Revista Ceciliana Jun 4(1): 48-51, 2012
ISSN 2175-7224 - © 2011/2012 - Universidade Santa Cecília
Disponível online em http://www.unisanta.br/revistaceciliana
A IMPORTÂNCIA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CUBATÃO:
UMA VISÃO BIBLIOGRÁFICA DOS PRINCIPAIS POLUENTES DO
RIO CUBATÃO- SP
Carmen Rosana Cardoso da Silva, Eliane Marta Quinones Braz,
Patrícia Cunico, Carlos Lopes dos Santos
RESUMO
Situado junto às encostas da Serra do Mar, na Baixada Santista, a cerca de 50 km da região metropolitana de São
Paulo, está o polo industrial de Cubatão, onde se estão as empresas: Refinaria Presidente Bernardes, Santista de
Papel, IAP Fertilizantes, Rhodia etc., produzindo, nas áreas de Siderurgia, refino de petróleo, química e petroquímica,
papel e fertilizantes com destaque para a produção industrial nacional. Tais empresas tiveram sua implantação e
desenvolvimento a partir da década de 40 em função da proximidade do porto, do maior centro consumidor da
America Latina, das vias de transporte compostas de modernas rodovias e ferrovias e abundância de água e energia
elétrica decorrente da Usina Hidroelétrica Henry Borden, ali existente. Nessa região se encontra a bacia hidrográfica do
rio Cubatão. O objetivo deste trabalho é analisar a importância do rio para a cidade, o estado (SP) e o meio ambiente,
ressaltando algumas indústrias poluidoras como: Refinaria Presidente Bernardes, Cia. Santista de papel, Usina
Hidroelétrica Henry Borden e Rhodia, que lançaram e lançam no rio seus resíduos. Algumas medidas de controle já
foram tomadas para reduzir a poluição como: reuso das águas nas indústrias, racionalização e investimentos. Concluise que ainda falta muito para que o rio volte a respirar.
Palavras-chave: Rio Cubatão; exploração industrial.
1. INTRODUÇÃO
A grande importância da Bacia hidrográfica do
rio Cubatão se deve à exploração dos seus recursos
hídricos por muito tempo sem a preocupação de preservá-lo ou recuperá-lo. O aparecimento de Cubatão
foi um fator de ordem geográfica, econômica e fiscal.
Os ranchos à beira d água, o “porto geral”, a Alfândega, o trilho do índio e, mais tarde, o “caminho do mar”
foram as causas que deram motivo à existência desta
cidade (GARAGNANI,1999).
O rio Cubatão e seus afluentes nascem na Serra
do Mar em região de florestas e cortam a zona industrial do município, recebendo toda a descarga de esgotos domésticos e industriais. Recebem, também, as
descargas dos canais um e dois da Usina Hidroelétrica
Henry Borden, com águas procedentes do sistema Alto
Tietê, através do reservatório Billings, que constitui o
corpo receptor de grande parte dos dejetos domésticos
e industriais da grande São Paulo (GARAGNANI,1999).
Também é um importante manancial utilizado
pela Companhia de saneamento Básico do Estado de
São Paulo (SABESP) para o abastecimento público de
cinco municípios da região, fornecendo água tratada
para aproximadamente, um milhão de habitantes
(GARAGNANI,1999).
A decisão de se implantar o maior polo síderopetroquímico da América Latina no Município de Cubatão foi a relativa abundância de água boa qualidade
proveniente das bacias hidrográficas e seus afluentes,
onde alterações de regimes e uso das águas pela atividade industrial trouxeram impactos ambientais para
a população (GARAGNANI,1999).
Atualmente, várias indústrias, dentre elas Refinaria, Usiminas e CBE, exploram seus recursos naturais. Algumas já investiram milhões para tentar reverter esse quadro através do reflorestamento, para melhoria dos impactos ambientais e qualidade do clima e
da água (GARAGNANI,1999).
A ignorância é uma grande adversária da sustentabilidade e pode gerar situações de desarmonia e
conflitos. Entretanto, o conhecimento pode contribuir
para a sustentabilidade e a harmonia social (RIBEIRO,
2010).
A água hoje, em várias regiões do mundo já é
motivo de disputas que, por vezes, degeneram em
violência ou então em apropriação pelo uso da força
(RIBEIRO,2010).
