UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI DAVID DE CARVALHO KARLA GONÇALVES CARDOSO SEBASTIÃO SCHITINE VIANA SILVIO TAKASHI TAMARU INFLUÊNCIA DO RODÍZIO MUNICIPAL NO TRANSPORTE DE CARGAS PARA O ABASTECIMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE SÃO PAULO SÃO PAULO 2010 2 DAVID DE CARVALHO KARLA GONÇALVES CARDOSO SEBASTIÃO SCHITINE VIANA SILVIO TAKASHI TAMARU INFLUÊNCIA DO RODÍZIO MUNICIPAL NO TRANSPORTE DE CARGAS PARA O ABASTECIMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE SÃO PAULO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Orientador: Profº. Me. Eng. Célio Daroncho SÃO PAULO 2010 3 DAVID DE CARVALHO KARLA GONÇALVES CARDOSO SEBASTIÃO SCHITINE VIANA SILVIO TAKASHI TAMARU INFLUÊNCIA DO RODÍZIO MUNICIPAL NO TRANSPORTE DE CARGAS PARA O ABASTECIMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE SÃO PAULO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Trabalho____________ em: ____ de_______________de 2010. ______________________________________________ Professor Me. Eng. Célio Daroncho ______________________________________________ Nome do professor da banca Comentários:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4 Este trabalho é dedicado a Deus, e a todas as famílias e amigos dos integrantes desta pesquisa, que de maneira direta ou indireta, contribuíram em muito, com todo apoio e carinho para a nossa conclusão da Graduação em Engenharia Civil. 5 AGRADECIMENTOS Ao nosso orientador Célio Daroncho, que nos apoiou, incentivou e apresentou maneiras e métodos para alcançarmos os melhores resultados, sem perder o foco no tema. Ao Prof. Wilson Iyomasa, que com todo o seu conhecimento apresentou todas as ferramentas necessárias para adequar o trabalho às normas técnicas brasileiras. Agradecemos a todos os professores que contribuíram no nosso aprendizado, que dedicaram-se em passar um pouco do conhecimento e experiência adquirida, para que pudéssemos nos tornar profissionais mais completos e atualizados. Em memória da Prof.a Elieni Strufaldi, que contribuiu em muito com nossa formação acadêmica. 6 RESUMO Neste trabalho de conclusão de curso são abordadas as influências que o rodízio municipal causa no transporte de cargas para a construção civil na região metropolitana de São Paulo, como as empresas do setor encaram a lei, quais são suas opiniões quanto à restrição e as medidas adotadas para se adaptarem. O estudo de caso, realizado em empreendimentos nos bairros da Barra Funda e do Itaim Bibi, descrevem como as empresas superaram os problemas com os horários de entrega e recebimento de materiais, além dos métodos aplicados no canteiro de obra envolvendo toda a organização e administração de estoque, descrevendo quais foram as soluções adotadas para as obras em questão. Palavras Chave: Rodízio de caminhões, construção civil, transporte de materiais, zona máxima de restrição de circulação. 7 ABSTRACT In this work course completion are discussed the influences that municipal rotation in transportation cargo brings to construction in the metropolitan region of Sao Paulo, as companies in the sector face the law, what are their views on the restriction and the measures taken to adapt. The case study carried out in enterprises in the Barra Funda and Itaim Bibi, describes how companies have overcome the problems with the schedules of delivery and receipt of materials, in addition to the methods used in the construction site involving the entire organization and administration of stock, describing what were the solutions adopted for the buildings in this example Keywords: caster trucks, construction, transportation of materials, maximum area of restricted movement 8 LISTA DE FIGURAS Figura 5-1 - Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal........................... 21 Figura 5-2 - Real Academia Militar do Rio de Janeiro, 1810. .................................... 23 Figura 5-3 – Avenida Paulista - início do século XX, em 1905. ................................. 25 Figura 5-4 - Foto tirada da Avenida Paulista em 2010. ............................................. 25 Figura 5-5 - Primeiro Caminhão do mundo construído em 1896. .............................. 26 Figura 5-6 - Percentagem de carga transportada por modal no Brasil. ..................... 27 Figura 5-7 - Pesos Brutos autorizados pelo CONTRAN por tipo de caminhão. ........ 28 Figura 5-8 - Caminhão Tipo Leve. ............................................................................. 28 Figura 5-9 - Caminhão Tipo Médio. ........................................................................... 29 Figura 5-10 - Caminhões Tipo Pesado. ..................................................................... 30 Figura 5-11 - Universidade Nove de Julho - Campus Barra Funda. .......................... 37 Figura 5-12 - Dimensões da produção de viagens. ................................................... 37 Figura 5-13 - Mega Congestionamento de trânsito em São Paulo em 1997. ............ 41 Figura 5-14 - Indústrias Localizadas na Cidade de Cubatão-SP. .............................. 43 Figura 5-15 - Chaminé de Indústria no Pólo Petroquímico do Grande ABC. ............ 44 Figura 5-16 - Mapa do Centro Expandido de São Paulo. .......................................... 46 Figura 5-17 - Demonstração de variação do nível de ruídos. .................................... 62 Figura 6-1 - Mapa de localização do empreendimento ............................................. 65 Figura 6-2 - Entrada do canteiro de obras ................................................................. 68 Figura 6-3 - Rua Tagipuru no sábado a tarde, trânsito tranqüilo para carga e descarga ............................................................................................................ 68 Figura 6-4 - Fachada do Espaço das Américas e vagas para estacionamento......... 69 Figura 6-5 - Vagas para estacionamento na Rua Tagipuru em frente a obra ........... 70 Figura 6-6 - Caçambas para entulho localizadas em frente a obra ........................... 71 Figura 6-7 - Caminhão com dificuldade para entrar no canteiro................................ 72 Figura 6-8 - Pequeno congestionamento ocasionado pela manobra do caminhão ... 73 Figura 6-9 - Espaço em frente a obra praticamente livre .......................................... 73 Figura 6-10 - Caminhão se preparando para entrar no canteiro ............................... 74 Figura 6-11 - Mapa de localização do empreendimento ........................................... 76 Figura 6-12 - Local de descarga dos caminhões....................................................... 78 9 LISTA DE TABELAS Tabela 5-1 - Vias Estruturais Restritas do Município de São Paulo. 49 Tabela 5-2 - Vias de Restrição de Circulação a Partir de 28/07/09. 52 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABGE Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental Afavea Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores Anet Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos Av.. Avenida Brig. Brigadeiro CBTU Companhia Brasileira de Trens Urbanos CET Companhia de Engenharia de Tráfego CNPq Conselho Nacional Tecnológico Contran Conselho Nacional de Trânsito DER-SP Departamento de Estradas de Rodagens do Estado de São Paulo DPT Departamento de Transporte Público DSV Departamento de Operação do Sistema Viário GCM Guarda Civil Metropolitana IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil OE Ordem dos Engenheiros PBT Peso Bruto Total PGT Pólo Gerador de Trânsito PMSP Prefeitura Municipal de São Paulo Proconve Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores Psiu Programa de Silêncio Urbano R. Rua Romu Ronda Ostensiva Municipal de Desenvolvimento Científico e 11 Sabesp Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SAR Secretaria das Administrações Regionais Sehab Secretaria da Habilitação e Desenvolvimento Urbano Semab Secretaria Municipal de Abastecimento Setcesp Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo SMT Secretaria Municipal de Transportes Uninove Universidade Nove de Julho VD. Viaduto VER Vias Estruturais Restritas VUC Veículo Urbano de Carga ZERC Zona Especial de Restrição de Circulação ZMRC Zona Máxima de Restrição de Circulação 12 SUMÁRIO p. 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15 2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 16 2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 16 2.2 Objetivo Específico ................................................................................................. 16 3. MÉTODO DE TRABALHO ................................................................................ 17 4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 19 5 CONSTRUÇÃO CIVIL, MEIO URBANO E O TRANSPORTE DE CARGAS .... 20 5.1 Construção Civil ...................................................................................................... 20 5.1.1 Breve história da construção civil ........................................................................ 20 5.1.2 Construção Civil no Brasil .................................................................................... 22 5.1.3 Construção Civil em São Paulo ........................................................................... 23 5.2 Caminhões................................................................................................................. 26 5.2.1 Tipos de Caminhões ............................................................................................. 27 5.2.2 Tipo Leve................................................................................................................. 28 5.2.3 Tipo Médio .............................................................................................................. 29 5.2.4 Tipo Pesado ............................................................................................................ 29 5.3 Gerenciamento de transportes ............................................................................ 30 5.3.1 Custos e logísticas................................................................................................. 31 5.3.1.1 Operação da frota .............................................................................................. 33 5.3.1.2 Coleta e Distribuição ......................................................................................... 35 5.3.2 Pólos Geradores de Trânsito (PGT) ................................................................... 35 5.4 Meio Urbano .............................................................................................................. 38 5.4.1 Trânsito na Cidade de São Paulo ....................................................................... 40 5.4.2 Poluição Ambiental no Meio Urbano .................................................................. 41 13 5.5 Rodízio ........................................................................................................................ 44 5.5.1 Legislações Existentes ......................................................................................... 47 5.5.2 Zona Máxima de Restrição de Circulação (ZMRC) ......................................... 47 5.5.3 Vias Estruturais Restritas (VER) ......................................................................... 48 5.5.4 Impacto do Rodízio na Idade da Frota de Caminhões .................................... 50 5.5.5 Rodízio de carros ................................................................................................... 50 5.5.6 Rodízio de Caminhões Pesados ......................................................................... 51 5.5.7 Rodízio de Caminhões e Sua Legislação .......................................................... 53 5.5.8 Rodízio de Veículo Urbano de Carga (VUC)..................................................... 55 5.5.9 As Polêmicas na Lei de Rodízio de Caminhões ............................................... 55 5.5.10 Órgãos Competentes ........................................................................................ 57 5.5.10.1 Secretaria Municipal de Transportes (SMT) .............................................. 57 5.5.10.2 Departamento de Transporte Público (DTP) ............................................. 58 5.5.10.3 Departamento de Operação do Sistema Viário (DSV) ............................ 58 5.5.10.4 Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) .......................................... 59 5.6 Programa de Silêncio Urbano (Psiu) .................................................................. 59 5.6.1 A Influência do “Psiu” no Transporte de Cargas Para a Construção Civil ... 62 6 ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 64 6.1 Estudo de Caso I: Obra Barra Funda ................................................................. 64 6.1.1 Localização do empreendimento ........................................................................ 64 6.1.2 Planejamento do Empreendimento..................................................................... 65 6.1.3 Execução de Serviços e Suas Interferências .................................................... 66 6.1.4 Conseqüências do rodízio no transporte de cargas. ....................................... 74 6.2 Estudo de Caso II: Obra Faria Lima .................................................................... 76 6.2.1 Localização do empreendimento ........................................................................ 76 6.2.2 Planejamento do Empreendimento..................................................................... 77 6.2.3 Execução de Serviços e Suas Interferências .................................................... 78 6.2.4 Conseqüências do rodízio na qualidade de vida. ............................................. 81 7 ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................... 83 8 CONCLUSÕES .................................................................................................. 85 14 9 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................... 87 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 88 ANEXO A .................................................................................................................. 94 ANEXO B .................................................................................................................. 95 ANEXO C .................................................................................................................. 96 ANEXO D .................................................................................................................. 97 ANEXO E .................................................................................................................. 98 ANEXO F .................................................................................................................. 99 ANEXO G ................................................................................................................ 100 ANEXO H ................................................................................................................ 101 ANEXO I.................................................................................................................. 102 ANEXO J................................................................................................................. 103 ANEXO K ................................................................................................................ 104 ANEXO L ................................................................................................................ 