XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. PROPOSIÇÃO E AVALIAÇÃO DE UM MÉTODO MULTICRITÉRIO EM LICITAÇÕES: ESTUDO DE CASO NA CONSTRUÇÃO CIVIL Adalberto Pereira de Araujo Junior (UNICAMP) [email protected] Fernan Martins Vidal Fernandes Irber (IFAC) [email protected] CLAUDIA FERREIRA DE ALMEIDA (IFAC) [email protected] ALMIR MARIANO DE SOUSA JUNIOR (UFERSA) [email protected] Daniela de Freitas Lima (UFERSA) [email protected] No Brasil os recursos aplicados na construção civil são significativos. O setor público é o maior contratante de obras de engenharia o qual também é responsável pela sua fiscalização e correta aplicação. Apesar de todo o cuidado dos legisladores em se ter um processo licitatório eficaz e confiável, os Tribunais de Contas, responsáveis pela fiscalização e controle externo, se deparam diariamente com diversas irregularidades contratuais, tais como: Sobrepreço em relação à planilha oficial, obras pagas e não realizadas, entre outras. Desse modo, o presente trabalho tem como objetivo propor e avaliar um modelo de Apoio Multicritério à Decisão (AMD) que auxilie a Administração Pública do Estado Acre na classificação das empresas participantes na fase externa dos processos licitatórios, mais precisamente no lançamento do edital. Para isso foi realizada a aplicação de um questionário estruturado segundo o método Analytic Hierarchy Process (AHP) aos Analistas de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Acre, que de acordo com as suas experiências definiram importâncias relativas aos critérios: patrimônio líquido, maior desconto e qualificação profissional. Observou-se por fim, que tais importâncias influenciaram significativamente o ranqueamento das empresas antes julgadas unicamente pelo critério de maior desconto. Palavras-chave: Licitações, Multicritério, AHP, Construção Civil XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. 1. Introdução O setor da construção civil é considerado o grande responsável pela dinamização da economia nacional, seja no setor público ou privado. Ele é extremamente heterogêneo com grandes variações, pela abrangência de suas atividades, tipologia das empresas, tecnologias e qualificação de pessoal e dispersão geográfica. (ABDI, 2009). Na contratação de uma empresa para a realização de um empreendimento a Administração Pública, institui normas para licitações e contratos e dá outras providências através da lei 8.666, de 21 de junho de 1993. Das modalidades de licitações, a concorrência engloba obras e serviços de engenharia de maiores valores, e permite a administração tenha um maior controle não somente no que tange os valores apresentados pelas empresas, como também sobre os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para a execução do objeto. Apesar de todo o cuidado dos legisladores em se ter um processo licitatório eficaz e confiável, os Tribunais de Contas, responsáveis pela fiscalização e controle externo, se deparam diariamente com diversas irregularidades contratuais. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Acre acredita que tais irregularidades poderiam ser evitadas se o processo fosse mais criterioso. O atual modelo de classificação de empresas para execução de obras e serviços de engenharia se baseia, na maioria dos casos, em um único critério de classificação: Menor preço. Diante disto, faz-se o seguinte questionamento: O modelo de realização das licitações na construção civil do Estado do Acre poderia ser mais criterioso? O objetivo deste trabalho é propor e avaliar um modelo de Apoio Multicritério à Decisão (AMD) que auxilie a Administração Pública do Estado Acre na classificação das empresas participantes na fase externa dos processos licitatórios, ante a variedade de empresas da construção civil e suas especificidades e as diversas exigências do gestores públicos. Para o estado do Acre, aperfeiçoar a aplicação dos recursos públicos neste setor estratégico para este estado pode trazer economias significativas, levando em consideração todas as dificuldades que já são inerente à região norte. 