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PUBLISHER RICARDO GALUPPO
DIRETOR JOAQUIM CASTANHEIRA
DIRETOR ADJUNTO RAMIRO ALVES
SEXTA-FEIRA E FIM DE SEMANA, 18, 19 E 20 DE MAIO, 2012
O
ANO 4 | N 686 | R$ 3,00
ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012
Por que o Corinthians
é o campeão do ranking
BRASIL ECONÔMICO. ➥ P2A
Exclusivo: quanto custa
um gol no maior evento
esportivo do país. ➥ P8A
Endividamento coloca
os clubes brasileiros na
marca do pênalti. ➥ P4A
Custo do engarrafamento em São
Paulo já está em R$ 52,8 bi ao ano
Os prejuízos causados pela lentidão do trânsito na capital já representam cerca de 13% do PIB da cidade. O estudo, publicado com
exclusividade pelo BRASIL ECONÔMICO, é do secretário municipal Marcos Cintra. Em 2008, a estimativa era de R$ 33 bi. ➥ P6
Antoine Antoniol/Bloomberg
Gigante da logística coloca
US$ 6,5 bilhões no Brasil
Ao mesmo tempo em que aumenta o valor dos fretes e corta rotas deficitárias, a dinamarquesa
Maersk prepara investimentos em portos e petróleo no país, apurou o BRASIL ECONÔMICO. ➥ P14
Portabilidade vai Um Setubal dobra
ser arma do BB
o lucro da Itautec
Crise provoca uma
corrida a bancos na
Espanha e Grécia
Auréola de
Zuckerberg
brilha na bolsa
Somente o espanhol Bankia,
parcialmente nacionalizado,
sofreu saques de mais de
¤ 1 bilhão em uma semana. ➥ P25
BB Seguro Vida Empresa Flex.
Proteção para seu empregado,
segurança e produtividade
para seu negócio.
Expansão industrial
passaporintegração
comoutros países
Ações do Facebook começam a ser negociadas
hoje na Nasdaq, depois de uma oferta
pública que rendeu US$ 16 bilhões. ➥ P4
Seminário em homenagem aos 60
anos do BNDES discute potencial
do mercado latino-americano.
Suplemento Especial
Executivos financeiros, o alvo
preferido dos headhunters
INDICADORES
Se antes o caminho era trilhar carreira em uma
instituição ou, no máximo, ir para a concorrência,
agora navegar em outras áreas é a tendência. E os
profissionais de finanças saem na frente. ➥ P28
Como, em apenas 2 anos à frente do conselho,
Ricardo Setubal deu virada na empresa. ➥ P26
TAXAS DE CÂMBIO
Dólar comercial (R$/US$)
Euro (R$/€)
JUROS
Selic (ao ano)
BOLSAS
Bovespa — São Paulo
Dow Jones — Nova York
FTSE 100 — Londres
17.5.2012
COMPRA
VENDA
2,0040
2,5374
2,0060
2,5384
META
9,00%
VAR. %
-3,31
-1,24
-1,24
EFETIVA
8,89%
ÍNDICES
54.038,20
12.442,49
5.338,38
Banco da Empresa da Ana
O registro deste plano na SUSEP não implica, por parte da Autarquia, incentivo ou recomendação à sua
comercialização. Um produto da Companhia de Seguros Aliança do Brasil CNPJ: 28.196.889/0001-43
comercializado pela BB Corretora de Seguros e Administradora de Bens S.A. CNPJ: 27.833.136\0001 39.
Processo SUSEP nº 15414.005138/2011-71. Os serviços de assistência são prestados pela Brasil Assistência
CNPJ: 68.181.221/0001-47.
Banco quer intensificar briga por cliente com
oferta on-line de crédito imobiliário. ➥ P24
2 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
CARTAS
OPINIÃO
Avanço
Gostaria de fazer uma ressalva sobre
a entrevista “Agnelo e Perillo estão
no mesmo patamar na CPI do caso Cachoeira”
(publicada em 2/5/2012). O governador
do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, também
deve explicações à sociedade e à CPMI,
pois também faz parte desta turma. A Delta,
suspeitíssima, tem relações muito próximas
com este governador, embora estejam
querendo deixa-lo de fora desta CPMI.
Roberto C. Silva
Rio de Janeiro (RJ)
A matéria “FMI alerta sobre alta de crédito
hipotecário na América Latina”, publicada
pelo BRASIL ECONÔMICO ON-LINE (em 10/5/2012)
evidencia um caráter meio esquizofrênico
nas análises do Fundo Monetário
Internacional (FMI). Primeiro seus analistas
reclamam da falta de consistência
no crescimento nos países; em seguida
reclamam da pouca clareza dos dados.
Depois que resolverem “acelerar” as
hipotecas “cucarachas” a todo vapor.
Daqui a pouco vão dizer que estamos
construindo o “nosso” subprime. Não dá
para agradar esses “especialistas” nunca!
Leandro Almeida
São Gonçalo (RJ)
Roberto Freire
Divulgação
Presidente do PPS
Stepan Nercessian
Deputado federal (PPS-RJ)
O parlamentar foi à tribuna da Câmara ontem
pedir desculpas pelo “desconforto” trazido
à Casa após sua ligação com Carlos Augusto
Ramos, o Cachoeira, de quem recebeu dinheiro.
Retrocesso
Scott Eells/Bloomberg
Em minha opinião, as medidas divulgadas
na reportagem “Governo anunciará mudança
em regras da poupança" (publicada em
2/5/2012) deixam claro que a manobra
financeira do governo Dilma é na verdade
um confisco do dinheiro da população.
Quem aplicou em títulos do governo e na
caderneta de poupança, contando com uma
promessa de remuneração, agora se vê numa
armadilha — uma espécie de buraco negro
do qual não se pode sair. Como todo governo
populista o discurso para a população
menos esclarecida também deve estar
sendo orquestrado. Em paralelo, nosso
dinheiro suado vai para o mensalão do PT.
Sinto vergonha deste governo.
Valdir Costa
São Paulo (SP)
Duílio Calciolari
Presidente da Gafisa
AGafisa estánotopo doranking dereclamações
dasconstrutorasdoProcon,por atrasode entrega
deimóveis, combaseem queixas que precisaram
demediaçãoparaserem solucionadas.
CONECTADO
[email protected]
Ferramentas do mundo digital que facilitam seu dia a dia
Phyton Bytes
Informativos do STJ
Noite Hoje
O aplicativo vai conquistar
os fãs dos comediantes
do grupo britânico Monty
Python. O programa traz
22 vídeos de humor clássicos
da série “Flying Circus”,
como os Ministry of Silly
Walks e The Piranha
Brothers. Todos podem
ser visualizados com
comentários de Terry
Gilliam, um dos mais célebres
ex-membros do grupo.
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A seca não é carinhosa
Emulando os governos militares do “milagre econômico” com
sua Transamazônica , o governo Lula/Dilma utilizou as obras da
ferrovia Transnordestina e o faraônico projeto de transposição
de águas do rio São Francisco como cenários no recente processo eleitoral para fotos e filmagens que emolduraram a campanha da “mãe do PAC”. Com essas obras, propagavam que os problemas recorrentes há séculos finalmente seriam superados.
Agora, o Nordeste, mais uma vez, enfrenta uma seca — com
seu séquito de sede, fome e miséria — mesmo depois de quase
uma década de administração petista, período no qual espalhava aos quatro ventos o anúncio de obras que iriam redimir a condição do Nordeste como uma região atrasada.
Mas realidade é outra, seja por falta de capacidade gerencial, seja
por deficiência de projeto ou de execução, como o trecho destinado
à famigerada empresa Delta, com rachaduras em vastas extensões
do leito artificial que o tornam imprestável para o fim desejado necessitando ser refeito antes de seu uso, essas obras não estão prontas.
Enquanto a seca impera em vastas regiões do sertão nordestino, nossa presidente, amparada pela extraordinária máquina de
propaganda que herdou do governo Lula, vem a público anunciar mais um novo “projeto de combate à pobreza”. Inaugurar
promessas é uma especialidade do governo petista. A presidente Dilma Rousseff inova com o programa Brasil Carinhoso ao reinaugurar promessas já feitas. Faz um grande evento publicitário
para relançar um programa fracassado, o Pró-Infância, lançado
em 2007, na gestão do presidente Lula, agora com outro nome,
aliado ao aumento do Bolsa Família.
Em um ano e cinco meses de governo, a presidente não entregou nenhuma das 6 mil creches prometidas na campanha de
2010. Agora, promete somente 1.500 unidades. É um verdadeiro escárnio com a população, ainda mais ao sabermos do Ministério da Educação, que no país não passam de 400 creches do
governo federal em pleno funcionamento e todas foram construídas antes do governo do PT.
É fácil transferir dinheiro ou lançar projetos
que não saem do papel. Difícil é construir
uma política de geração de emprego e renda
As creches são fundamentais para garantir que a primeira infância seja cercada dos cuidados necessários ao desenvolvimento das crianças, possibilitando às mães apoio para poderem trabalhar, gerar renda e ter autonomia. Creche é dignidade para as
mães e segurança para as crianças.
É fácil transferir dinheiro ou lançar projetos que não saem do
papel. Difícil é construir uma política de geração de emprego e
renda, qualificar as pessoas ao mercado de trabalho para permitir que elas garantam seu sustento sem a tutela do Estado. Difícil é entregar as obras prometidas que trariam maior dinamismo econômico à região.
A presidente precisa parar de gastar dinheiro com publicidade
e começar cumprir o que prometeu. A população começa a dar
sinais de cansaço com tanto discurso e pouca ação. O das bolsas
que se aliviam o presente não oferece perspectivas de um futuro
diverso e melhor. Que o diga a atual, e ainda infelizmente recorrente, seca. Como dizia Luiz Gonzaga, em um clássico de nossa
música popular, “mas dotô uma esmola/ a um home que é são/
ou lhe mata de vergonha/ ou vicia o cidadão”. ■
NESTA EDIÇÃO
Inovação para o desenvolvimento
Gargalos e oportunidades de fomento à indústria nacional
serão tema de debate no próximo dia 23. O objetivo é apresentar
ao governo sugestões para o programa Brasil Maior. ➥ P10
Genesys procura executivo no Brasil
Com operação separada da Alcatel-Lucent, uma das principais
missões do novo presidente da desenvolvedora de software será
ampliar a receita com serviços. ➥ P18
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 3
MOSAICO POLÍTICO
Paulo Rabello de Castro
Presidente do Conselho de Economia
da Fecomercio e do Lide Economia
[email protected]
PEDRO VENCESLAU
[email protected]
Renato Araujo/ABr
Repercussões da crise grega
Virou uma enorme crise “grega”: tentamos aprender os nomes
quase impronunciáveis de políticos gregos à espera das eleições marcadas para 17 de junho, uma eternidade de espera. Os
mercados passam a medir em indicadores o agravamento do
cenário financeiro europeu em função dos capítulos seguintes
da novela de “Zorba, o Grego”. A corrida aos bancos gregos deve continuar nos próximos dias, agravando a fragilíssima posição do sistema bancário local. Alimentar a possibilidade de a
Grécia sair do euro é como se fazer um pré-anúncio de desvalorização cambial. Quem puder, sacará euros para entesourar
suas economias, comprimindo drasticamente os ativos líquidos dos bancos. Estes param de emprestar em euros e ninguém
mais lhes repassará recursos no interbancário por receio de só
receber em dracmas (a antiga moeda grega). A paralisia da economia real vai se completando. Trata-se de uma questão de
dias antes da instalação do pânico bancário.
O travamento do sistema bancário é apenas um dos vários desdobramentos graves e imediatos da crise de confiança na permanência da Grécia na eurozona. Mas há outras sequelas terríveis:
haverá, com certeza, nas próximas semanas, um forte recuo adicional na arrecadação fiscal — poucas empresas gregas optarão
por continuar recolhendo impostos em dia e em euros, caso se
convençam de que poderão fazê-lo, mais adiante, na moeda desvalorizada. Tentarão também acelerar importações e sustar exportações, pondo em cheque o resto da esperança de a Grécia
cumprir seu acordo de pagamentos da dívida renegociada há alguns meses. Os credores já se preparam para mais uma rodada de
prejuízos, mas a conversa dura deve esperar as eleições de junho
para o potencial ajuste valer mais do que papel de embrulhar pão.
Até lá, só por um acidente político a Grécia deixará a Europa, porque o cenário fora do euro seria, para ela, de um empobrecimento ainda pior, que a população tampouco endossa.
Os desdobramentos indiretos dessa crise são, no entanto,
até mais arriscados para a estabilidade do euro do que o tamanho, em si, do calote grego. Os mercados passaram a temer a
Espanha (a bola da vez, já que Portugal fica quieto para não
ser notado...). O custo de rolagem da dívida espanhola em papéis de 10 anos subiu a 6,5% esta semana. Os da Itália, a
5,94%, não estão muito longe disso. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, admite que a Espanha “está num buraco” (afirmação recente, num discurso interno em que prega a
redução drástica do déficit fiscal para continuar viabilizando
empréstimos em nível de juros suportáveis). Na posição de
custo atual, a rolagem da dívida espanhola não tem futuro. Algum tipo de swap de dívida soberana terá que ser feito pelo
Banco Central Europeu, envolvendo o Mecanismo Europeu de
Estabilização. O nome pomposo é para disfarçar o custo insólito de servir esta nova dívida, a ser repartido por toda a Comunidade através de um adicional ao imposto de circulação de
produtos e venda de serviços. É uma situação estrutural, de excesso de dívidas transeuropeias, que só se resolve com reestruturação maciça e repartição de custos e perdas. Esta, sim, é a
grande questão pendente — hoje, ontem e sempre. ■
Marta Suplicy politiza acidente no metrô
Depois de receber pressão de todos os lados, a senadora Marta Suplicy finalmente entrou de cabeça
na campanha de Fernando Haddad em São Paulo. O local escolhido para marcar posição foi...Brasília. Ontem, ela usou a tribuna do Senado para atacar a gestão Kassab e fazer um discurso que repetiu até nas vírgulas as falas repetidas por Haddad nesse começo de campanha. “Há um desprezo gigantesco em relação aos usuários do transporte público na cidade de São Paulo”, disse. Ela aproveitou a ocasião para politizar as panes nas linhas do metrô e nas 127 linhas ferroviárias ocorridas desde 2007, quando um acidente matou sete pessoas. Em tom eleitoral, Marta citou o atual prefeito da
capital paulista que, em suas palavras, conta com um orçamento três vezes maior do que aquele
com que ela trabalhou quando foi prefeita, entre 2000 e 2004. Para finalizar, a senadora citou o acidente ocorrido no metrô que aconteceu na última quarta-feira. ■
Marina Silva engrossa ato
contra Código Florestal
Lula entra no Face, mas não vai
atualizar a página
No próximo domingo, manifestantes contrários ao
Código Florestal se reunirão em São Paulo para um
ato público. O evento será em frente ao Monumento
às Bandeiras, do lado de fora do Parque Ibirapuera.
Na sequência e ainda no clima do protesto,
Marina Silva comanda um debate sobre a Rio + 20.
Demorou, mas Lula lançou ontem sua página
oficial no Facebook. Pena que seu "curtir"
não será conferido pelo próprio, mas por
assessores do Instituto Lula. Outra novidade
do ex-presidente: ele receberá, na segunda-feira,
o título de cidadão paulistano.
CURTAS
➤
●
Um grupo heterogêneo de
parlamentares formou uma
força tarefa na CPI do Cachoeira
para impedir que jornalistas
sejam convocados ou
constrangidos nos depoimentos.
A turma trafega em partidos
que vão do Psol ao PSDB.
➤
●
O diretor-geral do ministério do Turismo israelense, Noaz Bar Nir está
selecionando uma agência de publicidade brasileira para desenvolver
umacampanhaeduplicarotrânsitode pessoasentreosdoispaíses. ➥ P21
O chamado “bloco da
liberdade de imprensa”
é formado pelos senadores
Pedro Taques (PDT-MT)
e Randolfe Rodrigues
(Psol-AP) e pelos deputados
Miro Teixeira (Psol-RJ),
Bruno Araújo, líder do PSDB
na Câmara, Carlos Sampaio
(PSDB-SP) e Francisco
Francischini (PSDB-SP).
Tem gente torcendo o nariz...
Mudanças no mercado imobiliário
➤
●
Israel vem ao Brasil em busca de turistas
O articulista Rodrigo Sias aborda o crescimento dos depósitos em
popupançaedonúmerodeunidadesfinanciadaspeloSistemaFinanceiro
da Habitação, que saltou de 30 mil para meio milhão. ➥ P31
Alexandre Tombini,
presidente do Banco
Central, desembarca em
São Paulo na segunda-feira.
Ele participa de um almoço
com empresários do Lide
(Grupo de Líderes Empresariais).
➤
●
Os genéricos avançam.
Segundo a Abrafarma,
as vendas aumentaram
21% entre 2010 e 2011.
PRONTO, FALEI
“Nós temos que
somar nessa
campanha, já
disse isso. Todos
serão agora
amigos desde
criancinha”
➤
●
Pesquisa enviada à coluna
pela associação das
farmácias e drogarias mostra,
ainda, que nos últimos cinco anos
as vendas de genéricos sempre
cresceram acima de 20%.
➤
●
Teve vazamento ontem
na Câmara. O caso não
foi de informação, mas de... gás.
O incidente mobilizou o Anexo III.
José Serra
Em discurso
que marcou
o apoio do
DEM ao seu
nome em
São Paulo
➤
●
A Receita Federal
marcou para o dia 30
uma mobilização nacional.
A ideia é que os fiscais não
fechem autos de infração.
O movimento inclui uma
operação padrão nos aeroportos.
Ou seja: não viaje nessa data.
Divulgação
O cenário para a Grécia fora do euro
seria de um empobrecimento ainda pior,
que a população não endossa
➔
Ruy Barata Neto
e Juliana Garçon
Colaboraram
4 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
DESTAQUE OFERTA DE AÇÔES
Editor executivo: Gabriel de Sales
[email protected]
Facebook/Divulgação
Facebook chega
à bolsa com valor
de US$ 104,2 bi
A mais valiosa oferta pública de uma empresa do setor
de tecnologia teve a ação negociada a US$ 38 na Nasdaq
Scott Eells/Bloomberg
Flávia Furlan e Natália Flach
[email protected]
O que era para ser apenas um mural de recados na internet dos alunos da Universidade de Harvard
se transformou em uma empresa
com valor de mercado estimado
em US$ 104,2 bilhões. Não fosse o
bastante, o Facebook se tornou
ainda a companhia de tecnologia
que mais levantou recursos na bolsa de valores. A oferta inicial de
ações (IPO, na sigla em inglês) da
rede social alcançou US$ 16 bilhões, com os papéis atingindo o
teto da precificação, de US$ 38.
Ao todo, foram vendidos 421,2 milhões de ações que começam a ser
negociadas hoje, na Nasdaq, às 11
horas locais (ou 12h de Brasília).
Apesar de o volume captado
pela companhia de Mark Zuckerberg ser o maior do setor de tecnologia, representando quase
dez vezes aquele levantado pelo
Google, de US$ 1,9 bilhão em
2004, ainda está longe de ser o
maior da história. A rede social é
a oitava empresa que mais levantou recursos com a abertura de
capital em bolsa, de acordo com
levantamento realizado pela
Thomson Reuters. A lista é liderada pelos bancos chineses Agricultural Bank of China e ICBC,
com US$ 22,1 bilhões em 2010 e
US$ 21,9 bilhões em 2006. Também estão à frente a montadora
General Motors, com US$ 18,1 bilhões, levantados em 2010, e a
bandeira de cartão Visa, com
US$ 19,6 bilhões em 2008.
De qualquer forma, a demanda
pelos papéis da rede social foi tão
grande que levou a companhia a
revisar a faixa de preços, que estava entre US$ 28 e US$ 35 para algo
entre US$ 34 a US$ 38. Outro claro sinal de que a operação atraiu
atenção dos investidores foi o fato
de que a empresa encerrou o período de reservas dos papéis dois
dias antes do previsto. “Acredito
que, em 12 meses, o valor dos papéis serão corrigidos pelo mercado para o preço real, que é de algo
entre US$ 24 e US$ 25”, diz Sam
Hamadeh, chefe-executivo da
consultoria americana PrivCo.
Segundo Hamadeh, o principal motivo para a distorção foi a
metodologia utilizada para calcular as receitas da companhia.
“Wall Street está esperando uma
perfeição em desempenho para
a próxima década, mas isso é impossível.” O analista lembra que
o desempenho do Facebook no
primeiro trimestre foi fraco,
com queda de 6,4% do faturamento em relação aos últimos
três meses de 2011. Na época, a
justificativa apresentada foi a sazonalidade no período pré-IPO.
No entanto, o Google registrou
alta de 27,2% no trimestre anterior à abertura de capital, derrubando a teoria, segundo Hamadeh. A PrivCo projeta que a receita do Facebook, neste ano,
chegará a US$ 5,37 bilhões.
“Há todas as características
de uma bolha no ambiente de
mídia social, mas eu não acho
que ela já se espalhou para a
web. Isso me lembra quando o
IPO do Netscape se tornou sexy
— o boom das pontocom veio
um pouco mais tarde”, afirma
Alan Patrick, co-fundador da
consultoria de tecnologia Broadsight. Para Patrick, os investidores devem observar que há uma
“festa armada” em torno de
IPOs como este, para criar padrões de compra. “Por isso, muitas vezes o preço das ações cai
um tempo depois. O maior risco, no curto prazo, é a queda de
receita ou de crescimento por
usuário, enquanto, no longo prazo, é a expectativa de que tudo
tem de dar certo para justificar
essa precificação tão alta. Além
disso, acho que há um risco em
relação a uma possível legislação de privacidade, o que reduziria o valor da companhia.”
Hamadeh, da PrivCo, indica,
portanto, cautela aos pequenos
investidores. “Em seis meses,
as ações vão cair, porque os funcionários poderão se desfazer
NA LIDERANÇA
Facebook supera seus competidores na bolsa
DATA
VALOR,
EM US$ BILHÕES
EMPRESA
16
18/MAI/2012
1,9
18/AGO/2004
COTAÇÃO DA VARIAÇÃO
AÇÃO NO IPO* DESDE IPO**
Facebook (EUA)
38
-
Google (EUA)
100
523,05%
11
-24,82%
6,24
-68%
15/DEZ/2011
1
Zynga (EUA)
03/MAI/2011
0,85
Renren (China)
03/NOV/2011
0,80
Groupon
28
-55,71%
Linkedin
83
26,45%
18/MAI/2011 0,40
Fonte: Thomson Reuters
*Em US$
**Cotação no fechamento de ontem
As ações do Facebook começam a ser negociadas hoje na Nasdaq
dos papéis. Também recomendo que os investidores coloquem limite de preço para não
serem pegos de surpresa comprados a US$ 100”, diz.
A história mostra que nem
sempre as ações do setor de tecnologia conseguem se manter
em alta depois da abertura de capital. Entre os cinco maiores competidores do Facebook em bolsa,
três deles apresentaram queda
desde a oferta inicial de ações até
o fechamento de ontem. No caso
do Groupon, por exemplo, as
ações caíram 55,2% desde o IPO,
em novembro de 2011, momento
que foram vendidas a US$ 6,24.
Em contrapartida, o principal caso de sucesso foi do Google, com
valorização de 523% desde 2004,
quando seus papéis foram vendidos a US$ 100.
Uma fonte da bolsa de Nova
York, que preferiu não ser identificada, disse que não acredita
que as próximas captações em
bolsa neste ano devam vir com
o tamanho da realizada pelo Facebook. “Esse IPO é muito diferente da realidade porque todo
mundo vai querer participar,
então não é referência.”
De acordo com uma fonte do
Goldman Sachs, um dos líderes
da operação, o perfil do investidor é global. “É tanto aquele
que busca volatilidade até aquele que conhece Facebook. O ativo é tão bom que notícias como
a do prejuízo do JP Morgan não
tem qualquer impacto. Os maiores impactados por isso serão os
bancos”, afirma.
Para Patrick, o que explica essa enorme atenção para a oferta
pública de ações foi a publicidade. “As pessoas que investiram
no Facebook antes do IPO foram
os ‘bambambãs’ do Vale do Silício e banqueiros de Wall Street.
No entanto, tudo indica que eles
vão resgatar o investimento, o
que não é um bom sinal.” ■
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 5
Divulgação
Novos formatos de
publicidade devem
entrar na mira do site
Para especialistas, abertura de capital vai impulsionar a busca por novas
fontes de receita dentro da rede social, com foco especial nos celulares
Carolina Pereira
NEGÓCIO BILIONÁRIO
[email protected]
Em Cingapura desde 2009, Saverin renunciou à cidadania dos EUA
Sócio brasileiro é
acusado de fugir
de tributação
Eduardo Saverin vive em
Cingapura, onde não se cobra
impostos em ganhos de capital
O cofundador brasileiro do Facebook, Eduardo Saverin, vive
em Cingapura, onde investe em
empresas de tecnologia. Mas
sua tranquilidade está ameaçada pela oferta pública inicial de
ações (IPO) da rede social, que
acontece hoje, e por dois senadores americanos democratas.
O brasileiro foi acusado ontem pelos parlamentares de ter
negado a cidadania americana
para evitar o pagamento de impostos sobre os lucros do Facebook nos mercados de ações.
Cingapura não tributa ganhos
de capital, enquanto nos Estados Unidos é cobrado no mínimo 15% sobre esses rendimentos de longo prazo.
Fontes dizem que a participação de Saverin na rede social é
de 4% e estimam que os US$ 30
mil investidos na rede social se
tornaram US$ 3 bilhões. O brasileiro, no entanto, se nega a comentar esse tipo de informação.
Em documento enviado à imprensa ontem, depois de ter sido atacado pelos senadores, Saverin disse que vai fazer o pagamento dos impostos ao governo
americano. “Minha decisão de
expatriar foi baseada apenas no
meu interesse em trabalhar e
morar em Cingapura, onde eu
vivo desde 2009”, afirmou.
Sócio brasileiro se
defende dizendo
que expatriação foi
baseada na decisão
de trabalhar e
morar em Cingapura
Ele foi educado nos Estados
Unidos e, durante os estudos universitários em Harvard, criou o
Facebook, em 2004, junto a Mark Zuckerberg e outros dois amigos. “É enfurecedor ver alguém
vender o país que o recebeu de
braços abertos, protegeu-o, educou-o e ajudou-o a se tornar milionário”, diz o senador Charler
Schumer. “Queremos impedir
esse estratagema”, completa.
Schumer e Bob Casey também
senador, afirmaram que vão propor leis para evitar que expatriados não paguem impostos. A legislação presumiria que expatriados com patrimônio de US$ 2 milhões ou mais, com valor médio
de impostos acima de US$ 148
mil nos últimos anos, renunciaram à cidadania apenas com o objetivo de evitar impostos.
Essas pessoas teriam de provar o contrário e, caso não conseguissem, teriam de pagar
30% sobre futuros ganhos com
investimentos. Se não pagarem
os impostos, seriam proibidos
de entrar nos Estados Unidos. ■
Agências internacionais
Que o IPO do Facebook está
sendo um sucesso, não há dúvidas. O que o mercado quer saber agora é o que a rede social
vai fazer para corresponder às
expectativas dos acionistas e
provar sua capacidade de crescimento e, principalmente, de
geração de receita. Para isso, a
empresa deve lançar mão de
novos formatos publicitários,
segundo especialistas.
No primeiro trimestre, o site
teve faturamento de US$ 1,058
bilhão, número 6,37% menor
que o apresentado no quarto trimestre do ano passado. A queda
coincide com um momento em
que a eficácia do Facebook como
ferramenta publicitária vem sendo questionada, já que a General
Motors declarou nesta semana
que vai parar de anunciar na rede social por considerar que o investimento teve pouco impacto
na venda de veículos.
Com o atual modelo de publicidade sendo colocado em cheque
por uma gigante do setor automotivo e a entrada de novos sócios, o desafio do Facebook daqui para a frente será encontrar
um modelo que possa impulsionar sua receita e que, ao mesmo
tempo, não espante os usuários.
Atualmente, as empresas podem criar fan pages sem pagar
nada e a receita do site vem dos
anúncios que aparecem nos perfis dos usuários. Ao contrário da
GM, a imobiliária brasileira Lopes aprova o modelo. “Temos
cerca de dez casos de compras
que inciaram por interações no
157.348.340
Evolução da receita global
do Facebook, em US$ milhões
1º TRI/2011
731
2º TRI/2011
895
3º TRI/2011
954
4º TRI/2011
1.013
1º TRI/2012
1.058
Fontes: empresa e Socialbakers
Facebook”, conta Adriana Sanches, gerente de marketing da
Lopes. Os anúncios, iniciados
em outubro do ano passado, impulsionaram o número de fãs da
página de 20 mil para 68 mil.
Novos modelos
“A rede se mostrou muito eficaz para criação de comunidades de marcas, com as fan pages, mas ainda é muito limitada
como mídia paga”, afirma Marcos Bedendo, professor de marketing da Escola Superior de
Propaganda e Marketing (ESPM). Para o especialista, até hoje o site teve receio de liberar publicidades mais invasivas e ter
queda nas visitas, mas com a
possível pressão dos novos acionistas por maiores receitas a
postura pode mudar.
Outra possibilidade, segundo
Bedendo, é que o site passe a cobrar pela presença de empresas
nas fan pages. Marcelo Silva, analista de pesquisa da Frost&Sullivan, concorda que as mudanças
serão inevitáveis “para justificar o enorme valor arrecadado”
na abertura de capital.
Para ele, “a empresa terá de
fazer algumas alterações estruturais para se manter crescentes não só suas receitas, mas
também seu valiosíssimo banco
de usuários”. Silva explica que a
adição de aplicativos que monitoram as atividades dos perfis
também deve crescer.
“O Spotify, que atualiza no
Facebook todas as músicas ouvidas pelo usuário é um exemplo
desse tipo de programa que pode gerar dados valiosos para as
empresas de mídia”, exemplifica o analista.
Celulares
Especialistas avaliam que após o
IPO o Facebook passará a dar
atenção especial aos dispositivos móveis e como tirar proveito do crescente número de usuários que acessam a rede pelo celular. A empresa ainda não possui um modelo de publicidade
móvel rentável, e deve se focar
nisso a partir de agora.
A compra do aplicativo Instagram, em abril, por US$ 1 bilhão, sinaliza o interesse da rede pela área de mobilidade. “Rumores sobre um ‘Facebook phone’ são antigos e o lançamento
de um device como esse daqui a
alguns anos não seria uma grande surpresa”, diz Silva.
“Mobile é a grande oportunidade e a grande interrogação do Facebook”, resume Roberto Grosman, executivo com passagens
por Google e Amazon e que hoje
é sócio da agência F.Biz, especializada em mídia digital. ■
OS MAIS CONECTADOS
Ranking dos países em número de usuários na rede social
47.011.060
EUA
BRASIL
45.825.620 42.272.040
ÍNDIA
Fontes: empresa e Socialbakers
INDONÉSIA
33.173.840
MÉXICO
30.945.100
REINO UNIDO
30.678.300 27.088.320
24.347.640
TURQUIA
FILIPINAS
FRANÇA
23.552.680
ALEMANHA
6 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
BRASIL
Editora: Elaine Cotta [email protected]
Subeditora: Ivone Portes [email protected]
Custo da lentidão
alcança R$ 52,8 bi
na cidade de SP
Cifra seria ainda maior, se não fossem os investimentos em
transporte e as restrições à circulação de caminhões e carros
Juliana Garçon
[email protected]
Os prejuízos causados pela lentidão do trânsito na capital paulista continuam crescendo, mas
em ritmo menor. As perdas,
que em 2008 estavam estimadas em R$ 33 bilhões, vinham
dobrando a cada quatro anos
desde 2000. No último ciclo de
quatro anos, contudo, o prejuízo avançou 60%, alcançando
R$ 52,8 bilhões neste ano. A estimativa é do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Marcos Cintra,
que também é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e
responsável pelo estudo, cuja
atualização está em andamento. O número é preliminar, mas
já dá uma boa ideia do tamanho
do problema com que se depara
o município.
O desperdício calculado por
Cintra em 2008 equivalia a 10%
do PIB da cidade de São Paulo. Para avaliar a representatividade
das perdas na produção de riqueza hoje em dia, seria necessário
utilizar um dado atual sobre o
PIB. Porém, o número mais recente é o de 2009, quando o IBGE
registrou R$ 389 bilhões. Sobre
esta base, o custo do trânsito da
cidade alcançaria 13,6%.
“O custo de perda de mobilidade urbana é parte do custoSão Paulo, que é parte do custoBrasil”, explica Cintra. Na conta
das perdas entram: o maior consumo de combustível, conse-
Para Marcos Cintra,
São Paulo chegou tão
perto da imobilidade
que passou a criar
‘anticorpos’ aos
próprios problemas
quência da redução e variação
de velocidade; os gastos originados pelos malefícios da poluição
à saúde; as perdas diretamente
provocadas pelo tempo maior
de transporte, como a necessidade de contratar mais trabalhadores; e, finalmente, as horas
de trabalho, atividade e lazer
das pessoas que ficam presas
nos engarrafamentos.
O problema das perdas com
mobilidade reduzida está se suavizando, de acordo com Cintra,
graças aos investimentos mais
acelerados em transporte público e às restrições à circulação
de carros de passeio e veículos
de carga, como a proibição à circulação de caminhões na cidade de São Paulo. “A cidade está
criando anticorpos contra a própria imobilidade.”
Preferência nacional
Restrições à circulação de veículos não são exclusividade da cidade de São Paulo. Pesquisa do Instituto de Logística e Supply
Chain (Ilos) indica que 18 capitais adotaram normas do gênero, conta João Guilherme de
Araújo, diretor de desenvolvi-
mento de negócios. “O problema é que não há medida para aferir o impacto das restrições e verificar qual norma está dando resultado positivo. E, além disso,
não há regra única para o país, o
que dificulta o planejamento por
parte das transportadoras. São
questões relativas às frotas, rotas, zonas de estacionamento e
tamanho e turno de equipes.”
As normas que limitam a circulação nas cidades brasileiras
são relativas a horários de cargas e descarga e tamanho e peso
dos veículos. Para lidar com
elas, os empresários de transporte adotam novas tecnologias
e veículos menores, de acordo
com pesquisa junto às 60 maiores transportadoras do país.
Além disso, as companhias tentam fazer pressão junto aos órgãos públicos, individualmente
ou por meio das entidades.
No estudo (veja quadro ao lado), o Ilos verificou que mais que
a metade já repassou aos clientes
o aumento de custos advindo
das restrições de circulação. Em
média, os repasses foram de
20%. Também verificou que a
grande maioria dos empresários
tem como preocupação, presente e para o futuro, o aumento do
trânsito e as restrições à circulação, além da contratação de motoristas e dificuldades para estacionar. Eles desejam maior oferta de vagas de carga e descarga e
melhoria no transporte a passageiros, além de estímulos ao descarregamento noturno. ■
PERFIL DO TRANSPORTE DE CARGA NO BRASIL
SETORES DE ATUAÇÃO DAS TRANSPORTADORAS
70%
ALIMENTOS E BEBIDAS
QUÍMICA E PETROQUÍMICA (COMBUSTÍVEIS)
SIDERURGIA E METALURGIA
AUTOMOTIVO
AGROINDUSTRIAL
MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
MATERIAL DE INFORMÁTICA
COMÉRCIO VAREJISTA
FARMACÊUTICOS
58%
54%
45%
43%
38%
38%
34%
31%
DESTINO DAS MERCADORIAS
AS OPERAÇÕES DAS MAIORES
TRANSPORTADORAS
Pontos
de venda
TÊM OPERAÇÃO
NO SUDESTE
83%
REPASSARAM ALTA DE
CUSTOS A CLIENTES
As restrições a caminhões na capital paulista existem desde 1986,
quando foi criada a Zona de Máxima Restrição de Circulação
(ZMRC), compreendendo uma
área de 11,5 km², onde o tráfego
desses veículos ficou proibido durante o dia. Mas essa regra só va-
leu até outubro de 2007, quando
a área foi ampliada e passou para
25 km². Em junho de 2008, foi novamente elevada e alcançou a dimensão atual de 100 km², que corresponde ao Centro Expandido.
No entanto, ontem a Prefeitura
decidiu autorizar os Veículos Ur-
banos de Cargas (VUCs) a circular
na ZMRC em qualquer horário do
dia ou da noite, em qualquer dia
da semana. O VUC é o caminhão
de menor porte, com largura máxima de 2,20 m e comprimento
máximo de 6,30 m. ■ Cristina Ribeiro de Carvalho
57%
TAXA MÉDIA
DE REPASSE
DE CUSTOS
Pessoa
física
17%
20%
DESAFIOS NA DISTRIBUIÇÃO URBANA
83%
80%
TRÂNSITO
78%
95%
77%
47%
MEDIDAS MAIS ADOTADAS PARA
DRIBLAR AS RESTRIÇÕES
MAIOR OFERTA DE
VAGAS DE CARGA
E DESCARGA
MELHORIA NO
TRANSPORTE
DE PASSAGEIROS
ESTÍMULOS AO
DESCARREGAMENTO
NOTURNO OU EM
HORÁRIO DIFERENCIADO
67%
RESTRIÇÕES À
CIRCULAÇÃO DE
CARROS DE PASSEIO
52%
RESTRIÇÕES À
CIRCULAÇÃO
DE CAMINHÕES
27%
IMPLEMENTAÇÃO DE
PEDÁGIO URBANO
PARA CARROS
17%
52%
CONTRATAÇÃO RESTRIÇÕES DE DIFICULDADES EXIGÊNCIAS TEMPO DE
DE MOTORISTAS CIRCULAÇÃO EM ESTACIONAR AMBIENTAIS RECEBIMENTO
ELEVADO
AÇÕES DE GOVERNO SUGERIDAS
PELAS TRANSPORTADORAS
97%
70%
MOBILIDADE URBANA
Prefeitura libera caminhão pequeno no centro
85%
IMPLEMENTAÇÃO DE
PEDÁGIO URBANO
PARA CAMINHÕES
Fonte: Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos)
INVESTIU EM
TECNOLOGIA DE
OTIMIZAÇÃO DE
DISTRIBUIÇÃO
ADOTOU
VEÍCULOS
MENORES
57%
45%
INSTALOU
PLATAFORMA
NOS VEÍCULOS
42%
COLOCOU MAIS
MOTORISTAS
NAS ROTAS
42%
AUMENTOU A
QUANTIDADE DE
TURNOS DOS
MOTORISTAS
37%
MEDIDAS ADOTADAS PARA
MUDAR A LEI ATUAL
PRESSÃO INDIVIDUAL
JUNTO AO GOVERNO
47%
PRESSÃO EM CONJUNTO COM
OUTRAS TRANSPORTADORAS
34%
PRESSÃO POR MEIO
DE ENTIDADE DE CLASSE
54%
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 7
Henrique Manreza
Mercado de trabalho continua aquecido
O mercado de trabalho formal brasileiro deu sinais de aquecimento em
abril, apesar de ter gerado menos empregos com carteira assinada em
relação a igual período do ano passado. No mês passado, a economia
brasileira criou 216.974 vagas com carteira assinada. Um ano antes,
272.225 novos empregos tinham sido gerados. Os dados são do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado
ontem pelo Ministério do Trabalho. Reuters
CPI ficará restrita ao Centro-Oeste
e sem depoimento de governadores
Parlamentares suspeitam de acordos para deixar de fora das investigações o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB)
ABr
Ruy Barata Neto, de Brasília
CONVOCAÇÃO
[email protected]
As investigações da Comissão
Parlamentar Mista de inquérito (CPMI), instalada para desvendar a teia de relações do bicheiro Carlos Augusto Ramos,
o Carlinhos Cachoeira, com
servidores públicos e agentes
privados, permanecerão restritas à região Centro-Oeste e,
por enquanto, sem colher depoimento de nenhum governador suspeito de beneficiar a organização do contraventor.
Trata-se de um receituário definido pela base do governo na
Comissão, mas que já conta
com o apoio de parte de parlamentares da oposição.
Em reunião administrativa,
realizada ontem, a CPI aprovou
a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico das operações
da Delta Construtora nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal,
Goiás (que compõem a região
Centro-Oeste) e no Tocantins,
mas excluiu da medida a chamada Delta Nacional — matriz que
concentra as operações da empresa em todo o país. A empreiteira está associada regionalmente ao esquema de Cachoeira por meio do diretor para o
Centro-Oeste, Claudio Abreu,
que está preso, e no âmbito nacional, por meio do ex-diretor
executivo, Carlos Pacheco, que
foi apenas afastado da direção.
O relator da CPI, Odair Cunha
(PT-MG), disse que as investigações da Polícia Federal não forneceram indícios suficientes para justificar a quebra de sigilo da
companhia além das suas filias
do Centro-Oeste. “Havendo indícios suficientes, eu serei o primeiro a encaminhar favoravelmente pela quebra de sigilo da
Delta Nacional”, disse ele.
