta com um orçamento três vezes maior do que aquele com que ela trabalhou quando foi prefeita, entre 2000 e 2004. Para finalizar, a senadora citou o acidente ocorrido no metrô que aconteceu na última quarta-feira. ■ Marina Silva engrossa ato contra Código Florestal Lula entra no Face, mas não vai atualizar a página No próximo domingo, manifestantes contrários ao Código Florestal se reunirão em São Paulo para um ato público. O evento será em frente ao Monumento às Bandeiras, do lado de fora do Parque Ibirapuera. Na sequência e ainda no clima do protesto, Marina Silva comanda um debate sobre a Rio + 20. Demorou, mas Lula lançou ontem sua página oficial no Facebook. Pena que seu "curtir" não será conferido pelo próprio, mas por assessores do Instituto Lula. Outra novidade do ex-presidente: ele receberá, na segunda-feira, o título de cidadão paulistano. CURTAS ➤ ● Um grupo heterogêneo de parlamentares formou uma força tarefa na CPI do Cachoeira para impedir que jornalistas sejam convocados ou constrangidos nos depoimentos. A turma trafega em partidos que vão do Psol ao PSDB. ➤ ● O diretor-geral do ministério do Turismo israelense, Noaz Bar Nir está selecionando uma agência de publicidade brasileira para desenvolver umacampanhaeduplicarotrânsitode pessoasentreosdoispaíses. ➥ P21 O chamado “bloco da liberdade de imprensa” é formado pelos senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e pelos deputados Miro Teixeira (Psol-RJ), Bruno Araújo, líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Francisco Francischini (PSDB-SP). Tem gente torcendo o nariz... Mudanças no mercado imobiliário ➤ ● Israel vem ao Brasil em busca de turistas O articulista Rodrigo Sias aborda o crescimento dos depósitos em popupançaedonúmerodeunidadesfinanciadaspeloSistemaFinanceiro da Habitação, que saltou de 30 mil para meio milhão. ➥ P31 Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, desembarca em São Paulo na segunda-feira. Ele participa de um almoço com empresários do Lide (Grupo de Líderes Empresariais). ➤ ● Os genéricos avançam. Segundo a Abrafarma, as vendas aumentaram 21% entre 2010 e 2011. PRONTO, FALEI “Nós temos que somar nessa campanha, já disse isso. Todos serão agora amigos desde criancinha” ➤ ● Pesquisa enviada à coluna pela associação das farmácias e drogarias mostra, ainda, que nos últimos cinco anos as vendas de genéricos sempre cresceram acima de 20%. ➤ ● Teve vazamento ontem na Câmara. O caso não foi de informação, mas de... gás. O incidente mobilizou o Anexo III. José Serra Em discurso que marcou o apoio do DEM ao seu nome em São Paulo ➤ ● A Receita Federal marcou para o dia 30 uma mobilização nacional. A ideia é que os fiscais não fechem autos de infração. O movimento inclui uma operação padrão nos aeroportos. Ou seja: não viaje nessa data. Divulgação O cenário para a Grécia fora do euro seria de um empobrecimento ainda pior, que a população não endossa ➔ Ruy Barata Neto e Juliana Garçon Colaboraram 4 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 DESTAQUE OFERTA DE AÇÔES Editor executivo: Gabriel de Sales [email protected] Facebook/Divulgação Facebook chega à bolsa com valor de US$ 104,2 bi A mais valiosa oferta pública de uma empresa do setor de tecnologia teve a ação negociada a US$ 38 na Nasdaq Scott Eells/Bloomberg Flávia Furlan e Natália Flach [email protected] O que era para ser apenas um mural de recados na internet dos alunos da Universidade de Harvard se transformou em uma empresa com valor de mercado estimado em US$ 104,2 bilhões. Não fosse o bastante, o Facebook se tornou ainda a companhia de tecnologia que mais levantou recursos na bolsa de valores. A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da rede social alcançou US$ 16 bilhões, com os papéis atingindo o teto da precificação, de US$ 38. Ao todo, foram vendidos 421,2 milhões de ações que começam a ser negociadas hoje, na Nasdaq, às 11 horas locais (ou 12h de Brasília). Apesar de o volume captado pela companhia de Mark Zuckerberg ser o maior do setor de tecnologia, representando quase dez vezes aquele levantado pelo Google, de US$ 1,9 bilhão em 2004, ainda está longe de ser o maior da história. A rede social é a oitava empresa que mais levantou recursos com a abertura de capital em bolsa, de acordo com levantamento realizado pela Thomson Reuters. A lista é liderada pelos bancos chineses Agricultural Bank of China e ICBC, com US$ 22,1 bilhões em 2010 e US$ 21,9 bilhões em 2006. Também estão à frente a montadora General Motors, com US$ 18,1 bilhões, levantados em 2010, e a bandeira de cartão Visa, com US$ 19,6 bilhões em 2008. De qualquer forma, a demanda pelos papéis da rede social foi tão grande que levou a companhia a revisar a faixa de preços, que estava entre US$ 28 e US$ 35 para algo entre US$ 34 a US$ 38. Outro claro sinal de que a operação atraiu atenção dos investidores foi o fato de que a empresa encerrou o período de reservas dos papéis dois dias antes do previsto. “Acredito que, em 12 meses, o valor dos papéis serão corrigidos pelo mercado para o preço real, que é de algo entre US$ 24 e US$ 25”, diz Sam Hamadeh, chefe-executivo da consultoria americana PrivCo. Segundo Hamadeh, o principal motivo para a distorção foi a metodologia utilizada para calcular as receitas da companhia. “Wall Street está esperando uma perfeição em desempenho para a próxima década, mas isso é impossível.” O analista lembra que o desempenho do Facebook no primeiro trimestre foi fraco, com queda de 6,4% do faturamento em relação aos últimos três meses de 2011. Na época, a justificativa apresentada foi a sazonalidade no período pré-IPO. No entanto, o Google registrou alta de 27,2% no trimestre anterior à abertura de capital, derrubando a teoria, segundo Hamadeh. A PrivCo projeta que a receita do Facebook, neste ano, chegará a US$ 5,37 bilhões. “Há todas as características de uma bolha no ambiente de mídia social, mas eu não acho que ela já se espalhou para a web. Isso me lembra quando o IPO do Netscape se tornou sexy — o boom das pontocom veio um pouco mais tarde”, afirma Alan Patrick, co-fundador da consultoria de tecnologia Broadsight. Para Patrick, os investidores devem observar que há uma “festa armada” em torno de IPOs como este, para criar padrões de compra. “Por isso, muitas vezes o preço das ações cai um tempo depois. O maior risco, no curto prazo, é a queda de receita ou de crescimento por usuário, enquanto, no longo prazo, é a expectativa de que tudo tem de dar certo para justificar essa precificação tão alta. Além disso, acho que há um risco em relação a uma possível legislação de privacidade, o que reduziria o valor da companhia.” Hamadeh, da PrivCo, indica, portanto, cautela aos pequenos investidores. “Em seis meses, as ações vão cair, porque os funcionários poderão se desfazer NA LIDERANÇA Facebook supera seus competidores na bolsa DATA VALOR, EM US$ BILHÕES EMPRESA 16 18/MAI/2012 1,9 18/AGO/2004 COTAÇÃO DA VARIAÇÃO AÇÃO NO IPO* DESDE IPO** Facebook (EUA) 38 - Google (EUA) 100 523,05% 11 -24,82% 6,24 -68% 15/DEZ/2011 1 Zynga (EUA) 03/MAI/2011 0,85 Renren (China) 03/NOV/2011 0,80 Groupon 28 -55,71% Linkedin 83 26,45% 18/MAI/2011 0,40 Fonte: Thomson Reuters *Em US$ **Cotação no fechamento de ontem As ações do Facebook começam a ser negociadas hoje na Nasdaq dos papéis. Também recomendo que os investidores coloquem limite de preço para não serem pegos de surpresa comprados a US$ 100”, diz. A história mostra que nem sempre as ações do setor de tecnologia conseguem se manter em alta depois da abertura de capital. Entre os cinco maiores competidores do Facebook em bolsa, três deles apresentaram queda desde a oferta inicial de ações até o fechamento de ontem. No caso do Groupon, por exemplo, as ações caíram 55,2% desde o IPO, em novembro de 2011, momento que foram vendidas a US$ 6,24. Em contrapartida, o principal caso de sucesso foi do Google, com valorização de 523% desde 2004, quando seus papéis foram vendidos a US$ 100. Uma fonte da bolsa de Nova York, que preferiu não ser identificada, disse que não acredita que as próximas captações em bolsa neste ano devam vir com o tamanho da realizada pelo Facebook. “Esse IPO é muito diferente da realidade porque todo mundo vai querer participar, então não é referência.” De acordo com uma fonte do Goldman Sachs, um dos líderes da operação, o perfil do investidor é global. “É tanto aquele que busca volatilidade até aquele que conhece Facebook. O ativo é tão bom que notícias como a do prejuízo do JP Morgan não tem qualquer impacto. Os maiores impactados por isso serão os bancos”, afirma. Para Patrick, o que explica essa enorme atenção para a oferta pública de ações foi a publicidade. “As pessoas que investiram no Facebook antes do IPO foram os ‘bambambãs’ do Vale do Silício e banqueiros de Wall Street. No entanto, tudo indica que eles vão resgatar o investimento, o que não é um bom sinal.” ■ Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 5 Divulgação Novos formatos de publicidade devem entrar na mira do site Para especialistas, abertura de capital vai impulsionar a busca por novas fontes de receita dentro da rede social, com foco especial nos celulares Carolina Pereira NEGÓCIO BILIONÁRIO [email protected] Em Cingapura desde 2009, Saverin renunciou à cidadania dos EUA Sócio brasileiro é acusado de fugir de tributação Eduardo Saverin vive em Cingapura, onde não se cobra impostos em ganhos de capital O cofundador brasileiro do Facebook, Eduardo Saverin, vive em Cingapura, onde investe em empresas de tecnologia. Mas sua tranquilidade está ameaçada pela oferta pública inicial de ações (IPO) da rede social, que acontece hoje, e por dois senadores americanos democratas. O brasileiro foi acusado ontem pelos parlamentares de ter negado a cidadania americana para evitar o pagamento de impostos sobre os lucros do Facebook nos mercados de ações. Cingapura não tributa ganhos de capital, enquanto nos Estados Unidos é cobrado no mínimo 15% sobre esses rendimentos de longo prazo. Fontes dizem que a participação de Saverin na rede social é de 4% e estimam que os US$ 30 mil investidos na rede social se tornaram US$ 3 bilhões. O brasileiro, no entanto, se nega a comentar esse tipo de informação. Em documento enviado à imprensa ontem, depois de ter sido atacado pelos senadores, Saverin disse que vai fazer o pagamento dos impostos ao governo americano. “Minha decisão de expatriar foi baseada apenas no meu interesse em trabalhar e morar em Cingapura, onde eu vivo desde 2009”, afirmou. Sócio brasileiro se defende dizendo que expatriação foi baseada na decisão de trabalhar e morar em Cingapura Ele foi educado nos Estados Unidos e, durante os estudos universitários em Harvard, criou o Facebook, em 2004, junto a Mark Zuckerberg e outros dois amigos. “É enfurecedor ver alguém vender o país que o recebeu de braços abertos, protegeu-o, educou-o e ajudou-o a se tornar milionário”, diz o senador Charler Schumer. “Queremos impedir esse estratagema”, completa. Schumer e Bob Casey também senador, afirmaram que vão propor leis para evitar que expatriados não paguem impostos. A legislação presumiria que expatriados com patrimônio de US$ 2 milhões ou mais, com valor médio de impostos acima de US$ 148 mil nos últimos anos, renunciaram à cidadania apenas com o objetivo de evitar impostos. Essas pessoas teriam de provar o contrário e, caso não conseguissem, teriam de pagar 30% sobre futuros ganhos com investimentos. Se não pagarem os impostos, seriam proibidos de entrar nos Estados Unidos. ■ Agências internacionais Que o IPO do Facebook está sendo um sucesso, não há dúvidas. O que o mercado quer saber agora é o que a rede social vai fazer para corresponder às expectativas dos acionistas e provar sua capacidade de crescimento e, principalmente, de geração de receita. Para isso, a empresa deve lançar mão de novos formatos publicitários, segundo especialistas. No primeiro trimestre, o site teve faturamento de US$ 1,058 bilhão, número 6,37% menor que o apresentado no quarto trimestre do ano passado. A queda coincide com um momento em que a eficácia do Facebook como ferramenta publicitária vem sendo questionada, já que a General Motors declarou nesta semana que vai parar de anunciar na rede social por considerar que o investimento teve pouco impacto na venda de veículos. Com o atual modelo de publicidade sendo colocado em cheque por uma gigante do setor automotivo e a entrada de novos sócios, o desafio do Facebook daqui para a frente será encontrar um modelo que possa impulsionar sua receita e que, ao mesmo tempo, não espante os usuários. Atualmente, as empresas podem criar fan pages sem pagar nada e a receita do site vem dos anúncios que aparecem nos perfis dos usuários. Ao contrário da GM, a imobiliária brasileira Lopes aprova o modelo. “Temos cerca de dez casos de compras que inciaram por interações no 157.348.340 Evolução da receita global do Facebook, em US$ milhões 1º TRI/2011 731 2º TRI/2011 895 3º TRI/2011 954 4º TRI/2011 1.013 1º TRI/2012 1.058 Fontes: empresa e Socialbakers Facebook”, conta Adriana Sanches, gerente de marketing da Lopes. Os anúncios, iniciados em outubro do ano passado, impulsionaram o número de fãs da página de 20 mil para 68 mil. Novos modelos “A rede se mostrou muito eficaz para criação de comunidades de marcas, com as fan pages, mas ainda é muito limitada como mídia paga”, afirma Marcos Bedendo, professor de marketing da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Para o especialista, até hoje o site teve receio de liberar publicidades mais invasivas e ter queda nas visitas, mas com a possível pressão dos novos acionistas por maiores receitas a postura pode mudar. Outra possibilidade, segundo Bedendo, é que o site passe a cobrar pela presença de empresas nas fan pages. Marcelo Silva, analista de pesquisa da Frost&Sullivan, concorda que as mudanças serão inevitáveis “para justificar o enorme valor arrecadado” na abertura de capital. Para ele, “a empresa terá de fazer algumas alterações estruturais para se manter crescentes não só suas receitas, mas também seu valiosíssimo banco de usuários”. Silva explica que a adição de aplicativos que monitoram as atividades dos perfis também deve crescer. “O Spotify, que atualiza no Facebook todas as músicas ouvidas pelo usuário é um exemplo desse tipo de programa que pode gerar dados valiosos para as empresas de mídia”, exemplifica o analista. Celulares Especialistas avaliam que após o IPO o Facebook passará a dar atenção especial aos dispositivos móveis e como tirar proveito do crescente número de usuários que acessam a rede pelo celular. A empresa ainda não possui um modelo de publicidade móvel rentável, e deve se focar nisso a partir de agora. A compra do aplicativo Instagram, em abril, por US$ 1 bilhão, sinaliza o interesse da rede pela área de mobilidade. “Rumores sobre um ‘Facebook phone’ são antigos e o lançamento de um device como esse daqui a alguns anos não seria uma grande surpresa”, diz Silva. “Mobile é a grande oportunidade e a grande interrogação do Facebook”, resume Roberto Grosman, executivo com passagens por Google e Amazon e que hoje é sócio da agência F.Biz, especializada em mídia digital. ■ OS MAIS CONECTADOS Ranking dos países em número de usuários na rede social 47.011.060 EUA BRASIL 45.825.620 42.272.040 ÍNDIA Fontes: empresa e Socialbakers INDONÉSIA 33.173.840 MÉXICO 30.945.100 REINO UNIDO 30.678.300 27.088.320 24.347.640 TURQUIA FILIPINAS FRANÇA 23.552.680 ALEMANHA 6 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 BRASIL Editora: Elaine Cotta [email protected] Subeditora: Ivone Portes [email protected] Custo da lentidão alcança R$ 52,8 bi na cidade de SP Cifra seria ainda maior, se não fossem os investimentos em transporte e as restrições à circulação de caminhões e carros Juliana Garçon [email protected] Os prejuízos causados pela lentidão do trânsito na capital paulista continuam crescendo, mas em ritmo menor. As perdas, que em 2008 estavam estimadas em R$ 33 bilhões, vinham dobrando a cada quatro anos desde 2000. No último ciclo de quatro anos, contudo, o prejuízo avançou 60%, alcançando R$ 52,8 bilhões neste ano. A estimativa é do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Marcos Cintra, que também é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e responsável pelo estudo, cuja atualização está em andamento. O número é preliminar, mas já dá uma boa ideia do tamanho do problema com que se depara o município. O desperdício calculado por Cintra em 2008 equivalia a 10% do PIB da cidade de São Paulo. Para avaliar a representatividade das perdas na produção de riqueza hoje em dia, seria necessário utilizar um dado atual sobre o PIB. Porém, o número mais recente é o de 2009, quando o IBGE registrou R$ 389 bilhões. Sobre esta base, o custo do trânsito da cidade alcançaria 13,6%. “O custo de perda de mobilidade urbana é parte do custoSão Paulo, que é parte do custoBrasil”, explica Cintra. Na conta das perdas entram: o maior consumo de combustível, conse- Para Marcos Cintra, São Paulo chegou tão perto da imobilidade que passou a criar ‘anticorpos’ aos próprios problemas quência da redução e variação de velocidade; os gastos originados pelos malefícios da poluição à saúde; as perdas diretamente provocadas pelo tempo maior de transporte, como a necessidade de contratar mais trabalhadores; e, finalmente, as horas de trabalho, atividade e lazer das pessoas que ficam presas nos engarrafamentos. O problema das perdas com mobilidade reduzida está se suavizando, de acordo com Cintra, graças aos investimentos mais acelerados em transporte público e às restrições à circulação de carros de passeio e veículos de carga, como a proibição à circulação de caminhões na cidade de São Paulo. “A cidade está criando anticorpos contra a própria imobilidade.” Preferência nacional Restrições à circulação de veículos não são exclusividade da cidade de São Paulo. Pesquisa do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) indica que 18 capitais adotaram normas do gênero, conta João Guilherme de Araújo, diretor de desenvolvi- mento de negócios. “O problema é que não há medida para aferir o impacto das restrições e verificar qual norma está dando resultado positivo. E, além disso, não há regra única para o país, o que dificulta o planejamento por parte das transportadoras. São questões relativas às frotas, rotas, zonas de estacionamento e tamanho e turno de equipes.” As normas que limitam a circulação nas cidades brasileiras são relativas a horários de cargas e descarga e tamanho e peso dos veículos. Para lidar com elas, os empresários de transporte adotam novas tecnologias e veículos menores, de acordo com pesquisa junto às 60 maiores transportadoras do país. Além disso, as companhias tentam fazer pressão junto aos órgãos públicos, individualmente ou por meio das entidades. No estudo (veja quadro ao lado), o Ilos verificou que mais que a metade já repassou aos clientes o aumento de custos advindo das restrições de circulação. Em média, os repasses foram de 20%. Também verificou que a grande maioria dos empresários tem como preocupação, presente e para o futuro, o aumento do trânsito e as restrições à circulação, além da contratação de motoristas e dificuldades para estacionar. Eles desejam maior oferta de vagas de carga e descarga e melhoria no transporte a passageiros, além de estímulos ao descarregamento noturno. ■ PERFIL DO TRANSPORTE DE CARGA NO BRASIL SETORES DE ATUAÇÃO DAS TRANSPORTADORAS 70% ALIMENTOS E BEBIDAS QUÍMICA E PETROQUÍMICA (COMBUSTÍVEIS) SIDERURGIA E METALURGIA AUTOMOTIVO AGROINDUSTRIAL MATERIAL DE CONSTRUÇÃO MATERIAL DE INFORMÁTICA COMÉRCIO VAREJISTA FARMACÊUTICOS 58% 54% 45% 43% 38% 38% 34% 31% DESTINO DAS MERCADORIAS AS OPERAÇÕES DAS MAIORES TRANSPORTADORAS Pontos de venda TÊM OPERAÇÃO NO SUDESTE 83% REPASSARAM ALTA DE CUSTOS A CLIENTES As restrições a caminhões na capital paulista existem desde 1986, quando foi criada a Zona de Máxima Restrição de Circulação (ZMRC), compreendendo uma área de 11,5 km², onde o tráfego desses veículos ficou proibido durante o dia. Mas essa regra só va- leu até outubro de 2007, quando a área foi ampliada e passou para 25 km². Em junho de 2008, foi novamente elevada e alcançou a dimensão atual de 100 km², que corresponde ao Centro Expandido. No entanto, ontem a Prefeitura decidiu autorizar os Veículos Ur- banos de Cargas (VUCs) a circular na ZMRC em qualquer horário do dia ou da noite, em qualquer dia da semana. O VUC é o caminhão de menor porte, com largura máxima de 2,20 m e comprimento máximo de 6,30 m. ■ Cristina Ribeiro de Carvalho 57% TAXA MÉDIA DE REPASSE DE CUSTOS Pessoa física 17% 20% DESAFIOS NA DISTRIBUIÇÃO URBANA 83% 80% TRÂNSITO 78% 95% 77% 47% MEDIDAS MAIS ADOTADAS PARA DRIBLAR AS RESTRIÇÕES MAIOR OFERTA DE VAGAS DE CARGA E DESCARGA MELHORIA NO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS ESTÍMULOS AO DESCARREGAMENTO NOTURNO OU EM HORÁRIO DIFERENCIADO 67% RESTRIÇÕES À CIRCULAÇÃO DE CARROS DE PASSEIO 52% RESTRIÇÕES À CIRCULAÇÃO DE CAMINHÕES 27% IMPLEMENTAÇÃO DE PEDÁGIO URBANO PARA CARROS 17% 52% CONTRATAÇÃO RESTRIÇÕES DE DIFICULDADES EXIGÊNCIAS TEMPO DE DE MOTORISTAS CIRCULAÇÃO EM ESTACIONAR AMBIENTAIS RECEBIMENTO ELEVADO AÇÕES DE GOVERNO SUGERIDAS PELAS TRANSPORTADORAS 97% 70% MOBILIDADE URBANA Prefeitura libera caminhão pequeno no centro 85% IMPLEMENTAÇÃO DE PEDÁGIO URBANO PARA CAMINHÕES Fonte: Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) INVESTIU EM TECNOLOGIA DE OTIMIZAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO ADOTOU VEÍCULOS MENORES 57% 45% INSTALOU PLATAFORMA NOS VEÍCULOS 42% COLOCOU MAIS MOTORISTAS NAS ROTAS 42% AUMENTOU A QUANTIDADE DE TURNOS DOS MOTORISTAS 37% MEDIDAS ADOTADAS PARA MUDAR A LEI ATUAL PRESSÃO INDIVIDUAL JUNTO AO GOVERNO 47% PRESSÃO EM CONJUNTO COM OUTRAS TRANSPORTADORAS 34% PRESSÃO POR MEIO DE ENTIDADE DE CLASSE 54% Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 7 Henrique Manreza Mercado de trabalho continua aquecido O mercado de trabalho formal brasileiro deu sinais de aquecimento em abril, apesar de ter gerado menos empregos com carteira assinada em relação a igual período do ano passado. No mês passado, a economia brasileira criou 216.974 vagas com carteira assinada. Um ano antes, 272.225 novos empregos tinham sido gerados. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho. Reuters CPI ficará restrita ao Centro-Oeste e sem depoimento de governadores Parlamentares suspeitam de acordos para deixar de fora das investigações o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) ABr Ruy Barata Neto, de Brasília CONVOCAÇÃO [email protected] As investigações da Comissão Parlamentar Mista de inquérito (CPMI), instalada para desvendar a teia de relações do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com servidores públicos e agentes privados, permanecerão restritas à região Centro-Oeste e, por enquanto, sem colher depoimento de nenhum governador suspeito de beneficiar a organização do contraventor. Trata-se de um receituário definido pela base do governo na Comissão, mas que já conta com o apoio de parte de parlamentares da oposição. Em reunião administrativa, realizada ontem, a CPI aprovou a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico das operações da Delta Construtora nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Goiás (que compõem a região Centro-Oeste) e no Tocantins, mas excluiu da medida a chamada Delta Nacional — matriz que concentra as operações da empresa em todo o país. A empreiteira está associada regionalmente ao esquema de Cachoeira por meio do diretor para o Centro-Oeste, Claudio Abreu, que está preso, e no âmbito nacional, por meio do ex-diretor executivo, Carlos Pacheco, que foi apenas afastado da direção. O relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), disse que as investigações da Polícia Federal não forneceram indícios suficientes para justificar a quebra de sigilo da companhia além das suas filias do Centro-Oeste. “Havendo indícios suficientes, eu serei o primeiro a encaminhar favoravelmente pela quebra de sigilo da Delta Nacional”, disse ele. A avaliação de Cunha sofreu uma série de resistências e suscitou, por parte de alguns parlamentares, na acusação de acordos que foram costurados entre a base do governo e parte da oposição para proteger o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), que é amigo pessoal do ex-dono da Delta, Fernando Cavendish. A suposta articulação teria sido o motivo da CPI ter deixado de lado a votação de requerimentos que poderiam convocar Depoimentos poderão atingir Perillo Odair Cunha (PT-MG): investigações da PF não forneceram indícios para quebra de sigilo fora da região individualmente os demais governadores suspeitos de colaboração com Cachoeira — Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, e Agnelo Queiroz (PT) do Distrito Federal. “Não existem acordos nessa Comissão e em nenhum momento se trabalhou por isso”, disse o presidente da CPI, Vital do Rêgo. Segundo ele, a amplia- ção da quebra de sigilo da Delta e a convocação de governadores deverá ser tratada apenas na próxima reunião administrativa da CPI marcada para 5 de junho. Inchaço Se os temas mais polêmicos ficaram de fora, não faltaram providências aprovadas para ocupar UM MUNDO DE DADOS CPI aprova extensa lista de documentos e depoimentos para análise 36 quebras de sigilo fiscal, bancário e telefônico 16 empresas ligadas ao esquema de Cachoeira terão suas contas abertas, além das filiais da Delta Construtora no Centro-Oeste 51 convocações de pessoas envolvidas no esquema 47 relatórios de diligências realizadas durante a operação Monte Carlo, da Polícia Federal 39 relatórios parciais elaborados pela operação Monte Carlo (ainda em curso) Hard disk da Polícia Federal contendo a totalidade dos grampos das operações Vegas e Monte Carlo Registro de saídas do Brasil no período compreendido de 10 anos de Cachoeira e esposa, além de Demóstenes Torres Inteiro teor dos autos da operação Saint Michel, deflagrada em 25 de abril, que é um desdobramento da Operação Monte Carlo, responsável pela prisão de Cachoeira a agenda da CPI nos próximos dias. No balanço da sessão, a CPI aprovou 36 quebras de sigilo bancários fiscais e telefônicos e convocou 51 pessoas acusadas de envolvimento no esquema de Cachoeira. Nem mesmo os familiares de Cachoeira escaparam da convocação para depor. Foram convocados a ex-mulher do bicheiro, Andréa Aprígio, e o ex-cunhado, Adriano Aprígio; além do pai Sebastião de Almeida Ramos e do irmão Marcos de Almeida Ramos. A Comissão solicitou a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de 16 empresas ligadas ao esquema de Carlinhos Cachoeira, dentre elas está a Bet Capital Limitada que chegou a fazer empréstimos de até R$ 10 milhões ao bicheiro entre 2008 e 2010. A empresa tem a maior parte de seu controle acionário nas mãos de uma companhia da Coreia do Norte, país de regime econômico fechado. A questão da evasão de divisas é um dos principais alvos perseguidos pelo PT na CPI. ■ A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) deixou de fora requerimentos para a convocação de governadores suspeitos de integrar o esquema de Cachoeira, mas aprovou a convocação de duas testemunhas que podem comprometer o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e o do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). A CPI deverá ouvir em data a ser definida o sobrinho de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Leonardo Almeida Ramos. Leonardo aparece nas investigações da Polícia Federal (PF) como o emissário de três cheques, que somaram R$ 1,4 milhão, destinados a Perillo e que seria o pagamento pela compra da casa do governador adquirida por Cachoeira. O nome que pode comprometer Agnelo é o de Claudio Monteiro, que foi o seu ex-assessor de gabinete. Segundo as investigações da Polícia Federal, Monteiro teria negociado propina para favorecer a Delta Construções em contratos de prestação de serviços de recolhimento de lixo em Brasília e região. Por outro lado, a CPI deixou mais distante a possibilidade de convocação do diretor da sucursal da revista Veja, Policarpo Júnior, que aparece nas investigações da PF em contato com Cachoeira. Os representantes do PT e o senador Fernando Collor (PTB-AL) queriam achar no conjunto de gravações da PF as partes de diálogos que envolvem Policarpo e o contraventor, mas a decisão foi rejeitada após argumento da senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Segundo ela, todas as conversas do jornalista aparecerão no hard disk da PF. A sessão aprovou requerimento que faz apelo ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowsky, para a quebra do sigilo dos documentos das operações Vegas e Monte Carlo que já estão em poder da comissão de inquérito. ■ R.B.N. 8 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 BRASIL Mario Proenca/Bloomberg NOMEAÇÃO TELECOMUNICAÇÕES Governo indica Volney Zanardi como novo presidente do Ibama Anatel registrou 2,2 milhões de novas linhas de celulares em abril Volney Zanardi, diretor do Departamento de Gestão Estratégica da secretaria-executiva do Ministério do Meio Ambiente, foi indicado novo presidente do Ibama. A nomeação foi publicada ontem no Diário Oficial da União. Ele vai substituir Curt Trennepohl, que foi nomeado em fevereiro de 2011. Segundo fontes do Ministério do Meio Ambiente, Trennepohl deixou o cargo por motivo de saúde. Reuters No mês de abril foram registrados 2,2 milhões de habilitações de telefones celulares no país. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o número é o maior já registrado no período nos últimos 13 anos e representa um crescimento de 0,86% em relação a março. No total, o Brasil já tem 252,9 milhões de linhas de celulares ativas. ABr Antonio Cruz/ABr Ipea vê espaço para baixar juros sem afetar inflação Economistas divergem e dizem que meta de inflação para 2013 já pode estar comprometida Chrystiane Silva [email protected] A presidente entregou ontem prêmio de contribuição científica para Maria da Conceição Tavares Crescimento não é refém da lógica do mercado, diz Dilma Para a presidente, o Brasil vive um momento de ruptura com as antigas práticas e agora foca na melhoria de vida da população A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o Brasil vive um momento de ruptura com a prática de delegar a condução do crescimento exclusivamente às forças de autorregulação do mercado, excluindo o interesse da sociedade nas decisões econômicas, durante discurso na solenidade que homenageou a economista Maria da Conceição Tavares com a entrega do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia de 2011. Segundo a presidente, o país vive uma “benigna” transformação de subordinação da lógica econômica à agenda dos valores indissociáveis da democracia e da inclusão social. “Não admitimos mais a possibilidade de construir um país forte e rico dissociado de melhorias das condições de vida da nossa população, tampouco acreditamos mais na delegação da condução de nosso crescimento exclusivamente às forças de autorregulação do mercado”, disse a presidente. “Não acreditamos mais que podería- Segundo Dilma, o país vive nos últimos nove, dez anos um ponto de mutação na história de seu desenvolvimento mos nos desenvolver sem nos libertarmos das amarras que nos prendiam a interesses nacionais em outras regiões do mundo”, completou Dilma. O Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia reconhece pesquisadores brasileiros pelo trabalho em prol do avanço da ciência e pela transferência de conhecimento da academia ao setor produtivo. A iniciativa é do Ministério de Ciência, Tecnologia e Informação e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Na edição de 2011, o prêmio contemplou a área de ciências humanas, sociais, letras e artes. Maria da Conceição de Almeida Tavares foi professora da pre- sidente Dilma Rousseff. É graduada em matemática e economia e doutora em economia da indústria e da tecnologia. A economista publicou dezenas de artigos em livros e publicações nacionais e estrangeiras, além de publicar e organizar mais de dez livros e capítulos em mais de 20 livros. Um dos seus textos mais importantes é Auge e Declínio do Processo de Substituição de Importações no Brasil — Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro, publicado em 1972. O processo de desenvolvimento econômico do Brasil sempre foi uma das suas maiores preocupações acadêmicas. Portuguesa de nascimento e naturalizada brasileira, Conceição Tavares já foi deputada federal pelo Rio de Janeiro. Dilma, que durante a campanha eleitoral à Presidência recebeu o apoio da economista, que já foi deputada pelo PT, disse que Maria da Conceição Tavares contribuiu para “o mapa do caminho”. ■ ABr e Reuters O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou ontem um estudo que mostra que o Banco Central (BC) pode, sim, baixar os juros sem elevar a inflação em situações como a que o país enfrenta no momento. Os pesquisadores argumentam que em períodos de baixo crescimento da economia, como agora, os cortes dos juros não afetam a inflação. A avaliação faz parte do Comunicado 148 - Efeitos Assimétricos da Política Monetária sobre Inflação e Crescimento no Brasil: Diferenças conforme a Fase do Ciclo Econômico e a Direção e Magnitude de Choques nos Juros. “Existe uma distorção na economia brasileira, que são as taxas de juros, uma das maiores do mundo. Mas, em algum momento, temos que baixar as taxas para níveis compatíveis com os de outros países. A fase atual deve ser aproveitada para baixar o juro, sem acelerar a inflação”, disse o coordenador de Economia Monetária e Câmbio do Ipea, Thiago Martinez. De janeiro até abril, a taxa básica de juros, a meta Selic, foi reduzida de 10,5% para 9% ao ano e deve cair ainda mais na avaliação dos analistas do mer- JUROS EM BAIXA Estudo do Ipea estima que é possível reduzir Selic ainda mais, em % ao ano 13 12 12 11 10 9 9 8 MAI/11 Fonte: Ipea MAI/12 cado financeiro, podendo chegar a 8,5% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) marcada para os dias 29 e 30 deste mês. Já o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou abril com alta de 0,64%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado no ano, a inflação medida pelo IPCA ficou em 1,87%, abaixo dos 3,23%, que foi registrado no mesmo mês do ano passado. No entanto, o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, indica que o mercado financeiro, mesmo estimando uma nova redução na taxa básica de juros nos próximos dias, acredita na elevação da inflação medida pelo IPCA, que pode chegar aos 5,22% estimados na semana passada e, não, mais em 5,12% previstos anteriormente. Divergência Mas há economistas que acreditam que o BC não deve fazer novas reduções nas taxas de juros. É que as medidas de política monetária demoram entre 6 e 8 meses para fazer efeito na economia real. Com isso, os cortes de juros feitos agora só vão ter impacto na inflação de 2013. A taxa para o ano que vem passou a ser foco de preocupação dos analistas econômicos. A meta para 2013 é de 4,5% com a variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. A projeção da Tendência Consultoria é que a inflação fique em 5,5%. “Além dos cortes de juros que podem respingar na inflação, há o reajuste nos preços das tarifas públicas e dos transportes, o que vai contribuir para uma taxa mais alta”, diz Juan Jensen, economista. Os índices de preços que medem variações no atacado como o IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado) já estão registrando alta devido à elevação do preços das commodities no mercado internacional. “Haverá repasses para o consumidor em alguns meses”, diz Daniel Augusto Motta, professor de finanças do Insper. A avaliação do Ipea precisa ser analisada com cuidado, já que o órgão pertence ao governo. ■ Com agências Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 9 Henrique Manreza MEIO AMBIENTE 1 INDÚSTRIA Marinha investiga mancha de óleo na costa do Espírito Santo Participação de produtos importados no mercado industrial bate recorde, indica CNI A Marinha do Brasil investiga uma mancha de óleo na costa do Espírito Santo e enviou uma equipe para inspecionar a região. “Um equipe de inspeção naval da Capitania dos Portos do Espírito Santo foi deslocada para área para verificar a extensão da mancha”, afirmou um porta-voz. Petroleiros voltando do trabalho relataram uma mancha de cerca de um quilômetro perto da plataforma P-57, operada Petrobras. Reuters A participação dos produtos importados no mercado brasileiro de bens industriais bateu recorde, segundo o estudo Coeficientes de Abertura Comercial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O chamado coeficiente de penetração de importações atingiu 22,2% no acumulado de 12 meses encerrados em março. É o maior valor da série iniciada em 1996. ABr Baixo consumo pode comprometer expansão do PIB Vendas do varejo subiram 0,2% de fevereiro para março, contra 1,2% em igual período de 2011 Chrystiane Silva [email protected] O brasileiro está gastando menos, está mais endividado, e deve esperar até pagar suas contas para voltar a comprar. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que as vendas no varejo cresceram 0,2% em março, sobre o mês anterior, abaixo do 1,2% verificado em 2011. Dos dez segmentos pesquisados, seis apontaram queda nas vendas, com destaque para livros, jornais, revistas e papelaria (–7,1%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-6,9%). No Crescimento de países sustentado pelo consumo só deu certo nos EUA ano, as vendas do varejo acumulam alta de 10,3%. A desaceleração no ritmo do consumo pode comprometer as as medidas adotadas pelo governo para estimular a economia. As principais ações foram a redução dos juros básicos, que estão em 9% ao ano e servem de referência para os financiamentos, e a briga com os bancos para que eles também reduzam as taxas cobradas ao consumidor. “O desaquecimento da economia favorece a inadimplência. A situação só não é pior porque o mercado de traba- lho está em alta. A volta do brasileiro ao consumo deve acontecer no segundo semestre”, diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do WestLB. De fato, os brasileiros estão mais devedores. Segundo a Serasa Experian, a inadimplência do consumidor aumentou 4,8% de março para abril — maior alta para o mês nos últimos 10 anos. A baixa no consumo preocupa porque os gastos da família representam 60,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar da expansão dos gastos das famílias, o PIB cresceu apenas 2,7% no ano passado. “Está na hora de o governo rever o modelo de crescimento baseado no consumo. Ele só deu certo nos Estados Unidos”, diz Rostagno. A alternativa seria adotar em um modelo de crescimento que priorize os investimentos. ■ IMPORTÂNCIA DO CONSUMO NA ECONOMIA Participação dos fatores que compõem o PIB sob a ótica da demanda em 2011 60,3% 20,7% 19,7% 11,9% -12,6% CONSUMO DAS FAMÍLIAS Fonte: IBGE CONSUMO DA FORMAÇÃO BRUTA ADMINISTRAÇÃO DE CAPITAL FIXO PÚBLICA EXPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS IMPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS 10 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 INOVAÇÃO & TECNOLOGIA SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA ECONOMIA CRIATIVA EMPREENDEDORISMO Editor executivo: Gabriel de Sales [email protected] Indústria debate uma agenda inovadora para o Brasil Maior Na próxima semana, evento reúne em Brasília iniciativa privada e governo para discutir fomento à política industrial Rodrigo Capote Fabiana Monte [email protected] No próximo dia 23, diferentes setores da indústria promoverão em Brasília um evento para discutir inovação e sua importância para o desenvolvimento do país. O mote é debater gargalos e oportunidades de fomento à indústria nacional, com o objetivo de apresentar ao governo, ainda que informalmente, uma agenda para compor o Plano Brasil Maior — política industrial do governo. “A ideia é ter uma discussão positiva para que o setor privado possa contribuir na construção da agenda que vai levar às novas diretrizes do Plano Brasil Maior, que deve entrar em sua terceira fase em meados do ano”, conta Fábio Rua, diretor de relações governamentais da GE Energy. No entanto, o evento não vai gerar um documento formalizando as propostas. “Mas os participantes dos workshops reforçarão algumas medidas que o governo deve tomar e sugerir novas que ainda não estão no radar”, observa. A GE é uma das idealizadoras do “Inova Mais”, junto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Segundo Rua, o anúncio, em 2010, da instalação do centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da GE no Brasil deu força a conversas que a empresa mantinha com a CNI e com a Apex sobre inovação. “Estamos falando de um investimento vultoso (US$ 120 milhões). O anúncio nos trouxe a Fábio Rua, da GE: “Grandes linhas para incentivar a inovação estão traçadas. A questão é discutir o que fazer para acelerar esse processo” possibilidade efetiva de sentar à mesa para falar de inovação”. A agenda do evento inclui palestras, abertas ao público, com líderes de empresas como 3M, Microsoft, Fiat e Petrobras, além de GE, CNI, Apex e da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial. O ministro da Ciência, Inovação e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, também participará. “As grandes linhas de ação para o Brasil ser A importância da inovação será discutida por empresas como 3M, Microsoft, Fiat, GE e Petrobras mais competitivo em inovação já estão traçadas. A questão é o que fazer para acelerar esse processo”, afirma Rua. À tarde, serão realizados workshops para convidados sobre seis temas: saúde; transporte; aviação; água; energias renováveis; e óleo e gás. Na área de energias renováveis, o objetivo é tratar de adensamento das cadeias produtivas; investimento em P&D e gargalos logísticos. Rua ressalta que tanto o setor de óleo e gás quanto o de energias renováveis, por exemplo, exigem alto nível de investimento em inovação. “Estamos falando de explorar petróleo a milhares de metros de profundidade. As tecnologias para isso não existem e estão sendo desenvolvidas e este é um trabalho que o setor público e o privado precisam desenvolver juntos.” ■ ABr Em Brasília, pontos de ônibus oferecem internet grátis Iniciativa é parte de projeto que tem 40 estantes de livros em paradas de coletivos na cidade Três pontos de ônibus em Brasília — dois na Asa Norte e um no Setor Bancário Sul — ganharam esta semana computadores com acesso gratuito à internet. A iniciativa faz parte do projeto estação cultural, do Açougue Cultural T-Bone, realizado em parceria com a Fundação Banco do Brasil e com a Petrobras. “A ideia dos computadores na parada de ônibus é para dar ao usuário o contato com a internet. E você trabalha questão da autoestima”, explica Luiz Amorim, idealizador do projeto. Os computadores com tela sensível a toque ficam instalados em estantes para empréstimos de livros que fazem parte do projeto parada cultural - biblioteca popular -, que teve início em 2007. Hoje, há 40 estantes de livros em pontos de ônibus da avenida W3 Norte. Além dos computadores, os pontos de ônibus têm cobertura de internet sem fio com a tecnologia Wi-Fi, com cobertura de 1 quilômetro, de acordo com Amorim. Com isso, usuários podem acessar a internet gratuitamente por meio de tablets, notebooks ou smartphones que tenham essa tecnologia. A Fundação Banco do Brasil investiu R$ 120 mil no projeto, conta Amorim, acrescentando que há planos para ampliar a iniciativa. “Temos negociado com a Petrobras e com Fundação para, até a Copa de 2014, chegar às 40 estações culturais”. ■ F.M. Projeto deve chegar a mais 37 estantes de livros até a Copa de 2014 Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 11 QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA EDUCAÇÃO/GESTÃO SUSTENTABILIDADE André Prietsch Tudo fica mais claro com o poste verde Brasileira GreenLuce, especializada em microgeração, desenvolve sistema híbrido que capta energia do Sol e do vento Equipamento é autônomo — seu funcionamento independe de conexão com a rede de eletricidade Autonomia do sistema é de 36 horas, equivalente à iluminação por três noites seguidas A brasileira GreenLuce, especializada em microgeração de energia, desenvolveu um poste de iluminação pública híbrido. Ele é autônomo — funciona sem estar ligado à rede elétrica — e capta energia de duas fontes: sol e vento. A eletricidade é gerada por meio de dois painéis fotovoltaicos, que recebem a energia solar, e por um aerogerador, que produz energia a partir do vento. A energia é armazenada em baterias que alimentam a luminária acionada por um fotosensor. “Uma das vantagens é que, por ser autônomo, a instalação do poste é mais simples e rápida”, diz Flávio van Deursen, sócio-diretor da GreenLuce. A instalação leva, em média, 3h e 30, se a base de concreto para sustentação estiver pronta. O equipamento já está instalado em diversas regiões do país, Instalação rápida é uma das vantagens do produto; empresa diz que grandes obras são oportunidades de negócio como rodovias, ciclovias e em canteiros de obras. Na refinaria Abreu e Lima (PE), há 15 postes em funcionamento. Outros 38 estão instalados no canteiro de obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras. Para que o poste funcione adequadamente, é preciso que ele seja instalado em locais ensolarados e com ventos com velocidade a partir de três metros por segundo. Regiões de orla são especialmente favoráveis. Deursen avalia que as grandes obras em realização no país representam uma grande oportunidade para a GreenLuce, graças à facilidade de instalação dos postes. “Estamos conversando e temos algumas coisas encaminhadas em relação à Copa do Mundo. O processo de instalação é muito rápido”, diz. O sistema utiliza lâmpadas à base de LED, que emite luz com baixo consumo de energia, com cerca de 55% de economia, e vida útil de 10 anos. Já no caso de lâmpadas tradicionais, que usam vapor de mercúrio ou sódio, a durabilidade média é de 10 meses. No entanto, como o custo das lâmpadas de LED ainda é maior, embora tenham durabilidade superior, na ponta do lápis, o custo final das duas soluções é semelhante. Em dias com boas condições de luz, o painel solar rende de seis a quatro horas de energia. Já os aerogeradores são alimentados 24 horas por dia, mas com três a quatro horas de bom vento a carga da bateria é completada. A autonomia do sistema permite 36 horas de funcionamento, o suficiente para oferecer iluminação por três noites. ■ F.M. JOÃO MORETTI Diretor-geral da MobilePeople, empresa especializada em soluções móveis O mobile payment nas vendas diretas A oferta de produtos e serviços pela internet, por meio de lojas virtuais de comércio eletrônico, vem sendo alavancada por novas formas de pagamento, como o mobile banking, tornando-se um canal importante para o lojista na hora da concretização das vendas. A concorrência da web, porém, não ameaça um dos segmentos de comércio mais antigos do Brasil: a venda direta — ou de porta em porta como muitos falam — e que também pode ser beneficiada pelo mobile payment — forma de pagamento na qual o celular substitui os cartões ou dinheiro vivo. Mas, como o setor de vendas diretas pode se valer dessa nova tecnologia? Vendas diretas são aquelas feitas por meio do contato pessoal entre o vendedor e o cliente fora de um comércio ou estabelecimento fixo. Tratase de um mercado poderoso, que segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD) no primeiro trimestre de 2011 cresceu 8,9% em relação ao mesmo período de 2010. Elas atingiram um volume noCom o pagamento minal das vendas de R$ 5,8 bilhões. móvel, o vendedor poderá comercializar produtos com a ajuda do celular. O consumidor pode ou não pagar com cartões ou dinheiro, o que facilita as compras Olho no olho Negociar diretamente com o consumidor agrega valor ao produto, que é oferecido por meio do relacionamento pessoal estabelecido entre quem vende e quem compra. Apesar do crescimento das transações comerciais pela internet, muitos ainda preferem o contato “olho no olho” e avaliar “em mãos” o que está sendo comprando. Vender diretamente tem a vantagem de o vendedor ir onde quer que o cliente esteja, oferecendo um atendimento personalizado e diferenciado. Outro ponto positivo é a conveniência de hora e local para oferecer ao cliente o consumo e a compra de bens e serviços. Mais ainda, a venda direta possibilita muitas vezes ao cliente levar o produto na hora, diferentemente da compra pela internet. O pagamento móvel agrega NEGÓCIOS Governança da informação sem riscos De olho no potencial do mercado nacional, empresa suíça amplia portfólio no Brasil As maiores exigências por transparência no mercado corporativo despertaram a atenção da RSD para lançar um novo software no Brasil. A partir deste mês, a empresa suíça passa a oferecer no mercado nacional o RSD Glass, um software que auxilia as corporações na gestão de dados, a chamada governan- ça da informação. O objetivo é aliar performance do negócio, controle e segurança da informação e conformidade legal. “As empresas estão demandando mais transparência. Muitas companhias nacionais estão se tornando internacionais e tendo de se adaptar a padrões globais”, diz Pierre Van Bieneden, presidente da RSD, no país há cerca de 20 anos. Ele explica que no passado a preocupação do mercado corpo- rativo era exclusivamente com o armazenamento de informações. Mas a explosão da produção de dados fez com que as empresas passassem a necessitar de soluções que as ajudem a guardar as informações certas e a acessá-las rapidamente. “Volume é um risco. Quanto mais conteúdo você tem, menos consegue encontrar o que está procurando. Nós organizamos esse volume de informações de forma segura.” ■ Já com o mobile payment, qualquer profissional que trabalhe com vendas diretas poderá comercializar seus produtos com a ajuda do celular. O consumidor pode ou não pagar com cartões ou dinheiro, o que facilita as compras. Os vendedores que oferecem atendimento personalizado a esses clientes também serão beneficiados, ganhando agilidade nas ações de venda e tendo maior controle sobre aquilo que comercializam. Além disso, terão facilidade na hora de gerenciar os pagamentos, melhorando o sistema de compra e venda dentro do setor. Incorporar o mobile payment às vendas diretas vai unir uma das tecnologias mais avançadas atualmente, no que diz respeito a pagamentos, ao sistema tradicional de vendas, baseado no contato pessoal junto aos clientes. Isto proporciona maior satisfação pessoal e qualidade no atendimento, rompendo barreiras e construindo um novo formato de negociação. ■ 12 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 ENCONTRO DE CONTAS MARCADO ● O The Family Business Network (FBN Brasil) promove, no dia 29 de maio, no Hotel Pestana, no Rio de Janeiro, o “Encontro FBN de Famílias Empresárias”. Entre os palestrantes, Olavo Monteiro de Carvalho e Joaquim de Mello, do Grupo Monteiro Aranha. ● A Atlantica Hotels recebe hoje, no Congresso Nacional, em Brasília, o Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos, concedido pelo Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência. DENISE CARVALHO [email protected] Márcio Mercante/O Dia Fotos: divulgação Show beneficente contra câncer de mama GIRO RÁPIDO A cantora baiana Cláudia Leitte e a banda Roupa Nova estão entre as principais atrações do show beneficente que acontece no dia 29 de maio, em São Paulo, para arrecadar recursos para a construção da Casa da Mulher, centro de prevenção e combate ao câncer de mama, idealizado por Valéria Baraccat Gyy, fundadora do Instituto Arte de Viver Bem. O evento, que será comandado pelo empresário e apresentador Roberto Justus, vai leiloar um relógio do apresentador Faustão, uma joia de Hebe Camargo e um peça da joalheria Frattina. Crescevotação em assembleiavirtual Cielo e Lupatech, realizadas entre janeiro e abril. O total representa mais que o dobro registrado em igual período de 2011 (140) e está muito próximo dos 384 verificados em todo o ano passado. Por meio de um certificado digital, o investidor pode votar de qualquer lugar do mundo, sem a necesside de ter que comparecer às assembleias que, em geral, são tediosas e bastante demoradas. A Petrobras, comandada por Graça Foster, foi a empresa que recebeu o maior número de votos eletrônicos: 84 dos 315. Educação infantil FEBRE PASSAGEIRA? O que os americanos pensam sobre o Facebook 50 40 30 0 20 110 0 0 43% Será bem sucedido a longo prazo 46% Vai desaparecer 11% Não sabe Fonte: Business insider R$ 205 mi é a verba que o Ministério da Cultura e a Ancine destinarão este ano à produção e distribuição de filmes e programas de televisão. Arte na rua Regra favorece fundos A ferramenta da votação digital foi aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado de capitais, por meio da Instrução 481. A regra não é uma unamidade entre advogados - aguns questionam a legalidade do voto. Mas, tem sido bem aceita entre fundos que têm carteira variada de investimentos que são obrigadas a comparecer nas assembleias. A Gaudium, especializada em aplicativos, desenvolveu em parceria com o BlogDinheirama um aplicativo gratuito para iPhone que tem conteúdo de finanças pessoais, economia e planejamento financeiro, com acesso a simuladores. A divisão de nutrição infantil do grupo Danone está lançando um portal com proposta de educação e compartilhamento de experiências sobre temas relacionados à gravidez e primeira infância da criança. Os incrédulos do Facebook A adesão de acionistas ao voto à distância nas assembleias realizadas pelas empresas listadas na BM&FBovespa está avançando no Brasil. É o que revela o sistema remoto Assembleias Online, da MZ Consult, a partir do saldo da temporada de assembleias das empresas abertas de 2012, encerrada no dia 30 de abril. A MZ, responsável hoje por 90% desse segmento de mercado, contabilizou 315 votos realizados por meio de procurações nas assembleias de 19 empresas, como Petrobras, BM&FBovespa, Finanças pessoais Uma pesquisa realizada pelo canal de televisão americano CNBC e pela agência de notícias Associated Press com um grupo de aproximadamente mil americanos revela um fato curioso: 46% deles acreditam que o Facebook, o maior fenômeno mundial das redes sociais atualmente, vai desaparecer. Apesar dessa constatação, surpreendentemente, 31% dos entrevistados avaliam que a empresa, criada pelo jovem Mark Zuckerberg, é um mau investimento. A incorporadora You,Inc usará os tapumes de seu empreendimento no Tatuapé, em São Paulo, para expor desenhos sobre o bairro feitos por alunos de uma escola pública, dentro do projeto social “Pessoas Fazendo Arte”, em parceria com o Colégio Vera Cruz. Culinária catalã Mauricio Lima/AFP Bem-estar em debate Socos, chutes e balada Mais de 2.700 pessoas são esperadas na 3ª edição do Max Fight, um dos maiores eventos de MMA do Brasil, que acontece amanhã, no Espaço das Américas, em São Paulo. Será um público recorde num único evento do Max Fight, que atraiu 3.000 pessoas nas edições anteriores. O público vai conferir dez lutas. O confronto mais esperado é o que acontece entre os rivais Maiorino e Mondragon, que disputam o cinturão dos pesados. Para diferenciar o ringue do octógono do UFC (Ultimate Fighting Championship), o torneio mais famoso do mundo, o MaX Fight criou o decágono, uma arena com dez lados. Depois dos socos, chutes e sopapos, os espectadores vai curtir uma balada, comandada pelo ex-namorado da Madonna, o modelo e DJ Jesus Luz. O analista de tendência de mercado americano Paul Zane Pilzer, ex-assessor de dos ex-predidentes dos Estados Unidos Ronald Reagan e George W. Bush, vem ao Brasil a convite do empresário João Doria Jr., presidente do Lide. Pilzer participará da primeira edição do Fórum da Saúde e Bem-Estar, nos dias 25 e 26 de maio, no Royal Palm Resort, em Campinas, São Paulo, para debater a revolução do bem-estar. FRASE “O programa pode ser horrível, mas eu sou a melhor” O bar e restaurante Entretapas e o Instituto Cervantes promovem, de 21 a 27 de maio, no Rio de Janeiro, a 2ª edição do evento “Como na Espanha”, com homenagem à cozinha da Catalunha. Na ocasião, o chef da casa, Jan Santos, receberá o chef catalão Sergio Millet. Narcisa Tamborindeguy Socialite, em entrevista ao programa “SuperPop” sobre o reality show “Mulheres Ricas”, da Bandeirantes Gilberto Gil será mentor do Programa Rolex Mentor and Protégé nos próximos 12 meses, e não discípulo como a coluna informou esta semana. Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 13 At let as de Al ta Co m pe tiç ão Para gerenciar a carreira de um atleta, é preciso muito treinamento. SEMINÁRIO ATLETAS DE ALTA COMPETIÇÃO Os Jornais Brasil Econômico, Marca Brasil e O Dia vão reunir importantes formadores de opinião e profissionais de renome do mundo do esporte para discutir os principais desafios na gestão da carreira de atletas de alto nível. Um amplo debate passando pela medicina esportiva, a psicologia, o uso de imagem e o gerenciamento financeiro. EM BREVE MAIS INFORMAÇÕES. Realização: Apoio: Patrocinadores: 14 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 EMPRESAS Editora: Eliane Sobral [email protected] Subeditoras: Rachel Cardoso [email protected] Patrícia Nakamura [email protected] Murillo Constantino Maersk aporta US$ 6,5 bilhões no Brasil Companhia dinamarquesa cresce nas áreas de petróleo e gás e tenta recuperar rentabilidade no mercado de armadores Regiane de Oliveira [email protected] O dinamarquês Robbert Van Trooijen morou no Brasil na década de 1990, atuando na área de transporte marítimo. De volta em 2011, no comando dos negócios da Maersk Line, armadora do grupo dinamarquês A.P Moller-Maersk, ele afirma que nunca imaginaria ver carros coreanos e chineses circulando pelo país. Por isso, hoje não duvida que mesmo os sérios gargalos de infraestrutura serão resolvidos em pouco tempo. Esse otimismo está alinhado com os investimentos do grupo no país. “O Brasil é um dos poucos países que tem todas as unidades de negócios da empresa”, diz. O grupo dinamarquês está investindo US$ 8,3 bilhões na América Latina nas áreas de portos logística e petróleo. Mas a maior parte dos recursos, US$ 6,5 bilhões, têm como destino o mercado brasileiro. Só Trooijen é responsável por US$ 2,2 bilhões que estão sendo Empresa está reajustando preço do frete em 30% para recuperar prejuízos com alta no preço dos combustíveis aplicados na construção de 16 navios de carga, adaptados às especificidades dos portos brasileiros, que não têm profundidade suficiente para receber os navios convencionais da companhia. No ano passado, oito embarcações Sammax (South American Max), com capacidade de transporte de 7.500 TEUs (o que equivale a 7,5 mil contêineres de vinte pés, ou 6 metros de comprimento). Os outros navios chegam até o fim de 2013. Trooijen afirma que apesar dos investimentos, a área de transporte marítimo vem passando por uma queda de rentabilidade em todo o mundo. “Acredito que chegou o momento dos armadores participarem mais do crescimento no Brasil”, afirma o executivo. Por isso, paralelamente aos aportes, a empresa está aumentando em 30% o valor dos fretes e estuda cancelar duas rotas deficitárias no país. A Maersk Line vem sendo afetada pelo aumento do preço do barril do petróleo, que teve alta de 14,7% no primeiro trimestre para US$ 122,9. Segundo cálculos da empresa, no entanto, os preços dos combustíveis subiram 250% em cinco anos, enquanto as tarifas praticadas tiveram queda de 10% no período, por conta da disputa no mercado. O grupo fechou o primeiro trimestre com prejuízo mundial de US$ 599 milhões na unidade de transporte marítimo. Por isso, vai repetir a estratégia de aumentar tarifas e rever rotas em outros mercados. A companhia espera que os negócios fechem 2012 com resultado negativo ou, no máximo, no zero a zero, segundo balanço do período. No Brasil, Trooijen garante que vai reverter o cenário. ■ O custo da ineficiência INVESTIMENTOS NA AMÉRICA LATINA Brasil representa 20% dos negócios na região US$ 3 bilhões em exploração de óleo e gás no Brasil US$ 1,2 bilhão no navio FPSO Maersk Peregrino, na Bacia de Campos, Brasil US$ 992 milhões no terminal de Moin, Costa Rica US$ 170 milhões na construção de uma fábrica de contêineres no Chile US$ 450 milhões no terminal de Santos, Brasil US$ 220 milhões na construção de dois navios no Chile Fonte: empresa US$ 2,2 bi EM 16 NOVOS NAVIOS SAMMEX, COMO O LETICIA (AO LADO) Robbert Van Trooijen, presidente da Maersk Line América Latina Carga demora para sair do porto de Santos metade do tempo que levou para chegar da China Em tempos de obras no porto de Santos, ter de encarar fila de espera para desembarcar produtos virou um rotina para os navios da Maersk Line. Para Robbert Van Trooijen, presidente da empresa na América Latina, ao menos agora, a espera tem um objetivo nobre: melhorar a infraestrutura. “Nos últimos três anos, a estrutura portuária avançou muito no Brasil, assim como a demanda de exportação e importação”, afirma. No entanto, essa infraestrutura ainda está bastante aquém de outros mercados. Trooijen cita como exemplo o porto de Los Angeles, nos Estados Unidos. “Um contêiner leva cerca de 12h para sair do porto e ir em direção à Chicago. Em São Paulo, a liberação da carga demora em média 14 dias”, afirma, ressaltando que é praticamente metade do tempo que a carga levou para chegar da China ao Brasil. Mesmo na Índia, onde as dificuldades, e oportunidades, costumam ser semelhantes as do Brasil, a eficiência é maior. O país utiliza o modelo de porto seco no interior para fazer a alfândega da mercadoria, desafogando a demanda dos portos marítimos. “De um dos portos saem sete trens diários com mercadorias” , afirma. O executivo diz que Santos terá terminais eficientes quando conseguir chegar ao número de 26 contêineres sendo descarregados por guindaste a cada hora. “Hoje, são 16, 18 por hora.” ■ R.O. Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 15 Henrique Manreza Vendas de veículos reaquecem em maio As vendas de veículos somaram 153,7 mil unidades na primeira quinzena de maio, aumento de 3,3% em relação a igual período do ano passado, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Foram vendidos 147,2 carros de passeio e comerciais leves no período, alta de 5,3% em relação ao ano anterior. As vendas de caminhões caíram 30%, para 5,3 mil unidades, e as de ônibus encolheram 16%, para 1,1 mil, informou a associação. Haruyoshi Yamaguchi/Bloomberg Iveco amplia rota e produzirá ônibus rodoviários e urbanos De olho em mercado em franca expansão, companhia italiana vai instalar a nova linha em Sete Lagoas (MG), onde monta caminhões e micro-ônibus há 12 anos Horton assumiu a presidência da concordatária American Henrique Manreza Ana Paula Machado, de Salvador* [email protected] A Iveco Latin America vai iniciar este ano a produção de ônibus para os segmentos rodoviário e urbano no Brasil, um mercado em franca expansão. Há 12 anos no mercado brasileiro produzindo caminhões, a Iveco fabrica microonibus sob o chassi do caminhão leve Daily. A montadora já formou uma unidade de negócios para ônibus e, em breve, deve anunciar o portifólio de produtos, de acordo com o presidente da Iveco para a América Latina, Marco Mazzu. “É um mercado atrativo e temos que estar presentes para aumentar nossa presença no país. Esses veículos serão produzidos em nossa fábrica na cidade de Sete Lagoas (MG)”, disse o executivo durante o lançamento da nova versão do caminhão semipesado, Tector. Semipesado na pista O novo modelo, aliás, é a aposta da companhia para ganhar mercado no Brasil. O segmento de semipesados (com capacidade de carga de 16 a 26 toneladas), é o que mais vende no Brasil. No ano passado, foram comercializados 58,43 mil unidades, o equivalente a 30% das vendas de caminhões no país. Desse total, a Iveco respondeu por 4,4 mil unidades vendidas, volume três vezes maior do que em 2008, quando vendeu 1,2 mil semipesados. ACLIVE ACENTUADO Vendas de ônibus no Brasil, em mil unidades 34,7 35 28,5 30 25 22,7 Fusão,a “única” alternativa daAmerican 20 15 10 5 0 2009 2010 2011 Mazzu: Brasil responde por 70% das vendas na América Latina Fonte: Fenabrave Montadora lançou modelo semipesado, categoria que responde por 30% das vendas de caminhões no país montadora italiana na América Latina foram de 34 mil unidades, um crescimento de 30% em relação a 2010 - o Brasil respondeu por 70% dos negócios. De acordo com Mazzu, a meta é ganhar pelo menos um ponto percentual no mercado com o novo Tector. “O semipesado é um segmento forte em toda América Latina, pois é uma modelo que pode ser usado em várias aplicações, desde transporte de bebidas ao movimentação de contêiner”, disse Mazzu. A Iveco fechou o primeiro quadrimestre com 9,5% de participação no mercado total de caminhões no Brasil. No ano passado, as vendas da Estratégia de vendas ção aos concorrentes diretos, batizada de Attack, que custará R$ 147 mil. Já o modelo mais sofisticado (de cabine de teto alto, chamado Tector Stradalli, sairá por R$ 255 mil, de acordo com Cavancanti. A marca também vai oferecer dois anos de garantia ao modelo, sendo que o primeiro é integral. “A versão Attack terá configuração 4x2 e será responsável por 40% do mix de vendas de toda a linha. Este caminhão pode ser usado por empresas de construção civil e transporte de lixo, por exemplo, que não precisam de um modelo mais sofisticado em sua operação”. disse. ■ *A jor- O Iveco Tector chega às 105 concessionárias da marca no Brasil com o novo motor Ecoline que vai equipar todo o portfólio da montadora. Segundo o diretor comercial da empresa, Alcides Cavalcanti, o caminhão terá estratégia de vendas bem agressiva. Será produzida uma versão de entrada mais barata em rela- nalista viajou a convite da Iveco GM vai para a Inglaterra Vivo avança pela América A General Motors decidiu produzir a nova geração de seu carro compacto Astra no Reino Unido, deixando a fábrica em Bochum, na Alemanha, que corre o risco de ser fechada. A fabricante de carros dos Estados Unidos afirmou ontem que irá investir US$ 200 milhões em sua planta em Ellesmere Port, no nordeste da Inglaterra, para fabricar o carro, após os trabalhadores terem aceitado um novo acordo de pagamento. A fábrica será a produtora líder da versão de cinco portas do Astra, que deve começar em Com a união societária e a consolidação de produtos sob a marca Vivo, a Telefônica Brasil avança agora no plano de integração internacional com a rede de sua matriz espanhola Telefónica na América Latina, atuando junto à marca Movistar. A operadora anuncia hoje um pacote de chamadas internacionais relacionado a seu serviço de comunicação instantânea por voz — o chamado push to talk (PTT) — Vivo Direto, lançado no ano passado. O novo serviço consiste em chamadas ilimitadas entre assi- 2015, criando cerca de 700 empregos na unidade e outras 3 mil vagas na cadeia de fornecimento, e assegurando o futuro da fábrica até 2020. A GM, que vende sob a marca Vauxhall na Grã-Bretanha, espera parar a produção do Astra, seu modelo mais importante, da sua principal fábrica em Rüsselsheim, Alemanha, fabricando o carro apenas em Ellesmere Port e em Gliwice, na Polônia. “É certo que uma das plantas na Alemanha será fechada, provavelmente a de Bochum”, disse uma fonte. ■ Reuters nantes do Vivo Direto e o equivalente da Movistar na região, chamado Movitalk, com preço de 29,90 reais por 30 dias para o pacote internacional, além do preço normal do Vivo Direto. “O que foi viabilizado com a integração foi o acesso à rede poderosa da Telefónica na América Latina”, disse o diretor de interconexão e roaming da Telefônica-Vivo, Gustavo Nóbrega, que não divulgou investimentos ou a base de clientes do Vivo Direto. A empresa fechou abril com mais de 75 milhões de linhas móveis ativas. ■ Reuters A American Airlines está “encurralada” e pode não ter outra alternativa do que se fundir com a US Airways para escapar da falência, de acordo com Daniel Akins, um especialista do mercado de aviação, durante uma audiência realizada por um tribunal de falências de Nova York, que reuniu também representantes dos sindicatos dos comissários de bordo. “A American Airlines não é mais um negócio viável, mas a fusão com outra companhia garantiria sua sobrevivência”, afirmou o especialista, que sugere urgência na operação. “Não há alternativa para a companhia. É algo inevitável. A consolidação é o caminho óbvio para que o setor aéreo nos Estados Unidos permaneça competitivo”, disse o especialista. Na audiência realizada ontem, os comissário de bordo apelaram contra o pedido da concordatária American Airlines, presidida desde o fim do ano passado por Thomas Horton, de cancelar benefícios trabalhistas de pilotos, comissários e funcionários de manutenção, uma das medidas para reduzir custos e sanear as receitas da empresa. “Eu nunca vi um plano de negócios em que não houvesse um severo corte de custos, sobretudo os trabalhistas”, disse Akins durante seu testemunho no tribunal de falências. A AMR, controladora da American Airlines, pediu concordata em 29 de novembro, após acumular prejuízo de quase US$ 1 bilhão entre janeiro e setembro do ano passado. A companhia atende a 260 aeroportos em mais de 50 países, onde opera cerca de 3 mil voos diários. Desde o começo do ano, algumas companhias se interessaram em adquirir o controle da companhia. ■ Bloomberg 16 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 EMPRESAS Divulgação VAREJO MERCADO IMOBILIÁRIO Grupos Interbuild/Somar e Jamaris investem R$ 170 milhões em Magé (RJ) Toctao Rossi lança projeto de luxo em Goiânia com jantar em alto estilo Os grupos Interbuild/Somar e Jamaris vão investir R$ 170 milhões na construção do Boulevard Magé, na cidade de Magé (RJ). O projeto inclui um shopping, um hotel com 140 apartamentos, uma torre comercial e quatro residenciais. O empreendimento é parte do plano de investimentos do grupo de R$ 400 milhões que contempla a construção de outros dois projetos do tipo, em Pernambuco e Roraima. Para marcar o lançamento do Parque Flamboyant 56, a joint venture Toctao Rossi promove pela primeira vez em Goiânia o Dinner in The Sky, evento já realizado em mais de 40 países e que proporciona uma experiência única e inusitada nas alturas. “O objetivo da ação é dar uma amostra da exclusividade do projeto imobiliário que estamos apresentando. ", afirma o diretor da Toctao Rossi, Frederico Kessler. Rede mexicana de cinema quer ser sucesso de bilheteria no Brasil Alessandro Shinoda/Folhapress Cinépolis quer ter 200 salas até o fim do ano e aposta na construção de espaços Vips, que chegam a custar R$ 10 milhões Gabriel Ferreira [email protected] O mexicano Eduardo Acuña não entedia sequer uma palavra em português quando aceitou o desafio proposto por Alejandro Ramirez, presidente mundial da rede mexicana de cinemas Cinépolis. Há dois anos ele desembarcou em São Paulo para montar a filial brasileira da empresa. Quarta maior rede de cinemas do mundo, a Cinépolis, que faturou cerca de US$ 1 bilhão em 2011, escolheu o Brasil para ser sua 11ª operação. “Vimos a oportunidade de crescer por aqui sem ter de roubar clientes de ninguém, apenas abrindo novos mercados”, afirma Acuña. A estréia da Cinépolis no Brasil foi há um ano e meio, em Ribeirão Preto, no interior paulista. Hoje, os 15 complexos da empresa reúnem 120 salas, número que deve chegar a 200 até o final do ano. “Queremos estar em qualquer lugar que faça sentido ter uma sala”, diz Acuña. Para acelerar o crescimento, em setembro do ano passado, a Cinépolis adquiriu os ativos brasileiros da rede espanhola Box e praticamente dobrou de tamanho no país. Acuña afirma não ter novas aquisições em vista, mas não descarta a ideia, por considerar a compra de concorrentes a única forma de entrar em shoppings já inaugurados. Carência Não é a toa que o mercado brasileiro faz brilhar os olhos dos executivos mexicanos da Cinépolis. Por aqui, o cinema é mais barato do que em outros países e se torna uma das únicas soluções de lazer para boa parte da população. Apesar disso, é um mercado ainda pouco explorado. Hoje, para cada mil habitantes, o Brasil tem 0,01 complexos de cinema, enquanto no México, esse indicador chega a 0,04 e nos Estados Unidos, a 0,12. “Para melhorar esse dado, temos de aumentar a rentabilidade dos cinemas brasileiros, que é muito ruim”, diz Acuña. Acuña e Ramirez, da Cinépolis: baixo número de cinemas no Brasil foi encarado como oportunidade Apesar de ter grande carência em número de salas, cinemas brasileiros oferecem rentabilidade muito baixo à empresa Luxo Uma das estratégias da Cinépolis para conquistar o consumidor brasileiro são suas salas Vip. A rede é a maior operadora desse tipo de sala no mundo. Nesses espaços, os consumidores podem ver os filmes em confortáveis cadeiras reclináveis e comer pratos co- mo sushi e ravioli. “Conseguimos trazer para o cinema um público que se sentia desconfortável naquele ambiente”, diz Acuña. A construção de um desses espaços custa cerca de R$ 10 milhões, enquanto uma sala normal sai por aproximadamente R$ 1 milhão. ■ Geografia determina até programação Tamanho do país é maior desafio para mexicanos expandirem em todo o Brasil No fim de 2010, estreou nos cinemas de todo o Brasil o filme “Piranhas 3D”. A fita não teve capacidade de arrastar grandes multidões ao cinema e os resultados ficaram bem abaixo do esperado pelos produtores. Talvez os executivos do estúdio responsável pelo filme ficassem aliviados em saber que, em pelo menos um lugar, “Piranhas 3D” foi um grande sucesso. “Em nossas salas em Belém do Pará a recepção foi ótima”, diz Eduardo Acuña, presidente da Cinépolis no Brasil. A história contada por Acuña reflete uma realidade do cinema brasileiro: porque a administração de complexos e salas é um negócio muito regionalizado. “Nem mesmo a Cinemark, líder de mercado no país, consegue ter uma atuação nacional”, afirma Acuña. Essa realidade, torna a execu- ção da estratégia da Cinépolis de expandir em todas as regiões do país um pouco mais complexa. “Mandar milho para pipoca para São Luis e para Caxias do Sul é muito mais difícil do que se eu só tivesse cinemas no Rio e em São Paulo”, diz Acuña. O Dimensões do Brasil dificultam até mesmo questões simples, como o envio de milho para fazer pipoca executivo aponta que, além da logística e da seleção de filmes, as distâncias culturais e geográficas obrigam trabalhos diferentes de marketing e até a escolha de um mix distinto para a bonbonniére. “Temos que fazer isso, mas manter nosso padrão.” Participação CURTA-METRAGEM Mercado no país está aquém de outros países PAÍS CINEMAS HABITANTES CINEMAS POR MIL/HAB O BRASIL TERIA EUA 39 mil 310 