24/02/2015
Paralisações em diversos setores da economia atingem as indústrias do país ­ Economia ­ Estado de Minas
Paralisações em diversos setores da
economia atingem as indústrias do país
Por causa da greve dos caminhoneiros, empresas liberam funcionários. Justiça é acionada
para dar fim aos bloqueios
postado em
24/02/2015 06:00 /
atualizado em 24/02/2015 10:24
Antonio Temóteo , Rodolfo Costa /Correio Braziliense , Pedro Rocha Franco , Luiz Ribeiro , Rafael
Passos , Fernanda Borges
As filas de caminhões foram vistas em diversos trechos da Rodovia Fernão Dias, desde domingo
Uma onda de manifestações, greves e demissões de trabalhadores toma conta do país. Nesta terça­
feira, caminhoneiros mantêm interdição em pelo menossete trechos de BRs mineiras. O protesto se
estende por mais de 48 horas e impede a passagem de veículos de carga. Somente carros menores e
ônibus têm a circulação liberada. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os pontos de interdição
estão na BR­381, em Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Oliveira e Perdões, no
Centro­Oeste, na BR­262, em Juatuba, na Grande BH, e Realeza, distrito de Manhuaçu, Zona da
Mata, além da BR­ 040, em Nova Lima e Contagem. Há interdição ainda na MG­050, em Itaúna e
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Paralisações em diversos setores da economia atingem as indústrias do país ­ Economia ­ Estado de Minas
Divinópolis, no Centro­Oeste.
Ontem, diversas rodovias foram bloqueadas por caminhoneiros que protestam contra alta de
combustíveis, e servidores públicos e empregados terceirizados cruzaram os braços em busca de
reajustes salariais. Para piorar a situação, trabalhadores da indústria automotiva foram dispensados ou
obrigados a tirar férias e empresas envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras continuam a
fechar vagas porque alegam que não recebem recursos para honrar os compromissos.
O governo acendeu o sinal de alerta com os problemas espalhados por todas as regiões do Brasil
(veja quadro). Para analistas, a tendência é que a situação se agrave, já que o país está mergulhado
em uma recessão. Eles avaliam que o baixo crescimento da economia e a inflação em alta devem
acelerar o processo de demissões, que resultará no aumento do desemprego. E as pressões contra as
medidas tomadas pelo Executivo para ajustar as contas públicas também são criticadas. Em sete
estados do país, caminhoneiros cruzaram os braços, mas a Advocacia­Geral da União (AGU)
ingressou com ações na Justiça Federal com o intuito de suspender os bloqueios nas estradas. Saiba mais
AGU aciona Justiça Federal em sete
estados contra paralisação de
caminhoneiros
Caminhoneiros e transportadores
bloqueiam trechos de rodovias em sete
estados
Os trabalhadores reclamam que o preço dos
combustíveis aumentou e o dos fretes permanece
inalterado. Os motoristas profissionais ainda reivindicam
queda no valor dos pedágios, melhores condições nas
rodovias do país e tributação diferenciada no transporte
de cargas. Com o tráfego de caminhões interrompidos,
diversas empresas foram afetadas. Na fábrica da Fiat,
em Betim, os trabalhadores do segundo e terceiro turno
foram liberados nesta terça­feira devido às perspectivas
de falta de peças para a montagem de carros. Com o
fechamento da BR­381, as transportadoras usam rotas
BRF ajusta abate no Paraná por causa de
alternativas para levar as matérias­primas para a
protestos de caminhoneiros
empresa. Os manifestantes, no entanto, bloquearam
todos os acessos, impedindo a entrada de caminhões na
Caminhoneiros mantêm interdição em
unidade. No entreposto da Ceasa em Contagem, o fluxo
pelo menos sete trechos de BRs mineiras
de mercadorias ainda não tinha sido afetado pela
paralisação, mas técnicos fazem o levantamento para
mensurar a situação. Segundo a central de abastecimento, terça­feira geralmente é um dia de
movimentação fraca.
O diretor de expansão, sustentabilidade e agropecuaria da BRF, Luiz Stabile, relatou que sem a
circulação de caminhões para o transporte de carga, a companhia foi obrigada a interromper as
atividades em dois frigoríficos. Em um deles são abatidos diariamente 700 mil frangos e no outros além
de 300 mil aves, 40 mil perus. “Isso afeta os produtores rurais pequenos que terão prejuízos. Além
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disso, há uma ameaça sanitária porque, com exposição dos muitos animais a doenças”, disse. O
presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, detalhou que uma
única companhia deixou de processar 1,5 milhão de litros de leite e está com 100 contêineres vazios
em um porto porque não consegue fazer a mercadoria chegar ao local com a greve dos caminheiros.
