1 ENTRE LEITURAS E LEITURAS Josefa Fernanda Cardoso Andrade (UNEB) [email protected] Entre leituras e leituras o indivíduo torna-se um leitor, se constitui dessa maneira, a partir das mais variadas leituras, seja ele admirador da literatura clássica, da literatura popular e porque também não dizer da literatura de massa, sendo assim, o leitor é sempre um leitor, seja ele rico ou pobre, negro, mestiço ou branco, escolarizado e até mesmo não escolarizado, seja aquele que lê em voz alta ou silenciosamente, ou até mesmo aquele como afirma Ricardo Piglia (2006, p. 19) “um leitor também é aquele que lê mal [...]”, seja como for, o leitor ocupa uma posição privilegiada, pois, em diferentes épocas e espaços ele “reescreve” o texto independente se o suporte de leitura é um pergaminho, um códex, um livro impresso ou digital. É sabido, que atualmente, vive-se e convive-se com uma vasta gama de tecnologias e grande parte da população brasileira, principalmente os jovens, tem acesso a elas através dos meios de comunicação como o cinema, o rádio, a televisão, o computador e a Internet. Contudo, sabemos que o Brasil é um país ainda em desenvolvimento, e talvez por isso exista ainda uma grande desigualdade social, um lugar em que uma minoria da população detém a maior parte do poder econômico, enquanto que o restante da população vive com muitas dificuldades e até mesmo na miséria. Mas, apesar disso, muitos jovens têm acesso aos meios de comunicação acima citados, senão em casa, na casa de amigos, familiares e, quando se refere à internet, muitos têm esse acesso nas chamadas lan houses. Todavia, não iremos discutir sobre o acesso a esses meios de comunicação, pois, a questão tratada nesta ocasião é a relação entre os meios de comunicação como o cinema, o rádio, a televisão, o computador e a Internet com o livro e a leitura na vida dos jovens leitores e/ ou leitores jovens. A Internet, rede mundial de computadores é hoje um dos entretenimentos preferidos dos jovens, pois, muitos desses passam horas no computador pesquisando, jogando, lendo, dentre outras atividades. Sabemos, porém, que muitos deles acabam dividindo o espaço da leitura e do entretenimento entre o livro e o computador, o que não significa, no entanto, que eles não leiam, mas que os suportes de leitura nesse caso se diversificaram. Pois, é sabido, que o livro impresso e o digital convivem há algum tempo e continuarão convivendo por um tempo ainda indefinido, visto que, o livro 2 impresso com suas características intrínsecas como o formato, a capa, as cores, a textura, o cheiro de novo ou velho jamais será substituído por um livro digitalizado, pois para este último é como se todos os livros sem distinção perante os olhos do leitor digital fossem iguais diante de uma tela na qual aparecem um formato de um papel em branco com letras pretas. Além disso, o prazer de ter um livro em mãos, de tocá-lo, abrilo, lê-lo, fechá-lo, é tão intenso e prazeroso, sentimentos que uma tela de computador não provocará jamais. Além disso, de acordo com Alberto Manguel (1997, p. 242) “a simples posse de livros implica uma posição social e uma certa riqueza intelectual”. Contudo, é inegável que livro digital é um grande avanço e uma grande contribuição para a humanidade, pois, através deste suporte poder-se-á preservar a memória dos textos e seus autores por vários e vários séculos, oportunidade não concedida aos textos da Biblioteca de Alexandria, por exemplo, na qual foram destruídas milhares de obras e conseqüentemente destruída a memória de textos que podemos dizer irrecuperáveis. Diante disso, o livro impresso e o livro digital, em seus suportes diversificados, têm um papel fundamental na transmissão do conhecimento. Ainda sobre a “extinção” do livro impresso, o lingüista americano Steven Roger Fischer (2006, p. 292) diz que “O livro físico iria se tornar um anacronismo, pois a ‘leitura’ em si passaria a significar apenas a rolagem virtual das páginas”, pois “a leitura do futuro está sendo moldada por novos equipamentos” (FISCHER, 2006, p. 291). Também Eneida Maria de Souza (2002, p. 86) tem esse mesmo posicionamento, no qual assegura que “[...] o suporte livro irá ser substituído pelo e-book [...]”