A avaliação de Cunha sofreu
uma série de resistências e suscitou, por parte de alguns parlamentares, na acusação de acordos que foram costurados entre
a base do governo e parte da
oposição para proteger o governador do Rio de Janeiro, Sérgio
Cabral (PMDB), que é amigo pessoal do ex-dono da Delta, Fernando Cavendish.
A suposta articulação teria sido o motivo da CPI ter deixado
de lado a votação de requerimentos que poderiam convocar
Depoimentos
poderão
atingir Perillo
Odair Cunha (PT-MG): investigações da PF não forneceram indícios para quebra de sigilo fora da região
individualmente os demais governadores suspeitos de colaboração com Cachoeira — Marconi
Perillo (PSDB), de Goiás, e Agnelo Queiroz (PT) do Distrito Federal. “Não existem acordos nessa
Comissão e em nenhum momento se trabalhou por isso”,
disse o presidente da CPI, Vital
do Rêgo. Segundo ele, a amplia-
ção da quebra de sigilo da Delta
e a convocação de governadores deverá ser tratada apenas na
próxima reunião administrativa
da CPI marcada para 5 de junho.
Inchaço
Se os temas mais polêmicos ficaram de fora, não faltaram providências aprovadas para ocupar
UM MUNDO DE DADOS
CPI aprova extensa lista de documentos e depoimentos para análise
36 quebras de sigilo fiscal,
bancário e telefônico
16 empresas ligadas ao
esquema de Cachoeira terão suas
contas abertas, além das filiais da
Delta Construtora no Centro-Oeste
51 convocações de pessoas
envolvidas no esquema
47 relatórios de diligências
realizadas durante a operação
Monte Carlo, da Polícia Federal
39 relatórios parciais
elaborados pela operação Monte Carlo
(ainda em curso)
Hard disk da Polícia Federal
contendo a totalidade dos grampos
das operações Vegas e Monte Carlo
Registro de saídas
do Brasil no período
compreendido de 10 anos
de Cachoeira e esposa, além
de Demóstenes Torres
Inteiro teor dos autos da
operação Saint Michel,
deflagrada em 25 de abril, que é um
desdobramento da Operação
Monte Carlo, responsável pela
prisão de Cachoeira
a agenda da CPI nos próximos
dias. No balanço da sessão, a
CPI aprovou 36 quebras de sigilo bancários fiscais e telefônicos
e convocou 51 pessoas acusadas
de envolvimento no esquema
de Cachoeira. Nem mesmo os familiares de Cachoeira escaparam da convocação para depor.
Foram convocados a ex-mulher
do bicheiro, Andréa Aprígio, e o
ex-cunhado, Adriano Aprígio;
além do pai Sebastião de Almeida Ramos e do irmão Marcos de
Almeida Ramos.
A Comissão solicitou a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de 16 empresas ligadas
ao esquema de Carlinhos Cachoeira, dentre elas está a Bet
Capital Limitada que chegou a
fazer empréstimos de até R$ 10
milhões ao bicheiro entre 2008
e 2010. A empresa tem a maior
parte de seu controle acionário
nas mãos de uma companhia da
Coreia do Norte, país de regime
econômico fechado. A questão
da evasão de divisas é um dos
principais alvos perseguidos pelo PT na CPI. ■
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) deixou de fora requerimentos para a convocação
de governadores suspeitos de integrar o esquema de Cachoeira,
mas aprovou a convocação de
duas testemunhas que podem
comprometer o governador de
Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e
o do Distrito Federal, Agnelo
Queiroz (PT).
A CPI deverá ouvir em data a
ser definida o sobrinho de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, Leonardo Almeida
Ramos. Leonardo aparece nas
investigações da Polícia Federal
(PF) como o emissário de três
cheques, que somaram R$ 1,4
milhão, destinados a Perillo e
que seria o pagamento pela compra da casa do governador adquirida por Cachoeira.
O nome que pode comprometer Agnelo é o de Claudio Monteiro, que foi o seu ex-assessor
de gabinete. Segundo as investigações da Polícia Federal, Monteiro teria negociado propina para favorecer a Delta Construções em contratos de prestação
de serviços de recolhimento de
lixo em Brasília e região.
Por outro lado, a CPI deixou
mais distante a possibilidade de
convocação do diretor da sucursal da revista Veja, Policarpo Júnior, que aparece nas investigações da PF em contato com Cachoeira. Os representantes do
PT e o senador Fernando Collor
(PTB-AL) queriam achar no conjunto de gravações da PF as partes de diálogos que envolvem
Policarpo e o contraventor, mas
a decisão foi rejeitada após argumento da senadora Kátia Abreu
(PSD-TO). Segundo ela, todas
as conversas do jornalista aparecerão no hard disk da PF.
A sessão aprovou requerimento
que faz apelo ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo
Lewandowsky, para a quebra do
sigilo dos documentos das operações Vegas e Monte Carlo que já
estão em poder da comissão de
inquérito. ■ R.B.N.
8 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
BRASIL
Mario Proenca/Bloomberg
NOMEAÇÃO
TELECOMUNICAÇÕES
Governo indica Volney Zanardi
como novo presidente do Ibama
Anatel registrou 2,2 milhões
de novas linhas de celulares em abril
Volney Zanardi, diretor do Departamento de Gestão Estratégica da
secretaria-executiva do Ministério do Meio Ambiente, foi indicado novo
presidente do Ibama. A nomeação foi publicada ontem no Diário Oficial
da União. Ele vai substituir Curt Trennepohl, que foi nomeado em
fevereiro de 2011. Segundo fontes do Ministério do Meio Ambiente,
Trennepohl deixou o cargo por motivo de saúde. Reuters
No mês de abril foram registrados 2,2 milhões de habilitações
de telefones celulares no país. Segundo a Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel), o número é o maior já registrado
no período nos últimos 13 anos e representa um crescimento
de 0,86% em relação a março. No total, o Brasil já tem
252,9 milhões de linhas de celulares ativas. ABr
Antonio Cruz/ABr
Ipea vê espaço
para baixar juros
sem afetar inflação
Economistas divergem e dizem
que meta de inflação para 2013
já pode estar comprometida
Chrystiane Silva
[email protected]
A presidente entregou ontem prêmio de contribuição científica para Maria da Conceição Tavares
Crescimento não é
refém da lógica do
mercado, diz Dilma
Para a presidente, o Brasil vive um momento de ruptura com as
antigas práticas e agora foca na melhoria de vida da população
A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o Brasil vive um
momento de ruptura com a prática de delegar a condução do crescimento exclusivamente às forças de autorregulação do mercado, excluindo o interesse da sociedade nas decisões econômicas, durante discurso na solenidade que homenageou a economista Maria da Conceição Tavares com a entrega do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para
Ciência e Tecnologia de 2011.
Segundo a presidente, o país
vive uma “benigna” transformação de subordinação da lógica econômica à agenda dos valores indissociáveis da democracia e da inclusão social.
“Não admitimos mais a possibilidade de construir um país forte e rico dissociado de melhorias das condições de vida da
nossa população, tampouco
acreditamos mais na delegação
da condução de nosso crescimento exclusivamente às forças de autorregulação do mercado”, disse a presidente. “Não
acreditamos mais que podería-
Segundo Dilma, o
país vive nos últimos
nove, dez anos um
ponto de mutação
na história de seu
desenvolvimento
mos nos desenvolver sem nos
libertarmos das amarras que
nos prendiam a interesses nacionais em outras regiões do
mundo”, completou Dilma.
O Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia
reconhece pesquisadores brasileiros pelo trabalho em prol do avanço da ciência e pela transferência
de conhecimento da academia ao
setor produtivo. A iniciativa é do
Ministério de Ciência, Tecnologia e Informação e do Conselho
Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
Na edição de 2011, o prêmio contemplou a área de ciências humanas, sociais, letras e artes.
Maria da Conceição de Almeida Tavares foi professora da pre-
sidente Dilma Rousseff. É graduada em matemática e economia e doutora em economia da
indústria e da tecnologia. A economista publicou dezenas de
artigos em livros e publicações
nacionais e estrangeiras, além
de publicar e organizar mais de
dez livros e capítulos em mais
de 20 livros.
Um dos seus textos mais importantes é Auge e Declínio do
Processo de Substituição de Importações no Brasil — Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro, publicado
em 1972. O processo de desenvolvimento econômico do Brasil sempre foi uma das suas
maiores preocupações acadêmicas. Portuguesa de nascimento
e naturalizada brasileira, Conceição Tavares já foi deputada
federal pelo Rio de Janeiro.
Dilma, que durante a campanha eleitoral à Presidência recebeu o apoio da economista, que
já foi deputada pelo PT, disse
que Maria da Conceição Tavares contribuiu para “o mapa do
caminho”. ■ ABr e Reuters
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou
ontem um estudo que mostra
que o Banco Central (BC) pode,
sim, baixar os juros sem elevar
a inflação em situações como a
que o país enfrenta no momento. Os pesquisadores argumentam que em períodos de baixo
crescimento da economia, como agora, os cortes dos juros
não afetam a inflação.
A avaliação faz parte do Comunicado 148 - Efeitos Assimétricos da Política Monetária sobre Inflação e Crescimento no
Brasil: Diferenças conforme a Fase do Ciclo Econômico e a Direção e Magnitude de Choques
nos Juros. “Existe uma distorção na economia brasileira, que
são as taxas de juros, uma das
maiores do mundo. Mas, em algum momento, temos que baixar as taxas para níveis compatíveis com os de outros países. A
fase atual deve ser aproveitada
para baixar o juro, sem acelerar
a inflação”, disse o coordenador
de Economia Monetária e Câmbio do Ipea, Thiago Martinez.
De janeiro até abril, a taxa básica de juros, a meta Selic, foi reduzida de 10,5% para 9% ao
ano e deve cair ainda mais na
avaliação dos analistas do mer-
JUROS EM BAIXA
Estudo do Ipea estima
que é possível reduzir Selic
ainda mais, em % ao ano
13
12
12
11
10
9
9
8
MAI/11
Fonte: Ipea
MAI/12
cado financeiro, podendo chegar a 8,5% na próxima reunião
do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom)
marcada para os dias 29 e 30 deste mês. Já o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) encerrou abril com alta de 0,64%,
de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). No acumulado no ano, a
inflação medida pelo IPCA ficou
em 1,87%, abaixo dos 3,23%,
que foi registrado no mesmo
mês do ano passado.
No entanto, o boletim Focus,
divulgado semanalmente pelo
BC, indica que o mercado financeiro, mesmo estimando uma
nova redução na taxa básica de
juros nos próximos dias, acredita na elevação da inflação medida pelo IPCA, que pode chegar
aos 5,22% estimados na semana
passada e, não, mais em 5,12%
previstos anteriormente.
Divergência
Mas há economistas que acreditam que o BC não deve fazer novas reduções nas taxas de juros.
É que as medidas de política monetária demoram entre 6 e 8 meses para fazer efeito na economia real. Com isso, os cortes de
juros feitos agora só vão ter impacto na inflação de 2013. A taxa para o ano que vem passou a
ser foco de preocupação dos
analistas econômicos.
A meta para 2013 é de 4,5%
com a variação de dois pontos
percentuais para cima ou para
baixo. A projeção da Tendência
Consultoria é que a inflação fique em 5,5%. “Além dos cortes
de juros que podem respingar
na inflação, há o reajuste nos
preços das tarifas públicas e dos
transportes, o que vai contribuir para uma taxa mais alta”,
diz Juan Jensen, economista.
Os índices de preços que medem variações no atacado como
o IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado) já estão registrando alta devido à elevação do
preços das commodities no mercado internacional. “Haverá repasses para o consumidor em alguns meses”, diz Daniel Augusto Motta, professor de finanças
do Insper. A avaliação do Ipea
precisa ser analisada com cuidado, já que o órgão pertence ao
governo. ■ Com agências
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 9
Henrique Manreza
MEIO AMBIENTE 1
INDÚSTRIA
Marinha investiga mancha de óleo na costa
do Espírito Santo
Participação de produtos importados no
mercado industrial bate recorde, indica CNI
A Marinha do Brasil investiga uma mancha de óleo na costa do Espírito
Santo e enviou uma equipe para inspecionar a região. “Um equipe de
inspeção naval da Capitania dos Portos do Espírito Santo foi deslocada
para área para verificar a extensão da mancha”, afirmou um porta-voz.
Petroleiros voltando do trabalho relataram uma mancha de cerca de
um quilômetro perto da plataforma P-57, operada Petrobras. Reuters
A participação dos produtos importados no mercado brasileiro
de bens industriais bateu recorde, segundo o estudo Coeficientes
de Abertura Comercial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O chamado coeficiente de penetração de importações atingiu 22,2%
no acumulado de 12 meses encerrados em março. É o maior valor
da série iniciada em 1996. ABr
Baixo consumo pode comprometer expansão do PIB
Vendas do varejo subiram 0,2%
de fevereiro para março, contra
1,2% em igual período de 2011
Chrystiane Silva
[email protected]
O brasileiro está gastando menos, está mais endividado, e deve esperar até pagar suas contas
para voltar a comprar. Ontem, o
Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) divulgou que
as vendas no varejo cresceram
0,2% em março, sobre o mês anterior, abaixo do 1,2% verificado
em 2011. Dos dez segmentos pesquisados, seis apontaram queda
nas vendas, com destaque para
livros, jornais, revistas e papelaria (–7,1%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-6,9%). No
Crescimento de
países sustentado
pelo consumo só
deu certo nos EUA
ano, as vendas do varejo acumulam alta de 10,3%.
A desaceleração no ritmo do
consumo pode comprometer as
as medidas adotadas pelo governo para estimular a economia. As
principais ações foram a redução
dos juros básicos, que estão em
9% ao ano e servem de referência
para os financiamentos, e a briga
com os bancos para que eles também reduzam as taxas cobradas
ao consumidor. “O desaquecimento da economia favorece a
inadimplência. A situação só não
é pior porque o mercado de traba-
lho está em alta. A volta do brasileiro ao consumo deve acontecer
no segundo semestre”, diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe
do WestLB. De fato, os brasileiros
estão mais devedores. Segundo a
Serasa Experian, a inadimplência
do consumidor aumentou 4,8%
de março para abril — maior alta
para o mês nos últimos 10 anos.
A baixa no consumo preocupa
porque os gastos da família representam 60,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar da expansão dos gastos das famílias, o PIB
cresceu apenas 2,7% no ano passado. “Está na hora de o governo rever o modelo de crescimento baseado no consumo. Ele só deu certo nos Estados Unidos”, diz Rostagno. A alternativa seria adotar
em um modelo de crescimento
que priorize os investimentos. ■
IMPORTÂNCIA DO CONSUMO NA ECONOMIA
Participação dos fatores que compõem
o PIB sob a ótica da demanda em 2011
60,3%
20,7%
19,7%
11,9%
-12,6%
CONSUMO
DAS FAMÍLIAS
Fonte: IBGE
CONSUMO DA FORMAÇÃO BRUTA
ADMINISTRAÇÃO DE CAPITAL FIXO
PÚBLICA
EXPORTAÇÃO
DE BENS E
SERVIÇOS
IMPORTAÇÃO
DE BENS E
SERVIÇOS
10 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
INOVAÇÃO & TECNOLOGIA
SEGUNDA-FEIRA
TERÇA-FEIRA
ECONOMIA CRIATIVA
EMPREENDEDORISMO
Editor executivo: Gabriel de Sales [email protected]
Indústria debate uma agenda
inovadora para o Brasil Maior
Na próxima semana, evento reúne em Brasília iniciativa privada e governo para discutir fomento à política industrial
Rodrigo Capote
Fabiana Monte
[email protected]
No próximo dia 23, diferentes
setores da indústria promoverão em Brasília um evento para
discutir inovação e sua importância para o desenvolvimento
do país. O mote é debater gargalos e oportunidades de fomento
à indústria nacional, com o objetivo de apresentar ao governo,
ainda que informalmente, uma
agenda para compor o Plano
Brasil Maior — política industrial do governo.
“A ideia é ter uma discussão
positiva para que o setor privado possa contribuir na construção da agenda que vai levar às
novas diretrizes do Plano Brasil
Maior, que deve entrar em sua
terceira fase em meados do
ano”, conta Fábio Rua, diretor
de relações governamentais da
GE Energy. No entanto, o evento não vai gerar um documento
formalizando as propostas. “Mas
os participantes dos workshops
reforçarão algumas medidas
que o governo deve tomar e sugerir novas que ainda não estão
no radar”, observa.
A GE é uma das idealizadoras
do “Inova Mais”, junto com a
Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Agência Brasileira
de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex). Segundo
Rua, o anúncio, em 2010, da instalação do centro de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) da GE
no Brasil deu força a conversas
que a empresa mantinha com a
CNI e com a Apex sobre inovação. “Estamos falando de um investimento vultoso (US$ 120 milhões). O anúncio nos trouxe a
Fábio Rua, da GE: “Grandes linhas para incentivar a inovação estão traçadas. A questão é discutir o que fazer para acelerar esse processo”
possibilidade efetiva de sentar à
mesa para falar de inovação”.
A agenda do evento inclui palestras, abertas ao público, com
líderes de empresas como 3M,
Microsoft, Fiat e Petrobras,
além de GE, CNI, Apex e da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial. O ministro
da Ciência, Inovação e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, também participará. “As grandes linhas de ação para o Brasil ser
A importância
da inovação será
discutida por
empresas como
3M, Microsoft, Fiat,
GE e Petrobras
mais competitivo em inovação
já estão traçadas. A questão é o
que fazer para acelerar esse processo”, afirma Rua.
À tarde, serão realizados
workshops para convidados sobre seis temas: saúde; transporte; aviação; água; energias renováveis; e óleo e gás. Na área de
energias renováveis, o objetivo
é tratar de adensamento das cadeias produtivas; investimento
em P&D e gargalos logísticos.
Rua ressalta que tanto o setor
de óleo e gás quanto o de energias renováveis, por exemplo,
exigem alto nível de investimento em inovação.
“Estamos falando de explorar
petróleo a milhares de metros
de profundidade. As tecnologias para isso não existem e estão sendo desenvolvidas e este
é um trabalho que o setor público e o privado precisam desenvolver juntos.” ■
ABr
Em Brasília, pontos de ônibus
oferecem internet grátis
Iniciativa é parte de projeto que
tem 40 estantes de livros em
paradas de coletivos na cidade
Três pontos de ônibus em Brasília — dois na Asa Norte e um no
Setor Bancário Sul — ganharam
esta semana computadores
com acesso gratuito à internet.
A iniciativa faz parte do projeto
estação cultural, do Açougue
Cultural T-Bone, realizado em
parceria com a Fundação Banco
do Brasil e com a Petrobras.
“A ideia dos computadores
na parada de ônibus é para
dar ao usuário o contato com
a internet. E você trabalha
questão da autoestima”, explica Luiz Amorim, idealizador
do projeto.
Os computadores com tela
sensível a toque ficam instalados em estantes para empréstimos de livros que fazem parte
do projeto parada cultural - biblioteca popular -, que teve início em 2007. Hoje, há 40 estantes de livros em pontos de ônibus da avenida W3 Norte.
Além dos computadores, os
pontos de ônibus têm cobertura
de internet sem fio com a tecnologia Wi-Fi, com cobertura de 1
quilômetro, de acordo com
Amorim. Com isso, usuários podem acessar a internet gratuitamente por meio de tablets, notebooks ou smartphones que tenham essa tecnologia.
A Fundação Banco do Brasil
investiu R$ 120 mil no projeto,
conta Amorim, acrescentando
que há planos para ampliar a iniciativa. “Temos negociado com
a Petrobras e com Fundação para, até a Copa de 2014, chegar às
40 estações culturais”. ■ F.M.
Projeto deve chegar a mais 37 estantes de livros até a Copa de 2014
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 11
QUARTA-FEIRA
QUINTA-FEIRA
EDUCAÇÃO/GESTÃO
SUSTENTABILIDADE
André Prietsch
Tudo fica mais
claro com o
poste verde
Brasileira GreenLuce, especializada em
microgeração, desenvolve sistema híbrido
que capta energia do Sol e do vento
Equipamento é autônomo — seu funcionamento independe de conexão com a rede de eletricidade
Autonomia do sistema é de 36
horas, equivalente à iluminação
por três noites seguidas
A brasileira GreenLuce, especializada em microgeração de
energia, desenvolveu um poste de iluminação pública híbrido. Ele é autônomo — funciona
sem estar ligado à rede elétrica
— e capta energia de duas fontes: sol e vento. A eletricidade
é gerada por meio de dois painéis fotovoltaicos, que recebem a energia solar, e por um
aerogerador, que produz energia a partir do vento. A energia
é armazenada em baterias que
alimentam a luminária acionada por um fotosensor.
“Uma das vantagens é que,
por ser autônomo, a instalação
do poste é mais simples e rápida”, diz Flávio van Deursen, sócio-diretor da GreenLuce. A instalação leva, em média, 3h e 30,
se a base de concreto para sustentação estiver pronta.
O equipamento já está instalado em diversas regiões do país,
Instalação rápida
é uma das vantagens
do produto; empresa
diz que grandes obras
são oportunidades
de negócio
como rodovias, ciclovias e em
canteiros de obras. Na refinaria
Abreu e Lima (PE), há 15 postes
em funcionamento. Outros 38
estão instalados no canteiro de
obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj),
da Petrobras.
Para que o poste funcione adequadamente, é preciso que ele
seja instalado em locais ensolarados e com ventos com velocidade a partir de três metros por
segundo. Regiões de orla são especialmente favoráveis. Deursen avalia que as grandes obras
em realização no país representam uma grande oportunidade
para a GreenLuce, graças à facilidade de instalação dos postes.
“Estamos conversando e temos algumas coisas encaminhadas em relação à Copa do Mundo. O processo de instalação é
muito rápido”, diz.
O sistema utiliza lâmpadas à
base de LED, que emite luz com
baixo consumo de energia, com
cerca de 55% de economia, e vida útil de 10 anos. Já no caso de
lâmpadas tradicionais, que
usam vapor de mercúrio ou sódio, a durabilidade média é de
10 meses. No entanto, como o
custo das lâmpadas de LED ainda é maior, embora tenham durabilidade superior, na ponta
do lápis, o custo final das duas
soluções é semelhante.
Em dias com boas condições
de luz, o painel solar rende de
seis a quatro horas de energia.
Já os aerogeradores são alimentados 24 horas por dia, mas com
três a quatro horas de bom vento a carga da bateria é completada. A autonomia do sistema permite 36 horas de funcionamento, o suficiente para oferecer iluminação por três noites. ■ F.M.
JOÃO MORETTI
Diretor-geral da MobilePeople,
empresa especializada
em soluções móveis
O mobile payment
nas vendas diretas
A oferta de produtos e serviços pela internet, por
meio de lojas virtuais de comércio eletrônico,
vem sendo alavancada por novas formas de pagamento, como o mobile banking, tornando-se um
canal importante para o lojista na hora da concretização das vendas.
A concorrência da web, porém, não ameaça um
dos segmentos de comércio mais antigos do Brasil: a venda direta — ou de porta em porta como
muitos falam — e que também pode ser beneficiada pelo mobile payment — forma de pagamento na
qual o celular substitui os cartões ou dinheiro vivo. Mas, como o setor de vendas diretas pode se
valer dessa nova tecnologia?
Vendas diretas são aquelas feitas por meio do
contato pessoal entre o vendedor e o cliente fora
de um comércio ou estabelecimento fixo. Tratase de um mercado poderoso, que segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas de
Vendas Diretas (ABEVD) no primeiro trimestre de
2011 cresceu 8,9% em relação ao mesmo período
de 2010. Elas atingiram um volume noCom o pagamento minal das vendas
de R$ 5,8 bilhões.
móvel, o
vendedor poderá
comercializar
produtos com a
ajuda do celular.
O consumidor
pode ou não pagar
com cartões ou
dinheiro, o que
facilita as compras
Olho no olho
Negociar diretamente com o consumidor agrega valor ao
produto, que é oferecido por meio do relacionamento pessoal estabelecido entre quem vende e
quem compra.
Apesar do crescimento das transações comerciais pela
internet, muitos ainda preferem o contato “olho no olho” e avaliar “em
mãos” o que está sendo comprando.
Vender diretamente tem a vantagem de o vendedor ir onde quer que o cliente esteja, oferecendo
um atendimento personalizado e diferenciado. Outro ponto positivo é a conveniência de hora e local
para oferecer ao cliente o consumo e a compra de
bens e serviços. Mais ainda, a venda direta possibilita muitas vezes ao cliente levar o produto na hora,
diferentemente da compra pela internet.
O pagamento móvel agrega
NEGÓCIOS
Governança da informação sem riscos
De olho no potencial do mercado
nacional, empresa suíça
amplia portfólio no Brasil
As maiores exigências por transparência no mercado corporativo despertaram a atenção da
RSD para lançar um novo software no Brasil. A partir deste
mês, a empresa suíça passa a
oferecer no mercado nacional o
RSD Glass, um software que auxilia as corporações na gestão
de dados, a chamada governan-
ça da informação.
O objetivo é aliar performance do negócio, controle e segurança da informação e conformidade legal. “As empresas estão
demandando mais transparência. Muitas companhias nacionais estão se tornando internacionais e tendo de se adaptar a
padrões globais”, diz Pierre Van
Bieneden, presidente da RSD,
no país há cerca de 20 anos.
Ele explica que no passado a
preocupação do mercado corpo-
rativo era exclusivamente com
o armazenamento de informações. Mas a explosão da produção de dados fez com que as empresas passassem a necessitar
de soluções que as ajudem a
guardar as informações certas e
a acessá-las rapidamente.
“Volume é um risco. Quanto
mais conteúdo você tem, menos consegue encontrar o que
está procurando. Nós organizamos esse volume de informações de forma segura.” ■
Já com o mobile payment, qualquer profissional que
trabalhe com vendas diretas poderá comercializar
seus produtos com a ajuda do celular. O consumidor
pode ou não pagar com cartões ou dinheiro, o que facilita as compras.
Os vendedores que oferecem atendimento personalizado a esses clientes também serão beneficiados, ganhando agilidade nas ações de venda e tendo
maior controle sobre aquilo que comercializam.
Além disso, terão facilidade na hora de gerenciar os
pagamentos, melhorando o sistema de compra e
venda dentro do setor.
Incorporar o mobile payment às vendas diretas vai
unir uma das tecnologias mais avançadas atualmente, no que diz respeito a pagamentos, ao sistema tradicional de vendas, baseado no contato pessoal junto
aos clientes. Isto proporciona maior satisfação pessoal e qualidade no atendimento, rompendo barreiras
e construindo um novo formato de negociação. ■
12 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
ENCONTRO DE CONTAS
MARCADO
● O The Family Business Network (FBN Brasil) promove, no dia 29
de maio, no Hotel Pestana, no Rio de Janeiro, o “Encontro FBN
de Famílias Empresárias”. Entre os palestrantes, Olavo Monteiro
de Carvalho e Joaquim de Mello, do Grupo Monteiro Aranha.
● A Atlantica Hotels recebe hoje, no Congresso Nacional, em Brasília,
o Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos, concedido pelo Comitê
Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e
Adolescentes e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência.
DENISE CARVALHO
[email protected]
Márcio Mercante/O Dia
Fotos: divulgação
Show beneficente
contra câncer de mama
GIRO RÁPIDO
A cantora baiana Cláudia Leitte
e a banda Roupa Nova estão
entre as principais atrações do
show beneficente que acontece
no dia 29 de maio, em São Paulo,
para arrecadar recursos para
a construção da Casa da Mulher,
centro de prevenção e combate
ao câncer de mama, idealizado
por Valéria Baraccat Gyy, fundadora do Instituto Arte de Viver Bem.
O evento, que será comandado pelo empresário e apresentador
Roberto Justus, vai leiloar um relógio do apresentador Faustão,
uma joia de Hebe Camargo e um peça da joalheria Frattina.
Crescevotação em assembleiavirtual
Cielo e Lupatech, realizadas
entre janeiro e abril. O total
representa mais que o dobro
registrado em igual período
de 2011 (140) e está muito
próximo dos 384 verificados
em todo o ano passado. Por
meio de um certificado digital,
o investidor pode votar de
qualquer lugar do mundo,
sem a necesside de ter que
comparecer às assembleias
que, em geral, são tediosas
e bastante demoradas.
A Petrobras, comandada por
Graça Foster, foi a empresa que
recebeu o maior número de
votos eletrônicos: 84 dos 315.
Educação infantil
FEBRE PASSAGEIRA?
O que os americanos
pensam sobre o Facebook
50
40
30
0
20
110
0
0
43%
Será bem sucedido
a longo prazo
46%
Vai desaparecer
11%
Não sabe
Fonte: Business insider
R$ 205 mi
é a verba que o Ministério
da Cultura e a Ancine
destinarão este ano
à produção e distribuição
de filmes e programas
de televisão.
Arte na rua
Regra favorece fundos
A ferramenta da votação digital foi aprovada pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado de capitais, por
meio da Instrução 481. A regra não é uma unamidade entre
advogados - aguns questionam a legalidade do voto. Mas, tem
sido bem aceita entre fundos que têm carteira variada de
investimentos que são obrigadas a comparecer nas assembleias.
A Gaudium, especializada em
aplicativos, desenvolveu em
parceria com o BlogDinheirama
um aplicativo gratuito para
iPhone que tem conteúdo
de finanças pessoais, economia
e planejamento financeiro,
com acesso a simuladores.
A divisão de nutrição infantil
do grupo Danone está lançando
um portal com proposta de
educação e compartilhamento
de experiências sobre temas
relacionados à gravidez e
primeira infância da criança.
Os incrédulos do Facebook
A adesão de acionistas ao voto
à distância nas assembleias
realizadas pelas empresas
listadas na BM&FBovespa está
avançando no Brasil. É o que
revela o sistema remoto
Assembleias Online, da MZ
Consult, a partir do saldo da
temporada de assembleias das
empresas abertas de 2012,
encerrada no dia 30 de abril.
A MZ, responsável hoje por
90% desse segmento de
mercado, contabilizou 315
votos realizados por meio de
procurações nas assembleias
de 19 empresas, como
Petrobras, BM&FBovespa,
Finanças pessoais
Uma pesquisa realizada pelo canal de televisão americano CNBC
e pela agência de notícias Associated Press com um grupo de
aproximadamente mil americanos revela um fato curioso: 46% deles
acreditam que o Facebook, o maior fenômeno mundial das redes
sociais atualmente, vai desaparecer. Apesar dessa constatação,
surpreendentemente, 31% dos entrevistados avaliam que a empresa,
criada pelo jovem Mark Zuckerberg, é um mau investimento.
A incorporadora You,Inc usará os
tapumes de seu empreendimento
no Tatuapé, em São Paulo, para
expor desenhos sobre o bairro
feitos por alunos de uma escola
pública, dentro do projeto social
“Pessoas Fazendo Arte”, em
parceria com o Colégio Vera Cruz.
Culinária catalã
Mauricio Lima/AFP
Bem-estar em debate
Socos, chutes e balada
Mais de 2.700 pessoas são esperadas na
3ª edição do Max Fight, um dos maiores
eventos de MMA do Brasil, que acontece
amanhã, no Espaço das Américas, em
São Paulo. Será um público recorde
num único evento do Max Fight, que
atraiu 3.000 pessoas nas edições
anteriores. O público vai conferir dez
lutas. O confronto mais esperado é o
que acontece entre os rivais Maiorino
e Mondragon, que disputam o cinturão
dos pesados. Para diferenciar o ringue
do octógono do UFC (Ultimate Fighting
Championship), o torneio mais famoso
do mundo, o MaX Fight criou o
decágono, uma arena com dez lados.
Depois dos socos, chutes e sopapos,
os espectadores vai curtir uma balada,
comandada pelo ex-namorado da
Madonna, o modelo e DJ Jesus Luz.
O analista de tendência de mercado americano Paul Zane Pilzer,
ex-assessor de dos ex-predidentes dos Estados Unidos Ronald
Reagan e George W. Bush, vem ao Brasil a convite do empresário
João Doria Jr., presidente do Lide. Pilzer participará da primeira
edição do Fórum da Saúde e Bem-Estar, nos dias 25 e 26 de maio,
no Royal Palm Resort, em Campinas, São Paulo, para debater a
revolução do bem-estar.
FRASE
“O programa pode
ser horrível, mas
eu sou a melhor”
O bar e restaurante Entretapas e
o Instituto Cervantes promovem,
de 21 a 27 de maio, no Rio de
Janeiro, a 2ª edição do evento
“Como na Espanha”, com
homenagem à cozinha da
Catalunha. Na ocasião, o chef
da casa, Jan Santos, receberá
o chef catalão Sergio Millet.
Narcisa Tamborindeguy
Socialite, em entrevista
ao programa “SuperPop”
sobre o reality show
“Mulheres Ricas”,
da Bandeirantes
Gilberto Gil será mentor do
Programa Rolex Mentor and
Protégé nos próximos 12 meses,
e não discípulo como a coluna
informou esta semana.
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 13
At
let
as
de
Al
ta
Co
m
pe
tiç
ão
Para gerenciar
a carreira de
um atleta,
é preciso muito
treinamento.
SEMINÁRIO ATLETAS DE ALTA COMPETIÇÃO
Os Jornais Brasil Econômico, Marca Brasil e O Dia vão reunir importantes
formadores de opinião e profissionais de renome do mundo do esporte
para discutir os principais desafios na gestão da carreira de atletas
de alto nível. Um amplo debate passando pela medicina esportiva, a
psicologia, o uso de imagem e o gerenciamento financeiro.
EM BREVE MAIS INFORMAÇÕES.
Realização:
Apoio:
Patrocinadores:
14 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
EMPRESAS
Editora: Eliane Sobral [email protected]
Subeditoras: Rachel Cardoso [email protected]
Patrícia Nakamura [email protected]
Murillo Constantino
Maersk aporta
US$ 6,5 bilhões
no Brasil
Companhia dinamarquesa cresce nas áreas de petróleo e gás
e tenta recuperar rentabilidade no mercado de armadores
Regiane de Oliveira
[email protected]
O dinamarquês Robbert Van
Trooijen morou no Brasil na década de 1990, atuando na área
de transporte marítimo. De volta em 2011, no comando dos negócios da Maersk Line, armadora do grupo dinamarquês A.P
Moller-Maersk, ele afirma que
nunca imaginaria ver carros coreanos e chineses circulando pelo país. Por isso, hoje não duvida que mesmo os sérios gargalos de infraestrutura serão resolvidos em pouco tempo. Esse otimismo está alinhado com os investimentos do grupo no país.
“O Brasil é um dos poucos países que tem todas as unidades
de negócios da empresa”, diz.
O grupo dinamarquês está investindo US$ 8,3 bilhões na
América Latina nas áreas de portos logística e petróleo. Mas a
maior parte dos recursos,
US$ 6,5 bilhões, têm como destino o mercado brasileiro.
Só Trooijen é responsável por
US$ 2,2 bilhões que estão sendo
Empresa está
reajustando preço
do frete em 30% para
recuperar prejuízos
com alta no preço
dos combustíveis
aplicados na construção de 16
navios de carga, adaptados às especificidades dos portos brasileiros, que não têm profundidade
suficiente para receber os navios convencionais da companhia. No ano passado, oito embarcações Sammax (South American Max), com capacidade de
transporte de 7.500 TEUs (o que
equivale a 7,5 mil contêineres
de vinte pés, ou 6 metros de
comprimento). Os outros navios chegam até o fim de 2013.
Trooijen afirma que apesar
dos investimentos, a área de
transporte marítimo vem passando por uma queda de rentabilidade em todo o mundo.
“Acredito que chegou o momento dos armadores participarem
mais do crescimento no Brasil”,
afirma o executivo.
Por isso, paralelamente aos
aportes, a empresa está aumentando em 30% o valor dos fretes e estuda cancelar duas rotas
deficitárias no país. A Maersk Line vem sendo afetada pelo aumento do preço do barril do petróleo, que teve alta de 14,7%
no primeiro trimestre para US$
122,9. Segundo cálculos da empresa, no entanto, os preços
dos combustíveis subiram
250% em cinco anos, enquanto
as tarifas praticadas tiveram
queda de 10% no período, por
conta da disputa no mercado.
O grupo fechou o primeiro trimestre com prejuízo mundial
de US$ 599 milhões na unidade
de transporte marítimo. Por isso, vai repetir a estratégia de aumentar tarifas e rever rotas em
outros mercados. A companhia
espera que os negócios fechem
2012 com resultado negativo
ou, no máximo, no zero a zero,
segundo balanço do período.
No Brasil, Trooijen garante que
vai reverter o cenário. ■
O custo da ineficiência
INVESTIMENTOS NA AMÉRICA LATINA
Brasil representa 20% dos negócios na região
US$ 3 bilhões
em exploração de óleo e gás no Brasil
US$ 1,2 bilhão
no navio FPSO Maersk Peregrino,
na Bacia de Campos, Brasil
US$ 992 milhões
no terminal de Moin, Costa Rica
US$ 170 milhões
na construção de uma fábrica
de contêineres no Chile
US$ 450 milhões
no terminal de Santos, Brasil
US$ 220 milhões
na construção de dois navios no Chile
Fonte: empresa
US$ 2,2 bi
EM 16 NOVOS NAVIOS
SAMMEX, COMO O LETICIA
(AO LADO)
Robbert Van Trooijen, presidente da Maersk Line América Latina
Carga demora para sair do porto
de Santos metade do tempo
que levou para chegar da China
Em tempos de obras no porto de
Santos, ter de encarar fila de espera para desembarcar produtos virou um rotina para os navios da Maersk Line. Para Robbert Van Trooijen, presidente da
empresa na América Latina, ao
menos agora, a espera tem um
objetivo nobre: melhorar a infraestrutura. “Nos últimos três
anos, a estrutura portuária avançou muito no Brasil, assim como a demanda de exportação e
importação”, afirma.
No entanto, essa infraestrutura ainda está bastante aquém de
outros mercados. Trooijen cita
como exemplo o porto de Los
Angeles, nos Estados Unidos.
“Um contêiner leva cerca de
12h para sair do porto e ir em direção à Chicago. Em São Paulo,
a liberação da carga demora em
média 14 dias”, afirma, ressaltando que é praticamente metade do tempo que a carga levou
para chegar da China ao Brasil.
Mesmo na Índia, onde as dificuldades, e oportunidades, costumam ser semelhantes as do
Brasil, a eficiência é maior. O
país utiliza o modelo de porto seco no interior para fazer a alfândega da mercadoria, desafogando a demanda dos portos marítimos. “De um dos portos saem
sete trens diários com mercadorias” , afirma. O executivo diz
que Santos terá terminais eficientes quando conseguir chegar ao número de 26 contêineres sendo descarregados por
guindaste a cada hora. “Hoje,
são 16, 18 por hora.” ■ R.O.
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 15
Henrique Manreza
Vendas de veículos reaquecem em maio
As vendas de veículos somaram 153,7 mil unidades na primeira
quinzena de maio, aumento de 3,3% em relação a igual período do ano
passado, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos
Automotores (Fenabrave). Foram vendidos 147,2 carros de passeio e
comerciais leves no período, alta de 5,3% em relação ao ano anterior.
As vendas de caminhões caíram 30%, para 5,3 mil unidades, e as de
ônibus encolheram 16%, para 1,1 mil, informou a associação.
Haruyoshi Yamaguchi/Bloomberg
Iveco amplia rota e produzirá
ônibus rodoviários e urbanos
De olho em mercado em franca expansão, companhia italiana vai instalar
a nova linha em Sete Lagoas (MG), onde monta caminhões e micro-ônibus há 12 anos
Horton assumiu a presidência
da concordatária American
Henrique Manreza
Ana Paula Machado, de Salvador*
[email protected]
A Iveco Latin America vai iniciar este ano a produção de ônibus para os segmentos rodoviário e urbano no Brasil, um mercado em franca expansão. Há 12
anos no mercado brasileiro produzindo caminhões, a Iveco fabrica microonibus sob o chassi
do caminhão leve Daily.
A montadora já formou uma
unidade de negócios para ônibus e, em breve, deve anunciar
o portifólio de produtos, de
acordo com o presidente da Iveco para a América Latina, Marco Mazzu.
“É um mercado atrativo e temos que estar presentes para aumentar nossa presença no país.
Esses veículos serão produzidos
em nossa fábrica na cidade de
Sete Lagoas (MG)”, disse o executivo durante o lançamento da
nova versão do caminhão semipesado, Tector.
Semipesado na pista
O novo modelo, aliás, é a aposta da companhia para ganhar
mercado no Brasil. O segmento
de semipesados (com capacidade de carga de 16 a 26 toneladas), é o que mais vende no Brasil. No ano passado, foram comercializados 58,43 mil unidades, o equivalente a 30% das
vendas de caminhões no país.