105 ANEXO M................................................................................................................ 106 ANEXO N ................................................................................................................ 107 ANEXO O ................................................................................................................ 108 ANEXO P ................................................................................................................ 109 15 1. INTRODUÇÃO O tráfego na cidade de São Paulo gera grandes problemas de circulação dos veículos automotores e principalmente os veículos de carga das mais variadas espécies, além de causar aumento nos índices de emissão de poluentes na atmosfera. Diante de tantos problemas a Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP) decidiu instituir o rodízio de veículos na cidade de São Paulo, no intuito de amenizar os efeitos causados pelo tráfego intenso. Este trabalho apresenta os obstáculos que as empresas do setor da construção civil enfrentam com relação à restrição de circulação de caminhões na região metropolitana de São Paulo, seus respectivos pontos de vista e soluções adotadas para contornar essas limitações. Para obtenção de dados mais precisos foram realizadas visitas a obras e empresas do setor, além de coleta de informações de pessoas envolvidas em várias partes do processo de abastecimento na construção civil, são procedimentos básicos para garantir um bom resultado. Essa pesquisa tem em vista expor o problema de forma interessante aos pesquisadores e profissionais da construção civil, que necessitam de informações sobre o impacto que o rodízio municipal de caminhões na cidade de São Paulo causa ao abastecimento de carga para a construção civil. 16 2. OBJETIVOS O presente trabalho tem como objetivo pesquisar, verificar e quantificar as dificuldades que a construção civil enfrenta para a distribuição de materiais no centro expandido da cidade de São Paulo. 2.1 Objetivo Geral O objetivo geral deste trabalho é estudar os impactos do rodízio de caminhões na cidade de São Paulo, focando principalmente o transporte de materiais para a construção civil e todas as dificuldades e problemas encontrados tanto na entrega quanto no transporte propriamente dito. 2.2 Objetivo Específico O objetivo específico é apresentar um estudo de caso com as dificuldades causadas pelo rodízio e as medidas mitigadoras encontradas, visando reduzir os impactos no ritmo da construção civil. 17 3. MÉTODO DE TRABALHO A pesquisa é caracterizada inicialmente pelo transporte de cargas na construção civil de São Paulo, a partir de revisão bibliográfica dos itens relacionados ao transporte dessas cargas, sendo apresentado uma breve história do transporte na cidade de São Paulo, como é composta a cadeia de logística no setor, conceitos básicos dos sistemas de transportes e análise do sistema na região metropolitana. Abordar-se-á a história do rodízio de forma generalizada na cidade de São Paulo, com estudo aprofundado da expansão do rodízio aos caminhões na Zona Máxima de Restrição de Circulação (ZMRC). São contempladas as Leis, Decretos e Portarias para melhor precisão dos dados. A revisão bibliográfica foi abstraída de livros, normas, leis, decretos, artigos publicados em jornais, no Diário Oficial e trabalhos acadêmicos, que serviram para embasar e apresentar o estudo de caso em questão. Em seguida, é apresentado estudo de caso lançando mão de informações do próprio setor de transporte, quando a lei entrou em vigor, quais modificações foram feitas na lei para sua melhor adequação, como o rodízio impactou o setor e quais foram as medidas mitigadora para garantir o processo de abastecimento da construção civil na região da ZMRC. No estudo de caso, foram contemplados dados reais que foram obtidos em estudos de campo, juntamente com dados de publicação de órgãos responsáveis como a Secretaria de Transportes de São Paulo. Os capítulos que iniciam a revisão bibliográfica abrangem as principais informações referentes ao rodízio, dando base ao entendimento do que é abordado no decorrer deste trabalho. Para que o estudo de caso tenha base em fundamentos concretos, é imprescindível o domínio dos processos de transportes de cargas realizadas por caminhões na região metropolitana de São Paulo, além de dados necessários sobre o rodízio, a fim 18 de garantir a averiguação das informações obtidas. Por esse motivo são apresentadas normas, leis, entre outros e conseqüentemente métodos de avaliação de como é o fluxo de cargas na cidade. No capítulo do estudo de caso, utilizando um método prático, são apresentadas as informações provenientes de estudos do setor e análises relacionadas ao crescimento e declínio do trânsito com a implantação do rodízio. Ao final do capitulo de estudo de caso, são apresentadas as soluções sobre o estudo de caso, com proposta de melhoria e mitigações encontradas para o setor de transportes de cargas, para o abastecimento da construção civil na cidade de São Paulo. No capítulo referente às considerações finais, cabe a discussão sobre os métodos utilizados e as soluções encontradas para vencer os problemas causados pelo rodízio de caminhões na ZMRC, ou seja, o centro expandido da região metropolitana da cidade de São Paulo. 19 4 JUSTIFICATIVA Existe na cidade de São Paulo a carência de um acervo bibliográfico atualizado referente aos impactos que o rodízio de caminhões causa no setor de transporte, principalmente quando o assunto é o abastecimento da construção civil. Com o aumento da demanda de materiais para a construção civil, despertou-se a necessidade de se investir em meios de transportes eficazes e seguros, com capacidade de transportar grande quantidade de carga em uma única viagem. O transporte de caminhões acaba sendo a alternativa que melhor atende as necessidades que foram expostas e desta forma os investimentos do setor foi de encontro a caminhões de maior capacidade e conseqüentemente, com dimensões consideravelmente elevadas. A expansão dessa frota, tanto em tamanho quanto em quantidade, gerou o gargalo no trânsito da cidade, o que obrigou os órgãos responsáveis a encontrarem meios que mitigassem esse impacto, já que a região metropolitana é a área que tem um elevado tráfego de todos os tipos de caminhões diariamente. 20 5 CONSTRUÇÃO CIVIL, MEIO URBANO E O TRANSPORTE DE CARGAS Neste capítulo são apresentadas algumas definições sobre a construção civil, impactos e influência do aumento do tráfego no meio urbano e toda a história do sistema de rodízio na cidade de São Paulo. Como ele surgiu, quais os motivos de sua existência, quais foram suas ampliações e quais as adequações para às necessidades da cidade, seus respectivos impactos entre outros assuntos pertinentes ao tema. 5.1 Construção Civil A construção civil é importantíssima no cenário de desenvolvimento de uma nação, por isso é praticamente impossível imaginar o mundo sem a sua presença. Se fosse possível construir uma cidade sem a participação da construção civil essa cidade com certeza estaria reduzida a um amontoado de barracos isolados, sem comunicação, energia ou sistema de água e esgoto (CEBIC, 1998). Em resumo, a construção civil brasileira é a grande responsável por impulsionar a maioria dos segmentos produtivos, seja através de sua diversificada demanda industrial ou indiretamente pela geração de emprego e renda, além do mais os insumos utilizados pela indústria da construção civil, são responsáveis por ganhos de produtividades de diferentes setores, o que justifica a sua denominação de “poderosa alavanca” para o desenvolvimento sustentado do país. (TREVISAN, 1998). 5.1.1 Breve história da construção civil Os termos construção civil e engenharia civil são de uma época em que só existiam duas classificações para a engenharia sendo elas, civil e militar, para o nosso conhecimento a engenharia militar era destinada somente para militares e a engenharia civil era destinada para os demais cidadãos (MP/USP, 1995). 21 Com o tempo, a engenharia civil, que contemplava as demais áreas, foi se dividindo e hoje conhecemos as várias especialidades, como a engenharia elétrica, mecânica, química, naval, etc. Exemplos como engenharia naval, dão origem à construção naval, mas ambas eram agrupadas apenas na grande área da civil. Em Portugal os responsáveis pelos projetos da construção civil têm que ter curso superior, bacharelado ou licenciatura e tendo que estar respectivamente inscritos na Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos (ANET) ou na Ordem dos Engenheiros (OE). Para projetos de grande responsabilidade, o bacharelado não é considerado formação suficiente, e a legislação portuguesa exigem que o responsável técnico seja titular de uma licenciatura em Engenharia Civil (LNEC, 2010). Segundo o site do Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal (2010), pela legislação de Portugal até 1974, os técnicos de engenharia com nível intermediário eram formados nos institutos industriais, originalmente criados em 1852. Em virtude disto os diplomados nesses institutos foram considerados “engenheiros industriais” até 1913, “condutores” entre 1913 e 1918, “engenheiros auxiliares” entre 1918 e 1950 e “agentes técnicos de engenharia” entre 1950 e 1974. Na Figura 5-1 é possível ver o Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Lisboa – Portugal. Figura 5-1 - Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal. Fonte: LNEC (2010). 22 Já em 1974, os institutos industriais foram transformados em institutos superiores de engenharia, podendo conferir os graus de bacharel, licenciado e doutor. A conclusão de bacharelado num curso dos institutos superiores de engenharia passou a conferir o título de “engenheiro técnico”. Com a criação da ANET e publicação dos seus estatutos em 1999, o titulo de “engenheiro técnico” deixou de ser conferido automaticamente aos bacharéis em engenharia, passando a ser conferido apenas aos inscritos naquela associação (LNEC, 2010). 5.1.2 Construção Civil no Brasil Segundo MORAES (2006), não há relatos precisos sobre o inicio da construção civil no Brasil, porém pode se dizer que o seu primeiro passo deu-se de forma sistemática, ainda no período colonial, por volta de 1549 com a construção de fortificações e igrejas. O responsável por essa incumbência foi o engenheiro civil Luiz Dias, decretado pelo então “governador das terras do Brasil”, Tomé de Souza. Na ocasião o engenheiro civil Luiz Dias, realizou a construção dos muros da cidade de Salvador (BA), a capital da época. Dias acabou construindo também o edifício da alfândega e o sobrado de pedra-e-cal da Casa da Câmara e a Cadeia (MORAES, 2006). Em 1808, com a chegada da Família Real ao país, foi criada a primeira escola de engenharia civil brasileira, a Real Academia Militar do Rio de Janeiro, com o objetivo de formar oficiais da artilharia, além de engenheiros e cartógrafos e pode ser vista na Figura 5-2 (CAVALCANTI, 2004). Essa instituição é hoje, a Escola Nacional de Engenharia. As cidades passaram a crescer vertiginosamente, numa velocidade nunca antes registrada após a sistematização dos estudos na engenharia civil brasileira. Com isso surgiram, os altos edifícios, as pontes quilométricas, o sistema de saneamento básico, as estradas pavimentadas e o metrô (UFRJ, 2010). 23 Figura 5-2 - Real Academia Militar do Rio de Janeiro, 1810. Fonte: www.tifamiliarealblogspot.com (2008). Ainda o autor acrescenta que, o auge da construção civil no Brasil ocorreu na gestão do Presidente Getúlio Dorneles Vargas, na década de 40, sendo um dos setores mais avançados da época. O Brasil era detentor importante da tecnologia do concreto armado. A partir da década de 50 o trabalho passou a ter uma forma hierárquica. Na década de 70 durante o regime militar predominou grande financiamento no setor visando diminuir o déficit de moradia. E as construtoras da época construíam apenas prédios. Finalmente o autor descreve que nos anos 80 começa a diminuir os financiamentos e as construtoras voltam a comercializar suas unidades. Na década de 90, as construtoras em prol do melhoramento na qualidade final do produto, passam a contratar mão-de-obra especializada e qualificada. 5.1.3 Construção Civil em São Paulo Quando se fala da construção civil na cidade São Paulo é imprescindível associá-la a grandes construções. No entanto, nem sempre foi assim. A cidade ao longo de sua 24 história teve ciclos político e sócio-econômicos diferentes, e a construção civil espelhou tais momentos. Foi como uma missão jesuítica em 25 de janeiro de 1554 que surgiu a cidade de São Paulo, e seus primeiros habitantes eram formados por europeus e indígenas. Com o passar do tempo o povoado foi se desenvolvendo se caracterizando como um entreposto comercial e de serviços com grande importância regional (TOLEDO, 2004). Essas suas características de cidade comercial com habitantes de várias etnias vão transformando São Paulo numa das maiores cidades do país, tanto econômica quanto demograficamente, advindo do ciclo do café e da industrialização. Segundo Toledo (2004), o cultivo de café acelerou o processo de desenvolvimento de São Paulo, sendo o principal produto exportado pela cidade, enriquecendo a província e aumentando também os setores de comércio e serviços, formando uma expressiva burguesia. Segundo Porta (2003), em 1872, no primeiro censo nacional, São Paulo contabilizava 31.385 habitantes. Com grande investimento vindo para a cidade ela começa a mudar, e sua fisionomia com casas baixas e acanhadas cede lugar a edificações maiores e tipicamente urbanas, como pode ser vista na Figura 5-3. A indústria cafeeira teve valorização internacional, e muitos problemas com a escassez de trabalhadores, atraem para São Paulo um número significativo de imigrantes para a capital, empregando-se nas primeiras indústrias que se instalavam nos bairros do Brás e Mooca (PORTA, 2004). Porta (2004), ainda afirma que a cidade desde então cresce vertiginosamente, mostrando-se com potencial para se tornar a maior metrópole do país. Com o crescimento sua área urbanizada passou a aumentar em ritmos acelerados, sendo que alguns bairros foram construídos em lugares que outrora eram chácaras. 25 Figura 5-3 – Avenida Paulista - início do século XX, em 1905. Fonte: Pinacoteca do Estado de São Paulo (1900). Alguns exemplos relevantes de que a construção civil tem grande influência na urbanização da cidade são: Túneis Cidade Jardim, Airton Senna e Sebastião Camargo; complexos viários: Elevado Costa e Silva e Maria Maluf; os estádios de futebol: Pacaembu, Morumbi, Canindé, Parque Antártica, além das diversas pontes, viadutos e edifícios comerciais e residenciais que moldam a silueta da cidade. Na Figura 5-4 é possível visualizar um exemplo claro desse crescimento. Figura 5-4 - Foto tirada da Avenida Paulista em 2010. Fonte: Sampa Arte (2010). 26 O crescimento nos dias hoje está desacelerando, devido ao desenvolvimento em outras regiões do Brasil. A cidade de São Paulo no século XXI começa a criar um perfil de grande pólo de comércio, serviços e tecnologia, ocupando uma posição de principal metrópole da America Latina (TOLEDO, 2004). 5.2 Caminhões Segundo Dicionário Priberam, caminhão pode ser definido como um veículo terrestre para transportar as mercadorias. Enquanto automóveis são construídos em uma estrutura única, os caminhões são construídos em uma estrutura bem forte e também há vários tamanhos para atender as cargas que são transportadas (CURCIO, 2000). Segundo o site da Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU (2010), no Brasil em 1852 é criada a Companhia Fluminense de Transporte e a Companhia União Indústria, porém somente com a inauguração da estrada União Indústria, em 1861, é que o rodoviarismo nacional começa a evoluir. Ainda segundo o autor, em 1881 foi construido o primeiro caminhão semi-atrelado puxado a vapor, esses caminhões foram vendidos na França e Estados Unidos. Em 1896 é construído o primeiro caminhão do mundo motorizado, por Daimler e Maibach, na Alemanha, como pode ser visto na Figura 5-5. Figura 5-5 - Primeiro Caminhão do mundo construído em 1896. Fonte: Chrysler (2010). 