Revista da Câmara de Comércio Americana para o Brasil Desde 1921 nº275 mai/jun 2012 Copa do Mundo e Olimpíada: motores para um novo Rio de Janeiro Os eventos esportivos como catalisadores e aceleradores de inovação, melhorias de infraestrutura e transformações sociais também devem fazer do Rio um porto seguro para negócios Brasil Urgente As mudanças e consequências da nova lei do Cade Entrevista O novo vice-presidente da Alog, Eduardo Carvalho, fala sobre o crescimento da empresa Perfil Ibeu, tradição e excelência no ensino do inglês 13 de Agosto Houston, Texas BRAZIL ENERGY POWER AND Participe de um dos maiores eventos brasileiros de energia realizado no exterior. Compartilhe os conhecimentos e experiências de autoridades e renomados especialistas TEMAS DA CONFERÊNCIA: do setor. > DIÁLOGOS ESTRATÉGICOS DE ENERGIA > O MARCO REGULATÓRIO DO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS NO BRASIL > EFICIÊNCIA ENERGÉTICA > O PAPEL DAS DIFERENTES FONTES ALTERNATIVAS NA MATRIZ ENERGÉTICA Organized by: Informações: 55 21 3213-9229 [email protected] Contato para Patrocínio: 55 21 3213-9226 [email protected] 64_Edição 275_mai/jun 2012 Edição 274_Brazilian Business_65 editorial Editora-chefe e jornalista responsável Andréa Blum (MTB 031188RJ) [email protected] Colaboraram nesta edição: Fábio Matxado (edição de arte), Luciana Areas, Pedro Kirilos e Reinaldo Hingel (fotos), Luciana Maria Sanches (revisão), Cláudio Rodrigues, Giselle Saporito e Guilherme Zabael (textos) Canal do leitor [email protected] Os artigos assinados são de total responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores e a da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro Comercial e marketing Gerente Ricardo Santos [email protected] Publicidade Liliane Dippolito [email protected] A tiragem desta edição, de 8 mil exemplares, é comprovada por Ernst & Young Terco Impressão: Walprint Uma publicação da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro sxc E m julho e agosto próximos, Londres será a sede de mais uma edição dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, e a cidade estará se beneficiando permanentemente de um volume expressivo de investimentos que, entre várias intervenções, permitiu a recuperação e revitalização de áreas degradadas e que passam, a partir de agora, a realmente se reintegrar à cidade. Aproveitando esse momento, esta edição da Brazilian Business apresenta um caderno especial com um conjunto de artigos que abordam o que vem sendo feito no Rio de Janeiro e por quais transformações a cidade deve passar, especialmente após 2016, ou seja, o que se entende por um verdadeiro legado. Esses artigos trazem a visão e os depoimentos tanto de autoridades do setor público quanto de representantes da iniciativa privada que, de alguma forma, estão participando dessa grande mobilização. Chamamos a atenção especialmente para o artigo da ex-prefeita de Atlanta, Shirley Franklin, que aborda, com muita propriedade, os efeitos positivos que a realização dos Jogos Olímpicos naquela cidade, em 1996, deixaram como legado. Muito embora Atlanta seja uma cidade tipicamente americana, na qual o automóvel ainda tem papel relevante na locomoção dos habitantes, os investimentos em mobilidade urbana foram responsáveis por uma transformação radical no transporte da população, com a instalação de um moderníssimo sistema de metrô integrado à rede ferroviária em uma das regiões que se cristalizou como um dos maiores entroncamentos rodoferroviários dos Estados Unidos. Atlanta, pouco lembrada como uma das experiências positivas como cidade-sede dos Jogos Olímpicos, é, sem dúvida, um dos casos de maior sucesso, tendo apresentando resultado lucrativo, além de atrair mão de obra especializada e ver o seu aeroporto se tornar o mais movimentado do mundo em tráfego de passageiros. Buscando objetivos semelhantes, observa-se no artigo do prefeito Eduardo Paes a mesma preocupação com a realização de investimentos estruturantes que possam se perenizar após os grandes eventos programados para o Rio de Janeiro. Eventuais inconvenientes temporários são inevitáveis, especialmente no que se refere à mobilidade, uma vez que as intervenções mais visíveis são aquelas que necessariamente acabam por afetar o trânsito, como é o caso do que hoje ocorre na Zona Portuária. Entretanto, o desejo e a esperança de todos os cariocas é que, quando concluídos, tais investimentos sejam capazes de melhorar substancialmente a qualidade de vida de todos aqueles que aqui vivem e dos que nos visitam. É, portanto, esse legado que todos nós queremos ver concretizado. Conselho editorial Helio Blak Henrique Rzezinski João César Lima Omar Carneiro da Cunha Rafael Sampaio da Motta Roberto Castello Branco Robson Barreto Pedro Kirilos A transformação do Rio de Janeiro: o que podemos esperar como legado dos eventos esportivos artigos relacionados 36 Eduardo Paes_prefeito do Rio de Janeiro 38 Dolores Piñeiro_diretora de vendas do Sheraton Rio Hotel & Resort e vicechairperson do Comitê de Entretenimento, Cultura e Turismo da Amcham Rio 40 André Coutinho_sócio-líder de IARCS – Internal Audit Risk & Compliance Services da KPMG no Brasil 42 Michel Davidovich_diretor-geral da CocaCola para a Copa do Mundo da Fifa 44 Shirley Franklin_ex-prefeita de Atlanta Praça Pio X, 15, 5º andar 20040-020 Rio de Janeiro RJ Tel.: (21) 3213-9200 Fax: (21) 3213-9201 [email protected] www.amchamrio.com Leia a revista também pelo site amchamrio.com Henrique Rzezinski, presidente da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro Caso não esteja recebendo o seu exemplar ou queira atualizar seus dados, entre em contato com Terezinha Marques: (21) 3213-9220 ou [email protected] 46 Pedro Almeida_vice-presidente de vendas da IBM Brasil 48 Márcio Fortes_presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO) 50 Marcos Nicolas_diretor-executivo da Ernst & Young Terco 52 Benedicto Barbosa da Silva Junior_ presidente da Odebrecht Infraestrutura 04 14 20 22 24 26 28 30 32 54 56 Em Foco Notícias sobre as empresas associadas e os principais acontecimentos da Amcham Rio Entrevista O novo vice-presidente da Alog, Eduardo Carvalho, e os desafios com a entrada da Equinix, uma das maiores empresas de data center do mundo Perfil O Ibeu comemora 75 anos de ensino da língua inglesa Ponto de Vista Fabiane Turisco, sócia da Martinelli Advocacia Empresarial, explica como a Felicidade Interna Bruta pode ser um novo indicador a ser considerado pelas empresas Brasil Urgente A nova lei do Cade, por Patrícia Sampaio, professora da FGV Direito Rio e advogada de Chediak Advogados Ponto de Vista “As recentes medidas protecionistas podem prejudicar o futuro do País”, defende Marcilio Rodrigues Machado no artigo “O paradoxo do protecionismo” Radar Programa Jogue Limpo: o primeiro Acordo Setorial a ser assinado dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos Ponto de Vista Os impactos da boa administração do patrimônio na visão de Raul Hey, sócio de Dannemann Siemsen Gestão e Avaliação de Ativos Intelectuais Especial – O legado dos megaeventos esportivos para as cidades Ponto de Vista Eduardo Machado, sócio do escritório Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello, evidencia a importância das decisões relativas ao marketing de emboscada Amcham News Os eventos realizados pela Amcham Rio em abril e maio em foco Cidade do México sedia Mid-Year Meeting da Aaccla E ntre os dias 14 e 16 de maio, a Associação das Câmaras Latino-Americanas de Comércio (Association of American Chambers of Commerce in Latin America – Aaccla) se reuniu, na Cidade do México, para o 16º Mid-Year Meeting. Entre os variados temas ali tratados, destacou-se a questão do crescimento da importância da América Latina, em especial de países como Brasil, México, Chile, Colômbia e Peru, que têm apresentado desempenhos econômicos saudáveis mesmo diante da crise internacional. As questões do protecionismo intrarregional e da pressão que o grupo dos países desenvolvidos faz nessa direção também foram amplamente discutidas. Nos seus pronunciamentos, tanto o presidente do México, O Brazil Energy & Power, evento realizado anualmente pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro em Houston, no Texas (Estados Unidos), chega à décima edição, este ano em parceria com a Brazil–Texas Chamber of Commerce e o Brazil-U.S. Business Council. Entre os temas das palestras estarão, além da indústria de óleo e gás, as fontes renováveis de energia, o Diálogo Estratégico de Energia, o marco regulatório do setor de petróleo e gás e a eficiência energética. Informações sobre como participar do evento com Ana Macieira (21-3213-9229/ [email protected]) e cota de patrocínios com Ricardo Santos (21-3213-9226/[email protected]). Estão abertas as inscrições para a 8ª edição do Prêmio Brasil Ambiental, que tem como objetivo reconhecer as melhores práticas ambientais desenvolvidas por empresas com atuação no País. A grande novidade este ano é que as inscrições agora são feitas totalmente on-line, pelo hotsite premiobrasilambiental.com. O prêmio é uma iniciativa do Comitê de Meio Ambiente da Amcham Rio, que a cada edição coloca em evidência um assunto da pauta sustentável, este ano a causa da Gestão de Resíduos Sólidos. Mas os projetos inscritos podem abordar qualquer tema relativo às categorias Responsabilidade Socioambiental, Preservação e Manejo de Ecossistemas, Inovação Ambiental, Uso Racional de Recursos Hídricos, Inventário de Emissões e Gestão de Resíduos Sólidos. Poderão concorrer ao Prêmio Brasil Ambiental somente empresas que tenham projetos ambientais já concluídos ou em fase final de implantação, mesmo em parceria com outras companhias, instituições de pesquisa ou ONGs. As inscrições podem ser feitas até o dia 6 de julho. Empresas associadas estão isentas de taxa de inscrição. Para as não associadas, o valor é de R$ 500. A cerimônia de premiação do 8º Prêmio Brasil Ambiental acontecerá em 9 de agosto, no Rio de Janeiro, quando serão anunciados os vencedores. 4_Edição 275_mai/jun 2012 Felipe Calderón, quanto o ex-presidente do Peru, Alan García, manifestaram-se otimistas com o futuro da América Latina, ainda que considerando o retrocesso no caminho democrático que se verifica presentemente em alguns países. Outra questão bastante discutida levou em conta o crescimento do comércio dos países da Zona do Pacífico com a Ásia, especialmente a China, e seus reflexos no comércio com os Estados Unidos. Ressalte-se ainda a visão otimista da Colômbia e do Panamá, que recentemente assinaram Acordos de Livre Comércio com os EUA (FTAs – Free Trade Agreements) e que, com base nos resultados já atingidos por outros signatários, tais como Chile e Peru, estimam crescimento substancial nas suas relações comerciais com o país. [email protected] Áreas de Prática | Practice Areas agenda 2012 Amcham Rio Administrativo JUNHO 25/6 Seminário Acidentes com Vazamento de Óleo – Aspectos Técnicos e Legais 26/6 – 1º Young Professionals 28/6 – Parcerias, investimentos e casos de sucesso na área de educação 29/6 – Tax Friday: Projetos do Fisco para a Mudança no Sistema Tributário 8º Prêmio Brasil Ambiental Inscrições de projetos até 6 de julho Antitrust and Competition Aeronáutico Arbitration and Mediation Ambiental Arbitragem e Mediação Bancário e Financeiro Comércio Exterior Capital Markets Compliance Consumer Law Contracts Corporate Corporate Immigration Energia Elétrica Credit Recovery & Corporate Reorganization Entretenimento Energy Financiamento de Projetos Entertainment Fusões e Aquisições Environmental Imigração Empresarial Imobiliário Infraestrutura Mercado de Capitais Mineração Naval Petróleo e Gás Private Equity Propriedade Intelectual Recuperação de Créditos e de Empresas Seguro e Resseguro Societário Tecnologia da Informação Telecomunicações Trabalhista e Previdenciário Tributário SÃO PAULO Av. das Nações Unidas, 12.995 / 18º andar Brooklin – 04578-000 – SP Tel.: (55 11) 5505-4001 Fax: (55 11) 5505-3990 Banking and Finance Contencioso Governança RIO DE JANEIRO Av. Presidente Wilson, 231 / 23º andar Castelo – 20030-021 – RJ Tel.: (55 21) 3824-4747 Fax: (55 21) 2262-4247 Aviation Consumidor Contratos AGOSTO 9/8 – Cerimônia 8º Prêmio Brasil Ambiental 13/8 – Brazil Energy & Power 10 Administrative Aduaneiro Antitruste e Concorrência JULHO 6/7 – Round Table Lei de Direito Autoral 30/7 – Seminário Portos do Rio: Desafios e Perspectivas 31/7 – Almoço de relacionamento | Comitê de RH Café da manhã de novos sócios da Amcham Rio SETEMBRO Rio Oil & Gas Expo Espaços disponíveis no stand coletivo ATTORNEYS-AT-LAW www.veirano.com.br PORTO ALEGRE Rua Dona Laura, 320 / 13º andar Rio Branco – 90430-090 – RS Tel.: (55 51) 2121-7500 Fax: (55 51) 2121-7600 Export / Import and Customs Information Technology Infrastructure Insurance & Reinsurance Intellectual Property International Trade Labor and Social Security Litigation Mergers & Acquisitions Mining Oil & Gas Private Equity Project Finance Real Estate Shipping Tax Telecommunications VEIRANO & PIQUET CARNEIRO ADVOGADOS BRASÍLIA SCN Qd. 2 – Ed. Corp. Financial Center – Bloco A 10º andar conj 1001 – 70712-900 – DF Tel.: (55 61) 2106-6600 Business_5 Fax:Edição (55 61) 274_Brazilian 2106-6699 em foco Preocupações do Comitê de Meio Ambiente estimulam o engajamento dos demais grupos da Amcham Rio Sustentabilidade, economia verde e resíduo eletroeletrônico são alguns dos temas que mobilizam os trabalhos U m dos comitês setoriais mais atuantes da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro é o de Meio Ambiente. O comitê é liderado este ano pela sócia do escritório Veirano Advogados, a chairperson Kárim Ozon, que mostra como a estratégia de trabalho do grupo está relacionada aos planos determinantes de negócios e a forma como a área de meio ambiente tem implicações diretas nos resultados e nas definições relevantes para as empresas, o governo e a sociedade. Acompanhe a entrevista concedida à Brazilian Business e veja como a sua empresa também pode participar. Brazilian Business: Qual o papel e a importância do Comitê de Meio Ambiente no cenário atual? Kárim Ozon: O impacto de ações ambientais e de sustentabilidade no valor de mercado das ações das empresas é indiscutível. Temas como sustentabilidade, economia verde e meio ambiente estão como nunca na ordem do dia. Nesse sentido, o comitê é um fórum importante, pois permite a troca de experiências entre os associados e a orientação de políticas e veículo de diálogo com autoridades. A cada encontro mensal do comitê, há a apresentação de um case para fomentar o aprendizado para as demais empresas aqui presentes. Não estamos restritos a nenhuma indústria. Todas são muito bem-vindas. BB: Existe algum projeto para trabalhar de forma integrada com os demais comitês da Amcham Rio e com as empresas associadas? KO: Nosso comitê tem sinergia com muitos outros da Amcham Rio, pois os temas aqui tratados são transversais às empresas e aos setores e áreas de atuação. Teremos um evento conjunto, por exemplo, com o Comitê de Assuntos Jurídicos. Além disso, estamos trabalhando há quase um ano em parceria com o Comitê de Tecnologia da Informação e Comunicação na Força-Tarefa do Lixo Eletrônico. Este projeto ficou entre os finalistas, em 2011, do Most Creative Amcham Awards, prêmio promovido pela Association of American Chambers of Commerce in Latin America (Aaccla). Por fim, o grupo está organizando uma missão internacional para visitar instituições e empresas nos Estados Unidos, para intercâmbio de práticas ambientalmente responsáveis. BB: Quais as expectativas de eventos do comitê para este ano? KO: No dia 25 de junho faremos, em parceria com o Comitê de Assuntos Jurídicos, o evento Acidentes com Vazamento de Óleo – Aspectos Técnicos e Legais, que terá um painel técnico e outro legal. O painel técnico discutirá o futuro Plano Nacional de Contingência, e o legal, a responsabilidade das empresas e de seus dirigentes. Já temos presença confirmada do coordenador-geral de petróleo e gás do Ibama, Cristiano Vilardo Nunes Guimarães. O assunto está na pauta do dia de empresas e autoridades, mas pouco é debatido em fóruns neutros como o nosso. 6_Edição 275_mai/jun 2012 BB: Outro marco do trabalho do comitê é a realização do Prêmio Brasil Ambiental. Quais as novidades da edição deste ano, a oitava? KO: As inscrições para o 8º Prêmio Brasil Ambiental já estão abertas e vão até o dia 6 de julho. A grande novidade este ano é que as inscrições agora são feitas totalmente on-line, pelo hotsite premiobrasilambiental.com. Desta forma, reduziremos drasticamente a geração de papel. Além disso, temos a nova categoria Gestão de Resíduos Sólidos, além das já consagradas Responsabilidade Socioambiental, Inovação Ambiental, Inventário de Emissões, Preservação e Manejo de Ecossistemas e Uso Racional de Recursos Hídricos. Os vencedores serão conhecidos no evento de premiação, em 9 de agosto. Outro projeto em gestação é promover dois encontros com as empresas vencedoras do prêmio, um com o público empresarial e outro com estudantes da PUC-Rio. Com isso, pretendemos conectar a realidade das empresas e os projetos que são desenvolvidos pelas universidades, trazendo eficiência para os dois lados na busca de soluções. A chairperson do comitê de Meio Ambiente da Amcham Rio, Kárim Ozon BB: Quais as perspectivas da força-tarefa promovida pela Amcham Rio em prol dos resíduos sólidos? Como as empresas podem participar? KO: A destinação de resíduos sólidos é crucial para o desenvolvimento sustentável mundial e, como não poderia deixar de ser, o comitê tem se engajado nessa questão. A nossa Força-Tarefa do Lixo Eletrônico tem a perspectiva de, neste ano, evoluir na elaboração de um modelo viável de desmanufatura e reciclagem do resíduo eletroeletrônico, tendo um olhar diferenciado para a cultura do reúso como mecanismo de inclusão digital e qualificação de mão de obra. Objetivamos ser propositivos e atuantes na elaboração dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos do município e do Estado, oferecendo os inputs da iniciativa privada e a visão de mercado como forma de tornar as diretrizes factíveis e as metas as mais críveis possíveis. As empresas são muito bem-vindas a se juntar ao grupo de trabalho, colaborando fortemente com ideias, benchmarking e experiências em prol desses objetivos. Edição 275_Brazilian Business_7 CNI/Divulgação em foco Presidente da Amcham Rio participa de encontro com Dilma Rousseff e empresários nos Estados Unidos Por Andréa Blum, do Rio de Janeiro N a visita aos Estados Unidos, realizada entre os dias 9 e 11 de abril, a presidente Dilma Rousseff reservou a noite de sua chegada àquele país para se reunir com empresários e organizações brasileiras no intuito de ouvi-los sobre as expectativas de negócios e fomentar uma maior parceria e entrosamento entre empresas brasileiras e americanas. Entre os presentes no encontro, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Brazil-U.S. Business Council, no hotel Four Seasons de Washington, estava o presidente da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio), Henrique Rzezinski, que falou à Brazilian Business sobre os principais pontos discutidos e revelou sua impressão sobre a visita. 