2. Construção civil no Brasil e no estado do Acre 2 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. A atividade construtiva é dividida por segmentos: residencial ou de edificações, comerciais ou de empreendimentos; da construção pesada ou de infraestrutura e outros. Segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese, 2013), o setor da construção representou 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. Em 2011, o setor possuía cerca de 7,8 milhões de ocupados, representando 8,4% de toda a população ocupada do país. Esta expansão foi motivada pelo aumento dos investimentos públicos em obras de infraestrutura e em unidades habitacionais, a partir do lançamento de dois programas de governo: o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC I), em 2007, e o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), em 2009. Foram investidos na cadeia produtiva da construção R$ 349,4 bilhões em 2012. De acordo com Cabral (2002) em estudo realizado com apoio do TCE-PE, foram analisados os controles internos e 150 obras analisadas naquele estado, foi constatada a fragilidade dos mesmos nos seguintes aspectos: 38% das obras não possuem projetos básicos compatíveis com Lei nº 8666/93; 33,33% das obras não possuem orçamentos estimativos compatíveis com Lei nº 8666/93; 28,67% das obras não foram executadas por empresas de engenharia, conforme Lei nº 6.839/80 e Lei 5.194/66; 46,67% das obras não possuem fiscalização conforme Lei 8666/93; 45,33% das obras não possuem boletins de medição compatíveis com as obras executadas para liquidação das despesas das mesmas, conforme Lei 4320/64. No Acre, historicamente a indústria da construção teve seu “’Boom” na década de 80, quando tiveram investimentos significativos na construção de conjuntos habitacionais. Na época o setor chegou a empregar cerca de 10.000 trabalhadores. Após este período houve uma estagnação generalizada, causada pela falta de investimentos do setor público. Só no final dos anos 90 com o governo Jorge Viana, o setor voltou a ser aquecido devido à política de revitalização e construções de instituições e espaços públicos. No governo Tião Viana, a política habitacional passou a ser um dos focos principais com o lançamento do complexo habitacional “Cidade do Povo”, que terá ao menos 7.000 moradias, beneficiando aproximadamente 15.000 trabalhadores diretos. É o setor que mais emprega e também o que mais fatura atualmente na economia Acreana. 3. Licitações 3 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. O setor de obras públicas representa grande parte dos recursos financeiros aplicados pelos gestores nos mais diversos setores da sociedade brasileira, constituindo o grande propulsor da economia nacional. A situação caótica em que se encontram as obras públicas no país impôs desafios ao controle, no que se refere à correta alocação de recursos públicos, tendo em vista que estes são limitados, com o objetivo de maximizar os benefícios para a comunidade. (AUTORIAN, 2011). Para contextualizar as etapas da contratação, o processo licitatório, segundo Autorian (2011), costuma ser dividido em duas fases, a interna e a externa. A primeira delas é desenvolvida pela Administração até a publicação do edital ou entrega do convite, enquanto a segunda se inicia a partir daí e termina com a contratação do empreendimento. As etapas de execução de obras públicas são demonstradas na Figura 1. Figura 1 – Fluxograma das etapas da execução indireta de obras públicas Fonte: Adaptado do TCU (2009) O controle externo de contratos e processos licitatórios é realizado pelo Tribunal de Contas da União, quando os recursos provêm da esfera Federal, e pelos Tribunais de Contas dos Estados, órgão destinado à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos estados e municípios, auxiliando o Poder Legislativo no controle externo. Conforme estudo do Tribunal de Contas da União (2009), dentre as principais irregularidades em obras são: ausência de recursos para execução da totalidade das obras; contrato de execução dissonante do contrato de financiamento ou do termo do convênio; desvio de finalidade no emprego dos recursos; projeto básico em desacordo com a; ausência de estudos 4 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. ambientais adequados; e direcionamento da licitação. Ele acrescenta que as consequências são: o comprometimento dos resultados da implantação de obras devido dificuldade de adquirir recursos adicionais, aumento dos cursos em decorrência das paralizações, prejuízo social em virtude dos atrasos das conclusões das obras e a hesitação na viabilidade da construção com o novo orçamento apresentado. Essas evidências, que levam as obras públicas a serem consideradas piores do que suas equivalentes, realizadas para a área privada, estão em desacordo com as necessidades do Estado e da própria sociedade. (FERREIRA, 2011). 