27 Segundo Barat (1978), por causa da facilidade de implantação e soberania da indústria automotiva, associada aos preços relativamente acessíveis dos combustíveis derivados do petróleo, é que o modal rodorviário tem predominado mundialmente, incluse no Brasil onde ele é utilizado de forma significativa em praticamente todos os seguimentos de transportes de carga. Na Figura 5-6 é possível ver a comparação desse modal com outros modais. Figura 5-6 - Percentagem de carga transportada por modal no Brasil. Fonte: Pimentel (1999). 5.2.1 Tipos de Caminhões Segundo o Guia de Logística (2010), cada montadora determina uma forma de classificar os tipos de caminhões que comercializa, mas é possível seguir os padrões populares para discriminar os modelos de caminhões que são caracterizados pelo peso e pela sua capacidade de carga. Nos próximos parágrafos serão abordados os principais tipos de caminhões que trafegam no Brasil, proporcionando um melhor entendimento de suas principais características e utilizações (GUIALOG, 2010). Ainda no site é possível conferir um quadro com os tipos de caminhões com seu respectivo peso brutos autorizados pelo Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), como apresentado na Figura 5-7. 28 Figura 5-7 - Pesos Brutos autorizados pelo CONTRAN por tipo de caminhão. Fonte: Guialog (2010). 5.2.2 Tipo Leve Esse tipo de veículo tem agilidade ideal para as entregas rápidas, sendo ele muito empregado tanto para cidade quanto para estradas. Esses veículos têm uma coisa em comum com os carros, que é o mesmo valor de pedágios. Capacidade varia entre 2,1 a 5,2 toneladas como pode ser visto na Figura 5-8 (FRETTA LOG, 2010). Figura 5-8 - Caminhão Tipo Leve. 29 5.2.3 Tipo Médio Geralmente os caminhões médios são ideais para transporte de cargas em centros urbanos e em áreas rurais, mas dependendo do modelo são utilizados para entregas fracionadas e aplicações rodoviárias de curtas e médias distâncias. Os veículos mais leves segundo o Peso Bruto Total (PBT) que chegam a carregar 10,8 toneladas os modelos 4x2 já os modelos 6x2 transportam até 24 toneladas como é vista na Figura 5-9 (FRETTA LOG, 2010). Figura 5-9 - Caminhão Tipo Médio. Fonte: Mercado Livre (2010). 5.2.4 Tipo Pesado São veículos para facilitar sua locomoção em terrenos inconsistente, nas operações fora da estrada. São ideais para ser utilizados em construções civis e minerações, suas aplicações em segmentos canavieiros e madeireiros. Esses caminhões têm locomoção restrita na região metropolitana de São Paulo, e muitas vezes têm seu acesso restrito as VER, dadas as suas grandes dimensões. 30 Porém sua capacidade de carga é muito grande o que facilita o transporte de grandes quantidades de materiais diversos. Essa é uma das razões que motivam o setor da construção civil a utilizá-lo com grande freqüência. Sua capacidade de carga chega até 28 toneladas e seu PBT chega a 23 toneladas, e pode ser notada a sua capacidade de carga na Figura 5-10 (FRETTA.LOG, 2010). Figura 5-10 - Caminhões Tipo Pesado. 5.3 Gerenciamento de transportes Tanto no transporte de pessoas, como no de cargas, a operação de frotas está ligada ao gerenciamento de transporte das empresas. É nesse setor que se define como os veículos irão operar e como os tripulantes irão trabalhar. Além do mais outro aspecto importante para o setor é o controle das operações (VALENTE, 1997). Segundo Passaglia (2008), dentro de uma análise técnica, é possível afirmar que são complexos os problemas relacionados ao planejamento e programação da operação, envolvendo questões relacionadas, por exemplo, a roteirização, construção de linhas de transportes de cargas, alocação de frotas e programação da 31 tripulação. Tudo inerente à racionalização, economia e segurança nos prazos de entregas. Ainda segundo o autor, para ajudar a resolver esses problemas, várias técnicas e procedimentos existentes são utilizados. Existem também diversos programas e equipamentos computacionais capazes de auxiliar na busca de melhores soluções para a operação de frotas. Porém esses recursos, somente contribuem para encontrar alternativas mais econômicas, preservando a saúde e a competitividade das empresas se aliados à experiência e à prática dos profissionais do setor. 5.3.1 Custos e logísticas A palavra logística é de origem francesa (verbo loger; alojar), um termo militar que significa a arte de transportar, relacionado ao abastecimento e alojamento das tropas. No entanto hoje, seu significado é mais amplo, entendido como a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte até o consumidor (PRIBERAM, 2010). O sistema logístico abrange o suprimento de materiais e componentes, a movimentação de materiais e produtos, transportes e outros. Isso não quer dizer que se trata de meramente levar algo de um lugar ao outro simplesmente, a logística relaciona custo e benefício, ou seja, transporte eficiente com baixo custo sem comprometer a qualidade. Sempre se preocupando com estoque mínimo e máximo, o transporte ideal, enfim tudo que possa garantir qualidade, durabilidade, quantidade, mitigando perdas e desgastes (VALENTE, 1997). Analisar de forma correta esses componentes traz competitividade ao país. No entanto segundo Belfiore (2008), no Brasil o custo de transporte é o fator mais relevante na análise do custo logístico. As diversas rotas de entrega, uma malha rodoviária deficiente e a estrutura de transporte, contribuem diretamente para altos custos desde a saída e a distribuição da produção. É perceptiva a inferioridade em eficiência logística com relação aos países desenvolvidos, onde o custo é relativamente menor. Em média no Brasil o 32 transporte eleva o custo dos produtos em 34% nos diversos setores da economia, enquanto países como os Estados Unidos e alguns europeus esta relação é de 18% do custo total dos produtos. Ou seja, perdemos competitividade por falta de infraestrutura (BELFIORE, 2008). É clara a necessidade de maiores investimentos em meio de transporte, que se mostrem mais viáveis e aumente o escoamento da produção, reduzindo custos de transportes, conseqüentemente a redução do preço final do produto. A construção civil pode usufruir de maneira grandiosa, pois se trata de uma indústria que utiliza grande quantidade e variedade de materiais, durante todo processo da obra. Com o alto nível de exigência é preciso se estruturar para ser competitivo em tempos de globalização. Além do mais, na construção civil a logística desempenha um papel importante: a produtividade e desperdício de materiais e mão-de-obra. Investimento em equipamentos que tem altos custos em detrimento do efetivo da mão-de-obra é um dos itens a ser analisados. É possível constatar que o padrão de qualidade e benefícios resultantes do investimento em máquinas e equipamentos proporciona em longo prazo um desempenho operacional e redução de custos. A logística aplicada na construção civil pode garantir o abastecimento, a armazenagem, o processamento e a disponibilização dos recursos materiais nas obras, assim como o dimensionamento das equipes de produção e a gestão dos fluxos físicos de produção. Porém para se alcançar o melhor desempenho do processo, é necessário planejamento, organização, direção e controle. Quando algum profissional fica ocioso por falta de material ou equipamento, seja de segurança ou de execução, isso gera ineficiência de gestão, planejamento ou organização, seja por causa da falta de estrutura externa ou interna. Isso é uma análise de custo e logística. 33 Quando há uma estrutura externa deficiente, é necessário um esforço, logístico interno da obra, para evitar perdas de eficiência, o que aumentaria o custo. Em 2008, a Fundação Getúlio Vargas, elaborou um estudo que leva em conta os custos com o tempo perdido dos trabalhadores, os problemas causados à saúde pela poluição e o atraso de entrega das cargas Baseado apenas nesses três itens em 2008 a cidade de São Paulo, perdeu cerca de 33,1 bilhões com os congestionamentos. Segundo Colombo (1999), a construção civil brasileira é uma das que mais desperdiça no mundo. Isso gera impactos econômicos, como o aumento de custo da produção, dos materiais e todos os resultantes de um desenvolvimento insuficiente de tecnologias novas. O reaproveitamento dos resíduos de demolição melhora, apenas parcialmente, os desperdícios e os impactos ambientais e econômicos gerados pela não sustentabilidade dos materiais e procedimentos. O reaproveitamento de materiais ligados a uma política de logística reversa também são estratégias favoráveis a busca da competitividade organizacional (COLOMBO, 1999). 5.3.1.1 Operação da frota A frota de caminhões do Brasil é assunto pertinente em todo sistema de transporte rodoviário. Enquanto as empresas brasileiras buscaram ganhar mercado e expandir seus negócios nos últimos anos, os investimentos públicos não acompanharam o mesmo ritmo, o resultado se vê nas ruas (MORAES, 2005). Para o autor a frota brasileira de caminhões em 2009 girava em torno de 1,6 milhões de veículos, conforme estimativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (AFAVEA), com idade média em torno de 15 anos. Isso mostra a deficiência do setor, se comparado a mercados mais desenvolvidos, pois se trata de uma frota especialmente desgastada por causa das más condições de operação. 34 Ainda nessa abordagem, o autor diz que em 2010, uma das maiores frotas de caminhões do mundo passam, por um choque de gestão. E além do mais os operadores logísticos, transportadores e embarcadores perceberam que a baixa qualidade das rodovias é só uma das causas da baixa eficiência do transporte rodoviário brasileiro. Visto que a nossa frota, como dito anteriormente, está desgastada por causa das más condições de operação. Os custos da manutenção desses veículos estão diretamente ligados às condições de uso dos mesmos, que no caso brasileiro, há um desgaste excessivo por causa da precária infra-estrutura rodoviária. Com isso o sistema de transporte rodoviário sofre muito, pois atualmente 63% do transporte no Brasil são realizados pelo modal rodoviário (MORAES, 2005). O autor fala que o setor de logística precisa administrar o transporte rodoviário e urbano de uma forma profissional, com os veículos sendo controlados por sistemas avançados de gestão e tratados criticamente como um centro de custo. As transportadoras necessitam evoluir em gestão e em TI para reduzir custos e elevar suas margens de lucros, que hoje estão cada vez mais apertadas. A frota de caminhões do Brasil passa por grandes problemas, tanto de condições de uso como de vias inadequadas ou em péssimas condições de uso, como pode ser visto anteriormente. Com isso pode-se ver que o setor de transporte rodoviário brasileiro apresenta um quadro atual crítico. E força os operadores de logística e as transportadoras a enfrentar grande gargalo e problema no sistema de transporte. Esse quadro é intensificado nas grandes metrópoles como São Paulo, onde além das condições já existente em qualquer região, eles se deparam com o problema do crescimento desordenado da cidade, da falta de infra-estrutura do setor, da falta de um plano diretor eficiente e de políticas públicas que interferem diretamente no custo do frete (MORAES, 2005). 35 Várias empresas tentam de todas as formas contornarem as problemáticas do setor e lutam de todas as formas para serem competitivas no mercado. De tal forma que acabam por gerir grandes estratégias de logísticas e gerenciamento de frota. 5.3.1.2 Coleta e Distribuição Os produtos utilizados na construção civil precisam ser transportados de um local para o outro de forma rápida e eficiente. Com isso o aumento do tráfego é evidente, principalmente em grandes metrópoles como São Paulo (ANASTÁCIO, 2003). Ainda segundo o autor existe uma grande carência de coletar esses produtos em locais específicos e transportá-los até seu destino onde serão utilizados. Em se tratando de construção civil muito desses materiais e produtos têm grande peso e volume o que forçam os distribuidores lançarem mão de caminhões de grande porte a fim de economizar no número de viagens. De forma simples, pode ser dito que, um produto é fabricado em determinado local e transportado aos centros de distribuição ou até mesmo diretamente para a obra. Quando ocorre uma restrição nesse tipo de transporte, ou seja, quando os caminhões de grande porte têm seu tráfego restrito a certas regiões, naturalmente ocorre a um grande aumento do número de veículos nessa mesma região. Muitas empresas têm de se adequar as novas restrições de circulação no centro expandido de São Paulo (ANASTÁCIO, 2003). 5.3.2 Pólos Geradores de Trânsito (PGT) Os Pólos Geradores de Trânsito (PGT) como são mais comumente conhecidos, são os empreendimentos de grande porte que geram grande número de viagens, causando reflexos na circulação viária e em todo seu entorno, muitas vezes prejudicando a acessibilidade de toda a região onde está localizado, agravando as condições de segurança de pedestres e veículos (GOLDNER, 2003). 36 Segundo a Secretaria Municipal de Transporte (SMT), a análise de PGTs é uma atividade de rotina realizada por eles em conjunto com a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET), e vem tendo grandes evoluções e aperfeiçoamento a cada dia em virtude do crescimento acelerado da cidade de São Paulo. Segundo Conceição (1984 apud NASCIMENTO, 2005), ao se desenvolver uma faculdade em determinado local, essa claramente irá acarretar um aumento de tráfego nas principais vias que servem de acesso à região. Estudar o transporte e planejá-lo não é se preocupar apenas com o tráfego de ida e volta à faculdade, mas também com todo o tráfego nas vias adjacentes. Por isso o mais importante em estudo de impacto de qualquer pólo gerador de tráfego é sem dúvida a etapa de geração de viagens, ou seja, estimar a quantidade de pessoas ou veículos que vão ser atraídos a determinado empreendimento, isso em unidade de tempo como: hora, dia ou mês. Geralmente a viagens realizadas por automóveis é maior, justamente por afetarem mais diretamente a capacidade da malha viária adjacente da região (CONCEIÇÃO, 1984, apud NASCIMENTO, 2005). Segundo Silveira (1991), os padrões de viagens a PGTs são as principais características qualitativas das viagens atraídas, destacando-se: • Dia da semana e período do dia com maior freqüência de viagens; • Distribuição das viagens por categoria de usuário, baseada em sua classe socioeconômica; • Distribuição das viagens por modo de transporte; • Distribuição das viagens segundo a origem e o destino; • Relativas ao pólo e relativas ao usuário; • Localização do PGT; • Facilidade de acesso deste aos sistemas de transportes oferecidos; • Quantidade de vagas de estacionamento ofertada pelo PGT; • Dias e horários de seu funcionamento (SILVEIRA, 1991). A Figura 5-11mostra um tipo de PGT, localizada na região da Barra Funda onde tal pólo gera um grande aumento de viagens. 37 Figura 5-11 - Universidade Nove de Julho - Campus Barra Funda. Fonte: Fábio Barros (2010). Para Goldner (2003), os padrões de viagens estão associados ao tipo de PGT e as características socioeconômicas de seus usuários. Além de universidades, existem vários outros tipos de PGTs, entre eles destacam-se shopping centers, casa de shows, hipermercados e etc. Na Figura 5-12 vê-se as dimensões da produção de viagens. Figura 5-12 - Dimensões da produção de viagens. Fonte: Portugal e Goldner (2003). 