A mudança de consciência e de percepção é um
elemento fundamental para se transformarem atitudes
pessoais e coletivas em relação ao ambiente e à água.
(RIBEIRO, 2010).
A luta por melhores condições de vida aponta
um movimento de conscientização, incluindo ações de
cidadania ambiental, dentro de um pensamento crítico
capaz de elucidar o necessário compromisso com o
futuro, de forma a se garantir a capacidade do planeta
de sustentar a vida (RIBEIRO, 2010).
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2. METODOLOGIA
A área de estudo (figura 1) do rio Cubatão é
um rio brasileiro dentro do estado de São Paulo. Nasce
na localização geográfica, latitude 23º56’11” sul e
longitude 46º57’20” oeste. Sua bacia fica entre a
grande São Paulo e baixada Santista, na vertente
atlântica da Serra do Mar. Deságua em Santos por
canais de tipo déltico dentro do mangue.
A Companhia de Tecnologia de Saneamentos
Ambiental (CETESB) procede, através de cinco estações de coleta, ao monitoramento de alguns parâmetros físico- químicos das águas do rio Cubatão. Os
sedimentos, a água, o ar e a biota da área estuarina
entre as cidades de Cubatão e Santos têm sido considerados contaminados especialmente por metais pesados. As mais de 100 fábricas são as principais responsáveis pela origem dessa poluição (GARAGNANI,1999).
Figura1 - Localização da Bacia do rio Cubatão, entre a grande São Paulo e baixada santista. (NOVO MILÊNIO,2005)
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Este trabalho, baseado em pesquisa bibliográfica, visa apresentar fatos vivenciados em Cubatão –
SP, onde alterações de regimes e usos das águas do
rio trouxeram impactos negativos para a região e,
principalmente, para o rio.
Um dos reflexos da redução dessa carga poluidora foi o reaparecimento dos peixes a partir de 1988,
porém, impróprios para o consumo devido a altos
teores de contaminantes (ARRUDA,2004).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A questão do gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil vem recebendo atenção dos governantes,
dispondo o país de razoável acervo de dados, notáveis
técnicos, em muito decorrente do extenso aproveitamento da energia hidroelétrica, sendo que atualmente
estamos numa nova fase de planejamento e gestão,
compreendendo as tendências internacionais, em parte
pressionados pelos conceitos debatidos por organismos e governos internacionais que culminaram nas
Conferências de Dublin (jan/92) e Rio 92 (ONU), em
parte pelas próprias questões internas que se avolumavam, problemas; conflitos e projeções críticas,
requerendo um ordenamento do assunto (GARAGNANI,1999).
PRINCIPAIS INDÚSTRIAS POLUIDORAS
A Refinaria Presidente Bernardes em Cubatão
continua poluindo o rio com vazamentos de resíduos
de óleo, conforme ocorreu em janeiro de 2011. Foi
multada novamente pela CETESB por falta de manutenção e limpeza do reservatório de decantação de
resíduos oleosos, assustando os moradores da região.
Acidentes ainda maiores vêm ocorrendo com frequência alarmante em outras refinarias da Petrobrás (SINDIPETRO,2011).
A Cia. Santista de Papel, outra empresa poluidora na década de 80, jogava suas águas sujas no rio
Cubatão (NOVO MILÊNIO, 2005). A Rhodia fechou sua
fábrica, mas contaminou o rio no período de 1976 a
1984 (NOVO MILÊNIO, 2005).
Também em 1998 a empresa de fertilizantes
IAP em Cubatão recebeu multa da Sabesp por lançar
detritos no Córrego do Índio, um dos afluentes do rio
Mogi em Cubatão (62 km a sudeste de São Paulo)
(FOLHA,1998).
Movimentos ambientalistas e políticos, empenhados em grande mobilização para reverter à qualidade das águas da represa Billings, comprometidos
pela poluição do rio Tietê, conseguiram introduzir na
Constituição do Estado de São Paulo (promulgada em
5 de outubro de 1989) o seguinte artigo no Ato das
disposições Constitucionais Transitórias:
Art.46 – No prazo de três anos, a contar da
promulgação desta Constituição, ficam os Poderes
Públicos Estaduais e Municipais obrigados a tomarem
medidas eficazes para impedir o bombeamento de
águas servidas de dejetos e de outras substâncias
poluentes para a represa Billings (GARAGNANI,1999).
