UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ESPECIALIZAÇÃO latu sensu PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO EM BOVINOS INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO: RELATO DO USO DO PROTOCOLO COMERCIAL CRESTAR® ASSOCIADO AO VALERATO DE ESTRADIOL, PMSG E GnRH, NA FAZENDA SÃO FRANCISCO, NO MUNICÍPIO DE MANAQUIRI, AMAZONAS. Alberto Nascimento de Holanda Lima Rio de Janeiro, ago. 2008 ALBERTO NASCIMENTO DE HOLANDA LIMA Aluno do Curso de Especialização latu sensu Produção e Reprodução em Bovinos INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO: RELATO DO USO DO PROTOCOLO COMERCIAL CRESTAR® ASSOCIADO AO VALERATO DE ESTRADIOL, PMSG E GnRH, NA FAZENDA SÃO FRANCISCO, NO MUNICÍPIO DE MANAQUIRI, AMAZONAS. Trabalho monográfico de conclusão do curso de Especialização latu sensu Produção e Reprodução em Bovinos (TCC), apresentado à UCB como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Produção e Reprodução em Bovinos, sob a orientação da Prof. Dra. Hellen Emília Menezes de Souza. Rio de Janeiro, ago. 2008 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO: RELATO DO USO DO PROTOCOLO COMERCIAL CRESTAR® ASSOCIADO AO VALERATO DE ESTADIOL, PMSG E GnRH, NA FAZENDA SÃO FRANCISCO, NO MUNICÍPIO DE MANAQUIRI, AMAZONAS. Elaborado por Alberto Nascimento de Holanda Lima Aluno do Curso de Especialização latu sensu Produção e Reprodução em Bovinos Foi analisado e aprovado com grau: ................................... Rio de Janeiro, ____ de _______________ de ______. ___________________________ Membro ___________________________ Membro ___________________________ Professor Orientador Presidente Rio de Janeiro, ago. 2008 DEDICATÓRIA A minha mãe aos meus filhões Bruno e Isabela, pela compreensão, apoio e incentivo, mesmo sabendo que minha ausência era dolorida. Agradecimentos Agradeço a Deus, pelo dom da vida, do amor, pelos momentos de alegria e persistência. A minha orientadora professora Dra. Hellen Emília Menezes de Souza, que forneceu orientações seguras, guiando meu caminho. Aos professores do curso de Especialização que contribuíram com seus conhecimentos técnico-científicos, em especial o professor e coordenador do curso Dr. Áthos de Assumpção Pastore. Aos amigos e irmãos, Ademir Oliveira Júnior e Everaldo Zeni, com os quais juntos procuramos fazer a diferença na busca do conhecimento e pelas palavras de incentivo nos momentos de fraqueza. Ao Dr. Fernando Abad pelo o apoio técnico. Ao Dr. João Barbuio pela consultoria técnica prestada e o apoio para execução dos serviços de campo. Aos colegas do curso Qualittas Goiânia, verdadeiros companheiros e novos amigos, com os quais aprendemos a conviver com as diferenças de pensamento e comportamento, os meus sinceros votos de apreço e sucesso. Ao Dr. Suheil Raman Neves, credibilidade a mim dispensada. pela EPÍGRAFE “Enquanto a população cresce em progressão geométrica, a produção de alimentos cresce em progressão aritmética” Thomas Malthus RESUMO O protocolo comercial Crestar® em associação com o Valerato de estradiol, PMSG e GnRH, visa aumentar o número da vacas lactantes inseminadas, diminuir o intervalo entre partos e promover o melhoramento genético do gado através da inseminação artificial por meio da sincronização de estro e da ovulação, contudo, sem perda da eficiência reprodutiva e para tal é necessário que os animais estejam em bom estado sanitário e nutricional. Para este estudo foram utilizadas 32 vacas multíparas mestiças com bezerro ao pé avaliadas por exame ginecológico e que se encontravam com condição corporal homogêneo 3,0 – 3,5. Os animais receberam o protocolo Crestar® consistindo na colocação do implante subcutâneo (SC) com 3mg de Norgestomet e na injeção 3mg de Norgestomet + 5mg de Valerato de Estradiol (IM) simultânea a colocação do implante (9 dias), as vacas foram submetidas ao tratamento de ovulação com 500 UI de PMSG, na retirada do implante e todos os animais foram inseminados 55 a 59h (7 animais com sêmen de Gir Leiteiro e 25 animais com sêmen de Nelore), após a retirada do implante e aplicada (IM) 01 mL de GnRH (Fertagyl®, Intervet Brasil). A confirmação da prenhez dos animais foi realizada 53 dias após a Inseminação Artificial, através do toque retal seguido de ultra-sonografia, na qual, foi constatado que dos 07 (100%) animais inseminados com sêmen de raça Leiteira (Gir) 06 (85,71%) estavam prenhes e dos 25 (100%) animais inseminados com sêmen de raça de corte 15 (60%) estavam prenhes. Portanto, a porcentagem de prenhez, obtida dos 32 (100%) animais com bezerro ao pé, inseminados foi de 65,6% perfazendo um total de 21 animais. Este trabalho apresentou índices satisfatórios, mostrando a viabilidade da pecuária bovina no estado do Amazonas, e com o emprego correto da IATF aliada às suas vantagens, poderá desenvolver esta técnica nas propriedades rurais do interior do Amazonas, haja vista que as mesmas só utilizam o sistema de monta natural. Palavras chave: Bovinos, Crestar®, sincronização e inseminação artificial em tempo fixo. ABSTRACT The association of the Crestar® commercial protocol with estradiol valerate, PMSG, and GnRH aims at increasing the number of inseminated milk-producing cows, decreasing the time-period between pregnancies/deliveries and promoting the genetic improvement of livestock through artificial insemination and the synchronization of estrum and ovulation. These goals are achieved without losses of reproductive efficiency, which