milhões 0,12 8,5 mil MÉXICO 5,0 mil 113 milhões 0,04 BRASIL 2,3 mil 192 milhões 0,01 CINEMAS SE SEGUISSE A PROPORÇÃO MEXICANA Fontes: Cinépolis e Nato Os esforços para regionalizar a atuação da Cinépolis já começaram a surtir os primeiros resultados. “Mesmo sendo novos no mercado, já nos consolidamos em cidades como Blumenau e Belém, onde estamos próximos dos 65% de market share”, afirma Acuña. “O desafio é ganhar espaço em São Paulo, onde a concorrência se estabeleceu muito antes.” ■ Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 17 EMPRESAS Julia Moraes/Folhapress PESQUISA RIO GRANDE DO SUL Adesão à computação na nuvem deve dobrar nos próximos três anos, indica estudo 5R Shoppings Centers e Pedra Branca investem RS$ 140 milhões em shopping O número de empresas que migrarão suas infraestruturas de tecnologia para computação na nuvem dobrará nos próximos três anos, segundo estudo da IBM. Um dos principais fatores que levará a isso será a necessidade de revitalização dos atuais modelos de negócios, porque as organizações estão se preparando para os desafios trazidos pelos grandes volumes de dados. A 5R Shopping Centers e o Grupo Pedra Branca investiram R$ 140 milhões no lançamento do primeiro shopping center da cidade de Alvorada (RS), que tem população superior a 200 mil pessoas. O empreendimento também atenderá os moradores da zona norte de Porto Alegre e contribuirá para o crescimento da economia local, gerando mil empregos diretos e 1,5 mil indiretos. Marcos Michael/Folhapress Hankook derrapa, mas mantém plano de fábrica no Brasil Montadora coreana de pneus acelera para sair da lanterna e ganhar 6% do mercado dominado por Goodyer, Pirelli e Michelin Ferreira, da Vale: apetite menor da China reduz ritmo dos negócios Michele Loureiro, de Seul* mloureiro@brasileconomico Para ganhar duas posições e ser a quinta maior fabricante de pneus do mundo até 2015 a receita da Hankook Tire inclui o fortalecimento da operação brasileira. Mesmo assumindo certo atraso diante da relevância do país, a companhia sul coreana vai dobrar a rede de lojas e pretende abrir um centro de distribuição no país para facilitar as importações. Uma fábrica em território nacional também está nos planos. O objetivo da Hankook é deter 6% do mercado brasileiro em três anos, o que significa vender cerca de 4 milhões pneus. A meta é ousada e requer praticamente quadriplicar as vendas previstas para este ano, de 1,1 milhão de unidades. O foco da empresa é em pneus para veículos de alta performance, como Audi e BMW, mas clientes como Ford, General Motors, Kia e Hyundai também entram na lista. Tempo perdido Apesar do inegável potencial do mercado brasileiro de veículos, quarto maior do mundo, a Hankook admite que a lição de casa não está em dia. A companhia vende pneus no país desde 1994 e nunca se posicionou de forma contundente. “Sabemos que estamos atrasados, mas só agora optamos por focar em países emergentes. Nossa estratégia sempre foi voltada para Europa, Ásia e América do Norte, mas o Brasil é um mercado que requer atenção especial”, afirmou o CEO mundial da empresa, John Suh. Depois da derrapada e da falta de estratégia para um crescimento mais estruturado, a Hankook quer recuperar o tempo perdido. O primeiro passo é ampliar a rede de distribuição dos pro- NA PISTA Mercado de pneus no Brasil PRODUÇÃO EM 2011, EM UNIDADES 66,9 milhões 2,5% EXPECTATIVA DE CRESCIMENTO EM 2012 Fábricas instaladas 15 Empregos diretos 26,2 mil Investimentos da indústria R$ 5 bilhões nos últimos 5 anos Fontes: Anip e IBGE dutos. A sul coreana encerrou 2011 com 124 lojas credenciadas no Brasil. O número deve chegar a 220 neste ano e a 400 até 2015. As regiões Sul e Sudeste devem concentrar a maior parte da rede. A sete chaves O investimento total na ampliação da rede não foi divulgado, porém cerca de R$ 30 mil são aportados em cada unidade, uma vez que as revendas são terceirizadas e os proprietários também arcam com parte dos custos. Sendo assim, a empresa terá de desembolsar pouco mais de R$ 8 milhões para ampliar a rede até 2014. Todos os pneus da Hankook vendidos no país são trazidos da Coreia do Sul por importadores independentes. A fim de ganhar escala, padronizar o negócio e auxiliar seus distribuidores com os trâmites de importação, a Hankook planeja a construção de um centro de distribuição no Brasil. Desta forma, a companhia passaria a ser importadora de seus produtos. Porém, mesmo com a disposição de crescer no Brasil, a companhia ainda não definiu data, nem local para a construção do depósito com capacidade de armazenagem de cerca de 100 mil unidades. Apesar dos planos poucos concretos da companhia, Suh garante que o Brasil vai impulsionar os números da empresa. Mercado de peso Atualmente a América do Sul responde por 6% dos negócios, sendo o Brasil o maior responsável pelo desempenho, com vendas anuais de US$ 80 milhões. “Uma fábrica passa a ser viável quando o valor atingir entre US$ 400 milhões e US$ 500 milhões”, disse o CEO sem falar em previsão de data. Enquanto todas as principais concorrentes da Hankook — Bridgestone, Pirelli, Michelin, Continental, Goodyear e Sumitomo — já tem, ou estão construindo fábricas no Brasil, o executivo afirmou que a presença de uma unidade local não é sua principal preocupação e disse que aposta na qualidade de seu produto para atrair o consumidor nacional. O preço, segundo ele, fica em segundo plano. Mesmo assim, Suh afirmou que a Hankook não vai repassar o aumento de preço em decorrência da variação cambial, pelo menos em um primeiro momento. Outra medida anunciada pelos coreanos foi o investimento de US$ 360 milhões em pesquisa e desenvolvimento de produtos. A verba que deve ser gasta este ano entre os cincos centros de tecnologia global — localizados na Coreia do Sul, Japão, China, Estados Unidos e Alemanha — vão garantir uma poderosa arma na competição com as rivais já estabelecidas. Com os pneus sob medida para regiões específicas, como é o caso do Brasil, a Hankook espera um salto de 2,6 pontos percentuais de participação do mercado brasileiro ainda este ano. ■ *A repórter viajou a convite da empresa Vale pode sair da área de petróleo Mineradora contrata Bank of Nova Scotia e o Citigroup para vender ativo de cerca de US$ 1 bi Redação Pé no freio [email protected] Algumas siderúrgicas chinesas adiaram a entrega de minério de ferro pela Vale e por outras mineradoras em decorrência do fraco mercado de aço, e os produtores ainda preveem mais queda nos preços. A decisão reflete o menor apetite do país que mais consome minério de ferro no mundo e que é um grande mercado de outras commodities, em meio à instabilidade na economia mundial que obrigou a BHP Billiton a frear os planos de investir US$ 80 bilhões. “Estamos adiando embarques de uma grande mineradora porque agora ninguém tem estímulo para comprar cargas programadas para chegar em junho”, disse o representante comercial de uma siderúrgica chinesa de médio porte. ■ Bloom- A Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, e sob o comando de Murilo Ferreira, contratou o Bank of Nova Scotia e o Citigroup Inc. para vender seus ativos de petróleo no Brasil, de acordo com três pessoas familiarizadas com o assunto. Os campos de exploração da mineradora podem valer até US$ 1 bilhão, disse uma das fontes. Um representante do Citigroup em São Paulo, que pediu para não ser identificado em obediência à política interna, se negou a fazer comentários. Representante da Vale no Rio de Janeiro não tinha uma resposta imediata quando contatado pela Bloomberg News ontem. O porta-voz do Scotiabank, Joe Konecny, também não se pronunciou sobre o assunto. berg com Reuters AQUISIÇÃO AgilentlevaDakoporUS$ 2bi A Agilent Technologies comprou por US$ 2,2 bilhões a companhia dinamarquesa de diagnóstico de câncer Dako, do grupo sueco de private equity EQT, em sua maior aquisição. O valor foi considerado alto pelos analistas de mercado. A fabricante de equipamentos de teste de eletrônicos, que se separou da Hewlett-Packard em 1999, vem crescendo no mercado de diagnósticos. Em 2009, a empresa comprou a companhia de análises biológicas Varian por US$ 1,5 bilhão. “A estratégia da Agilent em comprar a Dako é fortalecer a presença no campo de ciências da vida e fazer a receita crescer”, disse o presidente da fabricante, Bill Sullivan. ■ Reuters 18 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 EMPRESAS Divulgação JUSTIÇA PROMOÇÃO Activision Blizzard e Electronic Arts chegam a acordo por fim de processo Technos escala o tricampeão do vôlei Giba para campanha do Dia dos Namorados A Activision Blizzard e a arquirrival Electronic Arts chegaram a um acordo para encerrar o processo em que a primeira acusava dois ex-executivos de romper as relações com ela para desenvolver jogos para a segunda. Jason West e Vincent Zampella desenvolveram o jogo “Call of Duty" original e diversos títulos da série, e pediram US$ 36 mi em direitos autorais. Foram processados em US$ 400 mi. Reuters Giba, tricampeão mundial pela Seleção Brasileira de Vôlei, é estrela da nova campanha da Technos para o Dia dos Namorados. Aos 35 anos, Giba se prepara para a disputa nos Jogos Olímpicos de Londres. Ao ser convidado para a campanha da Technos, o atleta espelhou sua carreira com a história da empresa: “Conquista é ser coroado pelo trabalho digno que se fez, é dedicação”, disse. Sem Alcatel-Lucent, a Genesys inicia nova etapa Companhia de software para call center busca presidente no Brasil, que terá como meta ampliar receita com serviços; país responde por 60% dos negócios na América Latina ELETRÔNICOS Toshiba quer dobrar lucro operacional Empresa vai expandir área de infraestrutura e está mudando a divisão de produtos de consumo Rodrigo Capote Carolina Pereira [email protected] Em meio a sucessivos prejuízos, a Alcatel-Lucent resolveu, no ano passado, se desfazer de um de seus negócios para concentrar seus esforços no mercado de redes. A Genesys, companhia de software para call center, foi então vendida para o fundo europeu de private equity Permira por US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 2,9 bilhões) e iniciou uma nova fase. Agora, a empresa inicia o processo de separação da Alcatel-Lucent e procura um executivo para comandar a operação no Brasil. Segundo o vice-presidente para América Latina, o americano John Carr, até fevereiro a operação brasileira vinha sendo comandada por um profissional da Alcatel-Lucent, Naldo da Silva. Agora, com a separação dos negócios, o novo presidente terá a missão de ampliar a receita vinda da área de serviços no país, que hoje representa 13% do total. O foco são os grandes clientes que a companhia já possui, entre eles Santander, Vivo e Nextel. Com essa estratégia a Genesys tem a meta de crescer 30% neste ano na América Latina, em meio à nova fase. A empresa tem faturamento global de US$ 500 milhões (aproximadamente R$ 1 bilhão) e o Brasil é responsável por 60% da receita da região comandada por Carr, que esteve nesta semana no país para o primeiro evento para clientes no Brasil após a venda da companhia. John Carr, da Genesys: empresa também vai apostar na produção de aplicativos móveis corporativos Para Carr, a separação da Alcatel-Lucent está sendo positiva. “Agora, podemos ficar totalmente voltados ao nosso negócio, não estamos mais ligados à área de redes”, afirma. Por conta da mudança de controle, a equipe de da Genesys está, também, saindo do escritório da antiga dona, em São Paulo, para ocupar outro espaço no segundo semestre. Mobilidade Outra aposta de Carr para crescer na América Latina é a área de mobilidade. Como os telefones inteligentes, os aplicativos móveis estão se tornando pon- tos de contato entre empresas e clientes, e a Genesys quer se aproveitar dessa tendência. Segundo a empresa, nos países desenvolvidos, mais de 20% dos clientes com smartphones preferem utilizar os aplicativos de seus celulares para se comunicar com empresas de serviços financeiros, de viagens e de comunicações. Sistemas que permitem esta interação estão na mira da companhia. Este tipo de software permite, por exemplo, que por meio de um botão dentro da aplicação móvel os clientes possam solicitar assistência via voz, chat, SMS ou vídeo. ■ RAIO X Genesys foi vendida pela Alcatel-Lucent em 2011 VALOR DA VENDA US$ 1,5 bilhão A Apple vai enfrentar dificuldades para reduzir a dependência que tem da Samsung Electronics no fornecimento de compo- nentes eletrônicos, disseram analistas ontem, apesar das especulações de que começou a reduzir o uso de chips de memória Samsung. A Samsung perdeu 6% no valor de mercado, ou US$ 11 bilhões, após um veículo da im- prensa de Taiwan ter noticiado que a Apple tinha feito grandes encomendas de chips de memória dinâmica de acesso aleatório (DRAM, em inglês) à fabricante japonesa Elpida. A notícia alimentou preocupações entre os investidores da No ano fiscal 2015/2016, japonesa prevê alcançar lucro líquido de US$ 5,6 bilhões ATUAL CONTROLADORA: PERMIRA RECEITA ANUAL US$ 500 milhões Atuação 80 países Clientes 2 mil Fonte: empresa Elpida não garante liberdade da Apple em relação à Samsung Fabricante japonesa não tem capacidade para abastecer sozinha toda a demanda A Toshiba planeja mais que dobrar seu lucro operacional anual em três anos, para US$ 5,6 bilhões, por meio da expansão de suas atividades de infraestrutura social e de maiores vendas de eletrônicos. O conglomerado japonês, cujas vendas de televisores vêm caindo no mesmo ritmo de outras concorrentes japonesas como Sony, Panasonic e Sharp, vem sendo beneficiado pelo forte desempenho do iPhone, da Apple, equipado com chips de memória flash Nand feitos pela Toshiba. A companhia é a segunda maior fabricante mundial de chips de memória Nand, atrás da Samsung Electronics, e previu US$ 8,7 bilhões em vendas desse produto no ano fiscal de 2015/2016. A Toshiba afirmou também que seu lucro operacional anual deve atingir os US$ 5,6 bilhões no ano que se encerrará em março de 2015, ante os US$ 2,5 bilhões registrados em março de 2012. Samsung de que a Apple deseja fazer da Elpida, concordatária, uma fornecedora muito mais importante. No entanto, o mercado não acredita em danos à Samsung. Isso porque a japonesa não tem capacidade produtiva além da atual. ■ Reuters A companhia suspendeu a produção de TVs LCD em suas fábricas japonesas, devido à queda de preços, acompanhando decisão semelhante da Hitachi. “Estamos estudando todas as áreas (do negócio de TVs), número de modelos, tamanho de telas, para reforçar essa divisão”, disse o presidente-executivo da Toshiba, Norio Sasaki. Ele acrescentou que a empresa estava mudando de foco e privilegiaria as economias emergentes e mercados de rápido crescimento, depois que a demanda doméstica por televisores caiu além do esperado. As vendas da divisão de eletrônicos da Toshiba devem chegar a US$ 2,4 bilhões em 2015/2016. ■ Bloomberg Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 19 Divulgação INTERNET VAREJO Essilor, dona da Varilux, lança aplicativo para tirar dúvidas de usuários de óculos da marca Sears reverte prejuízo e obtém ganhos de US$ 189 milhões no primeiro trimestre A multinacional francesa Essilor, fabricante das lentes Varilux e do anti-reflexo Crizal, está disponibilizando um aplicativo na Apple Store que tira dúvidas dos usuários de óculos da marca. Além de oferecer aos consumidores a oportunidade de experimentar diferentes soluções para vista cansada, o aplicativo permite ainda que a pessoa visualize as diferenças entre as lentes padrão e as lentes fabricadas pela empresa. A varejista americana Sears, controlada pelo fundo Edward Lampert, registrou lucro líquido de US$ 189 milhões no primeiro trimestre. No mesmo trimestre do ano passado, a companhia registrou prejuízo de US$ 170 milhões. As vendas das lojas instaladas no território americano e no Canadá foram de US$ 9,27 bilhões, uma queda de 2,8% em comparação ao ano passado. Portugal Telecom fatura mais com Oi Faturamento da operadora de telefonia dispara 97%, mas lucro líquido cai pela metade e atinge ¤ 56,5 milhões no 1º trimestre Chris Ratcliffe/Bloomberg A Portugal Telecom, maior empresa de telecomunicações de Portugal, disse que sua receita do primeiro trimestre disparou 97% graças à conquista de clientes no Brasil. As vendas saltaram para ¤ 1,72 bilhão, quase o dobro em relação aos ¤ 871 milhões no mesmo período do ano passado, disse a companhia, comandada por Zeinal Bava, em comunicado. O lucro líquido caiu cerca de 57% para ¤ 56,5 milhões. O grupo comprou uma participação na Oi em março de 2011, após vender sua fatia na controladora da Vivo Participações por ¤ 7,5 bilhões à espanhola Telefónica. A consolidação da Em Portugal, a receita da operadora de telefonia teve queda de 5,2% entre janeiro e março Oi, maior operadora de telefonia fixa do Brasil, ajudou a elevar a receita da Portugal Telecom no primeiro trimestre, que também acabou superando as estimativas do mercado, de acordo com especialistas. Perdas em Portugal O balanço veio “bem acima das estimativas, com os negócios domésticos marginalmente aci- ma e a principal surpresa decorrente de uma melhora nítida na Oi”, disse Ivon Leal, analista do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, em relatório. “A reviravolta na Oi permanece como principal desafio”. O grupo de telefonia português aposta no Brasil para conter a desaceleração da economia de Portugal, a qual o governo prevê que irá encolher 3% neste ano. A receita em Portugal caiu 5,2% no trimestre, informou a Portugal Telecom. As ações da Portugal Telecom acumulam queda de 10% neste ano, colocando o valor de mercado da companhia em ¤ 3,6 bilhões. ■ Bloomberg Bava, da Portugal Telecom: ações já perderam 10% neste ano 20 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Muito obrigado pela presença de todos. Foi show de bola. o m u is l R a r B Realização: Apoio: Patrocinadores: a p o C à Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 21 CRIATIVIDADE & MÍDIA US$ 142 milhões Editora: Eliane Sobral [email protected] Ministério do Turismo de Israel quer publicitários brasileiros Rodrigo Capote Cláudia Bredarioli [email protected] O diretor-geral do Ministério do Turismo de Israel, Noaz Bar Nir, veio ao Brasil para lançar uma campanha que incentive os brasileiros a conhecerem seu país. Para isso, o Ministério — por meio de seu consulado em São Paulo — está em processo de seleção da agência publicitária que irá desenvolver uma campanha para divulgar o turismo israelense. A intenção é duplicar a quantidade de pessoas transitando entre o Brasil e Israel até 2014, passando dos atuais 60 mil (segundo dados de 2011), para cerca de 120 mil. “Quem conhece Israel gosta e quer voltar. Mas ainda temos uma barreira a ser vencida em relação à imagem de violência do país no exterior. Muitos acham isso, apesar de Israel ser muito seguro”, afirma o representante israelense. Só que, no caso brasileiro, essa não é a principal dificuldade a ser superada. Por isso Bar Nir esteve no Brasil também para tentar negociar com as companhias aéreas locais o interesse em passar a oferecer um voo direto ligando os dois países. Ele conversou com executivos da TAM e da Avianca. “Mas eles enfrentam a mesma questão de ter outras prioridades, como aconteceu com a El Al, quando decidiu interromper o voo que operava para São Paulo com o objetivo de utilizar a aeronave em linhas para os Estados Uni- dos”. Ele explica que a decisão, porém, não foi motivada por falta de demanda, já que o voo tinha ocupação média superior a 80%. Segundo o Ministério do Turismo de Israel, o Brasil passou a ser mercado prioritário para a divulgação do turismo em Israel. De acordo com o MTur israelense, o turista brasileiro fica entre 7 e 12 dias no país e gasta cerca de US$ 1,3 mil por estada — exceto com a parte aérea. ■ Master recompra os 49% das ações da WPP O publicitário Antonio Freitas, presidente da Agência Master, deu um grande passo para ser uma das maiores agências independentes no país, e acaba de finalizar a operação de retomada do controle e compra de 49% das ações da WPP, maior grupo publicitário do mundo. Agora, a Master, que vai colocar seus holofotes em São Paulo e concentrar as energias na mudança da marca, que inclui na sociedade três reconhecidos publicitários já atuantes na agência: o vice-presidente de planejamento Marcelo Romaniewicz, o vice-presidente de criação Flavio Waiteman e o vice-presidente de atendimento Kiko Vicente. Os dois primeiros emprestam seus sobrenomes à nova marca da agência: Master Roma Waiteman. Cuba acusa EUA de roubar Havana Club Cuba acusouontem os Estados Unidos de “roubarem” sua icônica marca de rum Havana Club, após o veredicto da Suprema Corte americana que rejeitou um recurso apresentado pela francesa Pernod Ricard contra a americana Bacardi, em uma disputa entre os dois grupos pela posse da marca. PARA LEMBRAR NO MUNDO DIGITAL Bocão transformou a gelatina Royal em referência Facebook é a queridinha dos consumidores Daniel Acker/Bloomberg Um levantamento realizado pela OH! Panel, a pedido do MercadoLivre, em razão da celebração do Dia Mundial da Internet, mostrou ontem que as redes sociais fazem com que mais de seis, em cada dez brasileiros, passem uma parte de seu tempo em frente à tela de seu computador, tablet ou smartphone. A rede favorita, com sobras, é o Facebook, que arrebanha 96,7% dos entrevistados. Em segundo lugar, aparece o Orkut (67,6%) e, em terceiro, o Twitter (48,4%). VAIVÉM ➤ ● Qualquer telespectador que tenha hoje mais de 30 anos se lembra do personagem Bocão acompanhado do jingle “Abre a boca, é Royal”, da Nabisco, que se tornou referência no segmento de gelatinas. Em 2000, a Kraft Foods comprou a fabricante, e com ela, a marca que virou referência com a entrada do personagem que deu mais força à iniciativa, porque pretendia mostrar como é divertido para as crianças comer gelatina. CARLOS ALBERTO VILELA Diretor de planejamento da TV1.com, do Grupo TV1 O braço digital do Grupo TV1, agências de comunicação brasileira, tem um novo diretor de planejamento para a TV1.com. O executivo Carlos Alberto de Almeida Vilela, que acaba de chegar à agência. Cazou Vilela, como é conhecido, terá o desafio de de integrar, não apenas as ações da TV1.com, como os planejamentos das outras cinco agências que compõem o grupo, além de atuar de forma integrada com os núcleos de mídia e mídias sociais. foi o valor investido pelo bilionário Warren Buffett na quase totalidade dos jornais da Media General, sediada em Richmond, na Virgínia. A empresa, adquirida pela BH Media Group, subsidiária da Berkshire Hathaway, de Buffett, opera várias plataformas de mídia, principalmente no sudeste dos EUA. COM A PALAVRA... ...DENIS SANTINI Professor do núcleo de varejo da ESPM Fotos: divulgação Criatividade lá fora e aqui Sempre que viajo gosto de olhar o que acontece lá fora, percebi que estamos encurtando a distância entre o que há de mais atual e o que acontece aqui, mas ainda temos que ousar mais. Duas coisas me atraíram nessa viagem: uma pop up store e uma ação dentro do hotel onde fiquei hospedado. Pop up Store, ou seja: lojas temporárias onde as marcas ousam para aproximar o consumidor. Na Cidade do México, uma marca de tequila, estava numa pop up store, reparei nos detalhes, que vão desde uma equipe bem treinada para falar e servir os produtos no bar dentro da loja. Feita por um arquiteto, 2.700 garrafas formavam as paredes da loja, destaque para as marcas presentes e produtos à venda, 15 marcas nacionais e internacionais, mostrando como querem ser vista pelos seus consumidores e quem querem atingir. Como já falamos, não é novidade, entretanto faz a diferença o contato do consumidor com a marca e também um local onde se pode ousar, experimentar e, se bem estruturado, podem-se levar boas lições às lojas tradicionais. Outro fato que chamou atenção foi no hotel, novamente o marketing atuando. Na entrada a pessoa que nos apresentava o local nos presenteou com uma tequila e junto, além de um texto contando a historia da bebida, havia uma serie de potinhos de degustação para acompanhar a bebida. No Brasil vejo poucas ousadias, quando são feitas fica a sensação de que faltou atenção aos detalhes e interação do consumidor. E você lojista, o que tem feito para que seus clientes compartilhem experiências com a sua marca? 22 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 CULTURA Documenta, de Kessel, começa em junho 2 A mais importante exposição de arte contemporânea do mundo reúne na Alemanha obras de 150 artistas, de 55 nacionalidades Cintia Esteves 1 [email protected] Faltam poucos dias para o início daquela que é considerada uma das mais importantes exposições de arte contemporânea do mundo. A Documenta acontece a cada cinco anos na cidade de Kassel, na Alemanha, e sua 13o edição começará em 9 de junho. Durante cem dias, os visitantes terão acesso a obras de 150 artistas entre pinturas, esculturas, instalações, fotografias e filmes. A grandiosidade do evento se percebe pelo tempo que ele tem para ser organizado: cerca de quatro anos. E seus coordenadores gostam de brincar com este longo prazo para criar expectativa junto ao público. Um exemplo disso foi o evento organizado em 2010 para plantar uma árvore ao lado da escultura de bronze do italiano Giuseppe Penone. Quando a exposição começar, é bem provável que a árvore esteja próxima a altura da obra, que imita uma árvore. O evento vai além da arte. Explora outros campos do conhecimento como política, literatura, filosofia e ciência. “A importancia da Documenta está justamente no fato de conseguir fazer reflexões importantes sobre diversas áreas”, diz Sonia Regis Barreto, professora de artes da O evento vai além da arte. Explora outros campos do conhecimento como política, literatura, filosofia e ciência Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP). No campo da ciência, um dos destaques é o trabalho da dupla Guillermo Faivovich e Goldberg Nicolás. Desde 2006, eles vem trabalhando em um livro sobre uma chuva de meteoritos que ocorreu há quatro mil anos na Argentina. Em 1962, um fragmento de massa de rocha de 800 toneladas, apelidado de “El Taco”, foi descoberto por um fazendeiro argentino e depois recuperado por cientistas americanos e argentinos. “El Taco” acabou sendo dividido pelos estudiosos em duas partes. Uma foi para o Planetário de Buenos Aires e outra para o Smithsonian Institution, em Washington. Em 2010, Faivovich e Nicolás, reuniram as duas partes em uma exposição em Frankfurt. E é a continuação desta intensa pesquisa da dupla que será apresentada na Documenta. As obras da exposição estarão espalhadas por diversas localidades de Kassel. Entre elas uma antiga estação de trem, hoje transformada em espaço cultural. ■ 3 1 O palácio Orangerie, no parque Karlsaue, será um dos locais da exposição; 2 Técnico do Smithsonian Institution ao lado de “El Taco”, em 1965; 3 Escultura em bronze e pedra, do artista Giuseppe Penone Flip faz homenagem a Drummond de Andrade A décima edição da Festa Literária Internacional de Paraty começa em 4 de julho A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) chega à 10ª edição. De 4 a 8 de julho, 40 escritores vindos de 14 países se reúnem na cidade para cinco dias de programação. O homenageado desta edição será o escritor, poeta e cronista Carlos Drum- mond de Andrade. Cultuado pela diversidade de sua produção, Drummond está intimamente ligado ao conceito da Flip, que não privilegia um estilo, uma forma de expressão literária ou uma mídia em especial. O poeta ganhou notoriedade com a poesia, mas sua produção também abrange a prosa, com crônicas, contos e livros infantis. Ativo até sua morte, Drum- mond abordou o cotidiano das pessoas, a política nacional e internacional, os problemas sociais e a filosofia, inventando formas de dizer o simples. Outros três grandes nomes da produção literária atual, Jonathan Franzen, Jennifer Egan e Le Clézio, ajudam a compor a programação. Franzen é autor de Liberdade, um dos livros mais comentados de 2011. Já Egan venceu no ano passado o prêmio Pullitzer de ficção com seu A Visita Cruel do Tempo, narrativa sobre o universo do rock. Esta será sua pela primeira vez no Brasil. O francês Le Clézio, dono de uma escrita marcada pela sensualidade, é o quinto prêmio Nobel a participar da festa que já recebeu Orhan Pamuk, Toni Morrison, Nadine Gordimer e J.M. Coetzee. A sele- ção de autores brasileiros constitui uma amostra do bom momento vivido pela ficção nacional. Rubens Figueiredo, Francisco Dantas e João Anzanello Carrascoza estão entre eles. Os ingressos para a Flip começam a ser vendidos no dia 4 de junho pela internet, por telefone e nos pontos de vendas oficiais. Para informações acesse: www. flip.org.br. ■ Redação Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 23 Fotos: Divulgação Feambra inaugura sede na capital paulista Esta semana, a Federação de Amigos de Museus do Brasil (Feambra) inaugurou sua nova sede na capital paulista. O objetivo da entidade é abrir sua nova casa para que os amantes de arte e cultuira se reunam para trocar informações, realizar exposições, organizar e participar de cursos, entre outras atividades. O espaço foi idealizado pelo advogado, e apreciador de artes Marcelo Nascimento, sócio do escritório Braga Nascimento & Zílio Anote o endereço: Rua Estados Unidos, 1.078. As possibilidades da fotografia contemporânea em exposição Com curadoria de Eder Chiodetto, a galeria Sim, de Curitiba, realiza mostra na qual artistas falam da história da foto através de trabalhos que misturam pintura, vídeo, colagem e até saquinhos de chá Divulgação A mostra Inventário da Pele - Fotografia Contemporânea Brasileira, em cartaz até 2 de junho na Galeria Sim, em Curitiba, exibe o trabalho de artistas que revisitaram a história das técnicas de ampliação. Os nove convidados expandiram o território de possibilidades da fotografia, dando a elas mais expressão. “A exposição investiga o legado da fotografia, os avanços técnicos e conceituais dessa linguagem. A palavra ‘pele’, que está no nome da mostra, é a metáfora da superfície, da película, da epiderme da fotografia”, diz o curador Eder Chiodetto. Apesar de todos os artistas seguirem um tema em comum, os trabalhos reunidos na mostra não assumem uma postura coletiva. Como afirma o curador, “o ponto de partida da mostra se torna um campo fértil para pontos de vista particulares”. Entre os destaques da mostra está o trabalho de corte e colagem de Cássio Vasconcellos e de Julia Kater. Também chama atenção as séries de daguerreótipos (imagens feitas com uma técnica bastante rudimentar de fotografia, sem negativos) de Cris Bierrenbach, além das ampliações artesanais feitas por Kenji Ota. Mas a exposição não gravita apenas em torno das fotografias. Ela também aborda outras linguagens, como nas obras de Tony Ca- O visitante poderá conferir uma coleção de daguerreótipos, técnica rudimentar de fotografia criada no século XIX margo e Romy Pocztaruk, baseadas na pintura e em vídeo, respectivamente. Há também o trabalho de Rosângela Renno, com imagens impressas em chapas de aço inoxidável, as quais mostram pessoas segurando retratos de parentes desaparecidos. Outra obra de destaque da mostra é a série de dobraduras realizadas com papel fotográfico expostos à luz, de Cristiano Lenhardt. Leticia Ranzani completa o grupo de artistas da exposição com delicadas paisagens impressas em saquinhos de chá usados. ■ Redação SERVIÇO Inventário da Pele Al. Presidente Taunay, 130A, Curitiba (PR) De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h. Aos sábados, das 10h às 16h. Entrada gratuita Informações: (41) 3322-1818 “Autorretrato”, de Cris Bierrenbach, daguerreótipo (18 x 13 cm) ESTREIAS - CINEMA LIVRO HISTÓRIA Obra fala de Vargas e Roosevelt Que razões levaram Franklin Roosevelt, o presidente da maior democracia do mundo, sair de Casablanca, no Marrocos, em plena II Guerra Mundial, sobrevoar um oceano infestado de submarinos alemães, para se encontrar no Brasil com o presidente da maior ditadura da América Latina? Do outro lado do Altlântico, que razões levaram Getúlio Vargas a abandonar o filho caçula à beira da morte, o governo com ministros militares prónazistas, para uma reunião sercreta com Roosevelt no Rio Grande do Norte, encontro este que nem mesmo sua mulher, Darcy Vargas, tinha conhecimento? Baseado em uma vasta pesquisa histórica, Roberto Muylaert relata em 1943, Roosevelt e Vargas em Natal, da editora Bússola, um dos mais importantes — e até então esquecidos — capítulos da história do Brasil: o encontro de Roosevelt com Vargas, em 28 de janeiro de 1943, na base aérea de Parnamirim, em Natal. Tratado como segredo de Estado e assunto de segurança nacional, a conferência Potengi, como foi posteriormente chamada, selou de vez a parceria entre Brasil e Estados Unidos numa teia de relações políticas e econômicas que ecoam até os dias de hoje. ■ Redação EXPOSIÇÕES Gibson no policial “Plano de Fuga” Cusack vive escritor Museus paulistas em “O Corvo” com entrada grátis “Plano de Fuga” começa com uma perseguição na fronteira entre o México e os Estados Unidos, em que o motorista (Mel Gibson ) e seu comparsa, que está ferido, estão vestidos de palhaços. Como não estão fugindo de um circo, logo fica claro que eles têm problemas com a lei. Como estão com uma mala com dinheiro, a conclusão é óbvia: assaltaram um banco e tentam fugir para o México, como faziam ladrões do velho Oeste. Mas o pesadelo da fuga, que culmina com a morte do ferido, está longe de acabar. O motorista é levado para uma prisão onde se dá conta de que é alvo de uma engrenagem corrupta, na qual policiais, diretores do presídio e os próprios bandidos operam em uma parceria criminosa. O mais estranho, como nota um funcionário do consulado norte-americano, é que o tal motorista não fichado. Os policiais que o prenderam creem que ele tenha escondido mais que dinheiro confiscado por eles. ■ Reuters “O Corvo” se passa no século XIX. O filme começa pouco antes da morte de Poe (John Cusack), encontrado em estado catatônico em um parque de Baltimore. Ele é um escritor famoso, de personalidade difícil, viciado em álcool e com problemas financeiros. No momento, sua preocupação é com a produção de obras mais introspectivas, mas o editor de um jornal sensacionalista o pressiona a voltar a escrever histórias de terror. O tema volta a interessá-lo quando ocorre uma série de crimes violentos, inspirados em suas histórias. Ele próprio é considerado suspeito, mas fica evidente a existência de um assassino em série que se inspira em seus livros. Poe começa a trabalhar com o detetive Emmett Fields (Luke Evans) na identificação do assassino, mas os resultados não são nada animadores. A tensão aumenta quando Emily (Alice Eve), uma linda jovem por quem Poe está apaixonado, é raptada. ■ Reuters Para comemorar o Dia Mundial dos Museus, a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo preparou um presente especial para os amantes de história e arte. Hoje, a entrada em museus mantidos pelo governo paulista é gratuita. A ação faz parte do projeto Cosmópolis: em São Paulo cabe mundo, criado para celebrar a data. A programação vai até domingo, dia 20 e está recheada de de exposições e eventos. O Museu da Imigração preparou uma exposição virtual com depoimentos de moradores de diversas localidades da capital paulista. E o Museu da Imagem e do Som está promovendo uma oficina de fotografia. Já a Estação Pinacoteca exibirá uma mostra sobre a iconografia paulista. Além das programações temáticas, vale a pena aproveitar as visitas para conhecer (ou relembrar) as obras dos acervos permanentes das instituições. Para mais informações acesse: www.cultura.sp.gov.br. ■ C.E. 24 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 FINANÇAS Editora executiva: Jiane Carvalho [email protected] Subeditora: Priscila Dadona [email protected] BB quer disputar on-line cliente imobiliário de concorrente Governo estuda facilitar transferência de financiamento para imóveis por meio de banco de dados Murillo Constantino Simone Cavalcanti, de Brasília COMO FUNCIONA [email protected] Sob a determinação da presidente Dilma Rousseff de aumentar a concorrência no mercado para reduzir os juros nos empréstimos, o Banco do Brasil já estuda estender seu projeto de automação para a portabilidade de veículos, que entra em vigor no próximo dia 28, ao setor imobiliário. A ação pode ser facilitada pelas novas regras que estão sendo gestadas pelo Ministério da Fazenda no sentido de estabelecer uma espécie de banco de dados cadastrais de bens financiados, que abrangeria não apenas veículos, como existe hoje o Gravames — da Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) — como também de os imóveis com registros cartoriais. “Está sendo estudada uma questão operacional, um ajuste da medida para que a portabilidade funcione efetivamente”, diz uma fonte do governo. “É preciso haver um sistema integrado no qual todas as informações de bens e veículos estejam cadastradas para fazer um rápido processo de compensação.” Os integrantes do Ministério da Fazenda estão construindo as novas regras em conjunto com as associações do setor financeiro, como a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Pou- Migração permite busca por juro menor A transferência de uma dívida de um banco para outro é feita de forma gratuita e sem IOF Com ressalva: Renato Oliva, da ABBC, vê com receio sistema on-line para transferência de dívidas pança (Abecip), a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e Associação Brasileira dos Bancos Comerciais (ABBC). A expectativa do BB é que, com a informatização dos cartórios, essa plataforma possa se tornar viável e facilitar a troca de informações com todos os bancos que queiram angariar mais clientes no contexto atual de cruzada contra os juros altos. PORTABILIDADE EM BAIXA Volume de dívida transferida de banco a outro em relação à concessão total de crédito, em R$ bilhões MAR/11 ABR/11 MAI/11 JUN/11 JUL/11 AGO/11 SET/11 OUT/11 NOV/11 DEZ/11 JAN/12 FEV/12 MAR/12 CONCESSÃO TOTAL DE CRÉDITO* PORTABILIDADE 180,10 173,70 190,4 187,61 178,02 196,62 185,57 181,64 194,95 205,32 181,20 170,50 201,64 0,471 0,209 0,412 0,247 0,361 0,513 0,347 0,325 0,373 0,379 0,384 0,285 0,265 Fonte: Banco Central PARTICIPAÇÃO 0,00 0,05 0,10 0,26% 0,12% 0,22% 0,13% 0,2% 0,26% 0,19% 0,18% 0,19% 0,18% 0,21% 0,17% 0 3% 0,13% 0,15 0,20 0,25 0,30 TOTAL DE OPERAÇÕES 31.737 28.574 32.563 28.804 30.106 37.924 34.154 28.747 30.646 28.891 27.358 21.034 32.801 “O cliente poderá fazer tudo por e-mail, por exemplo, e terá um prazo para realizar toda a transação”, explica outro técnico, lembrando que a medida ainda deve ser apreciada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O governo vê que, até hoje, as transferências de dívidas não têm deslanchado porque há muita burocracia envolvida e, em alguns casos, como o de imóveis, requer um gasto extra para o mutuário no momento da transação. Se uma pessoa quer transferir a dívida de um imóvel, atualmente, precisa ir no banco credor para pegar seu saldo devedor, passar a informação para a nova instituição com a qual vai se relacionar e, ainda, ir ao cartório pagar uma taxa para um novo registro. No caso de financiamentos de 30 anos, por exemplo, o desembolso pode até compensar de acordo com a redução da taxa de juros que a pessoa conseguir negociar. No de veículos ocorre o mesmo, sendo que a passagem tem de ser pelo Detran local para dar baixa no gravame. Se a dívida for transferida para o BB — por enquanto só de veículos — esse processo não será mais necessário. O novo correntista terá tudo resolvido automaticamente. Já para imóveis, pode demorar mais um pou- co. “Esse é um projeto que vislumbramos colocar em prática, mas depende também da regulação que está sendo estruturada”, diz o diretor Empréstimos e Financiamento do BB, Marcelo Lobuto. A portabilidade do crédito, que entrou em vigor em 2006, permite aos correntistas levar seu financiamento contraído em um banco para outro no qual obtenha juro menor em relação ao mesmo prazo. No entanto, à época, o Banco Central deixou a cargo do setor financeiro a operacionalização da medida e o processo não deslanchou (ver gráfico). A possibilidade de criar um sistema rápido para as transferências de dívidas entre as instituições causa certo receio. O presidente da Associação Brasileira dos Bancos Comerciais, Renato Oliva, não vê com bons olhos uma solução que passe pelo processo on-line. Segundo ele, é preciso dar às instituições a oportunidade de negociar as taxas de seus próprios clientes. Ele lembra que, para que o sistema mantenha a oferta de crédito contínua e crescente da forma que o governo deseja é preciso ter o que chamou de estabilidade de carteiras. “Se for dessa forma, não dará ao banco a chance de reter o cliente, o que acontece hoje com o atual procedimento”. ■ Os clientes de bancos têm o direito de transferir suas dívidas de uma instituição para outra de forma gratuita, sem incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da taxa de liquidação antecipada. Mas, para isso, é preciso fazer o pedido de portabilidade, pelo qual o banco é obrigado a liquidar o saldo devedor por meio de transferência de recursos pela nova instituição escolhida. Se, caso contrário, o próprio correntista fizer a quitação antecipada com recursos de outra instituição terá de pagar imposto e tarifa sobre a transação. A portabilidade permite a negociações para melhores condições dos juros dos empréstimos e pode ser de três modalidades: a cadastral, na qual o cliente transfere seus dados positivos e negativos para o próximo banco; a do salário na qual qualquer pessoa que receba pela empresa, mas não queira operar com aquele banco, pode pedir que transfira seu salário para o qual costuma ou gosta de trabalhar; e a do crédito, que são financiamentos contraídos em uma instituição e que podem ser levados para outra. De acordo com Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do Departamento de Normas do Banco Central, o banco não pode se negar a fazer essa operação de forma alguma. “O que ocorre é que o banco de origem pode convencer o correntista a ficar lá, desde que com uma taxa de juros melhor. E isso só por vontade própria do cliente. Não pode ser por qualquer impedimento que o banco esteja colocando”. ■ S.C. Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 25 Marcela Beltrão Ações da Redecard sugerem fracasso do Itaú Operadores estão aumentando apostas de que o Itaú Unibanco vai fracassar na tentativa de comprar as ações da Redecard no mercado. Na quarta-feira, os investidores tomaram emprestado 32 milhões de ações da companhia, uma indicação de que estão vendendo a descoberto, comparado a 6 milhões de ações em 27 de abril, quando a empresa revelou que a acionista Lazard Asset Management pediu uma nova avaliação da oferta do Itaú pelos 50% de participação que não detém na companhia. AGENDA ● Na Alemanha sai preços ao produtor, às 3 horas. ● No Brasil não está prevista a divulgação de nenhum indicador. Denis Doyle/Bloomberg Rombo no JP Morgan pode ser de US$ 3 bi Correntistas sacam US$ 1,3 bi de banco espanhol A estimativa é do The New York Times, o que representa 50% a mais do previsto anteriormente Falta de confiança dos clientes teria motivado a retirada dos recursos do Bankia, segundo o El Mundo; ontem ações do banco caíram 29,5% Andreas Framke e Harry Papachristo Reuters Correntistas do banco espanhol nacionalizado Bankia já sacaram cerca de ¤ 1 bilhão (US$ 1,3 bilhão) na última semana, em um sinal da pouca confiança na instituição, segundo o jornal El Mundo. As ações do banco chegaram a cair 29,5% no início do pregão de ontem, mas reduziam as perdas e encerraram valendo 14,08% menos. No mês de maio, os papéis já despencaram, 44,31% na bolsa de Madri. No entanto, o ministro adjunto da economia do país, Fernando Jimenez Latorre, negou ontem que os depósitos no Bankia estavam diminuindo. O novo chairman do banco, Jose Ignacio Goirigolzarri, disse que a atividade estava “basicamente normal” nos últimos dias. Na segunda-feira, clientes haviam sacado um total de ¤ 700 milhões de bancos gregos, que continuam sofrendo com a expectativa da chegada ao poder da esquerda radical e com os rumores de quebra que permeia os mercados. O governo espanhol assumiu o controle do Bankia no úl- Moody’s rebaixou o rating de 16 bancos da Espanha, incluindo o Santander, o maior do país timo dia 9 de maio, o quarto maior banco do país, na tentativa de minimizar as preocupações sobre a capacidade da instituição de lidar com as perdas relacionadas ao estouro da bolha imobiliária, culminada com a crise em 2008. Ontem, a agência de classificação de risco Moody’s anunciou o rebaixamento de 16 bancos espanhóis. O Santander está entre eles, por conta da fraqueza da economia e preocupação com o orçamento do governo. As reduções acontecem após o rebaixamento da nota de 26 bancos italianos no dia 14 de maio e o corte da dívida soberana da Espanha no dia 13 de fevereiro. Os principais motivos para o rebaixamento das notas dos bancos espanhóis são um aumento em empréstimos de má qualidade, a renovação da reces- Resposta: Goirigolzarri, do Bankia, nega queda nos depósitos são, acesso restrito a funding e uma habilidade reduzida do governo sustentar mutuários à medida que seu próprio crédito diminui, disse a Moody’s. Sem apoio O Banco Central Europeu (BCE) deixou de oferecer liquidez a alguns bancos gregos que não considera solventes, aumentando a preocupação internacional com a Zona do Euro depois que Atenas convocou novas eleições parlamentares, que deverão ser vencidas por partidos contrários às medidas de austeridade. Os temores de que Atenas esteja à beira de sair do bloco da moeda única europeia e causar uma nova crise financeira sacudiu os mercados mundiais e alarmou líderes globais, com a Grécia devendo ser o principal as- sunto na pauta da cúpula do Grupo dos Oito (G8), que reúne os sete países mais ricos e a Rússia, no final de semana. “A questão central não será a Grécia, mas a Espanha e a Itália”, diz o presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, na quarta-feira. Se a Grécia deixar a Zona do Euro, os efeitos em cascata podem ser muito prejudiciais e lembrar a época em que o Lehman Brothers entrou em colapso em 2008, espalhando pânico nos mercados financeiros globais. Ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que não vai retornar à Grécia para revisar o programa de empréstimo antes das eleições de 17 de junho, segundo o vicediretor de assuntos internacionais do organismo, David Hawley. ■ Com Bloomberg Fitch rebaixa Grécia e intensifica crise Elevado risco de o país ter que deixar a Zona do Euro foi a justificativa da agência de risco Rodrigo Campos e Luciana Lopez Reuters A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou ontem o rating de crédito da Grécia de B- para CCC, citando o elevado risco de o país ter que deixar a Zona do Euro. O fato de os políticos gregos não terem conseguido formar um governo destaca a falta de apoio público e político para um programa de austeridade, informou a Fitch em comunicado explicando a redução das notas de dívida de longo prazo da Grécia em moeda estrangeira e local. Se as eleições não resultarem em um mandato para um novo governo que continue com as medidas de austeridade, uma saída da Grécia da união monetária seria “provável”, completou a Fitch. “Uma saída grega provavelmente resultaria em default generalizado no setor privado, assim como em títulos soberanos denominados em euro, apesar de um peso moderado da dívida soberana após a reestruturação dos títulos do governo grego em março”, acrescentou em nota. Cada vez mais preocupados com o futuro da Grécia na Zona do Euro, credores estrangeiros e correntes políticas têm intensificado alertas para os riscos de corte na ajuda internacional ao país caso Atenas não consiga promover as reduções de gastos previstas no último pacote de resgate. A Fitch havia tirado a Grécia da zona de default em março, dando ao país um rating especulativo B-. A agência foi a primeira entre as principais a excluir o país desse território depois de uma troca da dívida que reduziu o montante devido por Atenas em quase um terço, em cerca de ¤ 100 bilhões. Esta havia sido a primeira vez que o rating da Grécia tinha registrado uma melhora desde o início da crise da dívida na Europa, no fim de 2009. No entanto, a agência observou na ocasião que havia risco significativo e material de default. ■ O prejuízo do JP Morgan Chase, maior banco dos Estados Unidos, pode ser 50% maior do que os US$ 2 bilhões estimados inicialmente, segundo noticiou ontem o jornal americano The New York Times. “Dentro de uma semana da divulgação das perdas, o prejuízo havia aumentado 50%”, afirmou a publicação. Com as informações, os papéis da instituição bancária despencaram 4,31% ontem na bolsa de Nova York. O JP e seus executivos estão sendo alvo de processos judiciais por conta das perdas bilionárias. Até a agência de inteligência dos Estados Unidos FBI, informou na quarta-feira que fará uma investigação contra o banco, por suspeita de fraude contra os investidores. Ontem, o pré-candidato republicano à presidência dos EUA, Mitt Romney, disse que os reguladores não devem necessariamente criar novas regras, por conta das perdas e erros do banco. Para o candidato Mitt Romney, esta não é uma perda dos contribuintes “Eu não teria pressa para aprovar uma legislação nova ou novo regulamento”, afirmou o candidato republicano. “Este é, no curso normal dos negócios, uma grande perda, mas certamente não aquela que está a prejudicar ou ameaçar a instituição.” Embora admita que os reguladores deveriam investigar para entender o que aconteceu no banco, Romney diz que a perda é um exemplo de capitalismo. “Esta não foi uma perda para os contribuintes dos EUA e, sim para os acionistas e donos do JPMorgan e é assim que funciona a América”, disse. “Se o JP Morgan perdeu US$ 2 bilhões, alguém ganhou.” O banco e o diretor presidente, Jamie Dimon, são alvos de dois processos por parte dos acionistas no tribunal de Manhatan. ■ Redação com agências 26 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 FATO RELEVANTE Divulgação Zurich tem novo diretor-presidente no país A Zurich Seguros, multinacional suíça e um dos três maiores grupos seguradores do mundo, designou o executivo Hyung Mo Sung para o cargo de CEO de Seguro Gerais no Brasil. Hyung Mo Sung ingressou na seguradora em setembro de 2011 como vice-presidente de Linhas Pessoais para a América Latina. Com graduação e mestrado em Economia, Sung tem quase 30 anos de experiência no mercado segurador, incluindo passagens pela Mapfre e pela Mitsui Sumitomo. Alexandre Rezende À frente da Itautec, Setubal dobra lucro e melhora governança Presidente do conselho de administração da companhia cria comitês de assessoramento, que auxiliam na tomada de decisão Vanessa Correia [email protected] À frente do conselho de administração da Itautec há pouco mais de dois anos, Ricardo Egydio Setubal, filho do banqueiro Olavo Setubal, imprimiu seu ritmo de trabalho e aprimorou questões ligadas à governança corporativa. A principal delas foi a criação de comitês de assessoramentos, que auxiliam o conselho de administração na tomada de decisões. O resultado foi o crescimento de quase 50% no lucro líquido em dois anos. Para Egydio Setubal — irmão do presidente do Itaú, Roberto Setubal — presidir um conselho vai muito além de coordenar encontros e assegurar que conselheiros recebam informações completas e tempestivas. Para ele, é preciso ser a interface entre o diretor-presidente e os acionistas, administrar “egos”, respeitar e atender individualidades, distinguir questões familiares de assuntos relacionados aos negócios, conhecer e respeitar seus próprios limites e administrar comportamentos conflituosos. “As reuniões do conselho de administração precisam ser equilibradas. Acredito que assuntos sensíveis devem ser discutidos previamente ao encontro”, aponta o executivo. Na sua gestão — que assumiu a presidência do conselho de administração em fevereiro de 2010 —, as ações da Itautec registraram desvalorização de 2,58%, desempenho bem melhor do que o Ibovespa que acumulou queda de 17,37% em igual período. Apesar de estar na holding Itaúsa desde 1982, assumir a presidente do conselho de administração da Itautec exigiu dedicação de Egydio Setubal, inclusive com a participação em cursos e palestras ministradas pelo Instituto Brasileiro VALOR DA ITAUTEC Desempenho das ações na bolsa de valores, em R$ 50,0 46,84 45,2 43,81 40,4 35,6 30,8 26,0 DEZ/09 MAI/12 Fontes: Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico de Governança Corporativa (IBGC). Hoje, o executivo também integra comitês e conselhos da Duratex, Elekeiroz e da própria holding. Impondo estilo Desde que chegou à empresa, Setubal criou grupos para ajudar o conselho de administração nas decisões. Ao todo são quatro comitês: de Pessoas e Governança, Divulgação, Estratégia e Auditoria e Gestão de Riscos, implementados nos últimos dois anos. “Isso representou a criação de uma nova governança na companhia”, diz o executivo. “O resultado foi muito positivo uma vez que as propostas levadas ao conselho de administração são debatidas previamente”, completa. O próximo passo é constituir um comitê de sustentabilidade — a Itautec recicla materiais usados em desktops e notebooks —, embora não haja prazo definido. “Nosso objetivo é sempre buscar as melhores práticas em governança corporativa”, diz. Os comitês se reúnem periodicamente, dependendo da relevância do assunto. O grupo de Pessoas e Governança auxilia os membros do conselho de administração na avaliação de competências e remuneração do próprio conselho e da diretoria. O comitê de Estratégia discute com os Ricardo Setubal: objetivo é buscar melhores práticas em governança administradores os planos estratégicos relacionados às áreas de atuação da empresa. O comitê de Divulgação, por sua vez, elabora a política de partes relacionadas. Por fim, o grupo de Auditoria e Gestão de Riscos avalia o resultado dos trabalhos das auditorias interna e externa. “Todas as empresas da holding Itaúsa, entre elas a Itautec, se preocupam com ques- tões relacionadas à governança. As mudanças partiram do banco Itaú para então serem disseminadas para as outras empresas do grupo”, afirma. Outra prática adotada pelo conselho é a autoavaliação. “Dedicamos os últimos cinco minutos do encontro para analisar o que pode ser melhorado para as próximas reuniões.” ■ DESEMPENHO DA EMPRESA Crise mundial deve impactar vendas este ano Valorização do dólar no mercado local pressionará margens, diz Egydio Setubal O presidente do conselho de administração da Itautec, Ricardo Egydio Setubal, acredita que a crise financeira mundial deve influenciar o ritmo de vendas de computadores este ano. “Começamos 2012 com a perspectiva de que o Produto Inter- no Bruto (PIB) crescesse 4%. Hoje, a expectativa é que a economia brasileira avance 3%, com a possibilidade de ser menor. Sendo assim, estamos vendendo mais se comparado ao ano passado, porém menos do que gostaríamos e teríamos capacidade de produzir. Isso é inerente ao nosso setor de atuação”, afirmou o executivo, durante evento promovido pelo Receita líquida somou R$ 1,5 bilhão em 2011. Segmento de computação foi responsável por 47% desse montante Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). A alta do dólar este ano, superior a 7%, também deve impactar as margens das empresas, segundo Egydio Setubal. “2012 será um ano no qual as empresas trabalharão com margens mais apertadas em função da valorização da moeda americana. Ou seja, será um ano bom, porém não tão positivo quanto projeta- do anteriormente”, completou o presidente do conselho da companhia. A receita líquida de vendas e serviços da Itautec totalizou R$ 1,5 bilhão em 2011, sendo o segmento de computação responsável por 47% desse volume. A empresa, que integra a holding Itaúsa, mantém uma rede de assistência técnica que atende 3,7 mil municípios. ■ V.C. Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 27 MERCADO BOLSAS Bovespa cai 3,3% com pressão externa A bolsa encerrou a sessão a 54.038 pontos, após a Grécia ter seu rating rebaixado pela Fitch. É o menor nível verificado em quase sete meses Danielle Assalve Reuters A Bovespa teve mais um dia de perdas generalizadas ontem e seu principal índice recuou ao menor patamar em quase sete meses, após a agência Fitch ter rebaixado o rating da Grécia, agravando o pessimismo dos mercados sobre os impactos de eventual saída do país da zona do euro. O Ibovespa amargou o oitavo pregão seguido de queda, caindo 3,31%, a 54.038 pontos. Foi a maior baixa diária desde 22 de setembro, quando a queda foi de 4,8%, e a menor pontuação de fechamento desde 20 de outubro, de 54.009 pontos. O giro financeiro do pregão somou R$ 8,35 bilhões. “Acho que é um movimento um pouco exacerbado, já virou um efeito manada”, disse Eduardo Dias, analista na Omar Camargo Corretora. “Ibovespa a 55 mil pontos já era exagero; a 54 mil pontos, então, nem se fala. Para mim já chegou em ponto de compra.” A crise política na Grécia e um possível contágio em países como Espanha e Itália segue impondo forte clima de cautela. Nesta tarde, a agência de classificação de risco Fitch panha e os dados mais fracos que o esperado nos Estados Unidos. Indicadores antecedentes Desempenho da bolsa no mês da atividade econômica nortede maio, em mil pontos americana tiveram queda pela primeira vez em sete meses. 62,5 Em Wall Street, o Dow Jones fechou em queda de 1,24%. O 60,8 principal índice dos mercados 61,82 acionários europeus encerrou 59,1 com baixa de 1,15%. Dentre as ações com maior 57,4 peso no Ibovespa, a preferencial da Petrobras devolveu os ga55,7 nhos da véspera e fechou em 54,04 queda de 4,46%, a R$ 18,43, en54,0 quanto a preferencial da Vale 30/ABR 17/MAI caiu 3,66%, a R$ 34,78. OGX reFontes: Economatica, BM&FBovespa cuou 5,59%, a R$ 10,97. e Brasil Econômico Papéis de bancos também se destacaram entre as baixas do rebaixou o rating da Grécia de pregão. Banco do Brasil recuou “B-” para “CCC”, citando o 4,9%, a R$ 19,40, e Bradesco elevado risco de o país sair da caiu 4,38%, a R$ 26,88. zona do euro. “Além da degradação das ex“Por mais que se fale que Grépectativas lá fora, soma tamcia está precificado, não está”, bém contra essa intervenção do disse Newton Rosa, economistagoverno na economia a mudanchefe na Sul América Investiça de discurso com relação aos mentos. “Essa questão assusta bancos, e isso não está agradaninvestidores e pode provocar, do muito aos investidores”, disem um primeiro momento, se Sérgio Machado, sócio-gesuma situação de retração dos tor da Vetorial Asset. fluxos de capitais de certa forApenas dois dos 68 ativos que ma comparável a 2008.” compõem o índice fecharam em Mais cedo, também pesou soalta: CCR Rodovias subiu 2,09%, bre os mercados a preocupação a R$ 15,62, e MRV Engenharia com a situação dos bancos na Esavançou 1,66%, a R$ 9,81. ■ EM QUEDA GENERALI BRASIL SEGUROS S.A. CNPJ/MF Nº 33.072.307/0001-57 – NIRE Nº 33.3.0000264-2 DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO MARCUS MARIA HUBERTI, alemão, casado, matemático, portador do documento de identidade de estrangeiro nº V815800-3, expedido pela DELEMIG/RJ, inscrito no CPF/MF sob o nº 061.733.367-07; DECLARA sua intenção de exercer cargo de direção na GENERALI BRASIL SEGUROS S.A., inscrita no CNPJ/MF sob o nº 33.072.307/0001-57, com sede na Av. Rio Branco nº 128, 7º andar, Rio de Janeiro/ RJ, e que preenche as condições estabelecidas nos Arts. 3º e 4º, da Resolução CNSP nº 136, de 7 de novembro de 2005. ESCLARECE que, nos termos da regulamentação em vigor, eventuais impugnações à presente declaração deverão ser comunicadas diretamente a Superintendência de Seguros Privados – SUSEP, no endereço abaixo, no prazo máximo de quinze dias, contados da data desta publicação, cumentação comprobatória, observado que o declarante poderá, na forma da legislação em vigor, ter direito a vista do respectivo processo. Rio de Janeiro, 16 de maio de 2012. MARCUS MARIA HUBERTI. SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS – SUSEP. Av. Presidente Vargas, nº 730, Centro, Rio de Janeiro - CEP: 20.071-900 MOEDAS Dólar fecha acima de R$ 2 pelo 3º dia consecutivo Piora nos mercados internacionais fez a divisa subir no fim da sessão O dólar voltou a subir e fechou a R$ 2 pelo terceiro dia consecutivo, com os sinais de agravamento da crise europeia, com bolsas ampliando perdas e o euro voltando a cair, que levaram os investidores a apostarem na depreciação do real. A moeda norte-americana encerrou com avanço de 0,23%, cotada a R$ 2,0061 na venda, a maior cotação desde 28 de maio de 2009, quando fechou em R$ 2,009. “O mercado continua muito volátil”, disse Hideaki Iha, operador da Fair Corretora de Câmbio e Valores. “Os problemas estão pegando fogo na Grécia, e a Espanha também está com problemas, mas o dólar está neste nível por causa das ações do governo.” O governo brasileiro já se pronunciou de que está satisfeito com o dólar neste nível. A moeda passou a subir apenas perto do fechamento da sessão, com a piora dos mercados internacionais. Mais cedo, oscilou e foi negociada abaixo de R$ 2. A moeda americana caía 0,2% no início da tarde, para R$ 1,9961. Durante o pregão, a divisa atingiu a mínima de R$ 1,98 e a máxima de R$ 2. Só ontem, os operadores começaram a apostar pela primeira vez que o Banco Central pode cortar a taxa básica de juros para menos de 8%. O governo, na visão do mercado, estaria mais preocupado em acelerar o crescimento econômico do que com os riscos do enfraquecimento do real sobre inflação. ■ Reuters e Bloomberg Energest S.A. CNPJ/MF: 04.029.601/0001-88 - NIRE: 35.300.180.526 Ata da Reunião da Diretoria Realizada em 20 de Abril de 2012 Data, Hora e Local: Realizada aos 20 dias do mês de abril de 2012, às 10:00 horas, na sede social da Energest S.A. (“Companhia”), companhia sem registro de capital aberto perante a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”), na Rua Bandeira Paulista, 530, 11º andar/parte, Itaim Bibi, na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, CEP 04532-001. Presentes: Sr. Luiz Otavio Assis Henriques - Diretor Presidente; Sr. André Luiz de Castro Pereira - Diretor; Sr. Álvaro Jorge Guerreiro de Sousa - Diretor. Ausente Justificadamente: Sr. Carlos Alberto de São José Cavaleiro - Diretor. Mesa: Dr. Luis Otavio Assis Henriques e Fabio William Loreti, que atuaram na qualidade de Presidente e Secretário dos trabalhos, respectivamente. Ordem do Dia: Aprovação do spread equivalente a 0,98% (noventa e oito centésimos por cento), conforme determinado em procedimento de coleta de intenções de investimento (“Procedimento de Bookbuilding”), que comporá a taxa de remuneração das debêntures da primeira emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única, da Companhia (“Debêntures”), para distribuição pública, com esforços restritos de colocação, nos termos da Instrução da CVM n° 476, de 16 de janeiro de 2009, conforme alterada, sob regime de garantia firme de colocação, aprovada pela Assembleia Geral da Companhia realizada em 14 de março de 2012. Deliberações: Os membros da Diretoria da Companhia, por unanimidade de votos e sem quaisquer reservas ou ressalvas, aprovaram o spread equivalente a 0,98% (noventa e oito centésimos por cento) que comporá a taxa de remuneração das Debêntures, a ser estabelecida no Primeiro Aditamento à Escritura Particular da 1ª Emissão de Debêntures Simples, Não Conversíveis em Ações, da Espécie Quirografária, em Série Única, para Distribuição Pública com Esforços Restritos, da Energest S.A. Encerramento: Oferecida a palavra a quem dela quisesse fazer uso e como ninguém se manifestou, foram encerrados os trabalhos e lavrada a presente ata, a qual foi lida e achada conforme, aprovada e assinada pelos membros da Diretoria da Companhia presentes. Presidente da Mesa: Sr. Luiz Otavio Assis Henriques. Secretário da Mesa: Sr. Fabio William Loreti. Membros da Diretoria da Companhia: Luiz Otavio Assis Henriques, André Luiz de Castro Pereira e Álvaro Jorge Guerreiro de Sousa. Declaro que a presente é cópia fiel lavrada em livro próprio da Companhia. Fabio William Loreti - Secretário da Mesa. Registrada na JUCESP sob o nº 196.827/12-7 em sessão de 11/05/2012. Secretária Geral: Gisela Simiema Ceschin. 28 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 FINANÇAS PESSOAIS TRABALHAR Executivos do setor financeiro viram “queridinhos” de outras áreas Odd Andersen/AFP Empresas dos mais diversos segmentos querem agregar ao seu negócio a experiência dos profissionais de bancos Ana Paula Ribeiro [email protected] truída no Banco do Brasil, onde ficou quase 20 anos e era diretor de cartões. Levantamento da Fesa com base nas movimentações de altos executivos (a partir de gerência sênior) no Brasil desde 2009 mostra que a cada ano dobra o número dos profissionais da indústria financeira que foram para outras áreas. Neste ano, o crescimento no primeiro trimestre é de 88% em relação a igual período do ano passado, mas a tendência é de crescimento ainda maior, já que é esperado um aquecimento da economia. Ainda de acordo com o estudo, setor de consumo e “life sciences” (ramos de matérias primas para áreas como cosméticos e alimentos) são os que mais recebem esses executivos. Muitas vezes, o que as empresas buscam é tirar proveito da experiência que o executivo financeiro acumulou na sua carreira. O Magazine Luiza, antes de abrir o capital, contratou em 2009 o diretor financeiro da então Visanet (hoje Cielo) para comandar a sua oferta de ações. Vitor Fabiano ficou na empresa por um ano e hoje está na Bunge, também responsável pela diretoria financeira. De acordo com Nogueira, as áreas financeira, marketing e As portas estão cada vez mais abertas para os executivos da indústria financeira. Se antes o caminho era trilhar carreira em apenas uma instituição ou no máximo ser disputado pelo concorrente, agora a possibilidade de navegar em outras áreas é cada vez maior. O aquecimento da economia, a maior concorrência, profissionalização e a sofisticação das estruturas financeiras das empresas são fatores que têm estimulado a ida de executivos da indústria financeira para companhias dos mais diversos setores. Antes, o diretor financeiro de uma empresa se preocupava basicamente com o gerenciamento de seu fluxo de caixa e, para financiar o crescimento de seus negócios, bastava lidar com empréstimos bancários. Agora, com a empresa ganhando musAs empresas do setor de consumo são o destino de 60% dos profissionais da indústria financeira culatura, tudo mudou. É preciso que ele saiba encontrar soluções mais estruturadas para o desenvolvimento de sua compasegurança são as que mais Na área financeira, as empreDesde 2009 dobra o nhia, qualidade que o torna caatraem os olhares. “As compasas, segundo Nogueira, estão innúmero de executivo nhias estão cada vez mais pen- teressadas nos executivos de da vez mais atraente. da indústria Renata Fabrini, sócia da consando em governança corporabancos habituados com gestão sultoria de recrutamento de tiva e as familiares estão se de risco e normas. “Além dessa financeira que executivos Fesa, explica que o profissionalizando e para isso experiência que poderia agremigra para empresas desenvolvimento do mercado buscam os especialistas em cagar à contratante, parte da atride outros setores de capitais ajudou nessa migrada área”, diz. buição de um diretor financeição. “Além disso, as comparo, por exemplo, é justamente o nhias estão mais agressivas na relacionamento com bancos”, contratação de executivos quadiz Nogueira, justificando a deABANDONANDO O SETOR FINANCEIRO lificados”, diz. manda por esses profissionais. Nessa disputa, as saídas de No caso dos executivos de Variação da migração de altos executivos para outras áreas e por setores que mais contratam executivos do setor financeiro, bancos da área de segurança, notadamente de bancos, para são as empresas de tecnologia outras companhias tornam-se as mais interessadas neles. Por ANO A ANO SETORES naturais, em especial pelo treiúltimo, aparecem os profissionamento recebido por eles ao 200 nais de marketing da indúsConsumo & Life sciences** % longo da carreira. “O mercado tria financeira como os mais re156% financeiro sempre foi sofisticaquisitados, por estarem acostudo em sua gestão de recursos 150 mados a lidar com linguagens 125% humanos, investindo no desenpara públicos diversos e patronf volvimento das pessoas”, afircínios. “São bancos e empre100% % InInfraestrutura 88% 100 ma Renata. sas de cartões os grandes patroEsse é o caso do executivo cinadores hoje e também são responsável pela área financeiagressivos em suas estratéIIndústria nd ra (CFO) da JBS nos Estados Uni- 50 gias”, considera. 15% dos. Há um ano na empresa, DeNogueira lembra, no entanto, nilson Molina assumiu o cargo que essa migração de área tam0 há pouco mais de um mês. Anbém depende do perfil do executi6% Telec TTelecom e tecnologia 2009 2010 2011 2012* tes de partir para o setor de alivo, que precisa ser receptivo a traFonte: Fesa *primeiro trimestre **matérias-primas para a área de cosméticos e médica, alimentos e saneantes mentos, sua carreira foi consbalhar em novos ambientes. ■ 60 19 Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 29 Adriano Machado/Bloomberg Advogadotem fatiade 27,43%naEletrobras O advogado Victor Adler atingiu uma fatia de 27,43% das ações preferenciais classe A da Eletrobras, equivalente a 40.300 ações, em compras feitas até 24 de abril, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários. Não há informação sobre participações anteriores de Adler na companhia, que acrescentou não ter como objetivo alterar a administração ou controle da empresa. O advogado também tem fatias relevantes no capital da Eternit e Unipar. HOME BROKER (fechamento em R$) Bradesco PN (BBDC4) 34 34 Biomm vai entrar no Bovespa Mais 33 Empresa terá que se adequar às exigências da bolsa e fará assembleia no dia 1º de junho 41,62 32 332 30 330 29 28 28 27,50 26,99 26 26,88 2266 Suporte a 1 resistência a 2 resistência 30/SET 17/MAI Fontes: Jorge Araújo, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico BBDC4 pode voltar a ponto de compra As ações preferenciais do Bradesco (BBDC4) registraram duas quedas consecutivas. No entanto, ao primeiro sinal de recuperação, podem voltar em breve para um ponto de compra, segundo o grafista Jorge Araújo, associado à Mais Invest. “Se ela retornar aos R$ 27,50 entrará em um ponto de compra interessante”, explica o analista. Ontem, o papel fechou cotado a R$ 26,88, queda de 4,32% em relação ao pregão anterior. Esse ponto de R$ 27,50 é o equivalente a retração 61,8% de Fibonacci, técnica para indicar possíveis pontos de suporte e resistência e também tendência de alta e queda das ações. Nesse caso, é a faixa dos R$ 27,50 tem sido a resistência dos últimos meses para as ações do Bradesco. Caso esse ponto seja atingido, Araújo recomenda a compra da ação porque a expectativa é que o papel entre uma tendência de alta. Nesse caso, o mais adequado é que o “stop” de perda — quando o investidor vende o papel e limita seus prejuízos — seja a cotação do fechamento de ontem (R$ 26,88). Já a primeira resistência para esse papel está em R$ 29. Se a tendência de alta se manter, os R$ 33 aparecem como segunda resistência. “Assim o investidor pode perder pouco e mantém o potencial de ganhar muito.” Araújo lembra que desde novembro esses são os pontos de suporte e resistência mais frequentes no papel preferencial do Bradesco. A empresa de biotecnologia Biomm será listada no Bovespa Mais, que é o segmento de acesso para o mercado de ações. Essa migração foi aprovada pelo Conselho da Administração da companhia, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários. Nesse caso, as ações preferenciais da empresa serão convertidas em ordinárias na proporção de um por um. Além disso, o estatuto social da companhia será adaptado para atender às exigências do Bovespa Mais. Para dar prosseguimento a es- se processo, a empresa convocou para o dia primeiro de junho uma assembleia geral extraordinária (AGE), que irá tratar com os acionistas a migração, conversão das ações e reformulação do estatuto social. De acordo com a empresa, a entrada nesse segmento e a adoção de uma nova estrutura de governança corporativa trará benefícios diretos para os acionistas, “aumentando o potencial de atração de investidores e a liquidez das ações”, segundo o comunicado. Entre os compromissos que a empresa assume, está o objetivo de alcançar e manter um “free float” (ações em circulação no mercado) de no mínimo 25%. ■ TWITTADAS “Não sei, mas se chegar lá, será uma oportunidade e tanto!” Gustavo Cerbasi, @gcerbasi, educador financeiro, em resposta ao twitter: na sua opinião a bolsa derreterá até os 40.000?”