. Diante dessas alusões, a relação entre o livro e os meios de comunicação é sem dúvida uma preocupação de muitos estudiosos, mas, é como já dizia Roger Chartier (2009, p. 236) que “um livro de 1530 não se apresenta como um de 1880” assim como um livro do século XXI não será o mesmo de séculos anteriores, pois o livro passa por constantes evoluções e deslocamentos. E se os suportes mudam, o leitor e a leitura também passam por diversas transformações. Diante disso, surge a inquietação de que hoje se lê menos do que no passado, mas essa preocupação com a leitura surgiu a partir do momento em que os jovens passaram a conviver com outros suportes de leitura na era digital que não apenas o livro impresso. Sendo assim, como afirma André Belo: Se as novas possibilidades de leitura na tela permitem novas liberdades de leitura do texto, a generalização da forma digital trouxe também consigo o sentimento difuso de que isso constitui uma ameaça 3 ao formato tradicional do livro. [...] Essa inquietação veio juntar-se a uma outra, que já existe há varias décadas, pelo menos no mundo ocidental: a de que existem cada vez menos leitores. (BELO, 2008, p. 19) Essa “crise da leitura” que surgiu há algumas décadas não deixa de ser contraditória, pois, se atualmente se tem mais facilidade de acesso aos livros e a leitura como se pode afirmar que não se lê ou se lê menos que em épocas anteriores, mas apesar disso, Jesús Matín-Barbero (1995, p. 50) afirma que “a imensa maioria nunca lê ou lê pouco”. Contudo, como fazer tal afirmação se a produção, a distribuição e a circulação dos livros a cada década vem aumentando? Tomemos como exemplo desses questionamentos um estudo feito por Anne-Marie Chartier e Jean Hébrard em 1980, sobre os discursos produzidos sobre a “crise da leitura” na França entre 1880 e 1980. Tais autores destacaram segundo Belo (2008, p. 21) que “na história recente daquele país tinha sido tardia a generalização da idéia de que a leitura era uma prática positiva em si mesma, independentemente do que era lido ou de quem se lia”. Porém, o que ocorreu foi um controle de leituras entre os novos leitores da época como as mulheres, as classes populares e até mesmo as crianças. Contudo, diante disso, [...] numa altura em que a alfabetização era menor do que a atual e em que globalmente os franceses liam menos, dizia-se que se lia demais. Hoje, quando há mais leitores e globalmente se lêem mais livros, a tendência é para se dizer que se lê de menos. (BELO, 2008, p. 21) Sendo assim, é necessário estudar profundamente essas contradições históricas, pois, a produção, a distribuição e a circulação de textos, tanto na forma impressa quanto na digital está mais acessível aos jovens leitores, e se se lê menos atualmente é uma questão a ser pesquisada, pois os jovens estão dividindo o espaço do livro e da leitura com os suportes digitais. E, isso é justamente uma das preocupações da Sociologia da Leitura quanto aos modos de produção, distribuição e circulação dos livros na sociedade. Pois, a difusão dos estudos da Sociologia da Leitura na França, país que mais tem pesquisado e se interessado por essa área de conhecimento, tornou-se relevante ao tratar sobre a crise editorial no país, sobre a invasão dos novos meios de comunicação e a “desvalorização” do livro. Numa pesquisa sobre as práticas culturais dos franceses no período de 1989 a 1997, segundo Martine Poulain (2004), foi constatado que os jovens e estudantes franceses liam menos livros que há 20 anos atrás, assinalando assim um retrocesso e a 4 decadência da leitura na França. Dessa forma, a leitura ou a falta dela tem sido um fator de preocupação por parte de estudiosos ao investigar a relação entre o livro e o leitor já que os jovens franceses preferiam a televisão, a internet e outros meios de comunicação como fonte de informação, conhecimento e distração ao invés do livro. Porém, segundo Chartier (1998, p. 103-4) “aqueles que são considerados não leitores lêem, mas lêem coisa diferente daquilo que o cânone escolar define como uma leitura legítima”. Portanto, essa leitura legítima de acordo com Márcia Abreu 1 “[...] convive com outras literaturas, de menor prestígio, mas de grande apelo 2”. E discorrer sobre a grande literatura é pensar antes de tudo na seleção e exclusão de textos, denominada de cânone. E, um exemplo bem expressivo dessa seleção e exclusão de textos é o livro O cânone Ocidental, do crítico norte-americano Harold Bloom. Nesse livro, Bloom fez uma seleção dos vinte e seis melhores escritores da história da literatura ocidental, sendo estes, “Europeus Homens Brancos e Mortos 3”. Dessa lista dos vinte e seis melhores, ficaram de fora “mulheres, africanos, hispânicos ou asiáticos 4”. Diante disso, apesar de Bloom ser um crítico literário conceituado, não deixa de ser também preconceituoso, pois menospreza independentemente do valor estético, as obras de grandes autores, não necessariamente ocidentais, por considerá-los menores. No entanto, o que não podemos perder de vista nessa seleção/exclusão não é apenas de quem se fala, mas quem fala