also requires that the animals be in optimal health and nutritional conditions. In this study, 32 mixed-breed multiparous cows with a calf were used; all animals were submitted to a gynecological examination and presented a homogeneous body condition of 3.03.5. All cows received the Crestar® protocol, which consisted of a subcutaneous implant with 3 mg Norgestomet and a concomitant intramuscular (IM) injection of 3 mg Norgestomet plus 5 mg estradiol valerate (nine days). After the removal of the implant, the cows were subjected to an ovulation treatment with PMSG (500 UI) and subsequently (55 to 59 hours) inseminated (seven cows with Milk Gir semen and 25 with Nelore semen), with an IM application of 01 mL GnRH (Fertagyl®, Intervet Brazil). Pregnancy status was assessed 53 days after artificial insemination through rectal touch plus ultrasonography; the results confirmed pregnancy in six out of seven (85.71%) cows inseminated with Milk Gir semen and in 15 out of 25 (60%) cows inseminated with Nalore semen. The overall pregnancy rate was therefore 65.6% (21 out of 32 animals). This work presented good results showing that programs of fixed-time artificial insemination, could significantly help improve the productivity of bovine farms in rural areas of the state of Amazonas, where natural insemination using studs is still the only reproductive strategy in use. Key-words: Bovines, Crestar®, synchronization and fixed-time insemination. artificial SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... 4 2.1 Fisiologia da Reprodução....................................................................... 4 2.1.1 Puberdade....................................................................................... 4 2.1.2 Ciclo Estral....................................................................................... 5 2.1.3 Dinâmica Folicular........................................................................... 8 2.1.4 Comportameno do Estro.................................................................. 9 2.2 Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF)........................................ 10 2.3 Métodos e Protocolos de Sincronização do Estro em Bovinos............. 12 2.3.1 Estrógeno......................................................................................... 13 2.3.2 Progesterona e Valerato de Estradiol.............................................. 14 2.3.3 Progesterona, Benzoato de Estradiol e Prostaglandina.................. 15 2.3.4 Prostaglandina F2α e seus Análogos.............................................. 16 2.3.5 GnRH / PGF2α / GnRH – OVSYNCH.............................................. 17 2.3.6 CIDR-B (Controlled internal drug releasing-bovine)………………... 18 2.3.7 Crestar® (Norgestomet)……………………………………………….. 19 3 OBJETIVO………………………………………………………………………….. 21 4 MATERIAL E MÉTODOS…………………………………………………………. 22 4.1 Local do Estudo…………………………………………………………….. 22 4.2 Animais………………………………………………………………………. 23 4.3 Protocolo................................................................................................. 23 4.4 Manejo dos animais na propriedade..................................................... 24 4.5 Diagnóstico de gestação....................................................................... 24 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 25 6 CONCLUSÃO..................................................................................................... 27 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 28 LISTA DE ABREVIATURAS Crestar injetável: 3 mg de norgestomet + 5 mg de valerato de estradiol BE: Benzoato de estradiol VE: valerato de estradiol Crestar implante: 3 mg de norgestomet GnRH : hormônio liberador de gonadotrofina hCG : gonadotrofina coriônica humana eCG : gonadotrofina coriônica eqüina PGF2: Prostaglandina efe dois alfa IA : Inseminação Artificial. IATF: Inseminação Artificial em Tempo Fixo TP : Taxa de prenhez E2: Estradiol P4: Progesterona FSH: Hormônio Folículo Estimulante LH: Hormônio Luteinizante IEP: Intervalo entre partos CL: Corpo lúteo PG’s: Prostaglandinas D1: dia um LISTA DE FIGURAS Figura 1. Localização do município de Manaquiri.............................................. 23 Figura 2. Representação esquemática do protocolo Crestar®.......................... 24 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Características do estro avaliadas por radiotelemetria e intervalos estroovulação em vacas Nelore (Bos indicus), Angus (Bos taurus) e Nelore x Angus (Bos indicus x Bos taurus).................................... 10 Tabela 2. Porcentagem de vacas Nelore que começaram (C), terminaram (T) ou que começaram e terminaram (CT) o estro durante o dia ou a noite. 10 Tabela 3. Taxa de prenhez dos animais que receberam o protocolo Crestar® (VE + NOR + CRESTAR + eCG + GnRH)..................................... 