38 Quando se fala de viagens relacionadas aos usuários, tem se basicamente, as viagens que indicam sua classe socioeconômica, como: sexo, idade, nível de escolaridade, renda e posse de automóveis. A CET utiliza métodos para analisar os PGTs, sendo essas atividades divididas em duas partes, denominadas Fase 1 e Fase 2 sendo: Fase 1: • A CET elabora estudos para quantificar a atração/geração de viagens do pólo e identifica seu impacto nas vias de acesso; • Analisa as condições de segurança dos pedestres; • Avalia as condições das áreas de estacionamentos, embarque e desembarque e pátios de carga e descarga; • Aprecia a suficiência de vagas propostas. Fase 2: • A CET supervisiona tecnicamente o cumprimento da CERTIDÃO DE DIRETRIZES quanto às melhorias viárias nela fixadas; • Acompanha as etapas de elaboração e aprovação dos projetos executivos, de execução de obras civis, de fornecimento de equipamentos, e de implantação dos dispositivos de sinalização viária. Essas e outras maneiras de se analisar um PGTs está diretamente relacionada às regiões, pois cada região da cidade tem uma história, uma cultura e comportamento característico diferenciado. Sendo assim todo e qualquer estudo relacionado ao sistema de trânsito e transporte devem respeitar as legislações vigentes. 5.4 Meio Urbano O meio urbano teoricamente é caracterizado pela concentração de pessoas que ocupam um determinado local de forma civilizada e organizada. Porém com essa aglomeração vários problemas são acarretados ao meio em que elas vivem (GONÇALVES, 1999). 39 No século XXI ocorre uma mudança na própria configuração do assentamento humano, mostrando como as grandes cidades se transformam podendo ser alçadas a condição de metrópole ou região metropolitana. Segundo Blumenfeld (1989), a passagem de grande cidade para a condição de metrópole é em função das facilidades propiciadas pela evolução da tecnologia de transporte, ou seja, o desenvolvimento do automóvel e do caminhão com o os meios de comunicação e eletricidade. Outros fatores estão presentes nesse processo, não apenas de natureza tecnológicas, podendo ser citada a divisão do trabalho. Com a especialização em várias áreas ocorre a necessidade de cooperação mútua, na medida em que os serviços são usados por um número maior de pessoas é gerado um novo tipo de concentração. Esse fenômeno ocorre não somente em um local, mas também a nível mundial tendo uma forte ligação ao sistema de transporte. Com a grande concentração das pessoas, a utilização cada vez maior dos serviços e sistemas de transporte houve um aumento de utilização do meio por parte dos habitantes e com isso a possibilidade de cada um desfrutar e percorrer, ao longo de sua vida, uma escala exponencial de oportunidades. No Caso do Brasil, mais especificamente, os fatores que geraram esse acelerado processo de urbanização são: políticas nacionais de estímulo aos setores dinâmicos da economia, aos setores de ponta, capital intensivo e dependência de alta tecnologia. Isso tudo aliado à alta concentração de renda transformaram todo esse meio. São Paulo é um dos maiores conglomerados humanos do mundo, com uma população aproximada de 10 milhões de habitantes (IBGE, 2010). São Paulo possui uma das maiores zona industrial da América da Sul, com siderúrgicas, fábricas de cimento, refinarias, indústrias petroquímicas, etc. Além disso, a cidade possui uma das maiores frotas de veículos do Brasil. 40 Fica claro que com o aumento vertiginoso da população no meio urbano, a necessidade de transporte, não somente dessa população, mas principalmente a de todos os produtos ligados á sobrevivência de todos, aumenta proporcionalmente, gerando aumento da frota de veículos e caminhões dentro da região metropolitana. Esse transporte de pessoas e produtos, por sua vez gera não somente grandes problemas de locomoção como também impactos ambientais com suas grandes cargas de poluentes que são lançadas na atmosfera. Após as conferências sobre meio ambiente a preocupação em preservá-lo atinge também a construção civil, e então são disponibilizadas maiores informações sobre os impactos causados pelo entulho da construção e com isso várias empresas começam a se preocupar com políticas públicas para reduzir este impacto o que é visto na reciclagem destes resíduos. Assim como os resíduos da Construção Civil, o trânsito da cidade de São Paulo tornou-se um grande agente poluidor e desde então, passou a ter maiores precauções e conseqüentemente passou a sofrer maiores restrições por meio dos órgãos competentes. 5.4.1 Trânsito na Cidade de São Paulo Em 1997, com a intenção de melhorar as condições ambientais reduzindo a carga de poluentes na atmosfera, o rodízio municipal de veículos de São Paulo, também chamado, na época, por “Operação de Horário de Pico” foi implantado pela Companhia de Engenharia e Tráfego (CET), conseqüentemente passou a reduzir o congestionamento nas principais vias da cidade, principalmente nos horários de maior movimento de veículos (CET, 1997). Mesmo com a implantação do rodízio de veículos automotores, o índice de congestionamento continuou aumentando como pode ser visto na Figura 5-13. , 41 Figura 5-13 - Mega Congestionamento de trânsito em São Paulo em 1997. Fonte: Wikipédia - A Enciclopédia Livre (2010). 5.4.2 Poluição Ambiental no Meio Urbano Por definição poluente atmosférico é toda e qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração e tempo; características em desacordo com os níveis estabelecidos em legislação, e que tornem ou possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, causando danos aos materiais, à fauna e à flora prejudicando a segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade (CETESB, 2009). A capacidade de regeneração da atmosfera reduz exponencialmente à medida que a quantidade de poluentes cresce de forma assustadora, sendo que um dos principais causadores desse aumento é o número de veículos no planeta. Atualmente existem inúmeros poluentes sendo que as fontes que os originam são bastante diversificadas. Dessa forma podem distinguir-se dois tipos de poluentes os poluentes primários e os poluentes secundários. 42 Os poluentes primários tratam daqueles que são emitidos diretamente pelas fontes para a atmosfera, como é o caso do escapamento dos veículos automotores ou até mesmo de chaminé de fábrica. Dentre eles há o monóxido de carbono (CO), óxidos de azoto (NOx) que por sua vez são constituídos pelo monóxido de azoto (NO) e pelo dióxido de azoto (NO2), dióxido de enxofre (SO2) ou até mesmo as partículas em suspensão. Quanto aos poluentes secundários resultam de reações químicas que ocorrem na atmosfera e onde participam alguns poluentes primários. Entre eles encontra-se o ozônio troposfério (O3), o qual resulta de reações fotoquímicas, ou seja, realizadas na presença de luz solar, que se estabelecem entre os óxidos de azoto, o monóxido de carbono ou os Compostos Orgânicos Voláteis (COV). Entre os anos de 1948 e 1952, foram detectados episódios agudos de contaminação do ar com conseqüências mortais a milhares de pessoas em Londres na Inglaterra, estabelecendo assim uma relação entre efeitos à saúde e poluição atmosférica (CETESB, 2009). No caso de São Paulo, mais especificamente na Região Metropolitana de São Paulo, o crescimento desordenado verificado na Capital e municípios vizinhos como o da região do ABC, após a 2ª Guerra Mundial, levou os índices de poluição a níveis alarmantes gerando assim a emissão descontrolada de poluentes atmosféricos, sendo possível a visualização de chaminés emitindo grandes quantidades de fumaça. Esse tipo de fato ocorre até hoje em pleno século XXI, declarando que quanto mais a humanidade evolui aumenta-se o consumo de tecnologia e a degradação do meio ambiente se torna cada vez mais irreversível. Na Figura 5-14 é possível visualizar as grandes quantidades de fumaça emitidas por indústrias localizadas na cidade de Cubatão-SP. 43 Figura 5-14 - Indústrias Localizadas na Cidade de Cubatão-SP. Fonte: Hottnez – Travel Around the World (2010). Na época, esta cidade próxima ao porto de Santos (SP), ficou conhecida como o “Vale da Morte” por causa da poluição. Somente após implantação de uma legislação ambiental rigorosa e com a conscientização dos empresários é que a Prefeitura de Cubatão resolveu o problema. Na Figura 5-15 é possível visualizar a poluição gerada por uma indústria do pólo petroquímico do Grande ABC. Em 1972 foi criado o monitoramento da qualidade do ar, com avaliação das concentrações de poluentes no Estado de São Paulo, iniciado pela região metropolitana. Foram instaladas na época, 14 estações para medições diárias dos níveis de dióxido de enxofre (SO2) e de fumaça preta. Na ocasião o Centro Tecnológico de Saneamento Básico (CETESB), de denominada Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), divulgava diariamente por meio de boletins enviados a imprensa, a qualidade do ar (CETESB, 2009). 44 Figura 5-15 - Chaminé de Indústria no Pólo Petroquímico do Grande ABC. Fonte: Contreras – O Globo (2009). Em 1981, foi dado um salto qualitativo, com o inicio do monitoramento automático e a instalação de novas estações. 5.5 Rodízio O rodízio foi criado inicialmente por causa dos impactos ambientais, no propósito de diminuir a emissão de poluentes na cidade de São Paulo, provocadas pelos veículos automotores (CET, 1997). Após a implantação foi notado que o volume do tráfego da cidade teve uma queda expressiva, foi a partir daí que o rodízio passou a ter seus objetivos baseados na redução do trânsito da região metropolitana. 45 No início a restrição foi direcionada apenas aos veículos de passeios, porém após algum tempo o trânsito continuou a atingir números alarmantes novamente e com isso a prefeitura decretou o rodízio para os veículos automotores pesados, do tipo caminhão, no Município de São Paulo. Novamente o impacto sobre o tráfego foi percebido, logo nos primeiros dias de implantação da nova lei. Após vários protestos e contestações o rodízio foi sofrendo mudanças na forma de ser aplicado a fim de se adequar da melhor forma possível para impactar o mínimo possível no abastecimento da cidade no centro expandido, ou na ZMRC. Na ZMRC os veículos têm sua circulação limitada a partir do final de sua placa e devem obedecer ao rodízio nos horários das 07:00 h às 10:00 h e das 17:00 h às 20:00 h, sujeitos a penalidades previstas na lei de trânsito. Aos finais de semana a restrição é suspensa e os veículos não podem circular de segunda a sexta nos horários pré-determinados sendo a seguinte ordem: veículos com placas final 1 e 2 estão proibidos de circularem na segunda-feira, veículos com placas final 3 e 4 estão proibidos de circularem na terça-feira, veículos com placas final 5 e 6 estão proibidos de circularem na quarta-feira, veículos com placas final 7 e 8 estão proibidos de circularem na quinta-feira e finalmente os veículos com placas final 9 e 0 estão proibidos de circularem na sexta-feira. A proibição refere-se à Zona Máxima de Restrição de Circulação (ZMRC) como pode ser vista na Figura 5-16. É sabido que o rodízio ajuda a reduzir a poluição do ar, pois visa tirar 20% da frota de veículos das ruas nos horários de pico. Mas a principal motivação da “Operação Horário de Pico” (rodízio municipal) é realmente a melhora do trânsito nesses horários, incentivando alternativas como a carona e o transporte coletivo, por isso é que mesmo os veículos movidos a gás natural não estão liberados do rodízio. 46 Figura 5-16 - Mapa do Centro Expandido de São Paulo. Fonte: CET (2010). Em notícia veiculada pelo jornal O Globo no dia 29 de julho de 2010, a partir de 2 de agosto de 2010 a prefeitura, no esforço de melhorar a qualidade do ar e diminuir o barulho durante o dia na região metropolitana, o prefeito Gilberto Kassab lançou pacote de restrições aos caminhões também em outras vias estratégicas da cidade. As restrições proibiam o trânsito de caminhões na Marginal do Rio Pinheiros e nas Avenidas dos Bandeirantes e Jornalista Roberto Marinho. Essa medida era aguardada desde a abertura do Trecho Sul do Rodoanel, em março de 2010. Com essa medida a Prefeitura esperava, acima de tudo, reduzir em até 20% os índices de lentidão. 47 5.5.1 Legislações Existentes Diante na necessidade do município, de legislar sobre os assuntos de interesse local, como descrito na Constituição Federal no inciso I do artigo 30, além de organizar e promover, controlar e fiscalizar o trânsito e o serviço de transporte de cargas dentro do município de São Paulo descritos nos termos dos incisos I e IV do artigo 179 da Lei Orgânica do município foi decretado a lei que regulamenta o trânsito de caminhões na Zona Máxima de Restrição de Circulação (ZMRC) pelo então prefeito em exercício Gilberto Kassab (CET, 1997). Essa medida se fez necessária diante da grande carência, de compatibilizar os fluxos de pedestres, transportes coletivo, cargas, serviços, informações e transporte individual na cidade, mais especificamente na região interna no chamado Centro Expandido de São Paulo. Houve também uma grande necessidade de viabilizar melhorias na qualidade de vida da população, em relação à fluidez e segurança do trânsito, garantindo assim a continuidade das atividades essenciais da cidade. 5.5.2 Zona Máxima de Restrição de Circulação (ZMRC) A ZMRC é uma região da cidade com restrição de horário para o trânsito de veículos e caminhões, passível de multa aos infratores que desrespeitarem ao decreto nos horários e locais definidos (CET, 2007). As vias que possuem restrições ao trânsito de caminhões pelo Decreto 48.338/07 são as seguintes: Rebouças, Paulista, Nove de Julho, São Gabriel, Santo Amaro, Francisco Morato, 23 de Maio, Rubem Berta, Rudge, Rio Branco, entre outras vias. Os caminhões não podem circular nos horários determinados, evitando assim o aumento do trânsito na ZMRC, e segundo ao regulamento o trânsito implica em circulação, estacionamento (carga e descarga) e parada. Por esse motivo estar estacionado na ZMRC nos horários de restrição é proibido. 48 5.5.3 Vias Estruturais Restritas (VER) As Vias Estruturais Restritas (VER) são vias e seus acessos, com restrição ao trânsito de caminhões, em horário determinado por meio de regulamentação local, com características do trânsito rápido ou arterial, bem como túneis, viadutos e pontes que dão continuidade a tais vias e constituem a estrutura do sistema viário (DSV, 2010). Segundo DSV (2010), os caminhões devem respeitar as condições previstas em legislação especifica, sendo que seus condutores devem estar atentos às necessidades operacionais a serem programadas junto ao órgão de trânsito competente. Existem alguns caminhões que estão autorizados a circular nessas vias com algumas particularidades, sendo que eles estão divididos em autorizados sem a necessidade de Autorização Especial (AE) e ou autorizados mediante AE. Os caminhões que estão autorizados a rodar pela VER sem a necessidade de Autorização Especial, porém com cadastro obrigatório são: os serviços de urgência (bombeiro, policia, ambulância, etc.) por período integral, o socorro mecânico de emergência por período integral, a cobertura jornalística por período integral, o transporte de valores entre 10:00 h e 20:00 h, obras e serviços de emergências até 48 horas da comunicação ao órgão de trânsito por período integral e os serviços emergenciais de sinalização de trânsito por período integral. Existem alguns setores que podem receber AE para circularem em Corredores com restrição conforme prevê a legislação especifica, os que se enquadram nas atividades a seguir podem recebê-la: acesso ao estacionamento próprio em período integral (com itinerário), remoção de terra e entulho/transporte de caçamba entre 10:00 h e 16:00 h (com itinerário), concretagem do início da restrição às 16:00 h (com itinerário), concretagem-bomba do início da restrição às 12:00 h e das 14:00 h às 16:00 h (com itinerário), obras e serviços de emergência entre 48 horas e 15 dias da comunicação ao órgão de trânsito por período integral, obras e serviços de infraestrutura urbana entre às 10:00 h e 16:00 h e por fim os correios em período integral. 