4. A modalidade concorrência Conforme § 1º do art. 22 da Lei 8.666/93, concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. A lei ainda estabelece os limites por modalidade e para dispensabilidade, conforme mostra a Tabela 1: Tabela 1 – Limites para dispensabilidade e modalidades de licitação Dispensabilidade e modalidades Limites para compras e serviços Limites para Obra e serviços de engenharia. Licitação Dispensável Até R$ 8.000,00 Até R$ 15.000,00 Convite Até R$ 80.000,00 Até R$ 150.000,00 Tomada de Preço Até R$ 650.000,00 Até R$ 1.500.000,00 Acima de R$ 650.000,00 Acima de R$ 1.500.000,00 Concorrência Fonte: Adaptado de Motta (2005) Por tratar de licitações de grandes vultos, a concorrência tornou-se a modalidade estratégica para abordagem neste trabalho, no que tange a parte quantitativa. No que se refere à questão qualitativa tomaremos com base a legislação vigente, propondo uma nova avaliação de propostas. Discussões a respeito de uma nova abordagem em licitações de obras públicas vêm ganhando força, apesar de ser uma exigência da administração quanto à qualificação técnica e econômica. 5 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. 5. Método analytic hierarchy process (AHP) O atual modelo licitatório prioriza principalmente a avaliação de custos para escolha da empresa vencedora. Nesse contexto, surge a necessidade de se propor um método multicritério já na fase externa das licitações de maneira a não priorizar somente a proposta de preço das empresas, mas também suas qualificações técnicas de pessoal e financeira. O Decision Support Systems Glossary (DSS, 2006) define AHP como “[...] uma aproximação para tomada de decisão que envolve estruturação de multicritérios de escolha numa hierarquia. O método avalia a importância relativa desses critérios, compara alternativas para cada critério, e determina um ranking total das alternativas.”. O processo utilizado do AHP passa por duas etapas: estruturação hierárquica do problema e a modelagem do método (GOMES, 2012). A Figura 2 apresenta a estrutura do problema por meio de um diagrama hierárquico. Figura 2 – estrutura do problema em diagrama hierárquico Fonte: Adaptado de Ferreira (2011) O primeiro ponto a ser considerado é a determinação de uma escala de valores para comparação, que não deve exceder um total de nove fatores, a fim de se manter a matriz consistente. Assim, Saaty (1991), definiu uma escala fundamental, conforme a Tabela 2: Tabela 2 – Escala fundamental de comparações do AHP 6 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Peso Importância Definição 1 Igual Importância As duas alternativas contribuem igualmente para o objetivo. 3 Importância pequena de uma A experiência e o juízo favorecem uma atividade em relação a sobre a outra. outra. Importância grande ou A experiência ou juízo, favorecem fortemente uma atividade em essencial relação a outra. Importância muito grande ou Uma atividade é muito fortemente favorecida em relação a outra. demonstrada. Pode ser demonstrada na prática. Importância absoluta. Uma evidência favorece uma atividade em relação a outra. Com 5 7 9 o mais alto grau de segurança. 2/4/6 e Valores intermediários Quando se procura uma condição de compromisso entre duas 8 definições. Fonte: Saaty (1991) Chen (2004) resume os passos recomendados para aplicação do AHP: a) Definir o problema e o que se procura saber; b) Decompor o problema estruturado em hierarquias sistemáticas, do topo (objetivo geral) para o último nível (fatores mais específicos, usualmente as alternativas); c) Construir uma matriz de comparação paritária entre os elementos do nível inferior e os do nível imediatamente acima; d) Fazer os julgamentos para completar as matrizes; e) Calcular o índice de consistência (IC); f) Analisar as matrizes para estabelecer as prioridades locais e globais, comparar as alternativas e selecionar a melhor opção. 