25 1 INTRODUÇÃO A pecuária brasileira tem fundamental importância no equilíbrio da balança comercial do país, tornando-se cada vez mais expressiva, principalmente nas regiões centro-sul do Brasil. Nas zonas tropicais e subtropicais, encontram-se a maior parte dos rebanhos bovinos assim como outras espécies de importância zootécnica. Nessas áreas, o melhoramento animal é inconsistente e enfermidades infecciosas e parasitárias, aliados aos reduzidos recursos tecnológicos, provocam sérios prejuízos a produção animal (ANUALPEC, 2004). No Brasil o consumo de leite per capita é de 134 litros/ano, quando a Organização Mundial de Saúde – OMS recomenda 240 litros/ano (REBELO, 2008), e segundo Viacava (2008), o de carne bovina é de 37,6 Kg/ano, dado este informado pelo Anualpec 2007. Segundo Vasconcelos (1999), as características reprodutivas são de baixa herdabilidade e conseqüentemente, são muito mais influenciadas pelo meio ambiente, principalmente pelo manejo nutricional e sanitário, sendo assim podemos ressaltar que o nível de manejo da propriedade é fator imprescindível para o aumento da produtividade. O uso de biotecnologias como a inseminação artificial em tempo fixo, (IATF), objetivando o melhoramento genético do rebanho e o aumento de produtividade, é prática recomendada por diversos autores, dado as suas vantagens, principalmente, quando comparamos com a monta natural. Portanto, a inseminação artificial permite o uso de touros provados. Entretanto, é preciso ressaltar alguns fatores negativos que podem influenciar diretamente nos índice reprodutivos, tais como, falhas na detecção de cio, anestro pósparto e puberdade tardia (BARUSELLI et al., 2002). Admitindo-se que o Brasil possui cerca de 73 milhões de fêmeas bovinas em idade de reprodução (Anualpec 2004), com a ocorrência de aproximadamente 80% de sangue zebu (Bos taurus indicus), criadas, na sua grande maioria, a pasto, são contudo submetidas a significativos comprometimentos na taxa de detecção de cio e na eficiência dos programas de IA. Com o advento da IATF, e com uso do protocolo Crestar® visando à sincronia da onda folicular e do estro em fêmeas mestiças, torna-se mais eficiente e prático o incremento da IA (LIMA, 2005). O estado do Amazonas possui uma pecuária predominantemente semiextensiva e pouco tecnificada, com padrão racial dos animais mestiços azebuados, consangüíneo e criados em dois ecossistemas (várzea e terrafirme), o que dificulta o manejo do rebanho e conseqüentemente a implantação de programas de IA em bovinos no modo tradicional. Sendo assim a IATF contribuirá minimizando as variáveis que interferem negativamente no processo de inseminação artificial tais como: falhas na detecção de cio e intervalos entre partos prolongados. O objetivo deste trabalho foi aplicar um programa de IATF em gado mestiço utilizando a aplicação de Valerato de Estradiol, PMSG e GnRH junto ao protocolo comercial Crestar® para viabilizar a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), por meio de trabalhos executados e acompanhados na fazenda São Francisco, no município de Manaquiri, estado do Amazonas. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Fisiologia da Reprodução 2.1.1 Puberdade O termo puberdade é usado para definir o início da vida reprodutiva e, para a fêmea, o início da atividade ovariana. Na fêmea a puberdade em geral está associada à primeira aparição do cio; contudo a puberdade também inclui eventos que precedem imediatamente o início da atividade ovariana (MELVIN et al.,1996). A idade à época de maturidade sexual vai depender da raça e alimentação. Tem seu início quando os órgãos reprodutivos iniciam a sua função, sendo representada para a fêmea pelo 1º cio com ovulação. Isto ocorre, entre outros motivos, pelo nível nutricional sob o qual foram mantidas estas bezerras após o desmame, podendo antecipar ou retardar o aparecimento, em aproximadamente seis meses, variando ainda de raça para raça (CUNNINGHAM, 1999; HAFEZ, 1995). Em termos médios, estima-se o seu aparecimento para fêmeas bovinas de raças européias entre os 9 a 12 meses de idade, sendo que para as raças zebuínas, caracteristicamente mais tardias, pode surgir fisiologicamente até os 24 meses e, para fêmeas ½ sangue (mãe zebuína X pai europeu) normalmente entre 12 e 20 meses. Com fins de utilização de novilhas para a reprodução, deve-se observar não só o aparecimento do cio, mas também, a maturidade sexual, ou seja, associando desenvolvimento corporal a possíveis dificuldades de parto. E também o fornecimento de nutrição adequada para esta novilha gestante, de modo que se mantenha crescendo, ganhando peso e chegando ao parto em boa condição corporal (VANZIN, 2000). O peso ideal de novilhas nelore, para serem selecionadas ao programa reprodutivo, está em torno dos 270-280 kg peso vivo, por volta dos 25-30 meses (em criações extensivas). Já para as novilhas com sangue europeu, por volta dos 300-320 kg peso vivo, dependendo da alimentação fornecida, a partir dos 12-18 meses. Assim sendo, cada raça tem seu peso ideal à primeira concepção e este peso deve ser respeitado, se o criador desejar que este animal atinja seu total desenvolvimento. Mesmo que estas novilhas entrem em cio antes desta condição, elas não devem ser cobertas, pois se corre o risco de não manter as exigências nutritivas ao seu bom desenvolvimento (AMARAL, 2000). 