e de onde se está falando, pois, como afirma Roberto Reis (1992, p. 73) “O cânon, está a serviço dos mais poderosos, estabelecendo hierarquias rígidas no todo social e funcionando com uma ferramenta de dominação”. Sendo assim, muitas vezes, não são necessariamente critérios estéticos, questões intrinsecamente ligadas ao texto que irão instituir uma obra canônica ou não, mas, o seu valor perante “posições políticas e sociais5”. Diante do exposto, percebemos que falar de cânone é uma questão complexa, pois, há aqueles que defendem a seleção/exclusão de textos, mas há aqueles que condenam essa prática, não por deixar de considerar os considerados melhores como grandes autores, mas, por excluir outros grandes autores, se não grandes, pelo menos autores lidos e prestigiados pela figura chave que é o leitor. Então, na verdade esse embate não deveria existir, pois, toda e qualquer leitura é válida, sendo ela literária ou não, devemos considerá-las, se não apenas por seu valor estético, por seu valor cultural. É nesse sentido que uma das defensoras da crítica cultural no Brasil, Márcia Abreu afirma: “Não estou propondo que se abandone o estudo do texto canônico, e sim que se garanta espaço para a diversidade de textos e de leituras, que se garanta o espaço do 5 outro6”. Já o escritor italiano, Ítalo Calvino (1993, p. 16) afirma “[...] que ler os clássicos é melhor do que ler os não clássicos”. Sendo assim, diante de tantas opiniões de autores nacionais e estrangeiros consagrados, o que fazer? Abandonar os preceitos da crítica literária com orientações canônicas pela crítica cultural de feição mais multidisciplinar? A crítica, principalmente a literária, deveria entender que a alta literatura, as obras canônicas de autores consagrados não são as únicas lidas na contemporaneidade, pois, ela está dividindo espaço ou até mesmo perdendo espaço para outros tipos de leitura que a cada dia conseguem novos adeptos e/ou novos leitores porque autores como Paulo Coelho, desprestigiado pela grande maioria da crítica literária brasileira, mas, prestigiado pela cultura de massa, é um dos autores mais lidos no Brasil e no exterior. Outro autor que ainda, vez ou outra, é considerado de “menor prestígio” por alguns críticos literários é o escritor baiano Jorge Amado, autor de vários romances que retratam a cultura popular e que segundo Marisa Lajolo “o escritor baiano ensinou o povo brasileiro a ler literatura brasileira 7”. Diante disso, pretende-se desmitificar certos estereótipos acerca dos ‘nãoleitores brasileiros’, visto que a literatura popular e a literatura de massa têm despertado um interesse mais significativo do que a leitura literária propriamente dita, pois, nem sempre a beleza de um texto, sua forma, sua linguagem irá chamar a atenção do leitor, porque talvez um texto mais simples, cumpra esse papel como menciona Abreu (2006, p. 34) “[...] a qualidade estética não está no texto, mas nos olhos de quem lê”.. Todavia, o leitor, esse crítico comum, independente de questões estéticas, poderá enxergar nessa literatura de massa o que não vê na grande literatura, à qual muito pouco tem acesso, ou às vezes nenhum, lhe é facultado. Apesar de existir algumas políticas públicas e privadas de incentivo a leitura como o projeto da Fundação Itaú Cultural, juntamente como o Banco Itaú que desde 2006 investe em projetos direcionados ao desenvolvimento da criança e, que a partir de 11 de outubro deste ano, começou a distribuir 8 milhões de livros para crianças de até seis anos de idade em qualquer local do território nacional, porque o incentivo à leitura é fundamental para a criança e para o país. Está sendo distribuída uma Coleção de Livros Infantis, composta por quatro livros, sendo um livro de conto infantil, um livro de parlendas, um de poemas e outro de lenda. Essa iniciativa irá contribuir culturalmente e intelectualmente para que as crianças tenham além do acesso ao livro, o gosto e o prazer pela leitura. Incentivar a leitura à criança é contribuir para que esse leitor jovem torne-se um jovem 6 leitor. E sendo assim, sinto-me no dever de citar dois exemplos bem próximos de dois leitores mirins, meus filhos, uma menina de dez anos e outro de sete que estão iniciando suas práticas de leitura. Enquanto o primeiro por incentivo da escola e por incentivo no seio familiar já leu dentre algumas histórias, livros como A fada que tinha idéias de Fernanda Lopes de Almeida, O homem pássaro e Bia na África de Ricardo Dreguer, Poemas para brincar de José Paulo Paes, O primeiro amor de Laurinha e O fantástico mistério de feiurinha de Pedro Bandeira, Uma professora muito maluquinha de Ziraldo, O