Desse total, a Iveco respondeu
por 4,4 mil unidades vendidas,
volume três vezes maior do que
em 2008, quando vendeu 1,2
mil semipesados.
ACLIVE ACENTUADO
Vendas de ônibus no Brasil,
em mil unidades
34,7
35
28,5
30
25
22,7
Fusão,a
“única”
alternativa
daAmerican
20
15
10
5
0
2009
2010
2011
Mazzu: Brasil responde por 70% das vendas na América Latina
Fonte: Fenabrave
Montadora lançou
modelo semipesado,
categoria que
responde por 30%
das vendas de
caminhões no país
montadora italiana na América
Latina foram de 34 mil unidades, um crescimento de 30%
em relação a 2010 - o Brasil respondeu por 70% dos negócios.
De acordo com Mazzu, a meta é ganhar pelo menos um ponto percentual no mercado com
o novo Tector.
“O semipesado é um segmento forte em toda América Latina, pois é uma modelo que pode
ser usado em várias aplicações,
desde transporte de bebidas ao
movimentação de contêiner”,
disse Mazzu. A Iveco fechou o
primeiro quadrimestre com
9,5% de participação no mercado total de caminhões no Brasil.
No ano passado, as vendas da
Estratégia de vendas
ção aos concorrentes diretos,
batizada de Attack, que custará
R$ 147 mil. Já o modelo mais sofisticado (de cabine de teto alto,
chamado Tector Stradalli, sairá
por R$ 255 mil, de acordo com
Cavancanti.
A marca também vai oferecer dois anos de garantia ao
modelo, sendo que o primeiro
é integral. “A versão Attack terá configuração 4x2 e será responsável por 40% do mix de
vendas de toda a linha. Este caminhão pode ser usado por empresas de construção civil e
transporte de lixo, por exemplo, que não precisam de um
modelo mais sofisticado em
sua operação”. disse. ■ *A jor-
O Iveco Tector chega às 105 concessionárias da marca no Brasil
com o novo motor Ecoline que
vai equipar todo o portfólio da
montadora. Segundo o diretor
comercial da empresa, Alcides
Cavalcanti, o caminhão terá estratégia de vendas bem agressiva. Será produzida uma versão
de entrada mais barata em rela-
nalista viajou a convite da Iveco
GM vai para a Inglaterra
Vivo avança pela América
A General Motors decidiu produzir a nova geração de seu carro
compacto Astra no Reino Unido, deixando a fábrica em Bochum, na Alemanha, que corre
o risco de ser fechada. A fabricante de carros dos Estados Unidos afirmou ontem que irá investir US$ 200 milhões em sua
planta em Ellesmere Port, no
nordeste da Inglaterra, para fabricar o carro, após os trabalhadores terem aceitado um novo
acordo de pagamento.
A fábrica será a produtora líder da versão de cinco portas
do Astra, que deve começar em
Com a união societária e a consolidação de produtos sob a marca Vivo, a Telefônica Brasil avança agora no plano de integração
internacional com a rede de sua
matriz espanhola Telefónica na
América Latina, atuando junto
à marca Movistar.
A operadora anuncia hoje
um pacote de chamadas internacionais relacionado a seu serviço de comunicação instantânea
por voz — o chamado push to
talk (PTT) — Vivo Direto, lançado no ano passado.
O novo serviço consiste em
chamadas ilimitadas entre assi-
2015, criando cerca de 700 empregos na unidade e outras 3
mil vagas na cadeia de fornecimento, e assegurando o futuro
da fábrica até 2020.
A GM, que vende sob a marca
Vauxhall na Grã-Bretanha, espera parar a produção do Astra,
seu modelo mais importante,
da sua principal fábrica em Rüsselsheim, Alemanha, fabricando o carro apenas em Ellesmere
Port e em Gliwice, na Polônia.
“É certo que uma das plantas na
Alemanha será fechada, provavelmente a de Bochum”, disse
uma fonte. ■ Reuters
nantes do Vivo Direto e o equivalente da Movistar na região,
chamado Movitalk, com preço
de 29,90 reais por 30 dias para o
pacote internacional, além do
preço normal do Vivo Direto.
“O que foi viabilizado com a
integração foi o acesso à rede poderosa da Telefónica na América Latina”, disse o diretor de interconexão e roaming da Telefônica-Vivo, Gustavo Nóbrega,
que não divulgou investimentos ou a base de clientes do Vivo
Direto. A empresa fechou abril
com mais de 75 milhões de linhas móveis ativas. ■ Reuters
A American Airlines está “encurralada” e pode não ter outra
alternativa do que se fundir
com a US Airways para escapar
da falência, de acordo com Daniel Akins, um especialista do
mercado de aviação, durante
uma audiência realizada por um
tribunal de falências de Nova
York, que reuniu também representantes dos sindicatos dos comissários de bordo.
“A American Airlines não é
mais um negócio viável, mas a
fusão com outra companhia garantiria sua sobrevivência”, afirmou o especialista, que sugere
urgência na operação. “Não há
alternativa para a companhia. É
algo inevitável. A consolidação
é o caminho óbvio para que o setor aéreo nos Estados Unidos
permaneça competitivo”, disse
o especialista.
Na audiência realizada ontem, os comissário de bordo
apelaram contra o pedido da
concordatária American Airlines, presidida desde o fim do
ano passado por Thomas Horton, de cancelar benefícios trabalhistas de pilotos, comissários e funcionários de manutenção, uma das medidas para reduzir custos e sanear as receitas da empresa.
“Eu nunca vi um plano de negócios em que não houvesse um
severo corte de custos, sobretudo os trabalhistas”, disse Akins
durante seu testemunho no tribunal de falências.
A AMR, controladora da American Airlines, pediu concordata em 29 de novembro, após acumular prejuízo de quase US$ 1
bilhão entre janeiro e setembro
do ano passado. A companhia
atende a 260 aeroportos em
mais de 50 países, onde opera
cerca de 3 mil voos diários. Desde o começo do ano, algumas
companhias se interessaram em
adquirir o controle da companhia. ■ Bloomberg
16 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
EMPRESAS
Divulgação
VAREJO
MERCADO IMOBILIÁRIO
Grupos Interbuild/Somar e Jamaris
investem R$ 170 milhões em Magé (RJ)
Toctao Rossi lança projeto de luxo
em Goiânia com jantar em alto estilo
Os grupos Interbuild/Somar e Jamaris vão investir R$ 170 milhões
na construção do Boulevard Magé, na cidade de Magé (RJ). O projeto
inclui um shopping, um hotel com 140 apartamentos, uma torre
comercial e quatro residenciais. O empreendimento é parte do plano
de investimentos do grupo de R$ 400 milhões que contempla a
construção de outros dois projetos do tipo, em Pernambuco e Roraima.
Para marcar o lançamento do Parque Flamboyant 56, a joint venture
Toctao Rossi promove pela primeira vez em Goiânia o Dinner in The
Sky, evento já realizado em mais de 40 países e que proporciona
uma experiência única e inusitada nas alturas. “O objetivo da ação é
dar uma amostra da exclusividade do projeto imobiliário que estamos
apresentando. ", afirma o diretor da Toctao Rossi, Frederico Kessler.
Rede mexicana de cinema quer
ser sucesso de bilheteria no Brasil
Alessandro Shinoda/Folhapress
Cinépolis quer ter 200 salas até o fim do
ano e aposta na construção de espaços
Vips, que chegam a custar R$ 10 milhões
Gabriel Ferreira
[email protected]
O mexicano Eduardo Acuña
não entedia sequer uma palavra em português quando aceitou o desafio proposto por Alejandro Ramirez, presidente
mundial da rede mexicana de
cinemas Cinépolis. Há dois
anos ele desembarcou em São
Paulo para montar a filial brasileira da empresa.
Quarta maior rede de cinemas do mundo, a Cinépolis, que
faturou cerca de US$ 1 bilhão
em 2011, escolheu o Brasil para
ser sua 11ª operação. “Vimos a
oportunidade de crescer por
aqui sem ter de roubar clientes
de ninguém, apenas abrindo novos mercados”, afirma Acuña.
A estréia da Cinépolis no Brasil foi há um ano e meio, em Ribeirão Preto, no interior paulista. Hoje, os 15 complexos da empresa reúnem 120 salas, número que deve chegar a 200 até o final do ano. “Queremos estar
em qualquer lugar que faça sentido ter uma sala”, diz Acuña.
Para acelerar o crescimento,
em setembro do ano passado, a
Cinépolis adquiriu os ativos brasileiros da rede espanhola Box e
praticamente dobrou de tamanho no país. Acuña afirma não
ter novas aquisições em vista,
mas não descarta a ideia, por
considerar a compra de concorrentes a única forma de entrar
em shoppings já inaugurados.
Carência
Não é a toa que o mercado brasileiro faz brilhar os olhos dos executivos mexicanos da Cinépolis. Por aqui, o cinema é mais barato do que em outros países e
se torna uma das únicas soluções de lazer para boa parte da
população. Apesar disso, é um
mercado ainda pouco explorado. Hoje, para cada mil habitantes, o Brasil tem 0,01 complexos
de cinema, enquanto no México, esse indicador chega a 0,04
e nos Estados Unidos, a 0,12.
“Para melhorar esse dado, temos de aumentar a rentabilidade dos cinemas brasileiros, que
é muito ruim”, diz Acuña.
Acuña e Ramirez, da Cinépolis: baixo número de cinemas no Brasil foi encarado como oportunidade
Apesar de ter grande
carência em número
de salas, cinemas
brasileiros oferecem
rentabilidade muito
baixo à empresa
Luxo
Uma das estratégias da Cinépolis
para conquistar o consumidor
brasileiro são suas salas Vip. A rede é a maior operadora desse tipo
de sala no mundo. Nesses espaços, os consumidores podem ver
os filmes em confortáveis cadeiras reclináveis e comer pratos co-
mo sushi e ravioli. “Conseguimos
trazer para o cinema um público
que se sentia desconfortável naquele ambiente”, diz Acuña.
A construção de um desses espaços custa cerca de R$ 10 milhões, enquanto uma sala normal sai por aproximadamente
R$ 1 milhão. ■
Geografia determina até programação
Tamanho do país é maior
desafio para mexicanos
expandirem em todo o Brasil
No fim de 2010, estreou nos cinemas de todo o Brasil o filme
“Piranhas 3D”. A fita não teve
capacidade de arrastar grandes
multidões ao cinema e os resultados ficaram bem abaixo do esperado pelos produtores. Talvez os executivos do estúdio
responsável pelo filme ficassem aliviados em saber que, em
pelo menos um lugar, “Piranhas 3D” foi um grande sucesso. “Em nossas salas em Belém
do Pará a recepção foi ótima”,
diz Eduardo Acuña, presidente
da Cinépolis no Brasil.
A história contada por
Acuña reflete uma realidade
do cinema brasileiro: porque a
administração de complexos e
salas é um negócio muito regionalizado. “Nem mesmo a Cinemark, líder de mercado no
país, consegue ter uma atuação nacional”, afirma Acuña.
Essa realidade, torna a execu-
ção da estratégia da Cinépolis
de expandir em todas as regiões
do país um pouco mais complexa. “Mandar milho para pipoca
para São Luis e para Caxias do
Sul é muito mais difícil do que
se eu só tivesse cinemas no Rio
e em São Paulo”, diz Acuña. O
Dimensões do
Brasil dificultam até
mesmo questões
simples, como o
envio de milho
para fazer pipoca
executivo aponta que, além da
logística e da seleção de filmes,
as distâncias culturais e geográficas obrigam trabalhos diferentes de marketing e até a escolha
de um mix distinto para a bonbonniére. “Temos que fazer isso, mas manter nosso padrão.”
Participação
CURTA-METRAGEM
Mercado no país está aquém de outros países
PAÍS
CINEMAS
HABITANTES
CINEMAS POR MIL/HAB
O BRASIL TERIA
EUA
39 mil
310 milhões
0,12
8,5 mil
MÉXICO
5,0 mil
113 milhões
0,04
BRASIL
2,3 mil
192 milhões
0,01
CINEMAS SE
SEGUISSE A PROPORÇÃO
MEXICANA
Fontes: Cinépolis e Nato
Os esforços para regionalizar a
atuação da Cinépolis já começaram a surtir os primeiros resultados. “Mesmo sendo novos no
mercado, já nos consolidamos
em cidades como Blumenau e
Belém, onde estamos próximos
dos 65% de market share”, afirma Acuña. “O desafio é ganhar
espaço em São Paulo, onde a
concorrência se estabeleceu
muito antes.” ■
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 17
EMPRESAS
Julia Moraes/Folhapress
PESQUISA
RIO GRANDE DO SUL
Adesão à computação na nuvem deve dobrar
nos próximos três anos, indica estudo
5R Shoppings Centers e Pedra Branca
investem RS$ 140 milhões em shopping
O número de empresas que migrarão suas infraestruturas de
tecnologia para computação na nuvem dobrará nos próximos
três anos, segundo estudo da IBM. Um dos principais fatores
que levará a isso será a necessidade de revitalização dos atuais
modelos de negócios, porque as organizações estão se preparando
para os desafios trazidos pelos grandes volumes de dados.
A 5R Shopping Centers e o Grupo Pedra Branca investiram R$ 140
milhões no lançamento do primeiro shopping center da cidade de
Alvorada (RS), que tem população superior a 200 mil pessoas.
O empreendimento também atenderá os moradores da zona norte
de Porto Alegre e contribuirá para o crescimento da economia
local, gerando mil empregos diretos e 1,5 mil indiretos.
Marcos Michael/Folhapress
Hankook derrapa,
mas mantém plano
de fábrica no Brasil
Montadora coreana de pneus acelera para sair da lanterna e
ganhar 6% do mercado dominado por Goodyer, Pirelli e Michelin
Ferreira, da Vale: apetite menor da China reduz ritmo dos negócios
Michele Loureiro, de Seul*
mloureiro@brasileconomico
Para ganhar duas posições e ser
a quinta maior fabricante de
pneus do mundo até 2015 a receita da Hankook Tire inclui o
fortalecimento da operação brasileira. Mesmo assumindo certo atraso diante da relevância
do país, a companhia sul coreana vai dobrar a rede de lojas e
pretende abrir um centro de
distribuição no país para facilitar as importações. Uma fábrica em território nacional também está nos planos.
O objetivo da Hankook é deter 6% do mercado brasileiro
em três anos, o que significa
vender cerca de 4 milhões
pneus. A meta é ousada e requer praticamente quadriplicar as vendas previstas para este ano, de 1,1 milhão de unidades. O foco da empresa é em
pneus para veículos de alta performance, como Audi e BMW,
mas clientes como Ford, General Motors, Kia e Hyundai também entram na lista.
Tempo perdido
Apesar do inegável potencial do
mercado brasileiro de veículos,
quarto maior do mundo, a
Hankook admite que a lição de
casa não está em dia. A companhia vende pneus no país desde
1994 e nunca se posicionou de
forma contundente.
“Sabemos que estamos atrasados, mas só agora optamos por
focar em países emergentes.
Nossa estratégia sempre foi voltada para Europa, Ásia e América do Norte, mas o Brasil é um
mercado que requer atenção especial”, afirmou o CEO mundial
da empresa, John Suh.
Depois da derrapada e da
falta de estratégia para um
crescimento mais estruturado, a Hankook quer recuperar
o tempo perdido.
O primeiro passo é ampliar
a rede de distribuição dos pro-
NA PISTA
Mercado de pneus no Brasil
PRODUÇÃO EM 2011, EM UNIDADES
66,9 milhões
2,5%
EXPECTATIVA
DE CRESCIMENTO
EM 2012
Fábricas instaladas
15
Empregos diretos
26,2 mil
Investimentos
da indústria
R$ 5 bilhões
nos últimos 5 anos
Fontes: Anip e IBGE
dutos. A sul coreana encerrou
2011 com 124 lojas credenciadas no Brasil. O número deve
chegar a 220 neste ano e a 400
até 2015. As regiões Sul e Sudeste devem concentrar a
maior parte da rede.
A sete chaves
O investimento total na ampliação da rede não foi divulgado,
porém cerca de R$ 30 mil são
aportados em cada unidade,
uma vez que as revendas são terceirizadas e os proprietários
também arcam com parte dos
custos. Sendo assim, a empresa
terá de desembolsar pouco mais
de R$ 8 milhões para ampliar a
rede até 2014.
Todos os pneus da Hankook
vendidos no país são trazidos
da Coreia do Sul por importadores independentes. A fim de ganhar escala, padronizar o negócio e auxiliar seus distribuidores com os trâmites de importação, a Hankook planeja a construção de um centro de distribuição no Brasil.
Desta forma, a companhia
passaria a ser importadora de
seus produtos. Porém, mesmo
com a disposição de crescer no
Brasil, a companhia ainda não
definiu data, nem local para a
construção do depósito com capacidade de armazenagem de
cerca de 100 mil unidades.
Apesar dos planos poucos
concretos da companhia, Suh
garante que o Brasil vai impulsionar os números da empresa.
Mercado de peso
Atualmente a América do Sul
responde por 6% dos negócios,
sendo o Brasil o maior responsável pelo desempenho, com vendas anuais de US$ 80 milhões.
“Uma fábrica passa a ser viável
quando o valor atingir entre
US$ 400 milhões e US$ 500 milhões”, disse o CEO sem falar
em previsão de data.
Enquanto todas as principais concorrentes da Hankook
— Bridgestone, Pirelli, Michelin, Continental, Goodyear e Sumitomo — já tem, ou estão
construindo fábricas no Brasil,
o executivo afirmou que a presença de uma unidade local
não é sua principal preocupação e disse que aposta na qualidade de seu produto para atrair
o consumidor nacional.
O preço, segundo ele, fica em
segundo plano. Mesmo assim,
Suh afirmou que a Hankook
não vai repassar o aumento de
preço em decorrência da variação cambial, pelo menos em um
primeiro momento.
Outra medida anunciada pelos coreanos foi o investimento
de US$ 360 milhões em pesquisa e desenvolvimento de produtos. A verba que deve ser gasta
este ano entre os cincos centros
de tecnologia global — localizados na Coreia do Sul, Japão, China, Estados Unidos e Alemanha
— vão garantir uma poderosa arma na competição com as rivais
já estabelecidas. Com os pneus
sob medida para regiões específicas, como é o caso do Brasil, a
Hankook espera um salto de 2,6
pontos percentuais de participação do mercado brasileiro ainda
este ano. ■ *A repórter viajou a
convite da empresa
Vale pode sair da
área de petróleo
Mineradora contrata Bank of Nova Scotia e o
Citigroup para vender ativo de cerca de US$ 1 bi
Redação
Pé no freio
[email protected]
Algumas siderúrgicas chinesas
adiaram a entrega de minério
de ferro pela Vale e por outras
mineradoras em decorrência do
fraco mercado de aço, e os produtores ainda preveem mais
queda nos preços.
A decisão reflete o menor apetite do país que mais consome
minério de ferro no mundo e
que é um grande mercado de outras commodities, em meio à
instabilidade na economia mundial que obrigou a BHP Billiton
a frear os planos de investir
US$ 80 bilhões.
“Estamos adiando embarques de uma grande mineradora porque agora ninguém tem
estímulo para comprar cargas
programadas para chegar em junho”, disse o representante comercial de uma siderúrgica chinesa de médio porte. ■ Bloom-
A Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, e sob o
comando de Murilo Ferreira,
contratou o Bank of Nova Scotia
e o Citigroup Inc. para vender
seus ativos de petróleo no Brasil, de acordo com três pessoas
familiarizadas com o assunto.
Os campos de exploração da mineradora podem valer até US$ 1
bilhão, disse uma das fontes.
Um representante do Citigroup em São Paulo, que pediu
para não ser identificado em
obediência à política interna, se
negou a fazer comentários.
Representante da Vale no Rio
de Janeiro não tinha uma resposta imediata quando contatado
pela Bloomberg News ontem.
O porta-voz do Scotiabank,
Joe Konecny, também não se
pronunciou sobre o assunto.
berg com Reuters
AQUISIÇÃO
AgilentlevaDakoporUS$ 2bi
A Agilent Technologies comprou por US$ 2,2 bilhões a companhia dinamarquesa de diagnóstico de câncer Dako, do grupo sueco de private equity EQT,
em sua maior aquisição. O valor
foi considerado alto pelos analistas de mercado.
A fabricante de equipamentos de teste de eletrônicos, que
se separou da Hewlett-Packard
em 1999, vem crescendo no
mercado de diagnósticos. Em
2009, a empresa comprou a
companhia de análises biológicas Varian por US$ 1,5 bilhão.
“A estratégia da Agilent em
comprar a Dako é fortalecer a
presença no campo de ciências
da vida e fazer a receita crescer”, disse o presidente da fabricante, Bill Sullivan. ■ Reuters
18 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
EMPRESAS
Divulgação
JUSTIÇA
PROMOÇÃO
Activision Blizzard e Electronic Arts
chegam a acordo por fim de processo
Technos escala o tricampeão do vôlei Giba
para campanha do Dia dos Namorados
A Activision Blizzard e a arquirrival Electronic Arts chegaram a um
acordo para encerrar o processo em que a primeira acusava dois
ex-executivos de romper as relações com ela para desenvolver jogos
para a segunda. Jason West e Vincent Zampella desenvolveram o jogo
“Call of Duty" original e diversos títulos da série, e pediram US$ 36 mi
em direitos autorais. Foram processados em US$ 400 mi. Reuters
Giba, tricampeão mundial pela Seleção Brasileira de Vôlei,
é estrela da nova campanha da Technos para o Dia dos Namorados.
Aos 35 anos, Giba se prepara para a disputa nos Jogos Olímpicos
de Londres. Ao ser convidado para a campanha da Technos,
o atleta espelhou sua carreira com a história da empresa: “Conquista
é ser coroado pelo trabalho digno que se fez, é dedicação”, disse.
Sem Alcatel-Lucent, a
Genesys inicia nova etapa
Companhia de software para call center busca presidente no Brasil, que terá como meta
ampliar receita com serviços; país responde por 60% dos negócios na América Latina
ELETRÔNICOS
Toshiba quer
dobrar lucro
operacional
Empresa vai expandir área de
infraestrutura e está mudando a
divisão de produtos de consumo
Rodrigo Capote
Carolina Pereira
[email protected]
Em meio a sucessivos prejuízos, a Alcatel-Lucent resolveu, no ano passado, se desfazer de um de seus negócios para concentrar seus esforços no
mercado de redes. A Genesys,
companhia de software para
call center, foi então vendida
para o fundo europeu de private equity Permira por US$ 1,5
bilhão (cerca de R$ 2,9 bilhões) e iniciou uma nova fase. Agora, a empresa inicia o
processo de separação da Alcatel-Lucent e procura um executivo para comandar a operação no Brasil.
Segundo o vice-presidente
para América Latina, o americano John Carr, até fevereiro a
operação brasileira vinha sendo
comandada por um profissional
da Alcatel-Lucent, Naldo da Silva. Agora, com a separação dos
negócios, o novo presidente terá a missão de ampliar a receita
vinda da área de serviços no
país, que hoje representa 13%
do total. O foco são os grandes
clientes que a companhia já possui, entre eles Santander, Vivo
e Nextel.
Com essa estratégia a Genesys tem a meta de crescer
30% neste ano na América Latina, em meio à nova fase. A empresa tem faturamento global
de US$ 500 milhões (aproximadamente R$ 1 bilhão) e o Brasil é
responsável por 60% da receita
da região comandada por Carr,
que esteve nesta semana no
país para o primeiro evento para clientes no Brasil após a venda da companhia.
John Carr, da Genesys: empresa também vai apostar na produção de aplicativos móveis corporativos
Para Carr, a separação da Alcatel-Lucent está sendo positiva. “Agora, podemos ficar totalmente voltados ao nosso negócio, não estamos mais ligados à
área de redes”, afirma. Por conta da mudança de controle, a
equipe de da Genesys está, também, saindo do escritório da antiga dona, em São Paulo, para
ocupar outro espaço no segundo semestre.
Mobilidade
Outra aposta de Carr para crescer na América Latina é a área
de mobilidade. Como os telefones inteligentes, os aplicativos
móveis estão se tornando pon-
tos de contato entre empresas
e clientes, e a Genesys quer se
aproveitar dessa tendência. Segundo a empresa, nos países desenvolvidos, mais de 20% dos
clientes com smartphones preferem utilizar os aplicativos de
seus celulares para se comunicar com empresas de serviços
financeiros, de viagens e de comunicações.
Sistemas que permitem esta
interação estão na mira da companhia. Este tipo de software
permite, por exemplo, que por
meio de um botão dentro da
aplicação móvel os clientes possam solicitar assistência via
voz, chat, SMS ou vídeo. ■
RAIO X
Genesys foi vendida pela
Alcatel-Lucent em 2011
VALOR DA VENDA
US$ 1,5 bilhão
A Apple vai enfrentar dificuldades para reduzir a dependência
que tem da Samsung Electronics no fornecimento de compo-
nentes eletrônicos, disseram
analistas ontem, apesar das especulações de que começou a reduzir o uso de chips de memória Samsung.
A Samsung perdeu 6% no valor de mercado, ou US$ 11 bilhões, após um veículo da im-
prensa de Taiwan ter noticiado
que a Apple tinha feito grandes
encomendas de chips de memória dinâmica de acesso aleatório
(DRAM, em inglês) à fabricante
japonesa Elpida.
A notícia alimentou preocupações entre os investidores da
No ano fiscal
2015/2016, japonesa
prevê alcançar
lucro líquido de
US$ 5,6 bilhões
ATUAL CONTROLADORA: PERMIRA
RECEITA ANUAL
US$ 500 milhões
Atuação
80 países
Clientes
2 mil
Fonte: empresa
Elpida não garante liberdade da Apple em relação à Samsung
Fabricante japonesa não tem
capacidade para abastecer
sozinha toda a demanda
A Toshiba planeja mais que dobrar seu lucro operacional anual
em três anos, para US$ 5,6 bilhões, por meio da expansão de
suas atividades de infraestrutura social e de maiores vendas de
eletrônicos.
O conglomerado japonês,
cujas vendas de televisores
vêm caindo no mesmo ritmo
de outras concorrentes japonesas como Sony, Panasonic e
Sharp, vem sendo beneficiado
pelo forte desempenho do iPhone, da Apple, equipado com
chips de memória flash Nand
feitos pela Toshiba.
A companhia é a segunda
maior fabricante mundial de
chips de memória Nand, atrás
da Samsung Electronics, e previu US$ 8,7 bilhões em vendas
desse produto no ano fiscal de
2015/2016. A Toshiba afirmou
também que seu lucro operacional anual deve atingir os
US$ 5,6 bilhões no ano que se
encerrará em março de 2015,
ante os US$ 2,5 bilhões registrados em março de 2012.
Samsung de que a Apple deseja
fazer da Elpida, concordatária,
uma fornecedora muito mais importante. No entanto, o mercado não acredita em danos à Samsung. Isso porque a japonesa
não tem capacidade produtiva
além da atual. ■ Reuters
A companhia suspendeu a
produção de TVs LCD em suas
fábricas japonesas, devido à
queda de preços, acompanhando decisão semelhante da Hitachi. “Estamos estudando todas as áreas (do negócio de
TVs), número de modelos, tamanho de telas, para reforçar
essa divisão”, disse o presidente-executivo da Toshiba, Norio Sasaki.
Ele acrescentou que a empresa
estava mudando de foco e privilegiaria as economias emergentes
e mercados de rápido crescimento, depois que a demanda doméstica por televisores caiu além do
esperado. As vendas da divisão
de eletrônicos da Toshiba devem
chegar a US$ 2,4 bilhões em
2015/2016. ■ Bloomberg
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 19
Divulgação
INTERNET
VAREJO
Essilor, dona da Varilux, lança aplicativo para
tirar dúvidas de usuários de óculos da marca
Sears reverte prejuízo e obtém ganhos de
US$ 189 milhões no primeiro trimestre
A multinacional francesa Essilor, fabricante das lentes Varilux e do
anti-reflexo Crizal, está disponibilizando um aplicativo na Apple Store
que tira dúvidas dos usuários de óculos da marca. Além de oferecer
aos consumidores a oportunidade de experimentar diferentes soluções
para vista cansada, o aplicativo permite ainda que a pessoa visualize as
diferenças entre as lentes padrão e as lentes fabricadas pela empresa.
A varejista americana Sears, controlada pelo fundo Edward Lampert,
registrou lucro líquido de US$ 189 milhões no primeiro trimestre.
No mesmo trimestre do ano passado, a companhia registrou prejuízo
de US$ 170 milhões. As vendas das lojas instaladas no território
americano e no Canadá foram de US$ 9,27 bilhões, uma queda
de 2,8% em comparação ao ano passado.
Portugal Telecom fatura mais com Oi
Faturamento da operadora de telefonia dispara 97%, mas lucro líquido cai pela metade e atinge ¤ 56,5 milhões no 1º trimestre
Chris Ratcliffe/Bloomberg
A Portugal Telecom, maior empresa de telecomunicações de
Portugal, disse que sua receita
do primeiro trimestre disparou
97% graças à conquista de clientes no Brasil. As vendas saltaram para ¤ 1,72 bilhão, quase o
dobro em relação aos ¤ 871 milhões no mesmo período do
ano passado, disse a companhia, comandada por Zeinal Bava, em comunicado. O lucro líquido caiu cerca de 57% para
¤ 56,5 milhões.
O grupo comprou uma participação na Oi em março de
2011, após vender sua fatia na
controladora da Vivo Participações por ¤ 7,5 bilhões à espanhola Telefónica. A consolidação da
Em Portugal, a
receita da operadora
de telefonia teve
queda de 5,2% entre
janeiro e março
Oi, maior operadora de telefonia fixa do Brasil, ajudou a elevar a receita da Portugal Telecom no primeiro trimestre, que
também acabou superando as
estimativas do mercado, de
acordo com especialistas.
Perdas em Portugal
O balanço veio “bem acima das
estimativas, com os negócios
domésticos marginalmente aci-
ma e a principal surpresa decorrente de uma melhora nítida na
Oi”, disse Ivon Leal, analista
do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, em relatório. “A reviravolta na Oi permanece como
principal desafio”.
O grupo de telefonia português aposta no Brasil para conter a desaceleração da economia de Portugal, a qual o governo prevê que irá encolher 3%
neste ano. A receita em Portugal caiu 5,2% no trimestre, informou a Portugal Telecom.
As ações da Portugal Telecom
acumulam queda de 10% neste
ano, colocando o valor de mercado da companhia em ¤ 3,6 bilhões. ■ Bloomberg
Bava, da Portugal Telecom: ações já perderam 10% neste ano
20 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
Muito
obrigado pela
presença de
todos.
Foi show
de bola.
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B
Realização:
Apoio:
Patrocinadores:
a
p
o
C
à
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 21
CRIATIVIDADE & MÍDIA
US$
142
milhões
Editora: Eliane Sobral [email protected]
Ministério do Turismo de Israel
quer publicitários brasileiros
Rodrigo Capote
Cláudia Bredarioli
[email protected]
O diretor-geral do Ministério
do Turismo de Israel, Noaz Bar
Nir, veio ao Brasil para lançar
uma campanha que incentive
os brasileiros a conhecerem
seu país. Para isso, o Ministério
— por meio de seu consulado
em São Paulo — está em processo de seleção da agência publicitária que irá desenvolver
uma campanha para divulgar o
turismo israelense.
A intenção é duplicar a quantidade de pessoas transitando
entre o Brasil e Israel até 2014,
passando dos atuais 60 mil (segundo dados de 2011), para cerca de 120 mil. “Quem conhece
Israel gosta e quer voltar. Mas
ainda temos uma barreira a ser
vencida em relação à imagem
de violência do país no exterior.
Muitos acham isso, apesar de Israel ser muito seguro”, afirma o
representante israelense.
Só que, no caso brasileiro, essa não é a principal dificuldade
a ser superada. Por isso Bar Nir
esteve no Brasil também para
tentar negociar com as companhias aéreas locais o interesse
em passar a oferecer um voo direto ligando os dois países.
Ele conversou com executivos da TAM e da Avianca. “Mas
eles enfrentam a mesma questão de ter outras prioridades, como aconteceu com a El Al, quando decidiu interromper o voo
que operava para São Paulo com
o objetivo de utilizar a aeronave
em linhas para os Estados Uni-
dos”. Ele explica que a decisão,
porém, não foi motivada por falta de demanda, já que o voo tinha ocupação média superior a
80%. Segundo o Ministério do
Turismo de Israel, o Brasil passou a ser mercado prioritário para a divulgação do turismo em
Israel. De acordo com o MTur israelense, o turista brasileiro fica
entre 7 e 12 dias no país e gasta
cerca de US$ 1,3 mil por estada
— exceto com a parte aérea. ■
Master recompra os
49% das ações da WPP
O publicitário Antonio Freitas,
presidente da Agência Master, deu
um grande passo para ser uma das
maiores agências independentes
no país, e acaba de finalizar a
operação de retomada do controle
e compra de 49% das ações da
WPP, maior grupo publicitário
do mundo. Agora, a Master, que
vai colocar seus holofotes em
São Paulo e concentrar as energias
na mudança da marca, que inclui
na sociedade três reconhecidos
publicitários já atuantes na agência:
o vice-presidente de planejamento
Marcelo Romaniewicz,
o vice-presidente de criação Flavio
Waiteman e o vice-presidente
de atendimento Kiko Vicente.
Os dois primeiros emprestam seus
sobrenomes à nova marca da
agência: Master Roma Waiteman.
Cuba acusa EUA de
roubar Havana Club
Cuba acusouontem os Estados
Unidos de “roubarem” sua icônica
marca de rum Havana Club, após
o veredicto da Suprema Corte
americana que rejeitou um
recurso apresentado pela francesa
Pernod Ricard contra a americana
Bacardi, em uma disputa entre os
dois grupos pela posse da marca.
PARA LEMBRAR
NO MUNDO DIGITAL
Bocão transformou a gelatina Royal em referência
Facebook é a queridinha dos consumidores
Daniel Acker/Bloomberg
Um levantamento realizado
pela OH! Panel, a pedido do
MercadoLivre, em razão da
celebração do Dia Mundial da
Internet, mostrou ontem que as
redes sociais fazem com que mais
de seis, em cada dez brasileiros,
passem uma parte de seu
tempo em frente à tela de seu
computador, tablet ou smartphone.
A rede favorita, com sobras, é o
Facebook, que arrebanha 96,7% dos entrevistados. Em segundo lugar,
aparece o Orkut (67,6%) e, em terceiro, o Twitter (48,4%).
VAIVÉM
➤
●
Qualquer telespectador que tenha hoje mais de 30 anos
se lembra do personagem Bocão acompanhado do
jingle “Abre a boca, é Royal”, da Nabisco, que se tornou
referência no segmento de gelatinas. Em 2000, a Kraft
Foods comprou a fabricante, e com ela, a marca que
virou referência com a entrada do personagem que
deu mais força à iniciativa, porque pretendia mostrar
como é divertido para as crianças comer gelatina.
CARLOS ALBERTO VILELA
Diretor de planejamento da
TV1.com, do Grupo TV1
O braço digital do Grupo
TV1, agências de
comunicação brasileira, tem um
novo diretor de planejamento
para a TV1.com. O executivo
Carlos Alberto de Almeida Vilela,
que acaba de chegar à agência.
Cazou Vilela, como é conhecido,
terá o desafio de de integrar,
não apenas as ações da
TV1.com, como os planejamentos
das outras cinco agências
que compõem o grupo,
além de atuar de forma
integrada com os núcleos
de mídia e mídias sociais.
foi o valor investido pelo bilionário
Warren Buffett na quase
totalidade dos jornais da Media
General, sediada em Richmond,
na Virgínia. A empresa, adquirida
pela BH Media Group, subsidiária
da Berkshire Hathaway, de
Buffett, opera várias plataformas
de mídia, principalmente
no sudeste dos EUA.
COM A PALAVRA...
...DENIS SANTINI
Professor do núcleo
de varejo da ESPM
Fotos: divulgação
Criatividade
lá fora e aqui
Sempre que viajo gosto de
olhar o que acontece lá fora,
percebi que estamos encurtando
a distância entre o que há de
mais atual e o que acontece aqui,
mas ainda temos que ousar mais.
Duas coisas me atraíram nessa
viagem: uma pop up store
e uma ação dentro do hotel
onde fiquei hospedado.
Pop up Store, ou seja: lojas
temporárias onde as marcas
ousam para aproximar o
consumidor. Na Cidade do
México, uma marca de tequila,
estava numa pop up store,
reparei nos detalhes, que
vão desde uma equipe bem
treinada para falar e servir os
produtos no bar dentro da loja.
Feita por um arquiteto, 2.700
garrafas formavam as paredes
da loja, destaque para as
marcas presentes e produtos
à venda, 15 marcas nacionais
e internacionais, mostrando
como querem ser vista
pelos seus consumidores
e quem querem atingir.
Como já falamos, não é novidade,
entretanto faz a diferença o
contato do consumidor com a
marca e também um local onde
se pode ousar, experimentar e, se
bem estruturado, podem-se levar
boas lições às lojas tradicionais.
Outro fato que chamou atenção
foi no hotel, novamente o
marketing atuando. Na entrada
a pessoa que nos apresentava
o local nos presenteou com
uma tequila e junto, além de
um texto contando a historia
da bebida, havia uma serie
de potinhos de degustação
para acompanhar a bebida.
No Brasil vejo poucas ousadias,
quando são feitas fica a sensação
de que faltou atenção aos
detalhes e interação do
consumidor. E você lojista,
o que tem feito para que
seus clientes compartilhem
experiências com a sua marca?
22 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
CULTURA
Documenta,
de Kessel,
começa em junho
2
A mais importante exposição de arte contemporânea do mundo
reúne na Alemanha obras de 150 artistas, de 55 nacionalidades
Cintia Esteves
1
[email protected]
Faltam poucos dias para o início
daquela que é considerada uma
das mais importantes exposições de arte contemporânea do
mundo. A Documenta acontece
a cada cinco anos na cidade de
Kassel, na Alemanha, e sua 13o
edição começará em 9 de junho. Durante cem dias, os visitantes terão acesso a obras de
150 artistas entre pinturas, esculturas, instalações, fotografias e filmes. A grandiosidade
do evento se percebe pelo tempo que ele tem para ser organizado: cerca de quatro anos.
E seus coordenadores gostam
de brincar com este longo prazo
para criar expectativa junto ao
público. Um exemplo disso foi o
evento organizado em 2010 para plantar uma árvore ao lado
da escultura de bronze do italiano Giuseppe Penone. Quando a
exposição começar, é bem provável que a árvore esteja próxima a altura da obra, que imita
uma árvore.
O evento vai além da arte. Explora outros campos do conhecimento como política, literatura,
filosofia e ciência. “A importancia da Documenta está justamente no fato de conseguir fazer reflexões importantes sobre
diversas áreas”, diz Sonia Regis
Barreto, professora de artes da
O evento vai além
da arte. Explora
outros campos do
conhecimento como
política, literatura,
filosofia e ciência
Pontifícia Universidade de São
Paulo (PUC-SP). No campo da
ciência, um dos destaques é o
trabalho da dupla Guillermo Faivovich e Goldberg Nicolás. Desde 2006, eles vem trabalhando
em um livro sobre uma chuva
de meteoritos que ocorreu há
quatro mil anos na Argentina.
Em 1962, um fragmento de massa de rocha de 800 toneladas,
apelidado de “El Taco”, foi descoberto por um fazendeiro argentino e depois recuperado
por cientistas americanos e argentinos. “El Taco” acabou sendo dividido pelos estudiosos em
duas partes. Uma foi para o Planetário de Buenos Aires e outra
para o Smithsonian Institution,
em Washington.
Em 2010, Faivovich e Nicolás, reuniram as duas partes em
uma exposição em Frankfurt. E
é a continuação desta intensa
pesquisa da dupla que será apresentada na Documenta. As
obras da exposição estarão espalhadas por diversas localidades
de Kassel. Entre elas uma antiga
estação de trem, hoje transformada em espaço cultural. ■
3
1 O palácio Orangerie, no parque Karlsaue, será um dos locais da
exposição; 2 Técnico do Smithsonian Institution ao lado de “El Taco”,
em 1965; 3 Escultura em bronze e pedra, do artista Giuseppe Penone
Flip faz homenagem a Drummond de Andrade
A décima edição da Festa
Literária Internacional de
Paraty começa em 4 de julho
A Festa Literária Internacional
de Paraty (Flip) chega à 10ª edição. De 4 a 8 de julho, 40 escritores vindos de 14 países se reúnem na cidade para cinco dias
de programação. O homenageado desta edição será o escritor,
poeta e cronista Carlos Drum-
mond de Andrade. Cultuado pela diversidade de sua produção,
Drummond está intimamente ligado ao conceito da Flip, que
não privilegia um estilo, uma
forma de expressão literária ou
uma mídia em especial.