2.1.2 Ciclo Estral Segundo Moreira (2002), o período que compreende dois estros consecutivos, envolvendo crescimento dos folículos ovarianos, é denominado ciclo estral, que tem duração de 18 a 24 dias, com um intervalo médio de 21 dias. O ciclo estral pode ser entendido como ritmo funcional dos órgãos reprodutivos femininos que se estabelece a partir da puberdade. Compreende as modificações cíclicas na fisiologia e na morfologia dos órgãos genitais e também no perfil dos hormônios relacionados (ANTONIOLLI, 2002). O ciclo estral nos bovinos é caracterizado por uma série de ondas chamadas de ondas de crescimento foliculares, sendo regulado por hormônios hipotalâmicos (hormônio liberador de gonadotrofina – GnRH), hipofisário (Hormônio folículo estimulante – FSH e Hormônio Luteinizante – LH) e gonadais (Estradiol-E2, Progesterona-P4 e Inibina), (LUCY et al.,1992). O ciclo estral nos bovinos compreende quatro fases (CUNNINGHAM, 1999): Proestro – Período que antecede o cio (dura de 2 a 3 dias); Estro – Cio propriamente dito (dura entre 12 e 18 horas); Metaestro – Período imediatamente posterior ao cio (dura de 2 a 3 dias); Diestro – Período entre um cio e outro (dura de 13 a 15 dias); O período de proestro, com duração de dois a três dias, é caracterizado pelo declínio nos níveis de progesterona, pelo desenvolvimento folicular e pelo aumento dos níveis de estradiol no sangue. Nessa fase, a liberação do GnRH pelo hipotálamo estimula a secreção de FSH e LH da glândula pituitária. Os elevados níveis de FSH no sangue induzem o desenvolvimento dos folículos e, em sinergismo com o LH, estimulam a sua maturação. À medida que o folículo se desenvolve, aumenta a produção de estradiol pelos folículos, e após uma determinada concentração, o estradiol estimula à manifestação do cio e a liberação massiva do LH, dando início a segunda fase (CUNNINGHAM, 1999). No período de estro (segunda fase), a ocorrência de elevados níveis de estradiol, além de induzirem a manifestação do cio, são também responsáveis pela dilatação da cérvix, síntese e secreção do muco vaginal e o transporte dos espermatozóides no trato reprodutivo feminino (CUNNINGHAM, 1999). Segundo Moraes et al., (2002), a liberação massiva de LH, que inicia síncrono com o começo do estro, resulta em dois fenômenos independentes: a luteinização das camadas celulares da parede folicular (granulosa e teca) e a ruptura do folículo ovulatório (dominante, maduro), culminando com a ovulação e a formação do corpo lúteo. Com o término da manifestação do cio, tem início o período de desenvolvimento do corpo lúteo, ou fase luteínica. A fase luteínica pode ser subdividida em metaestro e diestro. O metaestro, com duração de 2 a 3 dias, tem como característica principal a ovulação que é a liberação do óvulo pelo folículo (VANZIN, 2000). Em bovinos, a ovulação ocorre geralmente de 6 a 12 horas após o término do cio. Após a ruptura do folículo, o óvulo é transportado para a porção média do oviduto, e as células da parede interna do folículo se multiplicam dando origem a uma nova estrutura, denominada corpo lúteo ou corpo amarelo. O corpo lúteo produz progesterona, que é o hormônio responsável pela manutenção da gestação. O período em que o corpo lúteo passa a ser funcional representado pela síntese e liberação de elevados níveis de progesterona, é denominado de diestro (CUNNINGHAM, 1999). Entre as diversas fases do ciclo estral, o diestro é o de maior duração (aproximadamente 15 dias). Se o óvulo for fecundado, o corpo lúteo será mantido e os níveis de progesterona permanecerão elevados durante a gestação. Caso não ocorra a fecundação, o corpo lúteo regredirá (ao redor de 17 dias após o cio) e os níveis de progesterona no sangue diminuirão, permitindo assim o desenvolvimento de um novo ciclo estral. Um dos mecanismos responsáveis pela destruição do corpo lúteo (luteólise) é a ação de uma substância produzida pelo útero, denominada prostaglandina F2α (PGF2α). O corpo lúteo é mais sensível á ação luteolítica da prostaglandina á medida que envelhece (amadurece), ou seja, a partir do 10º dia do ciclo estral (CUNNINGHAM, 1999). 2.1.3 Dinâmica Folicular O processo contínuo de crescimento e atresia dos folículos, que leva ao desenvolvimento do folículo pré-ovulatório, é conhecido como dinâmica folicular, enquanto que o padrão de crescimento e atresia de um grupo de folículos ovarianos é denominado onda de crescimento folicular (LUCY et al., 1992). Segundo Borges et al. (2001), a dinâmica folicular em animais mestiços de Holandês-Zebu, caracterizaram a ocorrência de duas ou três ondas, com predominância de ciclos com três ondas em relação ao de duas ondas. Apesar de a maioria das fêmeas apresentarem um padrão de duas ou três ondas, existem aquelas que apresentam somente uma onda (BORGES et al., 2001) e aquelas que apresentam quatro ondas (FIGUEIREDO et al., 1997; BORGES et al., 2001; SILVA et al., 2005). A dinâmica folicular de fêmeas zebuínas também é caracterizada por duas ou três ondas de crescimento folicular na maioria dos ciclos estrais (RHODES et al., 1995; FIGUEIREDO et al., 1997) contudo verificou-se que o diâmetro do folículo dominante e do corpo lúteo são menores quando comparados a fêmeas taurinas (FIGUEIREDO et al., 1997 e PINHEIRO et al.,1998). 2.1.4 Comportamento do Estro Segundo Baruselli, (2000) o estudo das características comportamentais durante a fase estral é de grande relevância para o emprego da IA, uma vez que um dos maiores entraves na eficiência desta biotecnologia é a detecção de cio, que diretamente está associada à baixa taxa de serviço. Trabalhos realizados em fêmeas zebus por detecção visual do estro e radiotelemetria (tab. 1 e 2) indicaram curta duração (cerca de 11 horas) associado à alta incidência de cios noturnos 30% a 50 % (PINHEIRO et al., 1998; MIZUTA, 2003). Estes dados indicam dificuldade na detecção de cio, o que prejudica a implantação de programas convencionais de IA, daí a importância do emprego de protocolos a fim de sincronizar o estro e a ovulação para o emprego dessa biotecnologia em dias pré-determinados (IATF). Tabela 1: Características do estro