8_Edição 275_mai/jun 2012 Presidente Dilma e comitiva se reúnem nos EUA com empresários brasileiros Brazilian Business: Qual o balanço que o senhor faz dessa visita de Dilma aos Estados Unidos? Henrique Rzezinski: A visita da presiden- te Dilma aos EUA teve grande sucesso, à medida que serviu para colocar na mesa alguns aspectos da relação Brasil–EUA de uma maneira bastante pragmática, já que a presidente foi preparada para discutir temas delicados, mas também atrativos para o futuro dessa relação. BB: Qual a importância desse encontro entre Dilma e lideranças brasileiras? HR: Achei interessante a maneira como ela se relacionou com o setor privado nessa visita, já que, logo na noite de sua chegada, reuniu-se com um pequeno grupo de empresários brasileiros e organizações engajadas com a relação Brasil-EUA. O setor privado destacou a importância de o Brasil ter mais participação nos órgãos de governança global, demonstrando que o País está definitivamente se inserindo nessa agenda global. Além disso, deixou claro que esses assuntos bilaterais têm uma dimensão multilateral de suma importância, já que a relação entre Brasil e EUA, como protagonistas desse processo, pode fixar posições de interesses mútuos na agenda global. BB: Como foi a receptividade de Dilma aos pontos levantados pelos empresários? HR: Ela quis escutá-los sobre temas importantes, como os avanços das negociações de um acordo comercial com os EUA e, principalmente, sobre um acordo de bitributação. Também foi debatida uma maneira de avançar com o Diálogo Estratégico de Energia, um mecanismo importante na relação entre os dois países que a presidente pretende aprofundar, no campo dos renováveis e não renováveis, já que Brasil e Estados Unidos produzem juntos cerca de 80% do etanol do mundo. Os aspectos estratégicos como as oportunidades de cooperação no pré-sal e como este pode servir de base de negociação entre os dois países também foram discutidos. Ainda em termos comerciais, tratou-se da área de aviação, que teve avanços importantes, apesar de alguns retrocessos. BB: Qual a potencialidade dessa relação entre os dois países? HR: Acredito que, apesar de ser uma relação bilateral, é uma re- lação determinante para o papel que o Brasil quer assumir na governança global neste século 21. São dois países que têm potencial de estabelecer uma relação estratégica global muito importante, pois há questões complementares e convergentes, como as relações comerciais com a China, e temas comuns entre os dois países de “ganha-ganha”, muito mais atrativos do que em outras relações. Há que se ter uma questão fundamental de soberania histórica que, neste momento, permite ao Brasil uma posição negociadora muito mais vantajosa e protagônica. “Apesar de ser uma relação bilateral, é uma relação determinante para o papel que o Brasil quer assumir na governança global neste século 21” BB: Como os Estados Unidos percebem este momento do Brasil? HR: Os Estados Unidos notam o Brasil de uma maneira diferente que no passado, pois o País oferece hoje uma série de vantagens competitivas, pelo menos se comparado a outros Brics, que possibilitam visualizar uma perspectiva de uma relação estratégica muito interessante entre os dois países. Claro que há obstáculos a ser transpostos, mas que podem ser colocados em discussão, como, por exemplo, a área de aviação civil, que oferece oportunidades de interesse mútuo, como a indústria de tecnologia, mas ainda é preciso superar percepções e posições enraizadas nos dois lados. De qualquer forma, sou muito otimista em relação a isso e acredito que a visita da presidente Dilma tenha sido bastante proveitosa nesse sentido. Edição 275_Brazilian Business_9 CNI/Divulgação em foco Rzezinski durante coquetel com a presidente Dilma BB: Qual o papel da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro nesse processo? HR: O papel da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro é muito importante por ela ter uma história de formadora de opinião. A Câmara não está apenas empenhada em defender os aspectos comerciais, que são fundamentais e seguem recebendo destaque, mas sobretudo a relação com os Estados Unidos de uma forma político-estratégica. Dentro desta ótica, acredito que temos um papel importante em traduzir a visão do setor privado sobre qual deva ser essa relação nas próximas décadas. Cabe a nós o papel de formador de opinião para discutir esses temas com o governo brasileiro e as empresas, no sentido de defender os interesses do País e perceber o que dessa relação pode ajudar a acelerar e aprimorar o desenvolvimento do Brasil. BB: E, naturalmente, as empresas associadas à Câmara serão beneficiadas por esse esforço? HR: Sem dúvida. Quando se trata de relações estratégicas, o reba- timento comercial é imediato. Quanto mais aprofundadas forem essas relações, maiores serão as oportunidades comerciais e de intercâmbios cultural, científico e tecnológico. Quanto mais aprofundada e soberana for essa relação, melhores serão as perspectivas para o País e as empresas aqui instaladas. 10_Edição 275_mai/jun 2012 BB: As áreas de educação e ciência e tecnologia foram prioridades do segundo dia da visita da presidente aos Estados Unidos, que promoveu a reunião de Dilma com duas das melhores universidades do mundo, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade de Harvard, em Cambridge, para negociar o recém-lançado Ciência Sem Fronteiras. O programa vai oferecer bolsas de estudos e formar 100 mil estudantes brasileiros no exterior em áreas tecnológicas até 2014. Como vocês percebem e pretendem estar envolvidos nesse programa, já que o objetivo é buscar financiamento também entre o empresariado e boa parte dessas bolsas de graduação e pós-graduação deve ser nos EUA? HR: Certamente estaremos envolvidos, uma vez que uma das maiores áreas de atuação será com as universidades americanas e o empresariado local. Queremos contribuir com essa iniciativa, que tem o mérito de abrir as portas das universidades do mundo todo para os estudantes brasileiros, gerando massa crítica fundamental para o Brasil se desenvolver, principalmente com cientistas, que vão trabalhar na aplicação desse aprendizado dentro das indústrias, o que pode ser capaz de colocar o Brasil na fronteira do conhecimento. ÁREAS DE ATUAÇÃO PRACTICE AREAS Direito Administrativo, Regulação e Infraestrutura Administrative Law Direito Societário Corporate Law Mercado Financeiro e de Capitais Financial and Capital Markets Direito da Concorrência Competition Law Direito da Energia Energy Law Direito Tributário Tax Law Contencioso Judicial e Administrativo Judicial and Administrative Litigation Arbitragem Arbitration Contratos Contracts Direito Imobiliário Real-Estate Law Direito do Trabalho Labor Law Direito Previdenciário Pension Law Direito Ambiental Environmental Law Direito Eleitoral Election Law Propriedade Intelectual Intellectual Property Direito Internacional International Law Rua Dias Ferreira 190, 7º andar Rua Sete de Setembro 99, 18º andar Av. Juscelino Kubitschek 1726, 18º andar Leblon – Rio de Janeiro – RJ Centro – Rio de Janeiro – RJ Itaim Bibi – São Paulo – SP 22431-050 – Brasil 20050-005 – Brasil 04543-000 – Brasil T 55 21 3543.6100 F 55 21 2507.0640 T 55 21 3543.6100 F 55 21 2507.0640 T 55 11 4097.2001 clcmra.com.br Edição 275_Brazilian Business_11 em foco Reconhecimento de líderes Eduardo Shinyashiki, especialista em desenvolvimento das competências de liderança e preparação de equipes Doing Business with Carolinas A Amcham Rio recebeu em sua sede, no dia 14 de maio, uma delegação dos Estados da Carolina do Norte e do Sul para o evento Doing Business with Carolinas, que teve como objetivo promover com o empresariado local a região metropolitana de Charlotte, que é o coração dos negócios dos dois Estados. KPMG de olho nos frutos dos megaeventos esportivos Atenta aos negócios que serão gerados com a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, e da Olimpíada do Rio, em 2016, a KPMG no Brasil criou um grupo para assessorar empresas que investirão em oportunidades produzidas por esses megaeventos esportivos. De acordo com estudo divulgado pelo Ministério do Esporte, somente a realização da Copa do Mundo no Brasil tem potencial de gerar impactos econômicos no montante de R$ 183,2 bilhões. Uma equipe multidisciplinar e especializada por segmento de negócios da KPMG atua auxiliando os agentes envolvidos na preparação para os eventos, visando atender exclusivamente às oportunidades e demandas públicas e privadas que serão criadas. O grupo presta assessoria nas áreas estratégica e financeira, captação de recursos e impostos, auditoria e governança, riscos e negócios para os segmentos de infraestrutura, construção, produtos e serviços e sustentabilidade. 12_Edição 275_mai/jun 2012 divulgação Pesquisa realizada pela Robert Half, especializada em recrutamento, com cerca de 300 profissionais de empresas de médio e grande porte em todo o Brasil, indicou que 64,2% dos entrevistados demostraram que suas empresas não têm programas sistemáticos para identificar líderes. Os dados também mostraram que 90% das organizações no País contam com profissionais com esse perfil. O cenário aponta a importância da criação de programas para reconhecer talentos, conforme avaliação de Eduardo Shinyashiki, especialista em desenvolvimento das competências de liderança e preparação de equipes. “As organizações necessitam, na complexidade do contexto atual, de sistemas que preparem líderes para atuar de forma contagiante, carismática e consciente de sua força e responsabilidade. Com isso temos condições de escolher hoje os caminhos que construirão as organizações do futuro”, sugere. Marko Sistemas Metálicos De olho no bom momento do mercado da construção civil, a Marko Sistemas Metálicos decidiu apostar no crescimento da sua capacidade produtiva e aumentar a variedade de componentes metálicos para estruturas de diversos setores, como logística e indústria. A expansão começou em 2012 com o início das operações da sua nova fábrica, no Polo Industrial de Itaguaí, na Zona Oeste do Rio, na qual foram investidos R$ 15 milhões. O objetivo para os próximos anos é aumentar a produção de 1,5 mil toneladas para 6 mil toneladas por mês. A expectativa da empresa é que o faturamento aumente em 30% com a fabricação de novos produtos. Há vagas A Michael Page inaugurou, em maio, uma nova unidade em Macaé (RJ), principal polo petrolífero do País. O grande desafio é encontrar profissionais técnicos para preencher as posições. Alguns dos cargos mais demandados para offshore são drillers, assistant drillers e oficiais de náutica e máquinas. Para as posições onshore, entre os cargos mais demandados estão gerentes de base, de operações e profissionais voltados para planejamento e manutenção. Para alguns cargos, os salários ultrapassam os R$ 40 mil mensais. Algar Telecom O presidente da Algar Telecom, Divino Sebastião de Souza, foi eleito para assumir a direção do Conselho Consultivo da TelComp para o biênio 2012-2014. Compromisso de longo prazo com o desenvolvimento do país. www.bg-group.com/brasil Edição 274_Brazilian Business_13 entrevista Eduardo Carvalho Vice-presidente da Alog O grande salto da Alog E Por Guilherme Zabael Fotos Pedro Kirilos Uma das principais operadoras de data center do Brasil, a Alog aumentou seu faturamento anual de R$ 9 milhões para R$ 130 milhões em menos de seis anos. Com a recente compra da empresa pela Equinix – líder mundial no setor – a Alog quer se transformar no seu braço para toda a América do Sul Eduardo Carvalho, o novo vice-presidente da companhia 14_Edição 275_mai/jun 2012 duardo Carvalho está otimista. O novo vice-presidente da Alog, uma das principais empresas de data center do País, com sede no Rio de Janeiro, acredita que a Alog continuará crescendo fortemente, entre 25% e 30% ao ano. E o otimismo desse paulista de 42 anos, nascido em Mogi Mirim, não é para menos. Se na fundação da empresa, em 2005, o faturamento anual foi de R$ 9 milhões, agora já ronda os R$ 130 milhões. “E o momento de crise não nos assusta. No passado, chegamos a crescer mais em momentos de turbulência”, diz. Um dos fundadores da Alog, ao lado de Sidney Breyer, Carvalho deixou a direção comercial da empresa para assumir, em março deste ano, a vice-presidência. O novo cargo vem acrescido de uma enorme responsabilidade: ajudar a companhia a se tornar a principal fornecedora no Brasil de carrier neutral colocation, serviço de hospedagem compartilhada para servidores de empresas e organizações. Isso porque há um ano, 90% da Alog foram comprados pela norte-americana Equinix – líder mundial de data centers, com 100 estações em 38 mercados mundiais e faturamento anual de US$ 1,6 bilhão –, em parceria com o fundo de investimento Riverwood Capital, entidade americana focada em tecnologia. “Agora temos mais fôlego para grandes projetos”, afirma Carvalho, que está auxiliando a empresa a montar o quarto data center no Brasil, o segundo no Rio, cidade que ele acredita viver um bom momento e que deve crescer também com os eventos esportivos, além da exploração de petróleo e gás natural. Mas ele não se contenta apenas com isso e vai trabalhar para preparar a Alog para ser o braço da Equinix para toda a América do Sul. Para ele, o momento da região e do Brasil não podia ser mais apropriado. Edição 275 Brazilian Business_15 entrevista eduardo carvalho Brazilian Business: Qual o diferencial da Alog para crescer nesse ritmo? Eduardo Carvalho: Somos agressivos, te- mos a intenção de expandir nos próximos anos, principalmente, a nossa oferta de colocation, o que vai ao encontro do DNA do nosso principal acionista, a Equinix. Temos uma conexão muito forte com os seus clientes internacionais, que têm uma necessidade latente de vir para o Brasil. Foi essa a estratégia da empresa na aquisição da Alog, de ter um local no Brasil para conseguir expandir a atuação com seus principais clientes, principalmente do mercado financeiro. BB: O que mudou com a entrada do sócio estrangeiro? EC: Tínhamos uma atuação muito restrita, nós não alavancávamos a grande empresa, não entrávamos em grandes projetos e tínhamos algumas restrições em relação a espaços e também em relação a investimentos. Com a entrada da Equinix e da Riverwood Capital, muita coisa mudou. Tivemos o ingresso de dois novos acionistas importantes: a Equinix, que é a maior operadora de data center no mundo, com 100 data centers espalhados em diversos locais do planeta; e a Riverwood Capital, um fundo de investimento do Vale do Silício, que investe basicamente em empresas do setor de tecnologia. A principal mudança é que agora temos uma possibilidade de oferta muito mais agressiva em relação a projetos que exijam investimentos de capital intensivo, como é o caso do colocation. Para se ter uma ideia, estamos prospectando, quase em vias de se iniciar a obra, um novo data center no Rio. Já temos um data center novo em Tamboré, em São Paulo. Além disso, temos uma expectativa de atender demandas crescentes, principalmente com a chegada de empresas e negócios que virão atraídos com a realização dos Jogos Olímpicos aqui no Rio de Janeiro e com a expansão dos negócios por conta do crescimento do mercado de óleo e gás. 16_Edição 275_mai/jun 2012 BB: Como esse produto da Equinix pode interessar as empresas locais? EC: A Equinix conecta os negócios de parceiros e clientes, entre companhias, instituições financeiras e empresas de serviços de cloud e de conteúdo digital ao redor do mundo por meio de uma plataforma global de data centers de alto desempenho. Mais de 4 mil clientes se conectam a cerca de 700 prestadores de serviços de rede e contam com a plataforma Equinix para expandir seus negócios, melhorar o desempenho de seus aplicativos e proteger seus ativos digitais. A Equinix atua em 38 mercados estratégicos nas Américas, na Emea (Europa, Oriente Médio e África) e Ásia-Pacífico e investe continuamente na expansão de sua plataforma. BB: A Alog agora conta com um sócio que tem uma posição global relevante. Vocês sentem que realmente é efetivo este momento mais auspicioso do Brasil? As empresas esperam isso? EC: Isso é uma verdade inegável. Se for- mos falar dos Brics, hoje, o Brasil é a bola da vez. A Índia, por exemplo, tem 50 dialetos, tem um problema social muito elevado. A Rússia e a China têm problemas estruturais difíceis de serem resolvidos. O Brasil é a bola da vez, e percebemos que esta é também a percepção dos sócios e dos clientes. O Brasil hoje tem uma capacidade única de atrair capital. Temos atualmente uma oferta generosa de estrutura e de mão de obra, e nosso mercado cresce de forma regular e com uma constância muito grande. BB: Quanto a Equinix aportou à Alog? EC: A transação foi avaliada em aproxima- damente US$ 126 milhões. Pelo acordo, a Equinix passa a ter participação majoritária na empresa brasileira, a Riverwood detém uma participação minoritária significativa e aproximadamente 10% da empresa ficou com os atuais executivos majoritários da Alog. Após três anos, com a conclusão da transação, a Equinix terá o direito de adquirir 100% da Alog. “O mercado de data center é um mercado em expansão, e imagino que será um dos que, na área de TI, mais crescerá nos próximos anos” BB: Quantos data centers vocês têm atualmente? EC: Hoje nós temos três data centers no Brasil de porte mundial, sendo que o de Tamboré é o mais moderno do País. Ele recebeu o certificado Tier III, o mais importante do Brasil (concedido pelo Uptime Institute, que atesta a qualidade e a disponibilidade da infraestrutura do data center, a apenas cinco empresas no Brasil). Além deste, temos um no centro de São Paulo e o do Rio de Janeiro. Os data centers da Alog no Rio de Janeiro, São Paulo e Tamboré ocupam cerca de 16 mil m² de área construída e têm capacidade total para 56 mil servidores. “Existe hoje no Rio um clima motivacional para novas empresas e, principalmente, de novos setores” BB: A Alog terá um novo data center no Rio. Como vocês percebem o momento da cidade? EC: São Paulo acabou ficando com grande parte do setor financeiro, principalmente depois que a bolsa do Rio foi absorvida pela bolsa paulista. Mas, em contrapartida, nós enxergamos no Rio de Janeiro, hoje, um novo clima, que foi dado pelas últimas administrações no Estado e na Prefeitura, com Sérgio Cabral e Eduardo Paes, que nos trouxe credibilidade novamente. Então, com o crescimento do mercado de óleo e gás, com o advento da Copa do Mundo de 2014 e com os Jogos Olímpicos de 2016, nós estamos enxergando um crescimento muito grande do mercado de TI no Rio de Janeiro. E nós temos também o nascimento de novas organizações no setor financeiro da cidade, além das empresas que já haviam mudado para São Paulo e que estão retornando. Existe hoje no Rio um clima motivacional para novas empresas, principalmente, de novos setores. E também há uma série de novas instituições financeiras, butiques de investimento e, com certeza, essas empresas estão no nosso foco. BB: Como a Alog vê o setor atualmente? EC: O mercado de data center é um mercado em expansão, e imagino que será um dos que, na área de TI, mais crescerá nos próximos anos. Antigamente, havia muitas empresas que não externavam esse serviço, não permitiam que seu banco de dados ficasse fora da empresa. Hoje em dia esse paradigma está mudando, e estamos sentindo uma procura enorme de empresas que, no passado, não pensavam em terceirizar e que já estão usando os serviços de data center. BB: Vocês conseguirão crescer nesse mercado? Quais as oportunidades? EC: Esse mercado de colocation é um mercado que vai explodir aqui no Brasil. Nós apostamos muito forte nele, e as empresas vão começar a enxergar as vantagens que esse serviço pode trazer. Nós temos infraestrutura integrada, atendimento personalizado e uma oferta muita agressiva em relação a preços. BB: A Alog pensa em exportar serviços? EC: Esse vai ser o ponto focal da Equinix para a América Latina, em particular para a América do Sul. A Equinix já tem outros locais, são 100 data centers no mundo, e nós podemos internacionalizar a atuação dessas empresas no Brasil. Se uma instituição tem a necessidade de estar em Nova York, Londres, Berlim ou Paris pode nos consultar que conseguimos fazer uma oferta de data center para eles lá fora. Agora nós temos uma rede, não estamos mais restritos ao Brasil. Se tivermos um grande banco brasileiro com a necessidade de expansão ou de estar perto das principais bolsas do mundo, a gente consegue atender essa demanda, pois hoje abrigamos as principais bolsas de valores mundiais no sistema financeiro Equinix. Edição 275 Brazilian Business_17 entrevista eduardo carvalho BB: E a América do Sul será prioridade? EC: Seremos uma espécie de hub concentra- dor da América do Sul. A Equinix não tem nenhum outro site na região, o foco inicial de investimento dela na América do Sul foi o Brasil. O Brasil é a bola da vez até nisso. Eles pediram para concentrar as operações aqui, pois perceberam que há uma demanda latente e, por isso, daqui é possível atender outros países. BB: Uma empresa de data center tem que ter sempre o foco na segurança dos dados. Como é essa política na Alog? EC: Nós analisamos a necessidade de cada apli- cação e de cada cliente. Analisamos sempre cada projeto e então adequamos a questão de segurança para cada projeto. Há aplicações que necessitam de degraus muito maiores de segurança, e isso podemos garantir. As empresas de mercado financeiro, por exemplo, têm um tratamento totalmente diferente das demais, que exigem uma atuação muito mais proativa. Mas a segurança é um grande desafio, com certeza. Temos que estar sempre atentos. BB: A burocracia e os altos impostos do Brasil podem ser complicadores para a exportação de serviços? EC: Nós não sentimos tanto essa dificuldade de exportar serviços porque conseguimos fazer com que nossas empresas sejam atendidas diretamente pela Equinix lá fora. O negócio fica mais profissional. Se eles precisarem de um consultor para discutir inclusive as diferenças de impostos e taxas entre serviços em diferentes países, nós temos profissionais para isso, e a contrapartida é verdadeira, ou seja, somos um braço do grupo no Brasil. Estamos totalmente preparados para esse tipo de solicitação. BB: Um dos problemas do Brasil é a falta de mão de obra qualificada. Como a Alog enfrenta este problema? EC: Nós investimentos de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões por ano em treinamento. Este ano o orçamento para treinamento será de R$ 3,5 milhões. Nós temos a Universidade Alog, que promove cursos internos, presenciais e on-line periodicamente, tanto para a área técnica como para a área comercial. É muito importante dizer isso, nossos vendedores são preparados tecnicamente até para assumir um projeto se for preciso. A saída que encontramos é formar gente a todo momento. 