49 Segundo a Prefeitura do Município de São Paulo, apenas os caminhões isentos ou previamente autorizados pela Secretaria Municipal de Transportes (SMT), podem transitar em caráter excepcional na VER. A restrição é de segunda a sexta, das 5:00 h às 21:00 h e aos sábados, das 10:00 h às 14:00 h. Na Tabela 5-1 são apresentadas as vias estruturais restritas no município (CET, 2010). Tabela 5-1 - Vias Estruturais Restritas do Município de São Paulo. Vias Estruturais Restritas do Município de São Paulo Item Nome da Via Trecho de Restrição 01 Av. Rebouças Em toda extensão 02 Av. Eusébio Matoso Em toda extensão 03 Av. Nove de Julho Em toda extensão 04 Av. Cidade Jardim Entre Av. Brig. Haroldo Veloso e Brig. Faria Lima 05 Av. São Gabriel Em toda extensão 06 Av. Santo Amaro Entre Av. São Gabriel e Av. Bandeirantes 07 Av. Paulista Entre R. da Consolação e Pela. Oswaldo Cruz 08 Av. Prestes Maia Em toda extensão 09 Passagem Tom Jobim Em toda extensão 10 Av. Rio Branco Em toda extensão 11 Av. Sen. Queirós Entre a R. da Cantareira e Pela. Alfredo Está 12 Av. Ipiranga Entre Pela; Alfredo Está e Av. São Luiz 13 Vd. 9 de Julho Em toda extensão 14 Vd. Jacareí Em toda extensão 15 Rua Maria Paula Em toda extensão 16 Vd. Dona Paulina Em toda extensão Fonte: CET (2010). Nos anexos de A à P são possíveis verificar com detalhes todas as leis e decretos referente à restrição nas Vias Estruturais Restritas (VER). Nas vias dentro da ZMRC haverá ajustes de horário de restrição, de segunda a sexta-feira no horário das 05:00 h às 21:00 h e aos sábados das 10:00 h às 14:00 h. 50 5.5.4 Impacto do Rodízio na Idade da Frota de Caminhões A escolha da frota é quesito importante no gerenciamento e controle de transporte, visto que as condições de manutenção e dimensão podem acarretar a total desorganização na distribuição. Aperfeiçoar o transporte é uma necessidade do setor de transportes de carga, visto que as metas são alcançadas quando essa condicionante é satisfeita, além é claro, de outras condicionantes. Em São Paulo, o rodízio municipal de veículos teve um grande impacto na frota de caminhões desde que entrou em vigor, em 1997. Isso é o que garante o Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo (SETCESP) em 2005. Essa interferência causou na frota de caminhões da capital de São Paulo, um envelhecimento de cinco anos, elevando a idade média desses veículos de 17 para 22 anos, tornando-a numa frota ainda mais velha que a média nacional, que em 2005 era de 18 anos. Segundo o assessor técnico em Mobilidade e Abastecimento Urbano do sindicato, Fernando Zeratti esse envelhecimento foi provocado pelo rodízio de caminhões na ZMRC (SETCESP, 2005). Continuando, Zeratti alega que nenhuma empresa gostaria de ter uma frota de caminhões velhos, que gera altos custos de manutenção, mas uma frota nova é uma realidade distante, pois requer altos investimentos. Por isso o transportador escolhe alternativas mais imediatas para atender a demanda de trabalho, no dia em que a circulação de sua frota esta limitada a rodar em virtude do rodízio de caminhões. 5.5.5 Rodízio de carros Criado em 3 de outubro de 1997 pelo prefeito em exercício Celso Pitta com o objetivo de minimizar a emissão de poluentes na atmosfera o rodízio de carros automotores iniciou uma nova fase no transporte de São Paulo, Influenciando diretamente o tráfego da cidade. Porém sem atingir a frota de veículos pesados, os 51 denominados caminhões, que até então tinham seu tráfego permitido na zona do centro expandido e além deles os seguintes veículos também não sofreram restrição nessa primeira fase: • Transporte coletivo e de lotação devidamente autorizados a operar o serviço; • Motocicletas e similares; • Táxis; • Transporte escolar; • Guinchos; • Outros, empregados em serviços essenciais e de emergência, conforme definido em regulamento. Os veículos de outros municípios ou estados do Brasil devem seguir as mesmas regras dos veículos emplacados em São Paulo, estando todos, sujeitos as penalidades previstas na lei (CET, 2010). 5.5.6 Rodízio de Caminhões Pesados O rodízio de caminhões instituído na capital teve seu inicio no dia 28 de maio de 2008, através da Lei Nº 14.751 decretada pelo Prefeito do Município de São Paulo, Gilberto Kassab. Nesse primeiro momento o decreto foi implantado, em caráter experimental, e não contemplava os caminhões guinchos e outros, empregados em serviços essenciais e de emergência, conforme definido em regulamento, que pode ser visto no Anexo A deste trabalho (PMSP, 2010). A Lei previa pena a aqueles que por qualquer razão não observasse a restrição, pena essa prevista no Código Nacional de Trânsito – CNT. E o Departamento de Operação do Sistema Viário – DSV, a Secretaria Municipal de Transportes – SMT, ficou responsável pela fiscalização com a participação da Companhia de Engenharia e Tráfego – CET e do Comando de Policiamento de Trânsito – CPTran o cumprimento dessa restrição imposta e aplicar a penalidade cabível ao infrator (CET, 2008). 52 Essa lei provisória tinha um prazo de 6 meses de prazo experimental, e após isso podendo ou não ser cancelada ou alterada. Em 28 de julho de 2009, o sistema de rodízio para caminhões, nas vias que compreende o centro expandido de São Paulo, foi alterado. Os caminhões deviam respeitar o mesmo sistema implantado aos automóveis em 1997 também nessas vias, conciliando o dia da semana com o final de suas placas. Na Tabela 5-2 podem ser visualizadas as vias de restrição de circulação que entrou em vigor a partir de 28 de julho de 2009. Tabela 5-2 - Vias de Restrição de Circulação a Partir de 28/07/09. Vias de Restrição de Circulação Para Caminhões a Partir de 28/07/09 Item Nome da Via Trecho de Restrição 01 Marg. do Rio Tietê Entre a Av. Salim Farah Maluf e Marg. do Rio Pinheiros 02 Marg. do Rio Pinheiros Da Marg. do Rio Tietê até a Av. dos Bandeirantes 03 Av. dos Bandeirantes Em toda extensão 04 Av. Afonso D’Escragnole Taunay Em toda extensão 05 Complexo Viário Maria Maluf Em toda extensão 06 Avenida Presidente Tancredo Neves Em toda extensão 07 R. das Juntas Provisórias Em toda extensão 08 Vd. Grande São Paulo Em toda extensão 09 Av. Professor Luís Ignácio de Anhaia Melo Entre o Vd. Grande São Paulo e a Av. Salim Farah Maluf 10 Av. Salim Farah Maluf Em toda extensão Fonte: CET (2010). Os locais de restrição ao trânsito de caminhões são designados na nova regulamentação como sendo as seguintes vias e logradouros públicos: • Zona de Máxima Restrição de Circulação (ZMRC): sendo a área do município que concentra os principais núcleos de comercio e serviço, cujo limite e horários de restrição ao trânsito de caminhões estão fixados na legislação; • Vias Estruturais com Restrição (VER): vias denominadas de trânsito rápido ou arterial, como túneis, viadutos e pontes que dão continuidade a tais vias, além de atender aos deslocamentos de longa distância, incluindo os seus acessos; 53 • Vias e Áreas de Pedestres: conjunto ou vias destinadas à circulação prioritária de pedestres; • Faixa Exclusiva de Ônibus: aquelas que são destinadas à circulação exclusiva de ônibus por período integral, tendo sua identificação por sinalização vertical específica; • Pista Exclusiva de Ônibus: tendo sua função semelhante à faixa exclusiva, porém estando em nível diferente ou por elementos separadores em relação às calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais; • Zona Especial de Restrição de Circulação (ZERC): área via ou trecho de via com características predominantemente residenciais, que necessitam de restrição ao trânsito de caminhões, para assegurar as condições de segurança e fluidez do trânsito; • Túneis, Viadutos e Pontes com Restrição: Complexo Viário Ayrton Senna, Túnel Jânio Quadros e Túnel Sebastião Camargo sendo estes restritos em toda sua extensão e a Ponte Eng. Roberto Rossi Zuccolo no sentido bairrocentro em toda extensão; • Vias de Trânsito Seletivo: ladeira, entre Parque Anhangabaú e Pela. Ramos de Azevedo. 5.5.7 Rodízio de Caminhões e Sua Legislação Como é sabido no universo jurídico, Lei é aquela que representa o ato normativo emanado de um órgão com competência legislativa, quer contenha ou não uma verdadeira regra jurídica, exigindo-se que se revista das formalidades relativas a essa competência (DINIZ, 1999). Para se criar a Lei de Rodízio de Caminhões foram necessários vários órgãos envolvidos com competência legislativa, que formulasse e adequasse da melhor forma possível a criação dessa lei com os decretos e portarias necessários para alcançar a excelência em seu cumprimento. Segundo a CONSTITUIÇÃO brasileira no artigo 199º, o decreto é uma ordem que se origina de uma autoridade superior ou órgão (civil, militar, etc.) que determina o 54 cumprimento de uma resolução. No caso do Brasil, esses decretos são atos administrativos da competência dos chefes dos poderes executivos (presidente, governadores e prefeitos). No quesito instruções na Lei do Rodízio de Caminhões, algumas portarias foram criadas, que nada mais é que um documento de ato administrativo de qualquer autoridade pública, contendo instruções sobre a aplicação de leis ou regulamentos, punições, recomendações de caráter geral, ou qualquer outra determinação de sua competência (CET,2010). A Lei que regulamenta o Rodízio de Caminhões na ZMRC, seus Decretos e Portarias são: • LEI Nº 14.751, DE 28 DE MAIO DE 2008 • DECRETO Nº 49.487, DE 12 DE MAIO DE 2008 • DECRETO Nº 49.636, DE 17 DE JUNHO DE 2008 • DECRETO Nº 49.637, DE 17 DE JUNHO DE 2008 • DECRETO Nº 49.675, DE 27 DE JUNHO DE 2008 • DECRETO Nº 49.800, DE 23 DE JULHO DE 2008 • DECRETO Nº 49.801, DE 23 DE JULHO DE 2008 • DECRETO Nº 50.164, DE 29 DE OUTUBRO DE 2008 • PORTARIA DSV. G. Nº 28/02 • PORTARIA n.º 104/08-SMT-GAB. • PORTARIA n.º 105/08-SMT-GAB. • PORTARIA nº 109/08-SMT - GAB. • PORTARIA n.º 150/08-SMT - GAB. • PORTARIA n.º 035/09-SMT GAB. • PORTARIA n.º 085/09-SMT GAB. • PORTARIA n.º 020/10-SMT GAB. Toda a legislação referente ao rodízio de caminhões pode ser visualizada nos ANEXO A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O e P. 55 5.5.8 Rodízio de Veículo Urbano de Carga (VUC) A Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) define o Veiculo Urbano de Carga (VUC), como sendo um caminhão de menor porte mais apropriado para áreas urbanas. Sendo que para se enquadrar nessas definições ele precisa ter 6,30 m de comprimento, mantendo-se a 2,20 m de largura, além de respeitarem o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) P-5. O comprimento do veiculo é caracterizado pela medida do pára-choque dianteiro até o pára-choque traseiro e as características da largura total, a largura medida no ponto mais largo do conjunto veiculo/carroceria. Os acessórios não são considerados como parâmetros para medir essas dimensões (CET, 2008). Os VUCs, por determinação da CET deveriam cumprir um cronograma de adaptação à regulamentação de restrição de circulação a partir de 30 de junho de 2008 em caráter experimental até 31 julho do mesmo ano, sendo que os VUCs com final de placa par só poderiam transitar das 5:00 h às 21:00 h na ZMRC apenas em dias pares do mês. Enquanto que os VUCs com final de placa impar somente em dias impares, no mesmo horário (CET, 2008). No dia 1 de agosto de 2008 os VUCs passaram a respeitar o horário de transito permitido das 10:00 h às 16:00 h, seguindo o mesmo procedimento em relação ao final de suas placas, impares e pares. 5.5.9 As Polêmicas na Lei de Rodízio de Caminhões Segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (SETCESP), a iniciativa da Prefeitura do Município de São Paulo de ampliação de e modificações no rodízio de caminhões na ZMRC trariam conseqüências ruins não só ao trânsito, mas até mesmo a economia da cidade (SETCESP, 2008). A mesma entidade declara que não defende o caminhão, mas a racionalidade no abastecimento urbano, compatibilizando de forma ideal seus diversos fatores como: 56 a carga, o veículo, o porte do estabelecimento, sua localização e o horário da operação. E nesse contexto, o caminhão, é indispensável em algumas situações. A previsão do sindicato diante da proposta, é que os caminhões não mais circulariam no centro expandido das 5 horas às 21 horas. E isso forçaria o comércio a operar o recebimento e a expedição de seus produtos entre as 21 horas e 5 horas, ou ter seu abastecimento realizado por utilitários leves. O comércio de pequeno porte, sem estrutura para recebimento noturno, exigiria das transportadoras o atendimento diurno, o que quadruplicaria a frota circulante para abastecer a cidade. Equacionar o problema é simples: para substituir um caminhão com capacidade de 6 toneladas de carga são necessários 2 Veículos Urbanos de Cargas (VUC) de 3 toneladas ou até mesmo 4 utilitários de 15 toneladas. Sendo que o espaço de via ocupado por esses veículos também é maior, o equivalente a 30 metros contra apenas 8 metros do caminhão. Ao mesmo tempo seriam 4 motores poluindo contra apenas um do caminhão. Ainda na declaração da SETCESP em 2008, essa medida aumentaria os custos com distribuição para o transportador, que os repassaria ao comerciante, e conseqüentemente ao consumidor final. Temia-se até mesmo o desabastecimento. Esse é o espírito do decreto no. 45821/05, editado pelo então prefeito Serra, que o Setcesp ajudou a criar, e que foi descaracterizado logo em seguida pela Portaria 002/05, por pressão de alguns setores do comércio (SETCESP, 2008). O próprio sindicato defendia a entrega noturna obrigatória para os grandes estabelecimentos na cidade toda, não só na ZMRC. Para o restante dos comércios, deveria se manter inalterada a ZMRC, atendida pelo VUC. Sendo que no centro expandido, os caminhões de 3 eixos deveriam ser os maiores a ser utilizado, o que atenderia inclusive aos setores de mudanças e da construção civil. 57 As Marginais e a Avenida dos Bandeirantes deveriam atender os interesses da cidade de São Paulo, tendo uma separação do tráfego de passagem, que na opinião do Setcesp só consome nossas vias, do tráfego local, que cumpre o papel de abastecer a cidade. Esses anseios por parte da sociedade e do sindicado foram alcançados com o pacote lançado em 02 de agosto de 2010 pelo prefeito Gilberto Kassab. 5.5.10 Órgãos Competentes As normas e leis necessitam de órgãos específicos para que sejam cumpridas todas suas exigências, por isso a Prefeitura criou vários órgãos que auxiliam na execução das leis de trânsito. 5.5.10.1 Secretaria Municipal de Transportes (SMT) Conforme o site da PMSP, a Secretaria Municipal de Transporte está subdividida em Departamento de Operação do Sistema Viário (DSV), sendo que para esse a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) presta serviço; e o Departamento de Transportes Públicos (DTP), para o qual presta serviços a São Paulo Transporte SPTrans (CET, 2010). A missão da secretaria é assegurar a mobilidade das pessoas e de bens no Município de São Paulo, juntamente com os órgãos citados. A ela são atribuídas as seguintes atividades: • Gerenciar os serviços de transporte coletivos de passageiros por ônibus; • Regulamentar e gerenciar os serviços de transportes de passageiros individuais e coletivos de táxi, fretamento e escolar, transporte de carga e moto-frete. • Disciplinar e gerir o uso da rede viária municipal. É a ela que cabe gerir o sistema de transporte, considerados por muitos urbanistas como um enorme desafio. Por isso, a SMT tem a importante tarefa de articular 58 institucionalmente às diferentes áreas da Prefeitura, Governo do Estado, Governo Federal e sociedade civil (PMSP, 2010). 