avaliadas por radiotelemetria e intervalos estro-ovulação em vacas Nelore (Bos indicus), Angus (Bos taurus) e Nelore x Angus (Bos indicus x Bos taurus). Características Grupos Genéticos Nelore Nelore x Angus Angus Duração do estro (horas) 12,9 2,9 (n=25) 12,4 3,3 (n=35) 16,3 4,8 (n=26) Número de montas / estro 28,2 13,2 (n=25) 34,1 19,2 (n=35) 29,7 19,4 n=26) Intensidade do estro (montas/hora de estro) 2,3 1,3 (n=25) 2,8 1,5 (n=36) 1,9 1,2 (n=26) Intervalo estro-ovulação (h) Fonte: Mizuta, (2003) 27,1 3,3 (n=8) 25,7 7,6 (n=10) 26,1 6,3 (n=7) Pinheiro et al. (1998) avaliaram o momento de ocorrência do cio ao longo do dia, verificando que 53,8% dos cios ocorrem durante a noite, e que somente 30,7% iniciam e terminam durante a noite. Tabela 2: Porcentagem de vacas Nelore que começaram (C), terminaram (T), ou que começaram e terminaram (CT) o estro durante o dia ou a noite. Noite C 53,8% T 46,1% CT 30,7% Dia 46,1% 53,8% 23,0% Fonte: Pinheiro et al., (1998) 2.2 Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) Por muitos anos vem se discutindo e estudando a melhor maneira de se empregar a IA em uma propriedade. No entanto, ainda são encontradas muitas dificuldades, como: distância dos piquetes até o curral de inseminação, tamanho dos piquetes e das fazendas, falhas na detecção de cio, falta de mãode-obra qualificada, entre outros (MALUF, 2002; MOREIRA, 2002). Nos últimos tempos com os avanços tecnológicos da pecuária tem se empregado o tempo fixo para inseminação artificial. O processo se resume em pré-determinar o dia e o horário que um determinado lote de fêmeas (vacas e/ou novilhas) serão inseminadas. Com este avanço se reduz o período de estação de monta em um menor número de dias, não se perde com a falha na detecção de cio, pois não há necessidade da observação de estro, e o trabalho é reduzido à alguns dias ao invés de meses que é o tempo que duraria uma estação de monta (MIKESKA; WILLIANS, 1988). No entanto, não pode esquecer de que se deve utilizar os protocolos que apresentam um melhor custo/benefício da introdução da sincronização, levando-se sempre em conta os custos com medicamentos e a taxa de concepção (VASCONCELOS et al., 1997). O emprego da inseminação artificial é a base para a aplicação de novas tecnologias na reprodução, portanto, essas novas biotécnicas, que aplicadas a IA produzirão maior eficiência, melhores índices e uma vez dominadas, resultarão no auxílio a maior difusão do uso da técnica e melhor resultado econômico (Zanega, 1998). 2.3 Métodos e Protocolos de Sincronização do Estro em Bovinos Na literatura nacional e internacional, existe uma vasta gama de métodos farmacológicos utilizados através de protocolos para a sincronização do estro e da ovulação em bovinos (ODDE, 1990; LARSON; BALL, 1992; BÓ et al., 1995; KESLER; FAVERO, 1996; PURSLEY et al., 1995; WILTBANK, 1997 KASTELIC; MAPLETOFT, 1998; BARROS et al., 2000; BARUSELLI et al., 2002). Esses diferentes métodos variaram desde a aplicação isolada de derivados de estrógenos, como no caso do valerato de estradiol, que atuam na supressão da secreção do FSH e no estímulo da liberação do LH pela hipófise, até o benzoato de estradiol (BÓ et al., 1994; HANLON et al., 1996). Entretanto, outros autores optaram pela associação de derivados da progesterona, associados ao valerato de estradiol, metodologia eficiente, que foi utilizada no presente experimento (ODDE, 1990; BARUSELLI et al., 2002), ou ainda a associação desses últimos hormônios, com a PGF2α, a fim de promover a supressão da secreção de progesterona pelo corpo lúteo, devido a luteólise que é provocada nesta glândula temporária (BÓ et al., 1995; KESLER; FAVERO, 1996; BARUSELLI et al., 2002). Da mesma forma, os análogos da PGF2α também apresentam resultados satisfatórios quando comparados a outros métodos citados na literatura (ODDE, 1990; LARSON; BALL, 1992; KASTELIC; MAPLETOFT, 1998). Outras associações de hormônios, tais como o método (Ovsynch) preconizado por (WILTBANK, 1997; PURSLEY et al., 1995; BARROS et al., 2000 e BARUSELLI et al., 2002), que associam preparações a base de GnRH+ PGF2α +GnRH, têm sido utilizado com sucesso em bovinos Bos taurus taurus, mostrando-se, contudo, ineficazes no caso de zebus, Bos taurus indicus e suas cruzas. Quando se pretende testar a eficiência de um sistema de produção de bovinos de corte, avalia-se principalmente as taxas de nascimento e desmame, bem como, o intervalo entre parto (IEP) das matrizes. Portanto, procuramos viabilizar economicamente a atividade com taxa de fertilidade em torno de 85% a 90% e IEP não superior a 14 meses, sendo ideal o de 12 meses. Sendo assim, a sincronização de estro é importante ferramenta, haja vista, que com ela é possível concentrar os partos no momento mais adequado do ano, levando em consideração o aporte forrageiro e as condições climáticas de cada região (LIMA, 2005). 