. “Algumas empresas de setores voláteis parecem indiferentes ao pânico do mercado. Um exemplo: #JSHF3 (JBS Holding)”. Christian Cayre, @chrinvestor, consultor financeiro “Preocupado com bolha imobiliária no Brasil? Também já estive. Aí estudei bolhas imobiliárias dos últimos 110 anos e relaxei” Ricardo Amorim, @Ricamconsult, economista COPEL Concórdia muda recomendação dos papéis de “comprar” para “manutenção” CONCÓRDIA ACREDITA NO AUMENTO DA DEMANDA DOS CLIENTES A Concórdia Corretora alterou a recomendação para as ações da Copel (CPLE6) de comprar para manter. A justificativa é que os papéis já atingiram o preço alvo de R$ 45,33 — embora ontem a ação tenha registrado queda de 3,86%, fechando a R$ 44,27. Em relatório, os analistas Leonardo G. Zanfelicio e Karina Freitas veem perspectivas favoráveis a companhia, em vista do aumento da demanda por parte de seus clientes. “E também pelos elevados investimentos programados nos segmentos de geração, transmissão e distribuição”, explicam no documento. A empresa de energia registrou no primeiro trimestre de 2012 um lucro líquido de R$ 314,1 milhões e Ebitda de R$ 585,4 milhões, quedas de, respectivamente, 17,2% e 0,3% em relação a igual período do ano passado. Apesar das quedas, os analistas da Concórdia classificam como positivo o resultado, uma vez que nos primeiros três meses de 2011 a Copel contou com ganhos não recorrentes referentes à reversão de provisões tributárias e também houve a seca na região sul no início de 2012, que prejudicou as atividades do segmento de geração de energia da Copel, o que a obrigou a reduzir o volume de produção de energia das hidrelétricas e a aumentar a geração das térmicas, que possui menor valor agregado. POUCOS NEGÓCIOS FUNDO DE ÍNDICE Giro da Usiminas é menor entre ações mais líquidas ETFtemrecorde de negócios Com volume médio de R$ 7,5 milhões por dia, as ações ordinárias da Usiminas (USIM3) lideram o ranking de menor giro financeiro dentre as ações que compõem o Ibovespa, entre janeiro e abril e de 2012. O motivo para tal desempenho é a atual estrutura de acionistas. No final do ano passado, a empresa ítalo-argentina Techint ingressou no capital social da Usiminas e passou a dividir o controle com a japonesa Nippon Steel. “O núcleo de controle, atualmente com cerca de 63% das ações ordinárias da Usiminas, não afetou o free float [quantidade de ações livres para negociação no mercado]”, explica Daniella Maia, analista-chefe da Ativa. O problema é que o restante — cerca de 36% — ficou concentrado com dois grandes investidores: CSN (11,66%) e Previ (10,48%), restringindo a liquidez das ações da Usiminas. A segunda posição no ranking da baixa liquidez é da Vaguarda Agro, com volume médio de R$ 8,5 milhões. Os papéis estão majoritariamente concentrados nas mãos de pessoas físicas, por isso é nor- mal o baixo volume negociado. “É uma ação de ticket baixo, cuja concentração está nas mãos de pessoas físicas. Com a bolsa em queda, o papel fica deprimido. Não há muita compra e venda”, diz Rodolfo Amstalden, da Empiricus Research. De perfil defensivo, as ações da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep) ocupam a terceira posição, com volume médio de R$ 9,3 milhões até abril. “É uma empresa, dentro do Ibovespa, que tem menor liquidez, pois atrai investidores de longo prazo”, afirma Rafael Andreata, analista de investimentos da Planner. Segundo Andreata, quem monta posição nesta empresa “carrega as ações” por bastante tempo, tendo em vista o pagamento de dividendos. Na outra ponta, com os maiores valores negociados, destacam-se as blue chips Vale (VALE5), Petrobras (PETR4) e Itaú Unibanco (ITUB4), com volume médio diário de R$ 701,90 milhões, R$ 551,5 milhões e R$ 297,5 milhões, respectivamente. ■ Micheli Rueda A BM&FBovespa registrou ontem recorde histórico de número de negócios do ETF BOVA11, fundo de índice que acompanha o desempenho do Ibovespa: foram 10.154 negócios, em 5.004.510 cotas, totalizando um giro financeiro de R$ 271,7 milhões. A marca histórica anterior, de 10.001 negócios, foi registrada no pregão de 8 de agosto do ano passado. Em abril, os 12 ETFs negociados na bolsa brasileira totalizaram 73.632 negócios com volume financeiro de R$ 2,69 bilhões. ■ 30 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 MUNDO Regis Duvignau/AFP SALÁRIOS REDUZIDOS “Mãos à obra”, pede Hollande na primeira reunião do Conselho de Ministros Na primeira reunião ministerial, ontem, foi anunciada a redução de 30% do salário do presidente francês e dos ministros. O salário do presidente, que tinha aumentado em 170% em 2007, passando a ¤ 19.000 após a eleição do conservador Nicolas Sarkozy, será de pouco mais de ¤ 13.000 mensais. A equipe liderada pelo primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, é composta de 17 mulheres e 17 homens. AFP Editor executivo: Gabriel de Sales [email protected] Extrema-esquerda inclui novos personagens na tragédia grega Líder do Syrisa, favorito na próxima eleição, quer romper com a austeridade imposta ao país por União Europeia e FMI Aris Messinis/AFP Lefteris Papadimas e Karolina Tagaris Reuters, Atenas O líder radical de esquerda grego Alexis Tsipras previu que seu partido vai vencer com folga a eleição do próximo mês e se recusou a deixar de exigir o fim das políticas “bárbaras” de austeridade que, segundo ele, estavam levando a nação à falência. Tsipras, líder do partido Syriza e estrela ascendente da política grega, prometeu que não iria ouvir nenhum grupo. “Eles estão tentando aterrorizar as pessoas para fazer o Syriza ceder. Nós nunca iremos nos comprometer”, disse o líder estudantil, de 37 anos, a parlamentares de seu partido, muitas vezes abordando-os como “camaradas”. Pesquisas realizadas depois da eleição de 6 de maio sugerem que o Syriza está a caminho de superar os conservadores e se tornar o maior partido no Parlamento quando os gregos voltarem às urnas no próximo dia 17 de junho. Enfurecidos com rodadas repetidas de austeridade que cortaram salários e fizeram as taxas de desemprego saltar, os eleitores têm ignorado os alertas de líderes como o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, que disse que os gregos devem escolher sabiamente na eleição para evitar tirar o país da Zona do Euro. Tsipras, que encantou os eleitores com sua boa aparência e promessa de rasgar o acordo de resgate, enquanto mantém a Grécia no euro, disse que o hu- mor dos eleitores não iria mudar e previu que o Syriza terá o dobro de legisladores. Pesquisa recente, realizada pela Pulse para o jornal To Pontiki terça e quarta-feira dessa semana, mostrou o Syriza obtendo 24,5% dos votos na eleição, colocando-o à frente de todos os outros partidos. O primeiro lugar vem com a conquista de 50 assentos extras no Parlamento de 300 vagas, que foram para os conservadores na última vez. Um governo de emergência liderado pelo juiz Panayotis Pikramenos, e composto principalmente de acadêmicos, tecnocratas e alguns políticos que comandarão o país até a eleição do próximo mês, foi empossado ontem em uma cerimônia presidida pelo Arcebispo Ieronimos de Atenas. ■ Alexis Tsipras: fim das políticas “bárbaras” de austeridade Aris Messinis/AFP CRISE DA DÍVIDA TOCHA OLÍMPICA A CAMINHO DA INGLATERRA ELEIÇÃO NOS EUA UE sugere austeridade e crescimento Aumentam as contribuições a Romney Os dirigentes francês, alemão, italiano e britânico, assim como outros da União Europeia (UE), consideraram que o rigor orçamentário e o crescimento devem caminhar juntos, conforme afirmado durante videoconferência ontem para preparar o G8, informaram fontes alemãs. Desta entrevista se produziu a necessidade de “um consenso sólido de que a consolidação orçamentária e o crescimento não são contrários, mas sim que ambos são necessários” disse um porta-voz da chancelaria alemã, Steffen Seibert. Participaram desta videoconferência a chefe de governo alemã, Angela Merkel, o primeiroministro britânico, David Cameron, o presidente francês, François Hollande, o chefe de governo italiano, Mario Monti, assim como os presidentes da União Europeia, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.” ■ AFP O pré-candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos Mitt Romney levantou quase tanto dinheiro quanto o presidente Barack Obama em abril, com mais de US$ 40,1 milhões arrecadados, informou, ontem, o comando de sua campanha.As contribuições para a campanha de Romney no mês passado foram quase três vezes maiores do que o valor levantado em março pelo provável candidato republicano. O aumento acontece depois que concorrentes internos no partido abandonaram a disputa, permitindo ao empresário e ex-governador de Massachusetts se juntar ao Comitê Nacional Republicano. Os números foram divulgados um dia após a campanha de Obama ter anunciado que o Comitê Nacional Democrata arrecadou US$ 43,6 milhões em abril. Em março, Romney arrecadou US$ 12,6 milhões ante US$ 53 milhões de Obama. ■ A tocha olímpica, acesa há uma semana em Olímpia, sede dos Jogos Olímpicos na Antiguidade, na Grécia, foi formalmente entregue, ontem, sob um tempo cinzento e chuvoso à princesa britânica Anne, filha da rainha Elizabeth e ex-atleta olímpica, pelo presidente do Comitê Olímpico Helênico, Spyros Capralos. Ela será levada, hoje, de Atenas a uma base área naval na Inglaterra, antes do início, amanhã do revezamento, no qual percorrerá toda a Inglaterra durante 70 dias. O presidente da organização dos Jogos de Londres e bicampeão olímpico nos 1.500 metros, Sebastian Coe, prestou uma homenagem à Grécia pela hospitalidade e agradeceu os anfitriões por terem providenciado um “clima britânico” para a cerimônia. AFP Susan Heavey, Reuters Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 31 PONTO FINAL Coreia do Norte retoma construção de reator A Coreia do Norte retomou a construção de um reator experimental de água-leve, o que pode lhe garantir uma maior capacidade de produção de matérias-primas para bombas atômicas, informou ontem o site 38North . Com base em imagens de satélite feitas em 30 de abril, o site, mantido pelo Instituto EUA-Coreia da Universidade Johns Hopkins e por Joel Wit, ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA, informou que as obras abandonadas em dezembro foram retomadas. Reuters IDEIAS/DEBATES [email protected] Guilherme Abdalla Rodrigo Sias Advogado, mestre em filosofia e teoria geral do direito pela Universidade de São Paulo (USP) Economista do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Nossa presidente seria neofílica? Entendendo o boom imobiliário 2 Segundo a escritora Winifred Gallagher, em seu recente livro New: understanding our need for novelty and change, a grande maioria de nós é neófila no ranking pela sede do novo, quer dizer, somos pessoas que gostam de novidades, muito embora não sejamos malucos por elas. Em equilíbrio, estamos sempre alertas ao lançamento de novas tecnologias, por exemplo, mas preferimos aguardar as opiniões de mercado antes de comprá-las. Temos uma queda natural por tudo que é diferente, mas temos a serenidade de ponderar os prós e contras ao mesmo tempo. Nos outros dois extremos, segundo a autora, encontram-se os neófobos e os neofílicos. Os neófobos são aqueles que evitam a qualquer custo mudanças no dia a dia, não gostam de encarar inovações no seu modo de viver e preferem fazer tudo na forma e nos padrões já acomodados em seu organismo, seja físico ou mental. Beiram o tédio. Por sua vez, os neofílicos são os viciados em novidades, os early adapters, aqueles que, na era das cavernas, eram os primeiros a desbravar novos territórios quando o estômago roncava. Com uma capacidade maior de adaptação, os neofílicos pouco questionam os perigos do desconhecido na busca por novos prazeres, muito embora tenham a tendência de perder rapidamente o interesse pela conquista. A neofilia seria assim até mesmo uma forma de sobrevivência da espécie, pois, sem esses indivíduos, a vontade de vencer seria sempre derrotada pelo medo de perder. A caderneta de poupança, tradicional fonte de recursos para financiamento imobiliário, passou de R$ 2 bilhões para cerca de R$ 80 bilhões de financiamento anual — aumento de 20 vezes em termos reais — e o número de unidades financiadas por ano dentro do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) saltou de 30 mil para quase meio milhão. Mesmo com as recentes mudanças promovidas pelo governo no cálculo da rentabilidade da caderneta, se as taxas de juros continuarem a cair, viabilizarão ainda mais financiamentos por parte dos bancos, que já estão crescendo na média de mais de 30% ao ano. Em 2009, vale lembrar, foi quando o número de unidades financiadas ultrapassou a marca recorde de 300 mil, atingida por meio do extinto Banco Nacional de Habitação (BNH). Aliado a esse novo panorama, o programa “Minha Casa, Minha Vida” está liberando uma grande demanda reprimida por imóveis da classe C. Por outro lado, o setor vem passando por diversas mudanças institucionais. A figura jurídica da alienação fiduciária e a regra do incontroverso (prevista na Lei do Patrimônio de Afetação), mudanças nas regras da CVM e a isenção de imposto de renda, possibilitaram a entrada de novos atores no mercado e a viabilização de diversos instrumentos financeiros. Nos últimos anos, a oferta de fundos imobiliários triplicou. As aplicações financeiras em letras de crédito imobiliário (LCI) e em certificados de recebíveis imobiliários (CRI) também deram um salto juntamente com os fundos de investimento em participações (FIP) voltados para o setor. No total, a captação em 2010 e 2011 desses quatro instrumentos chegou a mais de R$ 60 bilhões, mais da metade só em 2011, representando menos de 1% do PIB do país. Com isso, a indústria de fundos para o setor alcançou o estoque de R$ 92 bilhões. Embora os números sejam impressionantes, ainda há muito espaço para crescer se tomarmos por padrão os países desenvolvidos. Engrossar a voz quando necessário é algo essencial aos líderes, isso não é novo. Mas intervir grosseiramente no mercado também não é novo O tempo passou e hoje recebo as compras do mês mediante mero click. Não preciso me pintar para a guerra ou afiar a lança antes da caça. Mas esse sentimento, construído de geração a geração e hoje inerente ao próprio inconsciente (àqueles que acreditam neste) continua ali, saltando de tempos em tempos, ou a todo tempo, segundo a segundo, pensamento a pensamento. Se não filtrarmos as informações recebidas e as expectativas almejadas, controlando nosso espírito por novos estímulos, cheiros, sons, desafios e decisões, corremos o risco de perder o foco e tropeçar. De errar muito e causar dano. Sinceramente, não sei se sou neofílico por adorar a surpresa, o cultivo pela curiosidade e a sensação do novo conhecimento. Sofro de uma inquietude por tudo e por todos, que mais me parece um mal, já que ciente da inexistência de resposta. Mas e nossa presidente, que lidera um governo em que aparentemente se inovam as formas de relação com o setor privado e o força, sabe-se lá sob quais corretivos, a baixar na marra juros bancários e preços de serviços hoteleiros, teria o benefício ser neofílica? Engrossar a voz quando necessário é algo essencial aos líderes, isso não é novo. Mas intervir grosseiramente no mercado também não é novo. Eu não vivi a ditadura, muito menos o totalitarismo, o fascismo ou o comunismo, em suas diversas concepções. Mas os estudei. Muito. Concordo que a autoridade deve estar sempre presente em cada ato da administração pública brasileira, mas ditar às pessoas o que devem fazer, como se num gueto estivessem, isso não posso concordar. De outra forma, o estatuto legal conquistado a custo de muito sangue estaria anulado. Isso não é novidade, e não quero senti-lo em minha pele. ■ A estabilidade fez com que o Brasil se inserisse no mercado global de imóveis. O país está absorvendo a liquidez mundial que busca ativos imobiliários Os anos de estabilidade também fizeram com que o Brasil se inserisse no mercado global de imóveis. Com isso, o país está absorvendo a enorme liquidez mundial que busca ativos imobiliários. Diversos fundos soberanos e fundos de pensão estão aportando no país. Só em 2011, o setor imobiliário recebeu quase US$ 4 bilhões de investimentos estrangeiros diretos. Essa mesma liquidez mundial possibilitou a abertura de capitais e emissões de debêntures de diversas construtoras, incorporadoras e empresas de engenharia. Entre 2004 e 2010, foram captados mais de R$ 25 bilhões, dando fôlego aos investimentos. Graças às captações no mercado, as maiores incorporadoras saíram de um patamar de lançamento anual de 5 mil unidades para uma média de mais de 20 mil unidades por ano. A demanda elevada, alimentada por financiamento crescente, permite o repasse dos custos, que passam a ser refletidos no preço dos imóveis, em especial, nos novos lançamentos. A inflação oficial, embora em patamar civilizado, chegou a quase 90% no acumulado dos últimos 10 anos (IPCA). Já o índice nacional de construção civil (INCC) foi ainda mais alto, chegando a 130%. O mercado de trabalho está pressionado e o aumento dos salários tem compensado boa parte das desonerações fiscais para materiais de construção. Concluo na semana que vem. ■ Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos Diretor-Presidente José Mascarenhas Diretores Executivos Alexandre Freeland e Ricardo Galuppo BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. CONTATOS: Redação - Fone (11) 3320-2000 - Fax (11) 3320-2158 Administração - Fone RJ (21) 2222-8050 - SP (11) 3320-2128 Publicidade - Fone RJ (21) 2222-8151 - SP (11) 3320-2182 Condições especiais para pacotes e projetos corporativos [email protected] Fone (11) 3320-2017 (circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais) Publisher Ricardo Galuppo Diretor de Redação Joaquim Castanheira Diretor Adjunto (RJ) Ramiro Alves Redação - Avenida das Nações Unidas, 11.633 - 8º andar CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP) Central de Atendimento ao Jornaleiro Fone (11) 3320-2112 Editores Executivos Adriana Teixeira, Gabriel de Sales, Jiane Carvalho [email protected] Sede - Rua Joaquim Palhares, 40 Torre Sul - 7º andar - Cidade Nova – CEP 20260-080 Rio de Janeiro (RJ) Fones (21) 2222-8701 e 2222-8707 Atendimento ao assinante/leitor Rio de Janeiro (Capital) - Fone (21) 3878-9100 São Paulo e demais localidades - Fone 0800 021-0118 De segunda a sexta-feira - das 6h30 às 18h30 Sábados, domingos e feriados - das 7h às 14h www.brasileconomico.com.br/assine [email protected] Impressão Editora O Dia S.A. (RJ) Diário Serv Gráfica & Logística (SP) 32 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A., o com sede à Rua Joaquim Palhares, 40, Torre Sul, 7 andar, Cidade Nova - CEP 20260-080 Rio de Janeiro (RJ) - Fones (21) 2222-8701 e 2222-8707 Central de atendimento e venda de assinaturas: São Paulo e demais localidades: 0800 021 0118 Rio de Janeiro (Capital) - Fone (21) 3878-9100 - [email protected] É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística Econômica S.A. ÚLTIMA HORA Obras públicas terão de prever passagem de redes de telecomunicações Ricardo Galuppo [email protected] Publisher Antonio Cruz/ABr O governo federal está trabalhando em um decreto para determinar que as obras públicas como estradas, pontes, viadutos e redes de transmissão de energia tenham em seus projetos um espaço destinado à passagem de fibras óticas para redes de telecomunicações, informou ontem o secretário executivo do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez. A nova regulamentação está sendo feita em parceria com o Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), além das secretarias de Portos e de Aviação Civil. Segundo Alvarez, a regulamentação sobre o compartilhamento de infraestruturas entre as operadoras de telecomunicações vai continuar com a Anatel. Outro tema que está sendo trabalhado pelo Ministério das Comunicações é o da regulamentação do uso dos postes e da instalação de antenas de telecomunicações. De acordo com o secretário, é um Calendário maluco Segundo Cezar Alvarez, projetos devem reservar espaço para fibra óptica acordo mais complexo, que tem que ser feito com prefeituras e governos estaduais. De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia Fixa e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), existem atualmente mais de 250 leis municipais sobre o assunto, o que burocratiza a instalação de novas antenas. ■ Nelson Jr./STF STF deve discutir mensalão na terça-feira Ayres Britto quer avançar no debate sobre cronograma O julgamento do mensalão deve ser tema da reunião administrativa dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), prevista para a próxima terça-feira (22). Segundo o presidente da Corte, ministro Carlos Ayres Britto, a ideia é avançar no debate sobre o cronograma e a logística iniciado no último dia 9 de maio. “Avançaríamos alguma coisa em termos de cronograma, de logística, de formatação. Independentemente do dia que se marcar para julgamento, já teríamos algumas coisas encaminhadas”, afirmou o ministro. Britto disse que a sessão administrativa ainda não está agendada porque as ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber ainda não confirmaram disponibilidade na data. ■ ABr Henrique Manreza Municípios de SP não têm plano para resíduos Levantamento divulgado ontem mostra que 61% dos municípios do estado de São Paulo não têm legislação específica — ou estão em fase de elaboração — sobre os resíduos produzidos pela construção civil. A Resolução 448 do Conselho Nacional do Meio Ambiente determina que os municípios e o Distrito Federal (DF) elaborem os planos de Gestão de Resíduos de Construção Civil até janeiro de 2013, e o coloquem em prática até seis meses depois. A enquete, feita de junho a agosto de 2011 pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), colheu dados em 348 (53,9%) dos 645 municípios paulistas. ■ ABr Resíduos da construção civil ainda não têm destinação Um detalhe irônico cerca o Campeonato Brasileiro de Futebol, que começa este fim de semana com 10 partidas entre as 20 maiores equipes do país. O detalhe é o seguinte: o Brasileirão começa quando os principais campeonatos europeus chegam a seu final. Antes de ser considerado um fato normal, isso expõe a falta de sintonia monstruosa que existe entre o Brasil e os outros países que contam quando o assunto é o esporte mais popular do planeta. Em resumo, o Brasil dá a largada quando os outros estão cruzando a linha de chegada — e a culpa por essa situação esdrúxula, conforme se sabe, é das federações estaduais. Estruturas anacrônicas, com capacidade limitada de ajudar e uma enorme habilidade para atrapalhar o espetáculo, as federações insistem na manutenção dos torneios estaduais. Em sua maioria, eles são, para os clubes, deficitários e de baixíssima exigência técnica. Para as federações, são a oportunidade de botar a mão em algum dinheiro. Mesmo o campeonato Paulista, o mais disputado entre os regionais, reúne em seu conjunto equipes de uma fragilidade técnica impressionante. E, como os demais, toma pelo menos três meses das equipes — tempo que poderia ser utilizado pelo próprio campeonato brasileiro, numa estrutura de calendário que não banalizasse o espetáculo. Hoje em dia, os clubes brasileiros são expostos a um calendário desumano, com jogos nos finais e no meio da semana, expõe o futebol brasileiro a uma situação ridícula na comparação com a dos outros países. E, enquanto essa situação for mantida, as equipes do Brasil permanecerão frágeis diante dos principais adversários internacionais. O campeonato brasileiro de futebol dá a largada no momento em que o dos países europeus estão cruzando a linha de chegada É lógico que o ambiente em torno do futebol vem mudando num ritmo acelerado. A crise financeira que atinge a Europa fatalmente terá consequências para os clubes do continente, que são os responsáveis pelas grandes contratações do futebol mundial. Quando isso acontecer, acabará a vida fácil dos dirigentes que se limitam a revelar jogadores e repassá-los a clubes do exterior. Nesse cenário, os clubes brasileiros estarão diante de dois caminhos. Ou continuam insistindo nessa tecla, correndo o risco de ficar em situação cada vez mais delicada, ou profissionalizam suas administrações e buscam formas de se tornar autossustentáveis. Esse é um aspecto interessante. O Santos Futebol Clube tem mostrado, com ações de marketing marcadas pela ousadia, que manter no Brasil jogadores de talento — como fez com Neymar — pode ser mais rentável do que despachá-los para o exterior na primeira oportunidade. Empresas de primeira grandeza (como são os casos da Seara, da Ambev, do Banco BMG e uma série de organizações importantes) estão cada vez mais dispostas a ligar sua imagem à de clubes de futebol — e isso representa mais dinheiro nos cofres dos clubes. Ou seja, o ambiente é favorável. Mas, se não houver uma inversão rápida na lógica desse esporte no Brasil, os clubes estarão condenados a viver eternamente à sombra de uma entidade autocrática e milionária como é a CBF. É preciso mudar esse cenário. Antes que seja tarde. ■ www.brasileconomico.com.br Uma competição de R$ 2 bilhões Suplemento – Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Corinthians, o campeão do ranking BRASIL ECONÔMICO Os craques mais valiosos do país Executivos escrevem sobre seu time do coração Quanto custa cada gol marcado no país Entrevista exclusiva: Felipão fala sobre negócios no futebol E uma má notícia: endividamento dos clubes vai às alturas Capa: ilustração Alex Silva, inspirado no cartaz da Fifa (Copa do Mundo de 1950) ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO O Brasileirão de 2012 começa neste fim de semana com os clubes mais poderosos do país, cujas receitas saltaram 33% no ano passado. E mais: A2 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012 Só 4 entre os 20 da 1ª divisão gastam menos do que arrecadam Adriano Vizoni/Folhapress O levantamento mostra que a qualidade da administração do futebol precisa melhorar Ricardo Fernandes OS CAMPEÕES DE 2011 [email protected] A princípio, o ano de 2011 deveria ter trazido para a maioria dos clubes brasileiros uma situação mais folgada do que a de 2010. Afinal de contas, a quebra do acordo com o Clube dos 13 levou à celebração de contratos em separado com a TV Globo (que detém o monopólio das transmissões) e esse movimento, de um modo geral, levou mais dinheiro para os cofres das equipes. O problema é que quase todos se apoiaram nessa folga para aumentar o endividamento (veja reportagem na pág.4). Esse é um dos aspectos que chamam atenção neste levantamento do BRASIL ECONÔMICO: de um modo geral, os clubes brasileiros, na medida em que se tornam mais ricos, não passam a ser mais bem administrados. Entre as 18 agremiações que divulgaram seus balanços (e a não divulgação do balanço por dois entre os 20 da primeira divisão, por si só, é um fato alarmante), apenas quatro (Corinthians, Santos, Vasco da Gama e São Paulo) Classificação, em pontos CORINTHIANS 129 CORITIBA 125 SÃO PAULO FLAMENGO 122 121 NÁUTICO 121 INTERNACIONAL 119 ATLÉTICO-GO 116 VASCO 113 FIGUEIRENSE 111 ATLÉTICO-MG 101 PORTUGUESA 99 SANTOS 98 CRUZEIRO 96 Comemoração corintiana: o campeão brasileiro foi o clube mais bem administrado em 2011 apresentaram superávit. Todos os demais são deficitários. Dois aspectos importantes foram destacados pelo administrador Stephen Kanitz, que analisou as tabelas produzidas pela equipe do Brasil Econômico com base em critérios que ele mesmo sugeriu: 90 FLUMINENSE PALMEIRAS 82 GRÊMIO 81 PONTE PRETA 70 BOTAFOGO 69 0 30 60 90 120 150 Fontes: Balanços dos clubes e Brasil Econômico 1) Na média, os clubes devem 15% mais do que têm e 2) Os que apresentam patrimônio negativo acumulam um rombo de R$ 1 bilhão. Na opinião de Kanitz, os números expressos nos balanços mostram que os clubes deveriam ser gerenciados por administradores profissionais e não por torcedores fanáticos. “Fica claro que nosso futebol também precisa de uma lei de responsabilidade fiscal”, diz ele. “As dívidas equivalem a três anos de receitas dos clubes — ou 30 anos de lucros”. A soma dos critérios de avaliação (veja reportagem na página ao lado) fez do Corinthians o clube mais bem administrado do país. Isso se deveu, principalmente, a seu desempenho nas receitas, que cresceram quase 50% no ano passado e chegaram perto de R$ 250 milhões. Esse número colocaria o Corinthians entre as 800 maiores empresas do país. É interessante notar que outros cinco clubes tiveram um crescimento de receita superior ao do Corinthians. O Figueirense, por exemplo, viu sua receita crescer 141% no ano passado e chegar a R$ 40 milhões. Ou seja, a diferença é enorme. ■ SP NO TOPO DA TABELA Receita líquida, em R$ milhões 248,99 224,63 189,11 176,84 175,66 146,14 CORINTHIANS SÃO PAULO SANTOS FLAMENGO INTERNACIONAL PALMEIRAS 132,54 VASCO 117,86 CRUZEIRO 102,7 GRÊMIO 96,76 77,38 ATLÉTICO-MG FLUMINENSE 62,76 CORITIBA 55,77 BOTAFOGO 40,66 21,23 18,71 FIGUEIRENSE PORTUGUESA NÁUTICO 16,32 15,29 PONTE PRETA ATLÉTICO-GO Fontes: Balanços dos clubes e Brasil Econômico André Mourão/O Dia “O Botafogo será campeão... se não for rebaixado” O Botafogo será o campeão brasileiro de 2012. Isto, se não for rebaixado. Só quem não é alvinegro se surpreende com hipóteses assim tão díspares; conosco é tudo preto ou branco, sem gradações. Ou — conduzidos por nossa estrela solitária — flutuamos no céu de todas as glórias ou arrastamos correntes no mais profundo dos infernos. Há mais de cem anos desancamos com todas as probabilidades, gargalhamos de qualquer prognóstico. No nosso caso, não dá nem pra consultar outras estrelas, verificar conjunções de planetas e que tais: não há horóscopo que dê conta de três datas de nascimento (a do clube de regatas, a do de futebol e a que marca a fusão de ambos — episódio provocado por uma tragédia, a morte de um jogador, fulminado por um enfarte, em jogo entre as equipes de basquete dos dois times quase homônimos). O clube de futebol não foi criado por cartolas, mas por adolescentes que decidiram organizar um time. Somos, portanto, herdeiros de um entusiasmo juvenil, que acredita ser possível concretizar, em cada jogo, o não perder pra ninguém de que fala nosso hino. Assim, meninos que somos, reverenciamos nossos ancestrais, tantos ídolos passados, os heróis de 58, 62 e 70 — ídolos também de vocês, caras-pálidas. Levamos, para todos os jogos, faixas com nomes e rostos de Nilton Santos, Didi, Amarildo, Zagallo, Jairzinho, Paulo César e, do maior todos, Mané Garrincha. No desespero, ao ver um ignominioso lateral ser expulso em decisão de campeonato, sempre podemos olhar para o lado e buscar, nas glórias pretéritas, estímulo para o dia seguinte. Em 1989, depois de 20 anos sem vencer um reles campeonato estadual, conquistamos o título sobre aquele time da Gávea, que então ostentava estrelas como Zico, Bebeto, Jorginho, Leonardo e Zinho. Não foram páreo para Gottardo, Josimar, Mazolinha, Paulinho Criciúma e Maurício. Gostamos do imponderável, do imprevisível, para o bem ou para o mal. Às vésperas de mais um Brasileirão tenho apenas a certeza de que sofrerei mais do que ministro da Dilma em reunião de balanço de governo. Mas não há outro jeito como diz uma música cantada pe- Fernando Molica Colunista do jornal O Dia e escritor la torcida, não escolhi ser Botafogo, fui escolhido. Escolhido pelo time do louco Heleno e do torto Garrincha. Vocês aí que se cuidem, o Botafogo será campeão. ■ Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A3 Rodrigo Capote Douglas Aby Saber/O Dia O amor pelo Corinthians mesmo nos tempos da fila Jogadores do Coritiba: bom desempenho financeiro confirma ascensão técnica da equipe Nove critérios para definir quem é quem no ranking nanceira e dois de natureza técnica. São eles: ativo total, endividamento geral (que é, em linguagem contábil, a relação entre o passivo circulante, somado ao não circulante — recursos de terceiros — e o ativo total) patrimônio líquido, superávit ou déficit do futebol, custo do futebol, custo por gol e custo por vitória.Isso porque, para o objetivo a que se propõe este levantamento, o mais importante é analisar a qualidade da administração do futebol - uma vez que o melhor indicador de desempenho técnico é a própria tabela do campeonato. Este ano, porém, há uma coincidência feliz: o clube de melhor desempenho Pedro Silva [email protected] Notas de 3 a 20 apontam o clube mais bem administrado do Brasil Os critérios que determinam a classificação dos clubes que disputam a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro levam em conta o desempenho financeiro expresso no balanço de cada agremiação e alguns indicadores técnicos que permitem verificar a capacidade do clube em transformar seus recursos financeiros em gols e vitórias. Ao todo, são nove critérios - sendo sete de natureza puramente fi- financeiro em 2011, o Corinthians, foi o time que levantou a taça do campeonato. A pontuação é obtida atribuindo-se notas que variam de 3 a 20 pontos a cada um dos 18 clubes que apresentaram seus levantamentos financeiros até a data do fechamento desta edição (entre os 20 que disputam a primeira divisão, o Esporte Clube Bahia e o Sport Club Recife não publicaram os demonstrativos financeiros). O primeiro colocado em cada categoria recebeu 20 pontos, o segundo 19 e assim por diante até o último lugar, que recebeu 3 pontos. A classificação dos clubes está expressa na tabela publicada nesta página. ■ PEDRO SILVA ALEX SILVA Rigor com os números Paixão pelo bom futebol O economista Pedro Silva, responsável pela elaboração dos gráficos e tabelas publicados neste jornal, fez, pelo segundo ano consecutivo, o processamento dos dados financeiros dos clubes da primeira divisão. Por uma coincidência ele viu, seu Corinthians somar ao título de campeão brasileiro de 2011 o de clube mais bem administrado no Brasil. Alex Silva é o chefe da Infografia do BRASIL ECONÔMICO e foi o responsável pelas ilustrações desta edição. Foi dele a ideia de buscar no cartaz oficial da Copa do Mundo de 1950, disputada no Brasil, a inspiração para a capa deste caderno. Santista, Alex é um apaixonado pelo futebol e tem entre suas relíquias uma camisa autografada pelo craque Neymar. A FORÇA CATARINENSE Escrever sobre o Corinthians soa no mínimo estranho. Normalmente não se escreve sobre time de futebol. Normalmente você Luiz Aubert Neto torce, vibra, se emociona. EscreÉ corintiano, empresário, ver é uma experiência inusitada, engenheiro e presidente da Abimaq — Associação Brasileira mas interessante... Eu já nasci coda Indústria de Máquinas rintiano. Acredito mesmo que e Equipamentos era corintiano desde a gestação. Meu pai, minha mãe, meus avós paternos e maternos eram e são corintianos. Nasci na Zocomo aquela fatídica final pelo na Leste, Hospital do Braz. Despaulista em 1974, em que eu e os tino, pois é a região onde há a meus amigos levantamos ás 7h da maior concentração de corintiamanhã. Minha mãe deixou prepanos por metro quadrado. Tudo rado um saco de pão Pulmman me levou a essa grande paixão. com queijo e presunto e lá fomos Lembro-me quando meu pai nós, de ônibus, precisávamos peme trouxe a carteirinha de sógar dois, do Tatuapé para o Mocio do Corinthians número rumbi. O clima era de festa, só ha107.127, foi uma das melhores via corintiano, e no final mais um sensações de alegria e felicidaano de fila. Em 1976, na semifinal de da minha vida. com o Fluminense no Rio, meu Aprendi a nadar nas piscinas pai não me deixou ir, pois no dia do Corinthians e foi lá que aprendo jogo tinha vestibular!!! Acho di a jogar boliche. Lembro-me que nunca fiquei tão chateado coque pegava o ônibus (Gomes Garmo naquele dia, uma invasão hisdim), descia na Avenida Celso tórica de corintianos no Rio e eu Garcia, 2.000 e depois andava a ausente! Assisti pela televisão, Rua São Jorge inteira a pé. Passaem casa ainda em preto e branco. va a tarde toda no Ganhamos aquele clube. Sempre ia jogo, mas na final até a Fazendinha “Em 76 contra o perdemos para o (que tinha acesso Flu no Rio, meu Internacional. pelo clube), ver Mas em 1977, eu pai não me deixou estava as feras do Timão lá!!! Foram treinar. Me lem- ir, pois era dia três jogos contra a bro da barraca de de vestibular” Ponte Preta, eu escachorro quente, tava fazendo cursido ginásio de esnho (não adiantou porte e etc... Que vidão! muito eu ter ficado aqui em Meu pai, corintiano fanático 1976...rs). No primeiro jogo fui eu também, sempre que possível lee mais três amigos no jipe do provava meu irmão e eu aos jogos do fessor de geografia, e na final tamTimão. Me recordo de alguns em bém estava lá para acabar de vez especial: No Pacaembu num jogo com a fila de 23 anos. Finalmencontra o Cruzeiro quando o Ditão te, com 18 anos, via um título do (beque central) deu uma bica e a meu timão!! Quanto bulling futebola atingiu o olho do mestre Tosbolístico até então!!! tão, e fez com que ele mais tarde Hoje essa alegria de ser corinparasse de jogar por causa desse tiano continua, minha esposa e acidente. O jogo no Rio contra o filhos, são todos corintianos e, Botafogo, ocasião em que ficapara sorte deles, já nasceram mos hospedados no mesmo hotel vendo o Corinthians campeão que o Santos, e meu pai nos “obribrasileiro pela primeira vez em gou” a tirar uma foto histórica 1990, depois o mundial em 2000 com o Pelé, Coutinho e Pepe. Na e mais tantos títulos... hora da foto, eu do meus altos 12 A paixão continua e cada vez anos, olhei para o “Rei” e disse: mais forte e, com certeza, estare“Eu tiro a foto com você, mas vou mos na abertura da Copa no estáavisando, sou corintiano!!” dio do Timão, mais um sonho A esperança e a paixão nunca realizado, desde as promessas diminuíram, apesar das derrotas do saudoso Vicente Matheus. ■ Crescimento da receita líquida, em % 141,09 114,89 64,69 62,32 62,32 49,79 42,72 27,42 24,16 22,65 15,37 14,01 13,25 8,16 4,33 -0,48 FIGUEIRENSE CORITIBA NÁUTICO Fontes: Balanços dos clubes e Brasil Econômico VASCO SANTOS CORINTHIANS FLAMENGO CRUZEIRO INTERNACIONAL PALMEIRAS SÃO PAULO PORTUGUESA BOTAFOGO ATLÉTICO-MG FLUMINENSE GRÊMIO -14,39 PONTE PRETA A4 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012 Endividamento dos clubes aumenta mesmo com receita maior Dos 18 times analisados, 11 apresentaram aumento no nível de endividamento entre 2011 e 2012. Em pior situação está a Ponte Preta, de Campinas (SP), com avanço de 53,09 pontos percentuais no indicador Giulia Camillo [email protected] A maior parte dos clubes que disputarão a série A do Brasileirão 2012 registrou aumento do endividamento no ano passado, incluindo grandes times, como São Paulo e Corinthians. Esta é a conclusão de um levantamento feito pelo Brasil Econômico a partir do balanço financeiro de 18 das 20 equipes que participarão do campeonato. As outras duas — Sport e Bahia — não divulgaram seus resultados anuais. De todas as equipes, 11 apresentaram elevação no endividamento geral em relação aos ativos líquidos. O maior aumento foi verificado pela Ponte Preta: 53,09 pontos percentuais, para 335%. Com essa proporção, a macaca também lidera o ranking de endividamento, seguida pelo Botafogo (254,40%) e pelo Vasco (209,36%). Contudo, esses dois clubes fazem parte da curta lista de equipes que conseguiu reduzir DEVO, NÃO NEGO Entre os grandes times paulistas, o Santos teve pior desempenho, com a relação dívida sobre ativos de 164,92% o endividamento entre 2011 e 2010, com quedas de 183,35 e 9,33 pontos percentuais, respectivamente. Na outra ponta, estão o Atlético de Goiás e o Náutico, cujas dívidas representam 34% e 36% do total de ativos líquidos. Dentre os grandes paulistas, o Santos teve o maior nível de endividamento, com 164,92%, mesmo com a redução de 21 pontos percentuais. Por outro lado, São Paulo e Corinthians, aumentaram a taxa, embora permaneçam com dívidas menores em relação aos seus ativos, de 54,68% e 91,09%. O panorama mostra problemas na gestão dos grandes clubes nacionais. Outro exemplo disso é o resultado em futebol, com 14 dos 18 times registrando déficit. Os únicos que escapam dessa lista e apresentam superávit são o Corinthians (R$ 16,64 milhões), o Santos (R$ 7,39 milhões), o Vasco (R$ 3,42 milhões) e o São Paulo (R$ 220 mil). Para o economista e fundador da Pluri Consultoria, Fernando Pinto Ferreira, alguns clubes estão com a situação bastante grave. “A preocupação é menos com tamanho da dívida e mais com a trajetória que os clubes deram para o caixa. Esses que estão com situação ruim tiveram oportunidade e saíram gastando acima das receitas”, explica Ferreira. Também segundo a consultoria BDO Brazil, o endividamento dos clubes de elite brasileiros está em um nível preocupante. Este é um dos problemas que devem ser o foco das gestões dos times neste ano, já que gera despesas financeiras pesadas e compromete as receitas. “Os dados financeiros dos clubes indicam que seria um excelente momento para que as entidades que se beneficiam dos novos recursos gerados, também buscassem uma redução de seus déficits e grau de endividamento”, diz Amir Somoggi, diretor da área de esportes da BDO.” A consultoria parte da informação de que, em termos de receita, o conjunto dos 18 clubes que divulgaram seus dados somou R$ 1,9 bilhão. Quase todos os times elevaram suas receitas, à exceção de Grêmio e Ponte Preta, com quedas de 0,48% e 14,39%, respectivamente. De acordo com Ferreira, esse aumento deve-se aos direitos de transmissão de TV, além da bilheteria e dos patrocínios. E é um indicativo de que os clubes do Brasil podem se tornar internacionalizados no futuro. Um objetivo que será acelerado pela Copa do Mundo de 2014. “O que percebemos é que, já desde o ano passado, essa evolução na receita vem causando uma mudança de patamar estrutural no futebol brasileiro. Está vindo de fora para dentro do campo, acompanhando a melhora da economia brasileira. Ou seja, agora os clubes têm poder de fogo para manter jogadores como Neymar, Leandro Damião e Dedé”, explica o economista Ferreira. Segundo ele, o futebol brasileiro tem um papel crescente no cenário mundial. “A seleção brasileira sempre foi temida, mas os clubes brasileiros sempre foram vira-latas. Isso está mudando”, completa. Quem pensaria, há cinco anos, que o quarto jogador mais valioso do mundo continuaria jogando no país? No futebol moderno, o Brasil não teve isso; os melhores eram rapidamente vendidos. Agora, o Neymar continua no Santos para provar essa evolução. E não apenas ele: boa parte dos jogadores convocados para a seleção neste ano atua em clubes nacionais. A questão agora é conseguir manter essa evolução e reverter isso para uma maior profissionalização da gestão no esporte. Endividamento geral, em % dos ativos 335,07 254,40 209,36 164,92 33,55 ATLÉTICO-GO 35,74 41,83 54,68 57,42 73,32 NÁUTICO INTERNACIONAL SÃO PAULO ATLÉTICO-MG CORITIBA 85,04 91,09 97,54 99,50 FLAMENGO CORINTHIANS FIGUEIRENSE CRUZEIRO 99,59 GRÊMIO 100,51 119,21 123,06 PORTUGUESA FLUMINENSE PALMEIRAS SANTOS VASCO BOTAFOGO PONTE PRETA Fontes: Balanços dos clubes e Brasil Econômico Murillo Constantino Para 2012, Cruzeiro promete uma reviravolta celeste Sou cruzeirense de Sabinópolis, cidade do Vale do Rio Doce, em Minas. Assim como a Raposa, que nasceu Palestra Itália nas mãos dos imigrantes, também tenho parentes italianos, da região da Emilia — Romagna. E, assim como todos os cruzeirenses do Brasil — inclusive o presidente do clube, Gilvan Tavares, que também é de Sabinópolis — neste momento torço por uma reviravolta do time no Brasileirão deste ano. A atual fase cruzeirense dá ainda mais saudade de outros tempos, de quando vestiam a azul celeste jogadores como Tostão, Dirceu Lopes e Raul Plassmann. Ou até dos mais recentes Joãozinho, Sorín e Alex. Nunca sairão da memória o título brasi- leiro de 2003 e o bicampeonato da Libertadores, em 1976 e 1997. 