O poeta ganhou notoriedade
com a poesia, mas sua produção
também abrange a prosa, com
crônicas, contos e livros infantis. Ativo até sua morte, Drum-
mond abordou o cotidiano das
pessoas, a política nacional e internacional, os problemas sociais e a filosofia, inventando
formas de dizer o simples.
Outros três grandes nomes
da produção literária atual, Jonathan Franzen, Jennifer Egan
e Le Clézio, ajudam a compor a
programação. Franzen é autor
de Liberdade, um dos livros
mais comentados de 2011. Já
Egan venceu no ano passado o
prêmio Pullitzer de ficção com
seu A Visita Cruel do Tempo, narrativa sobre o universo do rock. Esta será sua pela primeira
vez no Brasil. O francês Le Clézio, dono de uma escrita marcada pela sensualidade, é o quinto prêmio Nobel a participar da
festa que já recebeu Orhan Pamuk, Toni Morrison, Nadine
Gordimer e J.M. Coetzee. A sele-
ção de autores brasileiros constitui uma amostra do bom momento vivido pela ficção nacional. Rubens Figueiredo, Francisco Dantas e João Anzanello Carrascoza estão entre eles. Os ingressos para a Flip começam a
ser vendidos no dia 4 de junho
pela internet, por telefone e
nos pontos de vendas oficiais.
Para informações acesse: www.
flip.org.br. ■ Redação
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 23
Fotos: Divulgação
Feambra inaugura sede na capital paulista
Esta semana, a Federação de Amigos de Museus do Brasil (Feambra)
inaugurou sua nova sede na capital paulista. O objetivo da entidade é
abrir sua nova casa para que os amantes de arte e cultuira se reunam
para trocar informações, realizar exposições, organizar e participar de
cursos, entre outras atividades. O espaço foi idealizado pelo advogado,
e apreciador de artes Marcelo Nascimento, sócio do escritório Braga
Nascimento & Zílio Anote o endereço: Rua Estados Unidos, 1.078.
As possibilidades da fotografia
contemporânea em exposição
Com curadoria de Eder Chiodetto, a galeria Sim, de Curitiba, realiza mostra na qual artistas falam da
história da foto através de trabalhos que misturam pintura, vídeo, colagem e até saquinhos de chá
Divulgação
A mostra Inventário da Pele - Fotografia Contemporânea Brasileira, em cartaz até 2 de junho na
Galeria Sim, em Curitiba, exibe
o trabalho de artistas que revisitaram a história das técnicas de
ampliação. Os nove convidados
expandiram o território de possibilidades da fotografia, dando a
elas mais expressão.
“A exposição investiga o legado da fotografia, os avanços técnicos e conceituais dessa linguagem. A palavra ‘pele’, que está
no nome da mostra, é a metáfora da superfície, da película, da
epiderme da fotografia”, diz o
curador Eder Chiodetto.
Apesar de todos os artistas seguirem um tema em comum, os
trabalhos reunidos na mostra
não assumem uma postura coletiva. Como afirma o curador, “o
ponto de partida da mostra se
torna um campo fértil para pontos de vista particulares”.
Entre os destaques da mostra
está o trabalho de corte e colagem de Cássio Vasconcellos e de
Julia Kater. Também chama atenção as séries de daguerreótipos
(imagens feitas com uma técnica
bastante rudimentar de fotografia, sem negativos) de Cris Bierrenbach, além das ampliações artesanais feitas por Kenji Ota.
Mas a exposição não gravita
apenas em torno das fotografias.
Ela também aborda outras linguagens, como nas obras de Tony Ca-
O visitante poderá
conferir uma coleção
de daguerreótipos,
técnica rudimentar
de fotografia criada
no século XIX
margo e Romy Pocztaruk, baseadas na pintura e em vídeo, respectivamente. Há também o trabalho de Rosângela Renno, com
imagens impressas em chapas de
aço inoxidável, as quais mostram pessoas segurando retratos
de parentes desaparecidos.
Outra obra de destaque da
mostra é a série de dobraduras
realizadas com papel fotográfico
expostos à luz, de Cristiano Lenhardt. Leticia Ranzani completa o grupo de artistas da exposição com delicadas paisagens impressas em saquinhos de chá usados. ■ Redação
SERVIÇO
Inventário da Pele
Al. Presidente Taunay, 130A,
Curitiba (PR)
De segunda a sexta-feira,
das 10h às 19h. Aos sábados,
das 10h às 16h. Entrada gratuita
Informações: (41) 3322-1818
“Autorretrato”, de Cris Bierrenbach, daguerreótipo (18 x 13 cm)
ESTREIAS - CINEMA
LIVRO HISTÓRIA
Obra fala
de Vargas
e Roosevelt
Que razões levaram Franklin
Roosevelt, o presidente da maior
democracia do mundo, sair de
Casablanca, no Marrocos, em
plena II Guerra Mundial, sobrevoar um oceano infestado de
submarinos alemães, para se encontrar no Brasil com o presidente da maior ditadura da
América Latina?
Do outro lado do Altlântico,
que razões levaram Getúlio Vargas a abandonar o filho caçula
à beira da morte, o governo
com ministros militares prónazistas, para uma reunião sercreta com Roosevelt no Rio
Grande do Norte, encontro este que nem mesmo sua mulher, Darcy Vargas, tinha conhecimento?
Baseado em uma vasta pesquisa histórica, Roberto Muylaert
relata em 1943, Roosevelt e
Vargas em Natal, da editora
Bússola, um dos mais importantes — e até então esquecidos — capítulos da história do
Brasil: o encontro de Roosevelt com Vargas, em 28 de janeiro de 1943, na base aérea
de Parnamirim, em Natal.
Tratado como segredo de
Estado e assunto de segurança
nacional, a conferência Potengi, como foi posteriormente
chamada, selou de vez a parceria entre Brasil e Estados Unidos numa teia de relações políticas e econômicas que ecoam
até os dias de hoje. ■ Redação
EXPOSIÇÕES
Gibson no policial
“Plano de Fuga”
Cusack vive escritor Museus paulistas
em “O Corvo”
com entrada grátis
“Plano de Fuga” começa com uma perseguição na fronteira entre o México e os Estados Unidos, em que o motorista (Mel Gibson ) e seu comparsa, que está ferido, estão vestidos de palhaços. Como não estão fugindo de
um circo, logo fica claro que eles têm problemas com a
lei. Como estão com uma mala com dinheiro, a conclusão é óbvia: assaltaram um banco e tentam fugir para o
México, como faziam ladrões do velho Oeste.
Mas o pesadelo da fuga, que culmina com a morte do ferido, está longe de acabar. O motorista é levado para uma
prisão onde se dá conta de que é alvo de uma engrenagem
corrupta, na qual policiais, diretores do presídio e os próprios bandidos operam em uma parceria criminosa. O
mais estranho, como nota um funcionário do consulado
norte-americano, é que o tal motorista não fichado. Os policiais que o prenderam creem que ele tenha escondido
mais que dinheiro confiscado por eles. ■ Reuters
“O Corvo” se passa no século XIX. O filme começa pouco antes da morte de Poe (John Cusack), encontrado
em estado catatônico em um parque de Baltimore. Ele é
um escritor famoso, de personalidade difícil, viciado
em álcool e com problemas financeiros. No momento,
sua preocupação é com a produção de obras mais introspectivas, mas o editor de um jornal sensacionalista o
pressiona a voltar a escrever histórias de terror.
O tema volta a interessá-lo quando ocorre uma série
de crimes violentos, inspirados em suas histórias. Ele
próprio é considerado suspeito, mas fica evidente a existência de um assassino em série que se inspira em seus
livros. Poe começa a trabalhar com o detetive Emmett
Fields (Luke Evans) na identificação do assassino, mas
os resultados não são nada animadores. A tensão aumenta quando Emily (Alice Eve), uma linda jovem por
quem Poe está apaixonado, é raptada. ■ Reuters
Para comemorar o Dia Mundial dos Museus, a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo preparou um presente especial para os amantes de história e arte. Hoje,
a entrada em museus mantidos pelo governo paulista é
gratuita. A ação faz parte do projeto Cosmópolis: em São
Paulo cabe mundo, criado para celebrar a data. A programação vai até domingo, dia 20 e está recheada de de
exposições e eventos.
O Museu da Imigração preparou uma exposição virtual com depoimentos de moradores de diversas localidades da capital paulista. E o Museu da Imagem e do Som
está promovendo uma oficina de fotografia. Já a Estação
Pinacoteca exibirá uma mostra sobre a iconografia paulista. Além das programações temáticas, vale a pena aproveitar as visitas para conhecer (ou relembrar) as obras
dos acervos permanentes das instituições. Para mais informações acesse: www.cultura.sp.gov.br. ■ C.E.
24 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
FINANÇAS
Editora executiva: Jiane Carvalho [email protected]
Subeditora: Priscila Dadona [email protected]
BB quer disputar on-line cliente
imobiliário de concorrente
Governo estuda facilitar transferência de financiamento para imóveis por meio de banco de dados
Murillo Constantino
Simone Cavalcanti, de Brasília
COMO FUNCIONA
[email protected]
Sob a determinação da presidente Dilma Rousseff de aumentar a concorrência no mercado
para reduzir os juros nos empréstimos, o Banco do Brasil já
estuda estender seu projeto de
automação para a portabilidade
de veículos, que entra em vigor
no próximo dia 28, ao setor imobiliário. A ação pode ser facilitada pelas novas regras que estão
sendo gestadas pelo Ministério
da Fazenda no sentido de estabelecer uma espécie de banco
de dados cadastrais de bens financiados, que abrangeria não
apenas veículos, como existe
hoje o Gravames — da Central
de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) — como também de os imóveis com
registros cartoriais.
“Está sendo estudada uma
questão operacional, um ajuste
da medida para que a portabilidade funcione efetivamente”, diz
uma fonte do governo. “É preciso haver um sistema integrado
no qual todas as informações de
bens e veículos estejam cadastradas para fazer um rápido processo de compensação.” Os integrantes do Ministério da Fazenda
estão construindo as novas regras em conjunto com as associações do setor financeiro, como a
Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Pou-
Migração
permite
busca por
juro menor
A transferência de uma dívida
de um banco para outro é feita
de forma gratuita e sem IOF
Com ressalva: Renato Oliva, da ABBC, vê com receio sistema on-line para transferência de dívidas
pança (Abecip), a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e
Associação Brasileira dos Bancos
Comerciais (ABBC).
A expectativa do BB é que,
com a informatização dos cartórios, essa plataforma possa se tornar viável e facilitar a troca de informações com todos os bancos
que queiram angariar mais clientes no contexto atual de cruzada
contra os juros altos.
PORTABILIDADE EM BAIXA
Volume de dívida transferida de banco a outro em relação
à concessão total de crédito, em R$ bilhões
MAR/11
ABR/11
MAI/11
JUN/11
JUL/11
AGO/11
SET/11
OUT/11
NOV/11
DEZ/11
JAN/12
FEV/12
MAR/12
CONCESSÃO TOTAL
DE CRÉDITO*
PORTABILIDADE
180,10
173,70
190,4
187,61
178,02
196,62
185,57
181,64
194,95
205,32
181,20
170,50
201,64
0,471
0,209
0,412
0,247
0,361
0,513
0,347
0,325
0,373
0,379
0,384
0,285
0,265
Fonte: Banco Central
PARTICIPAÇÃO
0,00
0,05
0,10
0,26%
0,12%
0,22%
0,13%
0,2%
0,26%
0,19%
0,18%
0,19%
0,18%
0,21%
0,17%
0 3%
0,13%
0,15
0,20
0,25
0,30
TOTAL DE
OPERAÇÕES
31.737
28.574
32.563
28.804
30.106
37.924
34.154
28.747
30.646
28.891
27.358
21.034
32.801
“O cliente poderá fazer tudo
por e-mail, por exemplo, e terá
um prazo para realizar toda a
transação”, explica outro técnico, lembrando que a medida
ainda deve ser apreciada pelo
Conselho Monetário Nacional
(CMN). O governo vê que, até
hoje, as transferências de dívidas não têm deslanchado porque há muita burocracia envolvida e, em alguns casos, como o
de imóveis, requer um gasto extra para o mutuário no momento da transação.
Se uma pessoa quer transferir
a dívida de um imóvel, atualmente, precisa ir no banco credor para pegar seu saldo devedor, passar a informação para a nova instituição com a qual vai se relacionar e, ainda, ir ao cartório pagar
uma taxa para um novo registro.
No caso de financiamentos de 30
anos, por exemplo, o desembolso pode até compensar de acordo
com a redução da taxa de juros
que a pessoa conseguir negociar.
No de veículos ocorre o mesmo, sendo que a passagem tem
de ser pelo Detran local para dar
baixa no gravame. Se a dívida for
transferida para o BB — por enquanto só de veículos — esse processo não será mais necessário. O
novo correntista terá tudo resolvido automaticamente. Já para imóveis, pode demorar mais um pou-
co. “Esse é um projeto que vislumbramos colocar em prática, mas
depende também da regulação
que está sendo estruturada”, diz
o diretor Empréstimos e Financiamento do BB, Marcelo Lobuto.
A portabilidade do crédito,
que entrou em vigor em 2006,
permite aos correntistas levar
seu financiamento contraído em
um banco para outro no qual obtenha juro menor em relação ao
mesmo prazo. No entanto, à época, o Banco Central deixou a cargo do setor financeiro a operacionalização da medida e o processo
não deslanchou (ver gráfico).
A possibilidade de criar um sistema rápido para as transferências de dívidas entre as instituições causa certo receio. O presidente da Associação Brasileira
dos Bancos Comerciais, Renato
Oliva, não vê com bons olhos
uma solução que passe pelo processo on-line. Segundo ele, é preciso dar às instituições a oportunidade de negociar as taxas de seus
próprios clientes. Ele lembra
que, para que o sistema mantenha a oferta de crédito contínua
e crescente da forma que o governo deseja é preciso ter o que chamou de estabilidade de carteiras.
“Se for dessa forma, não dará ao
banco a chance de reter o cliente, o que acontece hoje com o
atual procedimento”. ■
Os clientes de bancos têm o direito de transferir suas dívidas
de uma instituição para outra
de forma gratuita, sem incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da taxa de liquidação antecipada.
Mas, para isso, é preciso fazer o
pedido de portabilidade, pelo
qual o banco é obrigado a liquidar o saldo devedor por meio
de transferência de recursos pela nova instituição escolhida.
Se, caso contrário, o próprio
correntista fizer a quitação antecipada com recursos de outra
instituição terá de pagar imposto e tarifa sobre a transação.
A portabilidade permite a negociações para melhores condições dos juros dos empréstimos e pode ser de três modalidades: a cadastral, na qual o
cliente transfere seus dados positivos e negativos para o próximo banco; a do salário na qual
qualquer pessoa que receba pela empresa, mas não queira operar com aquele banco, pode pedir que transfira seu salário para o qual costuma ou gosta de
trabalhar; e a do crédito, que
são financiamentos contraídos
em uma instituição e que podem ser levados para outra.
De acordo com Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do Departamento de Normas do Banco
Central, o banco não pode se
negar a fazer essa operação de
forma alguma. “O que ocorre
é que o banco de origem pode
convencer o correntista a ficar lá, desde que com uma taxa de juros melhor. E isso só
por vontade própria do cliente. Não pode ser por qualquer
impedimento que o banco esteja colocando”. ■ S.C.
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 25
Marcela Beltrão
Ações da Redecard sugerem fracasso do Itaú
Operadores estão aumentando apostas de que o Itaú Unibanco vai
fracassar na tentativa de comprar as ações da Redecard no mercado.
Na quarta-feira, os investidores tomaram emprestado 32 milhões de
ações da companhia, uma indicação de que estão vendendo a descoberto,
comparado a 6 milhões de ações em 27 de abril, quando a empresa revelou
que a acionista Lazard Asset Management pediu uma nova avaliação da
oferta do Itaú pelos 50% de participação que não detém na companhia.
AGENDA
● Na Alemanha
sai preços
ao produtor,
às 3 horas.
● No Brasil não
está prevista a
divulgação de
nenhum indicador.
Denis Doyle/Bloomberg
Rombo no
JP Morgan
pode ser
de US$ 3 bi
Correntistas
sacam US$ 1,3
bi de banco
espanhol
A estimativa é do The New York
Times, o que representa 50% a
mais do previsto anteriormente
Falta de confiança dos clientes teria motivado
a retirada dos recursos do Bankia, segundo o
El Mundo; ontem ações do banco caíram 29,5%
Andreas Framke e
Harry Papachristo
Reuters
Correntistas do banco espanhol
nacionalizado Bankia já sacaram cerca de ¤ 1 bilhão (US$ 1,3
bilhão) na última semana, em
um sinal da pouca confiança na
instituição, segundo o jornal El
Mundo. As ações do banco chegaram a cair 29,5% no início do
pregão de ontem, mas reduziam as perdas e encerraram valendo 14,08% menos. No mês
de maio, os papéis já despencaram, 44,31% na bolsa de Madri.
No entanto, o ministro adjunto da economia do país, Fernando Jimenez Latorre, negou ontem que os depósitos no Bankia
estavam diminuindo. O novo
chairman do banco, Jose Ignacio Goirigolzarri, disse que a atividade estava “basicamente
normal” nos últimos dias.
Na segunda-feira, clientes haviam sacado um total de ¤ 700 milhões de bancos gregos, que continuam sofrendo com a expectativa da chegada ao poder da esquerda radical e com os rumores de
quebra que permeia os mercados.
O governo espanhol assumiu o controle do Bankia no úl-
Moody’s rebaixou
o rating de 16
bancos da Espanha,
incluindo o
Santander, o
maior do país
timo dia 9 de maio, o quarto
maior banco do país, na tentativa de minimizar as preocupações sobre a capacidade da instituição de lidar com as perdas relacionadas ao estouro da bolha
imobiliária, culminada com a
crise em 2008.
Ontem, a agência de classificação de risco Moody’s anunciou o rebaixamento de 16 bancos espanhóis. O Santander está entre eles, por conta da fraqueza da economia e preocupação com o orçamento do governo. As reduções acontecem
após o rebaixamento da nota de
26 bancos italianos no dia 14 de
maio e o corte da dívida soberana da Espanha no dia 13 de fevereiro. Os principais motivos para o rebaixamento das notas dos
bancos espanhóis são um aumento em empréstimos de má
qualidade, a renovação da reces-
Resposta: Goirigolzarri, do Bankia, nega queda nos depósitos
são, acesso restrito a funding e
uma habilidade reduzida do governo sustentar mutuários à medida que seu próprio crédito diminui, disse a Moody’s.
Sem apoio
O Banco Central Europeu (BCE)
deixou de oferecer liquidez a alguns bancos gregos que não
considera solventes, aumentando a preocupação internacional com a Zona do Euro depois que Atenas convocou novas eleições parlamentares,
que deverão ser vencidas por
partidos contrários às medidas
de austeridade.
Os temores de que Atenas esteja à beira de sair do bloco da
moeda única europeia e causar
uma nova crise financeira sacudiu os mercados mundiais e alarmou líderes globais, com a Grécia devendo ser o principal as-
sunto na pauta da cúpula do
Grupo dos Oito (G8), que reúne
os sete países mais ricos e a Rússia, no final de semana.
“A questão central não será a
Grécia, mas a Espanha e a Itália”, diz o presidente do Banco
Mundial (Bird), Robert Zoellick, na quarta-feira.
Se a Grécia deixar a Zona do
Euro, os efeitos em cascata podem ser muito prejudiciais e lembrar a época em que o Lehman
Brothers entrou em colapso em
2008, espalhando pânico nos
mercados financeiros globais.
Ontem, o Fundo Monetário
Internacional (FMI) afirmou
que não vai retornar à Grécia
para revisar o programa de empréstimo antes das eleições de
17 de junho, segundo o vicediretor de assuntos internacionais do organismo, David Hawley. ■ Com Bloomberg
Fitch rebaixa Grécia e intensifica crise
Elevado risco de o país ter que
deixar a Zona do Euro foi a
justificativa da agência de risco
Rodrigo Campos e Luciana Lopez
Reuters
A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou ontem o rating de crédito da Grécia de B- para CCC, citando o
elevado risco de o país ter que
deixar a Zona do Euro.
O fato de os políticos gregos
não terem conseguido formar
um governo destaca a falta de
apoio público e político para um
programa de austeridade, informou a Fitch em comunicado explicando a redução das notas de
dívida de longo prazo da Grécia
em moeda estrangeira e local.
Se as eleições não resultarem
em um mandato para um novo governo que continue com as medidas de austeridade, uma saída da
Grécia da união monetária seria
“provável”, completou a Fitch.
“Uma saída grega provavelmente resultaria em default generalizado no setor privado, assim como em títulos soberanos
denominados em euro, apesar
de um peso moderado da dívida
soberana após a reestruturação
dos títulos do governo grego em
março”, acrescentou em nota.
Cada vez mais preocupados
com o futuro da Grécia na Zona
do Euro, credores estrangeiros e
correntes políticas têm intensificado alertas para os riscos de corte na ajuda internacional ao país
caso Atenas não consiga promover as reduções de gastos previstas no último pacote de resgate.
A Fitch havia tirado a Grécia
da zona de default em março,
dando ao país um rating especulativo B-. A agência foi a primeira entre as principais a excluir o
país desse território depois de
uma troca da dívida que reduziu o montante devido por Atenas em quase um terço, em cerca de ¤ 100 bilhões.
Esta havia sido a primeira vez
que o rating da Grécia tinha registrado uma melhora desde o
início da crise da dívida na Europa, no fim de 2009. No entanto,
a agência observou na ocasião
que havia risco significativo e
material de default. ■
O prejuízo do JP Morgan Chase, maior banco dos Estados
Unidos, pode ser 50% maior
do que os US$ 2 bilhões estimados inicialmente, segundo noticiou ontem o jornal americano The New York Times. “Dentro de uma semana da divulgação das perdas, o prejuízo havia aumentado 50%”, afirmou
a publicação.
Com as informações, os papéis da instituição bancária despencaram 4,31% ontem na bolsa de Nova York.
O JP e seus executivos estão
sendo alvo de processos judiciais por conta das perdas bilionárias. Até a agência de inteligência dos Estados Unidos FBI,
informou na quarta-feira que fará uma investigação contra o
banco, por suspeita de fraude
contra os investidores.
Ontem, o pré-candidato republicano à presidência dos
EUA, Mitt Romney, disse que
os reguladores não devem necessariamente criar novas regras, por conta das perdas e erros do banco.
Para o candidato
Mitt Romney, esta
não é uma perda
dos contribuintes
“Eu não teria pressa para
aprovar uma legislação nova
ou novo regulamento”, afirmou o candidato republicano.
“Este é, no curso normal dos
negócios, uma grande perda,
mas certamente não aquela
que está a prejudicar ou ameaçar a instituição.”
Embora admita que os reguladores deveriam investigar para
entender o que aconteceu no
banco, Romney diz que a perda
é um exemplo de capitalismo.
“Esta não foi uma perda para
os contribuintes dos EUA e, sim
para os acionistas e donos do JPMorgan e é assim que funciona
a América”, disse. “Se o JP Morgan perdeu US$ 2 bilhões, alguém ganhou.”
O banco e o diretor presidente, Jamie Dimon, são alvos de
dois processos por parte dos
acionistas no tribunal de Manhatan. ■ Redação com agências
26 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
FATO RELEVANTE
Divulgação
Zurich tem novo diretor-presidente no país
A Zurich Seguros, multinacional suíça e um dos três maiores grupos
seguradores do mundo, designou o executivo Hyung Mo Sung para
o cargo de CEO de Seguro Gerais no Brasil. Hyung Mo Sung ingressou
na seguradora em setembro de 2011 como vice-presidente de Linhas
Pessoais para a América Latina. Com graduação e mestrado em
Economia, Sung tem quase 30 anos de experiência no mercado
segurador, incluindo passagens pela Mapfre e pela Mitsui Sumitomo.
Alexandre Rezende
À frente da Itautec,
Setubal dobra lucro e
melhora governança
Presidente do conselho de administração da companhia cria
comitês de assessoramento, que auxiliam na tomada de decisão
Vanessa Correia
[email protected]
À frente do conselho de administração da Itautec há pouco
mais de dois anos, Ricardo
Egydio Setubal, filho do banqueiro Olavo Setubal, imprimiu seu ritmo de trabalho e
aprimorou questões ligadas à
governança corporativa. A
principal delas foi a criação de
comitês de assessoramentos,
que auxiliam o conselho de administração na tomada de decisões. O resultado foi o crescimento de quase 50% no lucro
líquido em dois anos.
Para Egydio Setubal — irmão
do presidente do Itaú, Roberto
Setubal — presidir um conselho
vai muito além de coordenar encontros e assegurar que conselheiros recebam informações
completas e tempestivas. Para
ele, é preciso ser a interface entre o diretor-presidente e os
acionistas, administrar “egos”,
respeitar e atender individualidades, distinguir questões familiares de assuntos relacionados
aos negócios, conhecer e respeitar seus próprios limites e administrar comportamentos conflituosos. “As reuniões do conselho de administração precisam
ser equilibradas. Acredito que
assuntos sensíveis devem ser
discutidos previamente ao encontro”, aponta o executivo.
Na sua gestão — que assumiu a
presidência do conselho de administração em fevereiro de 2010
—, as ações da Itautec registraram desvalorização de 2,58%, desempenho bem melhor do que o
Ibovespa que acumulou queda
de 17,37% em igual período.
Apesar de estar na holding
Itaúsa desde 1982, assumir a
presidente do conselho de administração da Itautec exigiu
dedicação de Egydio Setubal,
inclusive com a participação
em cursos e palestras ministradas pelo Instituto Brasileiro
VALOR DA ITAUTEC
Desempenho das ações
na bolsa de valores, em R$
50,0
46,84
45,2
43,81
40,4
35,6
30,8
26,0
DEZ/09
MAI/12
Fontes: Economatica, BM&FBovespa e
Brasil Econômico
de Governança Corporativa
(IBGC). Hoje, o executivo também integra comitês e conselhos da Duratex, Elekeiroz e
da própria holding.
Impondo estilo
Desde que chegou à empresa,
Setubal criou grupos para ajudar o conselho de administração nas decisões. Ao todo são
quatro comitês: de Pessoas e Governança, Divulgação, Estratégia e Auditoria e Gestão de Riscos, implementados nos últimos dois anos. “Isso representou a criação de uma nova governança na companhia”, diz o
executivo. “O resultado foi muito positivo uma vez que as propostas levadas ao conselho de
administração são debatidas
previamente”, completa.
O próximo passo é constituir
um comitê de sustentabilidade
— a Itautec recicla materiais usados em desktops e notebooks
—, embora não haja prazo definido. “Nosso objetivo é sempre
buscar as melhores práticas em
governança corporativa”, diz.
Os comitês se reúnem periodicamente, dependendo da relevância do assunto. O grupo de
Pessoas e Governança auxilia os
membros do conselho de administração na avaliação de competências e remuneração do próprio conselho e da diretoria. O comitê de Estratégia discute com os
Ricardo Setubal: objetivo é buscar melhores práticas em governança
administradores os planos estratégicos relacionados às áreas de
atuação da empresa. O comitê de
Divulgação, por sua vez, elabora
a política de partes relacionadas.
Por fim, o grupo de Auditoria e
Gestão de Riscos avalia o resultado dos trabalhos das auditorias interna e externa. “Todas as empresas da holding Itaúsa, entre elas a
Itautec, se preocupam com ques-
tões relacionadas à governança.
As mudanças partiram do banco
Itaú para então serem disseminadas para as outras empresas do
grupo”, afirma.
Outra prática adotada pelo
conselho é a autoavaliação. “Dedicamos os últimos cinco minutos do encontro para analisar o
que pode ser melhorado para as
próximas reuniões.” ■
DESEMPENHO DA EMPRESA
Crise mundial deve impactar vendas este ano
Valorização do dólar no mercado
local pressionará margens,
diz Egydio Setubal
O presidente do conselho de administração da Itautec, Ricardo Egydio Setubal, acredita
que a crise financeira mundial
deve influenciar o ritmo de vendas de computadores este ano.
“Começamos 2012 com a perspectiva de que o Produto Inter-
no Bruto (PIB) crescesse 4%.
Hoje, a expectativa é que a economia brasileira avance 3%,
com a possibilidade de ser menor. Sendo assim, estamos vendendo mais se comparado ao
ano passado, porém menos do
que gostaríamos e teríamos capacidade de produzir. Isso é
inerente ao nosso setor de atuação”, afirmou o executivo, durante evento promovido pelo
Receita líquida
somou R$ 1,5 bilhão
em 2011. Segmento
de computação foi
responsável por
47% desse montante
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
A alta do dólar este ano, superior a 7%, também deve impactar as margens das empresas, segundo Egydio Setubal. “2012 será um ano no qual as empresas
trabalharão com margens mais
apertadas em função da valorização da moeda americana. Ou
seja, será um ano bom, porém
não tão positivo quanto projeta-
do anteriormente”, completou
o presidente do conselho da
companhia.
A receita líquida de vendas e
serviços da Itautec totalizou
R$ 1,5 bilhão em 2011, sendo o
segmento de computação responsável por 47% desse volume.
A empresa, que integra a holding Itaúsa, mantém uma rede
de assistência técnica que atende 3,7 mil municípios. ■ V.C.
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 27
MERCADO
BOLSAS
Bovespa cai 3,3%
com pressão externa
A bolsa encerrou a sessão a 54.038 pontos, após a Grécia ter seu rating
rebaixado pela Fitch. É o menor nível verificado em quase sete meses
Danielle Assalve
Reuters
A Bovespa teve mais um dia
de perdas generalizadas ontem e seu principal índice recuou ao menor patamar em
quase sete meses, após a agência Fitch ter rebaixado o rating da Grécia, agravando o
pessimismo dos mercados sobre os impactos de eventual
saída do país da zona do euro.
O Ibovespa amargou o oitavo
pregão seguido de queda, caindo 3,31%, a 54.038 pontos. Foi a
maior baixa diária desde 22 de
setembro, quando a queda foi
de 4,8%, e a menor pontuação
de fechamento desde 20 de outubro, de 54.009 pontos. O giro
financeiro do pregão somou
R$ 8,35 bilhões.
“Acho que é um movimento
um pouco exacerbado, já virou
um efeito manada”, disse Eduardo Dias, analista na Omar Camargo Corretora. “Ibovespa a
55 mil pontos já era exagero; a
54 mil pontos, então, nem se fala. Para mim já chegou em ponto de compra.”
A crise política na Grécia e
um possível contágio em países como Espanha e Itália segue impondo forte clima de
cautela. Nesta tarde, a agência
de classificação de risco Fitch
panha e os dados mais fracos
que o esperado nos Estados Unidos. Indicadores antecedentes
Desempenho da bolsa no mês
da atividade econômica nortede maio, em mil pontos
americana tiveram queda pela
primeira vez em sete meses.
62,5
Em Wall Street, o Dow Jones
fechou em queda de 1,24%. O
60,8
principal índice dos mercados
61,82
acionários europeus encerrou
59,1
com baixa de 1,15%.
Dentre as ações com maior
57,4
peso no Ibovespa, a preferencial da Petrobras devolveu os ga55,7
nhos da véspera e fechou em
54,04 queda de 4,46%, a R$ 18,43, en54,0
quanto a preferencial da Vale
30/ABR
17/MAI
caiu 3,66%, a R$ 34,78. OGX reFontes: Economatica, BM&FBovespa
cuou 5,59%, a R$ 10,97.
e Brasil Econômico
Papéis de bancos também se
destacaram entre as baixas do
rebaixou o rating da Grécia de
pregão. Banco do Brasil recuou
“B-” para “CCC”, citando o
4,9%, a R$ 19,40, e Bradesco
elevado risco de o país sair da
caiu 4,38%, a R$ 26,88.
zona do euro.
“Além da degradação das ex“Por mais que se fale que Grépectativas lá fora, soma tamcia está precificado, não está”,
bém contra essa intervenção do
disse Newton Rosa, economistagoverno na economia a mudanchefe na Sul América Investiça de discurso com relação aos
mentos. “Essa questão assusta
bancos, e isso não está agradaninvestidores e pode provocar,
do muito aos investidores”, disem um primeiro momento,
se Sérgio Machado, sócio-gesuma situação de retração dos
tor da Vetorial Asset.
fluxos de capitais de certa forApenas dois dos 68 ativos que
ma comparável a 2008.”
compõem o índice fecharam em
Mais cedo, também pesou soalta: CCR Rodovias subiu 2,09%,
bre os mercados a preocupação
a R$ 15,62, e MRV Engenharia
com a situação dos bancos na Esavançou 1,66%, a R$ 9,81. ■
EM QUEDA
GENERALI BRASIL SEGUROS S.A.
CNPJ/MF Nº 33.072.307/0001-57 – NIRE Nº 33.3.0000264-2
DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO
MARCUS MARIA HUBERTI, alemão, casado, matemático, portador do documento de identidade de
estrangeiro nº V815800-3, expedido pela DELEMIG/RJ, inscrito no CPF/MF sob o nº 061.733.367-07;
DECLARA sua intenção de exercer cargo de direção na GENERALI BRASIL SEGUROS S.A., inscrita
no CNPJ/MF sob o nº 33.072.307/0001-57, com sede na Av. Rio Branco nº 128, 7º andar, Rio de Janeiro/
RJ, e que preenche as condições estabelecidas nos Arts. 3º e 4º, da Resolução CNSP nº 136, de 7 de
novembro de 2005. ESCLARECE que, nos termos da regulamentação em vigor, eventuais impugnações
à presente declaração deverão ser comunicadas diretamente a Superintendência de Seguros Privados
– SUSEP, no endereço abaixo, no prazo máximo de quinze dias, contados da data desta publicação,
cumentação comprobatória, observado que o declarante poderá, na forma da legislação em vigor, ter
direito a vista do respectivo processo. Rio de Janeiro, 16 de maio de 2012. MARCUS MARIA HUBERTI.
SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS – SUSEP. Av. Presidente Vargas, nº 730, Centro,
Rio de Janeiro - CEP: 20.071-900
MOEDAS
Dólar fecha acima de R$ 2
pelo 3º dia consecutivo
Piora nos mercados internacionais fez a divisa subir no fim da sessão
O dólar voltou a subir e fechou
a R$ 2 pelo terceiro dia consecutivo, com os sinais de agravamento da crise europeia, com
bolsas ampliando perdas e o euro voltando a cair, que levaram
os investidores a apostarem na
depreciação do real.
A moeda norte-americana
encerrou com avanço de
0,23%, cotada a R$ 2,0061 na
venda, a maior cotação desde
28 de maio de 2009, quando fechou em R$ 2,009.
“O mercado continua muito
volátil”, disse Hideaki Iha, operador da Fair Corretora de Câmbio e Valores. “Os problemas estão pegando fogo na Grécia, e a
Espanha também está com problemas, mas o dólar está neste
nível por causa das ações do governo.” O governo brasileiro já
se pronunciou de que está satisfeito com o dólar neste nível.
A moeda passou a subir apenas perto do fechamento da
sessão, com a piora dos mercados internacionais. Mais cedo,
oscilou e foi negociada abaixo
de R$ 2. A moeda americana
caía 0,2% no início da tarde,
para R$ 1,9961. Durante o pregão, a divisa atingiu a mínima
de R$ 1,98 e a máxima de R$ 2.
Só ontem, os operadores começaram a apostar pela primeira vez
que o Banco Central pode cortar a
taxa básica de juros para menos
de 8%. O governo, na visão do
mercado, estaria mais preocupado em acelerar o crescimento econômico do que com os riscos do
enfraquecimento do real sobre inflação. ■ Reuters e Bloomberg
Energest S.A.
CNPJ/MF: 04.029.601/0001-88 - NIRE: 35.300.180.526
Ata da Reunião da Diretoria Realizada em 20 de Abril de 2012
Data, Hora e Local: Realizada aos 20 dias do mês de abril de 2012, às 10:00 horas, na sede social da
Energest S.A. (“Companhia”), companhia sem registro de capital aberto perante a Comissão de Valores
Mobiliários (“CVM”), na Rua Bandeira Paulista, 530, 11º andar/parte, Itaim Bibi, na Cidade de São Paulo,
Estado de São Paulo, CEP 04532-001. Presentes: Sr. Luiz Otavio Assis Henriques - Diretor Presidente;
Sr. André Luiz de Castro Pereira - Diretor; Sr. Álvaro Jorge Guerreiro de Sousa - Diretor. Ausente
Justificadamente: Sr. Carlos Alberto de São José Cavaleiro - Diretor. Mesa: Dr. Luis Otavio Assis Henriques
e Fabio William Loreti, que atuaram na qualidade de Presidente e Secretário dos trabalhos, respectivamente.
Ordem do Dia: Aprovação do spread equivalente a 0,98% (noventa e oito centésimos por cento),
conforme determinado em procedimento de coleta de intenções de investimento (“Procedimento de
Bookbuilding”), que comporá a taxa de remuneração das debêntures da primeira emissão de debêntures
simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única, da Companhia
(“Debêntures”), para distribuição pública, com esforços restritos de colocação, nos termos da Instrução da
CVM n° 476, de 16 de janeiro de 2009, conforme alterada, sob regime de garantia firme de colocação,
aprovada pela Assembleia Geral da Companhia realizada em 14 de março de 2012. Deliberações:
Os membros da Diretoria da Companhia, por unanimidade de votos e sem quaisquer reservas ou ressalvas,
aprovaram o spread equivalente a 0,98% (noventa e oito centésimos por cento) que comporá a taxa de
remuneração das Debêntures, a ser estabelecida no Primeiro Aditamento à Escritura Particular da
1ª Emissão de Debêntures Simples, Não Conversíveis em Ações, da Espécie Quirografária, em Série Única,
para Distribuição Pública com Esforços Restritos, da Energest S.A. Encerramento: Oferecida a palavra a
quem dela quisesse fazer uso e como ninguém se manifestou, foram encerrados os trabalhos e lavrada a
presente ata, a qual foi lida e achada conforme, aprovada e assinada pelos membros da Diretoria da
Companhia presentes. Presidente da Mesa: Sr. Luiz Otavio Assis Henriques. Secretário da Mesa: Sr. Fabio
William Loreti. Membros da Diretoria da Companhia: Luiz Otavio Assis Henriques, André Luiz de Castro
Pereira e Álvaro Jorge Guerreiro de Sousa. Declaro que a presente é cópia fiel lavrada em livro próprio
da Companhia. Fabio William Loreti - Secretário da Mesa. Registrada na JUCESP sob o
nº 196.827/12-7 em sessão de 11/05/2012. Secretária Geral: Gisela Simiema Ceschin.
28 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
FINANÇAS PESSOAIS
TRABALHAR
Executivos do setor financeiro
viram “queridinhos” de outras áreas
Odd Andersen/AFP
Empresas dos mais diversos segmentos
querem agregar ao seu negócio a
experiência dos profissionais de bancos
Ana Paula Ribeiro
[email protected]
truída no Banco do Brasil, onde
ficou quase 20 anos e era diretor de cartões.
Levantamento da Fesa com
base nas movimentações de altos executivos (a partir de gerência sênior) no Brasil desde
2009 mostra que a cada ano dobra o número dos profissionais
da indústria financeira que foram para outras áreas. Neste
ano, o crescimento no primeiro trimestre é de 88% em relação a igual período do ano passado, mas a tendência é de
crescimento ainda maior, já
que é esperado um aquecimento da economia.
Ainda de acordo com o estudo, setor de consumo e “life
sciences” (ramos de matérias
primas para áreas como cosméticos e alimentos) são os que
mais recebem esses executivos.
Muitas vezes, o que as empresas buscam é tirar proveito da
experiência que o executivo financeiro acumulou na sua carreira. O Magazine Luiza, antes
de abrir o capital, contratou em
2009 o diretor financeiro da então Visanet (hoje Cielo) para comandar a sua oferta de ações. Vitor Fabiano ficou na empresa
por um ano e hoje está na Bunge, também responsável pela diretoria financeira.
De acordo com Nogueira, as
áreas financeira, marketing e
As portas estão cada vez mais
abertas para os executivos da indústria financeira. Se antes o caminho era trilhar carreira em
apenas uma instituição ou no
máximo ser disputado pelo concorrente, agora a possibilidade
de navegar em outras áreas é cada vez maior.
O aquecimento da economia,
a maior concorrência, profissionalização e a sofisticação das estruturas financeiras das empresas são fatores que têm estimulado a ida de executivos da indústria financeira para companhias
dos mais diversos setores.