6. Materiais e métodos A pesquisa caracteriza-se pela combinação métodos quantitativos e qualitativos por meio de estudo de caso na construção civil. O estudo de caso é uma abordagem de caráter empírico que investiga um fenômeno atual no contexto da vida real, geralmente considerando que as fronteiras entre o fenômeno e o contexto onde se insere não são claramente definidas. (MIGUEL, 2012). A Figura 3 mostra como o estudo de caso deve ser conduzido. Figura 3 – Condução de um estudo de caso 7 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Fonte: Adaptado Miguel (2012) Fez-se necessário a utilização do estudo de caso, ambientado na cidade de Rio Branco, onde o setor da construção civil é extremamente dependente de obras públicas, especificamente junto ao TCE, órgão de controle externo, na definição da importância dos critérios e colhendo informações das empresas participantes do processo licitatório do qual está sendo estudado na Comissão Permanente de Licitação do Estado (CPL). Para guiar este estudo foi traçado um plano para sua realização representado pela Figura 4, que deixa claro quais os passos a serem percorridos. Figura 4 – Passos para a realização da pesquisa Fonte: Autoria Própria (2013) Para uma melhor caracterização dos critérios que o edital de licitação propõe, foi aplicado questionário estruturado aos atores envolvidos no controle externo de obras públicas, composto por 5 Analistas de Controle Externo, na especialidade de Engenharia Civil, que 8 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. abordou a importância relativa entre 3 principais critérios: maior desconto em relação ao órgão contratante, qualificação do quadro de pessoal e patrimônio líquido. O método AHP é dedicado ao ambiente decisional multicritério e muito utilizado em todo o mundo. Dessa forma, esse método foi adotado para este estudo e o resumo dos elementos de decisão dessa pesquisa apresentam-se no Quadro 1. Quadro 1 – Elementos da aplicação no presente estudo Elemento Aplicação no presente estudo Objetivo Classificação das empresas participantes da licitação Decisor(es) Analistas de controle externo Critérios de decisão Maior Desconto, Patrimônio Líquido e Qualificação Profissional Alternativas 13 empresas do ramo da construção civil Estados da natureza Cidade de Rio Branco-AC Consequência Empresa mais qualificada segundo os critérios definidos Fonte: Adaptado de Malczewski (1999) 7. Resultado Para atender as etapas de gerais de aplicação do método AHP foi construída a hierarquia de critérios, realizada a comparação par a par para definir as prioridades e obtida a prioridade composta das alternativas. A estrutura hierárquica dos critérios é mostrada na Figura 5. 9 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Figura 5 – Estrutura hierárquica dos critérios Fonte: Autoria própria (2013) Depois de construir a hierarquia, cada decisor deve fazer uma comparação, par a par, de cada elemento em um nível hierárquico dado, criando-se uma matriz de decisão quadrada. 10 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. O primeiro ponto a ser considerado é a determinação de uma escala de valores para comparação, a fim de se manter a matriz consistente. Assim, utilizou-se a Escala Fundamental definida por Saaty. A comparação par a par das alternativas é utilizada realizando uma escala linear própria, que varia de 1 a 9, a qual é denominada Escala Fundamental de Saaty, apresentada na Tabela 3. Tabela 3 – Escala fundamental de Saaty Valor Definição Explicação 1 Igual importância Contribuição idêntica 3 Fraca importância Julgamento levemente superior 5 Forte importância Julgamento fortemente a favor 7 9 Muito forte importância Importância absoluta Dominância reconhecida Dominância comprovada 2, 4, 6, 8 Valores intermediários Dúvida Fonte: Saaty (1994) Dessa maneira, é gerada uma matriz quadrada recíproca positiva conhecida como Matriz Superior. A Matriz Superior A é aquela que expressa o número de vezes em que uma alternativa domina ou é dominada pelas demais, comparadas par a par. Considerando os 3 critérios da estrutura hierárquica e as informações fornecidas pelos questionários aplicados junto aos decisores foi desenvolvida Matriz Superior A mostrada na Tabela 4. Matriz A Tabela 4 – Matriz superior A Maior Qualificação Maior Desconto Patrimônio Desconto Profissional Líquido 1,00000 1,08000 2,64000 1,00000 3,06600 Qualificação Profissional Patrimônio Líquido 1,00000 Fonte: Autoria Própria (2013) Para obter a prioridade relativa de cada critério é necessário: a) Normalizar os valores da matriz de comparações (Matriz A); A matriz A está na Tabela 5 e a sua normalização na Tabela 6. Tabela 5 – Matriz A, soma das colunas Maior Qualificação