5.5.10.2 Departamento de Transporte Público (DTP) Esse departamento foi criado em 24 de fevereiro de 1972 através da Lei 7.698, é o órgão diretamente ligado à SMT, responsável pela gestão, regulamentação, cadastro, vistoria e fiscalização dos serviços de transporte realizados por fretamento escolar, táxis, transportes de carga e moto-frete (CET, 2010). O DTP ainda tem sob sua responsabilidade a empresa contratada, a São Paulo Transporte (SPTrans), que também estuda orienta e estabelece itinerários e pontos de parada e fiscaliza os veículos dos sistema de transporte coletivo por ônibus. Em dezembro de 2008 foi publicada a Portaria 292/2008 que defini os procedimentos de fiscalização nas diferentes modalidades inerentes ao órgão, portaria essa publicada pelo DTP. 5.5.10.3 Departamento de Operação do Sistema Viário (DSV) O Departamento de Operação do Sistema Viário é responsável pelo trânsito da cidade, é dele a incumbência de regulamentar a legislação que rege o trânsito da capital paulista, sendo que suas atribuições são: • Estudar e promover medidas pertinentes à segurança e rendimento do sistema viário, regulamentando, propondo obras, executando a sinalização e controle do trânsito de veículos e pedestres nos logradouros, terminais de transportes e respectivos acessos; • Autorizar e acompanhar a execução das obras ou serviços nos logradouros, na forma regulamentada por ato do Prefeito; • Opinar nos projetos de edificações e equipamentos urbanos, que possam gerar interferências substanciais no tráfego da área (PMSP, 2010). 59 5.5.10.4 Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) A CET foi criada em 1976 e é uma empresa de economia misto sendo seu capital majoritário da Prefeitura do Município de São Paulo, é considerado um modelo de administração do trânsito, seguido por vários municípios do país (PMSP, 2010). A CET é contratada pelo DSV e tem como atividades principais: • Desenvolver novas tecnologias como: CTAs (centrais de tráfego em área), registradores eletrônicos de infrações, desenvolvimento de novas placas de sinalização; • Operação do Sistema Viário por 24 horas através de: técnicos no campo, centrais de controle operacional, guinchos, fiscalização das infrações através de agentes civis, remoção de veículos estacionados irregularmente, radares, câmeras fotográficas. • Estudos de Planejamento e projeto • Implantação e manutenção da sinalização: placas de orientação, regulamentação, advertência, educativa, trocas de lâmpadas queimadas, pintura de solo, semáforos. • Educação e treinamento sobre questões de trânsito: utilização de técnicas pedagógicas especifica por faixa etária, palestras e campanhas. • Estudos estratégicos: reescalonamento de horário, estudos sobre o Código de Trânsito Brasileiro, estudos de desestímulos ao uso de carro particular, elaboração de políticas de atuação, melhoria do processo de gestão interna; • Implantação do Programa de Qualidade Total (PMSP, 2010). 5.6 Programa de Silêncio Urbano (Psiu) Em São Paulo, desde 6 de outubro1994, foi instituída a lei (DECRETO Nº 35.928) que regulamenta o limite de ruído nas zonas residenciais de São Paulo, o Programa de Silêncio Urbano (PSIU). O programa visa controlar e fiscalizar o ruído excessivo que possa interferir na saúde e bem-estar da população, desde lá a lei vem sofrendo várias modificações em seu regulamento. 60 Em 1994 Paulo Maluf, o então Prefeito do Município de São Paulo, decretou novas modificações no programa. A Secretaria Municipal de Abastecimento (SEMAB) foi decretada a coordenadora do programa, contando com a participação da Secretaria das Administrações Regionais (SAR), Secretaria da Habilitação e Desenvolvimento Urbano (SEHAB), Secretaria Municipal de Transportes (SMT), Coordenadoria da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e demais Secretarias, quando solicitadas. A SEMAB ficou responsável por gerenciar as ações no âmbito do PSIU, integrando os diversos órgãos envolvidos, designar os Agentes Visitores e servidores que atuariam no programa, treinar os servidores envolvidos, realizar as vistorias e avaliações necessárias, receber denúncias decorrentes de problemas causadas por excesso de ruídos entre outras que podem ser visto no DECRETO Nº 35.928. A SAR designa técnicos que atuarão no programa, comunicando a Semab todas as denuncias formuladas, assim como as ações adotadas, realiza vistorias, verifica as condições de licenciamento dos estabelecimentos, bem como as demais posturas municipais. Cabe a Sehab verificar as condições de licenciamento do estabelecimento, intimando os responsáveis que estejam emitindo ruídos acima dos níveis fixados por lei a executarem serviços e obras necessários à proteção acústica, notificar os mesmos responsáveis a apresentarem o laudo técnico de segurança, incluindo proposta de proteção acústica ao local, sendo auxiliada pelo Departamento de Controle do Uso de Imóveis (Contru). A SMT fica designada a comunicar à Semab as denúncias eventualmente encaminhadas às unidades da SMT, realizar vistorias e avaliações necessárias, lavrar os autos de imposição de penalidades, no âmbito de sua competência. A Guarda Civil Metropolitana deve acompanhar e integrar as vistorias conjuntas ou realizadas apenas pela Semab, destacando a Ronda Ostensiva Municipal (ROMU) como apoio a essas ações. 61 Em março de 2010 foi aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo, a lei 15.133, que altera o Programa de Silêncio Urbano da Prefeitura de São Paulo, publicada no Diário Oficial. O prefeito Gilberto Kassab, em 2009 vetou a alteração da lei proposta pelo vereador Carlos Apolinário. As mudanças foram bem expressivas e causou muita polêmica entre os moradores da cidade, dando espaço nos principais jornais da cidade na data de vigor da lei. As alterações previstas na nova lei têm como principais mudanças o valor das multas e a mudança no local da medição, que agora passou a ser feita na construção ao lado do estabelecimento considerado como barulhento. Além disso, não serão válidas as denúncias anônimas, pois a constatação da infração partiu a ser feita com a presença do denunciante, do denunciado e de testemunhas. Segundo o vereador Apolinário, as mudanças chegam para acabar com a “indústria da multa”. Antes de a lei sofrer esse abrandamento, o infrator que descumpria os limites determinados pelo Psiu poderia ser multado entre R$ 4 mil e R$ 17 mil. Agora com a mudança, a multa não passa de R$ 8 mil máximos e de R$ 500 mínimos. O vereador ainda destacou que essa multa será de acordo com o a capacidade do estabelecimento. Com as mudanças os limites de ruídos passa para 50 decibéis, entre as 7 e 22 horas. Das 22 às 7 horas, cai para 45 decibéis nas zonas residenciais. Nas zonas mistas, o limite das 7 às 22 horas fica entre 55 e 65 decibéis e entre as 22 e 7 horas, varia entre 45 e 55 decibéis. Nas zonas industriais, foi estipulado que das 7 às 22 horas fica entre 65 e 70 decibéis e das 22 às 7 horas, entre 55 e 60 decibéis. As denúncias podem ser através do telefone 156 ou pessoalmente nas subprefeituras. Na Figura 5-17 é possível visualizar um modelo de como é distribuído os decibéis limites do programa. 62 Figura 5-17 - Demonstração de variação do nível de ruídos. Fonte: Prefeitura de São Paulo (2010). 5.6.1 A Influência do “Psiu” no Transporte de Cargas Para a Construção Civil Com a implantação da lei do Psiu, foi possível perceber as influências causadas ao transporte de cargas realizadas na cidade de São Paulo. Os caminhões não poderiam circular nas zonas determinadas pela lei nos horários estipulados, pois muitos desses caminhões fazem esse transporte geram decibéis acima do permitido. Esse problema se agrava quando falamos da ZMRC, que impacta ainda mais o fluxo de veículo, que fica restringido ao horário do rodízio e por isso, muitas vezes, tem de trafegar de noite ou de madrugada. Quando a carga deve passar pela ZMRC, ou até mesmo for destinado para Zona Máxima de Restrição de Circulação, o caminhão que a transporta encontra outra intervenção, que é a lei do Psiu, impedindo-o de carregar ou descarregar nas zonas abrangidas pelo programa nos horários definidos pelo Programa Silêncio Urbano. 63 Esse problema pôde ser constatado em obras de edifícios e obras públicas em bairros movimentados de São Paulo, que segundo a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, recebeu 1.595 reclamações nos cinco primeiros meses de fiscalização sobre o barulho produzido pelas obras, sendo que emitiu 430 comunicados e realizou 262 vistorias. Esse balanço foi feito entre agosto e dezembro de 2008. Com o rodízio de caminhões e a lei do Psiu os caminhões, muitas vezes, são obrigados a criar uma rotina de carga e descarga à noite, gerando assim um grande transtorno aos moradores das regiões que eles estão operando. Bairros residenciais e mistos convivem com a carga e descarga de caminhões que geram 80 decibéis durante a noite (PMSP, 2010). 64 6 ESTUDO DE CASO Este capítulo foi desenvolvido por meio de visitas às obras, entrevistas com funcionários das construtoras envolvidas e com funcionários de transportadoras que executam serviços para a construção civil. No intuito de obter-se a melhor análise possível, sobre o impacto do rodízio municipal, no transporte de cargas para o abastecimento da construção civil na cidade de São Paulo, foram escolhidas duas obras como estudo de caso. O primeiro estudo de caso trata-se de um conjunto de prédios residenciais, o segundo é um edifício comercial. Ambos estão localizados dentro da Zona Máxima de Restrição de Circulação (ZMRC). 6.1 Estudo de Caso I: Obra Barra Funda O empreendimento prevê a construção de quatro torres com vinte andares cada uma, com quatro apartamentos por andar, a obra foi iniciada em outubro de 2008, e encontrava-se em fase final de execução, em julho de 2010, momento em que foi realizada a coleta de dados do empreendimento. A obra recebe em média 10 caminhões com entrega de materiais por dia, além dos caminhões para retirada de resíduos (entulho). 6.1.1 Localização do empreendimento A obra está situada na Rua Tagipuru, no bairro da Barra Funda, na região metropolitana de São Paulo, o local é de fácil acesso e próximo a grandes vias como a Marginal Tietê, Avenida Francisco Matarazzo, Av. Marquês de São Vicente, Av. Antártica, Av. Pompéia e Av. Pacaembu. Na Figura 6-1 é possível visualizar o local do empreendimento e alguns pólos geradores de tráfego (PGT), que interferem no abastecimento da obra, impactando diretamente no trânsito da região. 65 Figura 6-1 - Mapa de localização do empreendimento Fonte: Google Earth (2010). 6.1.2 Planejamento do Empreendimento Nesta obra, foi entrevistado o Sr. Bonfim, encarregado de controle de carga e descarga de materiais, que relatou o funcionamento e o planejamento do canteiro de obra, estoque de materiais e horários de entrega de produtos. O local de entrega do material é realizada diretamente no canteiro de obra do próprio empreendimento, onde o movimento de veículos durante o dia é baixo. As condições para entrega e retirada de materiais nesta obra são muito favoráveis, se não fosse a restrição dos veículos automotores pesados na região, o rodízio de caminhões. Esta restrição obrigou o setor de logística da empresa a encontrar 66 maneiras para que a fluidez do cronograma da obra não fosse prejudicada, evitando assim atrasos e prejuízos. Segundo o encarregado da obra, a implantação do rodízio de caminhões, causou um impacto direto no planejamento e execução da obra. Para transpor o problema de restrição de circulação de caminhões na ZMRC, foram tomadas medidas de prevenção desde a concepção do projeto e execução da obra. Que foram desde o transporte de maquinários pesados em horários pré-definidos a criação de um estoque de dois dias de materiais de construção. Em outubro de 2008 o empreendimento iniciou-se com a formação de um estoque de dois dias, prevendo qualquer problema que pudesse ser causado por atraso, em virtude da circulação de veículos pesados na região. Com isso foi possível garantir o cronograma da obra sem maiores interrupções. 6.1.3 Execução de Serviços e Suas Interferências Durante a obra foram necessárias algumas adequações no recebimento das cargas, pois segundo o Sr. Bonfim as entregas de alguns produtos tiveram que ser realizadas no período noturno e para que esse material fosse acomodado de forma correta e conferido durante esse período, foi necessária a contratação de mais três funcionários. Algumas empresas que fornecem materiais para o empreendimento optaram por descarregar durante o dia, porém dirigiam-se ao local no período da noite após o término de restrição de caminhões, eliminando assim, um aumento do custo na mãode-obra para descarregar os materiais. Esse aumento nos honorários é causado devido as leis trabalhistas que incidem sobre o trabalho noturno, que obriga ao empregador a pagar adicional noturno a esses empregados. Outro problema enfrentado por essas empresas, que optaram por fazer as descargas durante a noite foi a falta de mão-de-obra disponível para o horário, porque a empresa alegava ter de deslocar funcionários que normalmente trabalham 67 no período diurno, para o período noturno, impossibilitando-os de cumprir seu horário normal, desfalcando assim o quadro de funcionários para outras entregas que ocorrem durante o dia. O Sr. Bonfim ainda relatou que durante o dia fica muito mais fácil controlar o recebimento e descarga de materiais, isso é possível porque a maioria de seus empregados está à disposição nesse período, tornando a carga e descarga um processo mais rápido. Mesmo com a flexibilização de entregas, os transtornos não foram eliminados completamente. A obra encontra-se próxima a uma casa de shows, a qual realiza eventos a partir das quintas-feiras e com isso o perímetro é tomado por flanelinhas que ocupam todas as ruas onde não há proibição de estacionamento nesse horário, causando uma disputa entre os fornecedores e os carros que querem estacionar. Além do mais, com a ocupação da via por veículos dos usuários da casa de shows as ruas tendem a ficar mais estreitas, dificultando o acesso dos caminhões que por sua vez são de grande porte, gerando grandes inconvenientes. Para entender melhor os problemas que o rodízio causava na obra, foi observada a entrega de materiais de construção em diferentes dias da semana e em diferentes horários. Uma alternativa para a construtora diminuir a freqüência ou quantidade das entregas noturnas, evitar a falta de materiais na obra ou até mesmo atraso em seu cronograma, poderia ser o recebimento de materiais de construção aos sábados, inclusive, porque nesses dias haviam funcionários trabalhando na obra. Porém mesmo havendo expediente na obra, não havia qualquer caminhão aguardando, seja na rua ou no canteiro da obra. O fluxo de veículos no local era baixo, assim como é apresentado nas Figura 6-2 e Figura 6-3. Propiciando então condições favoráveis a entrega de materiais. 