Antes, o diretor financeiro de
uma empresa se preocupava basicamente com o gerenciamento de seu fluxo de caixa e, para
financiar o crescimento de seus
negócios, bastava lidar com empréstimos bancários. Agora,
com a empresa ganhando musAs empresas do setor de consumo são o destino de 60% dos profissionais da indústria financeira
culatura, tudo mudou. É preciso que ele saiba encontrar soluções mais estruturadas para o
desenvolvimento de sua compasegurança são as que mais
Na área financeira, as empreDesde 2009 dobra o
nhia, qualidade que o torna caatraem os olhares. “As compasas, segundo Nogueira, estão innúmero de executivo nhias estão cada vez mais pen- teressadas nos executivos de
da vez mais atraente.
da indústria
Renata Fabrini, sócia da consando em governança corporabancos habituados com gestão
sultoria de recrutamento de
tiva e as familiares estão se
de risco e normas. “Além dessa
financeira que
executivos Fesa, explica que o
profissionalizando e para isso
experiência que poderia agremigra para empresas
desenvolvimento do mercado
buscam os especialistas em cagar à contratante, parte da atride outros setores
de capitais ajudou nessa migrada área”, diz.
buição de um diretor financeição. “Além disso, as comparo, por exemplo, é justamente o
nhias estão mais agressivas na
relacionamento com bancos”,
contratação de executivos quadiz Nogueira, justificando a deABANDONANDO O SETOR FINANCEIRO
lificados”, diz.
manda por esses profissionais.
Nessa disputa, as saídas de
No caso dos executivos de
Variação da migração de altos executivos para outras áreas e por setores que mais contratam
executivos do setor financeiro,
bancos da área de segurança,
notadamente de bancos, para
são as empresas de tecnologia
outras companhias tornam-se
as mais interessadas neles. Por
ANO A ANO
SETORES
naturais, em especial pelo treiúltimo, aparecem os profissionamento recebido por eles ao 200
nais de marketing da indúsConsumo & Life sciences**
%
longo da carreira. “O mercado
tria financeira como os mais re156%
financeiro sempre foi sofisticaquisitados, por estarem acostudo em sua gestão de recursos 150
mados a lidar com linguagens
125%
humanos, investindo no desenpara públicos diversos e patronf
volvimento das pessoas”, afircínios. “São bancos e empre100%
% InInfraestrutura
88%
100
ma Renata.
sas de cartões os grandes patroEsse é o caso do executivo
cinadores hoje e também são
responsável pela área financeiagressivos em suas estratéIIndústria
nd
ra (CFO) da JBS nos Estados Uni- 50
gias”, considera.
15%
dos. Há um ano na empresa, DeNogueira lembra, no entanto,
nilson Molina assumiu o cargo
que essa migração de área tam0
há pouco mais de um mês. Anbém depende do perfil do executi6% Telec
TTelecom e tecnologia
2009
2010
2011
2012*
tes de partir para o setor de alivo, que precisa ser receptivo a traFonte: Fesa *primeiro trimestre **matérias-primas para a área de cosméticos e médica, alimentos e saneantes
mentos, sua carreira foi consbalhar em novos ambientes. ■
60
19
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 29
Adriano Machado/Bloomberg
Advogadotem fatiade 27,43%naEletrobras
O advogado Victor Adler atingiu uma fatia de 27,43% das ações
preferenciais classe A da Eletrobras, equivalente a 40.300 ações,
em compras feitas até 24 de abril, segundo comunicado enviado
à Comissão de Valores Mobiliários. Não há informação sobre
participações anteriores de Adler na companhia, que acrescentou não
ter como objetivo alterar a administração ou controle da empresa. O
advogado também tem fatias relevantes no capital da Eternit e Unipar.
HOME BROKER
(fechamento em R$)
Bradesco PN (BBDC4)
34
34
Biomm vai entrar
no Bovespa Mais
33
Empresa terá que se adequar
às exigências da bolsa e fará
assembleia no dia 1º de junho
41,62
32
332
30
330
29
28
28
27,50
26,99
26
26,88
2266
Suporte
a
1 resistência
a
2 resistência
30/SET
17/MAI
Fontes: Jorge Araújo, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico
BBDC4 pode voltar a ponto de compra
As ações preferenciais do Bradesco (BBDC4) registraram duas
quedas consecutivas. No entanto, ao primeiro sinal de recuperação,
podem voltar em breve para um ponto de compra, segundo o
grafista Jorge Araújo, associado à Mais Invest. “Se ela retornar
aos R$ 27,50 entrará em um ponto de compra interessante”,
explica o analista. Ontem, o papel fechou cotado a R$ 26,88,
queda de 4,32% em relação ao pregão anterior.
Esse ponto de R$ 27,50 é o equivalente a retração 61,8% de
Fibonacci, técnica para indicar possíveis pontos de suporte
e resistência e também tendência de alta e queda das ações.
Nesse caso, é a faixa dos R$ 27,50 tem sido a resistência
dos últimos meses para as ações do Bradesco.
Caso esse ponto seja atingido, Araújo recomenda a compra
da ação porque a expectativa é que o papel entre uma tendência
de alta. Nesse caso, o mais adequado é que o “stop” de perda —
quando o investidor vende o papel e limita seus prejuízos —
seja a cotação do fechamento de ontem (R$ 26,88).
Já a primeira resistência para esse papel está em R$ 29.
Se a tendência de alta se manter, os R$ 33 aparecem
como segunda resistência. “Assim o investidor pode
perder pouco e mantém o potencial de ganhar muito.”
Araújo lembra que desde novembro esses são os pontos de suporte
e resistência mais frequentes no papel preferencial do Bradesco.
A empresa de biotecnologia
Biomm será listada no Bovespa
Mais, que é o segmento de acesso
para o mercado de ações. Essa migração foi aprovada pelo Conselho da Administração da companhia, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários. Nesse caso, as ações preferenciais da empresa serão convertidas em ordinárias na proporção de um por um. Além disso, o
estatuto social da companhia será adaptado para atender às exigências do Bovespa Mais.
Para dar prosseguimento a es-
se processo, a empresa convocou para o dia primeiro de junho uma assembleia geral extraordinária (AGE), que irá tratar com os acionistas a migração, conversão das ações e reformulação do estatuto social.
De acordo com a empresa, a entrada nesse segmento e a adoção
de uma nova estrutura de governança corporativa trará benefícios diretos para os acionistas,
“aumentando o potencial de atração de investidores e a liquidez
das ações”, segundo o comunicado. Entre os compromissos que a
empresa assume, está o objetivo
de alcançar e manter um “free
float” (ações em circulação no
mercado) de no mínimo 25%. ■
TWITTADAS
“Não sei, mas se
chegar lá, será uma
oportunidade e tanto!”
Gustavo Cerbasi, @gcerbasi, educador
financeiro, em resposta ao twitter: na sua
opinião a bolsa derreterá até os 40.000?”.
“Algumas empresas
de setores voláteis
parecem indiferentes
ao pânico do mercado.
Um exemplo: #JSHF3
(JBS Holding)”.
Christian Cayre, @chrinvestor,
consultor financeiro
“Preocupado com
bolha imobiliária
no Brasil? Também
já estive. Aí estudei
bolhas imobiliárias dos
últimos 110 anos e relaxei”
Ricardo Amorim, @Ricamconsult,
economista
COPEL
Concórdia muda recomendação dos papéis de “comprar” para “manutenção”
CONCÓRDIA
ACREDITA NO
AUMENTO DA
DEMANDA
DOS CLIENTES
A Concórdia Corretora alterou a
recomendação para as ações da
Copel (CPLE6) de comprar para
manter. A justificativa é que os
papéis já atingiram o preço alvo
de R$ 45,33 — embora ontem
a ação tenha registrado queda
de 3,86%, fechando a R$ 44,27.
Em relatório, os analistas Leonardo
G. Zanfelicio e Karina Freitas
veem perspectivas favoráveis a
companhia, em vista do aumento
da demanda por parte de seus
clientes. “E também pelos elevados
investimentos programados nos
segmentos de geração, transmissão
e distribuição”, explicam no
documento. A empresa de energia
registrou no primeiro trimestre
de 2012 um lucro líquido de
R$ 314,1 milhões e Ebitda de
R$ 585,4 milhões, quedas de,
respectivamente, 17,2% e 0,3% em
relação a igual período do ano
passado. Apesar das quedas, os
analistas da Concórdia classificam
como positivo o resultado, uma vez
que nos primeiros três meses de
2011 a Copel contou com ganhos
não recorrentes referentes à
reversão de provisões tributárias e
também houve a seca na região sul
no início de 2012, que prejudicou as
atividades do segmento de geração
de energia da Copel, o que a
obrigou a reduzir o volume de
produção de energia das
hidrelétricas e a aumentar a
geração das térmicas, que possui
menor valor agregado.
POUCOS NEGÓCIOS
FUNDO DE ÍNDICE
Giro da Usiminas é menor entre ações mais líquidas
ETFtemrecorde
de negócios
Com volume médio de R$ 7,5
milhões por dia, as ações ordinárias da Usiminas (USIM3) lideram o ranking de menor giro financeiro dentre as ações que
compõem o Ibovespa, entre janeiro e abril e de 2012. O motivo para tal desempenho é a
atual estrutura de acionistas.
No final do ano passado, a empresa ítalo-argentina Techint ingressou no capital social da Usiminas e passou a dividir o controle com a japonesa Nippon Steel.
“O núcleo de controle, atualmente com cerca de 63% das
ações ordinárias da Usiminas,
não afetou o free float [quantidade de ações livres para negociação no mercado]”, explica Daniella Maia, analista-chefe da Ativa.
O problema é que o restante —
cerca de 36% — ficou concentrado com dois grandes investidores: CSN (11,66%) e Previ
(10,48%), restringindo a liquidez das ações da Usiminas.
A segunda posição no ranking da baixa liquidez é da Vaguarda Agro, com volume médio de R$ 8,5 milhões.
Os papéis estão majoritariamente concentrados nas mãos
de pessoas físicas, por isso é nor-
mal o baixo volume negociado.
“É uma ação de ticket baixo,
cuja concentração está nas
mãos de pessoas físicas. Com a
bolsa em queda, o papel fica deprimido. Não há muita compra
e venda”, diz Rodolfo Amstalden, da Empiricus Research.
De perfil defensivo, as
ações da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep) ocupam a terceira
posição, com volume médio
de R$ 9,3 milhões até abril. “É
uma empresa, dentro do Ibovespa, que tem menor liquidez, pois atrai investidores de
longo prazo”, afirma Rafael
Andreata, analista de investimentos da Planner.
Segundo Andreata, quem
monta posição nesta empresa
“carrega as ações” por bastante
tempo, tendo em vista o pagamento de dividendos.
Na outra ponta, com os maiores valores negociados, destacam-se as blue chips Vale (VALE5), Petrobras (PETR4) e Itaú
Unibanco (ITUB4), com volume médio diário de R$ 701,90
milhões, R$ 551,5 milhões e
R$ 297,5 milhões, respectivamente. ■ Micheli Rueda
A BM&FBovespa registrou ontem recorde histórico de número de negócios do ETF BOVA11,
fundo de índice que acompanha
o desempenho do Ibovespa: foram 10.154 negócios, em
5.004.510 cotas, totalizando
um giro financeiro de R$ 271,7
milhões. A marca histórica anterior, de 10.001 negócios, foi registrada no pregão de 8 de agosto do ano passado. Em abril, os
12 ETFs negociados na bolsa brasileira totalizaram 73.632 negócios com volume financeiro de
R$ 2,69 bilhões. ■
30 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
MUNDO
Regis Duvignau/AFP
SALÁRIOS REDUZIDOS
“Mãos à obra”, pede Hollande na primeira
reunião do Conselho de Ministros
Na primeira reunião ministerial, ontem, foi anunciada a redução de
30% do salário do presidente francês e dos ministros. O salário do
presidente, que tinha aumentado em 170% em 2007, passando a
¤ 19.000 após a eleição do conservador Nicolas Sarkozy, será de pouco
mais de ¤ 13.000 mensais. A equipe liderada pelo primeiro-ministro,
Jean-Marc Ayrault, é composta de 17 mulheres e 17 homens. AFP
Editor executivo: Gabriel de Sales [email protected]
Extrema-esquerda inclui novos
personagens na tragédia grega
Líder do Syrisa, favorito na próxima eleição, quer romper com a austeridade imposta ao país por União Europeia e FMI
Aris Messinis/AFP
Lefteris Papadimas e Karolina
Tagaris Reuters, Atenas
O líder radical de esquerda grego Alexis Tsipras previu que seu
partido vai vencer com folga a
eleição do próximo mês e se recusou a deixar de exigir o fim
das políticas “bárbaras” de austeridade que, segundo ele, estavam levando a nação à falência.
Tsipras, líder do partido Syriza e estrela ascendente da política grega, prometeu que não iria
ouvir nenhum grupo. “Eles estão tentando aterrorizar as pessoas para fazer o Syriza ceder.
Nós nunca iremos nos comprometer”, disse o líder estudantil,
de 37 anos, a parlamentares de
seu partido, muitas vezes abordando-os como “camaradas”.
Pesquisas realizadas depois
da eleição de 6 de maio sugerem que o Syriza está a caminho de superar os conservadores e se tornar o maior partido
no Parlamento quando os gregos voltarem às urnas no próximo dia 17 de junho.
Enfurecidos com rodadas repetidas de austeridade que cortaram salários e fizeram as taxas
de desemprego saltar, os eleitores têm ignorado os alertas de líderes como o presidente da Comissão Europeia, José Manuel
Barroso, que disse que os gregos devem escolher sabiamente
na eleição para evitar tirar o
país da Zona do Euro.
Tsipras, que encantou os eleitores com sua boa aparência e
promessa de rasgar o acordo de
resgate, enquanto mantém a
Grécia no euro, disse que o hu-
mor dos eleitores não iria mudar e previu que o Syriza terá o
dobro de legisladores.
Pesquisa recente, realizada
pela Pulse para o jornal To Pontiki terça e quarta-feira dessa semana, mostrou o Syriza obtendo 24,5% dos votos na eleição,
colocando-o à frente de todos
os outros partidos. O primeiro
lugar vem com a conquista de
50 assentos extras no Parlamento de 300 vagas, que foram para
os conservadores na última vez.
Um governo de emergência liderado pelo juiz Panayotis Pikramenos, e composto principalmente de acadêmicos, tecnocratas e alguns políticos que comandarão o
país até a eleição do próximo
mês, foi empossado ontem em
uma cerimônia presidida pelo Arcebispo Ieronimos de Atenas. ■
Alexis Tsipras: fim das políticas “bárbaras” de austeridade
Aris Messinis/AFP
CRISE DA DÍVIDA
TOCHA OLÍMPICA A CAMINHO DA INGLATERRA
ELEIÇÃO NOS EUA
UE sugere
austeridade e
crescimento
Aumentam as
contribuições
a Romney
Os dirigentes francês, alemão,
italiano e britânico, assim como
outros da União Europeia (UE),
consideraram que o rigor orçamentário e o crescimento devem caminhar juntos, conforme
afirmado durante videoconferência ontem para preparar o
G8, informaram fontes alemãs.
Desta entrevista se produziu
a necessidade de “um consenso
sólido de que a consolidação orçamentária e o crescimento não
são contrários, mas sim que ambos são necessários” disse um
porta-voz da chancelaria alemã, Steffen Seibert.
Participaram desta videoconferência a chefe de governo alemã, Angela Merkel, o primeiroministro britânico, David Cameron, o presidente francês, François Hollande, o chefe de governo italiano, Mario Monti, assim
como os presidentes da União
Europeia, Herman Van Rompuy,
e da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.” ■ AFP
O pré-candidato republicano à
Presidência dos Estados Unidos
Mitt Romney levantou quase tanto dinheiro quanto o presidente
Barack Obama em abril, com
mais de US$ 40,1 milhões arrecadados, informou, ontem, o comando de sua campanha.As contribuições para a campanha de
Romney no mês passado foram
quase três vezes maiores do que
o valor levantado em março pelo
provável candidato republicano.
O aumento acontece depois que
concorrentes internos no partido
abandonaram a disputa, permitindo ao empresário e ex-governador de Massachusetts se juntar
ao Comitê Nacional Republicano.
Os números foram divulgados um dia após a campanha de
Obama ter anunciado que o Comitê Nacional Democrata arrecadou US$ 43,6 milhões em abril.
Em março, Romney arrecadou US$ 12,6 milhões ante
US$ 53 milhões de Obama. ■
A tocha olímpica, acesa há uma semana em Olímpia, sede dos Jogos Olímpicos na
Antiguidade, na Grécia, foi formalmente entregue, ontem, sob um tempo cinzento
e chuvoso à princesa britânica Anne, filha da rainha Elizabeth e ex-atleta olímpica,
pelo presidente do Comitê Olímpico Helênico, Spyros Capralos. Ela será levada,
hoje, de Atenas a uma base área naval na Inglaterra, antes do início, amanhã do
revezamento, no qual percorrerá toda a Inglaterra durante 70 dias. O presidente
da organização dos Jogos de Londres e bicampeão olímpico nos 1.500 metros,
Sebastian Coe, prestou uma homenagem à Grécia pela hospitalidade e agradeceu os
anfitriões por terem providenciado um “clima britânico” para a cerimônia. AFP
Susan Heavey, Reuters
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico 31
PONTO FINAL
Coreia do Norte retoma construção de reator
A Coreia do Norte retomou a construção de um reator experimental de
água-leve, o que pode lhe garantir uma maior capacidade de produção de
matérias-primas para bombas atômicas, informou ontem o site 38North .
Com base em imagens de satélite feitas em 30 de abril, o site, mantido pelo
Instituto EUA-Coreia da Universidade Johns Hopkins e por Joel Wit,
ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA, informou que as obras
abandonadas em dezembro foram retomadas. Reuters
IDEIAS/DEBATES
[email protected]
Guilherme Abdalla
Rodrigo Sias
Advogado, mestre em filosofia e teoria geral do
direito pela Universidade de São Paulo (USP)
Economista do Instituto de Economia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Nossa presidente seria neofílica?
Entendendo o boom imobiliário 2
Segundo a escritora Winifred Gallagher, em seu recente livro New: understanding our need for novelty and change, a grande maioria de nós é neófila
no ranking pela sede do novo, quer dizer, somos pessoas que gostam de novidades, muito embora não sejamos malucos por elas. Em equilíbrio, estamos sempre alertas ao lançamento de novas tecnologias, por exemplo, mas
preferimos aguardar as opiniões de mercado antes de comprá-las. Temos
uma queda natural por tudo que é diferente, mas temos a serenidade de
ponderar os prós e contras ao mesmo tempo. Nos outros dois extremos, segundo a autora, encontram-se os neófobos e os neofílicos.
Os neófobos são aqueles que evitam a qualquer custo mudanças no dia a
dia, não gostam de encarar inovações no seu modo de viver e preferem fazer
tudo na forma e nos padrões já acomodados em seu organismo, seja físico ou
mental. Beiram o tédio. Por sua vez, os neofílicos são os viciados em novidades, os early adapters, aqueles que, na era das cavernas, eram os primeiros a
desbravar novos territórios quando o estômago roncava. Com uma capacidade maior de adaptação, os neofílicos pouco questionam os perigos do desconhecido na busca por novos prazeres, muito embora tenham a tendência de
perder rapidamente o interesse pela conquista. A neofilia seria assim até
mesmo uma forma de sobrevivência da espécie, pois, sem esses indivíduos,
a vontade de vencer seria sempre derrotada pelo medo de perder.
A caderneta de poupança, tradicional fonte de recursos para financiamento
imobiliário, passou de R$ 2 bilhões para cerca de R$ 80 bilhões de financiamento anual — aumento de 20 vezes em termos reais — e o número de unidades financiadas por ano dentro do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) saltou de 30 mil para quase meio milhão. Mesmo com as recentes mudanças promovidas pelo governo no cálculo da rentabilidade da caderneta, se as taxas de
juros continuarem a cair, viabilizarão ainda mais financiamentos por parte
dos bancos, que já estão crescendo na média de mais de 30% ao ano.
Em 2009, vale lembrar, foi quando o número de unidades financiadas ultrapassou a marca recorde de 300 mil, atingida por meio do extinto Banco Nacional
de Habitação (BNH). Aliado a esse novo panorama, o programa “Minha Casa, Minha Vida” está liberando uma grande demanda reprimida por imóveis da classe
C. Por outro lado, o setor vem passando por diversas mudanças institucionais.
A figura jurídica da alienação fiduciária e a regra do incontroverso (prevista
na Lei do Patrimônio de Afetação), mudanças nas regras da CVM e a isenção de
imposto de renda, possibilitaram a entrada de novos atores no mercado e a viabilização de diversos instrumentos financeiros. Nos últimos anos, a oferta de fundos imobiliários triplicou. As aplicações financeiras em letras de crédito imobiliário (LCI) e em certificados de recebíveis imobiliários (CRI) também deram um
salto juntamente com os fundos de investimento em participações (FIP) voltados para o setor. No total, a captação em 2010 e 2011 desses quatro instrumentos
chegou a mais de R$ 60 bilhões, mais da metade só em 2011, representando menos de 1% do PIB do país. Com isso, a indústria de fundos para o setor alcançou o
estoque de R$ 92 bilhões. Embora os números sejam impressionantes, ainda há
muito espaço para crescer se tomarmos por padrão os países desenvolvidos.
Engrossar a voz quando necessário é algo
essencial aos líderes, isso não é novo. Mas intervir
grosseiramente no mercado também não é novo
O tempo passou e hoje recebo as compras do mês mediante mero click. Não
preciso me pintar para a guerra ou afiar a lança antes da caça. Mas esse sentimento, construído de geração a geração e hoje inerente ao próprio inconsciente
(àqueles que acreditam neste) continua ali, saltando de tempos em tempos, ou a
todo tempo, segundo a segundo, pensamento a pensamento. Se não filtrarmos
as informações recebidas e as expectativas almejadas, controlando nosso espírito por novos estímulos, cheiros, sons, desafios e decisões, corremos o risco de
perder o foco e tropeçar. De errar muito e causar dano. Sinceramente, não sei se
sou neofílico por adorar a surpresa, o cultivo pela curiosidade e a sensação do novo conhecimento. Sofro de uma inquietude por tudo e por todos, que mais me
parece um mal, já que ciente da inexistência de resposta. Mas e nossa presidente,
que lidera um governo em que aparentemente se inovam as formas de relação
com o setor privado e o força, sabe-se lá sob quais corretivos, a baixar na marra
juros bancários e preços de serviços hoteleiros, teria o benefício ser neofílica?
Engrossar a voz quando necessário é algo essencial aos líderes, isso não
é novo. Mas intervir grosseiramente no mercado também não é novo. Eu
não vivi a ditadura, muito menos o totalitarismo, o fascismo ou o comunismo, em suas diversas concepções. Mas os estudei. Muito. Concordo que a
autoridade deve estar sempre presente em cada ato da administração pública brasileira, mas ditar às pessoas o que devem fazer, como se num gueto
estivessem, isso não posso concordar. De outra forma, o estatuto legal conquistado a custo de muito sangue estaria anulado. Isso não é novidade, e
não quero senti-lo em minha pele. ■
A estabilidade fez com que o Brasil se inserisse no
mercado global de imóveis. O país está absorvendo
a liquidez mundial que busca ativos imobiliários
Os anos de estabilidade também fizeram com que o Brasil se inserisse no
mercado global de imóveis. Com isso, o país está absorvendo a enorme liquidez mundial que busca ativos imobiliários. Diversos fundos soberanos e fundos de pensão estão aportando no país. Só em 2011, o setor imobiliário recebeu
quase US$ 4 bilhões de investimentos estrangeiros diretos. Essa mesma liquidez mundial possibilitou a abertura de capitais e emissões de debêntures de diversas construtoras, incorporadoras e empresas de engenharia.
Entre 2004 e 2010, foram captados mais de R$ 25 bilhões, dando fôlego aos
investimentos. Graças às captações no mercado, as maiores incorporadoras
saíram de um patamar de lançamento anual de 5 mil unidades para uma média de mais de 20 mil unidades por ano. A demanda elevada, alimentada por
financiamento crescente, permite o repasse dos custos, que passam a ser refletidos no preço dos imóveis, em especial, nos novos lançamentos.
A inflação oficial, embora em patamar civilizado, chegou a quase 90% no
acumulado dos últimos 10 anos (IPCA). Já o índice nacional de construção civil
(INCC) foi ainda mais alto, chegando a 130%. O mercado de trabalho está pressionado e o aumento dos salários tem compensado boa parte das desonerações
fiscais para materiais de construção. Concluo na semana que vem. ■
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32 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
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ÚLTIMA HORA
Obras públicas terão de prever
passagem de redes de telecomunicações
Ricardo Galuppo
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Publisher
Antonio Cruz/ABr
O governo federal está trabalhando em um decreto para determinar que as obras públicas como estradas, pontes, viadutos e redes
de transmissão de energia tenham
em seus projetos um espaço destinado à passagem de fibras óticas
para redes de telecomunicações,
informou ontem o secretário executivo do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez.
A nova regulamentação está
sendo feita em parceria com o Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel), Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes (Dnit), além das secretarias de Portos e de Aviação Civil. Segundo Alvarez, a regulamentação sobre o compartilhamento
de infraestruturas entre as operadoras de telecomunicações vai
continuar com a Anatel.
Outro tema que está sendo trabalhado pelo Ministério das Comunicações é o da regulamentação
do uso dos postes e da instalação
de antenas de telecomunicações.
De acordo com o secretário, é um
Calendário maluco
Segundo Cezar Alvarez, projetos devem reservar espaço para fibra óptica
acordo mais complexo, que tem
que ser feito com prefeituras e governos estaduais.
De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia Fixa
e de Serviço Móvel Celular e Pessoal
(SindiTelebrasil), existem atualmente mais de 250 leis municipais sobre
o assunto, o que burocratiza a instalação de novas antenas. ■
Nelson Jr./STF
STF deve discutir
mensalão na terça-feira
Ayres Britto quer avançar no debate sobre cronograma
O julgamento do mensalão deve ser tema da reunião administrativa dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), prevista para a próxima terça-feira (22). Segundo o presidente da Corte, ministro Carlos Ayres Britto, a ideia é avançar no debate sobre o cronograma e a
logística iniciado no último dia 9 de maio.
“Avançaríamos alguma coisa em termos de cronograma, de logística, de formatação. Independentemente
do dia que se marcar para julgamento, já teríamos algumas coisas encaminhadas”, afirmou o ministro. Britto
disse que a sessão administrativa ainda não está agendada porque as ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber ainda não confirmaram disponibilidade na data. ■ ABr
Henrique Manreza
Municípios de SP não
têm plano para resíduos
Levantamento divulgado ontem mostra que 61% dos
municípios do estado de São Paulo não têm legislação
específica — ou estão em fase de elaboração — sobre
os resíduos produzidos pela construção civil. A Resolução 448 do Conselho Nacional do Meio Ambiente determina que os municípios e o Distrito Federal (DF)
elaborem os planos de Gestão de Resíduos de Construção Civil até janeiro de 2013, e o coloquem em prática
até seis meses depois. A enquete, feita de junho a
agosto de 2011 pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), colheu dados em 348 (53,9%) dos
645 municípios paulistas. ■ ABr
Resíduos da construção civil ainda não têm destinação
Um detalhe irônico cerca o Campeonato Brasileiro de
Futebol, que começa este fim de semana com 10 partidas entre as 20 maiores equipes do país. O detalhe é o
seguinte: o Brasileirão começa quando os principais
campeonatos europeus chegam a seu final. Antes de
ser considerado um fato normal, isso expõe a falta de
sintonia monstruosa que existe entre o Brasil e os outros países que contam quando o assunto é o esporte
mais popular do planeta. Em resumo, o Brasil dá a largada quando os outros estão cruzando a linha de chegada
— e a culpa por essa situação esdrúxula, conforme se sabe, é das federações estaduais. Estruturas anacrônicas,
com capacidade limitada de ajudar e uma enorme habilidade para atrapalhar o espetáculo, as federações insistem na manutenção dos torneios estaduais. Em sua
maioria, eles são, para os clubes, deficitários e de baixíssima exigência técnica. Para as federações, são a oportunidade de botar a mão em algum dinheiro.
Mesmo o campeonato Paulista, o mais disputado entre os regionais, reúne em seu conjunto equipes de
uma fragilidade técnica impressionante. E, como os
demais, toma pelo menos três meses das equipes —
tempo que poderia ser utilizado pelo próprio campeonato brasileiro, numa estrutura de calendário que não
banalizasse o espetáculo. Hoje em dia, os clubes brasileiros são expostos a um calendário desumano, com jogos nos finais e no meio da semana, expõe o futebol
brasileiro a uma situação ridícula na comparação com
a dos outros países. E, enquanto essa situação for mantida, as equipes do Brasil permanecerão frágeis diante
dos principais adversários internacionais.
O campeonato brasileiro de
futebol dá a largada no momento
em que o dos países europeus
estão cruzando a linha de chegada
É lógico que o ambiente em torno do futebol vem
mudando num ritmo acelerado. A crise financeira que
atinge a Europa fatalmente terá consequências para os
clubes do continente, que são os responsáveis pelas
grandes contratações do futebol mundial. Quando isso
acontecer, acabará a vida fácil dos dirigentes que se limitam a revelar jogadores e repassá-los a clubes do exterior. Nesse cenário, os clubes brasileiros estarão diante de dois caminhos. Ou continuam insistindo nessa tecla, correndo o risco de ficar em situação cada vez mais
delicada, ou profissionalizam suas administrações e
buscam formas de se tornar autossustentáveis. Esse é
um aspecto interessante. O Santos Futebol Clube tem
mostrado, com ações de marketing marcadas pela ousadia, que manter no Brasil jogadores de talento — como
fez com Neymar — pode ser mais rentável do que despachá-los para o exterior na primeira oportunidade.
Empresas de primeira grandeza (como são os casos da
Seara, da Ambev, do Banco BMG e uma série de organizações importantes) estão cada vez mais dispostas a ligar sua imagem à de clubes de futebol — e isso representa mais dinheiro nos cofres dos clubes. Ou seja, o
ambiente é favorável. Mas, se não houver uma inversão rápida na lógica desse esporte no Brasil, os clubes
estarão condenados a viver eternamente à sombra de
uma entidade autocrática e milionária como é a CBF. É
preciso mudar esse cenário. Antes que seja tarde. ■
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Uma competição de
R$ 2 bilhões
Suplemento – Sexta-feira
e fim de semana, 18,
19 e 20 de maio, 2012
Corinthians, o campeão do ranking BRASIL ECONÔMICO
Os craques mais valiosos do país
Executivos escrevem sobre seu time do coração
Quanto custa cada gol marcado no país
Entrevista exclusiva: Felipão fala sobre negócios no futebol
E uma má notícia: endividamento dos clubes vai às alturas
Capa: ilustração Alex Silva, inspirado no cartaz da Fifa (Copa do Mundo de 1950)
ESPECIAL
CAMPEONATO
BRASILEIRO
O Brasileirão de 2012 começa neste
fim de semana com os clubes mais
poderosos do país, cujas receitas
saltaram 33% no ano passado. E mais:
A2 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012
Só 4 entre os 20 da 1ª divisão
gastam menos do que arrecadam
Adriano Vizoni/Folhapress
O levantamento mostra que a qualidade da
administração do futebol precisa melhorar
Ricardo Fernandes
OS CAMPEÕES DE 2011
[email protected]
A princípio, o ano de 2011 deveria ter trazido para a maioria
dos clubes brasileiros uma situação mais folgada do que a de
2010. Afinal de contas, a quebra
do acordo com o Clube dos 13 levou à celebração de contratos
em separado com a TV Globo
(que detém o monopólio das
transmissões) e esse movimento, de um modo geral, levou
mais dinheiro para os cofres das
equipes. O problema é que quase todos se apoiaram nessa folga
para aumentar o endividamento (veja reportagem na pág.4).
Esse é um dos aspectos que chamam atenção neste levantamento do BRASIL ECONÔMICO: de um
modo geral, os clubes brasileiros, na medida em que se tornam mais ricos, não passam a
ser mais bem administrados. Entre as 18 agremiações que divulgaram seus balanços (e a não divulgação do balanço por dois entre os 20 da primeira divisão,
por si só, é um fato alarmante),
apenas quatro (Corinthians, Santos, Vasco da Gama e São Paulo)
Classificação, em pontos
CORINTHIANS
129
CORITIBA
125
SÃO PAULO
FLAMENGO
122
121
NÁUTICO
121
INTERNACIONAL
119
ATLÉTICO-GO
116
VASCO
113
FIGUEIRENSE
111
ATLÉTICO-MG
101
PORTUGUESA
99
SANTOS
98
CRUZEIRO
96
Comemoração corintiana: o campeão brasileiro foi o clube mais bem administrado em 2011
apresentaram superávit. Todos
os demais são deficitários.
Dois aspectos importantes foram destacados pelo administrador Stephen Kanitz, que analisou as tabelas produzidas pela
equipe do Brasil Econômico
com base em critérios que ele
mesmo sugeriu:
90
FLUMINENSE
PALMEIRAS
82
GRÊMIO
81
PONTE PRETA
70
BOTAFOGO
69
0
30
60
90
120
150
Fontes: Balanços dos clubes
e Brasil Econômico
1) Na média, os clubes devem
15% mais do que têm e
2) Os que apresentam patrimônio negativo acumulam um
rombo de R$ 1 bilhão.
Na opinião de Kanitz, os números expressos nos balanços
mostram que os clubes deveriam
ser gerenciados por administradores profissionais e não por torcedores fanáticos. “Fica claro
que nosso futebol também precisa de uma lei de responsabilidade
fiscal”, diz ele. “As dívidas equivalem a três anos de receitas dos
clubes — ou 30 anos de lucros”.
A soma dos critérios de avaliação (veja reportagem na página
ao lado) fez do Corinthians o clube mais bem administrado do
país. Isso se deveu, principalmente, a seu desempenho nas
receitas, que cresceram quase
50% no ano passado e chegaram
perto de R$ 250 milhões. Esse
número colocaria o Corinthians
entre as 800 maiores empresas
do país. É interessante notar
que outros cinco clubes tiveram
um crescimento de receita superior ao do Corinthians. O Figueirense, por exemplo, viu sua receita crescer 141% no ano passado e chegar a R$ 40 milhões. Ou
seja, a diferença é enorme. ■
SP NO TOPO DA TABELA Receita líquida, em R$ milhões
248,99
224,63
189,11
176,84
175,66
146,14
CORINTHIANS SÃO PAULO
SANTOS
FLAMENGO INTERNACIONAL PALMEIRAS
132,54
VASCO
117,86
CRUZEIRO
102,7
GRÊMIO
96,76
77,38
ATLÉTICO-MG FLUMINENSE
62,76
CORITIBA
55,77
BOTAFOGO
40,66
21,23
18,71
FIGUEIRENSE PORTUGUESA
NÁUTICO
16,32
15,29
PONTE PRETA ATLÉTICO-GO
Fontes: Balanços dos clubes e Brasil Econômico
André Mourão/O Dia
“O Botafogo será campeão... se não for rebaixado”
O Botafogo será o campeão brasileiro de 2012. Isto, se não for rebaixado. Só quem não é alvinegro se surpreende com hipóteses
assim tão díspares; conosco é tudo preto ou branco, sem gradações. Ou — conduzidos por nossa
estrela solitária — flutuamos no
céu de todas as glórias ou arrastamos correntes no mais profundo
dos infernos. Há mais de cem
anos desancamos com todas as
probabilidades, gargalhamos de
qualquer prognóstico. No nosso
caso, não dá nem pra consultar
outras estrelas, verificar conjunções de planetas e que tais: não
há horóscopo que dê conta de
três datas de nascimento (a do
clube de regatas, a do de futebol e
a que marca a fusão de ambos —
episódio provocado por uma tragédia, a morte de um jogador, fulminado por um enfarte, em jogo
entre as equipes de basquete dos
dois times quase homônimos).
O clube de futebol não foi
criado por cartolas, mas por
adolescentes que decidiram organizar um time. Somos, portanto, herdeiros de um entusiasmo juvenil, que acredita ser possível concretizar, em cada jogo,
o não perder pra ninguém de
que fala nosso hino. Assim, meninos que somos, reverenciamos nossos ancestrais, tantos
ídolos passados, os heróis de
58, 62 e 70 — ídolos também de
vocês, caras-pálidas. Levamos,
para todos os jogos, faixas com
nomes e rostos de Nilton Santos, Didi, Amarildo, Zagallo,
Jairzinho, Paulo César e, do
maior todos, Mané Garrincha.
No desespero, ao ver um ignominioso lateral ser expulso em
decisão de campeonato, sempre podemos olhar para o lado e
buscar, nas glórias pretéritas,
estímulo para o dia seguinte.
Em 1989, depois de 20 anos
sem vencer um reles campeonato
estadual, conquistamos o título
sobre aquele time da Gávea, que
então ostentava estrelas como Zico, Bebeto, Jorginho, Leonardo e
Zinho. Não foram páreo para Gottardo, Josimar, Mazolinha, Paulinho Criciúma e Maurício. Gostamos do imponderável, do imprevisível, para o bem ou para o mal.
Às vésperas de mais um Brasileirão tenho apenas a certeza de que
sofrerei mais do que ministro da
Dilma em reunião de balanço de
governo. Mas não há outro jeito como diz uma música cantada pe-
Fernando Molica
Colunista do jornal O Dia e escritor
la torcida, não escolhi ser Botafogo, fui escolhido. Escolhido pelo
time do louco Heleno e do torto
Garrincha. Vocês aí que se cuidem, o Botafogo será campeão. ■
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A3
Rodrigo Capote
Douglas Aby Saber/O Dia
O amor pelo
Corinthians
mesmo nos
tempos da fila
Jogadores do Coritiba: bom desempenho financeiro confirma ascensão técnica da equipe
Nove critérios para definir
quem é quem no ranking
nanceira e dois de natureza técnica. São eles: ativo total, endividamento geral (que é, em linguagem contábil, a relação entre o passivo circulante, somado ao não circulante — recursos
de terceiros — e o ativo total) patrimônio líquido, superávit ou
déficit do futebol, custo do futebol, custo por gol e custo por vitória.Isso porque, para o objetivo a que se propõe este levantamento, o mais importante é analisar a qualidade da administração do futebol - uma vez que o
melhor indicador de desempenho técnico é a própria tabela
do campeonato. Este ano, porém, há uma coincidência feliz:
o clube de melhor desempenho
Pedro Silva
[email protected]
Notas de 3 a 20 apontam
o clube mais bem
administrado do Brasil
Os critérios que determinam a
classificação dos clubes que disputam a Primeira Divisão do
Campeonato Brasileiro levam
em conta o desempenho financeiro expresso no balanço de cada agremiação e alguns indicadores técnicos que permitem verificar a capacidade do clube
em transformar seus recursos financeiros em gols e vitórias. Ao
todo, são nove critérios - sendo
sete de natureza puramente fi-
financeiro em 2011, o Corinthians, foi o time que levantou a
taça do campeonato.
A pontuação é obtida atribuindo-se notas que variam de 3 a 20
pontos a cada um dos 18 clubes
que apresentaram seus levantamentos financeiros até a data do
fechamento desta edição (entre
os 20 que disputam a primeira divisão, o Esporte Clube Bahia e o
Sport Club Recife não publicaram os demonstrativos financeiros). O primeiro colocado em cada categoria recebeu 20 pontos,
o segundo 19 e assim por diante
até o último lugar, que recebeu 3
pontos. A classificação dos clubes está expressa na tabela publicada nesta página. ■
PEDRO SILVA
ALEX SILVA
Rigor com os números
Paixão pelo bom futebol
O economista Pedro
Silva, responsável pela
elaboração dos gráficos e
tabelas publicados neste
jornal, fez, pelo segundo
ano consecutivo, o
processamento dos dados
financeiros dos clubes da
primeira divisão. Por uma
coincidência ele viu, seu
Corinthians somar ao título de campeão brasileiro
de 2011 o de clube mais bem administrado no Brasil.
Alex Silva é o chefe
da Infografia do
BRASIL ECONÔMICO e foi o
responsável pelas ilustrações
desta edição. Foi dele a ideia
de buscar no cartaz oficial
da Copa do Mundo de 1950,
disputada no Brasil, a
inspiração para a capa deste
caderno. Santista, Alex é um
apaixonado pelo futebol e tem entre suas relíquias
uma camisa autografada pelo craque Neymar.
A FORÇA CATARINENSE
Escrever sobre o Corinthians soa
no mínimo estranho. Normalmente não se escreve sobre time
de futebol. Normalmente você
Luiz Aubert Neto
torce, vibra, se emociona. EscreÉ corintiano, empresário,
ver é uma experiência inusitada,
engenheiro e presidente da
Abimaq — Associação Brasileira
mas interessante... Eu já nasci coda Indústria de Máquinas
rintiano. Acredito mesmo que
e Equipamentos
era corintiano desde a gestação.