2012, é verdade, não tem sido bom para o Cruzeiro até agora. Não chegamos sequer à final do Mineiro e ainda vimos o Atlético levar o merecido título. Diferentemente do ano passado, quando ganhamos o estadual sem sustos. Para completar, fomos eliminados em casa na Copa do Brasil, nas oitavas de final. Só restou o Brasileirão mesmo. Discordo de quem aposta que o Cruzeiro vai repetir o enredo de 2011, quando lutou o campeonato inteiro para não cair. Esse grupo vem cheio de vontade de vencer e com um técnico novo e experiente — o Celso Roth. Dependemos muito de Montillo, é verdade. Se o argentino se acer- tar no meio-campo com Roger e Souza, temos chances de surpreender. Outra promessa é a volta de Wallyson, que se recuperou de lesão e pode resgatar o bom futebol no ataque. É um time que pode dar caldo, mas precisa de reforços e mais organização. Às vésperas do último Brasileirão antes da Copa das Confederações, também sou otimista quanto ao crescimento do futebol brasileiro como negócio. Estamos no caminho certo. Afinal, corremos atrás do tempo perdido, tentando criar formas de não perder os nossos craques tão rapidamente para o futebol europeu. É um motivo nobre. Pensar nesse sentido — do futebol como um negócio —, não deve prejudicar a nossa identi- dade, a ideia do futebol arte. Pelo contrário. O desenvolvimento, a transparência dos balanços, a busca por novas receitas e a constante profissionalização dos clubes podem, sim, favorecer a ousadia e a alegria que sempre marcaram a nossa relação com a bola e os gramados. Condições como as criadas para segurar craques no País (casos como o de Neymar e Ganso, por exemplo) são bem-vindas. Quem dera meu Cruzeiro tivesse tido as mesmas condições num já distante 1994 — quando um jovem dentuço deu seu adeus precoce aos domingos de Mineirão. Foi embora logo cedo de Belo Horizonte para ser Fenômeno em pouco tempo, lá fora. Mesmo sem fenômenos no Líbano Barroso É cruzeirense e economista presente, espero que o Cruzeiro possa surpreender e pelo menos brigar para ser campeão pela terceira vez. Afinal, já são quase 10 anos passados desde a última conquista nacional, e aquele era só o primeiro Campeonato Brasileiro de pontos corridos. ■ Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A5 Antonio Milena Márcio Mercante/Ag. O Dia Ponte Preta, sim senhor! Adriano, ex-jogador do Corinthians, entrou com processo e pede indenização do clube Salários e processos pioram situação Dívidas fiscais também são outro ponto ruim nos balanços dos clubes O aumento do endividamento dos clubes brasileiros é uma consequência inevitável de um problema maior que está na gestão dos clubes. Esta é a conclusão dos especialistas que apontam a necessidade de profissionalização da administração das equipes brasileiras para acompanhar o crescimento da receita, melhorando a qualidade dos gastos. “O nível de movimentação financeira mudou, mas o modelo de gestão continua sendo o mesmo de 40 anos atrás — político e amador”, critica Ricardo Hinrichsen, diretor de consultoria da Brunoro Sport Business (BSB). Segundo ele, normalmente não existe muita preocupação da administração dos clubes em relação às dívidas que podem ser criadas para o futuro. “É a famosa história de vender o jantar para comprar o almoço”, explica. Hinrichsen afirma que os processos trabalhistas representam um peso importante no endividamento dos clubes — e eles não são poucos. Recentemente houve o caso amplamente divulgado do Adriano, que entrou no Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo contra o Corinthians buscando reverter a demissão por justa causa. O contrato do jogador previa que, em caso de rescisão, o clube deveria pagar o valor integral dos salários restantes até o final do vínculo, em 30 de junho. Com a justa causa, a quantia (em torno de R$ 1,8 milhão), não teria que ser desembolsada. De acordo como advogado do jogador, Paulo Luciano de Andrade Minto, da Andrade Minto Advogados, o processo já foi distribuído e a audiência está marcada para 1º de junho. Para o diretor da BSB, a quantidade de processos judiciais deve-se ainda à postura da gestão: “é claro que tem exceções, mas a maioria dos clubes ainda tem uma administração irresponsável em relação à questão trabalhista”. Por outro lado, o problema dos funcionários também está no crescimento da folha salarial, já que houve uma evolução importante nos salários dos jogadores dos clubes nacionais. De acordo com Eduardo Carlezzo, advogado especialista em direito esportivo, clubes como Internacional, Corinthians, São Paulo e Flamengo comprometem de R$ 5 milhões a R$ 8 milhões de suas receitas em salários. “Os clubes já pagam salários equivalentes a equipes europeias”, comenta o advogado. Em relação a isso, ele não vê possibilidade de melhora e indica que até existe uma tendência de que os clubes continuem a elevar esses gastos. Porém, não é apenas a questão trabalhista que pesa. Outro ponto bastante importante é a dívida fiscal. Em tese, a criação da loteria diária Timemania deveria equalizar essas dívidas, já que em troca do uso de suas marcas, os clubes recebem 22% da arrecadação da loteria, a serem destinados à quitação das dívidas com o governo federal em FGTS, INSS e Receita Federal. Porém, suas receitas não foram suficientes para cumprir o objetivo. Agora, a solução para esse passivo volta a entrar em discussão. “A questão está na agenda do governo federal e já houve algumas audiências públicas para discutir isso”, diz Carlezzo. Mas não há medidas concretas ainda. ■ G.C. Sou mineiro de Ponte Nova, zona da mata, que na minha infância, sofria enorme influência do Rio de Janeiro. Em casa, só se ouvia Radio Nacional, de muitas novelas, de Seu Criado Obrigado. E, claro, futebol era Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo e outros menos votados. Meu avô chegou a jogar nos aspirantes do Flamengo, lá pelos anos 20, era até sócio remido. Meu pai, genro dele, também era Flamengo. Por isso, até os 12 anos, quando nos mudamos para Campinas, eu era Flamengo e não abria. Mas, na nova cidade, conheci a Ponte Preta e seu figadal adversário, o Guarani. Quem torce para o Flamengo nunca torceria pelo Guarani, que poderia ter a simpatia, no máximo, de um ex-torcedor do Fluminense. Pó de arroz por pó de arroz... Pois bem, assisti muitos jogos no Moisés Lucarelli (não, nunca fui ao Brinco de Ouro, do Guarani, porque nos compromete — onde já se viu um estádio chamado Brinco de Ouro? Só, mesmo, para torcedores do Guarani, se vocês me entendem). Alguns amigos meus foram até presidentes da Ponte, time do povo, de garra, de lançar muitos jogadores que se tornaram grandes astros em times da Capital (embora outros amigos, também tenham sido presidentes do Guarani). Quem não se lembra de Dicá, grande batedor de falta, espetacular armador, capaz de passes maravilhosos? Mas há essa diferença, enorme, entre um time do Interior e um da Capital. Parece que este tem mais atenções, recebe mais cobertura da Imprensa (natural, até, porque os grandes jornais e televisões estão na Capital). Única exceção, o Santos, talvez porque não seja do Interior... Diferença que, por mais que meus amigos jornalistas esportivos garantam que não, praticamente impede que um time do Interior seja campeão — Paulista, Brasileiro ou qualquer outro. Aconteceu uma ou duas vezes? Mero acidente... Pontepretano que se preze nunca se esquecerá, por exemplo, da final do campeonato de 1977, contra o Corinthians. Escândalo maior não se vira antes e não se viu depois. A cena Miguel Jorge Pontepretano e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Lula (2007/2010) do Ruy Rei esperneando, gritando, xingando, sem mais nem menos, querendo, pedindo para ser expulso, foi dantesca. Claro, ele foi expulso, a Ponte se perdeu e perdeu o jogo — já tinham me avisado que aconteceriam coisas estranhas naquela final e não deu outra. Afinal, há 23 anos o Corinthians não ganhava o campeonato paulista. Ganhou, em cima da Ponte, num espetáculo vergonhoso de como tirar o título de um time do interior. Pontepretano que se preze nunca esquecerá esse jogo fatídico e esse ano fatídico. Nem se diga que o que impediu que já tenhamos sido campeão é o sapo que teria sido enterrado no gramado do Moisés Lucarelli e que “seca” a Ponte. Não, os sapos são outros e não estão enterrados. Antes que algum leitor desavisado estranhe porque, às vezes, circula a informação de que sou rubronegro, um esclarecimento: continuo Flamengo, mas também sou Ponte. Tenho sido, todos esses anos, mesmo depois de ter saído de Campinas e vindo para São Paulo, há tanto tempo. Tenho torcido muito para a Ponte, o tempo todo, mesmo sabendo que essa torcida é de fé, porque é difícil esperar que o time possa ser campeão dentro dessa estrutura complicada do futebol brasileiro. Torci demais no jogo contra o Corinthians, agora, que ganhamos no campo, sem sombra de dúvidas. Torci muito contra o Guarani, jogo que perdemos, porque nosso time estava irreconhecível. Torci muito contra o São Paulo, jogo que ganhamos. E continuarei a torcer para a Ponte, embora já me considere muito velho para esperar ver nosso time campeão. ■ NA MARCA DO PÊNALTI Custo dos clubes com o futebol, em % da receita líquida 76,38 79,14 79,27 80,10 80,11 CORITIBA SANTOS 81,55 81,75 81,87 82,97 84,06 88,09 88,86 CRUZEIRO FIGUEIRENSE NÁUTICO 93,74 93,97 94,37 106,92 121,64 59,26 VASCO ATLÉTICO-GO SÃO PAULO CORINTHIANS Fontes: Balanços dos clubes e Brasil Econômico FLAMENGO INTERNACIONAL PALMEIRAS FLUMINENSE GRÊMIO PORTUGUESA ATLÉTICO-MG BOTAFOGO PONTE PRETA A6 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012 O que aconteceria se o Santos voltasse a campo para enfrentar o Barcelona? Com o atual calendário, sistema de arbitragem e modelo de organização, é muito difícil para algum clube brasileiro derrotar qualquer um dos grandes europeus no Mundial Interclubes Kazuhiro Nogi/AFP das decisões e das cotas de patrocínio na CBF, o que se viu no Brasil foi uma concentração exagerada não apenas de recursos mas também de poder nas mãos da entidade central. Some-se a isso o peso exagerado que a emissora que detém dos direitos de transmissão dos jogos tem de interferir no futebol. A TV Globo pode, por exemplo, escolher qual o clube vai receber mais e qual receberá a menor parte das cotas de transmissão. Até aí, tudo bem: como dona do espetáculo, a TV Globo tem todo o direito de definir o quanto pagará a cada artista. O que ela não pode é impedir que os clubes busquem canais alternativos de transmissão de jogos — como acontece nos outros países. Ricardo Galuppo [email protected] Sejamos sinceros: se o Santos, o melhor e mais bem treinado time do país, voltasse a campo hoje para enfrentar o Barcelona, qual seria o resultado da partida? Deixaria o campo com a vitória ou levaria um passeio igual ao do dia 18 de dezembro passado, quando foi goleado por 4 a 0? Que me desculpem os que acreditam na primeira hipótese. Por melhor que seja o momento do Santos e por mais brilhante que seja a fase de Neymar, a chance de um novo vexame é enorme. E será assim enquanto o Brasil continuar a acreditar que o talento dos jogadores resolve qualquer parada. No futebol de hoje, ter craques é a consequência de uma boa organização e não a garantia de um bom resultado. “Ficamos parados nessa história da qualidade do jogador brasileiro enquanto a Europa evoluiu tecnicamente”, diz o ex-zagueiro Roque Júnior, pentacampeão mundial com a Seleção Brasileira em 2002. Está coberto de razão. Roque Júnior não é inimigo do talento. Pelo contrário. Talento é bom, a torcida gosta e já deu muitos títulos ao Brasil. Só que já não é mais suficiente para garantir títulos e muito menos para elevar o futebol à condição negócio sustentável - e é essa condição que permite a clubes como Real Madrid e Barcelona sempre terem times competitivos. E nem mesmo o Santos - um exemplo de gestão inovadora no futebol brasileiro — tem condição de alcançar a prosperidade duradoura num ambiente como o do futebol brasileiro. Em sua carta de renúncia à presidência da CBF, Ricardo Teixeira disse uma frase que nos obriga à reflexão. “Futebol em nosso país é sempre automaticamente associado a duas imagens: talento e desorganização. Quando ganhamos, despertou o talento. Quando perdemos, imperou a desorganização”. Ao contrário do que se diziam os inimigos de Teixeira, o futebol brasileiro não é desorganizado. O sistema de competição do principal campeonato não muda há nove anos. O calendário existe e é cumprido. A seleção é convocada com a mesma regularidade da dos demais países. E por aí afora vai. O problema é que o modelo de organização é equivocado e não permite a expansão do “negócio” futebol. Enquanto a linha atual for mantida, será cada vez mais difícil para o Santos ou qualquer outro clube ser tão poderoso quanto o Barcelona. Calendário louco Um dos fatores menos considerados na goleada que o Santos sofreu no Barcelona foi o momento em que cada um dos dois se encontrava no dia 18 de dezembro do ano passado. Enquanto o Barcelona estava em pleno vigor de meio da temporada, o Santos estava no final de uma jornada ingrata, em que havia disputado o Campeonato Paulista, a Libertadores e o Campeonato Brasileiro. O Barcelona esbanjou preparo diante de um adversário que já estava no limite da capacidade física. Será assim enquanto o Brasil insistir em um calendário que não existe em nenhuma parte do mundo. Os homens do apito Nos países que ditam o tom do futebol mundial (Inglaterra, Espanha, Itália e Alemanha) seria inimaginável um cenário de clubes fragilizados diante de federações sólidas e poderosas. Pois é exatamente essa a situação do Brasil. Nos últimos anos, houve uma centralização excessiva Infografia: Alex Silva Clubes e federação Finalmente, existe o velho tema da arbitragem. Aqui, os juízes truncam o jogo a todo instante - enquanto na Europa, apenas aquelas jogadas mais violentas são punidas com a cobrança de falta. O mesmo vale para o número de cartões distribuídos e para a postura arrogante dos árbitros que fazem questão de mostrar autoridade mesmo quando estão redondamente enganados. Em muitos casos, e com a conivência de “comentaristas” para quem o árbitro sempre tem razão, o “estilo” do árbitro é mais importante do que a regra do jogo. A arbitragem, com certeza, é um dos maiores problemas do nosso futebol. Por trás de sua arrogância, eles estão cansados de privilegiar uns e prejudicar outros. José Roberto Wright, Carlos Eugênio Simon e Márcio Rezende de Freitas são nomes que falam por si... É lógico que há mais explicações do que essas. Também é lógico que um clube brasileiro pode, sim, vencer o próximo mundial interclubes e que, se isso acontecer, será muito bom para o orgulho nacional. Se isso acontecer, nas circunstâncias atuais, será a exceção que confirmará a regra: mesmo tendo os melhores jogadores deixamos de ser favoritos. ■ Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A7 A8 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012 Receitas multiplicam após adoção dos pontos corridos no Brasileirão Aumento das cotas de televisão e patrocínio eleva faturamento dos clubes e garante a permanência de estrelas no futebol nacional. Entre 2007 e 2011, a arrecadação das agremiações mais que dobrou Gustavo Machado [email protected] Em sua décima edição, o Campeonato Brasileiro — realizado sob o regulamento dos pontos corridos — consolida-se como uma das maiores competições do esporte no mundo. Somados, os vinte clubes da primeira divisão movimentarão, neste ano, um volume financeiro digno das ligas europeias. Com o aumento vertiginoso das cotas de patrocínio e direitos de transmissão, as receitas dos principais times tupiniquins superarão a marca de R$ 2 bilhões. Apenas com os pagamentos da televisão, R$ 500 milhões serão adicionados aos cofres dos clubes da Série A quando comparado ao torneio de 2011. Entre os maiores clientes da telinha, estão também as maiores torcidas: Clube de Regatas do Flamengo, Sport Club Corinthians Paulista e São Paulo Futebol Clube. O valor arrecadado com direitos de transmissão por estes clubes mais que dobrará em relação ao ano anterior. O divisor de águas no esporte foi a adoção dos pontos corridos como fórmula de disputa, que elevou o volume de receitas. Em 2002, nenhum clube O divisor de águas no futebol foi a adoção dos pontos corridos como forma de disputa, que alavancou as receitas dos clubes brasileiro detinha um faturamento superior a R$ 80 milhões, somente aproximado pelo São Paulo, que fechou aquele ano com prejuízo de R$ 13 milhões. Dez anos depois, somente a conta da TV representa mais do que este valor para alguns clubes (veja quadro ao lado). Agora, os valores se aproximam dos campeonatos espanhol, alemão e francês. Segundo Robert Alvarez, pesquisador do Núcleo de Pesquisa do Negócio do Esporte, da ESPM, a forma de disputa atual foi um dos motivos que impulsionaram as receitas das agremiações. “Houve uma valorização do produto. Um salto na qualidade que aumentou o interesse dos consumidores”, avalia. Outro aspecto que tem alavancado as receitas é a manutenção de jogadores considerados estrelas no país. “Quanto mais estrelas melhor”, afirma o diretor do Wolff Sports, Fábio Wolff. “As cotas de patrocínio mudaram com a volta do Ronaldo. Muitos clubes copiaram a experiência corintiana e bancam muitas estrelas com a participação dos patrocinadores”, diz. Os casos de Lucas e Luís Fabiano, ambos do São Paulo, e de Ganso e Neymar, do Santos, evidenciam o aumento de qualidade do campeonato, diz Wolff. ■ Henrique Manreza Para o Bahia, a luta é sempre de um guerreiro Somos muitos personagens durante a nossa existência, pai, filho, executivo, atleta, amante e também torcedor. De todos , talvez seja no torcedor onde a razão tem menos espaço. Torcer é pura emoção. Desde o primeiro momento , quando bem pequenos, fazemos a nossa escolha e seguimos fiéis a ela até a morte. Uma fidelidade única que nenhuma outra relação consegue se aproximar. Um nirvana para os marketeiros. Já pensou em criar um produto onde o seu consumidor escolhe uma única vez ; geralmente antes dos 10 anos de idade, e não muda mais? Mas o Bahia, o meu time do coração, é especial; como não poderia deixar de ser. Lembro nitidamente do momento em que fiz a minha opção. Dois torcedores queridos buscavam conquistar um novo seguidor. De um lado o irmão mais velho, torcedor fanático que, até hoje, aos 50 anos, afirma que não há time melhor que o Bahia. Se perdemos algumas, foi porque o juiz interferiu no resultado. Do outro lado um tio gozador, que não perdia a oportunidade de tripudiar toda vez que o Vitória levava a melhor. Fui conquistado pelo coração do meu irmão e pelos anos seguidos de vitórias em cima do nosso arquirrival; o vice-tória ou vitorinha, como é carinhosamente tratado pela multidão tricolor. Foram muitos anos de alegrias, mas o ápice se deu em 1988 — Bahia Campeão Brasileiro. Inesquecível! Animados com a boa campanha, lá fomos nós; sete amigos torcedores rumo ao Maracanã para a semifinal contra o Fluminense. Estávamos por ali entre recém-formados e o primeiríssimo emprego, portanto passagem de corujão divi- dida na maior quantidade de parcelas possíveis. E como para o Bahia a luta é sempre de um guerreiro, encontramos pela frente uma greve de aeroviários que nos fez pernoitar no aeroporto de Salvador e quase liderar uma rebelião dos ansiosos passageiros. Resultado: fotos nas primeiras páginas dos jornais baianos com os guerreiros exauridos em breve cochilo no saguão do aeroporto. Acabou custando o emprego de alguns, mas o entusiasmo do torcedor falou mais alto. No jogo de volta, Fonte Nova com mais de 110 mil torcedores. Francamente, não tenho a menor ideia de como coube tanta gente... nos tempos atuais seria, no mínimo, uma irresponsabilidade disponibilizar tantos ingressos. Mas, com a ajuda de todos os Orixás, 2 a 1, incontestável e paz no estádio. E ai atropelamos o Internacio- nal em casa e nos consagramos no território do inimigo arrancando um empate em 0 a 0. Bahia “Bicampeão Brasileiro”. Amigo, Salvador parou... e vivemos um congestionamento de trio elétrico fora de época. Bom, de lá prá cá as coisas mudaram um pouco. A ponto de não obter o mesmo sucesso que meu irmão Edson na minha conversão quando chegou a vez da escolha do meu filho Victor, que rebelouse aos sete anos de idade e rompeu a linha sucessória optando pelo outro time que citei no inicio. Mas não desisti e fiz um melhor trabalho educativo com o caçula, João Felipe — torcedor do Bahia mesmo morando hoje em São Paulo. O Bahia deu um tempo, mas já voltou. No ano passado, voltamos à primeira divisão do futebol brasileiro — de onde nunca deve- Marcelo Lyra É tricolor baiano e vice-presidente da Braskem ríamos ter saído. E já começamos o ano estampando mais uma estrelinha de campeão baiano no nosso peito. Daquele jeito, como guerreiro, em um 3 a 3 de tirar o fôlego. Haja emoção... definitivamente , neste negócio a racionalidade executiva não apita! Avante esquadrão de aço!!! ■ PLACAR ELÁSTICO Quanto custou cada gol no brasileirão 2011, em R$ milhões FLAMENGO 2,44 PALMEIRAS 2,78 1,96 CORINTHIANS 3,72 2,06 2,75 3,12 Fontes: Balanço dos clubes e Brasil Econômico CRUZEIRO SANTOS SÃO PAULO GRÊMIO INTERNACIONAL 2,52 *O custo do clube com o departamento de futebol dividido pelo número de gols marcados no Campeonato Brasileiro em 2011 ATLÉTICO-MG 1,83 Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A9 Rodrigo Capote O Galo está de volta para casa O JOGO NA TELA 20 MAIORES RECEITAS DE TV, EM R$ MILHÕES 2011 TOTAL, EM R$ MILHÕES 2012 FLAMENGO 41,6 CORINTHIANS 40,5 SÃO PAULO 36,2 PALMEIRAS 35,0 VASCO DA GAMA 32,2 SANTOS 24,7 FLUMINENSE 25,4 CRUZEIRO 25,0 ATLÉTICO-MG 24,9 GRÊMIO 24,5 INTERNACIONAL 24,0 BOTAFOGO 23,0 BAHIA 15,8 ATLÉTICO-PR 15,0 CORITIBA 15,0 PORTUGUESA 15,0 SPORT 15,0 GUARANI 15,0 GOIÁS 15,0 VITÓRIA 15,0 0 20 84,0 84,0 75,0 75,0 2,0 75,0 1,5 75,0 1.235 2.136 1.370 1.539 1.679 1,0 55,0 0,5 55,0 0,0 55,0 2007 2008 2009 2010 2011 55,0 MUNDO AFORA 55,0 PREMIER LEAGUE INGLATERRA 2010/2011 € 1,165 BILHÃO BUNDESLIGA ALEMANHA 2012/2013 € 520 MILHÕES LIGUE 1 FRANÇA 2011/2012 € 517 MILHÕES SERIE A ITÁLIA 2011/2012 € 900 MILHÕES LA LIGA ESPANHA 2010/2011 € 550 MILHÕES 55 29,0 29,0 29,0 29,0 29,0 29,0 29,0 29,0 40 73% 2,5 60 80 100 Fontes: Balanços dos clubes, Futebol Finance e Brasil Econômico O atleticano é, antes de tudo, um otimista. Ano após ano, mesmo quando o time não entra na competição com chance de ser um dos protagonistas, iniciamos o Brasileirão com a certeza do título. Para 2012, o estado de espírito não poderia ser outro: seremos campeões! A diferença em relação ao passado é que, desta vez, a crença na conquista se sustenta em razões concretas — e quem duvidar da força do Galo pode pagar um preço elevado pelo desrespeito. A primeira diferença é que, assim como aconteceu com outros clubes brasileiros, a situação financeira do Atlético de hoje é bem mais confortável do que a de alguns anos atrás. Com mais dinheiro no caixa, a diretoria pôde montar um elenco de respeito. E, mais do que isso, pode ficar atenta às boas oportunidades de contratação para posições que exijam reforço. Essa realidade, que vale para outros times, apenas nos igualaria aos demais se nossas expectativas não fossem alimentadas por razões que nos tornam diferentes dos outros. A primeira diferença é o retorno à cidade natal: Belo Horizonte. Nos últimos dois anos, o Galo mandou seus jogos em Sete Lagoas. Fomos bem recebidos por lá, sem dúvida. Mas faltava um detalhe — aquele tipo de detalhe que faz toda diferença. Pode parecer que não, mas se apresentar na capital, com o apoio incondicional da massa, talvez não faça diferença para times que não têm na arquibancada uma torcida com a força e a paixão da nossa. Mas para o Galo, faz. Pude testemunhar mais de uma vez o respeito que essa torcida impõe a qualquer time que nos enfrenta em BH. Portanto, a reinauguração do novo estádio Independência (onde, por sinal, conquistamos no domingo passado nosso 41º título estadual) é motivo de temor para os adversários. Para nós, é a certeza de entrar em campo com 12 jogadores que valem por 13. A outra razão para o otimismo é que chegou a hora de colher os frutos do investimento feito nos últimos anos. Em alguns momentos de nosso passado, fomos obri- Ricardo Guimarães Atleticano e presidente do Banco BMG gados a trocar os investimentos no presente pela construção de nosso futuro. A Cidade do Galo é o melhor e mais moderno Centro de Treinamento do Brasil. Oferece condições ideais de trabalho aos profissionais e, também, às categorias de base. Isso também pode parecer pouco. Mas não é. O Atlético tem tradição na formação de jogadores e toda vez que a base ganha chance no time principal, faz bonito. Este ano, será assim. Os tempos de dificuldades nos gramados, que entristeceram a todos nós, estão cada vez mais distantes. O futuro, com toda certeza, será glorioso. ■ Niels Andreas Torcedor à distância do Palmeiras não perde amor ao time Quase 25 dos meus 55 anos de vida, passei longe do Brasil, entre Canadá e Estados Unidos. Era 1967 quando deixei o País com minha família, aos 11 anos. Jovens, todos absorviam as novidades e se transformavam, dominando a língua e trocando arroz e feijão por fast food. Diferente de minhas irmãs e irmão, mais novos, eu sentia que algo além do arroz com feijão estava faltando. Demorei para entender o que era. Surgia quando me lembrava da correria dos netos pelo casarão de meus avós no velho Pari. Ou quando tomava guaraná com 20 graus negativos e neve nas calçadas e “viajava”: eu via pessoas queridas, lugares distantes, ensolarados. Como a arquibancada do Palestra. No Brasil, cresci ouvindo a história de meu tio, centroavante, campeão paulista juvenil pelo Palmeiras em 1955. Na decisão contra o Corinthians, na Fazendinha, ele marcou o gol da vitória por 2 a 1, de virada. Tio Mingo ainda guarda a Revista do Palmeiras com a foto do time campeão na capa, ele entre os titulares. Na lista de reservas, um nome ilustre: Mazzola, o Altafini de Araraquara que depois fez fama e fortuna na Juventus de Milão. Mazzola e o Mingão subiram juntos para o time principal, mas, dizia vovô Adhemar, “futebol é coisa de vagabundo, você vai estudar medicina.” Só Altafini seguiu carreira. Hoje, vejo que mesmo nas profundezas de seguidos inver- nos canadenses, era inevitável o regresso. Como não lembrar do tio craque, de meu avô que proibia a entrada de corintianos em casa e algemava ao corrimão da escada o primo Marcos, como castigo pela heresia de virar são-paulino... ou as emocionantes narrações de Fiori Gigliotti, que me faziam preferir ouvir e não ver jogos? Talvez tenha nascido ali o meu amor pelo rádio, onde militei por muitos anos. Eu podia ter encerrado meus dias como imigrante feliz e esquecido que sou. Mas em 1997, uma tempestade perfeita me trouxe de volta e acabei entendendo o que eram aqueles desconfortos. Mais que mera saudade disto ou daquilo, era a constatação de que quando parti, ainda garoto, eu não sentia qualquer atração por me adequar a outra maneira de ser. Por isso lá fora eu aprendia e absorvia, para sobreviver e vencer. No meu íntimo, eu resistia. Queria mesmo é continuar sendo o paulistano que nasceu a uma quadra da avenida Paulista, na velha Maternidade de São Paulo. E muito palmeirense, porque o Palmeiras define com precisão o brasileiro que sou. A história do Palmeiras é uma das mais genuinamente brasileiras, pois nela estão perpetuamente embutidas as sagas de milhões que vieram de longe. Gente que optou por vencer ajudando a construir o Brasil. Seus descendentes hoje formam o mosaico de cores e NÁUTICO 0,33 FLUMINENSE 1,07 VASCO PONTE PRETA 1,38 0,32 CORITIBA 0,88 ATLÉTICO-GO 0,23 FIGUEIRENSE BOTAFOGO 1,15 0,78 PORTUGUESA 0,24 Adhemar Curci Altieri Muito palmeirense, é diretor de comunicação corporativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (ÚNICA) culturas que são o nosso País e a nossa torcida. De volta, percebi que sentia uma espécie de alívio toda vez que me acomodava no Palestra Itália. Ali é aquele lugar que cada um tem e onde se sente realmente bem. Senhores, queiram acelerar as obras da Arena, nosso segundo estádio sem um tostão de dinheiro público, com muito orgulho. Estou com saudade... ■ A10 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012 Marcas vão ao ataque com patrocínio de clubes no país Da indústria alimentícia, como a Seara, a empresas da nova economia, como a loja virutal Netshoes, o patrocínio ao futebol brasileiro se consolida e é disputado por marcas que querem entrar em campo Vinicius Brandini Gabriel Ferreira [email protected] O tricampeonato paulista conquistado pelo Santos no último domingo foi exaustivamente comemorado pelos executivos da Seara. Não que no frigorífico comandado pelo grupo Margrif, todos os executivos sejam Peixe desde criancinha. Mas não é difícil entender o motivo para tanta alegria. É que a cada foto ou cena do jogo exibida nos sites, jornais, revistas e emissoras de televisões do Brasil e do exterior, o logotipo da Seara estava lá, sempre em posição de destaque, estampado na camisa dos novos meninos da Vila, Neymar, Paulo Henrique Ganso e companhia. A decisão de se envolver com o futebol surgiu em 2010, quando os executivos do Marfrig viram no futebol uma forma interessante de reconstruir a marca Seara, adquirida poucos meses antes pela companhia. “Queríamos criar uma imagem muito forte e consistente no Brasil e no mundo e chegamos à conclusão de que o futebol deveria ser a espinha dorsal dessa estratégia”, diz Antonio Zambelli, diretor de marketing da Seara. A primeira medida nesse sentido foi o patrocínio ao Santos, logo seguido pelo apoio à Seleção Brasileira, com direito a ter a marca estampada na camisa de treino dos jogadores convocados por Dunga, então técnico da seleção canarinho. A Seara não revela o valor investido nessas iniciativas, mas confirma que elas ocupam boa parte de sua verba de marketing. “Os patrocínios formam o eixo central da nossa estratégia de divulgação de marca. Então, é natural que o valor seja alto”, afirma Zambelli. Estimativas de mercado apontam que apenas o valor pago pela Seara ao Santos deve es- A Seara não diz, mas a estimativa do mercado é de que a empresa pague R$ 10 mi ao Santos ‘e US$ 6 mi à CBF tar próximo dos R$ 10 milhões, incluindo a presença da marca no mobiliário do clube e na camisa dos jogadores. Já para apoiar a seleção de Mano Menezes, estima-se que o valor acertado com a CBF seja cerca de US$ 6 milhões. Segundo Zambelli, os investimentos valem a pena, pois o reconhecimento da marca aumentou imediatamente, conforme os objetivos traçados pelo Marfrig. “Agora é hora de transformar esse reconhecimento em preferência”, diz Zambelli. Rumo ao Nordeste Quando quis apenas divulgar seus serviços de loja virtual, a Netshoes optou pela própria internet como canal de comunicação. Mas quando chegou a hora de fazer “construção de marca”, os meios escolhidos foram a publicidade na mídia tradicional e a camisa de futebol de times importantes. Hoje, Netshoes tem seu nome estampado nas camisas de Santos, Atlético Paranaense e Bahia. “A escolha das equipes costuma ter a ver com mercados onde queremos nos fortalecer”, afirma Marcos Paladino, gerente comercial de futebol da empresa. A Netshoes não revela qual o valor investido no patrocínio às equipes, mas comemora os ganhos em exposição. “Para nós, é importante até os vídeos dos lances, que ficam para sempre no youtube”, diz Paladino. Outros ganhos Nem só de exposição, porém, Gandini, presidente da Kia : patrocínio ao Palmeiras e de olho na agenda do técnico Luiz Felipe Scolari vive um patrocinador. Ao fechar contrato com um clube, a Netshoes, por exemplo, coloca entre seus direitos itens como camarotes nos estádios, ingressos para os treinos e encontros de jogadores da equipe com clientes, funcionários e fornecedores da empresa. São os chamados direitos de propriedade e, embora seja de curto alcance - ou dirigido a um grupo pequeno de torcedores - o efeito é comemorado por quem põe dinheiro no futebol. Estreia no Verdão Outra que também se interessou pelos ganhos além da exposição da marca na camisa de uma equipe de grande porte foi a fabricante de automóveis Kia. Ao anunciar o acordo com o Palmeiras, no início deste ano, a empresa apresentou como ponto relevante o fato de, pelo contrário, o treinador da equipe, Luiz Felipe Scolari, poder apare- cer em eventos organizados pela montadora no Brasil. “No histórico da estratégia de marketing da Kia, no Brasil e no mundo, o esporte é prioridade”, afirmou, na época, José Luiz Gandini, presidente da montadora no país. Antes de fechar a parceria com o Palmeiras, porém, a presença da Kia no futebol brasileiro era mais