18_Edição 275_mai/jun 2012 “Se uma empresa tem restrições de investimentos, nós temos agora capital para investir para eles” BB: A Alog passou de um faturamento de R$ 9 milhões em 2005 para R$ 130 milhões agora foi um salto formidável. O crescimento continuará nesse ritmo? EC: Realmente, foi um salto considerável de crescimento. A gente tem uma expectativa de crescimento nessa base: temos crescido, anualmente, de 25% a 30% nos últimos tempos e queremos manter esse crescimento nos próximos anos. BB: Só com crescimento orgânico ou aquisições são previstas? EC: Com a oportunidade dos eventos esportivos, pensamos em criar novos data centers, mas sem aquisições de empresas. A intenção é expandir, é poder abrigar os grandes players que estão vindo para o Rio de Janeiro, atender os negócios que estão crescendo. Agora o Rio, mais que são Paulo, merece um site robusto. BB: E a crise global? Pode atrapalhar esses planos? EC: No nosso caso, não. Se uma empresa tem restrições de investimentos, nós temos agora capital para investir para eles. Quando uma empresa quer fazer uma expansão, ela sempre precisará de internet, ela sempre precisará de servidores, e nós podemos assumir parte desses investimentos. Essa é uma maneira que temos de tratar a questão neste momento. Mesmo na crise do passado não deixamos de crescer, chegamos até a acelerar o crescimento. A crise para nós é oportunidade. perfil Inglês global Ao completar 75 anos, o Ibeu lança novas unidades e aperfeiçoa modelo de ensino atento ao momento atual do Rio de Janeiro e à vida moderna Por Andréa Blum Foto Reinaldo Hingel R Reconhecido pela Embaixada dos Estados Unidos como centro de excelência no ensino do inglês, o Instituto Brasil-Estados Unidos (Ibeu), uma das escolas de língua inglesa mais tradicionais do Rio de Janeiro, completou, em janeiro, 75 anos, período em que mais de 80 mil alunos foram formados com domínio do idioma. Para estar sempre na liderança do conhecimento, a instituição sem fins lucrativos vem se atualizando às mudanças, cada vez mais velozes, atenta a três movimentos: a inserção da tecnologia como ferramenta de aprendizado, o investimento em novas modalidades de cursos e a constante percepção de que educação também é valorizar a cultura e as ações de relacionamento com a comunidade local. Em termos de inovação, todas as salas de aula das 18 unidades do Ibeu contam com smart boards, quadros com tecnologia touch screen que permitem ao professor, entre outras facilidades, acessar a internet para complementar o conteúdo didático com a possibilidade de armazenar dados e enviá-los por e-mails aos alunos. “Nesses 75 anos, observamos todo tipo de mudança e novas necessidades das pessoas no que se refere ao aprendizado do inglês. Por conta disso, acompanhamos e nos moldamos para atender o mercado. Hoje o inglês não é apenas uma opção, principalmente no Brasil. É imprescindível”, destaca o presidente do Ibeu, Ítalo Mazzoni. Eventos esportivos no Rio Atenta ao fortalecimento do Brasil no cenário mundial e à retomada econômica do Rio de Janeiro – e também às oportunidades que se anunciam com os grandes eventos que a cidade irá sediar –, a instituição reformulou os cursos dirigidos a empresas, o Ibeu Corporate, e lançou o Welcome to Rio by Ibeu, um produto específico para profissionais que lidam com estrangeiros no seu dia a dia. Oferecido a taxistas e funcionários de hotéis, lojas e restaurantes, agentes de turismo e policiais militares, entre outros, o curso é rápido e de uso prático do idioma, aprimoramento essencial para garantir à cidade não apenas bons serviços e negócios, mas boa imagem e reputação no exterior. “O Brasil vive um momento muito propício para o investimento em idiomas, principalmente o inglês, em virtude da vinda de eventos esportivos mundiais e até mesmo pelo destaque do País no cenário internacional, atraindo empresas e empresários estrangeiros”, reforçou o presidente do Ibeu. Além do ensino do inglês, o Ibeu oferece o curso Português para Estrangeiros, que registrou, somente do ano passado para cá, um crescimento de 25% no número de novos alunos. “Também é grande o número de estrangeiros que, de olho em desenvolver negócios por aqui, investem em cursos para aprender português”, explica Mazzoni. 20_Edição 275_mai/jun 2012 Além do curso regular de Português para Estrangeiros, a instituição recebe, anualmente, grupos de universidades americanas que aproveitam os meses de maio a agosto para aperfeiçoar a língua portuguesa no Rio de Janeiro. Dentre os parceiros estão Lauder Institute, Wharton School of Business, Northeastern University, Princeton, assim como universidades da Flórida e Georgetown. Os alunos aprendem a língua e ainda contam com palestras e eventos que possibilitam conhecer mais sobre a cultura brasileira. Alguns grupos também visitam instituições públicas como Petrobras e BNDES e empresas privadas, conhecendo mais sobre o universo corporativo brasileiro. Jovens e comunidades pacificadas No tocante à comunidade local, o Ibeu mantém parcerias sólidas com a Embaixada e o Consulado-Geral dos EUA no Rio de Janeiro e com a Secretaria Municipal de Educação para fortalecer a inserção de jovens no mercado de trabalho. Há dez anos, são oferecidas aulas de inglês a cerca de 70 escolas da rede municipal de ensino para ajudar jovens de menor poder aquisitivo a transformar o aprendizado de um segundo idioma em oportunidades no futuro. Em parceria com a Cambridge University Press, responsável pelo material didático, o curso atende cerca de 2 mil alunos por ano. O Ibeu também é o braço do programa UP with English – Uso Prático da Língua Inglesa, criado pelo Consulado-Geral dos EUA no Rio para ensinar inglês aos jovens de comunidades pacificadas da cidade, garantindo a segunda língua como diferencial ao mercado de trabalho. As salas de aula são os espaços da própria comunidade, como as Unidades de Polícia Pacificadora. O curso tem o apoio da iniciativa privada e, com a ajuda das empresas Amil, BG do Brasil e Case Benefícios e Seguros, já está nas comunidades do Pavão-Pavãozinho, do Cantagalo, do Complexo do Alemão e da Providência. Ítalo Mazzoni, presidente do Ibeu Treinamento de professores e responsabilidade social O Ibeu realiza, anualmente, um treinamento de todo o corpo gerencial da instituição e dos professores, com o objetivo de oferecer aos alunos o que há de mais avançado no aprendizado do idioma inglês, evoluindo sempre sua abordagem de ensino. Quando o assunto é gestão de negócios, instituições renomadas, como a Fundação Dom Cabral e o Coppead, capacitam os gerentes do Ibeu para aprimorar também o serviço de atendimento e gestão da empresa. Como uma entidade filantrópica, o Ibeu investe em ações culturais e de fortalecimento do aprendizado. Na sede no bairro de Copacabana, Zona Sul do Rio, há uma biblioteca equipada com modernas instalações e um acervo disponível para consulta do público em geral. A instituição dispõe ainda de um centro cultural, que abriga cerca de dez exposições de novos artistas plásticos por ano e eventos musicais, com apresentações semanais gratuitas, além de um festival de rock para revelar jovens talentos. Eliminar o desperdício de plástico e orientar seus alunos ao correto descarte de resíduos também são responsabilidades adotadas pelo grupo, determinado a avançar e aprimorar o ensino do inglês global. “O Brasil vive um momento muito propício para o investimento em idiomas, principalmente o inglês, em virtude da vinda de eventos esportivos mundiais e até mesmo pelo destaque do País no cenário internacional” Edição 275_Brazilian Business_21 ponto de vista Fabiane Turisco Sócia da Martinelli Advocacia Empresarial e vice-chairperson do Comitê de Responsabilidade Social Empresarial da Amcham Rio Quebrando tabus: responsabilidade social corporativa, felicidade e desenvolvimento econômico A função social da empresa pode ser analisada a partir de dois Para dar suporte a esse enfoque algumas empresas estão eixos: o primeiro privilegia a relação empresa/sociedade, aplicando a metodologia da Felicidade Interna Bruta (FIB) em estudando o tipo de interação estabelecida com a dinâmica da seus negócios. O FIB é um indicador sistêmico desenvolvido sociedade; o segundo enfatiza o que a empresa faz de fato para no Butão, com o apoio do Programa das Nações Unidas para assegurar a coesão e mobilização de seus funcionários. o Desenvolvimento (Pnud), que traz a fórmula para medir o É comum ver uma empresa se posicionando como social- progresso de uma comunidade ou nação. Este indicador e sua mente responsável quando contribui, por exemplo, para o metodologia foram customizados para o ambiente empresarial desenvolvimento de uma comunidade carente vizinha a sua pela Dra. Susan Andrews, embaixadora do FIB no Brasil, que planta. Embora não se despreze nenhum esforço empresarial desenvolveu experiências práticas em empresas brasileiras. O nesse sentido, não parece coerente, tampouco sustentável, que cálculo da “riqueza” em qualquer um desses contextos deve essa empresa parceira da comunidade descumpra leis traba- considerar outros aspectos além do desenvolvimento econôlhistas ou ainda não considere em nenhum aspecto a qualida- mico, como a qualidade da vida das pessoas. de de vida de seus empregados no trabalho. As informações geradas pelo processo FIB têm se revelado Sabe-se que os indivíduos passam a maior parte da vida úteis para as empresas melhorarem suas relações e têm alcanno trabalho. Assim, não há como manter çado menor rotatividade de mão de obra, a produtividade de uma empresa sem alta satisfação por parte dos clientes e “Felicidade e pensar na qualidade de vida de seu trabacrescente produtividade e inovação. desenvolvimento lhador. É fato que as empresas determiFelicidade e desenvolvimento finanfinanceiro são nam e influenciam o modo de vida do ceiro são complementares e não só complementares homem, exercendo, portanto, importante podem como devem coexistir. e não só podem como influência em sua busca pela felicidade. Não se subestima a resistência aos Como regra, pensar ou falar sobre felinovos tempos, temas e novas abordadevem coexistir” cidade no ambiente corporativo traz pregens, notadamente em assuntos que conceitos e afasta o interesse daqueles que lidam com questões subjetivas e abstraa estudam ou pretendem melhor entendê-la. tas em cenários não habituados a esses contornos. A melhor Contudo, empresas visionárias já começam a traçar um forma de entender é vivenciando e aprendendo com os casos planejamento de responsabilidade social baseado na busca da concretos de aplicação do FIB no contexto empresarial, com felicidade de seus empregados, demonstrando que felicidade projetos inclusive em comunidades do Brasil e aplicados dennão é mais um tema utópico ou descabido. Essas empresas tro de algumas das maiores empresas do País. refletem sobre como apoiar a busca pela felicidade de seus Debates em torno do tema são cada vez mais frequentes funcionários, como ter conhecimento a respeito do impacto no Brasil, como a Conferência Fib Rio 2012 – Um Novo que causam na vida das pessoas e como podem possibilitar a Paradigma de Bem-Estar: Desenvolvimento Social e Ambiental busca de significado de vida no trabalho. Entendem que é (fibrio.org.br), realizado no dia 19 de junho, com a presença possível empoderar seus trabalhadores, investindo tempo e de palestrantes internacionais. Até o ilustre economista Paul estratégia com o objetivo de auxiliá-los não só no desenvolvi- Singer esteve presente para demonstrar que economia e felimento profissional como no pessoal. O desenvolvimento real cidade podem caminhar juntas. é integral e concomitante, ocorre na esfera pessoal e profissioVale a pena conferir. nal do empregado, e é esse desenvolvimento individual que será insumo para a produção crescente, para a qualidade do produto ou serviço de uma empresa e seu consequente desenvolvimento e aumento de resultados. 22_Edição 275_mai/jun 2012 brasil urgente 24_Edição 275_mai/jun 2012 sxc A proteção jurídica da livre concorrência surgiu ainda no fim do século 19, tendo por marco histórico a promulgação do Sherman Act, em 1890, nos Estados Unidos. De lá para cá a relevância do tema só fez crescer. No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foi criado em 1962. Em 1988, a Constituição Federal elevou a defesa da concorrência a princípio fundador da Ordem Econômica e, no contexto da reforma do Estado e abertura da economia nacional, o Cade foi transformado em autarquia e teve suas competências ampliadas por meio da Lei 8.884/94. Quase duas décadas mais tarde vem a ser aprovada a Lei 12.529/11, que entrou em vigor em maio deste ano, promovendo profundas alterações na legislação nacional de defesa da concorrência. Uma das principais modificações ocorre na organização institucional do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC). Durante a vigência da Lei 8.884/94, o SBDC apresentava uma composição tripartite, que incluía a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda (Seae), a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça (SDE) e o Cade. Em linhas gerais, a Seae e a SDE tinham competências instrutórias – a elas cabia instruir tanto os processos relacionados a atos de concentração (fusões e aquisições) quanto os referentes a investigações de condutas anticompetitivas – enquanto ao Cade incumbia o julgamento dos casos. Com o advento da Lei 12.529/11, as funções investigativa e julgadora passam a ser acometidas ao Cade. A SDE deixa de integrar o SBDC, e as atribuições da Seae ficam restritas à advocacia da concorrência, isto é, a difundir a cultura concorrencial, especialmente no âmbito do próprio poder público. Assim, deverá se manifestar acerca de matérias concorrencialmente relevantes em consultas e audiências públicas nos processos administrativos de elaboração de normas, opinar sobre pedidos de revisão tarifária, realizar estudos setoriais. Por outro lado, deixa de ter competência para instruir atos de concentração e processos relacionados a condutas anticompetitivas. Novidades na defesa da concorrência A nova lei reformula o Conselho Administrativo de Defesa Econômica e promete transformar a legislação nacional de defesa da concorrência Patrícia Sampaio_professora da FGV Direito Rio e advogada de Chediak Advogados “Com o advento da Lei 12.529/11, as funções investigativa e julgadora passam a ser acometidas ao Cade. A SDE deixa de integrar o SBDC, e as atribuições da Seae ficam restritas à advocacia da concorrência” Essas funções serão consolidadas no Cade, cuja organização interna terá dois órgãos principais: a Superintendência-Geral e o Tribunal Administrativo de Defesa Econômica. À Superintendência-Geral caberão os principais atos de instrução processual, tendo, ainda, relevantes poderes decisórios. Enquanto na vigência da Lei 8.884/94 todos os atos de concentração eram julgados pelo Plenário do Cade, pela nova lei o superintendente-geral poderá aprová-los monocraticamente. Da mesma forma, poderá arquivar procedimentos preparatórios e inquéritos administrativos instaurados para apurar a existência de práticas anticompetitivas, quando considerar inexistentes suficientes indícios a justificar a abertura de um processo administrativo. No regime anterior, as decisões de arquivamento de averiguações preliminares pelo secretário de Direito Econômico eram objeto de recurso de ofício ao Cade, de modo que, uma vez instauradas, apenas uma decisão colegiada era capaz de encerrá-las definitivamente. O tribunal, por sua vez, será o órgão máximo do Cade, de natureza colegiada e competente para decidir sobre atos de concentração que tenham sido objeto de impugnação pelo superintendente-geral ou avocados por um de seus conselheiros, assim como sobre os processos administrativos relacionados às condutas anticompetitivas. Outra alteração relevante trazida pela nova lei consiste em que, em conformidade com as principais jurisdições mundiais, o Brasil passará a adotar a análise prévia das operações de concentração, isto é, a aprovação do Cade se torna condição legal de validade dos negócios que sejam de notificação obrigatória. A lei determina serem nulos os atos consumados antes da aprovação do Conselho. A Lei 12.529/11 traz ainda uma lista de situações que caracterizarão atos de concentração e modifica os critérios que ensejam o dever de sua notificação ao Cade. A partir da sua entrada em vigor e sua regulamentação, deverão ser obrigatoriamente apresentadas as operações em que um dos grupos econômicos tenha experimentado faturamento bruto anual ou volume de negócios total no País de pelo menos R$ 750 milhões e outro grupo envolvido tenha obtido pelo menos R$ 75 milhões em faturamento anual ou volume de negócios no País. Espera-se que as mudanças acima mencionadas venham a colaborar para o fortalecimento institucional do Cade e para mais eficiência no exercício de suas funções neste ano em que a autarquia completa 50 anos. Edição 275_Brazilian Business_25 ponto de vista Marcilio Rodrigues Machado Diretor de Negócios Internacionais da Amcham Espírito Santo, diretor da Famex Comercial Importadora e Exportadora Ltda. e doutor em administração de empresas pela Nova Southeastern University O paradoxo do protecionismo D esde que o Brasil foi incluído na sigla Bric, em 2001, existe grande expectativa de que o País poderá se situar entre as quatro maiores economias do mundo até 2020. Contudo, a perspectiva de confirmação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de apenas 0,5%, no primeiro trimestre de 2012, provocou muitas incertezas. Será que as expectativas otimistas se concretizarão? O País realizou progressos inserindo cerca de 40 milhões de pessoas na classe média e deverá continuar atraindo um grande fluxo de investimentos do exterior em razão da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Além disso, diversificou suas exportações para países emergentes e se beneficiou da demanda crescente de commodities, provenientes, principalmente, da China. O bom desempenho de exportações de commodities não foi, contudo, acompanhado pela indústria de transformação. A participação da indústria no PIB brasileiro caiu de 19,2%, em 2004, para 14,6%, em 2011. Esta perda provocou pressões de natureza protecionista e obsessão por obtenção de saldos positivos na balança comercial. O Brasil forçou uma renegociação do acordo automotivo com o México, que durava mais de dez anos, alegando que havia um prejuízo de US$ 1,5 bilhão na balança comercial. O governo brasileiro abriu, também, uma investigação para imposição de salvaguardas e pode, em breve, estabelecer uma cota de entrada ou aumentar os tributos de vinhos importados.Valerá a pena? Em meados do século 17, a Inglaterra, que tinha um déficit comercial com a França, impôs tarifas para restringir a importação de vinhos. Apesar das restrições, a Inglaterra jamais conseguiu competir com o vinho francês, mas produz um ótimo uísque. As recentes medidas protecionistas nos reportam ao retorno da doutrina mercantilista que predominou do século 16 ao 18 na Europa. Ela consistia no fortalecimento do Estado, que intervia no mercado, restringindo importações, e concedia subsídios às exportações. O novo mercantilismo tem surgido disfarçado pelo nome de “comércio exterior administrado”. Seus defensores argumentam sobre a necessidade de manutenção de uma forte manufatura doméstica à custa do resto da economia. 26_Edição 275_mai/jun 2012 Existe certa atração em proteger as indústrias domésticas. Ao dificultar a entrada de competidores estrangeiros, os políticos acreditam que podem salvar empregos e dar suporte às indústrias até que possam se fortalecer. Entretanto, os brasileiros já conhecem o paradoxo do protecionismo que, em vez de fortalecer, acaba debilitando a indústria. Isso aconteceu no Brasil com o setor de informática, que, apesar da reserva de mercado, não conseguiu criar ou desenvolver o crescimento de empresas competitivas do setor. Muitos exportadores reclamam, com razão, que uma moeda forte é um problema. Eles argumentam que não podem aumentar os preços de seus produtos para compensar a desvalorização do dólar porque existe uma fraca demanda de produtos no exterior. Entretanto, os mesmos exportadores que reclamam da apreciação do real também concordam que enquanto os seus competidores estão envolvidos em atividades de vendas, eles têm que se preocupar com logística, burocracia governamental e, principalmente, infraestrutura. Com uma carga tributária próxima de 36% do PIB, fica difícil entender o apoio dos trabalhadores brasileiros por aumento de tarifas de importação. Será que os trabalhadores entendem que tarifas são equivalentes a impostos sobre vendas de produtos? Os consumidores devem ser forçados a apoiar os produtores? Adam Smith apontou, em 1776, que não há nada mais absurdo do que a doutrina do saldo comercial, pois um país só enriquece se seus habitantes ficam ricos, e eles ficam ricos se aumentam sua produtividade. O Japão foi altamente mercantilista nas décadas de 1980 e 1990. Naquela época existia uma obstinação do governo japonês em apenas vender. Em 2011, o Japão apresentou um déficit na balança comercial. Quando se trata de produtos de tecnologia, como smartphones e tablets, as marcas japonesas são uma raridade. As recentes medidas protecionistas podem prejudicar o futuro do País, uma vez que podem estimular retaliações dos parceiros comerciais e inibir investimentos em infraestrutura necessários para a sustentabilidade dos avanços conquistados. Apesar do ambiente favorável de negócios existentes, tais medidas podem implicar, como no caso japonês, em um retrocesso na próxima década ou até mesmo antes. CUIDAR DO MUNDO TAMBÉM É O NOSSO NEGÓCIO. A preocupação com a sustentabilidade faz parte do dia a dia de nossa empresa e está presente em nossa estratégia de negócios. Além de trilharmos o caminho da sustentabilidade, ajudamos nossos clientes a fazerem o mesmo, por meio de nossos serviços oferecidos. E uma das comprovações de que nossas ações fazem a diferença é o recebimento do prêmio de “Organização Sustentável do Ano”, concedido pelo IAB (International Accounting Bulletin). Somos a única organização de serviços profissionais do mundo a participar do programa de cadeia de suprimentos do CDP (Carbon Disclosure Project). E, desde 2007, reduzimos em 29% nossas emissões globais de carbono. kpmg.com/BR © 2012 KPMG Auditores Independentes, uma sociedade simples brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmasmembro independentes e afiliadas à KPMG International Cooperative (“KPMG International”), uma entidade suíça. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. radar E Programa Jogue Limpo já reciclou 145 milhões de embalagens usadas de lubrificantes desde o seu lançamento, em 2005 Antônio Nobrega_gerente de meio ambiente e segurança do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) 28_Edição 275_mai/jun 2012 divulgacão Logística reversa para embalagens de lubrificantes As embalagens usadas podem ser entregues pelo consumidor aos postos de combustíveis cadastrados no programa struturado e disponibilizado pelos fabricantes, importaGestoras operacionais, por Estado, são contratadas pelo prodores e distribuidores de lubrificantes, o programa Jogue grama como responsáveis pela administração das diversas cenLimpo é liderado pelo Sindicato Nacional das Empresas trais de recebimento, bem como pela gestão da frota de camiDistribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom). nhões de recebimento itinerante. Conta com a participação do Sindicato Interestadual das IndúsO sistema informatizado de controle de recebimento, utilitrias Misturadoras e Envasilhadoras de Produtos Derivados de zando tecnologia de GPS, GPRS e smartphones, oferece atualizaPetróleo (Simepetro) e de diversos sindicatos de revenda de lu- ção on-line dos dados de coleta. Isso permite que cada município brificantes e com o apoio do Ministério de Meio Ambiente e das e Estado tenha acesso, via senha, às informações do que foi ensecretarias estaduais e municipais de Meio Ambiente. tregue por todos os comerciantes que fazem parte do programa, O programa está plenamente implementado nos Estados do assim como seu encaminhamento para reciclagem, identificando Rio Grande do Sul, Santa Catariana, Paraná e Rio de Janeiro e aqueles que não estão atendendo às suas atribuições dentro da no município de São Paulo, expandindo-se, este ano, para todo responsabilidade compartilhada. o Estado de São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, com a Todo o programa é controlado por rígidos procedimentos perspectiva de encerrar 2012 com cerca de 200 milhões de emba- devidamente manualizados e por um sistema de autoauditorias lagens recicladas desde a sua inauguração. periódicas que asseguram sua integridade e eficácia. Iniciado, em 2005, no Rio Grande do Sul, o programa se anteAs embalagens usadas, adequadamente recicladas, servem cipou aos conceitos definidos pela Política Nacional de Resíduos como matéria-prima para novos produtos plásticos. Assim, o Sólidos, com especial ênfase à responsabilidade compartilhada en- programa cumpre seu principal objetivo: garantir a destinação tre todos os elos da cadeia produtiva, e tem por principal caracte- adequada dos recipientes descartados. rística os aspectos de segurança, saúde, meio ambiente e controles Apesar das embalagens de lubrificantes corresponderem de informatizados de todas as suas etapas. 1% a 2% do total das embalagens plásticas Totalmente alinhada com a Política Namovimentadas anualmente no País, os fabri“A Logística Reversa cional de Resíduos Sólidos, a Logística Recantes consideram prioridade assegurar que de Embalagens versa de Embalagens Plásticas Usadas de esse programa complemente o de Logística Plásticas Usadas Lubrificantes está prevista como o primeiro Reversa do Óleo Lubrificante Usado e Conde Lubrificantes Acordo Setorial a ser assinado dentro da Potaminado, implementado desde a década de está prevista como lítica Nacional, já tendo atendido a todos os 2000. A embalagem plástica é considerada o primeiro Acordo trâmites definidos pelo Comitê Orientador um produto perigoso e, como o plástico, tem Setorial a ser assinado de Logística Reversa, entrando em consulta uma expectativa de degradação na natureza pública em junho. de cerca de 400 anos, podendo, ainda, quandentro da Política O programa em sua modelagem definido não adequadamente destinada, contribuir Nacional” da para as regiões Sul e Sudeste prevê que o para obstruções de cursos e redes de escoaconsumidor devolva as embalagens usadas à mento de águas. cadeia de revenda varejista. Essas embalagens devem ser entregues às Centrais de Recebimento do fabricante ou comerciante Futuro ainda mais limpo A expectativa para o ano de 2012 consiste no processo de atacadista ou, ainda, a uma frota de caminhões de recebimento itinerante que visita, periodicamente, postos de serviços e con- aprovação do Acordo Setorial, o qual estabelece, em detalhes, a expansão do Sistema de Logística Reversa de Embalagens cessionárias automotivas. As embalagens são transportadas em caminhões com siste- Plásticas de Lubrificantes pelo restante do País. Seguindo o ma de proteção contra vazamento, monitoramento eletrônico conceito de responsabilidade compartilhada, participarão do georeferenciado da rota do veículo, programa de atendimento a Acordo Setorial os principais agentes envolvidos no ciclo de emergências acidentais e sistema eletrônico de controle de rece- vida das embalagens plásticas de óleo lubrificante, tais como: bimento, que atualiza on-line as informações no site do progra- comerciantes atacadistas e varejistas, fabricantes, importadores e o poder público, representado pelas respectivas entidades em ma (programajoguelimpo.com.br). Essa frota de caminhões leva as embalagens para um processa- nível nacional. Neste contexto, o consumidor também é um importante mento inicial em centrais de recebimento especializadas, em que elas são drenadas, segregadas e compactadas, ou picotadas, para agente, portanto convidamos a sociedade a endossar a atuação do ser, em seguida, encaminhadas às empresas recicladoras licencia- Jogue Limpo por meio de ações simples: devolver as embalagens das. Estas ficam responsáveis perante os órgãos ambientais pela re- vazias aos comerciantes e não descartar o produto restante nos ciclagem e destinação final dos rejeitos e emissões desse processo. francos na rede de esgoto ou mesmo no meio ambiente. Somente a partir de um esforço conjunto poderemos garantir um desenvolvimento ordenado e um ambiente mais saudável e limpo para esta e as próximas gerações. Edição 275_Brazilian Business_29 ponto de vista Raul Hey Sócio de Dannemann Siemsen Gestão e Avaliação de Ativos Intelectuais – DSGAV Patrimônio: administração, mercado e lucro Q ualquer pessoa (física ou jurídica) possui um patrimônio e, mesmo sem perceber, toma medidas para administrálo e dele usufruir da melhor maneira possível. Um patrimônio pode ser formado por bens materiais ou imateriais. Em qualquer das hipóteses é, por definição, algo que deve ser suscetível de apreciação econômica, o que leva à conclusão de que, para cumprir suas diversas funções, deve ter seu valor conhecido a cada momento e ser administrado de modo a ter esse valor maximizado. No caso das empresas, a boa administração de seu portfólio de bens imateriais ou intangíveis é fator determinante e essencial para o aumento de lucratividade e competitividade. Cada ativo deve contribuir para agregar valor aos demais, fazendo com que o desempenho do portfólio seja sempre maior do que a simples soma dos desempenhos individuais. Para que essa gestão estratégica seja possível, algumas etapas básicas devem ser seguidas no planejamento da empresa, tais como: a precisa determinação dos bens intangíveis detidos e de fato utilizados pela empresa, sua classificação e a determinação de seu desempenho (aqui entendido como contribuição para atingir os objetivos da empresa), o tratamento individualizado para cada categoria de bens, o monitoramento dinâmico do desempenho individual e de conjunto dos bens que compõe o portfólio, planos de extração de valor e de aquisição de novas tecnologias, e assim por diante. O valor dessa gestão estratégica para o portfólio de intangíveis de uma empresa pode ser constatado pela análise do valor das maiores empresas do mundo divulgado por publicações especializadas como a Fortune, a Forbes e o jornal The Economist, em que estão no topo da lista as empresas que investem maciçamente na gestão inteligente de tecnologia, inovação e mecanismos de controle de qualidade. Exemplos mais usualmente citados incluem a Apple e a Nike, cujos faturamentos decorrem quase que exclusivamente de suas tecnologias e marcas, enquanto que seus disputados produtos são fabricados na China, em Taiwan e em outros países com mão de obra barata, sob um rígido controle de qualidade. Tais empresas se situam no topo da cadeia alimentar não apenas por desenvolver tecnologias avançadas e inovadoras, mas por administrar de forma otimizada o que produzem, segundo uma estratégia bem definida e reexaminada continuamente. Quanto às empresas que não procedem dessa forma, embora grandes e rentáveis, serão sempre meras seguidoras das líderes, aproveitando-se das sobras do mercado. 30_Edição 275_mai/jun 2012 Com a globalização da economia hoje já um fato consumado, as noções de mercado como ensinadas no século 20 sofreram transformações profundas, no sentido de que começam a se confundir mercados antes tidos como estanques e com regras próprias. Por exemplo, há duas décadas, dificilmente alguém ousaria discordar de que os mercados de óleo e gás, veículos automotivos, eletrônico e agrícola eram distintos e tinham, cada um, suas próprias e diferentes regras. Hoje, quem não consegue enxergar a permeabilidade e influência cruzada de cada um dos citados nos demais? Quem nunca viu ou pelo menos ouviu falar de carros híbridos (combustível fóssil + eletricidade) ou os chamados flex (combustível fóssil + vegetal), exemplos tornados possíveis graças a estritos controles eletrônicos e computacionais? O mesmo raciocínio se estende a qualquer área tecnológica. As empresas que possuem um portfólio de bens intangíveis produzem produtos e/ou serviços de qualquer natureza e desejam fazer uso efetivo desse portfólio para participar do novo mercado global em condições de igualdade, ou seja, podendo competir e vencer além das fronteiras de seu país de origem, devem cumprir algumas etapas básicas que podem ser resumidas (muito resumidas, diga-se) como segue: • Definir claramente seus objetivos no tempo: aonde queremos chegar daqui a cinco, dez, 15, 20 anos; • Traçar uma estratégia para atingir esses objetivos, com base na exploração planejada e otimizada de seus bens intangíveis; • Montar um projeto de gestão de seu portfólio de intangíveis de forma alinhada com a mencionada estratégia; • Montar planos de aquisição de tecnologias e de extração de valor dos intangíveis; • Monitorar continuamente o desempenho individual dos intangíveis e do portfólio como um todo e estabelecer mecanismos de realinhamento da estratégia, sempre tendo em vista os objetivos de curto, médio e longo prazo. A execução consciente das etapas acima elencadas cria as condições ideais para o surgimento de elementos como inovação, criatividade, sustentabilidade e atratividade de mercado – o que faz com que cada novo produto da Apple crie filas intermináveis nas madrugadas anteriores ao seu lançamento EM TODO O MUNDO. Foi claro o exemplo? especial Por Cláudio Rodrigues, do Rio de Janeiro 32_Edição 275_mai/jun 2012 H J. P. ENGELBRECHT / Prefeitura do Rio Em jogo: medalhas, negócios e o legado olímpico á cinco anos, quando não havia sequer uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro, eram os Jogos Pan-Americanos que mexiam com a cidade. Naquela época, o professor da Faculdade de Economia do IBMEC Luiz Ozorio calculou que o evento esportivo movimentaria R$ 5,7 bilhões. Hoje, com 22 UPPs instaladas – além da Rocinha, ocupada pela PM, do Complexo da Penha, pelo Exército, e do Santo Amaro, recém-tomado pela Força Nacional de Segurança –, são a Copa do Mundo e a Olimpíada que atraem grandes investimentos. Estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) feito para a agência Rio Negócios (da Prefeitura) prevê a geração de mais de 90 mil empregos e a aplicação de R$ 53,2 bilhões em áreas como infraestrutura, turismo, inovação, indústria criativa e serviços financeiros. Se este valor representasse o Produto Interno Bruto (PIB) de uma cidade, ela seria a quarta maior do Brasil, superando o PIB de Curitiba (R$ 45,7 bilhões, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo IBGE, em 2009). A “cidade olímpica” perderia apenas para São Paulo (R$ 389,3 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 175,7 bilhões) e Brasília (R$ 131,4 bilhões). Em 2007, o dinheiro movimentado pelo Pan pôde ser comparado com o PIB de Niterói, que, atualmente, é o 41º do ranking nacional. Os múltiplos benefícios gerados pelos investimentos que a Cidade Maravilhosa vem recebendo nos últimos anos animam especialistas. Nessa conta entram não apenas a Olimpíada de 2016 e o Pan de 2007 como as melhorias em segurança pública desde a primeira UPP, inaugurada no dia 19 de dezembro de 2008, cujo programa tem sido mantido e ampliado até hoje; grandes eventos culturais como o Rock in Rio, seja na cidade de origem ou levando a marca carioca para Lisboa e Madri; a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em 2012; a Jornada Mundial da Juventude, que reunirá jovens católicos de todo o mundo e o Papa, em 2013; e as copas das Confederações, em 2013, e do Mundo, em 2014, incluindo o jogo da finalíssima. Com a agenda lotada, a cidade anfitriã não pode deixar a casa desarrumada. “A própria reforma que a cidade está sendo obrigada a efetuar para receber tantos eventos é um legado fundamental. O Rio está se reorganizando. Se você fosse fazer uma festa de casamento em casa, corrigiria antigos problemas, não daria para ficar adiando obras. Da mesma forma, o Rio tem compromissos com a Olimpíada, com data e hora marcadas”, explicou Luiz Ozorio. “Durante muitos anos, obras fundamentais vinham sendo postergadas. Entre elas, destaco os investimentos em transportes.” A expansão do metrô em direção à Barra da Tijuca e, principalmente, as novas linhas expressas de ônibus, os BRTs (bus rapid transit, em inglês, ou “ligeirão”, em “carioquês”), além da organização dos ônibus convencionais nos chamados corredores preferenciais (BRSs ou bus rapid service) e projetos de bonde moderno (VLT, o veículo leve sobre trilhos), no Centro, são considerados, por muitos especialistas, os maiores legados para a cidade que os grandes eventos vão deixar. De acordo com a Prefeitura, hoje, 18% da população é usuária de transportes de alta capacidade, como trens, barcas e metrô. Em 2015, após US$ 8 bilhões em investimentos, a porcentagem será de 63%, considerando também o total transportado pelos BRTs. O prefeito Eduardo Paes, o ex-presidente Lula e o governador Sérgio Cabral inauguraram, em 6 de junho, a Transoeste, o primeiro corredor exclusivo para BRT (bus rapid transit) do Rio, e abriram ao tráfego o Túnel da Grota Funda Edição 275_Brazilian Business_33 “As transformações no Rio por conta dos eventos esportivos já estão acontecendo. A universalização do ensino da língua O aterro sanitário de Gramacho, fechado em junho, será recuperado e dará lugar a uma usina de biogás inglesa, que agora é obrigatória em todas as escolas municipais, é um exemplo disso. Sem dúvida, infraestrutura será nossa maior herança. Teremos 140 quilômetros de novas vias para os BRTs, e os transportes públicos de alta capacidade passarão a ser usados por 63% dos cariocas – atualmente, essa taxa não passa de 18%. Os projetos de revitalização urbana, que têm no Porto Maravilha seu maior símbolo, também não podem ser esquecidos. E nesse grupo também entram os programas de reurbanização das comunidades”, disse o diretor-executivo da Rio Negócios, Marcelo Haddad. Ficar perdendo tempo em engarrafamentos diários custa muito caro para qualquer cidade. Influencia até mesmo no preço dos imóveis, de acordo com Luiz Ozorio. “Coloque-se no centro do Rio e faça uma linha imaginária de 30 quilômetros para cada lado, para cima e para baixo. Assim, você cria um quadrado de 60 quilômetros de lado e 3.600 km2 de área. Quem está aí, gasta pelo menos uma hora para chegar ao trabalho, em estimativa conservadora”, calculou o economista, que fez a mesma comparação com outras cidades. “Onde há mais mobilidade, em cidades como Nova York, dá para percorrer 80 quilômetros em uma hora. O quadrado ficaria com área de 25.600 km2 e seria cerca de sete vezes maior do que o do Rio. Isso se reflete no preço dos imóveis e no custo de vida.” Um transporte eficiente também “Talvez, o grande legado diminui a emissão de gases do efeito estufa seja o intangível. O aumento – e atrai novos negócios. Nesse campo, o da autoestima do carioca e a Rio de Janeiro quer se estabelecer como construção de um ambiente um dos principais locais de negociações de assuntos relacionados à sustentabilidade. espetacular de negócios” Além das florestas preservadas no coração do Rio, a cidade investe em plantio de milhares de árvores, construção de ciclovias e promove eventos “O legado para o Rio é amplo, pode como o Rio Clima, fórum paralelo à Rio+20 que pretende ser um ser verificado de diversas formas e já há espaço permanente de discussão das mudanças climáticas. benefícios acontecendo. Grandes invesMais que a economia verde, o estudo da PwC mapeou 22 timentos internacionais e a atenção do setores que podem fazer com que 146 empresas internacionais mundo já estão voltados para o Rio, que sejam atraídas para o Rio. Por exemplo, a rede hoteleira se é uma das cidades com maior taxa de movimenta com força. Grandes bandeiras, como Windsor, crescimento e menor de desemprego”, Accor, BHG, Hyatt e Atlantica, têm projetos em andamento. O salientou Osório. “Os impactos não podem apelo turístico da cidade, impulsionado pelos grandes eventos, ser medidos apenas pelo aspecto econômico. associados à capacidade ociosa do Aeroporto Internacional Tom Há melhorias urbanísticas, como na Zona Jobim, também é usado como argumento para tentar trazer Portuária; a revolução dos transportes, o centros de operações de novas companhias, principalmente as BRT; o legado ambiental, com a recuperação asiáticas. Há muito tempo o Rio de Janeiro planeja recuperar um das lagoas de Jacarepaguá e o fechamento papel mais expressivo no setor aéreo. do aterro sanitário de Gramacho; e o social, Depois de destacar os benefícios que a cidade terá em com o programa Morar Carioca. Mas, talvez, diversas áreas por causa da Olimpíada, Carlos Roberto Osório, o grande legado seja o intangível. O aumento que trabalhou na candidatura da cidade aos Jogos Olímpicos da autoestima do carioca e a construção de quando atuava no Comitê Olímpico Brasileiro e hoje é secretário um ambiente espetacular de negócios.” municipal de Conservação, aponta o que considera ser o maior trunfo para o Rio. 34_Edição 275_mai/jun 2012 agência brasil especial C M Y CM MY CY CMY K Edição 275_Brazilian Business_35 especial Rio olímpico: Rio do futuro Eduardo Paes_prefeito do Rio de Janeiro R evoluções urbanas são historicamente propiciadas por fatores que conduzem as cidades a novos patamares de desenvolvimento. Dependem de capacidade de investimento, alianças dos três níveis governamentais, políticas públicas consolidadas, atração de empresas e profissionais de ponta, tecnologia e inovação. Em nossa história, houve casos em que surgiram, isoladamente, alguns desses elementos, mas em pouquíssimas oportunidades em 447 anos, desde a fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, o carioca assistiu a tal momento favorável. Some-se ainda um agente catalisador tão poderoso quanto inédito: a Olimpíada de 2016. Os Jogos Olímpicos são, nesse sentido, um potente motor com capacidade de tirar a cidade da letargia e da estagnação de décadas. Se o mundo já estava de olhos no Rio há tempos, a conquista da Olimpíada foi o impulso para que a cidade finalmente conquistasse o merecido protagonismo. Cabe ao poder público aproveitar essa oportunidade única para construir um legado para cariocas e brasileiros, criando ainda um ambiente de negócios seguro e confiável para o investidor. O mercado tem percebido mudanças que já fazem parte do cotidiano da população. Em maio, a cidade recebeu o terceiro investment grade, ou grau de investimento. Para a Standard & Poor’s e a Moody’s and Fitch, o Rio é um bom lugar para investir, porque demonstra enorme capacidade de gerenciar suas contas, aumentar custeio e, ainda assim, permanecer equilibrado. Os fundamentos da economia carioca são sólidos. Sozinha, a cidade representa metade do PIB do Estado (US$ 60 bilhões) e recebe um a cada quatro dólares de investimento externo direto no País. O Rio tem a menor taxa de desemprego e a mais elevada taxa de investimento do Brasil. O município espera receber nos próximos anos R$ 614 bilhões, um salto de 59% sobre o período de 2006 a 2009. A iniciativa privada tem papel essencial na engrenagem desse motor. Por isso, criamos um escritório especializado em atrair investimentos para o Rio. A agência Rio Negócios atua basicamente em seis grandes temas: energia; polos tecnológicos e inovação; indústria criativa; indústria hoteleira; eventos esportivos; infraestrutura e transportes. A parceria da iniciativa privada com o poder público na cidade do Rio de Janeiro tem no projeto Porto Maravilha, de revitalização da Zona Portuária, seu maior exemplo. O modelo adotado pela Prefeitura do Rio para o porto é inovador, no que se tornou a maior Parceria Público-Privada do Brasil. A primeira etapa é financiada com dinheiro público – R$ 350 milhões –, mas a segunda fase “O Rio é um bom lugar para investir, porque das obras e sua conservação durante 15 demonstra enorme capacidade de gerenciar anos será totalmente custeada pela venda suas contas, aumentar custeio e, ainda assim, de Certificados de Potencial Adicional de permanecer equilibrado”, segundo avaliações Construção (Cepacs) e terrenos públicos, em operação orçada em R$ 8 bilhões, sem da Standard & Poor’s e da Moody’s and Fitch ônus para os cofres municipais. 