Meu pai, minha mãe, meus
avós paternos e maternos eram
e são corintianos. Nasci na Zocomo aquela fatídica final pelo
na Leste, Hospital do Braz. Despaulista em 1974, em que eu e os
tino, pois é a região onde há a
meus amigos levantamos ás 7h da
maior concentração de corintiamanhã. Minha mãe deixou prepanos por metro quadrado. Tudo
rado um saco de pão Pulmman
me levou a essa grande paixão.
com queijo e presunto e lá fomos
Lembro-me quando meu pai
nós, de ônibus, precisávamos peme trouxe a carteirinha de sógar dois, do Tatuapé para o Mocio do Corinthians número
rumbi. O clima era de festa, só ha107.127, foi uma das melhores
via corintiano, e no final mais um
sensações de alegria e felicidaano de fila. Em 1976, na semifinal
de da minha vida.
com o Fluminense no Rio, meu
Aprendi a nadar nas piscinas
pai não me deixou ir, pois no dia
do Corinthians e foi lá que aprendo jogo tinha vestibular!!! Acho
di a jogar boliche. Lembro-me
que nunca fiquei tão chateado coque pegava o ônibus (Gomes Garmo naquele dia, uma invasão hisdim), descia na Avenida Celso
tórica de corintianos no Rio e eu
Garcia, 2.000 e depois andava a
ausente! Assisti pela televisão,
Rua São Jorge inteira a pé. Passaem casa ainda em preto e branco.
va a tarde toda no
Ganhamos aquele
clube. Sempre ia
jogo, mas na final
até a Fazendinha “Em 76 contra o
perdemos para o
(que tinha acesso Flu no Rio, meu
Internacional.
pelo clube), ver
Mas em 1977, eu
pai não me deixou estava
as feras do Timão
lá!!! Foram
treinar. Me lem- ir, pois era dia
três jogos contra a
bro da barraca de de vestibular”
Ponte Preta, eu escachorro quente,
tava fazendo cursido ginásio de esnho (não adiantou
porte e etc... Que vidão!
muito eu ter ficado aqui em
Meu pai, corintiano fanático
1976...rs). No primeiro jogo fui eu
também, sempre que possível lee mais três amigos no jipe do provava meu irmão e eu aos jogos do
fessor de geografia, e na final tamTimão. Me recordo de alguns em
bém estava lá para acabar de vez
especial: No Pacaembu num jogo
com a fila de 23 anos. Finalmencontra o Cruzeiro quando o Ditão
te, com 18 anos, via um título do
(beque central) deu uma bica e a
meu timão!! Quanto bulling futebola atingiu o olho do mestre Tosbolístico até então!!!
tão, e fez com que ele mais tarde
Hoje essa alegria de ser corinparasse de jogar por causa desse
tiano continua, minha esposa e
acidente. O jogo no Rio contra o
filhos, são todos corintianos e,
Botafogo, ocasião em que ficapara sorte deles, já nasceram
mos hospedados no mesmo hotel
vendo o Corinthians campeão
que o Santos, e meu pai nos “obribrasileiro pela primeira vez em
gou” a tirar uma foto histórica
1990, depois o mundial em 2000
com o Pelé, Coutinho e Pepe. Na
e mais tantos títulos...
hora da foto, eu do meus altos 12
A paixão continua e cada vez
anos, olhei para o “Rei” e disse:
mais forte e, com certeza, estare“Eu tiro a foto com você, mas vou
mos na abertura da Copa no estáavisando, sou corintiano!!”
dio do Timão, mais um sonho
A esperança e a paixão nunca
realizado, desde as promessas
diminuíram, apesar das derrotas
do saudoso Vicente Matheus. ■
Crescimento da receita líquida, em %
141,09
114,89
64,69
62,32
62,32
49,79
42,72
27,42
24,16
22,65
15,37
14,01
13,25
8,16
4,33
-0,48
FIGUEIRENSE
CORITIBA
NÁUTICO
Fontes: Balanços dos clubes e Brasil Econômico
VASCO
SANTOS
CORINTHIANS
FLAMENGO
CRUZEIRO INTERNACIONAL PALMEIRAS
SÃO PAULO
PORTUGUESA
BOTAFOGO
ATLÉTICO-MG FLUMINENSE
GRÊMIO
-14,39
PONTE PRETA
A4 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012
Endividamento dos clubes
aumenta mesmo com receita maior
Dos 18 times analisados, 11 apresentaram aumento no nível de endividamento entre 2011 e 2012.
Em pior situação está a Ponte Preta, de Campinas (SP), com avanço de 53,09 pontos percentuais no indicador
Giulia Camillo
[email protected]
A maior parte dos clubes que disputarão a série A do Brasileirão
2012 registrou aumento do endividamento no ano passado, incluindo grandes times, como São
Paulo e Corinthians. Esta é a conclusão de um levantamento feito
pelo Brasil Econômico a partir
do balanço financeiro de 18 das
20 equipes que participarão do
campeonato. As outras duas —
Sport e Bahia — não divulgaram
seus resultados anuais.
De todas as equipes, 11 apresentaram elevação no endividamento geral em relação aos ativos líquidos. O maior aumento foi verificado pela Ponte Preta: 53,09
pontos percentuais, para 335%.
Com essa proporção, a macaca
também lidera o ranking de endividamento, seguida pelo Botafogo (254,40%) e pelo Vasco
(209,36%). Contudo, esses dois
clubes fazem parte da curta lista
de equipes que conseguiu reduzir
DEVO, NÃO NEGO
Entre os grandes
times paulistas,
o Santos teve pior
desempenho, com a
relação dívida sobre
ativos de 164,92%
o endividamento entre 2011 e
2010, com quedas de 183,35 e
9,33 pontos percentuais, respectivamente. Na outra ponta, estão o
Atlético de Goiás e o Náutico,
cujas dívidas representam 34% e
36% do total de ativos líquidos.
Dentre os grandes paulistas, o
Santos teve o maior nível de endividamento, com 164,92%, mesmo com a redução de 21 pontos
percentuais. Por outro lado, São
Paulo e Corinthians, aumentaram
a taxa, embora permaneçam com
dívidas menores em relação aos
seus ativos, de 54,68% e 91,09%.
O panorama mostra problemas na gestão dos grandes clubes nacionais. Outro exemplo
disso é o resultado em futebol,
com 14 dos 18 times registrando
déficit. Os únicos que escapam
dessa lista e apresentam superávit são o Corinthians (R$ 16,64
milhões), o Santos (R$ 7,39 milhões), o Vasco (R$ 3,42 milhões)
e o São Paulo (R$ 220 mil).
Para o economista e fundador
da Pluri Consultoria, Fernando
Pinto Ferreira, alguns clubes estão com a situação bastante grave. “A preocupação é menos com
tamanho da dívida e mais com a
trajetória que os clubes deram para o caixa. Esses que estão com situação ruim tiveram oportunidade e saíram gastando acima das
receitas”, explica Ferreira.
Também segundo a consultoria BDO Brazil, o endividamento
dos clubes de elite brasileiros está em um nível preocupante. Este é um dos problemas que devem ser o foco das gestões dos times neste ano, já que gera despesas financeiras pesadas e compromete as receitas. “Os dados financeiros dos clubes indicam
que seria um excelente momento para que as entidades que se
beneficiam dos novos recursos
gerados, também buscassem
uma redução de seus déficits e
grau de endividamento”, diz
Amir Somoggi, diretor da área
de esportes da BDO.”
A consultoria parte da informação de que, em termos de receita,
o conjunto dos 18 clubes que divulgaram seus dados somou R$
1,9 bilhão. Quase todos os times
elevaram suas receitas, à exceção
de Grêmio e Ponte Preta, com
quedas de 0,48% e 14,39%, respectivamente. De acordo com Ferreira, esse aumento deve-se aos
direitos de transmissão de TV,
além da bilheteria e dos patrocínios. E é um indicativo de que os
clubes do Brasil podem se tornar
internacionalizados no futuro.
Um objetivo que será acelerado
pela Copa do Mundo de 2014.
“O que percebemos é que, já
desde o ano passado, essa evolução na receita vem causando uma
mudança de patamar estrutural
no futebol brasileiro. Está vindo
de fora para dentro do campo,
acompanhando a melhora da economia brasileira. Ou seja, agora os
clubes têm poder de fogo para
manter jogadores como Neymar,
Leandro Damião e Dedé”, explica
o economista Ferreira. Segundo
ele, o futebol brasileiro tem um papel crescente no cenário mundial. “A seleção brasileira sempre
foi temida, mas os clubes brasileiros sempre foram vira-latas. Isso
está mudando”, completa.
Quem pensaria, há cinco anos,
que o quarto jogador mais valioso
do mundo continuaria jogando
no país? No futebol moderno, o
Brasil não teve isso; os melhores
eram rapidamente vendidos. Agora, o Neymar continua no Santos
para provar essa evolução. E não
apenas ele: boa parte dos jogadores convocados para a seleção neste ano atua em clubes nacionais.
A questão agora é conseguir manter essa evolução e reverter isso
para uma maior profissionalização da gestão no esporte.
Endividamento geral, em % dos ativos
335,07
254,40
209,36
164,92
33,55
ATLÉTICO-GO
35,74
41,83
54,68
57,42
73,32
NÁUTICO INTERNACIONAL SÃO PAULO ATLÉTICO-MG CORITIBA
85,04
91,09
97,54
99,50
FLAMENGO CORINTHIANS FIGUEIRENSE CRUZEIRO
99,59
GRÊMIO
100,51
119,21
123,06
PORTUGUESA FLUMINENSE PALMEIRAS
SANTOS
VASCO
BOTAFOGO PONTE PRETA
Fontes: Balanços dos clubes e Brasil Econômico
Murillo Constantino
Para 2012, Cruzeiro promete uma reviravolta celeste
Sou cruzeirense de Sabinópolis, cidade do Vale do Rio Doce,
em Minas. Assim como a Raposa, que nasceu Palestra Itália
nas mãos dos imigrantes, também tenho parentes italianos,
da região da Emilia — Romagna. E, assim como todos os cruzeirenses do Brasil — inclusive
o presidente do clube, Gilvan
Tavares, que também é de Sabinópolis — neste momento torço por uma reviravolta do time
no Brasileirão deste ano.
A atual fase cruzeirense dá
ainda mais saudade de outros
tempos, de quando vestiam a
azul celeste jogadores como Tostão, Dirceu Lopes e Raul Plassmann. Ou até dos mais recentes
Joãozinho, Sorín e Alex. Nunca
sairão da memória o título brasi-
leiro de 2003 e o bicampeonato
da Libertadores, em 1976 e 1997.
2012, é verdade, não tem sido
bom para o Cruzeiro até agora.
Não chegamos sequer à final do
Mineiro e ainda vimos o Atlético
levar o merecido título. Diferentemente do ano passado, quando ganhamos o estadual sem sustos. Para completar, fomos eliminados em casa na Copa do Brasil, nas oitavas de final. Só restou o Brasileirão mesmo.
Discordo de quem aposta que
o Cruzeiro vai repetir o enredo
de 2011, quando lutou o campeonato inteiro para não cair. Esse
grupo vem cheio de vontade de
vencer e com um técnico novo e
experiente — o Celso Roth. Dependemos muito de Montillo, é
verdade. Se o argentino se acer-
tar no meio-campo com Roger e
Souza, temos chances de surpreender. Outra promessa é a volta de Wallyson, que se recuperou
de lesão e pode resgatar o bom futebol no ataque. É um time que
pode dar caldo, mas precisa de reforços e mais organização.
Às vésperas do último Brasileirão antes da Copa das Confederações, também sou otimista
quanto ao crescimento do futebol brasileiro como negócio. Estamos no caminho certo. Afinal, corremos atrás do tempo
perdido, tentando criar formas
de não perder os nossos craques
tão rapidamente para o futebol
europeu. É um motivo nobre.
Pensar nesse sentido — do futebol como um negócio —, não
deve prejudicar a nossa identi-
dade, a ideia do futebol arte. Pelo contrário. O desenvolvimento, a transparência dos balanços, a busca por novas receitas e
a constante profissionalização
dos clubes podem, sim, favorecer a ousadia e a alegria que
sempre marcaram a nossa relação com a bola e os gramados.
Condições como as criadas
para segurar craques no País (casos como o de Neymar e Ganso,
por exemplo) são bem-vindas.
Quem dera meu Cruzeiro tivesse tido as mesmas condições
num já distante 1994 — quando
um jovem dentuço deu seu
adeus precoce aos domingos de
Mineirão. Foi embora logo cedo
de Belo Horizonte para ser Fenômeno em pouco tempo, lá fora.
Mesmo sem fenômenos no
Líbano Barroso
É cruzeirense e economista
presente, espero que o Cruzeiro
possa surpreender e pelo menos
brigar para ser campeão pela terceira vez. Afinal, já são quase 10
anos passados desde a última
conquista nacional, e aquele era
só o primeiro Campeonato Brasileiro de pontos corridos. ■
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A5
Antonio Milena
Márcio Mercante/Ag. O Dia
Ponte Preta,
sim senhor!
Adriano, ex-jogador do Corinthians, entrou com processo e pede indenização do clube
Salários e processos
pioram situação
Dívidas fiscais também são outro ponto ruim nos balanços dos clubes
O aumento do endividamento
dos clubes brasileiros é uma
consequência inevitável de
um problema maior que está
na gestão dos clubes. Esta é a
conclusão dos especialistas
que apontam a necessidade de
profissionalização da administração das equipes brasileiras
para acompanhar o crescimento da receita, melhorando a
qualidade dos gastos.
“O nível de movimentação
financeira mudou, mas o modelo de gestão continua sendo
o mesmo de 40 anos atrás —
político e amador”, critica Ricardo Hinrichsen, diretor de
consultoria da Brunoro Sport
Business (BSB). Segundo ele,
normalmente não existe muita
preocupação da administração
dos clubes em relação às dívidas que podem ser criadas para o futuro. “É a famosa história de vender o jantar para
comprar o almoço”, explica.
Hinrichsen afirma que os
processos trabalhistas representam um peso importante
no endividamento dos clubes
— e eles não são poucos. Recentemente houve o caso amplamente divulgado do Adriano, que entrou no Tribunal
Regional do Trabalho de São
Paulo contra o Corinthians
buscando reverter a demissão
por justa causa.
O contrato do jogador previa
que, em caso de rescisão, o clube deveria pagar o valor integral dos salários restantes até o
final do vínculo, em 30 de junho. Com a justa causa, a quantia (em torno de R$ 1,8 milhão), não teria que ser desembolsada. De acordo como advogado do jogador, Paulo Luciano
de Andrade Minto, da Andrade
Minto Advogados, o processo
já foi distribuído e a audiência
está marcada para 1º de junho.
Para o diretor da BSB, a
quantidade de processos judiciais deve-se ainda à postura
da gestão: “é claro que tem exceções, mas a maioria dos clubes ainda tem uma administração irresponsável em relação à
questão trabalhista”.
Por outro lado, o problema
dos funcionários também está
no crescimento da folha salarial, já que houve uma evolução
importante nos salários dos jogadores dos clubes nacionais.
De acordo com Eduardo Carlezzo, advogado especialista em
direito esportivo, clubes como
Internacional, Corinthians, São
Paulo e Flamengo comprometem de R$ 5 milhões a R$ 8 milhões de suas receitas em salários. “Os clubes já pagam salários equivalentes a equipes europeias”, comenta o advogado.
Em relação a isso, ele não vê
possibilidade de melhora e indica que até existe uma tendência
de que os clubes continuem a
elevar esses gastos.
Porém, não é apenas a questão trabalhista que pesa. Outro ponto bastante importante
é a dívida fiscal. Em tese, a
criação da loteria diária Timemania deveria equalizar essas
dívidas, já que em troca do
uso de suas marcas, os clubes
recebem 22% da arrecadação
da loteria, a serem destinados
à quitação das dívidas com o
governo federal em FGTS,
INSS e Receita Federal. Porém, suas receitas não foram
suficientes para cumprir o objetivo. Agora, a solução para
esse passivo volta a entrar em
discussão. “A questão está na
agenda do governo federal e já
houve algumas audiências públicas para discutir isso”, diz
Carlezzo. Mas não há medidas
concretas ainda. ■ G.C.
Sou mineiro de Ponte Nova, zona da mata, que na minha infância, sofria enorme influência do
Rio de Janeiro. Em casa, só se
ouvia Radio Nacional, de muitas novelas, de Seu Criado Obrigado. E, claro, futebol era Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo e outros menos votados.
Meu avô chegou a jogar nos aspirantes do Flamengo, lá pelos
anos 20, era até sócio remido.
Meu pai, genro dele, também
era Flamengo. Por isso, até os 12
anos, quando nos mudamos para Campinas, eu era Flamengo e
não abria. Mas, na nova cidade,
conheci a Ponte Preta e seu figadal adversário, o Guarani.
Quem torce para o Flamengo
nunca torceria pelo Guarani,
que poderia ter a simpatia, no
máximo, de um ex-torcedor do
Fluminense. Pó de arroz por pó
de arroz... Pois bem, assisti muitos jogos no Moisés Lucarelli
(não, nunca fui ao Brinco de Ouro, do Guarani, porque nos compromete — onde já se viu um estádio chamado Brinco de Ouro?
Só, mesmo, para torcedores do
Guarani, se vocês me entendem). Alguns amigos meus foram até presidentes da Ponte, time do povo, de garra, de lançar
muitos jogadores que se tornaram grandes astros em times da
Capital (embora outros amigos,
também tenham sido presidentes do Guarani). Quem não se
lembra de Dicá, grande batedor
de falta, espetacular armador,
capaz de passes maravilhosos?
Mas há essa diferença, enorme, entre um time do Interior e
um da Capital. Parece que este
tem mais atenções, recebe mais
cobertura da Imprensa (natural, até, porque os grandes jornais e televisões estão na Capital). Única exceção, o Santos,
talvez porque não seja do Interior... Diferença que, por mais
que meus amigos jornalistas esportivos garantam que não, praticamente impede que um time
do Interior seja campeão — Paulista, Brasileiro ou qualquer outro. Aconteceu uma ou duas vezes? Mero acidente...
Pontepretano que se preze
nunca se esquecerá, por exemplo, da final do campeonato de
1977, contra o Corinthians. Escândalo maior não se vira antes e não se viu depois. A cena
Miguel Jorge
Pontepretano e ministro
do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior
do governo Lula (2007/2010)
do Ruy Rei esperneando, gritando, xingando, sem mais
nem menos, querendo, pedindo para ser expulso, foi dantesca. Claro, ele foi expulso, a
Ponte se perdeu e perdeu o jogo — já tinham me avisado que
aconteceriam coisas estranhas
naquela final e não deu outra.
Afinal, há 23 anos o Corinthians não ganhava o campeonato paulista. Ganhou, em cima da Ponte, num espetáculo
vergonhoso de como tirar o título de um time do interior.
Pontepretano que se preze
nunca esquecerá esse jogo fatídico e esse ano fatídico.
Nem se diga que o que impediu que já tenhamos sido campeão é o sapo que teria sido enterrado no gramado do Moisés
Lucarelli e que “seca” a Ponte.
Não, os sapos são outros e não
estão enterrados. Antes que algum leitor desavisado estranhe
porque, às vezes, circula a informação de que sou rubronegro,
um esclarecimento: continuo
Flamengo, mas também sou
Ponte. Tenho sido, todos esses
anos, mesmo depois de ter saído de Campinas e vindo para
São Paulo, há tanto tempo.
Tenho torcido muito para a
Ponte, o tempo todo, mesmo sabendo que essa torcida é de fé,
porque é difícil esperar que o time possa ser campeão dentro
dessa estrutura complicada do futebol brasileiro. Torci demais no
jogo contra o Corinthians, agora,
que ganhamos no campo, sem
sombra de dúvidas. Torci muito
contra o Guarani, jogo que perdemos, porque nosso time estava irreconhecível. Torci muito contra o São Paulo, jogo que ganhamos. E continuarei a torcer para
a Ponte, embora já me considere
muito velho para esperar ver nosso time campeão. ■
NA MARCA DO PÊNALTI Custo dos clubes com o futebol, em % da receita líquida
76,38
79,14
79,27
80,10
80,11
CORITIBA
SANTOS
81,55
81,75
81,87
82,97
84,06
88,09
88,86
CRUZEIRO
FIGUEIRENSE
NÁUTICO
93,74
93,97
94,37
106,92
121,64
59,26
VASCO
ATLÉTICO-GO SÃO PAULO CORINTHIANS
Fontes: Balanços dos clubes e Brasil Econômico
FLAMENGO INTERNACIONAL PALMEIRAS FLUMINENSE
GRÊMIO
PORTUGUESA ATLÉTICO-MG BOTAFOGO PONTE PRETA
A6 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012
O que aconteceria se o Santos voltasse
a campo para enfrentar o Barcelona?
Com o atual calendário, sistema de arbitragem e modelo de organização, é muito difícil para
algum clube brasileiro derrotar qualquer um dos grandes europeus no Mundial Interclubes
Kazuhiro Nogi/AFP
das decisões e das cotas de patrocínio na CBF, o que se viu no Brasil foi
uma concentração exagerada não
apenas de recursos mas também
de poder nas mãos da entidade central. Some-se a isso o peso exagerado que a emissora que detém dos direitos de transmissão dos jogos tem
de interferir no futebol. A TV Globo pode, por exemplo, escolher
qual o clube vai receber mais e qual
receberá a menor parte das cotas
de transmissão. Até aí, tudo bem:
como dona do espetáculo, a TV Globo tem todo o direito de definir o
quanto pagará a cada artista. O que
ela não pode é impedir que os clubes busquem canais alternativos de
transmissão de jogos — como acontece nos outros países.
Ricardo Galuppo
[email protected]
Sejamos sinceros: se o Santos, o melhor e mais bem treinado time do
país, voltasse a campo hoje para enfrentar o Barcelona, qual seria o resultado da partida? Deixaria o campo
com a vitória ou levaria um passeio
igual ao do dia 18 de dezembro passado, quando foi goleado por 4 a 0?
Que me desculpem os que acreditam na primeira hipótese. Por melhor que seja o momento do Santos e
por mais brilhante que seja a fase de
Neymar, a chance de um novo vexame é enorme. E será assim enquanto
o Brasil continuar a acreditar que o
talento dos jogadores resolve qualquer parada. No futebol de hoje, ter
craques é a consequência de uma
boa organização e não a garantia de
um bom resultado. “Ficamos parados nessa história da qualidade do jogador brasileiro enquanto a Europa
evoluiu tecnicamente”, diz o ex-zagueiro Roque Júnior, pentacampeão
mundial com a Seleção Brasileira em
2002. Está coberto de razão.
Roque Júnior não é inimigo do talento. Pelo contrário. Talento é bom,
a torcida gosta e já deu muitos títulos
ao Brasil. Só que já não é mais suficiente para garantir títulos e muito menos
para elevar o futebol à condição negócio sustentável - e é essa condição
que permite a clubes como Real Madrid e Barcelona sempre terem times
competitivos. E nem mesmo o Santos
- um exemplo de gestão inovadora
no futebol brasileiro — tem condição
de alcançar a prosperidade duradoura num ambiente como o do futebol
brasileiro. Em sua carta de renúncia à
presidência da CBF, Ricardo Teixeira
disse uma frase que nos obriga à reflexão. “Futebol em nosso país é sempre
automaticamente associado a duas
imagens: talento e desorganização.
Quando ganhamos, despertou o talento. Quando perdemos, imperou a desorganização”. Ao contrário do que
se diziam os inimigos de Teixeira, o futebol brasileiro não é desorganizado.
O sistema de competição do principal
campeonato não muda há nove anos.
O calendário existe e é cumprido. A
seleção é convocada com a mesma regularidade da dos demais países. E
por aí afora vai. O problema é que o
modelo de organização é equivocado
e não permite a expansão do “negócio” futebol. Enquanto a linha atual
for mantida, será cada vez mais difícil
para o Santos ou qualquer outro clube
ser tão poderoso quanto o Barcelona.
Calendário louco
Um dos fatores menos considerados na goleada que o Santos sofreu
no Barcelona foi o momento em
que cada um dos dois se encontrava
no dia 18 de dezembro do ano passado. Enquanto o Barcelona estava
em pleno vigor de meio da temporada, o Santos estava no final de uma
jornada ingrata, em que havia disputado o Campeonato Paulista, a Libertadores e o Campeonato Brasileiro. O Barcelona esbanjou preparo
diante de um adversário que já estava no limite da capacidade física. Será assim enquanto o Brasil insistir
em um calendário que não existe
em nenhuma parte do mundo.
Os homens do apito
Nos países que ditam o tom do futebol mundial (Inglaterra, Espanha,
Itália e Alemanha) seria inimaginável um cenário de clubes fragilizados diante de federações sólidas e poderosas. Pois é exatamente essa a situação do Brasil. Nos últimos anos,
houve uma centralização excessiva
Infografia: Alex Silva
Clubes e federação
Finalmente, existe o velho tema
da arbitragem. Aqui, os juízes truncam o jogo a todo instante - enquanto na Europa, apenas aquelas
jogadas mais violentas são punidas
com a cobrança de falta. O mesmo
vale para o número de cartões distribuídos e para a postura arrogante dos árbitros que fazem questão
de mostrar autoridade mesmo
quando estão redondamente enganados. Em muitos casos, e com a
conivência de “comentaristas” para quem o árbitro sempre tem razão, o “estilo” do árbitro é mais importante do que a regra do jogo. A
arbitragem, com certeza, é um dos
maiores problemas do nosso futebol. Por trás de sua arrogância,
eles estão cansados de privilegiar
uns e prejudicar outros. José Roberto Wright, Carlos Eugênio Simon e Márcio Rezende de Freitas
são nomes que falam por si...
É lógico que há mais explicações do que essas. Também é lógico que um clube brasileiro pode,
sim, vencer o próximo mundial
interclubes e que, se isso acontecer, será muito bom para o orgulho nacional. Se isso acontecer,
nas circunstâncias atuais, será a
exceção que confirmará a regra:
mesmo tendo os melhores jogadores deixamos de ser favoritos. ■
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A7
A8 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012
Receitas multiplicam após adoção
dos pontos corridos no Brasileirão
Aumento das cotas de televisão e patrocínio eleva faturamento dos clubes e garante a permanência de
estrelas no futebol nacional. Entre 2007 e 2011, a arrecadação das agremiações mais que dobrou
Gustavo Machado
[email protected]
Em sua décima edição, o Campeonato Brasileiro — realizado
sob o regulamento dos pontos
corridos — consolida-se como
uma das maiores competições
do esporte no mundo. Somados, os vinte clubes da primeira
divisão movimentarão, neste
ano, um volume financeiro digno das ligas europeias. Com o
aumento vertiginoso das cotas
de patrocínio e direitos de transmissão, as receitas dos principais times tupiniquins superarão a marca de R$ 2 bilhões.
Apenas com os pagamentos
da televisão, R$ 500 milhões
serão adicionados aos cofres
dos clubes da Série A quando
comparado ao torneio de
2011. Entre os maiores clientes da telinha, estão também
as maiores torcidas: Clube de
Regatas do Flamengo, Sport
Club Corinthians Paulista e
São Paulo Futebol Clube. O valor arrecadado com direitos
de transmissão por estes clubes mais que dobrará em relação ao ano anterior.
O divisor de águas no esporte
foi a adoção dos pontos corridos como fórmula de disputa,
que elevou o volume de receitas. Em 2002, nenhum clube
O divisor de
águas no futebol
foi a adoção dos
pontos corridos
como forma
de disputa, que
alavancou as
receitas dos clubes
brasileiro detinha um faturamento superior a R$ 80 milhões, somente aproximado pelo São Paulo, que fechou aquele
ano com prejuízo de R$ 13 milhões. Dez anos depois, somente a conta da TV representa
mais do que este valor para alguns clubes (veja quadro ao lado). Agora, os valores se aproximam dos campeonatos espanhol, alemão e francês.
Segundo Robert Alvarez,
pesquisador do Núcleo de Pesquisa do Negócio do Esporte,
da ESPM, a forma de disputa
atual foi um dos motivos que
impulsionaram as receitas das
agremiações. “Houve uma valorização do produto. Um salto na qualidade que aumentou
o interesse dos consumidores”, avalia.
Outro aspecto que tem alavancado as receitas é a manutenção de jogadores considerados estrelas no país. “Quanto mais estrelas melhor”, afirma o diretor do Wolff Sports,
Fábio Wolff. “As cotas de patrocínio mudaram com a volta do Ronaldo. Muitos clubes
copiaram a experiência corintiana e bancam muitas estrelas com a participação dos patrocinadores”, diz.
Os casos de Lucas e Luís Fabiano, ambos do São Paulo, e
de Ganso e Neymar, do Santos, evidenciam o aumento de
qualidade do campeonato, diz
Wolff. ■
Henrique Manreza
Para o Bahia, a luta é sempre de um guerreiro
Somos muitos personagens durante a nossa existência, pai, filho,
executivo, atleta, amante e também torcedor. De todos , talvez seja no torcedor onde a razão tem
menos espaço. Torcer é pura emoção. Desde o primeiro momento ,
quando bem pequenos, fazemos a
nossa escolha e seguimos fiéis a
ela até a morte. Uma fidelidade
única que nenhuma outra relação
consegue se aproximar. Um nirvana para os marketeiros. Já pensou
em criar um produto onde o seu
consumidor escolhe uma única
vez ; geralmente antes dos 10 anos
de idade, e não muda mais?
Mas o Bahia, o meu time do coração, é especial; como não poderia deixar de ser. Lembro nitidamente do momento em que fiz a
minha opção. Dois torcedores queridos buscavam conquistar um novo seguidor. De um lado o irmão
mais velho, torcedor fanático que,
até hoje, aos 50 anos, afirma que
não há time melhor que o Bahia.
Se perdemos algumas, foi porque
o juiz interferiu no resultado. Do
outro lado um tio gozador, que
não perdia a oportunidade de tripudiar toda vez que o Vitória levava a
melhor. Fui conquistado pelo coração do meu irmão e pelos anos seguidos de vitórias em cima do nosso arquirrival; o vice-tória ou vitorinha, como é carinhosamente tratado pela multidão tricolor.
Foram muitos anos de alegrias,
mas o ápice se deu em 1988 — Bahia Campeão Brasileiro. Inesquecível! Animados com a boa campanha, lá fomos nós; sete amigos torcedores rumo ao Maracanã para a
semifinal contra o Fluminense. Estávamos por ali entre recém-formados e o primeiríssimo emprego,
portanto passagem de corujão divi-
dida na maior quantidade de parcelas possíveis. E como para o Bahia a
luta é sempre de um guerreiro, encontramos pela frente uma greve
de aeroviários que nos fez pernoitar no aeroporto de Salvador e quase liderar uma rebelião dos ansiosos passageiros. Resultado: fotos
nas primeiras páginas dos jornais
baianos com os guerreiros exauridos em breve cochilo no saguão do
aeroporto. Acabou custando o emprego de alguns, mas o entusiasmo
do torcedor falou mais alto.
No jogo de volta, Fonte Nova
com mais de 110 mil torcedores.
Francamente, não tenho a menor
ideia de como coube tanta gente...
nos tempos atuais seria, no mínimo, uma irresponsabilidade disponibilizar tantos ingressos. Mas,
com a ajuda de todos os Orixás, 2 a
1, incontestável e paz no estádio.
E ai atropelamos o Internacio-
nal em casa e nos consagramos
no território do inimigo arrancando um empate em 0 a 0. Bahia
“Bicampeão Brasileiro”. Amigo,
Salvador parou... e vivemos um
congestionamento de trio elétrico fora de época.
Bom, de lá prá cá as coisas mudaram um pouco. A ponto de não
obter o mesmo sucesso que meu irmão Edson na minha conversão
quando chegou a vez da escolha
do meu filho Victor, que rebelouse aos sete anos de idade e rompeu
a linha sucessória optando pelo
outro time que citei no inicio. Mas
não desisti e fiz um melhor trabalho educativo com o caçula, João
Felipe — torcedor do Bahia mesmo morando hoje em São Paulo.
O Bahia deu um tempo, mas já
voltou. No ano passado, voltamos à primeira divisão do futebol
brasileiro — de onde nunca deve-
Marcelo Lyra
É tricolor baiano e
vice-presidente da Braskem
ríamos ter saído. E já começamos
o ano estampando mais uma estrelinha de campeão baiano no
nosso peito. Daquele jeito, como
guerreiro, em um 3 a 3 de tirar o
fôlego. Haja emoção... definitivamente , neste negócio a racionalidade executiva não apita!
Avante esquadrão de aço!!! ■
PLACAR ELÁSTICO
Quanto custou cada gol
no brasileirão 2011,
em R$ milhões
FLAMENGO
2,44
PALMEIRAS
2,78
1,96
CORINTHIANS
3,72
2,06
2,75
3,12
Fontes: Balanço dos clubes e Brasil Econômico
CRUZEIRO
SANTOS
SÃO PAULO
GRÊMIO
INTERNACIONAL
2,52
*O custo do clube com o departamento de futebol dividido pelo número de gols marcados no Campeonato Brasileiro em 2011
ATLÉTICO-MG
1,83
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A9
Rodrigo Capote
O Galo está de volta para casa
O JOGO NA TELA
20 MAIORES RECEITAS DE TV, EM R$ MILHÕES
2011
TOTAL, EM R$ MILHÕES
2012
FLAMENGO
41,6
CORINTHIANS
40,5
SÃO PAULO
36,2
PALMEIRAS
35,0
VASCO DA GAMA
32,2
SANTOS
24,7
FLUMINENSE
25,4
CRUZEIRO
25,0
ATLÉTICO-MG
24,9
GRÊMIO
24,5
INTERNACIONAL
24,0
BOTAFOGO
23,0
BAHIA
15,8
ATLÉTICO-PR
15,0
CORITIBA
15,0
PORTUGUESA
15,0
SPORT
15,0
GUARANI
15,0
GOIÁS
15,0
VITÓRIA
15,0
0
20
84,0
84,0
75,0
75,0
2,0
75,0
1,5
75,0
1.235
2.136
1.370
1.539
1.679
1,0
55,0
0,5
55,0
0,0
55,0
2007 2008 2009 2010
2011
55,0
MUNDO AFORA
55,0
PREMIER LEAGUE
INGLATERRA
2010/2011
€ 1,165 BILHÃO
BUNDESLIGA
ALEMANHA
2012/2013
€ 520 MILHÕES
LIGUE 1
FRANÇA
2011/2012
€ 517 MILHÕES
SERIE A
ITÁLIA
2011/2012
€ 900 MILHÕES
LA LIGA
ESPANHA
2010/2011
€ 550 MILHÕES
55
29,0
29,0
29,0
29,0
29,0
29,0
29,0
29,0
40
73%
2,5
60
80
100
Fontes: Balanços dos clubes, Futebol Finance e Brasil Econômico
O atleticano é, antes de tudo, um
otimista. Ano após ano, mesmo
quando o time não entra na competição com chance de ser um dos
protagonistas, iniciamos o Brasileirão com a certeza do título. Para
2012, o estado de espírito não poderia ser outro: seremos campeões! A diferença em relação ao
passado é que, desta vez, a crença
na conquista se sustenta em razões concretas — e quem duvidar
da força do Galo pode pagar um
preço elevado pelo desrespeito. A
primeira diferença é que, assim como aconteceu com outros clubes
brasileiros, a situação financeira
do Atlético de hoje é bem mais
confortável do que a de alguns
anos atrás. Com mais dinheiro no
caixa, a diretoria pôde montar um
elenco de respeito. E, mais do que
isso, pode ficar atenta às boas oportunidades de contratação para posições que exijam reforço. Essa realidade, que vale para outros times,
apenas nos igualaria aos demais se
nossas expectativas não fossem alimentadas por razões que nos tornam diferentes dos outros.
A primeira diferença é o retorno à cidade natal: Belo Horizonte.
Nos últimos dois anos, o Galo mandou seus jogos em Sete Lagoas. Fomos bem recebidos por lá, sem dúvida. Mas faltava um detalhe —
aquele tipo de detalhe que faz toda
diferença. Pode parecer que não,
mas se apresentar na capital, com
o apoio incondicional da massa,
talvez não faça diferença para times que não têm na arquibancada
uma torcida com a força e a paixão
da nossa. Mas para o Galo, faz. Pude testemunhar mais de uma vez
o respeito que essa torcida impõe a
qualquer time que nos enfrenta
em BH. Portanto, a reinauguração
do novo estádio Independência
(onde, por sinal, conquistamos no
domingo passado nosso 41º título
estadual) é motivo de temor para
os adversários. Para nós, é a certeza de entrar em campo com 12 jogadores que valem por 13.
A outra razão para o otimismo
é que chegou a hora de colher os
frutos do investimento feito nos
últimos anos. Em alguns momentos de nosso passado, fomos obri-
Ricardo Guimarães
Atleticano e presidente
do Banco BMG
gados a trocar os investimentos
no presente pela construção de
nosso futuro. A Cidade do Galo é
o melhor e mais moderno Centro
de Treinamento do Brasil. Oferece condições ideais de trabalho
aos profissionais e, também, às
categorias de base. Isso também
pode parecer pouco. Mas não é.
O Atlético tem tradição na formação de jogadores e toda vez que a
base ganha chance no time principal, faz bonito. Este ano, será assim. Os tempos de dificuldades
nos gramados, que entristeceram a todos nós, estão cada vez
mais distantes. O futuro, com toda certeza, será glorioso. ■
Niels Andreas
Torcedor à distância do Palmeiras não perde amor ao time
Quase 25 dos meus 55 anos de
vida, passei longe do Brasil, entre Canadá e Estados Unidos.
Era 1967 quando deixei o País
com minha família, aos 11
anos. Jovens, todos absorviam
as novidades e se transformavam, dominando a língua e trocando arroz e feijão por fast
food. Diferente de minhas irmãs e irmão, mais novos, eu
sentia que algo além do arroz
com feijão estava faltando.
Demorei para entender o que
era. Surgia quando me lembrava da correria dos netos pelo casarão de meus avós no velho Pari. Ou quando tomava guaraná
com 20 graus negativos e neve
nas calçadas e “viajava”: eu via
pessoas queridas, lugares distantes, ensolarados. Como a arquibancada do Palestra.
No Brasil, cresci ouvindo a
história de meu tio, centroavante, campeão paulista juvenil pelo Palmeiras em 1955. Na
decisão contra o Corinthians,
na Fazendinha, ele marcou o
gol da vitória por 2 a 1, de virada. Tio Mingo ainda guarda a
Revista do Palmeiras com a foto do time campeão na capa,
ele entre os titulares. Na lista
de reservas, um nome ilustre:
Mazzola, o Altafini de Araraquara que depois fez fama e
fortuna na Juventus de Milão.
Mazzola e o Mingão subiram
juntos para o time principal,
mas, dizia vovô Adhemar, “futebol é coisa de vagabundo, você vai estudar medicina.” Só
Altafini seguiu carreira.
Hoje, vejo que mesmo nas
profundezas de seguidos inver-
nos canadenses, era inevitável
o regresso. Como não lembrar
do tio craque, de meu avô que
proibia a entrada de corintianos em casa e algemava ao corrimão da escada o primo Marcos, como castigo pela heresia
de virar são-paulino... ou as
emocionantes narrações de Fiori Gigliotti, que me faziam preferir ouvir e não ver jogos? Talvez tenha nascido ali o meu
amor pelo rádio, onde militei
por muitos anos.
Eu podia ter encerrado
meus dias como imigrante feliz e esquecido que sou. Mas
em 1997, uma tempestade perfeita me trouxe de volta e acabei entendendo o que eram
aqueles desconfortos. Mais
que mera saudade disto ou daquilo, era a constatação de que
quando parti, ainda garoto, eu
não sentia qualquer atração
por me adequar a outra maneira de ser. Por isso lá fora eu
aprendia e absorvia, para sobreviver e vencer. No meu íntimo, eu resistia.
Queria mesmo é continuar
sendo o paulistano que nasceu
a uma quadra da avenida Paulista, na velha Maternidade de
São Paulo. E muito palmeirense, porque o Palmeiras define
com precisão o brasileiro que
sou. A história do Palmeiras é
uma das mais genuinamente
brasileiras, pois nela estão perpetuamente embutidas as sagas de milhões que vieram de
longe. Gente que optou por
vencer ajudando a construir o
Brasil. Seus descendentes hoje
formam o mosaico de cores e
NÁUTICO
0,33
FLUMINENSE
1,07
VASCO
PONTE PRETA
1,38
0,32
CORITIBA
0,88
ATLÉTICO-GO
0,23
FIGUEIRENSE
BOTAFOGO
1,15
0,78
PORTUGUESA
0,24
Adhemar Curci Altieri
Muito palmeirense, é diretor
de comunicação corporativa
da União da Indústria de
Cana-de-Açúcar (ÚNICA)
culturas que são o nosso País e
a nossa torcida.