De acordo com dados publicados pela CETESB,
até julho de 1984 eram despejadas no rio Cubatão 64
toneladas/dia de poluentes, sendo que devido ao programa de controle ambiental, implantado a partir desse ano, verificou-se redução total de 93,8% desses
poluentes assim distribuídos: 93% de redução de DBO,
90% de carga de resíduos sólidos, 97% dos metais
pesados, 80% dos fenóis e 96% dos fluoretos (Cetesb,
2010).
Como resultados de estudos para viabilização
técnica e econômica para redução da dependência de
água do rio Cubatão, medidas em parte já foram adotadas ou estão em vias de implantação.
A partir da adoção de uma política de gestão
ambiental, foram realizados diversos projetos na siderurgia. De 1995 a 2005, foram investidos US$ 130
milhões em processos de tratamento por decantação,
floculação e filtragem, e um intenso trabalho para o
uso racional da água. Atualmente 96% da água doce
utilizada é recirculada – utilizada dentro do processo
produtivo, – medida que reduz a captação de água e o
descarte de efluentes (AGÊNCIA SOCIAL, 2011).
O uso múltiplo e integrado das águas, bem como a minimização dos impactos ambientais decorrentes desse uso, é um objetivo que deve ser constantemente perseguido.
Assim, ainda que não haja uma única solução,
um pouco de cada uma deve ser aplicado como: reúso, racionalização, tratamento de água, regras operacionais flexíveis, requerendo-se para tal que todos os
atores sociais (técnicos, empresários, políticos, industriários) se conscientizem para recuperação do rio.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
São Paulo–Instituto Coca-cola lança programa para a recuperação de
bacias hidrográficas. Disponível em: <http://www. agenciasocial.com.br/
ARRUDA Rosalie. Secretaria do Meio e do Ambiente Recursos Hídricos,Gazeta Mercantil,04 Mar.2004 Disponível em:
<http://www.semarh.rn.gov.br/detalhe.aspIdPublicacao=2082>.Ace
sso em: 10.set.2011.
GARAGNANI, Celso. Uso da água na Indústria uma experiência com
um novo sistema de gestão, Junho 1999. Disponível em:
<http://www.inbonews.org/relob/relobcubatao>,Acesso em: 8 ago.
2011.
RIBEIRO, Andres, Mauricio.O Poder das Àguas,
<http://www.redepaz.org/iguacu/opoder dasaguas.doc>. Acesso
em: 10 ago. 2011.
<http://www.sindipetrolp.tempestsitews>. Site postado em 8 jan.
2011. Acesso em: 12 set. 2011.
<www.novomilenio.inf.br/cubatao/cubgeo04>. Acesso em: 30 set.
2011.
<http://www.novomilenio.inf.br/cubatao/ch100.htm>. 5º boletim
informativo: Prefeitura M. de Cubatão. 09 fev. 2005.
<http://www.cetesb.sp.gov.br>
<http://www1.folha.uol.com.br/fol/geral>.
Folha on Line, 26 fev. 1998
Acesso em out.2011.
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E-mail: [email protected]
Autores
Carmen Rosana Cardoso da Silva - Bacharel em
Turismo pela Unimonte (Santos- SP) e aluna do MBA
de Controle e Gestão Ambiental da Unisanta de Santos/SP.
E-mail: [email protected]
Eliane Marta Quinones Braz - Mestre e Doutora
em Engenharia Agrícola pela UNICAMP, graduada em
Engenharia Agrônoma pela UNESP de Jaboticabal/SP, é
coordenadora de cursos de graduação na área de
Engenharia da UNIMES e professora de cursos de PósGraduação na UNISANTA e na UNISANTOS.
Patrícia Cunico
- Mestre e Doutoranda em
Química Ambiental pela USP, graduada em Ciências
Biológicas pela UNISANTA, é professora nos cursos de
Pós- Graduação na área de Meio Ambiente na UNISANTA.
E-mail: [email protected]
Carlos Lopes dos Santos - Mestre e Doutor em
Saúde Pública pela USP, graduado em Engenharia
Industrial, Química e produção pela Faculdade de
Engenharia Industrial, especializado em Engenharia de
Segurança do Trabalho pela Unisanta é coordenador e
professor de cursos de Pós-Graduação na Unisanta.
E-mail: [email protected]
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