Ele detalhou que o setor movimenta R$ 220 milhões por dia e fatura US$ 27 milhões com exportações,
mas acumulará prejuízos com a paralisação dos motoristas profissionais.
Em Minas, os manifestantes interromperam o trânsito de pelo menos quatro rodovias do estado – as
BRs 381, 262 e 040, além da MG­050. Na BR­381, a manifestação iniciada no domingo prosseguiu
ontem em outros pontos da rodovia. Caminhoneiros impediram o trânsito em Igarapé, Oliveira e
Perdões. Somados, os congestionamentos da Fernão Dias totalizaram quase 40 quilômetros. Na BR­
262, em Juatuba, a paralisação interrompeu o fluxo no km 368, formando uma fila de mais de quatro
quilômetros. No início da noite, o movimento chegou à BR­040, em pontos no município de Nova Lima
e de Contagem. No Norte de Minas, houve o início de uma paralisação na BR­365, ligação com o
Triângulo Mineiro. No entanto, sem adesão maciça, o movimento se desfez.
Segundo o presidente do Sindicato Interestadual dos Caminhoneiros, José Natan, a paralisação reflete
o “estado de desespero” da categoria. Ele alega que os seguidos reajustes de combustível não foram
incorporados ao valor do frete integralmente por uma parcela dos clientes. Isso tornou insustentável o
custeio de uma parcela das transportadoras e de caminhoneiros autônomos. “O frete já estava pela
hora da morte. Agora tem empresa que não conseguiu quitar o IPVA.”. Natan diz ter havido redução de até 30% no valor pago no transporte de grãos e minérios devido à
desaceleração do preço de commodities. O vice­presidente da Confederação Nacional dos
Caminhoneiros, Carlos Alberto de la Rosa, pede que o governo refaça a planilha do preço do frete por
quilômetro rodado. “A categoria quer se reunir com o governo para definir uma política. Os
caminhoneiros estão sem condição de rodar.”
Outros tempos
Repetindo o formato da paralisação de julho de 2012, quando caminhoneiros pararam devido ao alto
custo do óleo diesel e à entrada em vigor da Lei do Motorista, o movimento não tem uma liderança
clara. Sindicatos negam serem os responsáveis. O presidente da Federação das Empresas de
Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa, critica a
situação e diz buscar entender quais são as reivindicações. Ev condena a paralisação do fluxo nas
rodovias. “É abusiva. Estão parando até cargas perecíveis”, acusa. Segundo ele, a entidade já acionou
o Ministério Público Federal para acionar judicialmente o movimento para tentar desobstruir a pista. O representante da Associação Brasileira dos Caminhoneiros, filiada à Confederação Nacional dos
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Transportes (CNT), José da Fonseca, afirma haver certo tom político na manifestação. “Não são
caminhoneiros autônomos. É uma manifestação iniciada por frotistas. Estão usando os
caminhoneiros”, afirma.