68 Figura 6-2 - Entrada do canteiro de obras Figura 6-3 - Rua Tagipuru no sábado a tarde, trânsito tranqüilo para carga e descarga 69 Na rua da obra em estudo, ficam localizadas duas casas que recebem grandes eventos, o Espaço das Américas e o Expo Barra Funda, ambos com capacidade para 10.000 pessoas, bem próximo dali na Av. Francisco Matarazzo, têm mais duas casas que atraem um grande fluxo de veículos, as casas Villa Country e Porto Alcobaça, além da Universidade Nove de Julho. Diante desse elevado número de pólos geradores de tráfego (PGT), em alguns dias da semana o trânsito da região é muito intenso, complicando o itinerário dos caminhões que abastecem a obra. Outro ponto negativo nesses dias é a grande quantidade de carros estacionados ao redor da obra, que praticamente preenchem todas as vagas de estacionamento e também atrapalham na manobra dos caminhões. Mesmo sendo sábado, um dia de grande movimento nas casas de shows ao redor do empreendimento, foi observado, assim como pode ser notado na Figura 6-4 e na Figura 6-5, que no horário visitado, ainda havia local para estacionamento. Figura 6-4 - Fachada do Espaço das Américas e vagas para estacionamento. 70 Figura 6-5 - Vagas para estacionamento na Rua Tagipuru em frente a obra Não foi percebido a interferência dessas casas de shows no trânsito, durante o período em que foi a obra foi estudada, por volta das 16 horas, foi possível notar apenas que as casas estavam realizando os preparativos para suas respectivas aberturas ao anoitecer, não impactando dessa maneira com a obra. Na Figura 6-6 é possível ver o local destinado as caçambas de entulhos, material este, que não sofreu restrição de circulação devido à necessidade de seus serviços. A obra tem caçambas espalhadas ao longo da rua, em frente ao empreendimento, assim fica fácil a retirada do entulho pelos caminhões. Outro fato, que pode ser considerado pró-obra, na questão de recebimento de materiais, é a não restrição de estacionamento em frente à obra, não há placas de regulamentação para proibição de estacionamento. 71 Figura 6-6 - Caçambas para entulho localizadas em frente a obra Na rua do empreendimento a proibição de estacionamento acontece apenas a jusante da obra, não prejudicando assim, os caminhões que estariam aguardando para descarregar. Foi acompanhado o movimento na região da obra também em dias da semana durante o período noturno, para analisar o abastecimento da obra, verificar o fluxo de caminhões, o trânsito local e verificar como estava sendo feito a logística do descarregamento. Logo próximo à obra, observava-se um grande número de carros estacionados pelas ruas e neste momento foi constatado que este elevado número de carros estacionados devia-se à existência da Universidade Nove de Julho (UNINOVE) próxima ao metrô Barra Funda. Verificou-se o estacionamento dos carros de usuários dessa universidade até quase em frente à obra. 72 Chegando ao local da obra foi possível registrar um caminhão com uma carga de argamassa, fazendo manobras na rua para conseguir entrar no canteiro de obras, como haviam carros estacionados dos dois lados da rua, o motorista do caminhão teve bastante trabalho, como pode ser observado na Figura 6-7 e demorou alguns minutos para conseguir passar pelo portão da obra, fato que gerou desconforto aos motoristas que queriam passar naquele momento. Figura 6-7 - Caminhão com dificuldade para entrar no canteiro Registrou-se que devido aos minutos de espera, formou-se uma fila de automóveis, como pode ser observado mais adiante na Figura 6-8 e alguns motoristas impacientes fizeram uso da buzina insistentemente. Já com o caminhão no canteiro foi iniciado o processo de descarga do caminhão, para isso, estavam o motorista e mais dois ajudantes. Na obra a carga ou descarga do caminhão é de responsabilidade da empresa que está prestando o serviço, ou seja, não havia qualquer funcionário da obra ajudando. 73 Figura 6-8 - Pequeno congestionamento ocasionado pela manobra do caminhão Por volta das 23:20 quando os funcionários da transportadora terminavam de descarregar o caminhão, foi possível notar que o fluxo de veículos na rua era muito pequeno, como observado na Figura 6-9. Figura 6-9 - Espaço em frente a obra praticamente livre 74 Criando condições favoráveis para o estacionamento de outros caminhões e conseqüentemente, a entrega de outros materiais, como mostrado na Figura 6-10 . Figura 6-10 - Caminhão se preparando para entrar no canteiro 6.1.4 Conseqüências do rodízio no transporte de cargas. Devido a real importância do assunto e com a finalidade de obter-se a maior gama possível de opiniões, pontos de vistas e assim no próximo capítulo ser formalizada uma opinião sobre o assunto, foi abordado não apenas o lado das obras das construtoras e seus funcionários abordou-se também, as empresas do ramo de transportes que executam serviços para a construção civil. Foi entrevistado o motorista do caminhão de argamassa, Sr. André, que teve dificuldades em manobrar o caminhão para fazer a descarga do material e que aceitou responder algumas perguntas. Conversando-se com o Sr. André, que trabalha na transportadora há quatro anos, sobre o rodízio de caminhões, não teve dúvidas, respondeu que na opinião dele o rodízio tem apenas aspectos negativos. 75 O primeiro aspecto citado foi o horário de trabalho, já que a maioria dos funcionários estavam acostumados com as jornadas durante o dia e com a implantação do rodízio, os funcionários tiveram que mudar de turno, tendo a maioria, uma grande dificuldade na adaptação, além do que, em alguns casos onde não era possível a troca de turno, o funcionário acabou sendo dispensado com a alegação da necessidade de funcionários que se enquadrassem nas necessidades da empresa. Questionado sobre a quantidade de entregas, qualidade do trânsito e condições de trabalho, o motorista disse que continua fazendo a mesma quantidade de entregas, que o volume de entrega não foi alterado, pois a empresa trabalha com horário marcado para realização das entregas, o caminhão só sai da empresa no horário especificado no cronograma. O fluxo de veículos à noite melhorou em algumas vias, mas segundo ele, não o suficiente para que esse fator compensasse os aspectos negativos. Na obra em estudo André alega a dificuldade para chegar à obra nos dias próximos ao fim de semana, mais precisamente as quintas e sextas-feiras, devido às casas noturnas. André chamou a atenção para a dificuldade de balizamento do caminhão em locais com grande quantidade de veículos estacionados, até mesmo estacionar o caminhão próximo à obra fica difícil em algumas situações, fazendo com que eles dêem voltas desnecessárias na obra, buscando algum lugar para aguardar a hora da carga ou descarga. Um dos problemas mais freqüentes no abastecimento das obras são as reclamações dos vizinhos em relação ao barulho emitido pelos caminhões e pelo descarregamento dos mesmos. No caso acompanhado, houve a impaciência dos motoristas seguidas de buzinadas, por causa da interrupção do tráfego local, felizmente, ao redor da obra não há edifícios residenciais e nem residências, mas em locais onde existem, acontece de pessoas aparecerem no local exigindo que se pare o trabalho por causa do barulho, fazendo inclusive ameaças. Outro fator negativo importantíssimo segundo o Sr. André é a falta de segurança ao se executar as entregas no período noturno, dependendo da carga transportada os 76 funcionários da transportadora ficam vulneráveis, sendo que na transportadora em que trabalha, já aconteceu o roubo de carga com o seqüestro dos funcionários. A saúde também foi fato lembrado, com a alteração do turno de trabalho, muitos funcionários estão com dificuldades em adaptar-se na hora de descansar, muitos não conseguem dormir o recomendado durante o dia, não rendendo assim o que poderiam, trazendo prejuízos para a empresa. 6.2 Estudo de Caso II: Obra Faria Lima O empreendimento em questão prevê a construção de duas torres com finalidade de uso comercial, ela consta em seu projeto com a maior laje já executada na Cidade de São Paulo, dando uma real idéia de suas dimensões. A obra recebe em média 20 caminhões com entrega de materiais por noite, além dos caminhões para retirada de resíduos (entulho). 6.2.1 Localização do empreendimento Figura 6-11 - Mapa de localização do empreendimento Fonte: Google Earth (2010). 77 A obra está situada na Avenida Brigadeiro Faria Lima, no bairro do Itaim Bibi, na região metropolitana de São Paulo, o local é de fácil acesso e próximo a grandes vias como a Marginal Pinheiros, Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, Av. Cidade Jardim, Av. Nove de Julho e das Ruas Joaquim Floriano e Rua Iguatemi. Na é possível visualizar o local do empreendimento e algumas dessas principais vias. 6.2.2 Planejamento do Empreendimento Nesta obra foi entrevistado o Sr. José, encarregado de controle de carga e descarga de materiais, que relatou o funcionamento e o planejamento do canteiro de obra, estoque de materiais e horários de entrega de produtos. O local de entrega do material é dentro do canteiro de obra do empreendimento, a entrada para o canteiro acontece por dois portões, dependendo do material a ser entregue e localização do local de descarregamento, a entrada principal fazia-se pela Avenida Brigadeiro Faria Lima, a entrada secundária era feita pela Rua Aspásia. O canteiro de obra é grande, como pode ser visto na Figura 6-12, tendo em vista que ele está localizado em todo o andar térreo da obra, porém para boa locomoção dos funcionários e execução dos serviços, os caminhões fazem a descarga nas “periferias” do canteiro e no dia seguinte os funcionários transportam o material até o seu local de utilização ou local mais apropriado. A quantidade de entregas é determinada pela necessidade de materiais na obra, sempre seguindo o cronograma feito no planejamento, sendo que dependendo do material entregue, a quantidade de viagens e até mesmo o número de caminhões dentro do canteiro simultaneamente, era limitada pela carga suportada pela laje, já que o canteiro todo encontra-se localizado sobre lajes. Na obra o horário de entrega vigora entre 21 horas e 4 horas da manhã, após este horário é difícil encontrar caminhão fazendo entrega, pois os mesmos, já devem estar retornando as suas respectivas empresas para chegarem antes do início do horário de restrição de circulação dos caminhões. 78 Figura 6-12 - Local de descarga dos caminhões. Quanto ao gerenciamento de estoque, o entrevistado diz que dentro do possível eles realizam um controle dos materiais, proporcionando assim um melhor andamento da obra, aumentando as garantias de qualidade dos insumos recebidos. Porém nem sempre é possível realizar um estoque de alguns produtos que por vários motivos impossibilitam seu armazenamento. 6.2.3 Execução de Serviços e Suas Interferências Esta obra foi visitada diversas vezes no período noturno para verificar o funcionamento das operações e as interferências ao redor da obra, tentando certificar-se de todos os aspectos que poderiam influenciar de forma positiva ou negativa no funcionamento da obra. Foi observado que logo após o fim do horário de restrição de circulação dos caminhões, rapidamente começaram a chegar os primeiros caminhões. Estes em primeiro momento fazem estacionamento em frente à obra na Av. Brig. Faria Lima e 79 um responsável faz sua identificação e verificação com o Sr. José, do local de descarregamento do material, obtendo permissão para entrar no canteiro de obras. Foi notado em algumas ocasiões, que a frente da obra foi toda tomada por caminhões que enquanto identificam-se e aguardam autorização, ocupam a faixa da direita da Av. Brig. Faria Lima, interferindo diretamente em uma parada de ônibus localizada em frente ao empreendimento. Os usuários que aguardam o ônibus, em alguns momentos necessitam sair da calçada e ir para a via, afim de conseguirem enxergar a aproximação do coletivo. Este problema não gera conseqüências maiores devido ao horário, já que a quantidade de passageiros é menor, comparando-se ao transtorno que seria, caso as entregas fossem feitas durante o dia. Este fato não gera problema na circulação de veículos na via, visto que o fluxo no horário é baixo e que a Avenida Brig. Faria Lima, neste trecho, é dotada de quatro faixas de rolamento, com 2,60m de largura cada uma. Em relação à descarga de materiais, foi presenciado este serviço, sendo que um dos caminhões chamou a atenção, pois o próprio motorista estava executando o serviço sozinho. Segundo informações, cedidas por funcionários da obra, um dos motivos alegado pelo próprio motorista para descarregar o caminhão sozinho, era a dificuldade de encontrar ajudantes para o horário noturno, mas também foi dito que ele fazia isto na intenção de economizar o dinheiro com um ajudante. A prática de alguns caminhoneiros de descarregarem a própria carga, como no caso citado, gera um problema de logística dentro do canteiro de obra, aumentando o tempo de estadia do caminhão, atrasando a descarga de outros caminhões, e que em muitas vezes deve ser contido pelo encarregado responsável pela obra. Em entrevista com o encarregado pelo recebimento de materiais na obra, os caminhões que não conseguem realizar a descarga de materiais na obra são obrigados a estacionarem dentro do canteiro de obra, aguardando o término do horário de restrição aos caminhões na ZMRC para que eles possam sair. 80 Ainda segundo o encarregado isso causa prejuízos tanto à obra quanto ao caminhoneiro e sua empresa, visto que o canteiro fica obstruído pela área ocupada pelo caminhão, que muitas vezes é de grande porte, além do mais o motorista impossibilitado de rodar no período em que fica parado. O caminhão parado na obra onera ainda mais o frete, causado pela mão-de-obra parada e não aproveitada. Outro agravante é quando não há possibilidade de algum caminhão descarregar o material e o insumo não é muito urgente para a obra, o encarregado é forçado a pedir o retorno do caminhão, re-agendando a entrega, gerando assim um aumento no custo do serviço que com certeza será contabilizado no valor final, evitando assim que a empresa de transporte seja prejudicada. Para o Sr. José o recebimento desses produtos no horário da noite gera um risco quando se trata da qualidade do material entregue. Ele declara que mesmo com vários anos de experiência no ramo, é difícil em algumas ocasiões garantir que esses insumos estejam dentro da rigorosa qualidade que devem estar. Para isso seria necessário um curso de capacitação técnica para reconhecer ou tentar antever o recebimento de um produto com problemas de fabricação ou em condições inadequadas, o que não ocorreria caso as entregas fossem realizadas no período diurno. Visto que os responsáveis técnicos estariam à disposição da obra, sendo facilmente localizados. O encarregado alega que ao responsabilizar-se pelo recebimento de algum produto, caso esse venha ter algum problema, no dia seguinte, ele é obrigado a pedir a devolução acarretando vários transtornos e atrasos por causa de sua deficiência técnica natural. O Sr. José diz que durante o dia recebe normalmente cargas transportadas por caminhões VUC’s, que na opinião dele é uma prova de ineficiência da restrição aos caminhões na ZMRC. 81 6.2.4 Conseqüências do rodízio na qualidade de vida. Em depoimento o encarregado fala que a produtividade de um funcionário que trabalha à noite, é em média 30% menor, que a de um funcionário que desempenha a mesma função durante o dia. Ele acrescenta dizendo que essa queda no desempenho é gradativa, pois ao iniciar suas atividades na segunda-feira ele tem o que considera 100% de suas energias e no decorrer da semana ela vai decaindo chegando até uns 70% do rendimento inicial. O problema da qualidade de vida dos envolvidos na obra atinge também o engenheiro responsável, que por vezes é contactado no período noturno para solucionar algum problema ocorrido na obra. Como foi relatado pelo encarregado que diz já ter feito isso e julga ser um grande inconveniente. Na opinião do Sr. José a mudança de horário de entrega, em virtude da restrição, atraiu vários problemas para o empreendimento por causa do barulho gerado pela descarga dos materiais. Segundo ele, em algumas ocasiões como na descarga do aço, o barulho é inevitável e o som propaga-se no silencio da noite e conseqüentemente os vizinhos se revoltam e chamam a polícia para conter o barulho. Um caso inusitado que ocorreu nessa obra em especial, foi o descontrole de um dos vizinhos que dirigiu-se armado ao local da obra e ameaçou o engenheiro responsável caso o problema do barulho noturno da obra não fosse solucionado, chegando a apontar a arma para o mesmo, mostrando com isso que o rodízio causa sim impactos diretos tanto na obra como no seu entorno. Nos dois estudos de caso, pôde-se observar o quanto o rodízio de caminhões foi impactante para as obras, quais foram as medidas adotadas pelas empresas a fim de evitar-se atrasos e problemas com a legislação vigente. As entrevistas com os encarregados das obras expuseram as dificuldades das equipes em organizar os 82 canteiros de obra, além de, demonstrar os problemas encontrados pelas empresas que transportam materiais para o abastecimento da cidade de São Paulo. 