De volta, percebi que sentia
uma espécie de alívio toda vez
que me acomodava no Palestra
Itália. Ali é aquele lugar que cada
um tem e onde se sente realmente bem. Senhores, queiram acelerar as obras da Arena, nosso segundo estádio sem um tostão de
dinheiro público, com muito orgulho. Estou com saudade... ■
A10 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012
Marcas vão ao ataque com
patrocínio de clubes no país
Da indústria alimentícia, como a Seara, a empresas da nova economia, como a loja virutal Netshoes,
o patrocínio ao futebol brasileiro se consolida e é disputado por marcas que querem entrar em campo
Vinicius Brandini
Gabriel Ferreira
[email protected]
O tricampeonato paulista conquistado pelo Santos no último
domingo foi exaustivamente
comemorado pelos executivos
da Seara. Não que no frigorífico
comandado pelo grupo Margrif, todos os executivos sejam
Peixe desde criancinha. Mas
não é difícil entender o motivo
para tanta alegria. É que a cada
foto ou cena do jogo exibida
nos sites, jornais, revistas e
emissoras de televisões do Brasil e do exterior, o logotipo da
Seara estava lá, sempre em posição de destaque, estampado na
camisa dos novos meninos da
Vila, Neymar, Paulo Henrique
Ganso e companhia.
A decisão de se envolver com
o futebol surgiu em 2010, quando os executivos do Marfrig viram no futebol uma forma interessante de reconstruir a marca
Seara, adquirida poucos meses
antes pela companhia. “Queríamos criar uma imagem muito
forte e consistente no Brasil e
no mundo e chegamos à conclusão de que o futebol deveria ser
a espinha dorsal dessa estratégia”, diz Antonio Zambelli, diretor de marketing da Seara.
A primeira medida nesse sentido foi o patrocínio ao Santos,
logo seguido pelo apoio à Seleção Brasileira, com direito a ter
a marca estampada na camisa
de treino dos jogadores convocados por Dunga, então técnico
da seleção canarinho.
A Seara não revela o valor investido nessas iniciativas, mas
confirma que elas ocupam boa
parte de sua verba de marketing. “Os patrocínios formam o
eixo central da nossa estratégia
de divulgação de marca. Então,
é natural que o valor seja alto”,
afirma Zambelli.
Estimativas de mercado
apontam que apenas o valor pago pela Seara ao Santos deve es-
A Seara não diz, mas
a estimativa do
mercado é de que a
empresa pague
R$ 10 mi ao Santos
‘e US$ 6 mi à CBF
tar próximo dos R$ 10 milhões,
incluindo a presença da marca
no mobiliário do clube e na camisa dos jogadores. Já para
apoiar a seleção de Mano Menezes, estima-se que o valor acertado com a CBF seja cerca de
US$ 6 milhões.
Segundo Zambelli, os investimentos valem a pena, pois o reconhecimento da marca aumentou imediatamente, conforme
os objetivos traçados pelo Marfrig. “Agora é hora de transformar esse reconhecimento em
preferência”, diz Zambelli.
Rumo ao Nordeste
Quando quis apenas divulgar
seus serviços de loja virtual, a
Netshoes optou pela própria internet como canal de comunicação. Mas quando chegou a hora
de fazer “construção de marca”, os meios escolhidos foram
a publicidade na mídia tradicional e a camisa de futebol de times importantes.
Hoje,
Netshoes tem seu nome estampado nas camisas de Santos,
Atlético Paranaense e Bahia. “A
escolha das equipes costuma ter
a ver com mercados onde queremos nos fortalecer”, afirma
Marcos Paladino, gerente comercial de futebol da empresa.
A Netshoes não revela qual o valor investido no patrocínio às
equipes, mas comemora os ganhos em exposição. “Para nós, é
importante até os vídeos dos
lances, que ficam para sempre
no youtube”, diz Paladino.
Outros ganhos
Nem só de exposição, porém,
Gandini, presidente da Kia : patrocínio ao Palmeiras e de olho na agenda do técnico Luiz Felipe Scolari
vive um patrocinador. Ao fechar contrato com um clube, a
Netshoes, por exemplo, coloca
entre seus direitos itens como
camarotes nos estádios, ingressos para os treinos e encontros
de jogadores da equipe com
clientes, funcionários e fornecedores da empresa. São os
chamados direitos de propriedade e, embora seja de curto alcance - ou dirigido a um grupo pequeno de torcedores - o
efeito é comemorado por
quem põe dinheiro no futebol.
Estreia no Verdão
Outra que também se interessou pelos ganhos além da exposição da marca na camisa de
uma equipe de grande porte foi
a fabricante de automóveis Kia.
Ao anunciar o acordo com o Palmeiras, no início deste ano, a
empresa apresentou como ponto relevante o fato de, pelo contrário, o treinador da equipe,
Luiz Felipe Scolari, poder apare-
cer em eventos organizados pela montadora no Brasil. “No histórico da estratégia de marketing da Kia, no Brasil e no mundo, o esporte é prioridade”, afirmou, na época, José Luiz Gandini, presidente da montadora no
país. Antes de fechar a parceria
com o Palmeiras, porém, a presença da Kia no futebol brasileiro era mais discreta, se restringindo ao patrocínio à Copa do
Brasil e ao time do Ituano, do interior de São Paulo. ■
Divulgação
Mesmo longe de nossa terra, somos apenas gremistas
Uma das principais características do gremista é que nós somos apenas gremistas. Não há
uma segunda opção, sem importar a distância em que estamos
do nosso Grêmio e da nossa terra gaúcha. É este estado de espírito que se renova a cada ano
quando começa o Brasileirão.
O Campeonato Brasileiro
nos aproxima mais do time , aumenta a convivência com o ti-
me graças ao maior número de
notícias na imprensa nacional
e discutimos de igual para
igual nas conversas com os
amigos a cada rodada.
Não acho que o Grêmio seja
favorito ao título, mas na verdade isso não importa. Mas tenho
a certeza de que verei o Grêmio
em destaque, entrando altivo a
cada partida, imortalizando seu
espírito de luta e chegando às úl-
timas rodadas na briga por título
e espaço na Libertadores. Não é
utopia pensar dessa maneira. Como gremistas temos o direito e o
dever de pensar assim, tantas
são nossas histórias de superação ao longo do tempo. É com este espírito que quero ver nosso
Grêmio em cada partida.
O ano de 2012 é especial porque marcará a despedida do nosso querido Olímpico , palco on-
de aprendi a amar nosso Grêmio, e a entrada em uma nova
era, que será a da Arena. Saudosismos à parte, não podemos parar o curso da história, mas sim
devemos seguir com a missão
que um dia recebemos de nossos pais ou de nossos corações e
que temos o dever de passar para os filhos: perpetuar nossa
paixão pelo tricolor gaúcho.
Vamos, Grêmio!!! ■
Vasco Luce
Gremista e presidente da área de
bebidas da PepsiCo na América Latina
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A11
Alê Oliveira
Empresas repensam
estratégia no futebol
Segmento de publicidade que ganhou força com a iminência da Copa 2014
precisa se profissionalizar para conquistar maior espaço no mercado
Priscilla Arroyo
[email protected]
O interesse das empresas em patrocinar esportes ganhou impulso em 2007, quando o Brasil foi escolhido oficialmente como sede
da Copa do Mundo de 2014.
Acompanhando a tradição nacional, as companhias escolheram
os clubes de futebol para participar do movimento. O mercado teve rápida expansão com o interesse dos clubes em atrair cada vez
mais verbas, mas agora passa por
um processo de transição.
As empresas fizeram investimentos robustos para atender à
demanda, mas a falta de experiência no planejamento, aliada
à carência de ferramentas que
demonstrem a taxa de retorno
dessa prática estão fazendo os
executivos repensarem a estratégia. “O patrocínio dos clubes
tem como principal objetivo
dar visibilidade às marcas. O segundo passo seria transmitir os
valores dessa marca, e a maioria das companhias não sabe de
que maneira fazer isso”, explica
Eduardo Muniz, professor de
marketing esportivo da ESPM.
Diante deste cenário, as companhias estão reavaliando o montante das verbas. Prova disso é o
recuo do BMG, um dos maiores
patrocinadores do futebol brasileiro. Ano passado, o banco mineiro desembolsou cerca de R$
70 milhões para estampar sua
marca na camisa de 39 times. Neste ano, a previsão é que a verba di-
minua em 20%. Os cerca de R$
56 mil serão distribuídos para 25
clubes, entre eles o Atlético Mineiro, Santos e Flamengo.
“Já investimos bastante para divulgar a marca, agora estamos
em um processo de lembrança para evitar superexposição. O próximo passo é trabalhar para garantir a fidelização dos clientes”, diz
Ricardo Guimarães, presidente
do BMG. Ele conta que a estratégia foca também na apresentação
de outros produtos do banco, que
tem como carro-chefe os empréstimos consignados. “Queremos
diversificar, lançar outros produtos para a classe C da população.
Acreditamos que a presença nos
esportes, principalmente no futebol, seja a melhor maneira de fazer isso”, complementa.
Mesmo com ressalvas, as empresas sabem a importância de
marcar presença nos campos.
Em paralelo com a euforia causada pela iminência da Copa 2014,
a necessidade de aproximação
do o público pertencente a classe C, segmento de mercado
com maior crescimento no
país, continua motivando o pa-
BMG, que investiu
R$ 70 milhões para
estampar sua marca
na camisa de 39
times, vai jogar na
retranca em 2012
trocínio nessa chancela.
De acordo com Muniz, o interesse dos clubes pela receita de
patrocínio vem aumentando de
forma gradual nos últimos anos.
Na outra ponta, as empresas estão avaliando melhor esse investimento, o que causa certo desconforto entre as partes. “Essa relação só vai melhorar quando houver avanço no planejamento de
marketing esportivo no Brasil”.
Ele afirma que os contratos de patrocínio com vigência de um ano
devem ser revistos para ter maior
duração. “O mercado tem grande potencial de crescimento,
mas para isso precisa de profissionalização”, destaca.
O patrocínio no futebol é uma
área promissora, mas que ainda
está se desenvolvendo. De acordo com Fernando Pinto Ferreira,
fundador da Pluri Consultoria,
muitas empresas gostariam de investir na chancela, mas têm medo do ambiente. “O futebol é
uma excelente maneira de se comunicar, mas a questão da governança tem que ser repensada.
Um exemplo é que muitas empresas temem que o apoio a um determinado clube pode fazer com
que torcedores de outros times rejeitem a marca.”, diz.
Mesmo diante dos desafios , é
consenso entre especialistas
que a expansão dessa modalidade de patrocínio é somente uma
questão de tempo. “Este segmento vai crescer como poucos”, conclui Ferreira. ■
Colaborou Guilia Camillo
São Paulo
(Futebol
Clube)
Meu Amor!
Que me permita Tom Zé, nosso
maravilhoso tropicalista, mas
vou usar sua musica para o titulo deste artigo. São Paulo, meu
amor! Esta paixão começou na
minha infância, com a influencia do meu pai. Nasci em 62 e
meu primeiro jogo foi no Morumbi, São Paulo 1 X 0 Ferroviária com gol de Paraná . Fomos
campeões paulistas em 1970 nesse jogo. Fomos Bicampeões paulista em 72 e passei a acompanhar cada jogo do nosso Tricolor. Eu estava com hepatite , de
cama em 77, quando Chicão comandou o time que derrotou o
Galo e conquistou nosso primeiro Brasileiro, em pleno Mineirão. Mas destaco nossa vitória
no Brasileiro, derrotando Guarani em pleno Brinco de Ouro.
Na década de 90, eu me casei
e vi com meu pai nosso São Paulo, de Telê Santana, Rai e Muller, conquistar a Libertadores e
derrotar o até então imbatível
Barcelona, no Mundial, em Tóquio. Fomos bi na Libertadores,
em 93, última vez que , ao lado
do meu pai, vi nosso time conquistar mais um título.
Ele se foi mas eu estava na
maternidade com minha mulher e dali acompanhei o São
Paulo derrotar o Milan e ser
bi mundial.
Nasceu minha primeira filha,
hoje com 17 anos, e depois tivemos , Bia e eu, mais 3 filhos, todos são-paulinos. Meu filho,
Frederico é tão fanático quanto
eu, e juntos acompanhamos todos os jogos do São Paulo.
Por isso teve sabor especial o
tricampeonato brasileiro con-
Luiz Lara
Presidente da Associação
Brasileira de Agências de
Publicidade e da Lew,Lara/TBWA
quistado em 2006/07/08 e claro, o novo titulo da Libertadores e o mundial em 2005, numa
nova vitória heroica contra o Liverpool. E sabe o que sempre esteve presente em todas estas
conquistas ? A tranquilidade tricolor, a fé inabalável de que,
com calma e com estrutura, podemos sempre nos superar e
conquistarmos títulos que pareciam ser impossíveis. Era impossível derrotar o Barcelona, Milan e Liverpool? Era impossível
ganhar do Galo no Mineirão e
do Guarani, no Brinco de Ouro?
O São Paulo ganhou!
Quero de volta, como torcedor apaixonado, a elegância de
Laudo Natel, Henri Aidar, Cicero Pompeu de Toledo, Carlos Miguel Aidar, Marcelo Portugal
Gouveia de dar ao elenco do nosso time as melhores condições
de trabalho e deixar florescer o
talento para com garra, determinação conquistarmos títulos.
Desde 2008, nosso São Paulo deixou de ser o São Paulo. Fico preocupado quando vejo
troca de técnicos, mudanças
continuas de elenco, jogadores que estão “piorando” no
São Paulo e se recuperando em
outros times.
O que esta acontecendo conosco? Quero a paz, a tranquilidade , o jeito de ser e de fazer do
São Paulo, de volta! Quero de
novo, o São Paulo, meu amor, levantar a taça de campeão. ■
Coritiba, clube de nascença e do coração da cidade
O Coritiba Foot Ball Club, 102
anos, nascido na capital paranaense, sempre trouxe muitas
alegrias ao torcedor coxa-branca, embora por quatro vezes tenha amargado sagas enormes
Brasil afora até retornar à elite
do futebol brasileiro - até mesmo na “canetada” já foi rebaixado, como registra-se na linguagem do futebol. Porém, esta é
outra história.
Atualmente, o clube tem na
gestão o incansável presidente
Vilson Ribeiro de Andrade, recém-eleito, que vem se dedicando ao clube desde a presidência
de Jair Cirino dos Santos. Graças ao bom trabalho como vicepresidente do clube, Vilson conquistou a presidência atual do
Coritiba. Aplaudido, continua fazendo todo o possível para o seu
clube, vovô centenário, continuar firme e forte.
Lembremos de alguns nomes
de gestores do passado, como o
major Antônio Couto Pereira (no
comando durante nas gestões de
1927-1928, 1931-1934, 19371945), que empresta seu nome
até hoje ao nosso estádio. Ou
Arion Cornelsen (1956 a 1963), e
o Evangelino da Costa Neves, o
eterno Chinês (presidente de
1967 a 1979, 1982 a 1987 e 1992 a
1995), entre outros. Um gestor
muito próximo do Grupo JMalucelli, Joel Malucelli (1996 a 1997),
presidiu o clube por meio de um
triunvirato formado por Edison
José Mauad e Sérgio Marcos Prosdócimo. Além desses nomes, vale mencionar que todos os presidentes do Coritiba foram homens extremamente apaixonados pelo clube.
Muitas seriam as lembranças
de um coxa-branca de coração e
de nascença. Desde que a cidade
de Curitiba ainda era uma pequena província, quem residia ao redor do hoje chamado estádio
Couto Pereira já nascia coxa-
branca. A cidade cresceu, chegaram pessoas de outros municípios, estados e países. Assim, não
precisava ser do bairro anfitrião
do clube, o Alto da Glória, para
tornar-se também um torcedor
do Coritiba.
O clube, além de sua vasta galeria de troféus e títulos, acumula fatos interessantíssimos para
quem não conhece a fundo a história da equipe alviverde do alto
de tantas glórias.
Será verdade que o seu maior
arquirrival (no bom sentido), o
Atlético Paranaense, só nasceu
por causa dele, do Coritiba? Por
que o torcedor do Coritiba é chamado de coxa-branca? Há muitos anos, o atual Coritiba, formado por um bom número de estrangeiros (alemães e descendentes) e por funcionários de uma
empresa de fora do país, começavam a ganhar destaque na cidade, até que componentes de outros dois clubes (Internacional e
América) resolveram fazer uma
fusão para bater de frente aos
“estrangeiros”. Assim nasceu o
maior rival caseiro do Coritiba
até os dias de hoje. Para quem
não concordar com a história, fica aí a polêmica em desvendar
os detalhes da origem futebolística do estado do Paraná
Já o apelido coxa-branca é justamente pelas pernas brancas
dos jogadores alemães, que predominava no time. Pois bem,
num “Atletiba” na década de
1930, um torcedor do Atlético Paranaense provocava um jogador
do Coritiba. Nada fazia efeito para descontrolar o adversário, até
que ele começou a gritar: “Coxabranca, coxa-branca!”. O apelido tomou conta da cidade - inicialmente de forma pejorativa,
para irritar o time rival, seus jogadores e torcedores. Hoje virou
apelido carinhoso. O tempo passou, a cidade cresceu ainda
mais, as famílias de “estrangei-
João Gilberto Possiede
Presidente da JMalucelli
Seguradora
ros” coxas-brancas se misturaram a ponto de numa mesma casa existirem torcidas dos dois lados, até mesmo coxas com irmãos de sangue atleticanos. São
incontáveis as histórias típicas e
atípicas desta rivalidade caseira.
No último dia 13, o maior duelo
entre os dois clubes — final de
Campeonato Estadual de 2012,
resultou no título de tricampeão
para o Coritiba, vencendo nos pênaltis o arquirrival. ■
A12 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012
Lucas em alta na bolsa de apostas
Empresários
indicam quais são
os jogadores com
maior potencial de
valorização
INVESTIMENTO CERTEIRO
55
Neymar foi o jogador brasileiro com
maior valorização nos últimos anos,
em € milhões
37
EVOLUÇÃO DO VALOR
DO PASSE DE NEYMAR
Gabriel Ferreira
[email protected]
Pode-se não gostar do penteado. Pode-se criticar a forma como ele dribla os adversários.
Mas não há quem discorde que
Neymar é o maior ídolo do futebol brasileiro. As jogadas e o carisma do craque santista servem para encantar a torcida e,
principalmente, aumentar seu
valor de mercado. Segundo levantamento realizado pela consultoria Pluri, especializada na
avaliação de clubes e jogadores
de futebol, no início do campeonato de 2008, o time que quisesse comprar Neymar teria de desembolsar cerca de €3 milhões,
algo próximo do que custa hoje
o meia Bernardo, um santista
bem menos badalado.
No início deste ano, porém, a
história é bem diferente. O passe de Neymar foi avaliado em
€ 55 milhões, mesmo valor do
principal jogador da seleção inglesa, o atacante Rooney. Ao
atingir tal cifra, Neymar dos
Santos Júnior tornou-se o quarto jogador mais valioso do mundo. “E a tendência é que a curva
ascendente se mantenha ainda
por alguns anos”, diz Fernando
Ferreira, sócio da Pluri.
Uma valorização como a de
Neymar, em tão pouco tempo, é
raridade e aumenta a responsabilidade dos empresários para fazer
apostas certeiras na escolha dos
agenciados. Segundo o empresário do atacante santista, Wagner
Ribeiro, a maior dificuldade de
descobrir o próximo grande investimento é o fato de ter que lidar
com fatores muito subjetivos. “O
que define a valorização de um
craque é a atuação dele dentro de
campo, a posição do time no final
14
6
3
2008
2009
Até o momento
Neymar é o
4º jogador mais
valioso do mundo...
2010
2012
012
2011
... e é a primeira vez que
um dos dez jogadores
mais caros do futebol
mundial atua no Brasil
BERNARDO
(SANTOS)*
WELLINGTO NEM
(FLUMINENSE)*
OSCAR
(INTERNACIONAL)*
Jogadores que
valem hoje o que
Neymar valia nos
respectivos anos
DANIEL ALVES
(BARCELONA)*
Fonte: Pluri Consultoria
* Valores atuais aproximados
do campeonato e as possíveis convocações para a seleção brasileira.
Não temos como controlar essas
questões”, afirma Ribeiro.
Para este ano, o empresário
vê bom potencial de valorização
em Lucas, do São Paulo, devido
à grande exposição que o jogador deve ter durante as Olimpíadas, e Guilherme, da Portuguesa, que deve ser transferido para
ROONEY
OONEY
(MANCHESTER
STER UNITED)*
um time de maior destaque. Os
dois jogadores têm a carreira administrada por Ribeiro. Na visão
do empresário, os talentos que
mais devem se valorizar no médio prazo estão no interior de
São Paulo. “Gosto muito de alguns jogadores da Ponte Preta e
do Mogi Mirim”, diz.
Para Léo Rabello, empresário
de jogadores como Thiago Ne-
ves, do Fluminense, a estrutura
do clube no qual está o atleta é
fundamental para sua valorização. “Acredito que vão se sobressair os atletas das equipes com
mais dinheiro e organização” Segundo ele, o fato de jogar em um
clube como o Santos foi um dos
fatores mais importantes para determinar o tamanho do aumento
no valor de Neymar.
No Brasileirão deste ano, o empresário acredita em outros dois
santistas como “destaques financeiros”: Ganso, que deve voltar a
se sobressair depois de um ano
de lesões e Bernardo, jovem promessa do Vasco. Rabello é o empresário de Bernardo. Oscar, do
Inter, é outra aposta. “Hoje, Oscar vale € 14 milhões, o mesmo
que Neymar há dois anos”. ■
‘Lembrem-se: o Vasco é o time da virada, o Vasco é o time do amor’
Antes de falar sobre o Brasileirão, eu preciso fazer um registro. Escrevo essas linhas um dia
após o empate do Vasco com o
Corinthians na Libertadores da
América. O Vasco mereceu ganhar. Na minha opinião, ele ganhou. E na opinião de vários jogadores que estavam em campo
também. Mas é opinião. E toda
opinião é parcial. Ainda mais
vinda de vascaínos. Foi muito
bonito assistir a garra, a vontade e a raça do meu time. Juninho, Carlos Alberto, Diego Souza, Prass, orgulho. Partida dura,
disputada e, em boa parte dos
90 minutos, equilibrada. Que
desequilibre em São Paulo.
Mas vamos falar do Brasileirão 2012. Acho que esse ano para o torcedor vascaíno será de
alegrias. Lembrem-se: o Vasco é
o time da virada, o Vasco é o time do amor. Nós vivemos uma
fase — ou seria era? — péssima
nos últimos dez anos. Perdemos, fomos vices, chegamos a
ser rebaixados. Felizmente, nunca deixamos de ser vascaínos.
Hoje, temos um técnico. Um
não, dois. Hoje, temos uma equipe. E mesmo não sendo a ideal,
ela compensa em brio, em foco,
em obstinação. Por falar nisso,
ontem, o Juninho, sempre um gi-
gante, não queria ser substituído. Acredito que o Vasco tem tudo para disputar o título. Se no
ano passado fomos vice, queremos e podemos mais.
A confiança do torcedor do
Vasco é bem maior que nos outros anos. Há tempos não vemos um time tão comprometido com o clube e com a torcida.
Os jogadores podem errar uma
jogada, podem perder um lance, mas estão sempre lutando.
O torcedor voltou a orgulhar-se
do time. Desse time.
Outra expectativa do torcedor
é rever o Ricardo Gomes assumindo o time novamente. Ele é um
vencedor em todos os sentidos.
Uma unanimidade entre os apreciadores de um bom futebol. Ver
a dupla Ricardo-Cristóvão trabalhando em campo seria mais um
grande incentivo ao time.
Por falar em técnico, aqui entra a minha porção entendedorchutador-escalador: o Vasco precisa contratar para algumas posições: lateral-esquerdo, centroavante e zagueiro. O Dedé é extra
série. Mas ele é apenas um. Não
podemos ficar dependendo só dele. Que o Vasco traga novos jogadores. E que eles venham para
disputar um lugar no time titular. O Vasco começa esse Brasilei-
Álvaro Rodrigues
Sócio e VP de criação da DM9Rio
rão 2012 com um time no mesmo
nível que o que terminou o Campeonato Brasileiro do ano passado. Isso é bom. Entrosamento
não falta.Vontade não falta. Que
não nos faltem as vitórias. ■
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A13
João Sal/Folhapress
Participar de Olimpíada
pode fazer atleta valer ouro
Fluminense
candidato
ao título
Fazer parte do segundo maior evento esportivo do mundo tem muita
influência no valor de jogadores, especialmente, em início de carreira
Rafael Neddermeyer
No dia 6 de julho, quando o técnico Mano Menezes anunciar a
lista de convocados para as
Olimpíadas de Londres, os empresários dos escolhidos terão
muito a comemorar. “A exposição que os jogadores menos conhecidos ganham nos eventos
internacionais pode ajudar a elevar o preço desses atletas”, afirma Fernando Ferreira, sócio da
Pluri Consultoria.
Segundo Ferreira, os efeitos
não são tão grandes para craques já consolidados no mercado, como Neymar, mas podem fazer muita diferença para atletas de menor expressão. “Mas se o Brasil for campeão, até mesmo os grandes
nomes podem ver seu preço
aumentar”, diz.
A expectativa sobre os jogos
de Londres é tão grandes que é
nesse período que o empresário
Wagner Ribeiro aposta para valorizar o passe de um de seus
principais atletas, o meio-campista Lucas, do São Paulo. “É
uma forma mais prática de apresentar o jogador aos times do
mundo inteiro”, diz Ribeiro.
“Sempre após essas competições aumenta a procura espontânea por alguns atletas.”
Na lista de convocados por
Mano Menezes para os jogos
amistosos que serão realizados
como preparação às Olimpíadas, alguns nomes são apontados como algumas das principais promessas quando o assunto é valorização do passe. Entre eles, os jovens Oscar, do In-
Lucas, do São Paulo: com alta cotação na bolsa de apostas
ternacional de Porto Alegre, e
Wellington Nem, do Fluminense, que já obtiveram grande valorização no último campeonato brasileiro e, segundo os especialistas no mercado da bola,
devem manter a trajetória positiva ao longo deste ano.
Audiência
A grande expectativa com os Jogos Olímpicos não está relacionada diretamente com a mítica
que envolve ou competição e
nem mesmo com o ineditismo
que uma possível medalha de
ouro teria para o futebol brasileiro. Segundo Ferreira, o que
provoca a grande valorização
dos jogadores ao longo da Olimpíada é o tamanho da audiência
que o evento atinge. “Quanto
mais pessoas assistirem o jogador atuando, mais fãs ele terá e
maior retorno de marketing ele
poderá trazer para o time”, afirma o consultor.
Esse efeito é chamado de vitrine e tem relação também
com o fato de os jogadores mais
caros do mundo estarem nos times europeus. “Caso um jogador atue na Europa e outro,
com a mesma habilidade, na
Ásia, o europeu valerá muito
mais por conta da enorme visibilidade dos campeonatos daquele país”. diz Ferreira. ■
O Campeonato Brasileiro de Futebol começa nos próximos
dias. Como em suas edições anteriores, há 5 ou 6 agremiações
consideradas favoritas ao título,
o que sugere uma acirrada disputa até as rodadas finais. O Fluminense encabeça essa lista.
A condição de favorito ostentada pelo “Tricolor das Laranjeiras” é sustentada em 4 pilares:
tradição, qualidade técnica do
elenco de jogadores, capacidade do núcleo dirigente e sinergia com a torcida.
Clube que comemora 110 anos,
o Fluminense já nasceu como
uma agremiação dedicada ao futebol. Ao longo de sua longa trajetória, tem colecionado títulos
dos mais expressivos, o que ajudou a criar a tradição que tanto
intimida seus adversários dentro
do campo. Em outras palavras, o
Fluminense tem “camisa”.
Analisando-se o conjunto de
atletas do clube, é forçoso admitir que ele é o mais qualificado
existente hoje no país, com destaque para a tão necessária combinação entre jogadores experientes e jovens promessas/realidades. No primeiro grupo destacam-se Deco, o maestro,
Fred, o artilheiro, e Thiago Neves, o ídolo de volta ao bom caminho. Eles são secundados por
jogadores qualificados como Sobis, Diego Cavalieri, Jean, Wagner, Rafael Moura e outros.
Por outro lado, retomando
sua tradição de revelar atletas,
o clube voltou a privilegiar suas
categorias de base, com resultados já notáveis. Wellington
Nem, Marcos Junio e Matheus
Carvalho são os mais conhecidos e a eles se juntam Fábio, Lu-
Eduardo Teixeira
Tricolor, economista e
ex-ministro da Infraestrutura
cas Patinho e Samuel, todos de
grande potencial.
Não menos importante é a capacidade do núcleo dirigente,
com destaque para Abel Braga,
profissional com forte identificação com o Fluminense. Tratase de um dos treinadores mais
vitoriosos do Brasil, que alia, como poucos, comando, dedicação e conhecimento técnico,
sem se deixar levar pelo estrelismo que acomete a maioria dos
chamados “professores”.
A sinergia time/torcida é algo
que já existe há muito tempo.
Sua origem remonta ao fato de
que o clube sempre contou com
jogadores que, além da qualidade técnica, se caracterizaram pela dedicação e entrega, como é o
caso de diversos do plantel atual.
O símbolo maior deste espírito
tricolor foi o eterno Carlos Castilho, o maior goleiro que o Fluminense já teve e um dos maiores
do mundo em todos os tempos.
A torcida reage a essa característica peculiar do time, apoiando-o
em qualquer circunstância.
Como o leitor pode observar, a
definição do Fluminense como o
favorito para o título de campeão
do Brasileiro de 2012 é sustentada
por uma análise desapaixonada.
Nenhuma outra agremiação tem
as qualificações do tricolor. Logo,
ao final do ano teremos mais uma
taça a incorporar à nossa grande
e maravilhosa coleção. ■
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ABr
Torço para o Internacional e para quem enfrenta o Grêmio
Começo o campeonato brasileiro
com esperança de disputar as duas
pontas da tabela. Vou explicar. Eu
torço para dois times: o glorioso Internacional Sport Clube e todo
aquele que enfrenta o Grêmio !
Depois do Inter ter vencido o
campeonato gaúcho de 2012, o
que já é uma rotina, vamos para
o campeonato brasileiro com
grande otimismo. O otimismo
tem por base um grupo de jogadores de qualidade e com grande
experiência. Uma equipe técnica
e uma direção vencedora completam um quadro que nos deixa
com muito otimismo de disputar
os primeiros lugares da tabela.
Por outro lado, o co-irmão
parece ter mudado de ramo. Es-
tá mais focado em construir o
seu estádio, que nem está homologado para a Copa.
Assim, sem foco no time,
sem jogadores de ponta e sem
resultados importantes nos últimos 10 anos a decisão de mudar
de ramo parece ter sido acertada. Deverão inaugurar a Arena,
com espetáculos musicais, ima-
gino, na mesma época em que
estarão lutando para não voltar
para a segunda divisão.
Disputando o final da tabela
o Grêmio completará um ano
que imagino glorioso, com o Inter entre os quatro melhores e
eles entre os lanternas.
O ano de 2012 pode ser espetacular para nossa Torcida. ■
Nelson Jobim
Colorado e ex-ministro da Defesa
BOLA CHEIA, BOLA VAZIA Patrimônio líquido, em R$ milhões
411,49
298,21
221,77
145,99
108,34
67,33
59,82
16,85
1,60
1,27
0,91
-0,85
-69,34
-77,84
-109,75
-118,39
-260,58
-481,46
INTER
ATLÉTICO-MG SÃO PAULO FLAMENGO
Fontes: Balanços dos clubes e Brasil Econômico
NÁUTICO CORINTHIANS CORITIBA ATLÉTICO-GO FIGUEIRENSE CRUZEIRO
GRÊMIO
PORTUGUESA FLUMINENSE PONTE PRETA PALMEIRAS
SANTOS
VASCO
BOTAFOGO
A14 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
ESPECIAL CAMPEONATO BRASILEIRO 2012
ENTREVISTA LUIZ FELIPE SCOLARI Ex-técnico da Seleção Brasileira
Times brasileiros precisam
separar “o clube do futebol”
Reginaldo Castro/O Dia
Para Felipão,
o negócio futebol
no Brasil é
subaproveitado
em cerca de 50%
Encontrar Luiz Felipe Scolari gera ansiedade em qualquer um.
Diante da figura que comandou
a Seleção Brasileira na conquista do pentacampeonato em
2002, entende-se a razão de seu
apelido. Mas por trás da fachada
durona, das declarações intempestivas, da dureza de seus comentários, o neto de italianos Felipão é um homem dócil, pragmático e principalmente assertivo.
Numa entrevista que durou pouco mais de uma hora, num clima
de bate papo informal no belo
Centro de Treinamento do Palmeiras, na Barra Funda, Felipão
falou sobre (a falta de) profissionalismo no futebol brasileiro, relações entre clubes, empresários e treinadores, modelos de
gestão que vivenciou em sua
passagem por clubes europeus
e, como era de se esperar, não
deixou barato ao criticar os gestores do esporte: para ele, o negócio futebol, no Brasil, está subavaliado em pelo menos 50% e
o Brasil está longe de usar todo
o potencial do qual dispõe. “Estamos no 6, numa escala de 0 a 10.
Vejo que falta profissionalismo
e muito ainda poderia ser melhorado. Pelos cartolas e pelos empresários”. O motivo, conta Felipão, é que ainda faltam estrutura e condições para que se possa gerenciar um clube no Brasil
como na Europa, separando o
clube do futebol. “O Chelsea é
um bom modelo disso”, compara o ex-técnico da Seleção.
André Balocco e Juliano Macedo
[email protected]
[email protected]
Quais as experiências
em gestão de futebol
que o senhor vivenciou
na Europa e que poderiam
ser implementadas
rapidamente no Brasil?
Acho que a poderíamos implementar no Brasil detalhes de organização que são deixados para a última hora. É preciso ter tudo bem
organizado, delineado. Depois
que voltei ao país, percebi que me-
lhorou muito a gestão de calendário, mas ainda falta melhorar horários, jogos e dias. Melhorou a
forma de tratar o clube como empresa, como negócio. Mas ainda
faltam alguns detalhes que na Europa são vividos no dia a dia. Aqui
ainda é um pouco mais amador.
Temos um caminho a percorrer
para alcançar igualdade com os
clubes europeus.
Há algum modelo inglês
de gestão que se encaixe
na realidade brasileira?
Tivemos bons executivos no Bra-
sil. Considero o (José Carlos) Brunoro (presidente do conselho da
agência Brunoro Sport Business)
excelente. Ele implantou uma situação nova. Temos hoje, em
quase todos os clubes, um executivo de boa qualidade. O Rodrigo
Caetano (diretor executivo do
Fluminense) fez um bom trabalho em Porto Alegre e depois no
Rio de Janeiro. Tem também o
Paulo Angione (gestor de futebol), que já vem fazendo bons
trabalhos há muitos anos. Mas
ainda faltam um pouco de estrutura e condições para que esse
pessoal possa gerenciar o clube,
como é feito na Europa, separando o clube do futebol. O Chelsea
é um bom modelo disso. Lá na
Europa, eles chamam os dois técnicos, que vão à sala do árbitro,
fazem a aproximação dos técnicos e capitães, ficam lá uns cinco
minutos e trocam a escalação. É
uma forma mínima de evitar problema em campo. Quando eu jogava em casa contra o Manchester, recebia na minha sala, depois do jogo, o (Alex) Ferguson
(técnico do Manchester) e a comissão dele. Isso acontecia quanMarcela Beltrão
Desde Pelé, Santos é sinônimo de paixão em várias gerações
Ser santista é ter espinha de peixe e fôlego de leão. É ter a honra
e o orgulho de vestir o uniforme
branco mais conhecido do planeta. Camisa imortalizada pelo
melhor jogador da história — Pelé — e que hoje é renovada pelo
talento indiscutível do melhor
do mundo, Neymar.
Ser santista é ter 100 anos de
conquistas. É ter parado uma
guerra, para que todos vissem
Pelé enfeitiçar a bola. É uma
cronologia, sobretudo, de recordes. De gols e de craques.
Recordes de gols — são quase
12 mil. O maior número de gols
marcados no planeta. Recorde
de craques — que outro clube
do mundo tem na sua história
ícones como Neymar, Ganso,
Robinho, Clodoaldo, Gilmar,
Pelé, Coutinho, Pepe?
Ser santista é ser campeão.
Um campeão de vida, de atitude, de perseverança. Ser san-
tista é ser consagração, emoção e coração.
Vencemos com estilo e desenvoltura. Um espetáculo dentro
de campo, com o maestro Neymar. Todo mundo gosta. E aplaude os dribles desconcertantes e
gols de placa. Como diz frase de
Juca Kfouri exibida no Memorial
das Conquistas: “É como se o Santos jogasse em outra rotação”.
O Santos é minha paixão.
Com ou sem razão. E transferi es-
te amor aos meus três filhos. É a
nova geração. Viajei ao Uruguai
e ao Paraguai para torcer pelo Peixe na vitória pela Libertadores
em 2011. Agora, tricampeão paulista, vamos celebrar a conquista
da Libertadores. E Tóquio vem
aí. Isso é ser santista. Respeitar
a tradição do Rei Pelé. E aplaudir a sensação do Neymar. São
100 anos de magia. No peito, na
alma, no grito e no coração. O
Santos é minha paixão. ■
João Dória Júnior
O santista preside o Grupo Doria,
de Comunicação e Marketing
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 Brasil Econômico A15
Divulgação
Melhor treinador
do mundo
2002
Roque Pellizzaro Junior
Membro da nação rubro-negra
e presidente da Conf. Nacional
de Dirigentes Lojistas (CNDL)
1981 e 1982
CLUBE: CSA
Divulgação
Campeonato Alagoano
1987, 1995 e 1996
Copa do Brasil
1994
Copa Libertadores
1995
Recopa Sul-Americana
1996
Campeonato Brasileiro
1996
Arquivo Pessoal
CLUBE: GRÊMIO
Campeonato Gaúcho
1989
CLUBE: QADSIA
SPORTING CLUB
Divulgação
Copa do Emirado
CLUBE: CRICIÚMA
Esporte Clube
Copa do Brasil
1991
Divulgação
“
Melhor treinador
da América do Sul
1999 e 2002
1998
CLUBE: PALMEIRAS
Copa do Brasil
1998
Copa Mercosul
1999
Copa Libertadores
2000
Torneio Rio-São Paulo
Divulgação
O senhor já recebeu
pressões de empresários
de jogadores? Como
lidou com isso?
Pressão eu não tive, mas recebi
recados, que diziam que meu joQuais as dicas o senhor daria
gador era isso e aquilo. Entra
a um executivo em relação
por um ouvido e sai pelo outro.
à gestão de grandes talentos?
Se não quer permanecer, não
Antigamente, era mais fácil admipermanece. Provavelmente, eu
nistrar um time com estrelas.
tenho condição de saber o que
Imagina-se que os grandes jogaé o melhor. Como vivo de vitódores sejam vaidorias e títulos, quesos, mas a maioria
ro sempre o menão é. Ele atingiu
lhor para mim, e
certo status, sabe
isso não significa
como funcionam Posso garantir que colocar o pior joas coisas e não ingador. Alguns coveja o colega do la- 90% dos técnicos
legas meus não
do. Ele sabe que é têm personalidade
conseguem suum grande joga- forte. Mesmo os
portar a pressão,
dor, uma personamas a maioria
lidade. Sabe que jovens técnicos,
consegue. Posso
ganha bem e não que estão
garantir que 90%
se preocupa com começando
dos técnicos têm
coisas mínimas.
personalidade
Eu nunca tive proforte. Mesmo os
blema em dirigir aqueles bons tijovens técnicos, que estão comes. O brabo é dirigir alguns jogameçando, têm boa personalidadores comuns que se acham
de. Vão evoluir e dar retorno
grandes. Alguns deles têm condipara o bom futebol.
ções de suportar situações de derrotas, mas outros não.
De zero a dez, como
o senhor classifica o nível do
Como o senhor vê a atual
profissionalismo brasileiro?
gestão do futebol brasileiro,
Estamos no 6, numa escala de
comparada à gestão de sua
0 a 10. Vejo que falta muito proexperiência anterior na Europa?
fissionalismo. Muito ainda poMudaram alguns conceitos no fuderia ser melhorado pelos cartebol brasileiro, mas ainda falta
tolas e empresários. E isso não
muito para atingirmos um bom
acontece por interesse. Podenível de profissionalismo. Falria haver evolução nessa área
tam condições para o técnico,
com exemplo, trabalho dos técpara os jogadores e os dirigennicos, da direção e dos empretes. É preciso menos amadorissários. E mais: com a ajuda dos
mo. Mas não são todos, hein. Aljornalistas, atentos ao princíguns têm muito boa estrutura.
pio do jornalismo, que é investigar para saber a verdade. É
Qual o potencial que
preciso ouvir os dois lados. Porestamos desperdiçando?
que, muitas vezes, não são ouO senhor conseguiria enumerar
vidos os dois lados e estampaem quanto está subavaliado
se algo muito sério. Não estou
o negócio futebol?
acusando ninguém, apenas faEu diria que, no mínimo, está
lando no geral. ■
PESSOAIS
Os títulos de Scolari
2001
CLUBE: CRUZEIRO
Copa Sul-Minas
Divulgação
Quais as dificuldades
na relação de um treinador
e os patrocinadores do clube?