36_Edição 275_mai/jun 2012 A Zona Portuária não é só central, é essencial. Com as melhorias na infraestrutura, resgatamos a história do local, com a revitalização do Morro da Conceição, da Praça Mauá, do bairro da Saúde e da Igreja de São Francisco da Prainha. Reforça ainda o potencial cultural e turístico do porto a construção do Museu do Amanhã – projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava –, ícone da revitalização de uma região relegada a um passado de abandono. Com as obras de infraestrutura e os incentivos fiscais que oferecemos, os investidores detectaram a oportunidade única. As principais intervenções, como a derrubada do Elevado da Perimetral e a construção de novas vias, estarão concluídas até a Olimpíada, em 2016. Nossa previsão é de que a população residente na região aumente de 22 mil para 100 mil pessoas. A principal preocupação da Prefeitura do Rio é com o legado que os Jogos Olímpicos – e os demais grandes eventos internacionais que a cidade receberá até 2016, como a Jornada da Juventude de 2013 e a Copa do Mundo de 2014 – deixarão para aqueles que vivem e trabalham na Cidade Maravilhosa. Intervenções que vão ampliar de forma sensível e sustentável a mobilidade do carioca, como os corredores BRT (bus rapid transit), estão entre as prioridades. Acabamos de inaugurar, em junho, a Transoeste, entre Barra da Tijuca e Santa Cruz, passando por Campo Grande. As intervenções do segundo lote da Transcarioca – ligação da Barra ao Aeroporto do Galeão – começaram pela construção da ponte estaiada sobre a Baía de Guanabara para ligar o Fundão à Ilha do Governador e ficarão prontas no fim de 2013. A Transolímpica, da Barra a Deodoro, está em processo de licitação, e a Transbrasil (Deodoro ao Aeroporto Santos Dumont) teve a liberação de recursos pelo Governo Federal aprovada recentemente. Estamos diante de uma conjunção de fatores inédita na história e temos certeza de que o impulso que estamos dando nos permitirá dar um salto gigante em direção ao futuro. Edição 275_Brazilian Business_37 especial Dolores Piñeiro_diretora de vendas do Sheraton Rio Hotel & Resort e vicechairperson do Comitê de Entretenimento, Cultura e Turismo da Amcham Rio A Transformação estrutural do Rio de Janeiro em vista dos grandes jogos na cidade época de ouro que o Rio de Janeiro está vivenciando com investimentos, crescimento das indústrias, criação de empregos e revitalização da cidade é um acontecimento que devemos valorizar, além de considerar os vários efeitos que isso terá nas futuras gerações. A conferência internacional Rio+20, de junho de 2012, a visita do Papa, em julho de 2013, a Copa das Confederações, em 2013, a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada e a Paraolimpíada, em 2016, representam oportunidades únicas para consolidar a imagem do Rio de Janeiro como importante destino mundial e sede de grandes eventos e para a cidade se posicionar com excelência em termos de serviço e atenção aos visitantes. Até a Olimpíada de 2016 as mudanças da cidade podem ser divididas entre tangíveis (novas estradas, hotéis, meios de transportes, logística de comunicações e novos produtos turísticos) e intangíveis. Os efeitos intangíveis, mas não menos importantes, serão gerados pela grande e poderosa mídia, com a cobertura global dos grandes eventos. A cidade tem a enorme oportunidade de ser apresentada ao mundo, desenvolvendo imagem própria e identidade única, que permita atrair novos consumidores e clientes de vários mercados. O grande desafio é que o crescimento não se encerre nos Jogos Olímpicos, mas que depois desses grandes eventos continue uma constante fonte de ingresso para todos os âmbitos da economia local. A organização de grandes eventos tem sido uma tendência de cidades que queiram fazer promoção e marketing em grande escala internacional. Mas os investimentos necessários e o altíssimo nível de obras envolvidas devem ser planejados de maneira muito cuidadosa para não deixar de herança “elefantes brancos” que depois não possam ser mais utilizados e acabem gerando um custo muito alto nos anos seguintes. Desenvolvimento da hotelaria sustentável De acordo com estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), a oferta de apartamentos de hotel deverá subir até 2016 das atuais 28,2 mil unidades para 48 mil. Como fazer com que este aumento de hotéis esteja baseado em atitudes ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis? De acordo com a Organização Mundial do Turismo, o desenvolvimento do turismo sustentável significa: a gestão de todos os recursos de forma que as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas, mantendo-se, ao mesmo tempo, a integridade cultural, os processos ecológicos essenciais, a diversidade biológica e os sistemas de apoio à vida. Para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado, a sociedade deverá estar intrinsecamente compatível com o ambiente. Os novos hotéis a ser construídos devem levar em consideração a qualidade do local em que serão inseridos, e deverá ser colocada ênfase no melhor aproveitamento de recursos, a utilização de técnicas de reciclagem e diminuição de desperdícios. 38_Edição 275_mai/jun 2012 Transformação urbana e posicionamento internacional As melhoras na estrutura da cidade, com novas estradas, meios de transportes e comunicações, é uma constante em todos os locais que sediaram Jogos Olímpicos no passado. Barcelona é um exemplo de incrível transformação antes da Olimpíada de 1992. A imagem da cidade mudou totalmente, de uma cidade industrial a uma cidade moderna e com tendências únicas de moda, estilo e vanguarda. Famosos arquitetos foram convidados a participar do desenho dos prédios e das novas obras que marcaram o renascer da cidade. Barcelona fez um desenvolvimento estratégico para poder contar com excelente estrutura para ser utilizada depois dos Jogos Olímpicos. Foram redesenhadas as estradas e os meios de transportes, criados novos bairros residenciais e comerciais, novos hotéis e locais esportivos, melhoradas as formas de telecomunicações, além de haver um maior cuidado com o meio ambiente, um Criação de empregos e qualificação profissional dos pontos principais do projeto. A qualificação profissional deve ser uma constante na hoteO grande sucesso de Barcelona depois dos jogos a consolidou laria em expansão. A busca permanente pela excelência em to- como um grande centro para realizar eventos internacionais – hoje dos os serviços e contínua melhora no atendimento dos clientes a cidade ocupa o terceiro lugar no mundo, de acordo com o ranking é base fundamental para conseguir atingir as metas de rentabi- atual da International Congress and Convention Association (Icca), lidade e satisfação dos clientes. Acredito que esse é o principal referente ao ano de 2011. Nesta lista, o Rio de Janeiro passou a ser desafio a ser solucionado para contar com novamente o primeiro destino brasileiro, uma excelente estrutura, podendo receber com 69 eventos internacionais realizados “O Rio em poucos anos poderá turistas e clientes do mundo inteiro nos no ano passado, à frente de São Paulo, com ser o destino número 1 da anos futuros. 60 eventos. Na América Latina, o Rio ficou América Latina e um dos A existência de programas regulares de atrás apenas de Buenos Aires, que lidera o melhores do mundo para qualificação profissional no Rio de Janeiro ranking com 94 eventos internacionais reaé o primeiro passo nessa direção, que deve lizados em 2011. Na classificação internaciorealizar eventos” ser complementado com ações constantes nal, a cidade ganhou quatro posições, pasde aperfeiçoamento e requalificação dos sando da 31ª para a 27ª colocação. profissionais já formados e daqueles que ainda não passaram por Seria muito ambicioso pensar que o Rio em poucos anos poqualquer capacitação. Um dos focos principais será a formação de derá ser o destino número 1 da América Latina e um dos melhores profissionais bilíngues e prontos para atender clientes internacio- do mundo para realizar eventos? nais. Com o crescente aumento no número de visitantes da China, O desenvolvimento hoteleiro, a melhora de espaços para Índia, Rússia e do Oriente Médio, o aprendizado do inglês é um eventos, infraestrutura e comunicações contribuirão para que o desafio para poder oferecer um ótimo atendimento. Os clientes Rio continue ganhando posições nesse ranking, consolidando-se do exterior servirão como multiplicadores para divulgar a cidade como líder na América Latina. Mas, para ter sucesso, é necessário e realizar uma excelente promoção do destino, baseados em expe- um planejamento adequado, feito pelos órgãos públicos e privados, riência pessoal. com a colaboração das áreas de turismo locais, todos trabalhando juntos para um objetivo comum. Competitividade do mercado hoteleiro Como conclusão, acredito que o que foi realizado em outras A vinda de novos players ao mercado local com novas marcas cidades do mundo deve ser uma fonte de aprendizado e inspirade hotéis e produtos de luxo até 2014 (por exemplo, o Hyatt na ção para tomar excelentes decisões para o futuro do Rio de JaneiBarra da Tijuca e o novo Hotel Glória, do empresário Eike Batista) ro. Todos nós que trabalhamos e amamos o Rio devemos estar sem dúvida permitirá diversificar a oferta e gerar mais competiti- conscientes do importante momento que estamos vivenciando. vidade no setor, aumentando a qualidade dos serviços oferecidos e Temos muita sorte de poder compartilhar essa etapa de transforgerando mais atrativos para sediar congressos, eventos corporati- mações positivas. Mas devemos ser cidadãos responsáveis, cuivos e convenções. Gostaria também de destacar o crescimento em dadosos dos recursos limitados da natureza, levando em conta a mais de 30% do mercado doméstico, corporativo e individual no fragilidade do ecossistema em que moramos e a necessidade de último ano, posicionando o Rio de Janeiro como uma excelente al- preservar a cidade para que sempre o Rio seja sempre a Cidade ternativa para convenções, incentivos e reuniões de negócios, além Maravilhosa, próspera e forte. de ser um ótimo destino de lazer. A variedade e o aumento de ofertas permitirão absorver uma demanda crescente de todos os segmentos nacionais e internacionais, equilibrando as tarifas hoteleiras e mantendo os preços competitivos em comparação com outros destinos concorrentes. Como exemplo podemos mencionar o compromisso que a Starwood Hotels anunciou em 2010, que tem o objetivo de reduzir o consumo de energia de seus hotéis no mundo todo em 30% e o consumo de água em até 20%, ambos até 2020. “Não vemos esses objetivos como uma obrigação, mas como uma oportunidade”, disse Frits van Paasschen, presidente e CEO da Starwood. “Esses objetivos não são números, mas uma mostra da nossa paixão para criar uma mudança positiva nas nossas comunidades e no mundo.” O sucesso das empresas hoteleiras sustentáveis deveria estar associado à melhora do meio ambiente em que estão inseridas, proporcionando oportunidades de conservação e de reaproveitamento dos recursos limitados, minimizando os desperdícios, sendo conscientes da fragilidade da natureza e da enorme responsabilidade de preservar o planeta. Edição 275_Brazilian Business_39 especial Segredos para o sucesso das melhorias infraestruturais exigidas para os megaeventos no Rio André Coutinho_sócio-líder de Iarcs – Internal Audit Risk & Compliance Services da KPMG no Brasil O s profissionais, organizadores e amantes do esporte estão com os olhos voltados para o Brasil. Em um intervalo de dois anos, o País receberá os maiores eventos esportivos do mundo, a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016, realizados no Rio de Janeiro. Além disso, a cidade será uma das sedes da Copa das Confederações, já em 2013, o que servirá como um termômetro para o que ainda deve ser feito. Principal destino turístico do Brasil e sinônimo de belezas naturais, o Rio de Janeiro tem uma ótima oportunidade de mostrar uma nova face e intensificar seu brilho para o mundo todo. O ano de 2011 foi o melhor da história para o turismo brasileiro. O País recebeu mais de 5,4 milhões de turistas estrangeiros, número recorde, e a entrada de cerca de US$ 6,7 bilhões por meio dessa atividade. O valor supera a meta traçada, que era de US$ 6,4 bilhões. São inúmeros os desafios de organizar eventos de tamanha proporção, chamados de megaeventos, e eles se tornam maiores em países como o Brasil, que, apesar de estar em pleno e acelerado crescimento e desenvolvimento, ainda não é uma nação rica e totalmente estruturada. Apenas para ter uma ideia, grande parte da infraestrutura em transporte público, hospedagem, segurança e telecomunicações deve ser reformulada ou, simplesmente, construída do zero. Tudo isso faz parte de exigências da Fifa e do Comitê Olímpico Internacional (COI). Com a evolução dos esportes, sua exibição em todo o mundo e o impacto econômico que eles produzem, as exigências impostas por essas entidades vêm aumentando cada vez mais. Para ilustrar o vulto que têm tomado esses eventos, na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, foi registrado 1 milhão de acessos por minuto ao site da Fifa; 3,5 milhões de pessoas compareceram às Fifa Fans Fests internacionais; 2,6 milhões estiveram presentes nas Fifa Fan Fests sul-africanas; 3,6 milhões foram aos estádios; e 245 emissoras de TV de todo o mundo cobriram o evento. O Rio de Janeiro precisa estar preparado para as particularidades de cada evento. Enquanto a Copa do Mundo dura seis semanas e envolve 32 países, com as torcidas e os jogos distribuídos pelas 12 cidades-sede, a Olimpíada concentra um número muito maior de países e torcedores em uma única cidade, diariamente, por um período de cerca de dois meses, considerando-se a realização dos Jogos Paraolím“O legado que deverá ser picos. Isso sem contar a grande variedade deixado pelos megaeventos de modalidades esportivas e a infraestrutupoderá propiciar saltos ra específica necessária para atender a cada qualitativos em diversas uma delas. áreas para a sociedade carioca” 40_Edição 275_mai/jun 2012 Esses eventos podem deixar um importante legado para a melhoria de diversas instâncias. A criação de uma governança coordenada pode ser essencial nesse item, pois existem diversas instâncias governamentais, departamentais, privadas e agências envolvidas, assim como outras várias instituições, como o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil, as polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária etc. Especificamente para os megaeventos, as exigências são tão diversas que vão desde a implantação e operacionalização de centros de controle e monitoramento até o alinhamento de condutas por parte dos agentes de segurança, além de planos de ação para emergências. Sem contar, ainda, com a utilização de equipamentos e softwares de segurança e gestão dedicados. Outro ponto que exige atenção é o da mobilidade urbana, que é um grave problema no Brasil, e em especial no Rio de Janeiro, até por suas características geográficas. Isso é refletido no dado de que 30% dos investimentos para a Copa estão voltados para esse segmento. A cidade do Rio de Janeiro possui atualmente 6,3 milhões de habitantes, concentrados em 1.182 km2, o que equivale a uma densidade populacional de 5.300 habitantes por km2. Analisando a infraestrutura do transporte público carioca, percebemos uma alta taxa de veículos particulares por habitante, elevada concentração no transporte público rodoviário e baixa cobertura de metrô, o que deve redundar em congestionamentos significativos e graves problemas quando a cidade se tornar a Capital Mundial dos Esportes. A previsão é que a cidade aplique, entre recursos da União e financiamento da Caixa Econômica Federal, cerca de R$ 3 bilhões em projetos de mobilidade urbana. Com previsão de término para dezembro de 2013, a maior obra é o sistema de BRT (bus rapid transit), batizado de Transcarioca. Com 39 quilômetros de extensão, o projeto terá 45 estações, três terminais, três mergulhões, dez viadutos e nove pontes. A estimativa é transportar 400 mil pessoas por dia no percurso entre a Barra da Tijuca e o Aeroporto Internacional Tom Jobim, reduzindo em até 60% o tempo gasto no trajeto. Com 18,3 metros de extensão e capacidade para 160 passageiros, o ônibus apelidado de “ligeirão” será o veículo utilizado na linha. Outra solução que está levando obras de vulto às ruas da capital fluminense é a ampliação do metrô. As obras da linha 4 devem durar quatro anos, para ligar Ipanema, na Zona Sul, à Barra da Tijuca, na Zona Oeste. O novo trajeto deve beneficiar milhares de pessoas que se deslocam diariamente entre as duas regiões, separadas por inúmeros acidentes geográficos que são característicos e que conferem parte da beleza à cidade do Rio. O legado que deverá ser deixado pelos megaeventos poderá propiciar saltos qualitativos em diversas áreas para a sociedade carioca. O intangível também deve ser considerado, já que a imagem que o País passa será importantíssima para a continuidade dos investimentos estrangeiros e o crescimento do turismo. Para exemplificar: a África do Sul era considerada, em 2000, pela revista britânica The Economist um hopeless continent (continente sem esperança). Após a Copa, o discurso pregava um hopeful continent (continente com esperança). O sucesso de conquistar uma infraestrutura adequada dependerá da capacidade dos gestores públicos e privados em gerenciar e articular projetos e planos de atuação, transformação e implantação de estruturas, sem ampliar descontroladamente os gastos previstos nem comprometer sua qualidade e a segurança envolvida. A capacidade administrativa dos realizadores será fundamental, portanto. Até 2016, o Rio de Janeiro vai respirar (e transpirar) esporte e muito trabalho, com certeza. Edição 275_Brazilian Business_41 A Os maiores eventos do mundo chegam juntos ao Brasil – oportunidades (e desafios) para patrocinadores Michel Davidovich_ diretor-geral da Coca-Cola para a Copa do Mundo da Fifa 42_Edição 275_mai/jun 2012 Copa do Mundo da Fifa e os Jogos Olímpicos são os principais eventos do mundo. Nenhum outro evento é tão eficaz em captar corações e mentes de tantas pessoas nas mais diversas partes do planeta. A Copa do Mundo da Fifa de 2010, por exemplo, teve uma audiência acumulada de 5 bilhões de pessoas em mais de 200 países. Com tantos potenciais consumidores conectados, não é difícil entender o apetite das grandes marcas de consumo de massa em se associar aos eventos. Essa associação oferece, no mínimo, um alto grau de visibilidade e um atestado de grandeza. No entanto, nem tudo são flores. O simples acesso ao selecionado time de patrocinadores da Copa do Mundo da Fifa ou dos Jogos Olímpicos não é suficiente para garantir um retorno adequado do investimento. A decisão sobre o patrocínio O primeiro passo é avaliar como o patrocínio irá alavancar a estratégia da empresa, que deve direcionar a decisão do patrocínio, e não vice-versa. Decidir por patrocinar um evento porque o principal concorrente patrocina outro pode inflacionar o custo, comprometendo o retorno do investimento. Fechar um contrato para só depois pensar em como utilizá-lo tende a limitar a capacidade do patrocinador de alavancar o evento para gerar impacto no negócio. Adicionalmente, é preciso fazer uma análise financeira robusta para garantir que a empresa tenha “pulmão” para suportar os investimentos necessários. O custo da cota de patrocínio é, muitas vezes, pouco relevante em comparação com o que deve ser investido na ativação desse patrocínio (por exemplo, compra de mídia). Além disso, o retorno do investimento não é imediato, e, portanto, o descasamento temporal entre os investimentos realizados antes e durante o evento e o retorno posterior requer um gerenciamento cuidadoso de fluxo de caixa e um forte pré-alinhamento com a liderança da empresa e/ou acionistas. Finalmente, é crítico entender com clareza o que está sendo adquirido na prática. Em alguns casos, a cota de patrocínio é apenas o “abre-alas” que dá acesso a adquirir, mediante investimento adicional, as propriedades que realmente interessam. Em outros casos, restrições impostas por contratos preexistentes com outros patrocinadores podem limitar a ativação efetiva do patrocínio. Portanto, entender quais direitos (e deveres) estão incluídos e, mais importante, quais não estão incluídos, é fundamental. Parece básico, mas muitas vezes os executivos responsáveis pela tomada de decisão não têm tempo nem paciência para executar a diligência adequada. A consequência é frustração futura tanto para o patrocinador como para o organizador do evento, pois ambos acabam gastando mais tempo discutindo divergências do que construindo iniciativas de criação de valor mútuo. A ativação do patrocínio Quando, em 1928, a Coca-Cola decidiu patrocinar os Jogos Olímpicos, a oportunidade de vender produtos durante o evento era o principal atrativo do patrocínio. Já em 1974, quando a empresa se tornou parceira oficial da Fifa, a possibilidade de associar a marca ao evento