discreta, se restringindo ao patrocínio à Copa do Brasil e ao time do Ituano, do interior de São Paulo. ■ Divulgação Mesmo longe de nossa terra, somos apenas gremistas Uma das principais características do gremista é que nós somos apenas gremistas. Não há uma segunda opção, sem importar a distância em que estamos do nosso Grêmio e da nossa terra gaúcha. É este estado de espírito que se renova a cada ano quando começa o Brasileirão. O Campeonato Brasileiro nos aproxima mais do time , aumenta a convivência com o ti- me graças ao maior número de notícias na imprensa nacional e discutimos de igual para igual nas conversas com os amigos a cada rodada. Não acho que o Grêmio seja favorito ao título, mas na verdade isso não importa. Mas tenho a certeza de que verei o Grêmio em destaque, entrando altivo a cada partida, imortalizando seu espírito de luta e chegando às úl- timas rodadas na briga por título e espaço na Libertadores. Não é utopia pensar dessa maneira. Como gremistas temos o direito e o dever de pensar assim, tantas são nossas histórias de superação ao longo do tempo. É com este espírito que quero ver nosso Grêmio em cada partida. O ano de 2012 é especial porque marcará a despedida do nosso querido Olímpico , palco on- de aprendi a amar nosso Grêmio, e a entrada em uma nova era, que será a da Arena. Saudosismos à parte, não podemos parar o curso da história, mas sim devemos seguir com a missão que um dia recebemos de nossos pais ou de nossos corações e que temos o dever de passar para os filhos: perpetuar nossa paixão pelo tricolor gaúcho. Vamos, Grêmio!!! ■ Vasco Luce Gremista e presidente da área de bebidas da PepsiCo na América Latina Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A11 Alê Oliveira Empresas repensam estratégia no futebol Segmento de publicidade que ganhou força com a iminência da Copa 2014 precisa se profissionalizar para conquistar maior espaço no mercado Priscilla Arroyo [email protected] O interesse das empresas em patrocinar esportes ganhou impulso em 2007, quando o Brasil foi escolhido oficialmente como sede da Copa do Mundo de 2014. Acompanhando a tradição nacional, as companhias escolheram os clubes de futebol para participar do movimento. O mercado teve rápida expansão com o interesse dos clubes em atrair cada vez mais verbas, mas agora passa por um processo de transição. As empresas fizeram investimentos robustos para atender à demanda, mas a falta de experiência no planejamento, aliada à carência de ferramentas que demonstrem a taxa de retorno dessa prática estão fazendo os executivos repensarem a estratégia. “O patrocínio dos clubes tem como principal objetivo dar visibilidade às marcas. O segundo passo seria transmitir os valores dessa marca, e a maioria das companhias não sabe de que maneira fazer isso”, explica Eduardo Muniz, professor de marketing esportivo da ESPM. Diante deste cenário, as companhias estão reavaliando o montante das verbas. Prova disso é o recuo do BMG, um dos maiores patrocinadores do futebol brasileiro. Ano passado, o banco mineiro desembolsou cerca de R$ 70 milhões para estampar sua marca na camisa de 39 times. Neste ano, a previsão é que a verba di- minua em 20%. Os cerca de R$ 56 mil serão distribuídos para 25 clubes, entre eles o Atlético Mineiro, Santos e Flamengo. “Já investimos bastante para divulgar a marca, agora estamos em um processo de lembrança para evitar superexposição. O próximo passo é trabalhar para garantir a fidelização dos clientes”, diz Ricardo Guimarães, presidente do BMG. Ele conta que a estratégia foca também na apresentação de outros produtos do banco, que tem como carro-chefe os empréstimos consignados. “Queremos diversificar, lançar outros produtos para a classe C da população. Acreditamos que a presença nos esportes, principalmente no futebol, seja a melhor maneira de fazer isso”, complementa. Mesmo com ressalvas, as empresas sabem a importância de marcar presença nos campos. Em paralelo com a euforia causada pela iminência da Copa 2014, a necessidade de aproximação do o público pertencente a classe C, segmento de mercado com maior crescimento no país, continua motivando o pa- BMG, que investiu R$ 70 milhões para estampar sua marca na camisa de 39 times, vai jogar na retranca em 2012 trocínio nessa chancela. De acordo com Muniz, o interesse dos clubes pela receita de patrocínio vem aumentando de forma gradual nos últimos anos. Na outra ponta, as empresas estão avaliando melhor esse investimento, o que causa certo desconforto entre as partes. “Essa relação só vai melhorar quando houver avanço no planejamento de marketing esportivo no Brasil”. Ele afirma que os contratos de patrocínio com vigência de um ano devem ser revistos para ter maior duração. “O mercado tem grande potencial de crescimento, mas para isso precisa de profissionalização”, destaca. O patrocínio no futebol é uma área promissora, mas que ainda está se desenvolvendo. De acordo com Fernando Pinto Ferreira, fundador da Pluri Consultoria, muitas empresas gostariam de investir na chancela, mas têm medo do ambiente. “O futebol é uma excelente maneira de se comunicar, mas a questão da governança tem que ser repensada. Um exemplo é que muitas empresas temem que o apoio a um determinado clube pode fazer com que torcedores de outros times rejeitem a marca.”, diz. Mesmo diante dos desafios , é consenso entre especialistas que a expansão dessa modalidade de patrocínio é somente uma questão de tempo. “Este segmento vai crescer como poucos”, conclui Ferreira. ■ Colaborou Guilia Camillo São Paulo (Futebol Clube) Meu Amor! Que me permita Tom Zé, nosso maravilhoso tropicalista, mas vou usar sua musica para o titulo deste artigo. São Paulo, meu amor! Esta paixão começou na minha infância, com a influencia do meu pai. Nasci em 62 e meu primeiro jogo foi no Morumbi, São Paulo 1 X 0 Ferroviária com gol de Paraná . Fomos campeões paulistas em 1970 nesse jogo. Fomos Bicampeões paulista em 72 e passei a acompanhar cada jogo do nosso Tricolor. Eu estava com hepatite , de cama em 77, quando Chicão comandou o time que derrotou o Galo e conquistou nosso primeiro Brasileiro, em pleno Mineirão. Mas destaco nossa vitória no Brasileiro, derrotando Guarani em pleno Brinco de Ouro. Na década de 90, eu me casei e vi com meu pai nosso São Paulo, de Telê Santana, Rai e Muller, conquistar a Libertadores e derrotar o até então imbatível Barcelona, no Mundial, em Tóquio. Fomos bi na Libertadores, em 93, última vez que , ao lado do meu pai, vi nosso time conquistar mais um título. Ele se foi mas eu estava na maternidade com minha mulher e dali acompanhei o São Paulo derrotar o Milan e ser bi mundial. Nasceu minha primeira filha, hoje com 17 anos, e depois tivemos , Bia e eu, mais 3 filhos, todos são-paulinos. Meu filho, Frederico é tão fanático quanto eu, e juntos acompanhamos todos os jogos do São Paulo. Por isso teve sabor especial o tricampeonato brasileiro con- Luiz Lara Presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade e da Lew,Lara/TBWA quistado em 2006/07/08 e claro, o novo titulo da Libertadores e o mundial em 2005, numa nova vitória heroica contra o Liverpool. E sabe o que sempre esteve presente em todas estas conquistas ? A tranquilidade tricolor, a fé inabalável de que, com calma e com estrutura, podemos sempre nos superar e conquistarmos títulos que pareciam ser impossíveis. Era impossível derrotar o Barcelona, Milan e Liverpool? Era impossível ganhar do Galo no Mineirão e do Guarani, no Brinco de Ouro? O São Paulo ganhou! Quero de volta, como torcedor apaixonado, a elegância de Laudo Natel, Henri Aidar, Cicero Pompeu de Toledo, Carlos Miguel Aidar, Marcelo Portugal Gouveia de dar ao elenco do nosso time as melhores condições de trabalho e deixar florescer o talento para com garra, determinação conquistarmos títulos. Desde 2008, nosso São Paulo deixou de ser o São Paulo. Fico preocupado quando vejo troca de técnicos, mudanças continuas de elenco, jogadores que estão “piorando” no São Paulo e se recuperando em outros times. O que esta acontecendo conosco? Quero a paz, a tranquilidade , o jeito de ser e de fazer do São Paulo, de volta! Quero de novo, o São Paulo, meu amor, levantar a taça de campeão. ■ Coritiba, clube de nascença e do coração da cidade O Coritiba Foot Ball Club, 102 anos, nascido na capital paranaense, sempre trouxe muitas alegrias ao torcedor coxa-branca, embora por quatro vezes tenha amargado sagas enormes Brasil afora até retornar à elite do futebol brasileiro - até mesmo na “canetada” já foi rebaixado, como registra-se na linguagem do futebol. Porém, esta é outra história. Atualmente, o clube tem na gestão o incansável presidente Vilson Ribeiro de Andrade, recém-eleito, que vem se dedicando ao clube desde a presidência de Jair Cirino dos Santos. Graças ao bom trabalho como vicepresidente do clube, Vilson conquistou a presidência atual do Coritiba. Aplaudido, continua fazendo todo o possível para o seu clube, vovô centenário, continuar firme e forte. Lembremos de alguns nomes de gestores do passado, como o major Antônio Couto Pereira (no comando durante nas gestões de 1927-1928, 1931-1934, 19371945), que empresta seu nome até hoje ao nosso estádio. Ou Arion Cornelsen (1956 a 1963), e o Evangelino da Costa Neves, o eterno Chinês (presidente de 1967 a 1979, 1982 a 1987 e 1992 a 1995), entre outros. Um gestor muito próximo do Grupo JMalucelli, Joel Malucelli (1996 a 1997), presidiu o clube por meio de um triunvirato formado por Edison José Mauad e Sérgio Marcos Prosdócimo. Além desses nomes, vale mencionar que todos os presidentes do Coritiba foram homens extremamente apaixonados pelo clube. Muitas seriam as lembranças de um coxa-branca de coração e de nascença. Desde que a cidade de Curitiba ainda era uma pequena província, quem residia ao redor do hoje chamado estádio Couto Pereira já nascia coxa- branca. A cidade cresceu, chegaram pessoas de outros municípios, estados e países. Assim, não precisava ser do bairro anfitrião do clube, o Alto da Glória, para tornar-se também um torcedor do Coritiba. O clube, além de sua vasta galeria de troféus e títulos, acumula fatos interessantíssimos para quem não conhece a fundo a história da equipe alviverde do alto de tantas glórias. Será verdade que o seu maior arquirrival (no bom sentido), o Atlético Paranaense, só nasceu por causa dele, do Coritiba? Por que o torcedor do Coritiba é chamado de coxa-branca? Há muitos anos, o atual Coritiba, formado por um bom número de estrangeiros (alemães e descendentes) e por funcionários de uma empresa de fora do país, começavam a ganhar destaque na cidade, até que componentes de outros dois clubes (Internacional e América) resolveram fazer uma fusão para bater de frente aos “estrangeiros”. Assim nasceu o maior rival caseiro do Coritiba até os dias de hoje. Para quem não concordar com a história, fica aí a polêmica em desvendar os detalhes da origem futebolística do estado do Paraná Já o apelido coxa-branca é justamente pelas pernas brancas dos jogadores alemães, que predominava no time. Pois bem, num “Atletiba” na década de 1930, um torcedor do Atlético Paranaense provocava um jogador do Coritiba. Nada fazia efeito para descontrolar o adversário, até que ele começou a gritar: “Coxabranca, coxa-branca!”. O apelido tomou conta da cidade - inicialmente de forma pejorativa, para irritar o time rival, seus jogadores e torcedores. Hoje virou apelido carinhoso. O tempo passou, a cidade cresceu ainda mais, as famílias de “estrangei- João Gilberto Possiede Presidente da JMalucelli Seguradora ros” coxas-brancas se misturaram a ponto de numa mesma casa existirem torcidas dos dois lados, até mesmo coxas com irmãos de sangue atleticanos. São incontáveis as histórias típicas e atípicas desta rivalidade caseira. No último dia 13, o maior duelo entre os dois clubes — final de Campeonato Estadual de 2012, resultou no título de tricampeão para o Coritiba, vencendo nos pênaltis o arquirrival. ■ A12 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012 Lucas em alta na bolsa de apostas Empresários indicam quais são os jogadores com maior potencial de valorização INVESTIMENTO CERTEIRO 55 Neymar foi o jogador brasileiro com maior valorização nos últimos anos, em € milhões 37 EVOLUÇÃO DO VALOR DO PASSE DE NEYMAR Gabriel Ferreira [email protected] Pode-se não gostar do penteado. Pode-se criticar a forma como ele dribla os adversários. Mas não há quem discorde que Neymar é o maior ídolo do futebol brasileiro. As jogadas e o carisma do craque santista servem para encantar a torcida e, principalmente, aumentar seu valor de mercado. Segundo levantamento realizado pela consultoria Pluri, especializada na avaliação de clubes e jogadores de futebol, no início do campeonato de 2008, o time que quisesse comprar Neymar teria de desembolsar cerca de €3 milhões, algo próximo do que custa hoje o meia Bernardo, um santista bem menos badalado. No início deste ano, porém, a história é bem diferente. O passe de Neymar foi avaliado em € 55 milhões, mesmo valor do principal jogador da seleção inglesa, o atacante Rooney. Ao atingir tal cifra, Neymar dos Santos Júnior tornou-se o quarto jogador mais valioso do mundo. “E a tendência é que a curva ascendente se mantenha ainda por alguns anos”, diz Fernando Ferreira, sócio da Pluri. Uma valorização como a de Neymar, em tão pouco tempo, é raridade e aumenta a responsabilidade dos empresários para fazer apostas certeiras na escolha dos agenciados. Segundo o empresário do atacante santista, Wagner Ribeiro, a maior dificuldade de descobrir o próximo grande investimento é o fato de ter que lidar com fatores muito subjetivos. “O que define a valorização de um craque é a atuação dele dentro de campo, a posição do time no final 14 6 3 2008 2009 Até o momento Neymar é o 4º jogador mais valioso do mundo... 2010 2012 012 2011 ... e é a primeira vez que um dos dez jogadores mais caros do futebol mundial atua no Brasil BERNARDO (SANTOS)* WELLINGTO NEM (FLUMINENSE)* OSCAR (INTERNACIONAL)* Jogadores que valem hoje o que Neymar valia nos respectivos anos DANIEL ALVES (BARCELONA)* Fonte: Pluri Consultoria * Valores atuais aproximados do campeonato e as possíveis convocações para a seleção brasileira. Não temos como controlar essas questões”, afirma Ribeiro. Para este ano, o empresário vê bom potencial de valorização em Lucas, do São Paulo, devido à grande exposição que o jogador deve ter durante as Olimpíadas, e Guilherme, da Portuguesa, que deve ser transferido para ROONEY OONEY (MANCHESTER STER UNITED)* um time de maior destaque. Os dois jogadores têm a carreira administrada por Ribeiro. Na visão do empresário, os talentos que mais devem se valorizar no médio prazo estão no interior de São Paulo. “Gosto muito de alguns jogadores da Ponte Preta e do Mogi Mirim”, diz. Para Léo Rabello, empresário de jogadores como Thiago Ne- ves, do Fluminense, a estrutura do clube no qual está o atleta é fundamental para sua valorização. “Acredito que vão se sobressair os atletas das equipes com mais dinheiro e organização” Segundo ele, o fato de jogar em um clube como o Santos foi um dos fatores mais importantes para determinar o tamanho do aumento no valor de Neymar. No Brasileirão deste ano, o empresário acredita em outros dois santistas como “destaques financeiros”: Ganso, que deve voltar a se sobressair depois de um ano de lesões e Bernardo, jovem promessa do Vasco. Rabello é o empresário de Bernardo. Oscar, do Inter, é outra aposta. “Hoje, Oscar vale € 14 milhões, o mesmo que Neymar há dois anos”. ■ ‘Lembrem-se: o Vasco é o time da virada, o Vasco é o time do amor’ Antes de falar sobre o Brasileirão, eu preciso fazer um registro. Escrevo essas linhas um dia após o empate do Vasco com o Corinthians na Libertadores da América. O Vasco mereceu ganhar. Na minha opinião, ele ganhou. E na opinião de vários jogadores que estavam em campo também. Mas é opinião. E toda opinião é parcial. Ainda mais vinda de vascaínos. Foi muito bonito assistir a garra, a vontade e a raça do meu time. Juninho, Carlos Alberto, Diego Souza, Prass, orgulho. Partida dura, disputada e, em boa parte dos 90 minutos, equilibrada. Que desequilibre em São Paulo. Mas vamos falar do Brasileirão 2012. Acho que esse ano para o torcedor vascaíno será de alegrias. Lembrem-se: o Vasco é o time da virada, o Vasco é o time do amor. Nós vivemos uma fase — ou seria era? — péssima nos últimos dez anos. Perdemos, fomos vices, chegamos a ser rebaixados. Felizmente, nunca deixamos de ser vascaínos. Hoje, temos um técnico. Um não, dois. Hoje, temos uma equipe. E mesmo não sendo a ideal, ela compensa em brio, em foco, em obstinação. Por falar nisso, ontem, o Juninho, sempre um gi- gante, não queria ser substituído. Acredito que o Vasco tem tudo para disputar o título. Se no ano passado fomos vice, queremos e podemos mais. A confiança do torcedor do Vasco é bem maior que nos outros anos. Há tempos não vemos um time tão comprometido com o clube e com a torcida. Os jogadores podem errar uma jogada, podem perder um lance, mas estão sempre lutando. O torcedor voltou a orgulhar-se do time. Desse time. Outra expectativa do torcedor é rever o Ricardo Gomes assumindo o time novamente. Ele é um vencedor em todos os sentidos. Uma unanimidade entre os apreciadores de um bom futebol. Ver a dupla Ricardo-Cristóvão trabalhando em campo seria mais um grande incentivo ao time. Por falar em técnico, aqui entra a minha porção entendedorchutador-escalador: o Vasco precisa contratar para algumas posições: lateral-esquerdo, centroavante e zagueiro. O Dedé é extra série. Mas ele é apenas um. Não podemos ficar dependendo só dele. Que o Vasco traga novos jogadores. E que eles venham para disputar um lugar no time titular. O Vasco começa esse Brasilei- Álvaro Rodrigues Sócio e VP de criação da DM9Rio rão 2012 com um time no mesmo nível que o que terminou o Campeonato Brasileiro do ano passado. Isso é bom. Entrosamento não falta.Vontade não falta. Que não nos faltem as vitórias. ■ Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A13 João Sal/Folhapress Participar de Olimpíada pode fazer atleta valer ouro Fluminense candidato ao título Fazer parte do segundo maior evento esportivo do mundo tem muita influência no valor de jogadores, especialmente, em início de carreira Rafael Neddermeyer No dia 6 de julho, quando o técnico Mano Menezes anunciar a lista de convocados para as Olimpíadas de Londres, os empresários dos escolhidos terão muito a comemorar. “A exposição que os jogadores menos conhecidos ganham nos eventos internacionais pode ajudar a elevar o preço desses atletas”, afirma Fernando Ferreira, sócio da Pluri Consultoria. Segundo Ferreira, os efeitos não são tão grandes para craques já consolidados no mercado, como Neymar, mas podem fazer muita diferença para atletas de menor expressão. “Mas se o Brasil for campeão, até mesmo os grandes nomes podem ver seu preço aumentar”, diz. A expectativa sobre os jogos de Londres é tão grandes que é nesse período que o empresário Wagner Ribeiro aposta para valorizar o passe de um de seus principais atletas, o meio-campista Lucas, do São Paulo. “É uma forma mais prática de apresentar o jogador aos times do mundo inteiro”, diz Ribeiro. “Sempre após essas competições aumenta a procura espontânea por alguns atletas.” Na lista de convocados por Mano Menezes para os jogos amistosos que serão realizados como preparação às Olimpíadas, alguns nomes são apontados como algumas das principais promessas quando o assunto é valorização do passe. Entre eles, os jovens Oscar, do In- Lucas, do São Paulo: com alta cotação na bolsa de apostas ternacional de Porto Alegre, e Wellington Nem, do Fluminense, que já obtiveram grande valorização no último campeonato brasileiro e, segundo os especialistas no mercado da bola, devem manter a trajetória positiva ao longo deste ano. Audiência A grande expectativa com os Jogos Olímpicos não está relacionada diretamente com a mítica que envolve ou competição e nem mesmo com o ineditismo que uma possível medalha de ouro teria para o futebol brasileiro. Segundo Ferreira, o que provoca a grande valorização dos jogadores ao longo da Olimpíada é o tamanho da audiência que o evento atinge. “Quanto mais pessoas assistirem o jogador atuando, mais fãs ele terá e maior retorno de marketing ele poderá trazer para o time”, afirma o consultor. Esse efeito é chamado de vitrine e tem relação também com o fato de os jogadores mais caros do mundo estarem nos times europeus. “Caso um jogador atue na Europa e outro, com a mesma habilidade, na Ásia, o europeu valerá muito mais por conta da enorme visibilidade dos campeonatos daquele país”. diz Ferreira. ■ O Campeonato Brasileiro de Futebol começa nos próximos dias. Como em suas edições anteriores, há 5 ou 6 agremiações consideradas favoritas ao título, o que sugere uma acirrada disputa até as rodadas finais. O Fluminense encabeça essa lista. A condição de favorito ostentada pelo “Tricolor das Laranjeiras” é sustentada em 4 pilares: tradição, qualidade técnica do elenco de jogadores, capacidade do núcleo dirigente e sinergia com a torcida. Clube que comemora 110 anos, o Fluminense já nasceu como uma agremiação dedicada ao futebol. Ao longo de sua longa trajetória, tem colecionado títulos dos mais expressivos, o que ajudou a criar a tradição que tanto intimida seus adversários dentro do campo. Em outras palavras, o Fluminense tem “camisa”. Analisando-se o conjunto de atletas do clube, é forçoso admitir que ele é o mais qualificado existente hoje no país, com destaque para a tão necessária combinação entre jogadores experientes e jovens promessas/realidades. No primeiro grupo destacam-se Deco, o maestro, Fred, o artilheiro, e Thiago Neves, o ídolo de volta ao bom caminho. Eles são secundados por jogadores qualificados como Sobis, Diego Cavalieri, Jean, Wagner, Rafael Moura e outros. Por outro lado, retomando sua tradição de revelar atletas, o clube voltou a privilegiar suas categorias de base, com resultados já notáveis. Wellington Nem, Marcos Junio e Matheus Carvalho são os mais conhecidos e a eles se juntam Fábio, Lu- Eduardo Teixeira Tricolor, economista e ex-ministro da Infraestrutura cas Patinho e Samuel, todos de grande potencial. Não menos importante é a capacidade do núcleo dirigente, com destaque para Abel Braga, profissional com forte identificação com o Fluminense. Tratase de um dos treinadores mais vitoriosos do Brasil, que alia, como poucos, comando, dedicação e conhecimento técnico, sem se deixar levar pelo estrelismo que acomete a maioria dos chamados “professores”. A sinergia time/torcida é algo que já existe há muito tempo. Sua origem remonta ao fato de que o clube sempre contou com jogadores que, além da qualidade técnica, se caracterizaram pela dedicação e entrega, como é o caso de diversos do plantel atual. O símbolo maior deste espírito tricolor foi o eterno Carlos Castilho, o maior goleiro que o Fluminense já teve e um dos maiores do mundo em todos os tempos. A torcida reage a essa característica peculiar do time, apoiando-o em qualquer circunstância. Como o leitor pode observar, a definição do Fluminense como o favorito para o título de campeão do Brasileiro de 2012 é sustentada por uma análise desapaixonada. Nenhuma outra agremiação tem as qualificações do tricolor. Logo, ao final do ano teremos mais uma taça a incorporar à nossa grande e maravilhosa coleção. ■ Fabio Rodrigues-Pozzebom/ABr Torço para o Internacional e para quem enfrenta o Grêmio Começo o campeonato brasileiro com esperança de disputar as duas pontas da tabela. Vou explicar. Eu torço para dois times: o glorioso Internacional Sport Clube e todo aquele que enfrenta o Grêmio ! Depois do Inter ter vencido o campeonato gaúcho de 2012, o que já é uma rotina, vamos para o campeonato brasileiro com grande otimismo. O otimismo tem por base um grupo de jogadores de qualidade e com grande experiência. Uma equipe técnica e uma direção vencedora completam um quadro que nos deixa com muito otimismo de disputar os primeiros lugares da tabela. Por outro lado, o co-irmão parece ter mudado de ramo. Es- tá mais focado em construir o seu estádio, que nem está homologado para a Copa. Assim, sem foco no time, sem jogadores de ponta e sem resultados importantes nos últimos 10 anos a decisão de mudar de ramo parece ter sido acertada. Deverão inaugurar a Arena, com espetáculos musicais, ima- gino, na mesma época em que estarão lutando para não voltar para a segunda divisão. Disputando o final da tabela o Grêmio completará um ano que imagino glorioso, com o Inter entre os quatro melhores e eles entre os lanternas. O ano de 2012 pode ser espetacular para nossa Torcida. ■ Nelson Jobim Colorado e ex-ministro da Defesa BOLA CHEIA, BOLA VAZIA Patrimônio líquido, em R$ milhões 411,49 298,21 221,77 145,99 108,34 67,33 59,82 16,85 1,60 1,27 0,91 -0,85 -69,34 -77,84 -109,75 -118,39 -260,58 -481,46 INTER ATLÉTICO-MG SÃO PAULO FLAMENGO Fontes: Balanços dos clubes e Brasil Econômico NÁUTICO CORINTHIANS CORITIBA ATLÉTICO-GO FIGUEIRENSE CRUZEIRO GRÊMIO PORTUGUESA FLUMINENSE PONTE PRETA PALMEIRAS SANTOS VASCO BOTAFOGO A14 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012 ENTREVISTA LUIZ FELIPE SCOLARI Ex-técnico da Seleção Brasileira Times brasileiros precisam separar “o clube do futebol” Reginaldo Castro/O Dia Para Felipão, o negócio futebol no Brasil é subaproveitado em cerca de 50% Encontrar Luiz Felipe Scolari gera ansiedade em qualquer um. Diante da figura que comandou a Seleção Brasileira na conquista do pentacampeonato em 2002, entende-se a razão de seu apelido. Mas por trás da fachada durona, das declarações intempestivas, da dureza de seus comentários, o neto de italianos Felipão é um homem dócil, pragmático e principalmente assertivo. Numa entrevista que durou pouco mais de uma hora, num clima de bate papo informal no belo Centro de Treinamento do Palmeiras, na Barra Funda, Felipão falou sobre (a falta de) profissionalismo no futebol brasileiro, relações entre clubes, empresários e treinadores, modelos de gestão que vivenciou em sua passagem por clubes europeus e, como era de se esperar, não deixou barato ao criticar os gestores do esporte: para ele, o negócio futebol, no Brasil, está subavaliado em pelo menos 50% e o Brasil está longe de usar todo o potencial do qual dispõe. “Estamos no 6, numa escala de 0 a 10. Vejo que falta profissionalismo e muito ainda poderia ser melhorado. Pelos cartolas e pelos empresários”. O motivo, conta Felipão, é que ainda faltam estrutura e condições para que se possa gerenciar um clube no Brasil como na Europa, separando o clube do futebol. “O Chelsea é um bom modelo disso”, compara o ex-técnico da Seleção. André Balocco e Juliano Macedo [email protected] [email protected] Quais as experiências em gestão de futebol que o senhor vivenciou na Europa e que poderiam ser implementadas rapidamente no Brasil? Acho que a poderíamos implementar no Brasil detalhes de organização que são deixados para a última hora. É preciso ter tudo bem organizado, delineado. Depois que voltei ao país, percebi que me- lhorou muito a gestão de calendário, mas ainda falta melhorar horários, jogos e dias. Melhorou a forma de tratar o clube como empresa, como negócio. Mas ainda faltam alguns detalhes que na Europa são vividos no dia a dia. Aqui ainda é um pouco mais amador. Temos um caminho a percorrer para alcançar igualdade com os clubes europeus. Há algum modelo inglês de gestão que se encaixe na realidade brasileira? Tivemos bons executivos no Bra- sil. Considero o (José Carlos) Brunoro (presidente do conselho da agência Brunoro Sport Business) excelente. Ele implantou uma situação nova. Temos hoje, em quase todos os clubes, um executivo de boa qualidade. O Rodrigo Caetano (diretor executivo do Fluminense) fez um bom trabalho em Porto Alegre e depois no Rio de Janeiro. Tem também o Paulo Angione (gestor de futebol), que já vem fazendo bons trabalhos há muitos anos. Mas ainda faltam um pouco de estrutura e condições para que esse pessoal possa gerenciar o clube, como é feito na Europa, separando o clube do futebol. O Chelsea é um bom modelo disso. Lá na Europa, eles chamam os dois técnicos, que vão à sala do árbitro, fazem a aproximação dos técnicos e capitães, ficam lá uns cinco minutos e trocam a escalação. É uma forma mínima de evitar problema em campo. Quando eu jogava em casa contra o Manchester, recebia na minha sala, depois do jogo, o (Alex) Ferguson (técnico do Manchester) e a comissão dele. Isso acontecia quanMarcela Beltrão Desde Pelé, Santos é sinônimo de paixão em várias gerações Ser santista é ter espinha de peixe e fôlego de leão. É ter a honra e o orgulho de vestir o uniforme branco mais conhecido do planeta. Camisa imortalizada pelo melhor jogador da história — Pelé — e que hoje é renovada pelo talento indiscutível do melhor do mundo, Neymar. Ser santista é ter 100 anos de conquistas. É ter parado uma guerra, para que todos vissem Pelé enfeitiçar a bola. É uma cronologia, sobretudo, de recordes. De gols e de craques. Recordes de gols — são quase 12 mil. O maior número de gols marcados no planeta. Recorde de craques — que outro clube do mundo tem na sua história ícones como Neymar, Ganso, Robinho, Clodoaldo, Gilmar, Pelé, Coutinho, Pepe? Ser santista é ser campeão. Um campeão de vida, de atitude, de perseverança. Ser san- tista é ser consagração, emoção e coração. Vencemos com estilo e desenvoltura. Um espetáculo dentro de campo, com o maestro Neymar. Todo mundo gosta. E aplaude os dribles desconcertantes e gols de placa. Como diz frase de Juca Kfouri exibida no Memorial das Conquistas: “É como se o Santos jogasse em outra rotação”. O Santos é minha paixão. Com ou sem razão. E transferi es- te amor aos meus três filhos. É a nova geração. Viajei ao Uruguai e ao Paraguai para torcer pelo Peixe na vitória pela Libertadores em 2011. Agora, tricampeão paulista, vamos celebrar a conquista da Libertadores. E Tóquio vem aí. Isso é ser santista. Respeitar a tradição do Rei Pelé. E aplaudir a sensação do Neymar. São 100 anos de magia. No peito, na alma, no grito e no coração. O Santos é minha paixão. ■ João Dória Júnior O santista preside o Grupo Doria, de Comunicação e Marketing Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A15 Divulgação Melhor treinador do mundo 2002 Roque Pellizzaro Junior Membro da nação rubro-negra e presidente da Conf. Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) 1981 e 1982 CLUBE: CSA Divulgação Campeonato Alagoano 1987, 1995 e 1996 Copa do Brasil 1994 Copa Libertadores 1995 Recopa Sul-Americana 1996 Campeonato Brasileiro 1996 Arquivo Pessoal CLUBE: GRÊMIO Campeonato Gaúcho 1989 CLUBE: QADSIA SPORTING CLUB Divulgação Copa do Emirado CLUBE: CRICIÚMA Esporte Clube Copa do Brasil 1991 Divulgação “ Melhor treinador da América do Sul 1999 e 2002 1998 CLUBE: PALMEIRAS Copa do Brasil 1998 Copa Mercosul 1999 Copa Libertadores 2000 Torneio Rio-São Paulo Divulgação O senhor já recebeu pressões de empresários de jogadores? Como lidou com isso? Pressão eu não tive, mas recebi recados, que diziam que meu joQuais as dicas o senhor daria gador era isso e aquilo. Entra a um executivo em relação por um ouvido e sai pelo outro. à gestão de grandes talentos? Se não quer permanecer, não Antigamente, era mais fácil admipermanece. Provavelmente, eu nistrar um time com estrelas. tenho condição de saber o que Imagina-se que os grandes jogaé o melhor. Como vivo de vitódores sejam vaidorias e títulos, quesos, mas a maioria ro sempre o menão é. Ele atingiu lhor para mim, e certo status, sabe isso não significa como funcionam Posso garantir que colocar o pior joas coisas e não ingador. Alguns coveja o colega do la- 90% dos técnicos legas meus não do. Ele sabe que é têm personalidade conseguem suum grande joga- forte. Mesmo os portar a pressão, dor, uma personamas a maioria lidade. Sabe que jovens técnicos, consegue. Posso ganha bem e não que estão garantir que 90% se preocupa com começando dos técnicos têm coisas mínimas. personalidade Eu nunca tive proforte. Mesmo os blema em dirigir aqueles bons tijovens técnicos, que estão comes. O brabo é dirigir alguns jogameçando, têm boa personalidadores comuns que se acham de. Vão evoluir e dar retorno grandes. Alguns deles têm condipara o bom futebol. ções de suportar situações de derrotas, mas outros não. De zero a dez, como o senhor classifica o nível do Como o senhor vê a atual profissionalismo brasileiro? gestão do futebol brasileiro, Estamos no 6, numa escala de comparada à gestão de sua 0 a 10. Vejo que falta muito proexperiência anterior na Europa? fissionalismo. Muito ainda poMudaram alguns conceitos no fuderia ser melhorado pelos cartebol brasileiro, mas ainda falta tolas e empresários. E isso não muito para atingirmos um bom acontece por interesse. Podenível de profissionalismo. Falria haver evolução nessa área tam condições para o técnico, com exemplo, trabalho dos técpara os jogadores e os dirigennicos, da direção e dos empretes. É preciso menos amadorissários. E mais: com a ajuda dos mo. Mas não são todos, hein. Aljornalistas, atentos ao princíguns têm muito boa estrutura. pio do jornalismo, que é investigar para saber a verdade. É Qual o potencial que preciso ouvir os dois lados. Porestamos desperdiçando? que, muitas vezes, não são ouO senhor conseguiria enumerar vidos os dois lados e estampaem quanto está subavaliado se algo muito sério. Não estou o negócio futebol? acusando ninguém, apenas faEu diria que, no mínimo, está lando no geral. ■ PESSOAIS Os títulos de Scolari 2001 CLUBE: CRUZEIRO Copa Sul-Minas Divulgação Quais as dificuldades na relação de um treinador e os patrocinadores do clube? Não há dificuldade. Normalmente, o patrocinado oferece as condições exigidas pelo patrocinador e, em determinados momentos, oferece um plus, porque, neste momento no Brasil, todos os clubes sabem que o patrocínio é muito importante. Eu aprendi alguma coisa sobre patrocínio no Japão. No Jubilo Iwata, era realizada, uma vez por mês, uma sessão de autógrafos. Todos participavam, atletas e comissão técnica. Os torcedores faziam grandes filas, com educação e respeito. O clube era valorizado pelo nosso torcedor, que também se sentia valorizado e comparecia ao estádio. A presença de público gerava imagem, dinheiro e o clube ficava em dia. O patrocinador via que tinha retorno. Aprendi isso em 1997. TRAJETÓRIA VENCEDORA 2002 SELEÇÃO BRASILEIRA Copa do Mundo Divulgação No que diz respeito à gestão da equipe, o que é melhor: salários na mesma faixa (sem muita variação) altos salários convivendo com salários menores? Eu entendo que existe desequilíbrios de salários em qualquer empresa. É normal a existência de salários diferenciados também no futebol. Acredito que aqueles que ganham um valor menor possam olhar para os que recebem mais como uma referência, para chegarem naquele nível, como em qualquer empresa. Às vezes, essas diferenças de salários podem resultar em dificuldades no vestiário, porque começam a surgir vaidade, inveja e coisas assim. Mas eu não vejo como uma dificuldade. Sempre administrei da melhor forma. desperdiçando 50% como potencial. Não estamos usando tudo o que podemos. 