Manifestações a rodo
Veja as categorias que estão de braços cruzados, os serviços suspensos e as demissões
Sudeste
Caminhoneiros de Minas Gerais:
Trabalhadores fecharam parte da rodovia Fernão Dias, principal ligação entre Minas e São Paulo,
protestando contra o aumento do preço dos combustíveis
Garis de Vila Velha (ES):
Trabalhadores protestam contra a demissão de 200 funcionários. Com as dispensas, apenas 600
pessoas fazem o trabalho no município de 450 mil habitantes
Metalúrgicos de Taubaté (SP):
A Volkswagen deu férias coletivas de 20 dias para 250 empregados. O terceiro turno de trabalho na
fábrica foi suspenso
Metalúrgicos de São José dos Campos (SP):
Funcionários da General Motors (GM) entraram em greve após a companhia dispensar 794
trabalhadores. Uma reunião entre as partes está marcada para às 15h30 de hoje, no Tribunal Regional
do Trabalho da 15ª Região, em Campinas (SP)
Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP):
A Ford afastou 420 empregados, por tempo indeterminado. A empresa afirma que a medida visa
adequar a produção à realidade de mercado, já que a demanda por veículos e caminhões despencou
em 2015
Metalúrgicos de Resende (RJ):
A MAN, fabricante de caminhões e ônibus da Volkswagen, deu férias coletivas de 10 dias para todos
os empregados
Sul
Caminhoneiros do Paraná:
No estado, 20 rodovias estão fechadas entre as cidades de Cascavel, Curitiba e Guarapuava. Além de
criticar os preços dos combustíveis, a categoria pede fixação do frete por quilômetro rodado e carência
de seis meses a um ano para os financiamento de veículos de carga
Caminhoneiros de Santa Catarina:
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Cinco rodovias no estado estão bloqueadas. Os manifestantes pedem a queda no preço do diesel e
melhores condições nas estradas da região. Por causa dos bloqueios, 100% da coleta de leite pode
ser interrompida
Caminhoneiros do Rio Grande do Sul:
Seis pontos de rodovias federais e outros sete de rodovias estaduais foram bloqueados. Alguns
caminhoneiros colocaram fogo em pneus nos acostamentos da estradas. Eles criticam os valores de
combustíveis e pedágios e a tributação no transporte de cargas
Motoristas e cobradores de Blumenau (SC):
Trabalhadores do setor de transporte coletivo da cidade paralisaram o trabalho para que medidas de
segurança sejam implantadas pelo município
Professores municipais de Foz do Iguaçu (PR):
Os educadores cruzaram os braços para que a prefeitura implante o plano de carreira e dê melhores
condições de trabalho. Pelo menos 1 mil alunos estão sem aula na cidade
Servidores do Departamento de Trânsito do Paraná:
Centenas de funcionários param contra o pacote de medidas de austeridade que está em discussão no
legislativo paranaense
Metalúrgicos de Rio Grande (RS):
Mais de 1,8 mil trabalhadores foram dispensados de um estaleiro que construía plataformas para a
Petrobras desde que quatro empresas foram citadas na Operação Lava­Jato
Norte
Policiais civis de Tocantins:
Os servidores decidiram cruzar os braços a partir de amanhã, por tempo indeterminado. Eles cobram
reajuste de salário
Servidores do Procuradoria da República no Acre:
O funcionalismo reclama que não tem ganho real salarial há nove anos
Trabalhadores terceirizados da Petrobras em Manaus (AM):
Mais de 800 prestadores de serviço à petroleira foram dispensados desde que a operação Lava­Jato
foi deflagrada pela Polícia Federal
Nordeste
Servidores do Tribunal de Justiça do Piauí:
Alegam que não receberam o reajuste de 10% que havia sido acordado em junho do ano passado
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com a presidência da Corte. Dos mais de 2 mil servidores, 90% aderiram à greve
Servidores da Prefeitura de Maceió (AL):
Trabalhadores estão de braços cruzados e cobram reajuste de 14%
Metalúrgicos de Maragogipe (BA):
Um estaleiro que construía embarcações para a Petrobras dispensou mais de 2 mil trabalhadores nos
últimos quatro meses. As três empresas donas do consórcio foram citadas na Operação Lava­Jato e
estão com problemas financeiros
Metalúrgicos da Refinaria Abreu e Lima (PE):
Com as denúncias de corrupção e superfaturamento de obras no complexo petroquímico, 4,6 mil
trabalhadores foram demitidos
Metalúrgicos do Comperj de Ibatoraí (RJ):
Mais de 4 mil trabalhadores perderam os emprego desde que a Polícia Federal deflagrou a Operação Lava­Jato
Centro­Oeste
Caminhoneiros do Mato Grosso:
Os motoristas bloquearam trechos das BRs 163 e 364. Eles tentam impedir, há quase uma semana,
que os veículos de cargas façam o escoamento da produção agrícola
Caminhoneiros do Mato Grosso do Sul:
Dois trechos da BR­163, em Dourados e em Fátima do Sul, estão bloqueados. As manifestação
podem durar até que as principais reivindicações da categoria sejam atendidas
Caminhoneiros em Goiás:
Um protesto interdita a BR­364, no perímetro urbano de Jataí. A rodovia é uma das principais rotas de
escoamento de grãos, e liga Goiás ao Mato Grosso
Professores da rede pública do Distrito Federal:
Os educadores querem que os salários sejam pagos integralmente e não parcelados, como definiu o
governo
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