Matriz A Desconto Profissional Maior Desconto 1,00000 1,08000 Patrimônio Líquido 2,64000 11 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Qualificação Profissional 0,92593 1,00000 3,06600 Patrimônio Líquido 0,37879 0,32616 1,00000 Soma 2,30471 2,40616 6,70600 Fonte: Autoria Própria (2013) Matriz A Tabela 6 – Matriz A normalizada Maior Qualificação Patrimônio Desconto Profissional Líquido Maior Desconto 0,43389 0,44885 0,39368 Qualificação Profissional 0,40175 0,41560 0,45720 Patrimônio Líquido 0,16435 0,13555 0,14912 Fonte: Autoria Própria (2013) b) Obter o vetor de prioridades, conforme a Tabela 7; Matriz A Tabela 7 – Matriz A e o vetor prioridade Maior Qualificação Patrimônio Prioridade Desconto Profissional Líquido Maior Desconto 0,43389 0,44885 0,39368 0,42547 Qualificação Profissional 0,40175 0,41560 0,45720 0,42485 Patrimônio Líquido 0,16435 0,13555 0,14912 0,14968 Fonte: Autoria Própria (2013) Assim, a partir dos resultados obtidos, o critério Maior Desconto veio em primeiro lugar seguido de Qualificação Profissional e Patrimônio Líquido. Ainda nesta etapa é feita a avaliação de consistência das prioridades relativas: c) Calcular a Razão de Consistência (RC) para medir o quanto os julgamentos foram consistentes em relação a grandes amostras de juízos completamente aleatórios. As avaliações do método AHP são baseadas no pressuposto de que o decisor é racional, isto é, se A é preferido a B e B é preferível a C, então A é preferido a C. Se o RC é superior a 0,1 os julgamentos não são confiáveis porque estão muito próximos para o conforto de aleatoriedade, neste caso os resultados obtidos não apresentam valores consistentes. Para calcular a Razão de Consistência (RC) é necessário primeiro obter o valor de λmax que representa o maior autovalor da matriz A, obtido a partir da seguinte equação: 12 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Aw = λmax x w (1) Onde: A é a Matriz A. w é o vetor de prioridade. Uma vez calculado λmax, deve-se calcular o Índice de Consistência (IC), obtido pela equação (2), para logo calcular a Razão de Consistência (RC). IC max n (2) n 1 n é o número de critérios (ordem da matriz). A Razão de Consistência (RC) é obtida pela fórmula: RC IC RI (3) Em que RI é o índice de consistência referente a um grande número de comparações par a par efetuadas. Este é um índice aleatório calculado para matrizes quadradas de ordem n pelo Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos EUA. Para a matriz n = 3, RI = 0,58. Assim, obtiveram-se resultados mostrados na Tabela 8: Tabela 8 – λmax, índice e razão de consistência para a matriz A dos critérios Variável Resultado λmax 3,00571 IC 0,00285 RC 0,00492 Fonte: Autoria Própria (2013) A última etapa é a construção da matriz de comparação paritária para cada critério, considerando cada uma das alternativas selecionadas. (Tabela 9) Tabela 9 – Dados de maior desconto, qualificação profissional e patrimônio líquido Empresa Maior Desconto Qualificação Profissional Patrimônio Líquido A 24,9 3 2.650.159,71 B 18,46 3 776.892,97 C 15,78 2 993.844,53 D 12,42 2 506.569,41 13 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. E 11,76 7 1.401.992,61 F 11,3 5 3.116.828,23 G 9,57 3 1.493.633,75 H 8,08 6 1.799.754,84 I 7,52 3 602.417,85 J 7,06 12 2.440.817,30 K 6,51 6 6.883.281,63 L 6,13 2 563.265,46 M 0,82 7 12.274.791,38 Soma 140,31 61 35504249,67 Fonte: Autoria Própria (2013) Os dados normalizados correspondentes à Tabela 9 estão na Tabela 10. Empresa Tabela 10 – Dados normalizados Maior Desconto Qualificação Profissional Patrimônio Líquido A 0,17746 0,04918 0,07464 B 0,13157 0,04918 0,02188 C 0,11247 0,03279 0,02799 D 0,08852 0,03279 0,01427 E 0,08381 0,11475 0,03949 F 0,08054 0,08197 0,08779 G 0,06821 0,04918 0,04207 H 0,05759 0,09836 0,05069 I 0,05360 0,04918 0,01697 J 0,05032 0,19672 0,06875 K 0,04640 0,09836 0,19387 L 0,04369 0,03279 0,01586 M 0,00584 0,11475 0,34573 Fonte: Autoria Própria (2013) Com os dados normalizados a última etapa é obtida a prioridade composta para as alternativas, multiplicando os valores da matriz dos dados pelo vetor prioridade dos critérios obtidos no início do método (Figura 6). 14 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Figura 6 – Cálculo das prioridades compostas das alternativas Fonte: Autoria Própria (2013) Para uma melhor visualização da resolução do problema se reestruturou a hierarquia dos critérios e das alternativas (Figura 7). Figura 7 – Estrutura Hierárquica dos Critérios com seus respectivos pesos. 