2009 CLUBE: BUNYODKOR que Campeonato Uzbeque Divulgação do eu ganhava ou perdia. Sentávamos por dez minutos e tomávamos um cálice de vinho. Depois, cada um ia para a sua entrevista. Era cavalheirismo, coisa de lorde inglês. Isso poderia acontecer aqui. Está na hora de o governo tomar posição (sobre brigas). Na Inglaterra, a Margaret Thatcher tomou uma decisão. Depois de organizado, fica fácil. Mas é preciso querer. “Desgosto profundo sem o Flamengo no mundo” Uma paixão. Assim é o Flamengo para a nossa nação rubro-negra. Sou como os milhões que integram a maior torcida do Brasil. Somos todos o manto que tremula intocável e sagrado no peito do maior time de todos os tempos. Somos a alegria de momentos inesquecíveis. Inesquecível como foi, aos 16 anos, ter acompanhado a conquista do continente com a Taça Libertadores e a do planeta, com o Mundial. Era 1981. Aqueles 3X0 contra o Liverpool (ING) foram um presente para qualquer flamenguista. Um time recheado de craques como Leandro, Mozer, Junior, Andrade, Adílio, Tita e o genial Zico. Memorável foi também o Carioca de 2001, que Petkovic nos deu após magistral cobrança de falta em cima do Vasco, no Maracanã lotado. Levamos o Tricampeonato. Uma alegria tal qual foi o Brasileirão de 2009. Dezessete anos depois de sermos os primeiros pentacampeões do país, nos sagramos hexa. E o que dizer sobre aqueles 5X4 contra o Santos de Neymar e Ganso, em 2011, em plena Vila Belmiro? Jogaço de bola e espetáculo para a posteridade. Ser flamenguista é a essência da paixão. É sofrer até o último minuto e não se cansar comemorar cada conquista em campo. Haja coração. Para 2012 espero novas glórias. Vagner Love, o melhor primeiro atacante do Brasil, chegou e se estabeleceu como referência de gols, e em breve teremos a volta do também flamenguista e bom meio campo Ibson. Adriano está em recuperação e quem sabe logo, logo pode pintar como o dono da 9 que tanto falta a esse time. Ronaldinho é Ronaldinho, e tenho certeza de que irá mostrar por que é o nosso 10. Quem sabe também a chegada do paraguaio Cáceres seja o tempero que faltava para azeitar o bom humor no Ninho do Urubu que não terá mais as presenças de Willians, Deivid Braz e Galhardo. Espero um 2012 que coroe e imortalize a geração de Ronaldinho no Flamengo que já foi de Zico e Júnior. Espero a mesma raça de um time vencedor e a garra que só os rubro-negros conhecem. Por quê? Porque “eu teria um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo. Flamengo até morrer eu sou”. ■ A16 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 ESPECIAL BNDES 60 ANOS Suplemento – Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Um diálogo entre a América Latina e o mundo O desenvolvimento das principais indústrias do século XXI no Brasil passa pela integração com outros países Novos atores na economia global tornam urgente o investimento em inovação, educação e infraestrutura Como a China se transformou em um modelo de sucesso, criando um círculo virtuoso entre lucro, exportações e investimento Jiji Press/AFP Desafio brasileiro é garantir empresas nacionais mais competitivas e apoiar as vocações econômicas locais B2 Brasil Econômico - BNDES 60 ANOS | Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 D E S E NVOL V I M E N T O Fotos: Alexandre Vieira/Ag. O Dia Luciano Coutinho (à esquerda) e o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, abriram o seminário do BNDES Concorrência é o nome do jogo Ascensão de novos atores e inovação cada vez mais rápida impõem desafios crescentes à política industrial de países como o Brasil TEXTOS CEZAR DE OLIVEIRA A discussão sobre política industrial perpassa temas relevantes para o futuro do país e do planeta, alertou o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Coube a ele, como anfitrião, abrir o seminário “Políticas Industriais no Século XXI: um diálogo entre a América Latina e o Mundo”, no Rio de Janeiro. O encontro, realizado nos dias 10 e 11 de maio, faz parte de uma série de eventos programados para celebrar o 60º aniversário do BNDES, um dos principais bancos de fomento do planeta, com uma carteira de empréstimos comparável a do Banco Mundial (Bird). Aos 60 anos, o BNDES é um dos maiores bancos de fomento do mundo — com carteira de crédito comparável à do Banco Mundial A programação comemorativa da instituição prevê ainda a realização de um encontro solene entre os membros do International Development Finance Club, que congrega 20 instituições financeiras de fomento estrangeiras, além de novo seminário sobre “Financiamento da economia verde e desenvolvimento sustentável”, previsto para o dia 19 de junho. Haverá ainda outros dois seminários no segundo semestre sobre os “Cenários da Economia Mundial” e o “Investimento de Longo Prazo”. Mercado O quadro atual combina acirramento da con- corrência por conta da ascensão de novos atores de peso no mercado, graves dificuldades fiscais e financeiras nos Estados Unidos e países europeus e uma aceleração do ciclo de inovações.“Em alguns países desenvolvidos, existem rearranjos profundos, movimentos por trás da crise, que correspondem a grande inovação tecnológica”, afirmou Coutinho, um dos principais estudiosos da indústria brasileira desde os anos 70. O Plano Brasil Maior, anunciado pelo governo federal, traz medidas para acelerar o encontro de um caminho autônomo para as empresas nacionais nesse ambiente de crescente competição. Coutinho e a equipe do banco, principal fonte financiadora dos grandes projetos de infraestrutura e modernização fabril no país, participaram diretamente da formulação do plano. Diretor da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) da Organização das Nações Unidas (ONU), Mario Cimoli lembrou o relativo isolamento vivido pela instituição no debate econômico das décadas de 80 e 90, auge do foco exclusivo no mercado como agente de transformações. A Cepal, pelo trabalho do chileno Raul Prebisch e do brasileiro Celso Furtado, advertiu pioneiramente para os problemas estruturais do subdesenvolvimento e sua articulação com a dependência em relação às economias centrais, grandes importadoras de commodities. “Nunca imaginamos desenvolvimento na América Latina sem banco de fomento. O BNDES é um espelho para a região. Por aqui, se manteve política industrial e tecnológica, algo esquecido em outras plagas, com os resultados — ruins — já conhecidos.” Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel falou do desafio de trazer a indústria brasileira para o século XXI. “Não é possível falar em desenvolvimento sem falar em sustentabilidade. Temos de fazer um grande esforço de aggiornamento, de modernização, para poder competir”, pregou. O ministro afirmou que o setor público tem papel decisivo para viabilizar a agenda de transformações. “O país está preparado para o futuro, mas depende do que fizermos agora. O governo tem de fazer a sua parte reduzindo a tributação, treinando a mão de obra, incentivando a inovação tecnológica”, ressaltou. Pimentel citou medidas recentes para ilustrar seu ponto de vista, e pediu paciência na cobrança de resultados. “O novo regime automotivo é um passo na direção correta, a queda de mercado no primeiro trimestre tem fatores sazonais muito fortes.” Brasil Maior visa incrementar a indústria Programa do governo federal diminui peso dos encargos da folha de pagamento das empresas I novar para competir. Competir para crescer.” Com esse lema o governo federal lançou, no ano passado, o plano Brasil Maior. A estratégia, idealizada para o período 2011-2014, abrange a política industrial, tecnológica e de comércio exterior do governo Dilma Rousseff e é uma ampliação da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), iniciada em 2008. Uma das medidas veio antes mesmo do anúncio do plano. Foi a Lei nº 12.349/2010, que institui margem de preferência de até “ 25% nos processos de licitação para produtos manufaturados e serviços nacionais. No começo do mês passado, o governo lançou um pacote de medidas do Plano, com destaque para a exoneração da folha de pagamentos de 15 setores da indústria. As áreas beneficiadas passarão a pagar um percentual de 1% a 2% da receita bruta em substituição à contribuição previdenciária. A desoneração total anual, que entra em vigor 90 dias após anúncio do governo, está estimada em R$ 7,2 bilhões. Segundo o Ministério da Fazenda, as medidas de desoneração estão estimadas em R$ 7,2 bilhões Segundo o ministro Guido Mantega, o Tesouro Nacional compensará as eventuais perdas de arrecadação. A adesão à desoneração é voluntária e pode ser estendida para outros segmentos. Outra estratégia anunciada foi o aumento de recursos do Programa de Financiamento à Exportação (Proex). O orçamento total do programa para 2012 passou de R$ 1,24 bilhão para R$ 3,1 bilhões. Mantega anunciou que o Proex será desburocratizado e seu prazo de financiamento passará de 10 para 15 anos. Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 | BNDES 60 ANOS - Brasil Econômico B3 Ajuste é necessário, mas não suficiente Equilíbrio macroeconômico não dispensa incentivo do Estado à atividade industrial TEXTO LARISSA MORAIS S e a macroeconomia de um país vai bem, suas políticas industriais têm muito mais chance de dar certo. Mas isso não é suficiente para garantir um crescimento elevado e com distribuição de renda. Esse foi um ponto de convergência entre palestrantes de perfis diversos, na mesa-redonda sobre “Políticas industriais e políticas macroeconômicas”, no primeiro dia do evento que comemorou os 60 anos do BNDES. O professor Jaime Ros, da Universidade Autônoma do México (Unam), analisou a economia de 20 países da América Latina e constatou mudanças monetárias e fiscais relevantes que, junto com o maior estímulo à atuação do setor privado na região, abriram caminho para uma fase de maior desenvolvimento. “Entre essas medidas, adotadas pela maior parte dos países da região na última década, estão o regime de câmbio flutuante, as leis de diretrizes orçamentárias, a independência dos bancos centrais e a redução de alíquotas de importação”, listou Ros. Outro fator significativo foi a consolidação da democracia. Se nos anos 80, só quatro países latino-americanos tinham regimes plenamente democráticos, agora somente Cuba mantém um governo autoritário, na avaliação do professor. A despeito de tantas mudanças favoráveis, a região ainda não está crescendo a taxas significativas. De acordo com o professor, alguns dos países que mais expandiram seu PIB entre 1950 e 1980 — caso do Brasil e do México — estão entre os que menos cresceram de 1990 a 2008. Para ele, a apreciação da moeda, necessária para o combate à inflação, pode ter prejudicado o desempenho dessas economias. Nesse quadro, segundo ele, a política fiscal tem um papel importante a desempenhar, bem como determinadas medidas de estímulo ao comércio exterior. O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, lembrou que, no passado, discutia-se se o Brasil deveria ou não ter uma política industrial. Hoje houve um deslocamento do debate. “Existe uma percepção de que não podemos depender só da macroeconomia.” Por outro lado, há uma disputa pelos investimentos do governo por setores como saúde e educação, que beneficiam amplas camadas da população. Barbosa fez questão de defender a função social da política industrial nesse cenário. “Quando uma pessoa sai do mercado informal para o formal, por exemplo, há geração de impostos e renda que são benéficos, mas é preciso envolver certas políticas de demanda para que isso gere crescimento”. Numa exposição didática, o secretário falou ainda sobre as politicas econômicas adotadas pelo Brasil nos últimos anos que abriram caminho para um ciclo virtuoso. E lembrou que, no atual contexto de crise internacional, o país tem a vantagem competitiva de contar com um mercado interno forte. “Tivemos um aumento de renda e uma expansão de investi- “Existe uma percepção de que não podemos depender só da macroeconomia” Nelson Barbosa Secretário executivo do Ministério da Fazenda mento induzida pelo governo, que é complementada por políticas industriais”, explicou. Sem defender explicitamente uma desvalorização cambial, Nelson Barbosa apresentou cálculos mostrando que, quando ocorre uma máxi, os salários perdem num primeiro momento, pelo aumento da inflação, mas em apenas 18 meses se recuperam, em função de ganhos de produtividade. Contudo, ele enfatizou que não se deve promover desvalorizações arbitrariamente. “De fato o mercado não resolve todos os problemas de uma economia”, concordou Juán Mauricio Ramírez, representante do Planejamento Nacional da Colômbia. Ele defendeu uma “agenda social” para que o crescimento econômico se traduza em ganhos sociais. Ramírez mostrou inquietação com o peso das commodities agrícolas e minerais no crescimento recente da América Latina. “Em essência, a Colômbia mantém a mesma pauta de exportações há 30 anos”, lamentou. Já Joe Tackie, do Comitê Técnico da Bolsa de Valores de Gana, considera que é na implementação dessas políticas, e não na formulação, que reside o maior desafio dos países em desenvolvimento. O país cresce a taxas representativas nos últimos anos, 4% em média, mas enfrenta o desafio de avançar na reforma de seu ambiente de negócios e reduzir os juros. O moderador da mesa foi Mario Cimoli, diretor da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe da ONU, a Cepal. BNDES faz 60 anos com o desafio de tornar o país mais competitivo O s desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2011 totalizaram R$ 139,7 bilhões. O montante corresponde a cinco vezes o valor desembolsado dez anos antes, de R$ 25,7 bilhões. O desempenho reflete a importância crescente do banco na retomada dos investimentos em infraestrutura de energia, logística, transporte e telecomunicações, além da retomada da indústria de transformação. A crise financeira global, em 2008, acentuou o predomínio do banco no financiamento dos projetos de longo prazo. A retração na oferta de crédito externo, pela aversão a risco dos investidores institucionais, obrigou a um reforço nas linhas do BNDES. Daí o aporte do Tesouro Nacional, controlador do banco, ao longo dos anos, para assegurar a disponibilidade de recursos para investimentos. A capitalização foi acompanhada de uma forte recuperação de crédito, que chegou a R$ 2,3 bilhões em 2010. O lucro líquido, em 2011, ficou em R$ 9 bilhões, uma redução de 8,7% em relação a 2010. De acordo com a instituição, a queda se deveu exatamente à base de comparação elevada, por conta dos resultados do esforço de cobrança em 2010. A rentabilidade, no caso do BNDES, refletiu em grande medida o retorno elevado dos projetos de longo prazo. Atualmente, a instituição é uma das principais financiadoras das obras de modernização da infraestrutura e das arenas esportivas que abrigarão a Copa 2014. Criado em 1952, no governo Getúlio Vargas, quando o Brasil iniciava seu processo de industrialização, o BNDES — que nasceu com o nome de Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico — tinha como proposta promover o crescimento autônomo do país a partir de financiamentos para o setor público e empresas privadas dos mais diversos portes. Fomento à iniciativa privada Depois da criação de algumas das primeiras estatais, como a Petrobras e Furnas, o banco passou a priorizar o fomento à iniciativa privada e à indústria. Na década de 1970, teve papel Os números do BNDES, em R$ bilhões EM ALTA EVOLUÇÃO DO DESEMBOLSO 00 20,0 23,4 25,7 38,2 35,1 47,1 52,3 52,3 64,9 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 00 50 0 150 92,2 137,4 168,4* 139,7 24,5 2008 2009 2010 2011 2012** LUCRO LÍQUIDO 9,91 6,33 0,68 0,87 1999 999 1998 2000 Fonte: instituição 0,80 0,55 1,04 1,5 2001 2002 2003 2004 3,20 2005 2006 *A forte elevação se deve à capitalização da Petrobras SA importante na política de substituição de importações. Promoveu investimento em setores de bens de capital e insumos básicos. Em 1971, a instituição passou a ter personalidade jurídica de empresa pública, o que lhe deu mais autonomia. A preocupação com questões relacionadas ao desenvolvimento social cresceu na década seguinte. Nos anos 90, a instituição deu suporte ao processo de privatização das estatais e 7,31 2007 5,31 2008 6,74 2009 2010 9,00 2011 **Dados do primeiro trimestre passou a incentivar o desenvolvimento de regiões fora do eixo Sul-Sudeste. O período também foi marcado pelo início da classificação do risco ambiental de projetos financiados e pela incorporação das micro, pequenas e médias empresas no programa de exportações. O desafio atual é fomentar uma indústria que precisa se adequar ao padrão produtivo do século XXI. Promover práticas produtivas sustentáveis é uma de suas metas. Outro desafio é aprimorar o olhar para a conjuntura social, incentivando a geração de emprego e renda, ao elaborar políticas que diminuam as desigualdades regionais. Com a crise global que se estende desde 2008, o banco intensificou os investimentos. A atuação internacional busca criar parcerias de cooperação técnica com centros de pesquisa e instituições financeiras. Outra preocupação é incentivar a inovação. C.O. B4 Brasil Econômico - BNDES 60 ANOS | Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 | BNDES 60 ANOS - Brasil Econômico B5 B6 Brasil Econômico - BNDES 60 ANOS | Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 D E S AFIOS “Para avançar, Brasil precisa investir em inovação” Investimentos coreanos e chineses em educação e tecnologia são exemplos para o país, que deve aproveitar a estabilidade política e alta das commodities para financiar a diversificação TEXTO MARIO CAJÉ A insuficiência da atual política brasileira de inovação é preocupante. É o que pensa Carl Dahlman, professor da Universidade de Georgetown. Os desafios passam por superar as deficiências na educação e na infraestrutura, reduzir o tamanho do Estado, melhorar as condições fiscais, incentivar o empreendedorismo e ampliar os investimentos em tecnologias da comunicação. O objetivo das discussões da segunda mesa de debates da Conferência (Política Industrial e Inovação) foi estimular estratégias governamentais que se traduzam em projetos internacionais inovadores em um mundo que vem se transformando cada vez mais rapidamente. A mesa foi mediada por Mauro Borges, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Dahlman considera que o Brasil deveria aproveitar o bom momento econômico para ampliar os investimentos em tecnologia. A seu favor contam a valorização das commodities, o potencial para a produção de biocombustíveis em larga escala, a estabilidade política e a riqueza de recursos naturais. O papel essencial dos governos foi destacado por Sanghoon Ahn, vice-presidente do Departamento de Indústria e Política de Competitividade da Coreia do Sul. “O sucesso da Coreia se deve à intervenção do governo. Quando se fala das indústrias pesada e química, o governo agiu. No plano global, ainda temos de achar soluções. Não há uma resposta pronta.” A China foi apontada como um bom exemplo de como a inovação é essencial para a competitividade e o desenvolvimento econômico. No período de 1980 até 2012, a China se tornou o país com maior crescimento nas exportações, graças ao investimento maciço em educação e tecnologia. “A China tem mais que o dobro de pesquisadores dos EUA. Enquanto o Brasil reúne somente 2% dos engenheiros do mundo, a China tem 67%. Além disso, o país tem 50% mais profissionais com doutorado que os A China tem mais que o dobro de pesquisadores dos EUA. Enquanto o Brasil reúne somente 2% dos engenheiros do mundo, a China tem 67%. Além disso, o país tem 50% mais profissionais com doutorado que os EUA O programa brasileiro “Ciência sem Fronteiras” pretende estimular a troca de conhecimentos científicos com centros de excelência em pesquisa pelo mundo. O projeto prevê a concessão de 75 mil bolsas de estudo e estágio em universidades no exterior em quatro anos Carl Dahlman: é preciso superar deficiências em educação e infraestrutura EUA. A China convidou investimentos externos e teve capacidade de pesquisar áreas novas. Tudo isso demonstra sua estratégia econômica eficaz num mundo onde a tecnologia ocupa um papel central”, afirmou. Stanslaus Magoma, diretor do Ministério da Indústria e Comércio Internacional do Zimbábue, disse que, com medidas governamentais acertadas e uma parceira dos setores industriais com laboratórios de pesquisa de ponta, o ambiente se tornará adequado para a inovação que os países emergentes precisam. “Se a inovação for a vida das empresas, a produção de riqueza será constante. A ideia é estimular a criação de novos produtos e serviços. Inovar é reescrever a regra do jogo e isso pode elevar os emergentes ao status de nações desenvolvidas.” O líder da equipe de política industrial da União Europeia, Chris Allen, enfatizou que o Brasil tem um papel muito importante nas áreas de aviação e biocombustíveis, e na reutilização de materiais. No entanto, precisa estar aberto ao mundo, investir mais no turismo e incentivar a concorrência, usando os mecanismos do empreendedorismo. É preciso também saber reconhecer as aptidões econômicas locais. “Essa foi a resposta da Tailândia para superar a crise dos tigres asiáticos na década de 90”, destacou Khemadhat Sukondhasingha, secretário da Federação Geral das Indústrias Tailandesas. O país tem 40% de seu Produto Interno Bruto (PIB) oriundo do setor fabril, e forte presença exportadora. Além de reconhecer os pontos fortes da economia local, é preciso saber estabelecer parcerias internacionais. É o que apontou o relatório de desenvolvimento industrial do ano passado, formulado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido). Segundo o estudo, o crescimento da eficiência energética é uma das rotas mais promissoras para o desenvolvimento sustentável global. O alerta se dirigiu especialmente aos países emergentes. Com a proximidade da Conferência Rio +20, o evento do BNDES debateu a necessidade de investimento em matrizes energéticas mais inovadoras e sustentáveis, o que pode ser alcançado a partir de parcerias entre os países. “Um bom exemplo de cooperação técnica está na relação do Uruguai com o Brasil. Estamos desenvolvendo um projeto de instalação de um parque de energia eólica no Uruguai com o apoio estratégico do governo brasileiro”, afirmou Sebástian Torres, ministro da Indústria, Energia e Mineração do Uruguai. Um consenso entre os participantes foi a necessidade de investimento nos jovens para o crescimento do capital tecnológico nacional. Uma aposta recente do governo brasileiro nesse sentido é o programa “Ciência sem Fronteiras”, que pretende estimular a troca de conhecimentos científicos com centros de excelência em pesquisa pelo mundo. O projeto prevê a concessão de 75 mil bolsas de estudo e estágio em universidades no exterior por quatro anos. Passos: “Por aqui não se costuma exigir contrapartidas mais pesadas” Empresa deve ter metas maisousadas, segundo o Iedi TEXTOS CEZAR DE OLIVEIRA Presidente do instituto diz que é preciso ter prazos maiores para incentivos fiscais, mas também são necessárias contrapartidas A s companhias devem ter prazos maiores para incentivos fiscais e benefícios creditícios, mas em contrapartida devem se comprometer com metas mais ousadas de investimento e desempenho. A análise é do presidente da Natura e do Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi), Pedro Passos. “Por aqui, não se costuma exigir contrapartidas mais pesadas, em que pese a generalidade dos benefícios oferecidos”, admitiu. “Em alguns países, para assegurar uma transferência de tecnologia mais intensa e a geração de empregos ao longo da cadeia produtiva, exige-se a permanência dos principais fornecedores.” Não basta exigir mais das empresas, mesmo das maiores, e garantir a continuidade dos benefícios. Parte da competitividade é sistêmica, depende do que se faz da porta da fábrica para fora. “É preciso aprimorar de forma contínua os padrões de educação, logística, energia e transporte. Só assim nos manteremos aptos para a competição global”, concluiu. A combinação de fatores citada por Pedro Passos como essencial ao sucesso ocupou as palestras de especialistas de países em situação bem distinta da brasileira, como a Indonésia. Raymond Atje, da Federação das Indústrias da Indonésia, destacou a segmentação excessiva dos produtores e a fragmentação de mercado como obstáculos à afirmação de uma indústria local forte, mesmo com proteção estatal. “Não alcançamos economia de escala em autopeças, pois ficamos limitados às montadoras instaladas no próprio país. Casos semelhantes aconteceram nos eletroeletrônicos e na Tecnologia de Informação”, exemplificou. Pesquisa e design, na maior parte dos casos, ainda são feitos no exterior, o que limita o alcance das medidas obrigando empresas estrangeiras instaladas no país a comprarem partes e peças de fábricas locais. “A política de substituição de importações falhou por subestimar a importância da pesquisa e desenvolvimento.” Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 | BNDES 60 ANOS - Brasil Econômico B7 Nos EUA, o Estado volta a campo para garantir expansão Crise em setores tradicionais, como a indústria automobilística, obrigou à intervenção, para retomar espaço cedido a concorrentes C onselheiro econômico de Barack Obama até o início deste ano, Ron Bloom foi um dos coordenadores da ação governamental no reerguimento da indústria automobilística americana. Como a aviação comercial, o setor automotivo compunha um caso clássico de necessidade de intervenção conjuntural do governo. Nem por isso o consenso surgiu logo de cara. “Houve uma mudança de maré no debate sobre o Estado, e segmentos fortes no parlamento e na sociedade passaram a questionar toda e qualquer interferência estatal”, admite Bloom. Mesmo áreas tradicionalmente afeitas ao setor público, como o controle de emissões poluentes no ar e nas águas, segurança, educação, saúde, vêm sendo postas em xeque. O americano foi um dos destaques do painel sobre política industrial e estratégias corporativas, ao trazer a experiência da maior economia do planeta, pela primeira vez desde o pós-guerra ameaçada em sua hegemonia pela ascensão chinesa. “A distinção entre manufaturas e empresas de serviços está sendo erodida. As fábricas incorporam serviços, que se tornam tradeables (transacionáveis internacionalmente) e ampliam a intensidade e o universo da concorrência.” Nesse quadro de competição aguda, Bloom admitiu que por vezes restasse ao governo administrar um declínio de longo prazo, ganhando tempo para que as consequên- cias sociais da decadência setorial sejam enfrentadas. “É, tipicamente, o caso das fabricantes de motocicletas”, exemplificou. Mesmo os setores mais bem-sucedidos não dispensam o apoio estatal, quando disponível. “O papel de Washington quanto ao Vale do Silício tinha sido o de impedir a dominação de um mercado pela Microsoft. Ao se desenhar o pacote de incentivos para a cadeia produtiva do setor automobilístico, as empresas de TI disputaram 2% do bolo, por conta da eletrônica embarcada”,afirmou. O episódio ilustra como a interdependência de setores distintos é crescente, e como as manufaturas, mesmo em segmentos mais tradicionais, podem ser decisivas para a força de uma economia. “Para salvar as montadoras de Detroit, se falou em exportações, melhores empregos, salários mais altos proporcionados pela indústria. Tudo verdade, mas o melhor argumento é a busca da inovação”, sustentou Bloom. “Pena que isso se perdeu em boa parte dos anos recentes.” A ideia de que é possível perder os empregos fabris e preservar o design, a pesquisa e o desenvolvimento, ficando com a maior parte do valor agregado, ajuda a explicar como os governos dos países centrais assistiram à transferência de fábricas para países emergentes sem interferir mais fortemente. “Só que quando você perde o chão da fábrica, o pessoal de Pesquisa&Desenvolvimento fica privado da interação com quem opera diretamente.”A conexão humana, o olho no olho, não pode ser reproduzida perfeitamente à distância, segundo ele. Fotos: Alexandre Vieira/Ag. O Dia Ron Bloom: busca por inovação se perdeu em boa parte dos anos recentes Arun Maira: “Nós seguimos a China o mais perto que conseguimos” Indústria da Índia quer crescer 4% acima do PIB Esforço é para adaptar medidas eficientes em outros países aos desafios da segunda maior população do mundo I ntegrante da Comissão de Planejamento do governo da Índia, Arun Maira foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do nanocarro, o ultracompacto criado pela Tata Motors, o maior grupo privado do país. Presente da siderurgia à informática, gigante mundial em comerciais leves e caminhões, o grupo Tata tornou-se mais conhecido no Brasil ao vencer a Companhia Siderúrgica Nacional na disputa pela anglo-holandesa Corus, uma das Top 3 do aço na Europa. Maira não hesita em mencionar a fatia reduzida da indústria no Produto Interno Bruto de seu país, de 12%, inferior a de outros Brics como Rússia (14%) e Brasil (16%). Em contrapartida, Maira se orgulha do desempenho recente da Índia. “Costumamos dizer que os Estados Unidos seguem na ponta, mas já veem a China pelo retrovisor. E nós seguimos a China, o mais perto que conseguimos”, comparou. Para alcançar esse ritmo, as metas indianas são ambiciosas: fazer a indústria crescer 2% a 4% acima do PIB, dobrando a fatia para 25% do produto até 2025, gerando 100 milhões de empregos adicionais. O aumento da agregação doméstica de valor e da profundidade da cadeia produtiva, com a atração de for- necedores, é a arma para alavancar o crescimento. “Temos que alcançar a competitividade global com a política adequada.” O equilíbrio é difícil de alcançar, como demonstra o fracasso dos três modelos mais comuns em vigência no planeta: a ausência de política industrial, a economia planificada centralmente e a escolha de grupos e setores mais competitivos para incentivar.“Os exemplos vitoriosos de escolha de vencedores são difíceis de reproduzir em ambiente democrático, e responderam a características muito específicas da Coreia do Sul, Hong Kong e Cingapura. O esforço indiano é para adaptar medidas eficientes em outros países aos desafios da segunda maior população do planeta. O paralelo mais óbvio é a China, outro gigante demográfico às voltas com uma permanente necessidade de geração de emprego e renda em escala difícil de imaginar.“Temos de aprender com eles a implementar coisas decididas, garantir a efetividade das medidas e prosseguir no caminho.” Na gestação do novo modelo, o essencial é estabelecer o aprendizado colaborativo, em que as mudanças surgem da interação entre o planejamento e a execução. O caminho tradicional, de cima para baixo, resulta em burocracias autônomas, por vezes autossuficientes mesmo, e barreiras à busca pelo lucro das empresas privadas, limitando a inovação na economia. Falta dinamismo econômico à Zona do Euro Dinamismo é o que está em falta na Zona do Euro, afirma a ex-ministra das Finanças da Áustria, Benita Ferrero-Waldner, hoje dirigente da Eulac Foundation, que estuda as relações entre o Velho Continente e a América Latina. “A turbulência global tem seu coração na Europa”, admite. "A saída para a crise da dívida é mais Europa, não menos. Temos a moeda, mas não os Estados Unidos da Europa, a união federal que garantiria o lastro. União monetária sem a contrapartida fiscal e financeira não é viável. Coordenar política industrial, garantindo o florescimento das diferentes regiões e setores, é a chave para isso”, sustentou. O mundo mudou muito desde a criação do Banco Mundial, há quase 70 anos. "A China é um grande competidor, que tornou mais difícil a industrialização em países periféricos”, advertiu. “O declínio acentuado da indústria americana e européia não pode, contudo, ser atribuído exclusivamente à concorrência chinesa," ponderou. "Não é só a taxa de câmbio depreciada, ou o ambiente pró-investimento, que explica o sucesso chinês. É o círculo virtuoso entre lucro, investimento e exportação, que precisa ser reproduzido em outros países." B8 Brasil Econômico - BNDES 60 ANOS | Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 PL A NE J A M E N T O Fortalecimento de empresas nacionais é alavanca para o desenvolvimento Interação com múltis é importante, mas salto qualitativo exige grupos locais capazes de disputar liderança global; informática, biotecnologia e robótica são áreas-chaves A importância de um país ter empresas nacionais fortes, capazes de funcionar como “âncoras de desenvolvimento”, foi enfatizada pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, no painel de encerramento do seminário. “Não estou negando o valor das empresas internacionais. A troca com essas companhias é muito importante, mas a diferença qualitativa se dá quando há empresas locais capazes de brigar por uma liderança global”, disse. O presidente do BNDES afirmou ainda que os bancos de fomento devem ser capazes de captar tendências, num cenário de rápidas mudanças. Ele assinalou que, nos próximos anos, haverá uma massificação da banda larga e as vendas de equipamentos eletrônicos como tablets darão um salto. Para ele, haverá uma mudança de paradigma tecnológico que passa por um avanço na robótica. Ou- tra área de destaque será a biotecnologia. Coutinho assinalou, contudo, que se deve estimular a capacidade de inovação de empresas dos mais diversos setores, não só de tecnologia. O professor Ha-Joon Chang, da Universidade de Cambridge, lembrou que, se nos anos 1990 a existência de instituições de fomento era frequentemente contestada, hoje prevalece a visão de que elas são fundamentais, principalmente nas nações em desenvolvimento. Ao traçar um painel dos debates, Chang disse não concordar integralmente com a ideia de que os países precisam investir em setores para o qual estão vocacionados. Para ele, também é possível fazer boas escolhas que à primeira vista pareçam pouco adequadas. Como exemplo citou o caso da Holanda, que se tornou a terceira maior exportadora de alimentos do mundo apesar de ter uma área agrícola muito pequena: “eles resolveram essa ques- Fotos: Alexandre Vieira/Ag. O Dia TEXTOS LARISSA MORAIS “Parte da política industrial dos EUA é convencer os outros países que eles não têm política industrial” “Os bancos de fomento devem atuar para ajudar as empresas a absorverem tecnologia” Ha-Joon Chang Carlos Alvarez Professor da Universidade de Cambridge Diretor da OCDE tão investindo pesado em tecnologia”, afirmou, mencionando ainda que não seria possível criar um manual sobre políticas industriais. “Há uma gama de estratégias que podem ser usadas, sempre caso a caso.” Chang disse também que os países ricos discursam em favor do livre comércio, mas são protecionistas com suas economias. “Todas as indústrias nas quais os Estados Unidos têm vantagens comparativas são financiadas ou têm pesquisas bancadas pelo governo federal. Parte da sua política industrial é convencer os outros países que eles não têm polí- tica industrial”, completou, provocando risos da plateia. Em outro momento descontraído, Chang afirmou que “investimento em educação é como mãe e torta de maçã: ninguém fala mal”. Na América Latina, o professor vê como problemas a falta de ênfase nas exportações e o excesso de simpatia às transnacionais. Lembrou que, na Coreia, as joint ventures eram quase obrigatórias. Empresas estrangeiras foram aceitas, sob certas condições. Houve um aprendizado tecnológico. Para Carlos Alvarez, diretor da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os bancos de fomento devem estar atentos a fatores estruturais. Se faz necessário atuarem para reduzir os obstáculos à criação de empresas, combater práticas anticompetitivas e ajudar empresas a absorverem tecnologia. Alvarez defendeu também o estímulo ao design e ao empreendedorismo. Incentivoàsvocaçõesdeterminasucesso Identificação de vantagens competitivas de cada país é essencial para evitar desperdício e distorções no uso de recursos U ma política de incentivos focada por setor é essencial para a mudança estrutural, num processo de crescimento rápido e sustentável, para o vice-presidente sênior e economista-chefe do Banco Mundial, Justin Lin. Na escolha dos segmentos beneficiados, é essencial levar em conta as vocações de cada região. “A maioria das políticas industriais fracassou por não conseguir ajustar-se às vantagens competitivas do país.” A identificação desses atributos tornou-se mais difícil com a aceleração dos ciclos da vida econômica e social. “Inovação tecnológica e urbanização mudaram o mundo da agricultura para a manufatura, e daí para setores mais sofisticados e agregadores de valor, em menos de dois séculos”, argumentou. “A modernização definitiva implica reestruturação completa da produção, do conhecimento e das finanças”, alertou. O governo, muitas vezes, tem de dar o impulso inicial. As diferenças entre os setores determinam demandas também distintas por mão de obra qualificada e facilities (infraestrutura de logística, energia, água). Um erro comum nessa gestão das diferenças é o excessivo prolongamento dos subsídios. “Nesses casos, em que o segmento não consegue competir em ambiente livre, se fez uma escolha contra as vantagens comparativas. Com isso, as tentativas de selecionar os vencedores resultaram na colheita dos perdedores.” A repetição de exemplos desse tipo em diferentes áreas do planeta tornou o Banco Mundial refratário à política industrial, que se tornou um tema tabu. O exemplo chinês, contudo, forçou a revisão desses conceitos. “Quem apostaria que a China, “Quem apostaria que a China se transformaria na maior ameaça à hegemonia econômica americana?” Justin Lin Vice-presidente do Banco Mundial de país agrário, se transformaria na maior ameaça à hegemonia econômica americana?”,questionou. Parte do segredo chinês é entender que o custo de transação deve ser baixo, o que exige coordenação de governo. Essa coordenação parte da identificação dos setores (10 a 20, segundo Lin) que tenham desempenhado bem em países de rápido crescimento, de preferência com produtos tradeables (negociáveis internacionalmente). O passo seguinte é chegar às empresas privadas que já estejam atuando no segmento focado. “Onde não haja indústria forte nem ambiente de negócios favorável, Zonas de Processamento de Exportações (ZPEs) e distritos industriais podem oferecer espaço adequado. O acesso a investimentos externos auxilia o dinamismo”, argumentou. A Unctad, organismo das Nações Unidas para o apoio ao comércio e ao desenvolvimento, tem uma postura mais cética quanto aos termos da integração da economia mundial. Richard Kozul Wright, representante da Unctad no encontro promovido pelo BNDES, honrou essa tradição. Lembrando Raul Prebisch, criador da Cepal, Wright alertou para a forte influência dos fatores exógenos nas economias menos desenvolvidas. “É bom ver o Banco Mundial pregar na África as políticas industriais que criticou na Ásia, e que levaram ao crescimento de China e Coreia do Sul”, ironizou. O ambiente externo, tanto econômico quanto político, limita em muitos países a possibilidade de transformações estruturais, qualquer que seja seu estágio relativo de integração no processo produtivo internacional. “É preciso adotar uma perspectiva integrada. Políticas industriais baseadas somente na escolha dos vencedores, dos grupos a serem estimulados, parece isolada das transformações mais amplas. Na verdade, existe uma forte coincidência entre Estado democrático e Estado desenvolvimentista. E a história do desenvolvimento, na maioria dos países, é sobre saltos e rupturas, não sobre melhorias incrementais, gradualistas”, afirmou.