2.3.1 Estrógeno Os estrógenos são hormônios esteróides, que estão distribuídos por todo corpo e se acumulam no tecido adiposo, tendo sua eliminação principalmente pelo metabolismo hepático. Esses hormônios quando combinados com soluções oleosas, são absorvidos rapidamente podendo ainda permanecer sua absorção por vários dias depois de sua administração intramuscular (BÓ et al., 2006). Na reprodução animal, são utilizados os estrógenos esterificados como o cipionato de estradiol, valerato de estradiol e o benzoato de estradiol. A esterificação do grupo hidróxilo do estradiol 17β leva a proteção deste grupo contra o ataque metabólico e prolongam seu efeito, sendo assim, o cipionato de estradiol que é produzido a partir da esterificação do estradiol com o ácido ciclopentanepropiônico, tem uma atividade biológica muito mais prolongada em relação aos outros estrógenos. O benzoato de estradiol tem um período de ação mais curto e o valerato é de ação imediata. Uma vez na circulação, esses hormônios são hidrolisados e a atividade biológica volta a ser do estradiol 17β normal, portanto, a duração da ação dos estrógenos no organismo depende da absorção e do metabolismo (BÓ et al., 2006). BÓ et al., (1994) citam que os efeitos dos estrógenos, valerato de estradiol e 17β-estradiol (E2), sobre o desenvolvimento folicular ocasionam a supressão de FSH, a liberação de LH ou um efeito direto sobre os ovários. O benzoato de estradiol tem sido bastante utilizado para sincronizar a ovulação, possivelmente pelos mesmos mecanismos citados anteriormente, com a indução do pico pré-ovulatório de LH, pelo “feedback” positivo do E2, sobre a liberação do GnRH e LH, quando administrado na ausência da progesterona plasmática (HANLON et al., 1996). 2.3.2 Progesterona e Valerato de Estradiol Os progestágenos são sincronizadores de estro sendo utilizados para aumentar a vida útil do corpo lúteo (CL), porém, associado ao valerato de estradiol permite que as vacas apresentem regressão do CL e conseqüentemente o surgimento do estro, em um mesmo período. Existem no mercado fármacos eficientes que liberam progestágenos (Norgestomet-17αacetoxi, 11β-metil-19-norpreg-4en-3,30-diona) com a finalidade supracitada. Esses produtos são administrados por via auricular subcutânea, por um período de nove dias e tem como finalidade suprimir a liberação endógena do LH, simulando a fase luteínica do ciclo estral. A regressão luteínica é alcançada pela aplicação de valerato de estradiol no início do tratamento ou pela aplicação de prostaglandina no momento da remoção do implante (BARUSELLI et al., 2002). Os trabalhos que utilizaram implante de norgestomet em bovino demonstram que mais de 90% dos animais manifestam estro após a retirada do implante com taxa de concepção variando de 33% a 68% (ODDE, 1990; BARUSELLI et al., 2002). Animais em anestro no início do tratamento também manifestaram estro após a retirada do implante, porém, apresentaram menor fertilidade que animais cíclicos (ODDE, 1990). Os trabalhos em geral recomendam a IA dos animais após 48-54 horas da retirada do implante, com taxas de concepção aceitáveis acima de 50% (BARUSELLI et al., 2002). 2.3.3 Progesterona, Benzoato de Estradiol e Prostaglandina No mercado encontra-se usualmente implantes intra-vaginais contendo progesterona natural. Estes produtos permanecem na vagina do animal por um período de sete a 12 dias com a finalidade de manter altos os níveis de progesterona para bloquear a liberação endógena do LH, simulando a fase luteínica do ciclo estral. A regressão luteal é alcançada pela aplicação de estradiol no início do tratamento ou pela administração de prostaglandina no momento da remoção do implante (BARUSELLI et al., 2002). BÓ et al., (1995) demonstraram que a associação de progesterona e estrógenos no tratamento, provoca a atresia do folículo dominante e induz a emergência de uma nova onda de crescimento folicular, com uma média de 4,3 dias após a aplicação. Da mesma forma, à aplicação de ambos os hormônios apresenta também ação luteolítica, provavelmente por aumentar os níveis de PGF2α com ação luteolítica, agindo diretamente sobre o CL, promovendo a luteólise (KESLER; FAVERO, 1996). 2.3.4 Prostaglandina F2α e seus Análogos Há pelo menos três décadas iniciaram-se estudos com as prostaglandinas (PG’s). Inicialmente detectou-se PG’s no líquido seminal de carneiros provavelmente secretados pela próstata, daí sua denominação. Os análogos sintéticos (cloprostenol, dinoprost e outros) têm sido relatados como mais potentes quando comparados com PG’s naturais e, funcionam como agentes luteolíticos em vacas com CL funcional determinando prontamente a queda dos níveis de E2, desenvolvimento folicular e, pico de LH dentro de três dias. A responsividade inicia-se no quinto dia do ciclo estral, aumentando até o 12° dia, e permanece em fase de platô até o 17° dia, quando se inicia a regressão espontânea pela PGF2α endógena (ODDE, 1990; LARSON; BALL, 1992). Duas aplicações de PGF2α, teoricamente com intervalos de 11 a 14 dias induzem o estro em grande proporção com fêmeas ciclando, enquanto que fêmeas em anestro ou ciclando irregularmente não respondem ao tratamento. No entanto, mesmo após a aplicação de duas doses de PGF2α, tem-se observado grande variação na detecção do estro e na ovulação. Este dado indica que o tratamento com PGF2α sincroniza com eficiência o momento da luteólise e não o estágio de desenvolvimento do folículo ovulatório. Portanto, protocolos que visam utilizar a inseminação artificial em tempo fixo, apenas com a utilização de PGF2α não têm apresentado bons resultados. 