15 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Fonte: Autoria própria (2013) Por fim, verificou-se a classificação das empresas participantes na fase externa do processo licitatório do estudo de caso (ver Tabela 11). 16 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Tabela 11 – Prioridade composta das alternativas Empresa Prioridade Composta J A 0,11528 M 0,10299 K 0,09055 E 0,09032 F 0,08223 B 0,08015 H 0,07388 C 0,06597 G 0,05621 D 0,05373 I 0,04624 L 0,03489 0,10757 Fonte: Autoria Própria (2013) 7. Discussão Diante o exposto, percebe-se que o processo licitatório do estudo de caso sofreu uma mudança significativa da classificação final ao passar por uma avaliação mais criteriosa utilizando os elementos que fazem parte da exigência em edital, não apenas utilizando-os como elementos inabilitatórios, mas também classificatórios. Tal avaliação passou agir de forma mais minuciosa e relevante, modelando as preferências dos decisores, tornando o processo mais confiável para a tomada de decisão, por considerar as diversas variáveis que compõe uma organização, como seus recursos humanos e financeiros. Observa-se, por exemplo, a drástica mudança na colocação da empresa J, que possui um patrimônio líquido de R$ 2.440.817,30, com um quadro total de pessoal de 12, incluindo nível técnico e superior. No outro extremo, a empresa D, caiu da 4ª para a 11ª posição, ocasionado principalmente pelo seu quadro de pessoal que conta apenas com 2 responsáveis técnicos registrado no CREA. A empresa M não possui um quadro técnico tão expressivo quanto o da empresa J, contando com 7 responsáveis técnicos, porém possui um patrimônio líquido de R$ 12.274.791,38, o que contribuiu significativamente para a sua saída de último lugar para o 3º. No setor público, discussões acerca de uma nova lei de licitações já estão em andamento. Em audiência pública no senado, o Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas (IPEA), 17 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. recomendou àquela casa, a formulação de uma nova lei de licitações que entre diversas exigências, contaria com um maior número de critérios na avaliação da proposta mais vantajosa para a Administração. A utilização do método AHP, tornaria o processo mais criterioso de forma a considerar simultaneamente os vários recursos que compõe as empresas participantes, transmitindo mais segurança a Administração Pública no que tange ao cumprimento dos contratos. 8. Conclusões Percebe-se a necessidade de tornar o processo licitatório mais criterioso, não somente devido aos grandes investimentos feitos no setor de construção civil nos últimos anos e por ser o setor que mais fatura e emprega no estado do Acre, mas pelos problemas identificados pelo órgãos de controle como: obras pagas e não realizadas e, sobrepreço em relação a planilha oficial. A proposição de um método multicritério, vem despertar na Administração Pública do Acre uma visão mais ampla do processo de tomada de decisão, saindo de uma análise baseada apenas no maior desconto, critério atualmente utilizado, e passando a considerar as diversas características que as empresas são compostas como o corpo técnico e qualificação financeira, importantes e que não são levados em conta. Propõe-se que ao utilizar o método os gestores procurem identificar critérios que possam influenciar na classificação das empresas, deixando claro da legalidade do processo e das informações que devem ser apresentadas. Ainda se sugere trabalhar com os órgãos de controle na determinação dos critérios na avaliação tendo em vista a sua responsabilidade de fiscalização. Recomenda-se a aplicação de outros métodos no presente estudo, identificando uma possível forma de tratar as preferências dos decisores de forma a tornar o processo o mais isonômico possível. 9. Referências ABDI. Panorama setorial da construção civil – Brasília, 2009. ALTOUNIAN, C. S. Obras Públicas - Licitação, Contratação, Fiscalização e Utilização. Fórum. 2011. 18 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Brasil. Lei 8.666 de 21 de junho 1993. CABRAL, A. M.V. 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Apêndice A – Questionário estruturado multicritério AHP 20 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. 21