por meio das placas de campo e campanhas de marketing passou a ser vista como o principal ativo do contrato. Atualmente, ambas as parcerias são tratadas como peças estratégicas fundamentais para acelerar o atingimento da visão de longo prazo do negócio como um todo. O exemplo da Coca-Cola, parceira mais antiga do Comitê Olímpico Internacional (COI) e da Fifa, ilustra a evolução na utilização do patrocínio de grandes eventos: ao princípio, uma oportunidade comercial; posteriormente, uma plataforma de marketing; finalmente, uma alavanca de resultados de negócio. No entanto, para efetivamente gerar o impacto no negócio, é preciso muito mais do que uma assinatura de contrato. É necessário um planejamento de longo prazo, investimentos que vão muito além da cota de patrocínio e pessoas dedicadas a fazer isso acontecer. Em primeiro lugar, é fundamental definir as alavancas que se quer mover por meio da ativação do evento: os legados de negócio. Os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo da Fifa duram apenas 16 e 31 dias, respectivamente. Portanto, o que acontece antes e, principalmente, o que fica depois é mais importante do que o que é feito durante o evento em si. Para a Coca-Cola Brasil, além do objetivo de aumentar a conexão com consumidores, definimos como legados o desenvolvimento do movimento de reciclagem, o estímulo à vida ativa e saudável e o estabelecimento de parcerias com comunidades carentes. Nesse contexto, um exemplo de iniciativa é a criação da Copa Coca-Cola, campeonato de futebol para meninos e meninas de 13 a 15 anos que ocorre nas comunidades e que tem como objetivo estimular a vida ativa com os participantes e suas famílias. A Copa Coca-Cola tem mais de 10 mil jogadores por ano em todo o País, e parte destes jogadores terá a oportunidade de participar da Copa do Mundo como gandulas. Tiago Chediak / Divulgação Coca-Cola especial Arena Coca-Cola Copa do Mundo da FIFA 2010, São Paulo Após definir os legados, deve-se ter uma clara estratégia de marketing para a ativação do evento. Nos seis meses antecedentes, a população será bombardeada por mensagens relativas ao evento, e as marcas que conseguirem oferecer experiências diferenciadas aos seus consumidores serão as que otimizarão o benefício. Um exemplo de ativação diferenciada nos Jogos Olímpicos de Londres é o programa Chamas do Futuro, no qual a Coca-Cola oferece a 8 mil jovens de toda a Grã-Bretanha que demonstrem causar um impacto positivo em suas comunidades a oportunidade de participar do revezamento da tocha olímpica. Finalmente, é importante criar uma estrutura para viabilizar a implementação das iniciativas relacionadas ao evento. Na Coca-Cola temos um time dedicado aos eventos que começou a ser montado em 2010 e chegará a 300 pessoas em 2014 e 600 em 2016. Esse time é multifuncional, tem um orçamento próprio e lidera rotinas e processos específicos para garantir o engajamento de todas as áreas da companhia no projeto. As oportunidades que os maiores eventos do mundo trarão para o Brasil são significativas, e os parceiros atuais e futuros desses eventos têm a chance de usar o patrocínio como uma plataforma de alta aceleração de iniciativas estratégicas. Mas, para isso, precisarão garantir o nível de investimento e planejamento necessários. “O exemplo da Coca-Cola, parceira mais antiga do COI e da FIFA, ilustra a evolução na utilização do patrocínio de grandes eventos: ao princípio, uma oportunidade comercial; posteriormente, uma plataforma de marketing; Finalmente, uma alavanca de resultados de negócio” Edição 275_Brazilian Business_43 especial Os Jogos Olímpicos de 1996 mudaram Atlanta Shirley Franklin_ex-prefeita de Atlanta e, à época da Olimpíada, vice-presidente sênior de relações externas da cidade que ajudou no desenvolvimento do Centennial Olympic Park consulado dos eua “O Shirley Franklin discute o legado social dos Jogos Olímpicos de Atlanta em seminário no Rio de Janeiro, em outubro de 2011 “A população de Atlanta utilizou os jogos para conquistar o apoio da comunidade e do setor privado e, assim, promover o desenvolvimento econômico da cidade, aprimorar a malha de infraestrutura e melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos” 44_Edição 275_mai/jun 2012 sucesso dos Jogos Olímpicos de 1996 permanece registrado no coração das pessoas que fizeram do evento uma realidade. As memórias de colaboração, boa vontade e amizade irão marcar nosso futuro e serão recordadas como o legado mais permanente da Olimpíada.” Com essas palavras, Ginger Watkins, uma das mais importantes autoridades do Comitê Olímpico de Atlanta e editora do relatório oficial dos Jogos Olímpicos do Centenário, também conhecidos informalmente como os Jogos de Atlanta, capturou o espírito e os sentimentos de milhares de pessoas que planejaram o evento e recepcionaram o mundo na cidade no verão de 1996. O embaixador Andrew Young e o presidente do Comitê Olímpico de Atlanta, Billy Payne, relatam sentimentos semelhantes sempre que são entrevistados. Os Jogos Olímpicos permanecem registrados no coração dos habitantes da capital da Geórgia – sejam eles idosos ou jovens. Pessoas de todo o Estado, provenientes das mais diversas esferas da sociedade e com orientações políticas variadas, passaram seis anos preparando a cidade para receber delegações de 197 países, 10 mil atletas e mais de 2 milhões de visitantes. No maior evento da história de Atlanta, os habitantes da cidade aproveitaram essa oportunidade única para promover sua história, sua hospitalidade sulista e seu ambiente empresarial. A população de Atlanta utilizou os jogos para conquistar o apoio da comunidade e do setor privado e, assim, promover o desenvolvimento econômico da cidade, aprimorar a malha de infraestrutura e melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos. Ao longo do período preparatório para a Olimpíada, e durante sua realização, Atlanta se mostrou uma cidade emergente no cenário internacional, com seus líderes empresariais e cívicos utilizando cada oportunidade oferecida pela mídia para promover a imagem do local. Essa mensagem coordenada foi essencial para atingir o objetivo de garantir que os Jogos Olímpicos tivessem sucesso e deixassem um sólido legado de investimento privado e desenvolvimento econômico. Os organizadores dos jogos e as pessoas que os apoiaram trabalharam por uma extensa cobertura de mídia em nível nacional e global, com a Olimpíada desempenhando um papel de extremo valor para alavancar o branding da cidade. Atlanta investiu tanto na construção de novos estádios esportivos, hotéis e restaurantes quanto na melhoria de ruas, calçadas e cabos de fibra ótica. Esses investimentos renderam frutos, com o impacto econômico dos jogos excedendo US$ 5 bilhões. Todas as instituições importantes – tanto do setor público como do privado – desenvolveram e implementaram uma “estratégia olímpica” para preparar Atlanta para seu grande dia: a abertura dos jogos. Cada hotel foi renovado, e muitos novos hotéis e restaurantes construídos. Cinco anos após a Olimpíada, o número de convenções sediadas pela cidade e de visitantes internacionais cresceu exponencialmente. Atlanta permanece sendo uma das principais cidades dos Estados Unidos na atração de turistas e convenções. Os líderes empresariais de Atlanta, incluindo a Metro Atlanta Chamber of Commerce, implementaram um robusto programa de desenvolvimento empresarial internacional, e organizações setoriais ampliaram seus programas para refletir a imagem de Atlanta como uma cidade internacional destinada a se tornar um importante ator econômico global. Empresas desenvolveram parcerias com instituições artísticas para patrocinar a Olimpíada Cultural de Atlanta por meio de investimentos nas instituições culturais locais e na divulgação das artes e dos artistas da região. Os eventos culturais, ocorridos durante os quatro anos que antecederam os jogos e durante nove semanas no verão de 1996, incluíram quatro festivais internacionais, produziram a primeira exposição de artistas mulheres na história da Olimpíada e culminaram com exposições, apresentações e atividades públicas assistidas por milhares de visitantes e pelos habitantes da cidade. A amplitude global desses eventos se reflete hoje em parcerias e programas culturais envolvendo a comunidade artística de Atlanta, como a colaboração do High Museum com o Museu do Louvre. Centennial Olympic Park, Geórgia, Atlanta A Atlanta Housing Authority, agência responsável pelo desenvolvimento e pela administração de residências subsidiadas para famílias de baixa renda da cidade, criou um amplo modelo para o estabelecimento de comunidades de renda mista. Esse projeto obteve grande sucesso na conquista de investimentos privados, encorajou a reforma de escolas e continua a promover bairros sustentáveis de economia integrada em áreas que, antes dos jogos, foram marcadas pela degradação. Esse modelo é hoje reconhecido em nível nacional como uma estratégia de sucesso para energizar e revitalizar comunidades de baixa renda. Para aqueles que têm interesse em temas de justiça social, esse modelo contribuiu significativamente para a reforma da política nacional de habitação pública dos Estados Unidos. Os Jogos de Atlanta adotaram um programa rigoroso de inclusão no emprego e nos negócios, fundamentado nos princípios da justiça e de oportunidades econômicas iguais para todos os residentes. A iniciativa foi elaborada a partir dos modelos desenvolvidos com sucesso pela cidade nas áreas de programas para minorias e empresas de mulheres. Os resultados foram nada menos que espetaculares: mais de 30% dos funcionários do Comitê Organizador eram minorias e mais de 50% de mulheres estavam representadas nos níveis mais elevados da organização. Mais de 350 trabalhadores provenientes de bairros economicamente desfavorecidos conseguiram treinamento e empregos na construção das instalações olímpicas. Centenas de estudantes universitários receberam treinamento e, durante os jogos, atuaram como estagiários na indústria de rádio e TV. Na área da construção civil, empresas de minorias e mulheres representaram 35% dos contratos relacionados a design e construção. Centenas de pequenas empresas, de minorias e mulheres, atuando em dezenas de áreas de especialização forneceram bens e serviços, gerando um retorno maior que 30% para cada dólar gasto. Os Jogos de Atlanta expandiram a experiência empresarial e as oportunidades de negócio para centenas de empresas de minorias e mulheres, proporcionaram treinamento e emprego para centenas de trabalhadores de baixa renda e geraram estágios em broadcasting para centenas de jovens. Milhares de jovens da Geórgia participaram de programas educativos como estudantes e voluntários. Todos os alunos do quinto ano aprenderam sobre a Olimpíada por intermédio de um currículo multidisciplinar especialmente desenvolvido para os jogos. Outros estudantes participaram de Olympic Youth Camps, da Banda Olímpica, do programa de liderança Dream Team e do Dia Olímpico nas Escolas. Os estudos regulares foram, dessa forma, conectados aos ideais olímpicos. O legado físico dos Jogos de Atlanta foi abundante. O aspecto mais notável foi o Centennial Olympic Park, que substituiu uma área degradada no centro da cidade, repleta de construções dilapidadas, por um parque comemorativo com 21 acres de extensão. Hoje, o Centennial Olympic Park recebe milhares de turistas e residentes que o visitam com família e amigos em busca de recreação e também para assistir a shows. O parque estimulou o investimento de milhões de dólares em novas residências e espaços comerciais no centro de Atlanta. O Estádio Olímpico foi adaptado para servir como sede para o Atlanta Braves, time profissional de beisebol da cidade. A adaptação da Vila Olímpica para dormitórios universitários dos quais a cidade tinha muita necessidade, a construção de novos estádios esportivos nos espaços de faculdades e universidades de Atlanta, os vários quilômetros de ruas e calçadas recuperadas, a instalação de fibras óticas no centro da cidade, dezenas de instalações de arte pública e o desenvolvimento de novos parques urbanos são alguns dos diversos legados permanentes da Olimpíada. Nada na história de Atlanta nos últimos cem anos se compara à importância dos jogos para a cidade. Com os Jogos Olímpicos do Centenário, Atlanta se definiu como uma cidade vibrante, global e progressiva, pronta para o século 21. Edição 275_Brazilian Business_45 especial A transformação das cidades em uma década de oportunidades Pedro Almeida_vice-presidente de vendas da IBM Brasil e 2º vice-presidente da Amcham Rio mpresas e governos em todo o mundo têm trabalhado para criar Essa necessidade de investimentos nos tecnologias que ajudem a modernizar as infraestruturas e desen- centros urbanos ocorre em um momento volver as cidades para que sejam capazes de se adaptar tanto a perío- de crescimento da economia brasileira, dos de crescimento quanto de contração. Apesar da crise financeira que tem impulsionado ações importantes internacional, cerca de 1 milhão de pessoas em todo o mundo mi- em outras áreas cruciais para o desenvolgram para as cidades a cada semana. Até 2050, 70% da população do vimento de um país. Além das demandas planeta estará vivendo nas cidades e, no Brasil, esse número já terá criadas pela proximidade dos grandes chegado a 80%. A alta urbanização representa grandes oportunida- eventos, o crescimento de setores-chave, des econômicas, mas também desafios sociais e ambientais. Inves- como a indústria petrolífera, torna o intimentos em tecnologia são imprescindíveis para adaptar a infraes- vestimento em infraestrutura uma prioritrutura das cidades em busca de mais sustentabilidade, crescimento dade. Áreas como transporte, telecomue progresso social. nicações, aeroportos, segurança pública, Foi o que ocorreu no Rio de Janeiro, considerado a primeira construção civil e energia devem receber cidade inteligente do País. Além dos desafios normais de qualquer aportes relevantes tanto do governo como município em crescimento, a cidade apresenta necessidades ainda da iniciativa privada. Dados da Associamais urgentes de se adaptar para receber os megaeventos dos próxi- ção Brasileira da Infraestrutura e Indúsmos anos, principalmente os jogos da Copa do Mundo de 2014 e a trias de Base (Abdib) mostram que o País Olimpíada de 2016. Como parte de sua preparação, a cidade investiu precisa de, pelo menos, R$ 188,6 bilhões em tecnologias inteligentes e infraestrutura capazes de transformar em investimentos por ano até 2015. Seseus sistemas e melhorar a vida de seus cidadãos. gundo a Abdib, a maior demanda vem do O exemplo mais emblemático disso foi a criação do Centro de segmento de petróleo e gás, que seria de Operações Rio. O projeto foi idealizado em 2010, quando a cidade R$ 434 bilhões até 2015. Em seguida, está sediou um fórum para discussão de inovações que ajudassem os o setor de transporte de logística, com R$ centros urbanos do mundo a sustentar seu crescimento e se de- 175,9 bilhões, seguido pelo segmento de senvolver de forma inteligente. A partir daí foram iniciadas as con- energia, com R$ 145,3 bilhões. versas para a criação do Centro de Operações, o maior centro do O cenário econômico, político e social mundo, que integra informações de 30 órgãos de gestão da cidade que o País vivencia hoje impele governos para melhorar a capacidade de resposta da Prefeitura em relação a e empresas a tomar ações concretas de vários tipos de incidentes. transformação de infraestruturas e sisAlém disso, o laboratório de pesquisa da IBM Brasil desenvol- temas. O que precisamos garantir é que veu, especialmente para a cidade, o Pmar, um sistema pioneiro de as decisões por investimentos levem em Previsão Meteorológica de Alta Resolução, elaborado de acordo com consideração as demandas imediatas e as necessidades e características topográficas do Rio, o qual é capaz as projeções futuras, analisando aspecde prever chuvas fortes com até 36 horas de antecedência. Sabendo tos como sustentabilidade e qualidade de de antemão as condições históricas e topográficas da cidade, a Pre- vida. A herança que esta década de cresfeitura pode estruturar e acionar as forças públicas para responder a cimento pode deixar para os cidadãos reeventos como enchentes e deslizamentos de forma mais rápida e efi- presentará um salto de desenvolvimento caz. Não se pode fazer com que uma encosta não deslize, mas é pos- para o Brasil, desde que se aproveite essa sível salvar vidas e minimizar situações de risco para os cidadãos. oportunidade como um grande catalisaA implantação do centro tem inspirado outras metrópoles bra- dor de transformações em nossas cidades sileiras a buscar soluções que aumentem a eficiência e a agilidade da e infraestruturas. administração urbana. Iniciativas como esta tangibilizam o compromisso dos gestores públicos em investir em sistemas que contribuam não apenas para o funcionamento e a organização das cidades durante os megaeventos, mas, principalmente, que sejam um legado para os cidadãos. Esses “Investimentos em tecnologia são imprescinprojetos confirmam a grande oportunidade díveis para adaptar a infraestrutura das que as cidades brasileiras têm nas mãos para cidades em busca de sustentabilidade, infligir enormes transformações em suas infraestruturas e, consequentemente, na qualicrescimento e progresso social” dade de vida da população. 46_Edição 275_mai/jun 2012 roberto stuckert filho/pr E A presidente Dilma durante visita ao Centro de Operações Rio Edição 275_Brazilian Business_47 especial O porto do Rio, da Copa e da Olimpíada Márcio Fortes_presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO) e ex-ministro das Cidades no governo Lula P ara concorrer a sediar grandes eventos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, a União, os Estados e municípios assumiram, em cada caso, compromissos específicos por meio de respectivos documentos garantidores, firmados pelos titulares dos três níveis federativos. O porto do Rio de Janeiro está incluído nos compromissos para a realização tanto da Copa do Mundo de 2014 quanto da Olimpíada de 2016. Em ambos os casos, o tema básico diz respeito ao item acomodações. A importância do porto está sendo considerada não como ponto de entrada de passageiros e cargas para os eventos, mas pela possibilidade de contribuir para resolver a questão da insuficiência de quartos da rede hoteleira no Rio de Janeiro, em paralelo aos estímulos oficiais em curso para aumento dos investimentos privados nesse setor. Como? Por intermédio da utilização de navios cruzeiros de passageiros que ficarão atracados durante a realização das competições. Para ser viável essa solução, foi necessária a decisão de ampliar a área de atracação desses navios, com a construção de um novo píer. Depois de muitas discussões quanto à melhor área para sua localização, que menos interferisse na operação dos navios de carga e que menos exigisse em termos de dragagem, ficou acertada a construção de um píer em formato de Y entre os armazéns 2 e 3, com uma perna de 350 metros e dois braços de 400 metros cada um. Com isso, poderão ser atracados seis navios, além da alternativa de mais um ao longo do cais. Toda essa área estará reservada à destinação hoteleira, continuando no restante do cais a presença dos demais navios cruzeiros em seus roteiros turísticos rotineiros. O término da construção do novo píer, ora em fase final de licitação, deverá ocorrer em março de 2014. Em 2016, cerca de 10 mil quartos estarão disponíveis nesses sete hotéis flutuantes, para abrigar 24 mil hóspedes, incluindo, basicamente, dirigentes, patrocinadores e equipes de apoio. Ainda está em avaliação a possibilidade de utilização por parte dos espectadores dos eventos. Uma complexa adequação do porto será necessária para assegurar, ao longo do período dos eventos, abastecimento de água, tratamento de esgotos, fornecimento de alimentos e materiais de consumo a bordo, proteção de corpo de bombeiros, serviços de emergência hospitalar, telefonia, banda larga e caixas eletrônicos; e logística de transporte para a circulação dos passageiros no píer, com integração aos táxis, ônibus, BRTs, VLTs, metrô e trens. O item segurança exigirá especial atenção, assim como as questões tributárias da atividade hoteleira. 