Não há dificuldade. Normalmente, o patrocinado oferece as condições exigidas pelo patrocinador e, em determinados momentos, oferece um plus, porque,
neste momento no Brasil, todos
os clubes sabem que o patrocínio é muito importante. Eu
aprendi alguma coisa sobre patrocínio no Japão. No Jubilo Iwata, era realizada, uma vez por
mês, uma sessão de autógrafos.
Todos participavam, atletas e comissão técnica. Os torcedores faziam grandes filas, com educação e respeito. O clube era valorizado pelo nosso torcedor, que
também se sentia valorizado e
comparecia ao estádio. A presença de público gerava imagem, dinheiro e o clube ficava em dia. O
patrocinador via que tinha retorno. Aprendi isso em 1997.
TRAJETÓRIA VENCEDORA
2002
SELEÇÃO BRASILEIRA
Copa do Mundo
Divulgação
No que diz respeito à gestão
da equipe, o que é melhor:
salários na mesma faixa
(sem muita variação)
altos salários convivendo
com salários menores?
Eu entendo que existe desequilíbrios de salários em qualquer empresa. É normal a existência de
salários diferenciados também
no futebol. Acredito que aqueles
que ganham um valor menor
possam olhar para os que recebem mais como uma referência,
para chegarem naquele nível, como em qualquer empresa. Às vezes, essas diferenças de salários
podem resultar em dificuldades
no vestiário, porque começam a
surgir vaidade, inveja e coisas assim. Mas eu não vejo como uma
dificuldade. Sempre administrei
da melhor forma.
desperdiçando 50% como potencial. Não estamos usando tudo o que podemos.
2009
CLUBE: BUNYODKOR
que
Campeonato Uzbeque
Divulgação
do eu ganhava ou perdia. Sentávamos por dez minutos e tomávamos um cálice de vinho. Depois, cada um ia para a sua entrevista. Era cavalheirismo, coisa
de lorde inglês. Isso poderia
acontecer aqui. Está na hora de o
governo tomar posição (sobre
brigas). Na Inglaterra, a Margaret Thatcher tomou uma decisão. Depois de organizado, fica
fácil. Mas é preciso querer.
“Desgosto
profundo sem
o Flamengo
no mundo”
Uma paixão. Assim é o Flamengo para a nossa nação rubro-negra. Sou como os milhões que integram a maior torcida do Brasil.
Somos todos o manto que tremula intocável e sagrado no peito
do maior time de todos os tempos. Somos a alegria de momentos inesquecíveis. Inesquecível
como foi, aos 16 anos, ter acompanhado a conquista do continente com a Taça Libertadores e
a do planeta, com o Mundial. Era
1981. Aqueles 3X0 contra o Liverpool (ING) foram um presente para qualquer flamenguista. Um time recheado de craques como
Leandro, Mozer, Junior, Andrade, Adílio, Tita e o genial Zico.
Memorável foi também o Carioca de 2001, que Petkovic nos deu
após magistral cobrança de falta
em cima do Vasco, no Maracanã lotado. Levamos o Tricampeonato.
Uma alegria tal qual foi o Brasileirão de 2009. Dezessete anos depois de sermos os primeiros pentacampeões do país, nos sagramos
hexa. E o que dizer sobre aqueles
5X4 contra o Santos de Neymar e
Ganso, em 2011, em plena Vila Belmiro? Jogaço de bola e espetáculo
para a posteridade. Ser flamenguista é a essência da paixão. É sofrer até o último minuto e não se
cansar comemorar cada conquista em campo. Haja coração.
Para 2012 espero novas glórias. Vagner Love, o melhor primeiro atacante do Brasil, chegou
e se estabeleceu como referência
de gols, e em breve teremos a
volta do também flamenguista e
bom meio campo Ibson. Adriano
está em recuperação e quem sabe logo, logo pode pintar como o
dono da 9 que tanto falta a esse time. Ronaldinho é Ronaldinho, e
tenho certeza de que irá mostrar
por que é o nosso 10. Quem sabe
também a chegada do paraguaio
Cáceres seja o tempero que faltava para azeitar o bom humor no
Ninho do Urubu que não terá
mais as presenças de Willians,
Deivid Braz e Galhardo.
Espero um 2012 que coroe e
imortalize a geração de Ronaldinho no Flamengo que já foi de Zico e Júnior. Espero a mesma raça
de um time vencedor e a garra
que só os rubro-negros conhecem. Por quê? Porque “eu teria
um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo. Flamengo até morrer eu sou”. ■
A16 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
ESPECIAL
BNDES 60 ANOS
Suplemento – Sexta-feira e fim de
semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
Um diálogo entre
a América Latina
e o mundo
O desenvolvimento das principais
indústrias do século XXI no Brasil
passa pela integração com outros países
Novos atores na economia global
tornam urgente o investimento em
inovação, educação e infraestrutura
Como a China se transformou em
um modelo de sucesso, criando
um círculo virtuoso entre lucro,
exportações e investimento
Jiji Press/AFP
Desafio brasileiro é garantir
empresas nacionais mais
competitivas e apoiar as
vocações econômicas locais
B2 Brasil Econômico - BNDES 60 ANOS | Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
D E S E NVOL V I M E N T O
Fotos: Alexandre Vieira/Ag. O Dia
Luciano Coutinho (à esquerda) e o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, abriram o seminário do BNDES
Concorrência é o nome do jogo
Ascensão de novos atores e inovação cada vez mais rápida impõem
desafios crescentes à política industrial de países como o Brasil
TEXTOS CEZAR DE OLIVEIRA
A
discussão sobre política industrial
perpassa temas relevantes para o
futuro do país e do planeta, alertou o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), Luciano Coutinho. Coube a ele, como anfitrião, abrir o seminário “Políticas Industriais no Século XXI: um diálogo entre a
América Latina e o Mundo”, no Rio de Janeiro. O encontro, realizado nos dias 10 e 11 de
maio, faz parte de uma série de eventos programados para celebrar o 60º aniversário do
BNDES, um dos principais bancos de fomento do planeta, com uma carteira de empréstimos comparável a do Banco Mundial (Bird).
Aos 60 anos,
o BNDES é um dos
maiores bancos de
fomento do mundo
— com carteira de
crédito comparável
à do Banco Mundial
A programação comemorativa da instituição prevê ainda a realização de um encontro solene entre os membros do International Development Finance Club, que congrega 20 instituições financeiras de fomento estrangeiras, além de novo seminário sobre
“Financiamento da economia verde e desenvolvimento sustentável”, previsto para o
dia 19 de junho. Haverá ainda outros dois seminários no segundo semestre sobre os “Cenários da Economia Mundial” e o “Investimento de Longo Prazo”.
Mercado
O quadro atual combina acirramento da con-
corrência por conta da ascensão de novos
atores de peso no mercado, graves dificuldades fiscais e financeiras nos Estados Unidos
e países europeus e uma aceleração do ciclo
de inovações.“Em alguns países desenvolvidos, existem rearranjos profundos, movimentos por trás da crise, que correspondem
a grande inovação tecnológica”, afirmou
Coutinho, um dos principais estudiosos da
indústria brasileira desde os anos 70.
O Plano Brasil Maior, anunciado pelo governo federal, traz medidas para acelerar o
encontro de um caminho autônomo para as
empresas nacionais nesse ambiente de crescente competição. Coutinho e a equipe do
banco, principal fonte financiadora dos
grandes projetos de infraestrutura e modernização fabril no país, participaram diretamente da formulação do plano.
Diretor da Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe (Cepal) da Organização das Nações Unidas (ONU), Mario Cimoli lembrou o relativo isolamento vivido
pela instituição no debate econômico das décadas de 80 e 90, auge do foco exclusivo no
mercado como agente de transformações.
A Cepal, pelo trabalho do chileno Raul
Prebisch e do brasileiro Celso Furtado, advertiu pioneiramente para os problemas estruturais do subdesenvolvimento e sua articulação com a dependência em relação às
economias centrais, grandes importadoras
de commodities. “Nunca imaginamos desenvolvimento na América Latina sem banco de fomento. O BNDES é um espelho para
a região. Por aqui, se manteve política industrial e tecnológica, algo esquecido em
outras plagas, com os resultados — ruins —
já conhecidos.”
Ministro do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio, Fernando Pimentel falou do desafio de trazer a indústria brasileira para o
século XXI. “Não é possível falar em desenvolvimento sem falar em sustentabilidade.
Temos de fazer um grande esforço de aggiornamento, de modernização, para poder
competir”, pregou. O ministro afirmou que
o setor público tem papel decisivo para viabilizar a agenda de transformações. “O
país está preparado para o futuro, mas depende do que fizermos agora. O governo
tem de fazer a sua parte reduzindo a tributação, treinando a mão de obra, incentivando
a inovação tecnológica”, ressaltou.
Pimentel citou medidas recentes para ilustrar seu ponto de vista, e pediu paciência na
cobrança de resultados. “O novo regime automotivo é um passo na direção correta, a
queda de mercado no primeiro trimestre
tem fatores sazonais muito fortes.”
Brasil Maior visa incrementar a indústria
Programa do governo federal diminui peso dos encargos da folha de pagamento das empresas
I
novar para competir. Competir para
crescer.” Com esse lema o governo federal lançou, no ano passado, o plano
Brasil Maior. A estratégia, idealizada
para o período 2011-2014, abrange a política
industrial, tecnológica e de comércio exterior do governo Dilma Rousseff e é uma ampliação da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), iniciada em 2008.
Uma das medidas veio antes mesmo do
anúncio do plano. Foi a Lei nº 12.349/2010,
que institui margem de preferência de até
“
25% nos processos de licitação para produtos manufaturados e serviços nacionais.
No começo do mês passado, o governo
lançou um pacote de medidas do Plano,
com destaque para a exoneração da folha de
pagamentos de 15 setores da indústria. As
áreas beneficiadas passarão a pagar um percentual de 1% a 2% da receita bruta em substituição à contribuição previdenciária. A desoneração total anual, que entra em vigor
90 dias após anúncio do governo, está estimada em R$ 7,2 bilhões.
Segundo o
Ministério da
Fazenda, as
medidas de
desoneração estão
estimadas em
R$ 7,2 bilhões
Segundo o ministro Guido Mantega, o Tesouro Nacional compensará as eventuais
perdas de arrecadação. A adesão à desoneração é voluntária e pode ser estendida para
outros segmentos. Outra estratégia anunciada foi o aumento de recursos do Programa de Financiamento à Exportação
(Proex). O orçamento total do programa
para 2012 passou de R$ 1,24 bilhão para R$
3,1 bilhões. Mantega anunciou que o Proex
será desburocratizado e seu prazo de financiamento passará de 10 para 15 anos.
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 | BNDES 60 ANOS - Brasil Econômico B3
Ajuste é necessário, mas não suficiente
Equilíbrio macroeconômico não dispensa incentivo do Estado à atividade industrial
TEXTO LARISSA MORAIS
S
e a macroeconomia de um país vai
bem, suas políticas industriais têm
muito mais chance de dar certo.
Mas isso não é suficiente para garantir um crescimento elevado e com distribuição de renda. Esse foi um ponto de convergência entre palestrantes de perfis diversos, na
mesa-redonda sobre “Políticas industriais e
políticas macroeconômicas”, no primeiro dia
do evento que comemorou os 60 anos do BNDES. O professor Jaime Ros, da Universidade
Autônoma do México (Unam), analisou a economia de 20 países da América Latina e constatou mudanças monetárias e fiscais relevantes que, junto com o maior estímulo à atuação
do setor privado na região, abriram caminho
para uma fase de maior desenvolvimento.
“Entre essas medidas, adotadas pela maior
parte dos países da região na última década,
estão o regime de câmbio flutuante, as leis de
diretrizes orçamentárias, a independência
dos bancos centrais e a redução de alíquotas
de importação”, listou Ros. Outro fator significativo foi a consolidação da democracia. Se
nos anos 80, só quatro países latino-americanos tinham regimes plenamente democráticos, agora somente Cuba mantém um governo autoritário, na avaliação do professor.
A despeito de tantas mudanças favoráveis, a região ainda não está crescendo a taxas significativas. De acordo com o professor, alguns dos países que mais expandiram
seu PIB entre 1950 e 1980 — caso do Brasil e
do México — estão entre os que menos cresceram de 1990 a 2008. Para ele, a apreciação
da moeda, necessária para o combate à inflação, pode ter prejudicado o desempenho
dessas economias. Nesse quadro, segundo
ele, a política fiscal tem um papel importante a desempenhar, bem como determinadas
medidas de estímulo ao comércio exterior.
O secretário executivo do Ministério da
Fazenda, Nelson Barbosa, lembrou que, no
passado, discutia-se se o Brasil deveria ou
não ter uma política industrial. Hoje houve
um deslocamento do debate. “Existe uma
percepção de que não podemos depender
só da macroeconomia.” Por outro lado, há
uma disputa pelos investimentos do governo por setores como saúde e educação, que
beneficiam amplas camadas da população.
Barbosa fez questão de defender a função
social da política industrial nesse cenário.
“Quando uma pessoa sai do mercado informal para o formal, por exemplo, há geração
de impostos e renda que são benéficos, mas
é preciso envolver certas políticas de demanda para que isso gere crescimento”.
Numa exposição didática, o secretário falou ainda sobre as politicas econômicas adotadas pelo Brasil nos últimos anos que abriram
caminho para um ciclo virtuoso. E lembrou
que, no atual contexto de crise internacional,
o país tem a vantagem competitiva de contar
com um mercado interno forte. “Tivemos um
aumento de renda e uma expansão de investi-
“Existe uma
percepção de que
não podemos
depender só da
macroeconomia”
Nelson Barbosa
Secretário executivo do
Ministério da Fazenda
mento induzida pelo governo, que é complementada por políticas industriais”, explicou.
Sem defender explicitamente uma desvalorização cambial, Nelson Barbosa apresentou cálculos mostrando que, quando ocorre
uma máxi, os salários perdem num primeiro momento, pelo aumento da inflação,
mas em apenas 18 meses se recuperam, em
função de ganhos de produtividade. Contudo, ele enfatizou que não se deve promover
desvalorizações arbitrariamente.
“De fato o mercado não resolve todos os
problemas de uma economia”, concordou
Juán Mauricio Ramírez, representante do Planejamento Nacional da Colômbia. Ele defendeu uma “agenda social” para que o crescimento econômico se traduza em ganhos sociais. Ramírez mostrou inquietação com o peso das commodities agrícolas e minerais no
crescimento recente da América Latina. “Em
essência, a Colômbia mantém a mesma pauta de exportações há 30 anos”, lamentou.
Já Joe Tackie, do Comitê Técnico da Bolsa
de Valores de Gana, considera que é na implementação dessas políticas, e não na formulação, que reside o maior desafio dos países em
desenvolvimento. O país cresce a taxas representativas nos últimos anos, 4% em média, mas enfrenta o desafio de avançar na reforma de seu ambiente de negócios e reduzir
os juros. O moderador da mesa foi Mario Cimoli, diretor da Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe da ONU, a Cepal.
BNDES faz 60 anos com o desafio de tornar o país mais competitivo
O
s desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
em 2011 totalizaram R$ 139,7 bilhões. O montante corresponde
a cinco vezes o valor desembolsado dez anos antes, de R$ 25,7
bilhões. O desempenho reflete
a importância crescente do banco na retomada dos investimentos em infraestrutura de energia, logística, transporte e telecomunicações, além da retomada da indústria de transformação. A crise financeira global,
em 2008, acentuou o predomínio do banco no financiamento
dos projetos de longo prazo. A
retração na oferta de crédito externo, pela aversão a risco dos
investidores institucionais, obrigou a um reforço nas linhas do
BNDES. Daí o aporte do Tesouro Nacional, controlador do
banco, ao longo dos anos, para
assegurar a disponibilidade de
recursos para investimentos.
A capitalização foi acompanhada de uma forte recuperação
de crédito, que chegou a R$ 2,3
bilhões em 2010. O lucro líquido, em 2011, ficou em R$ 9 bilhões, uma redução de 8,7% em
relação a 2010. De acordo com
a instituição, a queda se deveu
exatamente à base de comparação elevada, por conta dos resultados do esforço de cobrança em 2010. A rentabilidade, no
caso do BNDES, refletiu em
grande medida o retorno elevado dos projetos de longo prazo.
Atualmente, a instituição é
uma das principais financiadoras das obras de modernização
da infraestrutura e das arenas
esportivas que abrigarão a Copa
2014. Criado em 1952, no governo Getúlio Vargas, quando o Brasil iniciava seu processo de industrialização, o BNDES — que
nasceu com o nome de Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico — tinha como proposta promover o crescimento
autônomo do país a partir de financiamentos para o setor público e empresas privadas dos
mais diversos portes.
Fomento à iniciativa privada
Depois da criação de algumas
das primeiras estatais, como a
Petrobras e Furnas, o banco
passou a priorizar o fomento à
iniciativa privada e à indústria.
Na década de 1970, teve papel
Os números do BNDES, em R$ bilhões
EM ALTA
EVOLUÇÃO DO DESEMBOLSO
00
20,0
23,4
25,7
38,2
35,1
47,1
52,3
52,3
64,9
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
00
50
0
150
92,2
137,4
168,4*
139,7
24,5
2008
2009
2010
2011
2012**
LUCRO LÍQUIDO
9,91
6,33
0,68
0,87
1999
999
1998
2000
Fonte: instituição
0,80
0,55
1,04
1,5
2001
2002
2003
2004
3,20
2005
2006
*A forte elevação se deve à capitalização da Petrobras SA
importante na política de substituição de importações. Promoveu investimento em setores de bens de capital e insumos básicos. Em 1971, a instituição passou a ter personalidade
jurídica de empresa pública, o
que lhe deu mais autonomia.
A preocupação com questões relacionadas ao desenvolvimento social cresceu na década seguinte. Nos anos 90, a instituição deu suporte ao processo de privatização das estatais e
7,31
2007
5,31
2008
6,74
2009
2010
9,00
2011
**Dados do primeiro trimestre
passou a incentivar o desenvolvimento de regiões fora do eixo
Sul-Sudeste. O período também foi marcado pelo início da
classificação do risco ambiental de projetos financiados e pela incorporação das micro, pequenas e médias empresas no
programa de exportações.
O desafio atual é fomentar
uma indústria que precisa se
adequar ao padrão produtivo do
século XXI. Promover práticas
produtivas sustentáveis é uma
de suas metas. Outro desafio é
aprimorar o olhar para a conjuntura social, incentivando a geração de emprego e renda, ao elaborar políticas que diminuam as
desigualdades regionais. Com a
crise global que se estende desde 2008, o banco intensificou os
investimentos. A atuação internacional busca criar parcerias
de cooperação técnica com centros de pesquisa e instituições financeiras. Outra preocupação é
incentivar a inovação. C.O.
B4 Brasil Econômico - BNDES 60 ANOS | Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 | BNDES 60 ANOS - Brasil Econômico B5
B6 Brasil Econômico - BNDES 60 ANOS | Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
D E S AFIOS
“Para avançar, Brasil precisa
investir em inovação”
Investimentos coreanos e chineses em educação e tecnologia
são exemplos para o país, que deve aproveitar a estabilidade
política e alta das commodities para financiar a diversificação
TEXTO MARIO CAJÉ
A
insuficiência da atual política
brasileira de inovação é preocupante. É o que pensa Carl Dahlman, professor da Universidade
de Georgetown. Os desafios passam por superar as deficiências na educação e na infraestrutura, reduzir o tamanho do Estado,
melhorar as condições fiscais, incentivar o
empreendedorismo e ampliar os investimentos em tecnologias da comunicação.
O objetivo das discussões da segunda mesa de debates da Conferência (Política Industrial e Inovação) foi estimular estratégias governamentais que se traduzam em projetos
internacionais inovadores em um mundo
que vem se transformando cada vez mais rapidamente. A mesa foi mediada por Mauro
Borges, presidente da Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Dahlman considera que o Brasil deveria
aproveitar o bom momento econômico para
ampliar os investimentos em tecnologia. A
seu favor contam a valorização das commodities, o potencial para a produção de biocombustíveis em larga escala, a estabilidade
política e a riqueza de recursos naturais.
O papel essencial dos governos foi destacado por Sanghoon Ahn, vice-presidente do Departamento de Indústria e Política de Competitividade da Coreia do Sul. “O sucesso da Coreia se deve à intervenção do governo. Quando se fala das indústrias pesada e química, o governo agiu. No plano global, ainda temos de
achar soluções. Não há uma resposta pronta.”
A China foi apontada como um bom
exemplo de como a inovação é essencial para a competitividade e o desenvolvimento
econômico. No período de 1980 até 2012, a
China se tornou o país com maior crescimento nas exportações, graças ao investimento maciço em educação e tecnologia.
“A China tem mais que o dobro de pesquisadores dos EUA. Enquanto o Brasil reúne somente 2% dos engenheiros do mundo, a China tem 67%. Além disso, o país tem 50%
mais profissionais com doutorado que os
A China tem mais
que o dobro de
pesquisadores
dos EUA. Enquanto
o Brasil reúne
somente 2%
dos engenheiros
do mundo,
a China tem 67%.
Além disso,
o país tem 50%
mais profissionais
com doutorado
que os EUA
O programa
brasileiro “Ciência
sem Fronteiras”
pretende estimular
a troca de
conhecimentos
científicos com
centros de
excelência em
pesquisa pelo
mundo. O projeto
prevê a concessão
de 75 mil bolsas
de estudo e estágio
em universidades
no exterior
em quatro anos
Carl Dahlman: é preciso superar deficiências em educação e infraestrutura
EUA. A China convidou investimentos externos e teve capacidade de pesquisar áreas novas. Tudo isso demonstra sua estratégia econômica eficaz num mundo onde a tecnologia ocupa um papel central”, afirmou.
Stanslaus Magoma, diretor do Ministério da
Indústria e Comércio Internacional do Zimbábue, disse que, com medidas governamentais
acertadas e uma parceira dos setores industriais
com laboratórios de pesquisa de ponta, o ambiente se tornará adequado para a inovação que
os países emergentes precisam. “Se a inovação
for a vida das empresas, a produção de riqueza
será constante. A ideia é estimular a criação
de novos produtos e serviços. Inovar é reescrever a regra do jogo e isso pode elevar os emergentes ao status de nações desenvolvidas.”
O líder da equipe de política industrial da
União Europeia, Chris Allen, enfatizou que
o Brasil tem um papel muito importante nas
áreas de aviação e biocombustíveis, e na reutilização de materiais. No entanto, precisa
estar aberto ao mundo, investir mais no turismo e incentivar a concorrência, usando
os mecanismos do empreendedorismo.
É preciso também saber reconhecer as aptidões econômicas locais. “Essa foi a resposta da
Tailândia para superar a crise dos tigres asiáticos na década de 90”, destacou Khemadhat
Sukondhasingha, secretário da Federação Geral das Indústrias Tailandesas. O país tem 40%
de seu Produto Interno Bruto (PIB) oriundo do
setor fabril, e forte presença exportadora.
Além de reconhecer os pontos fortes da
economia local, é preciso saber estabelecer
parcerias internacionais. É o que apontou o
relatório de desenvolvimento industrial do
ano passado, formulado pela Organização
das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Industrial (Unido). Segundo o estudo, o
crescimento da eficiência energética é uma
das rotas mais promissoras para o desenvolvimento sustentável global. O alerta se dirigiu especialmente aos países emergentes.
Com a proximidade da Conferência Rio
+20, o evento do BNDES debateu a necessidade de investimento em matrizes energéticas
mais inovadoras e sustentáveis, o que pode
ser alcançado a partir de parcerias entre os
países. “Um bom exemplo de cooperação técnica está na relação do Uruguai com o Brasil.
Estamos desenvolvendo um projeto de instalação de um parque de energia eólica no Uruguai com o apoio estratégico do governo brasileiro”, afirmou Sebástian Torres, ministro da
Indústria, Energia e Mineração do Uruguai.
Um consenso entre os participantes foi a necessidade de investimento nos jovens para o
crescimento do capital tecnológico nacional.
Uma aposta recente do governo brasileiro nesse sentido é o programa “Ciência sem Fronteiras”, que pretende estimular a troca de conhecimentos científicos com centros de excelência em pesquisa pelo mundo. O projeto prevê a
concessão de 75 mil bolsas de estudo e estágio
em universidades no exterior por quatro anos.
Passos: “Por aqui não se costuma exigir
contrapartidas mais pesadas”
Empresa
deve ter metas
maisousadas,
segundo o Iedi
TEXTOS CEZAR DE OLIVEIRA
Presidente do instituto diz que é preciso
ter prazos maiores para incentivos fiscais,
mas também são necessárias contrapartidas
A
s companhias devem ter prazos maiores para incentivos fiscais e benefícios creditícios, mas em contrapartida devem se comprometer com metas mais
ousadas de investimento e desempenho. A
análise é do presidente da Natura e do Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi), Pedro Passos. “Por aqui, não se
costuma exigir contrapartidas mais pesadas,
em que pese a generalidade dos benefícios
oferecidos”, admitiu. “Em alguns países, para assegurar uma transferência de tecnologia
mais intensa e a geração de empregos ao longo da cadeia produtiva, exige-se a permanência dos principais fornecedores.” Não basta
exigir mais das empresas, mesmo das maiores, e garantir a continuidade dos benefícios.
Parte da competitividade é sistêmica, depende do que se faz da porta da fábrica para
fora. “É preciso aprimorar de forma contínua os padrões de educação, logística, energia e transporte. Só assim nos manteremos
aptos para a competição global”, concluiu.
A combinação de fatores citada por Pedro
Passos como essencial ao sucesso ocupou as palestras de especialistas de países em situação
bem distinta da brasileira, como a Indonésia.
Raymond Atje, da Federação das Indústrias da
Indonésia, destacou a segmentação excessiva
dos produtores e a fragmentação de mercado
como obstáculos à afirmação de uma indústria local forte, mesmo com proteção estatal.
“Não alcançamos economia de escala em
autopeças, pois ficamos limitados às montadoras instaladas no próprio país. Casos semelhantes aconteceram nos eletroeletrônicos e na
Tecnologia de Informação”, exemplificou.
Pesquisa e design, na maior parte dos casos,
ainda são feitos no exterior, o que limita o alcance das medidas obrigando empresas estrangeiras instaladas no país a comprarem partes e
peças de fábricas locais. “A política de substituição de importações falhou por subestimar a
importância da pesquisa e desenvolvimento.”
Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012 | BNDES 60 ANOS - Brasil Econômico B7
Nos EUA, o Estado volta a
campo para garantir expansão
Crise em setores tradicionais, como a indústria
automobilística, obrigou à intervenção,
para retomar espaço cedido a concorrentes
C
onselheiro econômico de Barack
Obama até o início deste ano, Ron
Bloom foi um dos coordenadores da
ação governamental no reerguimento da indústria automobilística americana. Como a
aviação comercial, o setor automotivo compunha um caso clássico de necessidade de
intervenção conjuntural do governo. Nem
por isso o consenso surgiu logo de cara.
“Houve uma mudança de maré no debate
sobre o Estado, e segmentos fortes no parlamento e na sociedade passaram a questionar toda e qualquer interferência estatal”,
admite Bloom. Mesmo áreas tradicionalmente afeitas ao setor público, como o controle de emissões poluentes no ar e nas
águas, segurança, educação, saúde, vêm
sendo postas em xeque.
O americano foi um dos destaques do painel sobre política industrial e estratégias corporativas, ao trazer a experiência da maior
economia do planeta, pela primeira vez desde o pós-guerra ameaçada em sua hegemonia pela ascensão chinesa. “A distinção entre manufaturas e empresas de serviços está
sendo erodida. As fábricas incorporam serviços, que se tornam tradeables (transacionáveis internacionalmente) e ampliam a intensidade e o universo da concorrência.”
Nesse quadro de competição aguda,
Bloom admitiu que por vezes restasse ao governo administrar um declínio de longo prazo, ganhando tempo para que as consequên-
cias sociais da decadência setorial sejam enfrentadas. “É, tipicamente, o caso das fabricantes de motocicletas”, exemplificou.
Mesmo os setores mais bem-sucedidos
não dispensam o apoio estatal, quando disponível. “O papel de Washington quanto ao
Vale do Silício tinha sido o de impedir a dominação de um mercado pela Microsoft. Ao
se desenhar o pacote de incentivos para a cadeia produtiva do setor automobilístico, as
empresas de TI disputaram 2% do bolo, por
conta da eletrônica embarcada”,afirmou.
O episódio ilustra como a interdependência de setores distintos é crescente, e
como as manufaturas, mesmo em segmentos mais tradicionais, podem ser decisivas
para a força de uma economia. “Para salvar as montadoras de Detroit, se falou em
exportações, melhores empregos, salários
mais altos proporcionados pela indústria.
Tudo verdade, mas o melhor argumento é
a busca da inovação”, sustentou Bloom.
“Pena que isso se perdeu em boa parte dos
anos recentes.” A ideia de que é possível
perder os empregos fabris e preservar o design, a pesquisa e o desenvolvimento, ficando com a maior parte do valor agregado, ajuda a explicar como os governos dos
países centrais assistiram à transferência
de fábricas para países emergentes sem interferir mais fortemente. “Só que quando
você perde o chão da fábrica, o pessoal de
Pesquisa&Desenvolvimento fica privado
da interação com quem opera diretamente.”A conexão humana, o olho no olho,
não pode ser reproduzida perfeitamente à
distância, segundo ele.
Fotos: Alexandre Vieira/Ag. O Dia
Ron Bloom: busca por inovação se perdeu em boa parte dos anos recentes
Arun Maira: “Nós seguimos a China o mais perto que conseguimos”
Indústria da Índia quer
crescer 4% acima do PIB
Esforço é para adaptar medidas
eficientes em outros países
aos desafios da segunda
maior população do mundo
I
ntegrante da Comissão de Planejamento do governo da Índia,
Arun Maira foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do nanocarro, o ultracompacto criado pela
Tata Motors, o maior grupo privado
do país. Presente da siderurgia à informática, gigante mundial em comerciais leves e caminhões, o grupo
Tata tornou-se mais conhecido no
Brasil ao vencer a Companhia Siderúrgica Nacional na disputa pela anglo-holandesa Corus, uma das Top
3 do aço na Europa.
Maira não hesita em mencionar a
fatia reduzida da indústria no Produto Interno Bruto de seu país, de 12%,
inferior a de outros Brics como Rússia (14%) e Brasil (16%). Em contrapartida, Maira se orgulha do desempenho recente da Índia. “Costumamos dizer que os Estados Unidos seguem na ponta, mas já veem a China
pelo retrovisor. E nós seguimos a China, o mais perto que conseguimos”,
comparou. Para alcançar esse ritmo,
as metas indianas são ambiciosas: fazer a indústria crescer 2% a 4% acima do PIB, dobrando a fatia para
25% do produto até 2025, gerando
100 milhões de empregos adicionais.
O aumento da agregação doméstica de valor e da profundidade da cadeia produtiva, com a atração de for-
necedores, é a arma para alavancar
o crescimento. “Temos que alcançar a competitividade global com a
política adequada.”
O equilíbrio é difícil de alcançar,
como demonstra o fracasso dos três
modelos mais comuns em vigência
no planeta: a ausência de política industrial, a economia planificada
centralmente e a escolha de grupos
e setores mais competitivos para incentivar.“Os exemplos vitoriosos
de escolha de vencedores são difíceis de reproduzir em ambiente democrático, e responderam a características muito específicas da Coreia
do Sul, Hong Kong e Cingapura.
O esforço indiano é para adaptar
medidas eficientes em outros países
aos desafios da segunda maior população do planeta. O paralelo mais óbvio é a China, outro gigante demográfico às voltas com uma permanente necessidade de geração de emprego e renda em escala difícil de
imaginar.“Temos de aprender com
eles a implementar coisas decididas, garantir a efetividade das medidas e prosseguir no caminho.”
Na gestação do novo modelo, o essencial é estabelecer o aprendizado colaborativo, em que as mudanças surgem da interação entre o planejamento e a execução. O caminho tradicional, de cima para baixo, resulta em burocracias autônomas, por vezes autossuficientes mesmo, e barreiras à busca pelo lucro das empresas privadas,
limitando a inovação na economia.
Falta dinamismo econômico à Zona do Euro
Dinamismo é o que está em falta na Zona
do Euro, afirma a ex-ministra das Finanças
da Áustria, Benita Ferrero-Waldner, hoje
dirigente da Eulac Foundation, que estuda
as relações entre o Velho Continente e
a América Latina. “A turbulência global tem
seu coração na Europa”, admite. "A saída
para a crise da dívida é mais Europa, não
menos. Temos a moeda, mas não os Estados
Unidos da Europa, a união federal que
garantiria o lastro. União monetária sem a
contrapartida fiscal e financeira não é viável.
Coordenar política industrial, garantindo
o florescimento das diferentes regiões
e setores, é a chave para isso”, sustentou.
O mundo mudou muito desde a criação do
Banco Mundial, há quase 70 anos. "A China
é um grande competidor, que tornou
mais difícil a industrialização em países
periféricos”, advertiu. “O declínio acentuado
da indústria americana e européia não pode,
contudo, ser atribuído exclusivamente à
concorrência chinesa," ponderou. "Não é só
a taxa de câmbio depreciada, ou o ambiente
pró-investimento, que explica o sucesso
chinês. É o círculo virtuoso entre lucro,
investimento e exportação, que precisa
ser reproduzido em outros países."
B8 Brasil Econômico - BNDES 60 ANOS | Sexta-feira e fim de semana, 18, 19 e 20 de maio, 2012
PL A NE J A M E N T O
Fortalecimento de empresas nacionais
é alavanca para o desenvolvimento
Interação com múltis é importante, mas salto qualitativo exige grupos locais capazes
de disputar liderança global; informática, biotecnologia e robótica são áreas-chaves
A
importância de um
país ter empresas nacionais fortes, capazes de funcionar como “âncoras de desenvolvimento”, foi enfatizada pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, no painel de encerramento do seminário. “Não estou negando o valor das empresas internacionais. A troca com essas
companhias é muito importante, mas a diferença qualitativa
se dá quando há empresas locais capazes de brigar por uma
liderança global”, disse.
O presidente do BNDES afirmou ainda que os bancos de fomento devem ser capazes de
captar tendências, num cenário
de rápidas mudanças. Ele assinalou que, nos próximos anos,
haverá uma massificação da
banda larga e as vendas de equipamentos eletrônicos como tablets darão um salto. Para ele,
haverá uma mudança de paradigma tecnológico que passa
por um avanço na robótica. Ou-
tra área de destaque será a biotecnologia. Coutinho assinalou,
contudo, que se deve estimular
a capacidade de inovação de
empresas dos mais diversos setores, não só de tecnologia.
O professor Ha-Joon Chang,
da Universidade de Cambridge,
lembrou que, se nos anos 1990 a
existência de instituições de fomento era frequentemente contestada, hoje prevalece a visão
de que elas são fundamentais,
principalmente nas nações em
desenvolvimento. Ao traçar um
painel dos debates, Chang disse
não concordar integralmente
com a ideia de que os países precisam investir em setores para o
qual estão vocacionados. Para
ele, também é possível fazer
boas escolhas que à primeira vista pareçam pouco adequadas.
Como exemplo citou o caso
da Holanda, que se tornou a terceira maior exportadora de alimentos do mundo apesar de ter
uma área agrícola muito pequena: “eles resolveram essa ques-
Fotos: Alexandre Vieira/Ag. O Dia
TEXTOS LARISSA MORAIS
“Parte da política
industrial dos EUA
é convencer os
outros países
que eles não têm
política industrial”
“Os bancos de
fomento devem
atuar para ajudar
as empresas
a absorverem
tecnologia”
Ha-Joon Chang
Carlos Alvarez
Professor da Universidade
de Cambridge
Diretor da OCDE
tão investindo pesado em tecnologia”, afirmou, mencionando ainda que não seria possível
criar um manual sobre políticas industriais. “Há uma gama
de estratégias que podem ser
usadas, sempre caso a caso.”
Chang disse também que os
países ricos discursam em favor
do livre comércio, mas são protecionistas com suas economias.
“Todas as indústrias nas quais os
Estados Unidos têm vantagens
comparativas são financiadas ou
têm pesquisas bancadas pelo governo federal. Parte da sua política industrial é convencer os outros países que eles não têm polí-
tica industrial”, completou, provocando risos da plateia. Em outro momento descontraído,
Chang afirmou que “investimento em educação é como mãe e torta de maçã: ninguém fala mal”.
Na América Latina, o professor vê como problemas a falta
de ênfase nas exportações e o
excesso de simpatia às transnacionais. Lembrou que, na Coreia, as joint ventures eram quase obrigatórias. Empresas estrangeiras foram aceitas, sob
certas condições. Houve um
aprendizado tecnológico.
Para Carlos Alvarez, diretor
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os bancos de fomento devem estar atentos a fatores estruturais. Se faz necessário atuarem para reduzir os obstáculos à criação de empresas,
combater práticas anticompetitivas e ajudar empresas a absorverem tecnologia. Alvarez defendeu também o estímulo ao design e ao empreendedorismo.
Incentivoàsvocaçõesdeterminasucesso
Identificação de vantagens
competitivas de cada país é
essencial para evitar desperdício
e distorções no uso de recursos
U
ma política de incentivos focada por setor é
essencial para a mudança estrutural, num processo de crescimento rápido e
sustentável, para o vice-presidente sênior e economista-chefe
do Banco Mundial, Justin Lin. Na
escolha dos segmentos beneficiados, é essencial levar em conta as
vocações de cada região. “A
maioria das políticas industriais
fracassou por não conseguir ajustar-se às vantagens competitivas
do país.”
A identificação desses atributos tornou-se mais difícil com a
aceleração dos ciclos da vida econômica e social. “Inovação tecnológica e urbanização mudaram o mundo da agricultura para a manufatura, e daí para setores mais sofisticados e agregadores de valor, em menos de dois
séculos”, argumentou. “A modernização definitiva implica
reestruturação completa da produção, do conhecimento e das finanças”, alertou.
O governo, muitas vezes, tem
de dar o impulso inicial. As diferenças entre os setores determinam demandas também distintas
por mão de obra qualificada e facilities (infraestrutura de logística,
energia, água). Um erro comum
nessa gestão das diferenças é o excessivo prolongamento dos subsídios. “Nesses casos, em que o segmento não consegue competir
em ambiente livre, se fez uma escolha contra as vantagens comparativas. Com isso, as tentativas de
selecionar os vencedores resultaram na colheita dos perdedores.”
A repetição de exemplos desse tipo em diferentes áreas do
planeta tornou o Banco Mundial
refratário à política industrial,
que se tornou um tema tabu. O
exemplo chinês, contudo, forçou a revisão desses conceitos.
“Quem apostaria que a China,
“Quem apostaria
que a China se
transformaria na
maior ameaça à
hegemonia econômica
americana?”
Justin Lin
Vice-presidente do Banco Mundial
de país agrário, se transformaria
na maior ameaça à hegemonia
econômica americana?”,questionou. Parte do segredo chinês é
entender que o custo de transação deve ser baixo, o que exige
coordenação de governo.
Essa coordenação parte da
identificação dos setores (10 a
20, segundo Lin) que tenham desempenhado bem em países de
rápido crescimento, de preferência com produtos tradeables (negociáveis internacionalmente).
O passo seguinte é chegar às empresas privadas que já estejam
atuando no segmento focado.
“Onde não haja indústria forte
nem ambiente de negócios favorável, Zonas de Processamento
de Exportações (ZPEs) e distritos
industriais podem oferecer espaço adequado. O acesso a investimentos externos auxilia o dinamismo”, argumentou.
A Unctad, organismo das Nações Unidas para o apoio ao comércio e ao desenvolvimento,
tem uma postura mais cética
quanto aos termos da integração
da economia mundial. Richard
Kozul Wright, representante da
Unctad no encontro promovido
pelo BNDES, honrou essa tradição. Lembrando Raul Prebisch,
criador da Cepal, Wright alertou
para a forte influência dos fatores exógenos nas economias menos desenvolvidas. “É bom ver o
Banco Mundial pregar na África
as políticas industriais que criticou na Ásia, e que levaram ao
crescimento de China e Coreia
do Sul”, ironizou.
O ambiente externo, tanto econômico quanto político, limita
em muitos países a possibilidade
de transformações estruturais,
qualquer que seja seu estágio relativo de integração no processo
produtivo internacional. “É preciso adotar uma perspectiva integrada. Políticas industriais baseadas somente na escolha dos vencedores, dos grupos a serem estimulados, parece isolada das transformações mais amplas. Na verdade, existe uma forte coincidência
entre Estado democrático e Estado desenvolvimentista. E a história do desenvolvimento, na maioria dos países, é sobre saltos e rupturas, não sobre melhorias incrementais, gradualistas”, afirmou.
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