2.3.5 GnRH/ PGF2α /GnRH-OVSYNCH Esse protocolo utiliza uma seqüência de GnRH, PGF2α, GnRH (para a IATF), com a finalidade de provocar a ovulação e formação de um CL ou luteinização do folículo dominante, para posterior luteólise com aplicação de PGF2α, sendo o processo ovulatório e, conseqüente, ovulação sincronizada, provocado pela segunda aplicação de GnRH (WILTBANK, 1997). Alguns trabalhos demonstram que folículos com 0,9 a 1,0 cm de diâmetro em crescimento ovulam mesmo na presença do CL funcional, com altas visíveis de progesterona (WILTBANK, 1997). PURSLEY et al., (1995) detectaram ovulação em 18 de 20 vacas (90%) e em 13 de 24 novilhas (54%) tratadas com GnRH, independentemente da fase do ciclo estral. Portanto os autores não recomendam o emprego do método “ovsynch” para novilhas devido à baixa resposta ovulatória do GnRH e devido ao fato de que a ausência de ovulação não sincroniza o desenvolvimento de uma nova onda de crescimento folicular. BARROS et al., (2000) e BARUSELLI et al., (2002) demonstraram que o protocolo “ovsynch” apresenta baixa eficiência em vacas zebuínas, quanto suas cruzas, lactantes criadas a campo e indicam o uso deste protocolo somente em rebanhos com altas taxas de ciclicidade, o que não é comum em rebanhos zebu criados nos trópicos. 2.3.6 CIDR-B (Controlled internal drug releasing-bovine) De acordo com Silva et al. (2007), a IATF utilizando o protocolo com CIDR-B, demonstrou uma boa eficiência na concentração de fecundação em um único dia, pois alcançou resultados próximo de 70%, o que sugere uma redução do custo da mão-de-obra na parição. Segundo Almeida et al. (2006), a eficiência da reutilização dos implantes intravaginal CIDR-B, mostrou bons resultados com o protocolo, totalizando uma média de 52,7%, tanto na primeira, como na segunda e terceira utilização da progesterona. De acordo com Meneghetti et al. (2005), numa estação de monta de 37 dias com a sincronização da ovulação utilizando o CIDR-B, permitiu emprenhar 50,6% dos animais na IATF. Associando a observação do retorno ao cio de 18 a 24 dias, a ressincronização resultou em 69,3% de vacas gestantes por IA. Estudando alternativas para indução de atividade cíclica ovariana em vacas de corte no pós-parto, Borges (2003), obteve 65% de prenhez com o protocolo usando CIDR-B na IATF, sendo que os bezerros sofreram desmame precoce com 75 dias. Para avaliar o efeito do protocolo de sincronização na ovulação da taxa de prenhez em vacas leiteiras mestiças mantidas a pasto no verão, Garcia (2003), chegou ao resultado de 50% de prenhez, os quais foram influenciados pela condição corporal e a ordem de lactação. 2.3.7 Crestar® (norgestomet) Ao avaliar a eficiência da reutilização dos implantes auriculares (Crestar®), Almeida et al. (2006), alcançou um resultado mais satisfatório do que o protocolo utilizado com o CIDR, resultando em uma taxa de prenhez de 5% a mais. De acordo com Moreira (2002), o uso do Crestar® em vacas de corte, alcançou 61% de prenhezes positivas, em vacas vazias e com bezerro ao pé, o que leva a um resultado muito satisfatório, pois as vacas encontravam-se com os ciclos desordenados. A reutilização de implantes contendo progestágenos (Crestar®) para o controle farmacológico do ciclo estral e ovulação em vacas de corte, foi avaliado por Maluf (2002), que encontrou uma média de 40% de prenhez em vacas com bezerro ao pé e solteiras, onde todas estavam com escore corporal bom, e afirmou que quando reutilizado os implantes não afeta o resultado da taxa de prenhez. O desempenho reprodutivo alcançado por Barufi et al. (1999), quando avaliou o uso do Crestar® no desempenho reprodutivo de vacas de corte com bezerro ao pé, foi satisfatório, pois observou 67,8% de prenhez, o que permite afirmar a eficiência de sincronização do estro. Murta et al. (2001) encontraram um resultado de 67% de prenhez, quando, avaliaram a taxa de prenhez em vacas nelore com a utilização do protocolo Crestar®, para a sincronização do cio, obteve em uma única IATF em vacas solteiras, o bom desempenho com o uso do progestágeno auricular. 3 OBJETIVO Avaliar o uso do protocolo comercial Crestar® associado ao valerato de estradiol, PMSG e GnRH em vacas mestiças, na Fazenda São Francisco, no município de Manaquiri – Amazonas. 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Local do estudo O estudo foi realizado no período de dezembro de 2006 a junho de 2007 na fazenda São Francisco, localizada a rodovia Rodovia AM 354 Km 3 s/nº, no município de Manaquiri, estado do Amazonas. A fazenda São Francisco possui uma área total de 222 ha, divididos em dois tipos de ecossistemas: várzea (150 ha) e terra firme (72 ha). A várzea é um ecossistema em que parte do ano encontra-se coberto por águas dos rios, possui uma pastagem natural bastante rica, utilizada muitas das vezes para a “terminação” de bois. O ecossistema de terra firme é composto por pastagem de Brachiaria humidicola (Quicuio da Amazônia), que somente é utilizada quando a área de várzea encontra-se submersa em águas. Manaquiri é um município brasileiro do estado do Amazonas. Localiza-se a uma latitude 03º25'41" sul e a uma longitude 60º27'34" oeste, estando a uma altitude de 48 metros acima do nível do mar. Em linha reta fica a uma distância de 64 km de Manaus, por via fluvial a 65 km e por via terrestre aproximadamente a 120 km. Sua população estimada em 2004 era de 13.655 habitantes, possui uma área de 3.985,169 km²e sua temperatura média é de 27°C (Wikipédia, 2007). Figura 1: Localização do município de Manaquiri. Fonte: Wikipédia, 2007. 4.2 Animais Foram utilizadas 32 vacas mestiças, classificadas como multíparas, com bezerro ao pé, identificadas por brincos e submetidas ao exame ginecológico por meio de palpação retal e avaliadas também quanto ao escore corporal. Todas as vacas foram manejadas em sistema de pastejo contínuo (extensivo), em pastagem de Brachiaria humidicola (Quicuio da Amazônia), vacinadas contra febre aftosa, vermifugadas e suplementadas com sal mineral adequado para reprodução. Os animais pertencentes ao grupo apresentavam escore de condição corporal homogêneo 3,0 – 3,5, em escala de 1 a 5 (ROSSA et al., 2002). 