48_Edição 275_mai/jun 2012 Imagem de como será o Museu do Amanhã, uma das obras que promete revitalizar a Zona Portuária do Rio Vale lembrar que os navios, uma vez atracados, farão operações nacionais, uma vez que seus hóspedes terão chegado ao Brasil por outros modais. Serão hóspedes, e, não, passageiros. Para isso ocorrer, uma parte do porto deverá ser desalfandegada. O Grupo de Trabalho coordenado pela Autoridade Pública Olímpica (APO), com a participação de representantes da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), da Prefeitura, do Governo do Estado e do Comitê Rio 2016, encaminha as soluções necessárias a todos esses pontos. Intrincadas questões de interligação de estruturas de transportes de dentro com as de fora do porto foram finalmente há pouco resolvidas. A progressiva revitalização da área portuária contribuirá para proporcionar um melhor ambiente a essa operação hoteleira, a começar com a estação de passageiros e com os primeiros armazéns recuperados, onde vários eventos culturais e comerciais de porte já são realizados. O Museu do Amanhã, no velho píer; No caso do porto do Rio, a efetivação de “A importância do porto está a nova Praça Mauá, com o Museu de Arte vigoroso programa de dragagem no âmbito sendo considerada pela do Rio (MAR), ambos parcerias culturais do PAC impulsionou suas operações, que possibilidade de contribuir com a Fundação Roberto Marinho; a reforestão sendo revigoradas com as autorizações para resolver a questão da mulação de todo o esquema de circulação da Agência Nacional de Transportes Aquainsuficiência de quartos da viária na região portuária e a construção viários (Antaq) para ampliação de berços, de modernos edifícios comerciais, impulpor meio de substanciais investimentos do rede hoteleira no Rio” sionados pelo mecanismo dos Certificados setor privado, que se consolida no modelo de Potencial Adicional de Construção (Cede gestão da estrutura portuária pública. pacs), além de projetos habitacionais privados e governamentais, Mas não há como negar que, em decorrência da Copa e dos Jogos se inserem em um novo contexto urbanístico que se integra à bela Olímpicos, ficarão como legados importantíssimos a radical melhopaisagem da Baía de Guanabara. ria das condições de recepção aos passageiros que demandam o Rio Ainda na região portuária funcionarão, na Olimpíada, instala- via marítima e o aumento significativo da área de cais destinada aos ções de acomodações como as vilas dos árbitros e de mídia, além modernos e cada vez maiores navios cruzeiros, com a construção de centro de controle dos jogos e área para credenciamento e dis- do novo píer – novo e original píer, vizinho do antigo, que, em nova tribuição de uniformes. função não mais portuária, passará a sustentar estrutura arquitetôO Rio vem passando por mudanças e assim continuará, e nica futurista de um belo museu, abrigando importantes iniciativas não apenas no porto. Mas nem tudo se deve aos grandes eventos. culturais no âmbito do Porto Maravilha. Muitas mudanças são decorrentes de políticas públicas em curso Em síntese, somam-se de maneira altamente positiva as ações ou programadas no âmbito do Programa de Aceleração do dos dirigentes públicos e privados de nosso País com as demanCrescimento (PAC), desde 2007, antes mesmo da escolha do Rio das da Fifa e do Comitê Olímpico Internacional (COI) no senticomo sede olímpica, nas parcerias da União com o Estado ou o do da realização de uma grande Copa do Mundo e dos melhores município do Rio de Janeiro. Mas os eventos podem contribuir Jogos Olímpicos, ao mesmo tempo que se objetiva tornar o Rio para ações novas ou para antecipar a realização de outras. uma cidade cada vez mais maravilhosa. Ganha o porto, ganha o O importante é lembrar que haverá legados de peso: para a Rio de Janeiro! imagem do País, o turismo, o estímulo às atividades esportivas, a modernização da infraestrutura, mais ações voltadas para a sustentabilidade e acessibilidade e melhoria da qualidade de vida. E para algo intangível: o orgulho de ser nacional do País que se afirma cada vez mais no cenário internacional ao demonstrar sua capacidade para realizar, com o maior êxito, eventos da magnitude de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada. Edição 275_Brazilian Business_49 especial Não temos tempo a perder: as transformações do Brasil de 2020 já começaram! impactos consolidados da copa do mundo de 2014 A) Impacto sobre a demanda final (gastos no Brasil relacionados à Copa) R$ 29,6 bilhões Investimentos R$ 22,46 bilhões Despesas operacionais R$ 1,18 bilhão Despesas de visitantes R$ 5,94 bilhões Marcos Nicolas_diretor-executivo da Ernst & Young Terco B) Impacto sobre a produção nacional de bens e serviços R$ 112,79 bilhões A C) Impacto sobre a renda (gerada pelo item A) R$ 63,48 bilhões Copa do Mundo da Fifa de 2014 será um grande catalisador de investimentos privados e de ações do setor público para montar a infraestrutura necessária à sua organização. O megaevento esportivo atrairá olhares de mais de 30 milhões de espectadores. De acordo com o relatório Brasil Sustentável – Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo 2014, produzido pela Ernst & Young Terco em parceria com a Fundação Getulio Vargas, a movimentação econômica gerada pelo evento será muito significativa. Considerando os investimentos diretos e os reflexos sobre a produção de bens e serviços, o impacto econômico será na ordem de R$ 142 bilhões. Estima-se que as despesas com visitantes movimentem pelo menos R$ 6 bilhões, ou seja, impacto direto provocado pelo fluxo de aproximadamente 600 mil vindos do exterior e três milhões internos, entre profissionais, fãs e turistas atraídos por um País que respira futebol, sua hospitalidade e belezas naturais. Os setores de construção civil, hotelaria e turismo, alimentos e bebidas, energia, saneamento e serviços em geral serão os mais beneficiados. O impacto na renda da população será superior a R$ 63 bilhões, e a arrecadação tributária terá um crescimento de R$ 18 bilhões em função do aumento da produção. Por tudo isso, é fundamental que os empresários e empreendedores entendam bem as oportunidades para os negócios o mais rápido possível e se preparem para capturá-las visando o desenvolvimento empresarial que ultrapassa 2014 e nos colocará em posição de oferecer nosso know-how para outros países e eventos similares. A pouco mais de dois anos até o grande evento, e a cerca de um ano da Copa das Confederações para que seis das 12 cidades-sede se apresentem, temos a chance de mostrar ao mundo a capacidade brasileira de realização, quem realmente somos e o que queremos ser nas próximas décadas. Vejo o período que se aproxima como a oportunidade para impor uma marcha de desenvolvimento constante e consistente para as próximas décadas, bem diferente do milagre passado, que empurrou o País para uma inflação corrosiva e estagnação nos setores estruturantes da economia. Nossos desejos para a Copa e a Olimpíada no Brasil incluem passar do status de uma grande aposta para uma realidade de desenvolvimento, com a atração de investimentos e a consolidação do País na economia global. Mais ainda, desejamos os reflexos inevitáveis, como o aumento de empregos, renda, produção, consumo e, consequentemente, de riqueza. Mas isso exige que o Brasil encare grandes desafios em inovação, buscando a geração de novos negócios e de novas tecnologias. A oportunidade de desenvolvimento de negócios e da economia nacional é inegável. No entanto, tais investimentos trazem riscos e a necessidade de capital e mão de obra qualificada, além de mudanças nos modelos tecnológicos, de negócios e estruturas de gestão. 50_Edição 275_mai/jun 2012 Entre 2007 e 2009, estivemos envolvidos com a euforia dos anúncios como país-sede dos dois principais eventos esportivos mundiais. Após as eleições e a Copa na África em 2010, em 2011 vencemos a etapa de planejamento dos projetos de infraestrutura. Vivemos agora, em 2012, uma verdadeira corrida para fechar o ciclo de projetos complementares à infraestrutura de suporte e serviços. Só então será possível partir para o ciclo decisivo – o de operação –, quando teremos dado o pontapé inicial para os maiores eventos midiáticos do planeta, capazes de transformar o comportamento do cidadão, do empresariado e dos governantes brasileiros em prol de uma gestão eficiente. A lista de compromissos para a realização da Copa e dos eventos associados em cada uma das 12 cidades-sede é extensa. Passa não apenas pelos estádios, como pelos seus entornos, pela infraestrutura de tecnologia da informação e telecomunicação, pelos centros de mídia (IMCs) e de transmissão dos jogos (IBCs) e pelas instalações dos Fan Parks (grandes áreas de lazer para diversão pública e gratuita). E não acaba por aí: a infraestrutura local deve atender aos padrões para viabilizar o evento, com complexos hoteleiros para recepcionar as seleções e os torcedores e capacidade de transporte e mobilidade urbana. A estrutura se estende ainda às cidades que receberão as 32 seleções classificadas até um mês antes do evento. Em menores proporções, os chamados Centros de Treinamento de Seleções exigem infraestrutura para receber visitantes, mídia e torcedores que acompanham suas seleções. Diante disso, não há muito tempo para que as empresas se adaptem aos impactos na economia brasileira estimados em R$ 142 bilhões, que já são percebidos pelos investimentos em infraestrutura desde 2010. D) Impacto sobre o emprego (ocupações/ano geradas pelo item A) 3,63 milhões E) Impacto sobre a arrecadação tributária R$ 18,13 bilhões Setores mais beneficiados (atividades econômicas com maior aumento na produção) Construção civil Alimentos e bebidas Serviços prestados às empresas Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana Serviços de informação Turismo e hotelaria Para as empresas que já deveriam ter suas estratégias de negóCumprir exigências impostas pela Fifa significa muito mais cio traçadas, o momento é de se lançar na realização de planos de do que selar a imagem do Brasil como país capaz de organizar negócios e na capacitação de profissionais. Se a opção escolhida com seriedade uma competição de dimensões internacionais. for expansão para além das fronteiras e aproveitar a visibilida- Alcançaremos outro patamar socioeconômico e estrutural, chede que esses eventos trarão, é preciso definir onde e como agir, gando mais perto do almejado status de quinta maior economia pensar grande e endereçar essas questões com profissionalismo do planeta. A vitória em campo será motivo de orgulho, mas buse visão empresarial. camos também a vitória fora do campo, com competência, proEstá em jogo o futuro das próximas fissionalismo e desenvolvimento. O que gerações e lideranças deste País. A Copa importa agora não é saber se teremos os “desejamos os reflexos já começou e não há mais tempo ou moestádios prontos a tempo, este medo ficou inevitáveis, como o aumento tivos de espera. O setor privado entra de no passado. Faremos a Copa e ela será um de empregos, renda, vez nesse jogo, trazendo sua capacidade de sucesso! O que mais importa é o que ela produção, consumo e, realização e compartilhando experiências deixará para os cidadãos e para nossa ecoe melhores práticas com o setor público. nomia, e se teremos condições de dar conconsequentemente, de Só com essas duas forças juntas, alcançaretinuidade ao que se começou e deverá ir riqueza deste País” mos a inovação e a integração de um país muito além de 2014. Para isso precisamos continental. Direcionadas essas questões de fato ter uma mudança de mentalidade de infraestrutura e posição estratégica, governos e iniciativa pri- para não pensar apenas em ganhar durante os 30 dias do evento vada devem focar em modelos de negócio, planejamento opera- e olhar adiante para continuar os investimentos e a consolidação cional e gestão para agregar eficiência e credibilidade ao quadro de nossas empresas e negócios de forma mais duradoura e susde grandes expectativas e perigosos desafios. União é a palavra de tentável. Este será o grande capital e legado para uma nação que, ordem na criação de uma agenda positiva para alcançar o ciclo muito além de ser conhecida como país do futebol ou economia virtuoso que o cenário promete. emergente, quer ser um expoente entre os países desenvolvidos e estar preparada para os desafios de 2020 e das próximas décadas a partir das grandes transformações que se iniciaram. Edição 275_Brazilian Business_51 especial O legado da Copa e da Olimpíada para o Rio Benedicto Barbosa da Silva Junior_presidente da Odebrecht Infraestrutura Q uando o Rio de Janeiro deixou de ser Um dos primeiros melhoramentos na área a capital do País, não houve um plade transporte urbano é o corredor expresso de no para compensar as perdas que a cidade ônibus Transoeste, que liga a Barra da Tijuca iria ter com a mudança. Na época, havia até à Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade, com mesmo a ingênua aspiração de que o esva56 quilômetros de extensão. A primeira etapa ziamento poderia diminuir as demandas da Transoeste está sendo entregue à cidade e, por transportes e serviços públicos, o que em breve, começarão as obras da Transolímacabaria resultando em benefícios para os pica, nova via de ligação entre o Recreio dos moradores que aqui permaneceriam. Bandeirantes e Deodoro, com faixas para o Com a mudança, a partir dos anos 1960, trânsito de veículos e pistas exclusivas para o o Rio passou a sofrer um processo de esvasistema de BRTs (bus rapid transit). ziamento econômico, que se agravou com o Os novos corredores se ligarão na Barra declínio de sua importância política e com da Tijuca à expansão do sistema de metrô, os sucessivos desencontros entre os govercuja construção segue avançada em direção nantes locais e o Governo Federal. Felizà Gávea e, neste bairro, se completa com as mente, esse processo começou a ser sanado obras entre Ipanema e Leblon. O conjunto de nos últimos anos e, hoje, todos que aqui novas vias, corredores de BRTs e expansão do moramos podemos sentir os seus efeitos metrô tornará a cidade mais integrada, facilibenéficos, pois não há dúvidas de que este tando o deslocamento de seus moradores e, “Faltava o plano para é um lugar de futuro e não mais apenas de certamente, impulsionará ainda mais a geraressarcir o Rio pela perda lembranças do passado. ção de novos negócios, renda e empregos. de sua condição de capital Mas faltava ainda o plano para ressarcir Outro grande desafio em curso é o federal. Essa oportunidade o Rio pela perda de sua condição de capital plano de modernização do sistema de trens chegou com os grandes federal, vivida por quase dois séculos. Essa da região metropolitana do Rio, trabalho eventos que a cidade irá oportunidade chegou com os grandes evenque já está em execução, em ação conjunta tos que a cidade irá sediar nos próximos do Governo do Estado com a SuperVia, a sediar nos próximos anos” anos, com destaque para a Copa do Mundo empresa concessionária. Até a Olimpíada, de 2014 e a Olimpíada de 2016. A conjunção estão sendo investidos R$ 2,4 bilhões na das exigências geradas por esses eventos e o alinhamento entre compra de novos trens, em reformas e na construção de estações, Prefeitura, Governo do Estado, União e as organizações represen- recuperação de trilhos e de sinalização. Até hoje circulam trens que são tativas da sociedade criou um cenário propício para grandes in- da época em que o Rio era a capital federal, composições que sujeitam vestimentos, que irão resultar em uma melhora sensível na quali- o carioca a um sofrimento diário. Já está mais do que na hora de mudar dade de vida dos moradores, bem como em novo impulso para a essa história. continuidade de um processo de desenvolvimento sustentável. Falando em história, com certeza a Olimpíada de 2016 será lembraEntre as iniciativas que estão em curso, talvez a mais emble- da nas próximas décadas pela revitalização e reurbanização da Região mática seja a reforma do Maracanã, que significa o rejuvenesci- Portuária, o projeto Porto Maravilha, que é a maior operação de Parceria mento do estádio construído para ser o marco da Copa de 1950, Público-Privada urbana do País. A iniciativa, comandada pela Prefeitua última sediada pelo Brasil. Na época, o gigante era a demons- ra, significa a recuperação de uma região que foi o coração econômico tração da capacidade brasileira de empreender obras complexas. da cidade desde o século 17. Novas avenidas, túneis, equipamentos e serAgora, o estádio passa por um processo completo de revitaliza- viços públicos, além da remoção da Perimetral, farão dos bairros portução que certamente o tornará uma referência em conforto, segu- ários a área privilegiada de investimentos e crescimento econômico do rança e tecnologia, em sintonia com as mais rigorosas exigências Rio. Sem demérito para as outras intervenções, esta talvez seja a que terá do século 21. maior impacto positivo para a cidade, pelo seu conjunto e localização. Porém, é a Olimpíada que define o horizonte de transformaA Construtora Norberto Odebrecht chegou ao Rio nos anos 1970 ções pelas quais o Rio está passando. Em 2016, a cidade terá um para a construção do Aeroporto do Galeão e da Usina Nuclear de Ansistema de transporte urbano muito mais abrangente e adequado gra 1. Para cá transferiu, em 1993, sua sede e aqui permaneceu mesmo para atender sua população, e estão em curso iniciativas para ex- quando os ventos não eram tão favoráveis. Obras como a sede da Petropandir os seus serviços de saneamento e despoluição. São essas bras, do BNDES, o Rio Sul, a Uerj e a usina Angra 2 mostram como são obras que constituirão o grande legado olímpico para os cariocas, sólidos os nossos laços com esta cidade e este Estado. somadas, é claro, às arenas e aos equipamentos esportivos que Nos próximos anos, queremos renovar esses laços e trabalhar para serão instalados para os jogos, tendo como exemplo de destaque que o Rio ofereça ainda mais qualidade de vida para toda a população, o o Parque Olímpico, em Jacarepaguá. maior legado que os grandes eventos podem deixar. 52_Edição 275_mai/jun 2012 Edição 275_Brazilian Business_53 Seja um Associado Amcham Rio. ponto de vista Eduardo Machado Sócio do escritório Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello Marketing de emboscada: uma abordagem mais equilibrada sobre a proteção desejada O marketing de emboscada é um conceito relativamente recente que evoluiu da concorrência acirrada e dos lucrativos benefícios gerados pelos grandes eventos esportivos como a Olimpíada e a Copa do Mundo. Embora não constitua necessariamente uma violação das leis tradicionais de propriedade intelectual que protegem as marcas e concorrência desleal, considera-se que o marketing de emboscada ocorre quando há associação indevida e não autorizada com o evento ou o uso de símbolos e marcas registradas do evento por parte de não patrocinadores. O exemplo mais citado ocorreu na África do Sul, com um grupo de torcedoras usando roupas de uma cor associada a uma marca de cerveja que, no caso, não era patrocinadora do evento. Para tornar mais atraentes suas propostas para sediar um evento e face à crescente demanda por patrocinadores, muitos países aprovaram legislações especiais para evitar o marketing de emboscada, sem dar, porém, a devida consideração aos legítimos direitos dos proprietários de marcas de empresas não patrocinadoras. Os países que planejam adotar uma legislação sobre o marketing de emboscada devem, primeiramente, permitir que todas as partes envolvidas participem do processo. Assim, a legislação resultante estará adaptada ao seu propósito, sem colidir com direitos preexistentes. O objetivo da legislação de marketing de emboscada é proteger os interesses e investimentos dos organizadores e patrocinadores do evento. As atividades comerciais (ou não) que não criem uma falsa implicação de patrocínio ou de associação com o evento não devem portanto ser proibidas pela legislação de marketing de emboscada. 