83 7 ANÁLISE DOS RESULTADOS Comparando-se os dois estudos de caso, analisando as entrevistas e os pontos de vistas dos envolvidos, pode-se observar que na questão do recebimento de materiais, ambas as obras tiveram que redistribuir suas equipes para ter ao menos um encarregado na obra no período noturno, para acompanhar o recebimento de materiais. Nos dois empreendimentos os encarregados pertenciam ao quadro de funcionários da empresa e tiveram seu horário alterado para a noite, porém, ambos reclamam da situação, pois há inconvenientes e fatores que afetam o desempenho destes profissionais. A mão-de-obra do empreendimento da Barra Funda teve a contratação de três novos funcionários, contando com o encarregado. No empreendimento da Faria Lima houve apenas a contratação de um encarregado para atender a entrega dos materiais no período noturno. Com isso os custos com a folha de pagamento das duas construtoras sofreram ônus, forçando-as a absorverem o prejuízo ou repassarem ao consumidor final. A conferência dos materiais no período noturno, na Barra Funda é realizada pelo encarregado e por dois ajudantes que auxiliam na descarga quando necessário, enquanto na Faria Lima apenas o encarregado fica responsável por coordenar as entregas, além de fazer a conferência. Na obra da Barra Funda a interferência no acesso a mesma por causa dos PGTs é tida como um complicador, pois os caminhões encontram dificuldades na aproximação e estacionamento no canteiro de obras, devido a algumas casas de shows e a uma universidade, citadas no estudo de caso I, já na obra da Faria Lima não foi notado problemas com PGTs. 84 O empreendimento da Barra Funda está localizado em uma rua de moderado fluxo de veículos, enquanto o empreendimento da Faria Lima está localizada em uma das principais avenidas da região metropolitana da cidade de São Paulo. Ambas as obras têm canteiros relativamente grandes que suportam uma quantidade expressiva de caminhões de uma só vez. No entanto o canteiro de obras da Barra Funda não permite que o caminhão permaneça durante o dia todo, sendo que ele deve fazer sua descarga e se retirar ao final da entrega. Na obra da Faria Lima o empreendimento mantém alguns caminhões durante o dia, quando necessário, dentro do próprio canteiro. 85 8 CONCLUSÕES Pode-se observar que o rodízio influencia não apenas no abastecimento da construção civil, já que para cada medida restritiva, adota-se uma medida mitigadora, porém há grande influência na organização dos diversos setores envolvidos, como as obras e as empresas que as abastecem. Percebe-se que as maiores reclamações tanto do setor da construção civil, quanto das transportadoras estão relacionadas com a contratação de funcionários, o aumento das despesas e da insatisfação com a jornada de trabalho, provenientes da alteração para o horário noturno. Por outro lado, essa situação dentro da construção civil gerou muitos novos empregos, segundo os representantes das construtoras e das transportadoras, um aspecto bastante positivo para a cidade de São Paulo. O fato das entregas serem feitas à noite, fez com que as empresas se adequassem de maneira que as obras não fossem prejudicadas com a falta de material, montaram-se canteiros com iluminação, local para descarga de materiais com layout favorável para que se permita a maior quantidade de caminhões dentro do canteiro simultaneamente e reforço nas equipes de segurança do canteiro. As entregas a noite, ocasionam um problema na avaliação da qualidade dos materiais, em virtude de alguns fatores tais como, ausência dos engenheiros responsáveis que estão habilitados a identificar possíveis falhas no material e a falta de luz do dia, que oculta possíveis falhas nos produtos. Devido essas condições desfavoráveis, ocasionalmente ocorre o recebimento de material impróprio para utilização, acarretando na substituição desse material no dia seguinte. No trânsito foi notado para os veículos de passeio uma pequena melhora em algumas vias, tal como na Avenida dos Bandeirantes, que foi uma das ultimas a fazer parte da restrição e segundo usuários, o trânsito teve uma melhora significativa. 86 Para o deslocamento dos caminhões, também foi favorável as entregas noturnas, pois há menos interferências dos veículos menores, porém as transportadoras dizem que essa melhora não é suficiente para compensar os transtornos da jornada noturna. É importante salientar que são necessárias algumas restrições a indústria da construção civil, que está mal acostumada em relação a algumas atividades, tais como ruídos, à utilização de ruas como canteiros de obra, canteiros mal projetados, pouca preocupação com a logística ideal, entre outros fatores. Apesar do rodízio de caminhões ser algo muito recente, é nítida sua importância para a cidade de São Paulo, pois alguma medida de restrição a circulação precisava ser tomada, além das restritivas para os automóveis. Assim sendo, a construção civil tem que crescer, melhorar, aprimorar seus conceitos, afim de superar qualquer restrição que venha a sofrer. Por fim, fica uma tendência de constantes alterações do rodízio e as adequações por parte dos fornecedores, construtoras e transportadores, afim de sobressair-se no mercado. É importante ter a coragem de mudar e inovar, para colher bons resultados e em caso de crise, ter uma solução surpreendente, principalmente nesse mundo globalizado que sabe distinguir o bom, do ótimo. 87 9 RECOMENDAÇÕES Para dar continuidade no estudo de pesquisa sobre a influência do rodízio municipal no transporte de cargas para o abastecimento da construção civil na cidade de São Paulo, recomenda-se que sejam trabalhados pontos de vistas de empresas de segmentos diferentes e que atuam na construção civil. Tais como, fornecedores, construtoras e transportadoras. É notável que tendo uma quantidade maior de opiniões dentro de um mesmo setor, pode-se tirar melhores conclusões sobre os impactos causados nos segmentos da construção civil e conseqüentemente ter uma definição sobre o assunto. Recomenda-se para uma nova pesquisa que busquem estudos de caso que possam dar maiores informações sobre as alterações nos custos das obras, para poder fazer uma comparação com os gastos de uma obra situada dentro da ZMRC, em relação a uma não situada na ZMRC. O levantamento de dados junto a CET, também pode gerar informações importantes, assim, conseguindo dados do trânsito na cidade, antes e durante a lei de rodízio dos caminhões, será possível comparar as melhorias ou não do trânsito, com o possível aumento dos custos da construção civil e assim analisar o seu efeito. 88 REFERÊNCIAS AGÊNCIA Nacional de Transportes Terrestres. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.antt.gov.br/>. Acesso em 10 de ago. 2010. ANASTÁCIO, Assis Francisco. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Engenharia. Mestrado Profissionalizante em Engenharia. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/3058>. Acesso 25 de abr. 2010. ANTOGA, repórter; Lei altera o Programa de Silêncio Urbano – PSIU. Brasil Wiki, São Paulo, 23 mar. 2010. Disponível em: <http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=22122>. AQUILO MAIS ISSO. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://aquilomaisisso.wordpress.com/category/festivais/>. Acesso em 15 ago. 2010. AVALIAÇÃO das Tendências da Demanda de Energia no Setor de Transportes no Brasil [Rio de Janeiro] 2005. XX, 167 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc., Planejamento Energético, 2005). Dissertação - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE. BARAT, Josef - A evolução dos transportes no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística / Instituto de Planejamento Econômico e Social, 1978, 385 p. BELFIORE, P. PRADO; Redução de custos em logística. 1. ed. São Paulo, Editora Sant Paul, 2008. BLUMENFELD, H. A metrópole moderna. In: Cidades: a urbanização da humanidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1977. BLUMENFELD, H. A metrópole moderna. In: Cidades: a urbanização da humanidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1977. 89 CAVALCANTI, N. (2004). O Rio de Janeiro Setecentista: a vida e a construção da cidade da invasão francesa até a chegada da corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. COLOMBO, Ciliana Regina; BAZZO, Walter Antonio. Desperdício na construção civil e a questão habitacional: um enfoque CTS. Organización de Estados Iberoamericanos para la educación la ciencia y la cultura. Disponível em:< http://www.oei.es/salactsi/colombobazzo.htm>. Acesso 20 jul. 2010. COMISSÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA – CEE/CBIC. A Indústria da Construção Brasileira no Início do Século XXI: Análise e Perspectivas. Belo Horizonte: Banco de Dados CBIC, Outubro de 1998. COMPANHIA BRASILEIRA DE TRANSPORTE URBANO – CBTU. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.cbtu.gov.br/estudos/pesquisa/bndes_iiiriotransp/AutoPlay/Docs/artigo44. pdf>. Acesso em: 16 de jul. 2010. COMPANHIA DE ENGENHARIA DE TRÁFEGO – CET. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.cetsp.com.br/internew/carga/carga2003/oQueMuda/index.htm>. Acesso em 25 de mar. 2010. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL - CETESB/SP – Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Ar/ar_historico.asp>. Acesso em 20 fev. 2010. CONCEIÇÃO, I. (1984). Shopping Centers – Desenvolvimento, localização e impacto do tráfego no sistema viário. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. CONSTITUIÇÃO da República Federativa do Brasil de 1988 artigo 199º. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso 20 de jul. 2010. 90 CURCIO, Vincent (2000), a Chrysler: A vida e os tempos de um gênio - Automotive, New York. Oxford University Press. DINIZ, M. H. Curso de direito civil brasileiro. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. ESTACIONAMENTO de caminhões gera polemica no largo de São Francisco. G1, São Paulo, 23 mai. 2008. Disponível em: < http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL473753-5605,00ESTACIONAMENTO+DE+CAMINHOES+GERA+POLEMICA+NO+LARGO+DE+SA O+FRANCISCO.html>. Acesso em 25 mai. 2010. FRETTA.LOG. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.frettalog.com/tipos_veic.html>. Acesso em 22 abr. 2010. GOLDNER, Lenise Grando – Estudo de Pólos Geradores de Tráfego e de seus Impactos nos Sistemas Viários e de Transportes. Editora Edgar Blucher Ltda. 1ª Edição, 2003. GOOGLE, Buscador on line. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.google.com.br/>. Acesso em 28 mar. 2010. GONÇALVES, W. Curso de paisagismo. Viçosa, MG: UFV, 1999. 76 p. GUIALOG, Guia de Logística. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.guialog.com.br/>. Acesso em 30 de jul. 2010. LABORATÓRIO NACIONACIAL DE ENGENHARIA CIVIL – LNEC/PORTUGAL. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <chttp://www.lnec.pt/apresentação>. Acesso em 10 abr. 2010. LAWRENCE, RACHEL (janeiro de 2010). Dar Alyse. Ed. Brasil (ed. Sétimo). Apa Publications Gmbh & CO. / Discovery Channel, pp. 183-204. CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE SAO PAULO 91 LICITA MAIS – Leis. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://licitamais.com.br/leis/00044>. Acesso em 24 abr 2010. MARIA 451 – Categoria Caminhões. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://maria451.wordpress.com/category/caminhoes/>. Acesso em 24 abr 2010. MODERNA, REVISTA. Abril/2009. Disponível em: <http://www.revistatechnibus.com.br/destaque_princ/index.php?cod=60&edicao=4&r evista=9>. Acesso em 26 abr 2010. MORAES, José Carlos T.B.. Quinhentos Anos de Engenharia no Brasil, São Paulo, Editora IMESP, 2006. NASCIMENTO, Luiz Carlos. TCC Pólos Geradores de Tráfego. Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2005. GLOBO.COM – Consulta geral homepage oficial. Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/07/com-restricao-caminhoes-cet-esperareduzir-lentidao-em-20.html>. Acesso em 29 de jul. 2010. PASSAGLIA, Eunice. Gerenciamento de Transporte e Frotas. 2ª edição – Editora Cengage, 2008. PORTA, Paula. História da cidade de São Paulo - 3 volumes; São Paulo, Editora Paz e Terra, 2004. PREFEITURA Municipal do Estado de São Paulo. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.capital.sp.gov.br/portalpmsp/homec.jsp>. Acesso em 15 de jul. 2010. PRIBERAM - O dicionário da língua portuguesa. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/>. Acesso em 20 de jul. 2010. 92 COMPANHIA DE ENGENHARIA DE TRÁFEGO – CET. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.cetsp.com.br/internew/carga/carga2003/oQueMuda/index.htm>. Acesso em 25 de mar. 2010. SINDICADO critica data escolhida para inicio de restrição a caminhões. G1, São Paulo, 19 mai. 2008. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL476625-5605,00SINDICATO+CRITICA+DATA+ESCOLHIDA+PARA+INICIO+DE+RESTRICAO+A+C AMINHOES.html>.Acesso 26 mai. 2010. SILVEIRA, I.T. (1991) Análises de Pólos Geradores de Tráfego Segundo sua Classificação, Área de influência e Padrão de Viagem. Dissertação de Mestrado PET/COPPE. Universidade Federal do Rio de Janeiro. TOLEDO, Benedito Lima de; São Paulo: três cidades em um século; São Paulo: Editora Cosac e Naify, 2004; ISBN 85-7503-356-5 TOLEDO, Roberto Pompeu de; A capital da solidão; São Paulo: Editora Objetiva, 2004; ISBN 85-7302-568-9. TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS – TRC. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.guiadotrc.com.br/lei/decreto_49487.asp>. Acesso em 20 de abr. 2010. TREVISAN Consultores. O Construbusiness e o Desenvolvimento Sustentado, São Paulo. Centro Cultural FIESP, Maio de 1998. Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.cbicdados.com.br/files/textos/027.pdf>. Acesso em 20 de out. 2010. UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Consulta geral a homepage oficial. Disponível em: <http://www.ufrj.br/pr/conteudo_pr.php?sigla=HISTORIA>. Acesso em 15 de jul. 2010. 93 VALENTE, A.; PASSAGLIA, E. Gerenciamenteo de transportes e frotas. 2. ed. São Paulo, Editora Cengace,2010. VIEIRA, ANDRÉ. Especial Perspectiva 2010, 28/12/2009. Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/perspectivas2010/pais+corre+o+risco+de+ter+apaga o+logistico+por+falta+de+caminhoes+diz+klabin/n1237592914156.html>. Acesso em: 26 abr. 2008. 94 ANEXO A 95 ANEXO B 96 ANEXO C 97 ANEXO D 98 ANEXO E 99 ANEXO F 100 ANEXO G 101 ANEXO H 102 ANEXO I 103 ANEXO J 104 ANEXO K 105 ANEXO L 106 ANEXO M 107 ANEXO N 108 ANEXO O 109 ANEXO P