4.3 Protocolo Todos os animais receberam implante auricular Crestar®1 (3 mg de norgestomet), mais protocolo injetável por via intra-muscular contendo 3 mg de norgestomet + 5 mg de valerato de estradiol no mesmo dia da colocação do implante (D1). O implante foi removido após 9 dias e no momento da retirada os animais receberam 2 mL de PMSG2 como agente luteolítico, e 56 h após ____________________ foram 1 Akzo Nobel LTDA – Divisão Intervet 2 Folligon – Intervet realizadas as inseminações e aplicação de 1 mL de GnRH3 por via intramuscular profunda como sincronizador de ovulação. Os animais foram inseminados com sêmen de touros provados provenientes de central reconhecida, sendo, 07 vacas inseminadas com sêmen de touros da raça Gir Leiteira e 25 vacas inseminadas com sêmen de touro da raça Nelore. IATF em Vacas Mestiças com Implante Novo Retirada implante+ 2mL PMSG Crestar 9 ou 10 dias 56 horas Crestar injetável Inserção Implante IATF +1mL GnRH Figura 2: Representação esquemática do protocolo Crestar®. 4.4 Manejo dos animais na propriedade Os animais são manejados em sistema de pastejo contínuo (extensivo) nos dois ecossistemas, entretanto, nos meses de maio a junho ficam na terra firme e de agosto a abril ficam na várzea. 4.5 Diagnóstico de gestação Os animais foram submetidos ao diagnóstico de gestação 53 dias após as inseminações, através de toque retal seguido de exame de ultrasonográfico4, utilizando aparelho com transdutor linear de 5.0 Hz. ________________________ 3 Fertagyl – Intervet 4 Honda, modelo HS 1120 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados do presente trabalho encontram-se sumarizados na tabela 3. Tabela 3: Taxa de prenhez dos animais que receberam o protocolo Crestar® (VE + NOR + CRESTAR + eCG + GnRH). Vacas mestiças inseminadas Taxa de prenhez (%) Nelore 25 60 (15/25) Gir Leiteiro 7 85,71 (6/7) Total: 32 65,6 (21/32) Sêmen utilizado O método utilizado pelo presente estudo foi satisfatório, pelo índice de prenhez obtido de 65,6%, ou seja de um total de 32 animais submetidos ao tratamento, 21 encontravam-se gestante aos 53 dias após a IATF. Esse resultado foi superior aos encontrados por alguns estudiosos utilizando o protocolo Crestar® em vacas mestiças paridas: 32 a 44% Maluf (2002) – em Londrina/PR, 45 a 53% Moreira (2002) – em Londrina/PR, 43,75% Silva et al., (2007) – em Aquidauana/MS, e igual ao encontrado por Murta et al. (2002) – em Santa Cruz de Salinas/MG, em vacas mestiças não lactantes que tiveram índices de prenhez variando entre 60 a 65,7%. Contudo, outros estudiosos (ODDE, 1990; BARUSELLI et al., 2002), utilizando a mesma metodologia deste trabalho, reportaram taxas de prenhez que variaram entre 33 a 68%, respectivamente que condizem com o resultado encontrado no experimento. Trabalhos utilizando dispositivos intravaginais de progesterona em vacas de corte, reportaram índices de prenhez de 67% Baruselli et al., (2002); 38,9% e 55,1% Baruselli et al., (2003); 46,67 e 63,33% Martins et al.,[s.d]; 75% Peixoto Júnior; Ulian, (2007); 42,85% Carrijó Júnior; Langer, (2006); 33% Siqueira et al., (2008). Entretanto, trabalhos em que foi utilizado o protocolo Crestar® em vacas de corte, também obtiveram ótimos índices de prenhez: 64,55 e 72,55% Peixoto Júnior; Ulian (2007); 51,7 e 76% Baruselli et al. (2006); 27,6 a 55,7% Silva et al. (2004). Esses resultados confirmam que, tanto utilizando implantes auriculares quanto dispositivos intravaginais, são encontrados índices de prenhez em torno 50%. Siqueira et al. (2008), cita que essa média de 50% é bastante razoável e que resultados inferiores a isso são considerados insatisfatórios, pois não justificam os custos de manejo e a implementação destes programas hormonais. 6 CONCLUSÃO Conclui-se com os resultados do presente trabalho a viabilidade do uso do protocolo Crestar® associado ao valerato de estradiol, PMSG e GnRH em vacas mestiças nas condições do município de Manaquiri. Vale ressaltar que, a viabilidade deste protocolo não dispensa os cuidados de manejo sanitário e nutricional, além da mão de obra capacitada com aplicabilidade da Inseminação Artificial. Considerando que a realização deste trabalho representou um marco nos estudos da aplicação de biotecnologias na reprodução animal em bovinos mestiços, nas condições do Estado do Amazonas, há necessidade da realização de mais pesquisas científicas no sentido de melhor estudar a aplicação da IATF, em propriedades rurais locais. 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, A.B.; BERTAN, C.M.; ROSSA, L.A.F.; GASPAR, P.S.; MADUREIRA, E.H. Avaliação da reutilização de implantes auriculares contendo norgestomet associados ao valerato ou ao benzoato de estradiol em vacas nelore inseminadas em tempo fixo. Braz. J. vet. Res. Anim. Sci., São Paulo, v. 43, n. 4, p. 456-465, 2006. AMARAL, T.B. Condição corporal e eficiência reprodutiva em vacas de corte.In: Seminário da disciplina de zootecnia do curso de mestrado em zootecnia 2000. Belo Horizonte. Disponível em: da Ufmg <http://www.cnpgc.embrapa.br>. Acesso em: 15 fev. 2008. ANTONIOLLI, C.B. Desenvolvimento folicular, ondas foliculares e manipulação. 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