54_Edição 275_mai/jun 2012 Além disso, uma vez que as proteções concedidas aos organizadores e patrocinadores na legislação sobre o marketing de emboscada não estão previstas em leis tradicionais de propriedade intelectual e concorrência desleal, é apropriado que tenham validade por um tempo determinado. Já houve exemplos de legislação de marketing de emboscada que restringiram o uso de termos descritivos ou genéricos associados a um evento. A lei canadense que regulou as marcas olímpicas e paraolímpicas incluiu restrições ao uso de termos como “jogos”, “2010”, “inverno” e “ouro”. Algumas legislações sobre marketing de emboscada limitaram o espaço físico de publicidades e estabeleceram “zonas lim“Para tornar mais pas” e “zonas limpas de atraentes suas transporte”. propostas para Vale lembrar que há sediar um evento uma série de atividades e face à crescente em curso no país que irá demanda por sediar o evento esportivo patrocinadores, que claramente não são muitos países tentativas de faturar desleaprovaram almente em cima da populegislações laridade do acontecimenespeciais para evitar to. A legislação específica, deve excluir tais atividades o marketing de e direitos anteriores das emboscada” proibições contra o marketing de emboscada. As exceções, contudo, devem ser definidas para acomodar atividades e direitos anteriores, sem invalidar o propósito da legislação sobre o marketing de emboscada. Por fim, há que se notar que as atividades de marketing de emboscada resultam em danos econômicos e de reputação. É conveniente, assim, prever o mesmo tipo de ação civil permitido em causas dessa natureza, tais como ações inibitórias contra violações constantes ou danos monetários. A imposição de sanções penais, como prisão por violações, no entanto, tem se mostrado desproporcional. Uma abordagem equilibrada da legislação sobre o marketing de emboscada proporciona uma proteção razoável para todas as partes envolvidas e ajuda a evitar a percepção do público de que os patrocinadores dos eventos estão sendo excessivamente agressivos ao proteger seus interesses. A Câmara de Comércio Americana vem há 96 anos agregando novos valores às empresas associadas. Através do acesso à nossa extensa e diferenciada rede de networking e de nossos eventos, atividades, missões e publicações, você irá fortalecer ainda mais os seus negócios! Associe-se à Amcham Rio! Entre em contato para informações detalhadas e saiba como associar a sua empresa. (21) 3213-9294 [email protected] www.amchamrio.com news Gerenciamento de crise nas empresas reúne especialistas em evento promovido pela Amcham Rio Diretoras da CEG e da agência de comunicação In Press Porter Novelli falam sobre as estratégias para um planejamento estruturado de comunicação que ajude as empresas a lidar com possíveis crises “Nenhuma empresa está imune à crise. Por isso, esse gerenciamento deve estar muito bem inserido dentro do planejamento estratégico das empresas”, colocou Jacqueline Breitinger, que citou como exemplo uma grande corporação transnacional muito antiga que atua em todas as partes do mundo e com fundadores de reputação ilibada, a Igreja Católica. “Já teve um CEO baleado em praça pública, diversos executivos foram acusados de abuso sexual e está em um Por Giselle Saporito mercado extremamente competitivo na busca de clientes. Isso mostra que ninguém está imune”, acrescentou. ualquer empresa está suscetível a uma crise, e a melhor forSegundo ela, esse momento sempre gera muita emoção e fragima de enfrentá-la é estar previamente preparada. Conside- lidade, principalmente nos dias de hoje, em que as mídias eletrônirar essa possibilidade e envolver as várias áreas da empresa para cas e, principalmente, as redes sociais dão um impacto maior e com conduzir uma crise de forma ordenada são os caminhos apon- muito mais velocidade aos momentos de crise, e nem sempre se está tados pela diretora de comunicação da CEG, Fernanda Amaral, preparado para isso. “As empresas devem estar estruturadas para e pela diretora de atendimento da agência de comunicação In uma rápida resposta, que seja transparente e verdadeira, mesmo que Press Porter Novelli, Jacqueline Breitinger, palestrantes do even- não se tenha toda a informação concreta em um primeiro momento. to Gerenciamento de Crise no Planejamento Estratégico das Em- O importante é mostrar que há um comprometimento na reversão presas, organizado pela Câmara de Comércio Americana do Rio do quadro”, destacou. de Janeiro (Amcham Rio). A diretora de comunicação da CEG, Fernanda Amaral, fez coro Estabelecer fluxos de comunicação, definir papéis e respon- a Jacqueline no que diz respeito à agilidade e transparência da insabilidades dentro da empresa, criar e reforçar relacionamentos, formação no momento de crise. Segundo ela, sua equipe, que conta definir as potenciais crises e identificar e treinar porta-vozes com uma emergência 24 horas e sete dias na semana, está sempre a são alguns dos principais pontos do planejamento estratégico postos. Fernanda citou alguns incidentes ocorridos, como o desabaelencados para gerenciar apropriadamente crises nas empresas. mento de três prédios no centro do Rio no dia 25 de janeiro. “MesEsse foi o tema do café da manhã realizado no dia 30 de maio, mo sem saber as causas do acidente, encaminhamos uma equipe e pelo Comitê de Marketing, no auditório da Amcham Rio, no emitimos uma nota aos meios de comunicação de que estava sendo centro da cidade. O chairperson do comitê, Noel De Simone, verificada a possibilidade de vazamento de gás, o que acabou não se chamou atenção para o primeiro evento do comitê realizado no concretizando”, disse, destacando que esse canal com a mídia é prinovo espaço de eventos da instituição. “O mordial para que a empresa tenha um bom tema deste evento foi escolhido por unarelacionamento no dia a dia. “Porém, não se “Não se pode procurar a nimidade pelo grupo dada a importância pode procurar a mídia só nos momentos de mídia só nos momentos de do assunto para a boa gestão das compacrise. Criar a cultura é muito mais importancrise. Criar a cultura é nhias”, afirmou. te do que controlar a crise”, afirmou. muito mais importante do que controlar a crise” As palestrantes do evento, a diretora de comunicação da CEG, Fernanda Amaral (à esq.), e a diretora de atendimento da In Press Porter Novelli, Jacqueline Breitinger (à dir.) 60_Edição 275_mai/jun 2012 Reinaldo Hingel Q À esquerda, o coordenador de relações com a sociedade civil do Comitê Nacional de Organização da Rio+20, Roberto Furian Ardenghy, e, à direita, a gerente de responsabilidade social do grupo Invepar, Claudia Jeunon Infraestrutura. A Ernst & Young Terco pode ajudar a sua empresa Esse também é em todas as etapas de nosso negócio. projetos públicos e privados. Rio+20 e seu legado mobilizam debate na Amcham Rio Fale com André Viola Ferreira Sócio-líder de Mercados Estratégicos da Ernst & Young Terco ( 11 2573 5258 ey.com.br Trabalhe conosco. um ótimo momento para o Brasil trazer suas experiências e mostrar aos demais países que a economia verde deve ser enfocada no contexto do desenvolvimento sustentável, assim como a erradicação da pobreza. Economia e meio ambiente nunca podem ser separados dos temas de cunho social, porque a redução da desigualdade é fundamental para o desenvolvimento sustentável do mundo”, afirmou. Em abril, a Câmara de Comércio Americana do Ele defende ainda que a Rio+20 é de suma importância para o Rio reuniu lideranças ligadas ao setor privado Brasil e, principalmente, para o Rio, como um teste para a agenda de eventos prevista para os próximos anos, como a Jornada Mune à organização da Rio+20 para debater com o dial da Juventude de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíempresariado como a conferência deve impactar ada de 2016. “A Rio+20 é um dos maiores eventos já organizados na vida das empresas Por Giselle Saporito nos últimos 20 anos e pretende reunir 50 mil participantes entre 100 e 120 chefes de Estado”, disse. s expectativas e os desafios para o setor empresarial debaClaudia Jeunon, gerente de responsabilidade social da Invetidos durante e após a Rio+20 – Conferência das Nações par, empresa que controla, entre outros empreendimentos, o MeUnidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece em trôRio e a Linha Amarela, destacou a importância do conceito de junho, no Rio de Janeiro, motivaram o debate na sede da Câ- mobilidade urbana: “Sustentabilidade está ligada também à quamara de Comércio Americana do Rio em 18 de abril. O objetivo lidade de vida. A integração modal e o uso do transporte coletivo da Amcham Rio, por meio de seu Comitê de Responsabilidade e solidário, além de menos poluente, possibilitam deslocamentos Social Empresarial, foi clarear a executimais rápidos e são determinantes para o vos as possibilidades de participação na bem-estar do usuário e para a preservação “Este é um ótimo momento conferência e o papel da iniciativa pridos recursos naturais. Por isso, o conceito para o Brasil trazer suas vada na promoção do desenvolvimento de mobilidade urbana é tão debatido atuexperiências e mostrar sustentável e sua responsabilidade dianalmente”, disse. aos demais países que a te dos temas levantados na conferência. Ela destacou a importância da criação economia verde deve ser Entre os palestrantes estavam o coordede um estudo que inclua indicadores de enfocada no contexto nador de relações com a sociedade civil trânsito e tráfego, tempo gasto pelas pesdo desenvolvimento do Comitê Nacional de Organização da soas e o uso da energia limpa para poder sustentável, assim como a Rio+20, Roberto Furian Ardenghy, e a planejar uma cidade que suporte o movigerente de responsabilidade social do mento e a mobilidade da população. Seerradicação da pobreza” grupo Invepar, Claudia Jeunon. gundo Claudia, as empresas têm o papel Para Ardenghy, a Conferência das Nafundamental de promover e estimular a ções Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – que tem como mobilidade em termos de qualidade de vida da população. “Esta temas centrais o conceito de economia verde e o desenvolvimen- questão é um grande desafio para as empresas. Onde eu posso to sustentável e de que forma o mundo deverá se organizar para contribuir mais e com inteligência me agregando ao que já exispossibilitar o crescimento – é uma ótima oportunidade para o te? O outro ponto é o que eu vou fazer depois da Rio+20? Como Brasil expor os projetos em desenvolvimento, como o do bio- vamos debater o indicador para saber o que vamos fazer para combustível, e os desenvolvidos nas áreas de melhoria da renda, melhorar as cidades, analisar com as entidades, construindo ineducação e no combate ao desmatamento, entre outros. “Este é dicadores de mobilidade?”, indagou. 58_Edição 275_mai/jun 2012 © 2012 EYGM Limited. Todos os direitos reservados. A TM Rio 2016 luciana areas news news A edição 2012 da Offshore Technology Conference (OTC) A última edição da OTC, em Houston, no Texas (EUA), aos olhos do diretor-executivo da Amcham ES, Clóvis Abreu Vieira Offshore Technology Conference (OTC) realizada entre 30 de abril e 3 de maio, em Houston, no Texas (Estados Unidos), no gigantesco Reliant Park, foi considerada a maior edição da história do evento. Uma área de 59 mil m² abrigou cerca de 2.500 expositores e mais de 70 mil visitantes de 110 países. Houston, a quarta maior cidade dos EUA, é assim denominada em homenagem ao presidente Sam Houston. Ela já foi a terra dos índios karankawa, produtora de algodão e descobriu o petróleo em 1901. A partir de 1914, desenvolveuse com a inauguração do Houston Ship Channel, no estuário do rio Oaks, e hoje é referência mundial em logística de petróleo e gás. Durante a OTC, a cidade recebe engenheiros, executivos, operadores, cientistas e industriais que participam das discussões focadas em projetos de segurança para as explorações petrolíferas, avanços tecnológicos e políticas energéticas apresentadas por lideranças industriais. A OTC é reconhecida como o espaço adequado para ampliar a network, fazer negócios, familiarizar-se com novas tecnologias e verificar como o mundo evolui em torno da indústria de petróleo e gás. O evento funciona com uma programação rica e variada e deixa a percepção aos visitantes de que o seu tempo foi bem gasto e que na próxima edição a sua presença está garantida. Esta talvez seja a maior razão para o encontro de tantos participantes internacionais atuantes na área. Milhares de profissionais se esbarram para promover suas empresas e prospectar clientes, reafirmando a ideia de que não existe nenhum outro local do planeta mais adequado para a socialização entre os atores desse setor. A programação técnica do evento oferece uma oportunidade ímpar de aprendizagem sobre o que está acontecendo na área de petróleo e gás, por meio de dezenas de sessões técnicas, mostras de trabalhos técnicos e painéis conduzidos por especialistas da indústria petrolífera, apresentando os desafios e as oportunidades futuras para esse segmento. Percebe-se que a OTC começa a incluir jovens profissionais, permitindo seu entrosamento com o que há de mais avançado nesse segmento. São eles que irão herdar as posições de responsabilidade no futuro próximo, ainda que com menos experiência que seus antecessores, em um momento de crescentes desafios e responsabilidades na área de petróleo e gás. A OTC também favorece os educadores por lhes permitir a possibilidade de aprender formas de inclusão desse setor nas salas de aula. Funcionando desde 1969, a OTC é re“Percebe-se que a OTC conhecidamente o evento mais importancomeça a incluir jovens te para o desenvolvimento dos recursos profissionais, permitindo offshore nas áreas de perfuração, produseu entrosamento com o ção e proteção ambiental da indústria de que há de mais avançado petróleo e gás em todo o mundo. nesse segmento” MXM has the solution. MXM systems are designed to facilitate your daily routines and transform your business’s operations. Learn more about MXM’s solutions and achieve greater agility and security in your business processes. Da esq. à dir., o diretor-executivo da Amcham ES, Clóvis Vieira, o embaixador Mario Ernani Saade e o diretor-executivo da agência Rio Negócios, Marcelo Haddad 60_Edição 275_mai/jun 2012 Problems managing your business’s daily operations? MXM-Manager MXM-Portal MXM-BI MXM-SPED MXM-NF-e Jorge Gomes / Houston, Texas A Rua do Ouvidor, 77 - 2º e 3º andares Centro - Rio de Janeiro - RJ - Brazil [email protected] www.mxm.com.br comercial@mxm com br I www Request a presentation from our consultants. Edição+55 275_Brazilian Business_61 Phone: 21 3233-2300 por dentro da câmara Novos Sócios Star Nail Brasil Import. Export. Comércio e Distribuição Produtos de Embelezamento Ltda. Roberta Vieira Mendonça – Diretora de Importação Rua Capitão Félix, 110, galeria 5, loja 4 - Benfica 20920-310 Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 2589-4400/ 4330 Fax: (21) 2589-4330 [email protected] www.starnail.com.br Tocantins Advogados Bruno de Medeiros Tocantins – Sócio Av. Presidente Wilson, 113/ 9º - Centro 20030-020 Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 2212-2400 Fax: (21) 2292-9458 [email protected] www.tocantins.adv.br Gestão contábil e empresarial baseada em transparência e confiança mútua. Accounting and business management based on transparency and mutual trust. Alteração no Quadro de associados Carlos Roberto Teixeira Levy Diretor Regional De Energia Rolls-Royce Brasil Ltda. novo sócio individual - ES Omar Pereira Mattar Advogado solidity partnership parceria confiança reliability transparência Luiz Leonardos & Cia. Propriedade Intelectual (Luiz Leonardos & Cia.) Gustavo Starling Leonardos – Sócio-Administrador Rua Teófilo Otoni, 63/ 9º ao 11º - Centro 20090-080 Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 3514-0400 Fax: (21) 3514-0401 [email protected] www.llip.com.br Kasznar Leonardos Dale Barbosa Colonna Rosman Vianna Agentes da Propriedade Industrial (Kasznar Leonardos Propriedade Intelectual) Gustavo José Ferreira Barbosa – Sócio-Administrador Rua Teófilo Otoni, 63/ 5º ao 8º - Centro 20090-080 Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 2113-1919 Fax: (21) 2113-1920 [email protected] www.kasznarleonardos.com solidez Agência Rio 360 Comunicação Ltda. (Rio 360) David Zylbersztajn – Diretor-Geral Rua Álvaro Ramos, 376 A - Botafogo 22280-110 Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 3223-0360 Fax: (21) 3223-0354 [email protected] www.rio360com.com.br transparency Resultado: parcerias sólidas e excelência em produtividade. Result: solid partnerships and excellence in productivity. www.dpc.com.br 54_Edição 273_jan/fev 2011 Rio de Janeiro São Paulo Av. Rio Branco, 311, 4º e 10º andares Centro - Rio de Janeiro - RJ CEP: 20.040-903 Tel. 5521 3231 3700 Rua do Paraíso, 45, 4º andar Paraíso - São Paulo - SP CEP 04103-000 Tel. 5511 3330-3330 | [email protected] Macaé Rua Teixeira de Gouveia, 989, Sala 302 Centro - Macaé - RJ CEP: 27.910-110 Edição 272_Brazilian Business_55 Tel. 5522 2773 3318 expediente COMITÊ EXECUTIVO Mauricio Vianna_Diretor, MJV Tecnologia Ltda. DIRETORIA AMCHAM ESPÍRITO SANTO PRESIDENTE Henrique Rzezinski_Vice-presidente de Assuntos Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda. Patricia Pradal_Diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações Governamentais, Chevron Brasil Petróleo Ltda. 1º. VICE-PRESIDENTE Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do Brasil Seguros de Vida S.A. Presidente Otacílio José Coser Filho_Membro do Conselho de Administração, Coimex Empreendimentos e Participações Ltda. Pedro Paulo Pereira de Almeida_Vice-presidente de vendas da IBM Brasil. 2º. VICE-PRESIDENTE Pedro Paulo Pereira de Almeida_Vice-presidente de vendas da IBM Brasil. Petronio Ribeiro Gomes Nogueira_Sócio-diretor, Accenture do Brasil Vice-Presidente Maurício Max_Diretor do Departamento de Pelotização, Vale S.A. 3º. VICE-PRESIDENTE Rafael Sampaio da Motta_CEO, Case Benefícios e Seguros DIRETOR-SECRETÁRIO Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin American Training Center DIRETOR-TESOUREIRO Manuel Domingues e Pinho_Presidente, Domingues e Pinho Contadores CONSELHEIRO JURÍDICO Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio, Chediak Advogados EX-PRESIDENTES João César Lima, Robson Goulart Barreto e Sidney Levy PRESIDENTES DE HONRA Mauro Vieira_Embaixador do Brasil nos EUA Thomas Shannon_Embaixador dos EUA no Brasil DIRETORES Álvaro Emídio Macedo Cysneiros_Diretor Regional Rio de Janeiro, TOTVS Rio de Janeiro Rafael Sampaio da Motta_CEO, Case Benefícios e Seguros Ricardo Karbage_Presidente, Xerox Comércio e Indústria Ltda. Richard Klien_Presidente do Conselho, Multiterminais Alfandegados do Brasil Ltda. Roberto Castello Branco_Diretor de Relações com Investidores, Vale S.A. Eduardo de Albuquerque Mayer_Private Banker, Banco Citibank S.A. Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do Brasil Seguros de Vida S.A. Rogério Rocha Ribeiro_VP Sênior e Diretor de Área América Latina e Caribe, GlaxoSmithKline Brasil Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin American Training Center DIRETORES EX-OFÍCIO Assuntos Jurídicos - Julian Chediak Propriedade Intelectual - Andreia de Andrade Gomes Tax Friday - Richard Edward Dotoli Energia – Roberto Furian Ardenghy Entretenimento, Cultura e Turismo - Steve Solot Logística e Infraestrutura - Em definição Fernando José Cunha_Gerente-executivo para América, África e Eurásia - Diretoria internacional, Petrobras Marketing - Noel De Simone Guillermo Quintero_Presidente, BP Energy do Brasil Ltda. Recursos Humanos - Claudia Danienne Marchi Henrique Rzezinski_Vice-presidente de Assuntos Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda. Ítalo Mazzoni da Silva_Presidente, Ibeu Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio, Chediak Advogados Luiz Ildefonso Simões Lopes_Presidente, Brookfield Brasil Manuel Domingues e Pinho_Presidente, Domingues e Pinho Contadores Manuel Fernandes R. de Sousa_Sócio, KPMG Marco Antônio Gonçalves_Diretor-gerente, Bradesco Seguros S.A. 64_Edição 275_mai/jun 2012 João Carlos Pedroza da Fonseca_Superintendente, Rede Tribuna Márcio Brotto Barros_Sócio, Bergi Advocacia – Sociedade de Advogados Marcos Guerra_Presidente, Findes Rodrigo Loureiro Martins_Advogado-sócio Principal, Advocacia Rodrigo Loureiro Martins PRESIDENTES DE COMITÊS David Zylbersztajn_Engenheiro Carlos Fernando Lindenberg Neto_Diretor-geral, Rede Gazeta Rodrigo Tostes Solon de Pontes_Diretor Financeiro, ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico Carlos Henrique Moreira_Presidente do Conselho, Embratel Cassio Zandoná_Superintendente Amil Rio de Janeiro, Amil - Assistência Médica Internacional Ltda. Bruno Moreira Giestas_Diretor, Realcafé Solúvel do Brasil S.A. Paulo Ricardo Pereira da Silveira_Gerente-geral Industrial, Fibria Celulose Carlos Alexandre Guimarães_Diretor Regional Rio de Janeiro e Espírito Santo, SulAmérica Companhia Nacional de Seguros Carlos Affonso d’Albuquerque_Diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Valid António Diogo_Diretor-geral, Chocolates Garoto Roberto Prisco Paraíso Ramos_Diretor-presidente, Odebrecht Óleo e Gás S.A. Andres Cristian Nacht | Carlos Augusto C. Salles | Carlos Henrique de Carvalho Fróes | Gabriella Icaza | Gilberto Duarte Prado | Gilson Freitas de Souza | Ivan Ferreira Garcia | João César Lima | Joel Korn | José Luiz Silveira Miranda | Luiz Fernando Teixeira Pinto | Omar Carneiro da Cunha | Peter Dirk Siemsen | Raoul Henri Grossmann | Robson Goulart Barreto | Ronaldo Camargo Veirano | Rubens Branco da Silva | Sidney Levy Benedicto Barbosa da Silva Junior_Diretorpresidente, Odebrecht Infraestrutura DIRETORES Meio Ambiente - Kárim Ozon Relações Governamentais - João César Lima Responsabilidade Social Empresarial - Silvina Ramal Saúde - Gilberto Ururahy Seguros, Resseguros e Previdência - Luiz Wancelotti Tecnologia da Informação e Comunicação Álvaro Cysneiros ADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM RJ Diretor-superintendente_Helio Blak Ricardo Vescovi Aragão_Presidente, Samarco Mineração Simone Chieppe Moura_Diretora-geral, Metropolitana Transportes e Serviços Victor Affonso Biasutti Pignaton_Diretor, Centro Educacional Leonardo da Vinci Negócios Internacionais Marcilio Rodrigues Machado Relações Governamentais Maria Alice Paoliello Lindenberg M Y CM ADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM ES Diretor-executivo Clóvis Vieira Coordenadora de Associados Keyla Corrêa MY CY CMY K LINHA DIRETA COM A AMCHAM RIO Administração e Finanças: Ednei Medeiros (21) 3213-9208 | [email protected] Comercial e Marketing: Ricardo Santos (21) 3213-9226 | [email protected] Associados: Terezinha Marques (21) 3213-9220 | [email protected] Mantenedores e Publicidade: Liliane Dippolito (21) 3213-9286 | [email protected] Novos Associados: Eduarda Polibiano (21) 3213-9294 | [email protected] Relacionamento e Missões Internacionais: Andrezza Siqueira (21) 3213-9204 | [email protected] Vistos: Vanessa Monte (21) 3213-9291 | [email protected] Comitês e Eventos: Helen Mazarakis (21) 3213-9231 | [email protected] Ana Macieira | (21) 3213-9229 | [email protected] Giuliana Sirena | (21) 3213-9227 | [email protected] Aluguel de salas: Jaqueline Paiva (21) 3213-9232 | [email protected] Gerente Administrativo_Ednei Medeiros Revista Brazilian Business: Andréa Blum (21) 8105-9338 | [email protected] Gerente Comercial e Marketing_Ricardo Santos Espírito Santo: Keyla Corrêa (27) 3324-8681 | [email protected] Gerente de Comitês e Eventos_Helen Mazarakis C Edição 274_Brazilian Business_65 8o deias recicladas valem ouro. Todo ano um assunto entra em destaque. Nesta edição, o Prêmio Brasil Ambiental abraça a causa da Gestão de Resíduos Sólidos, mas os projetos podem abordar qualquer tema relativo às seguintes categorias: Gestão de Resíduos Sólidos Inovação Ambiental Inventário de Emissões Preservação e Manejo de Ecossistemas Responsabilidade Socioambiental Uso Racional de Recursos Hídricos 66_Edição 275_mai/jun 2012 INSCRIÇÕES ATÉ 06 DE JULHO www.premiobrasilambiental.com Participe. Mostre o que a sua empresa está fazendo pelo Meio Ambiente.