Brasil
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
Resultados fiscais permanecem fracos, mas
melhores que o esperado em agosto
Houve alguma surpresa positiva em agosto, mas os números permanecem fracos. O resultado
primário acumulado em 12 meses subiu de -0,9% para -0,8% do PIB. O déficit nominal (incluindo
as despesas de juros) alcançou 9,2% do PIB (8,8% em julho). Excluindo as perdas do Banco
Central com os swaps cambiais, o déficit nominal é de 7,3% do PIB (7,2% em julho), nível
também elevado. A dívida pública líquida recuou 0,5pp para 33,7% do PIB. A dívida bruta
aumentou 0,7pp para 65,3%. A depreciação cambial continua a aumentar a diferença entre as
duas métricas. Adiante, projetamos que o resultado primário continue negativo e as taxas de juros
permaneçam altas, uma combinação que deve seguir gerando pressão sobre a dívida bruta e
líquida.
O governo central registrou déficit primário de R$ 6,9 bilhões em agosto, um resultado fraco, mas
acima das expectativas de mercado (R$ -10,7 bilhões) e nossa projeção (R$ -8,0 bilhões). Acumulado
no ano, o governo central tem um déficit de R$ 14,8 bilhões. Nossa projeção de 2015 para o governo
central é de R$ -18,0 bilhões. A surpresa positiva em agosto reduz um pouco os riscos de baixa em torno
desta estimativa.
Superávit primário do Gov. central
acumulado no ano
2,0%
1,5%
1,0%
% PIB do ano
2015
Média 2009-2013
2014
0,5%
0,0%
-0,5%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Tesouro Nacional, Itaú
O governo adiou (para os próximos meses) uma parte do pagamento do 13o salário de aposentados
que normalmente ocorreria em agosto. A decisão reduziu em torno de R$ 3,5 bilhoes o gasto com
previdência (que recuou 10,3% anualmente em termos reais), aumentando temporariamente o resultado
primário. Na nossa projeção, contávamos com um adiamento de R$ 2 bilhões. Outra surpresa foi o gasto
com custeio (R$ 2 bilhões abaixo da nossa projeção), após surpreender para cima em meses anteriores.
Acumulado no ano, o gasto discricionário de custeio segue R$ 15 bilhões acima do mesmo nível nominal de
2013.
O gasto público federal segue em queda este ano, mas crescerá novamente em 2016. O gasto federal
em termos reais recuou 18,0% em agosto ante o mesmo mês do ano passado, mas este número está
A última página deste relatório contém informações importantes sobre o seu conteúdo. Os investidores não devem considerar
este relatório como fator único ao tomarem suas decisões de investimento.
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distorcido pelo adiamento no gasto com previdência e o alto gasto com seguro e desemprego e abono
ocorrido em agosto de 2014 (R$ 9,6bi ano passado, R$ 4,3bi este ano). Acumulado no ano, o gasto recua
3,9% em termos reais, número consistente com nossa projeção para o ano fechado (-4,2%). Em 2016, o
aumento no salário mínimo - em linha com a elevada inflação deste ano – irá gerar pressão sobre as
despesas obrigatórias, como previdência, renda mensal vitalícia, seguro desemprego e abono (rubricas que
respondem por cerca de 50% do gasto federal total). Isto significa que a despesa federal pode crescer mais
de 5,0% em termos reais no ano que vem.
A receita continua a cair. A arrecadação tributária federal alcançou R$ 93,7 bilhões em agosto, em linha
com nossa projeção (R$ 94 bilhões) e a expectativa de mercado (R$ 95 bilhões). Excluindo o programa
Refis, que aumentou a receita em agosto do ano passado, a arrecadação em termos reais recuou 1,7%
ante o mesmo mês do ano passado, o que levou a média móvel de 3 meses para -2,3% de -3,1% em julho.
A fraqueza na arrecadação se deve a queda na atividade econômica, particularmente no consumo e no
mercado de trabalho, onde a carga tributária do Brasil está concentrada.
Arrecadação em queda devido a
atividade econômica
20%
cresc anual real, media 3 meses
15%
10%
5%
0%
-5%
-10%
Arrecadação federal ex-extraordinárias
PIBIU (PIB mensal Itaú Unibanco)
-15%
ago-05
ago-07
ago-09
ago-11
ago-13
ago-15
Fonte: Receita Federal, Itaú
Os governos regionais surpreenderam para cima, com um déficit primário de R$ 0,2 bilhões
(esperávamos R$ -3,0bi). Isto deverá ser temporário, uma vez que a meta dos governos regionais implica
déficits elevados nos próximos meses. No acumulado do ano, o resultado dos governos regionais ainda é
positivo em R$ 16 bilhões, enquanto a meta deles para o ano fechado é de R$ 3,0 bilhões.
0,7%
0,6%
Superávit primário dos Gov. regionais
acumulado no ano
% PIB do ano
0,5%
0,4%
0,3%
0,2%
0,1%
0,0%
2015
-0,1% Média 2009-2013
2014
-0,2%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Banco Central, Itaú
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Brasil – quarta-feira, 30 de setembro de 2015
O déficit nominal (incluindo despesas de juros) acumulado em 12 meses alcançou 9,2% do PIB
(8,8% em julho). Excluindo as perdas do Banco Central com os swaps cambiais, o déficit nominal é de
7,3% do PIB, nível também elevado. A dívida pública líquida recuou 0,5pp para 33,7% do PIB, enquanto a
dívida bruta aumentou 0,7pp para 65,3%. A depreciação cambial continua a aumentar a diferença entre as
duas métricas. No acumulado do ano, a dívida bruta sobe 6,4pp e a líquida recua 0,4pp. Adiante,
projetamos que o resultado primário continue negativo e as taxas de juros permaneçam altas, uma
combinação que deve seguir gerando pressão sobre a dívida bruta e líquida.
Déficit nominal em alta
10%
% PIB, 12m
9%
8%
7%
Original
Excluindo perda
com swaps cambiais
6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
ago-05
ago-07
ago-09
ago-11
ago-13
ago-15
Fonte: Banco Central, Itaú
Luka Barbosa
Economista
Pesquisa macroeconômica – Itaú
Ilan Goldfajn – Economista-Chefe
Para acessar nossas publicações e projeções visite nosso site:
http://www.itau.com.br/itaubba-pt/analises-economicas/publicacoes/
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1.
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