cavalo transparente de Sylvia Orthof, É tudo invenção de Ricardo Silvestrin, A rebelião das palavras de Willian Tucci e, agora, está lendo Eclipse de Stephenie Meyer, um dos best-sellers da atualidade de 446 páginas que não a intimidaram. Mas essa leitura de livros impressos da literatura infanto-juvenil e até mesmo de best-seller não é a única forma de entretenimento, pois, a televisão, o computador e principalmente a Internet fazem parte de suas práticas culturais. Enquanto o segundo, que já perpassou pela leitura ouvida, pela leitura de imagens e atualmente pela leitura propriamente dita, impressionou-me, numa sensação singular, ao chegar em casa, com livro Menina bonita do laço de fita de Ana Maria Machado, emprestado da biblioteca da escola. O interessante, é que esse empréstimo se deu pela pura vontade de ler, sem a indicação de ninguém. Todavia, esse jovem leitor, também divide o espaço da leitura com meios digitais como a TV, o computador, a Internet e o vídeo-game, o que não deixa de ser outros tipos de leitura. Diante do exposto, acredita-se que estes jovens leitores continuem se interessando pela leitura do texto impresso, bem como a leitura nos suportes digitais. Sendo assim, tanto no impresso quanto no digital é relevante que se tenham iniciativas de apoio à leitura e o incentivo às pesquisas científicas voltados para essa questão e, um trabalho relevante a ser mencionado é A pesquisa sobre leitura no Brasil 1980-1995 da professora Norma Sandra de Almeida Ferreira da UNICAMP publicado em 2001. Neste livro, fruto de sua tese de doutorado, a autora se propôs a inventariar, descrever e analisar a produção acadêmica brasileira sobre o ato da leitura, focalizando as dissertações de mestrado e teses de doutorado, defendidas nos programas de pósgraduação em Educação, Psicologia, Letras, Lingüística e Comunicação, entre 19801995. Ao final da pesquisa, a autora encontrou 189 trabalhos no campo da leitura, sendo 153 dissertações e 33 teses, constatando dessa forma, um interesse significativo por parte de pesquisadores e um amadurecimento desse tema como campo de investigação nos programas de pós-graduação. 7 E foi nessa perspectiva, tentando fazer um estudo similar, porém, de menor proporção que no meu trabalho de iniciação científica financiado pelo PIBIC/Cnpq no período de 2007/2008 intitulado A pesquisa e a extensão em leitura: um balanço parcial da produção acadêmica da UNEB, foi constatado um interesse significativo desse tema por parte dos professores dessa instituição de ensino. A referida pesquisa, orientada pela professora Drª. Verbena Maria Rocha Cordeiro 8 teve como objetivo principal inventariar, nos últimos cinco anos, a trajetória da produção acadêmica – monografias, dissertações e teses – e dos trabalhos no campo da extensão dos professores da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Para tanto, foi aplicado um questionário aos professores, com o objetivo de rastrear todas as pesquisas que tratam da leitura para se ter um balanço de que e de como a produção acadêmica da UNEB nesse campo de conhecimento vem se constituindo frente à produção acadêmica em leitura no Brasil. Enfim, diante dos 24 departamentos pesquisados que agregam os cursos de Letras e Pedagogia foram encontrados 78 trabalhos no campo da leitura, produzidos pelos professores da UNEB, no período de 2003 a 2007, comprovando assim, a importância que se tem dado a esse tema nessa universidade apesar da precariedade de políticas públicas voltadas para essa área de conhecimento. E, posteriormente, a partir das inquietações de leitura, em 2009, numa enquete feita com alunos do 1º. e 3º anos do Ensino Médio, do turno vespertino do Colégio Estadual Governador Roberto Santos, situado à Rua Silveira Martins, na cidade de Salvador/BA, constatou-se, através de um questionário semi-estruturado que estes se utilizam da leitura e dos meios de comunicação como fontes de informação, diversão e entretenimento. Para tanto, foi aplicado um questionário semi-estruturado para tentar investigar as histórias de leitura desses alunos, a priori investigar se eles lêem? E se lêem o que estão lendo? E quais as finalidades de suas leituras? Diante dos resultados obitidos nos questionários, os alunos das duas turmas afirmaram que já leram grandes clássicos da literatura universal também nacional como Romeu e Julieta, O pequeno príncipe, Os miseráveis, Dom Casmurro,Vidas Secas, Senhora,e, além da leitura de obras de autores mais populares como Jorge Amado ou ainda de autores de best-sellers como Paulo Coelho, Sidney Sheldon, Agatha Christie, Rhonda Byrne, dentre outros. Então, será realmente que eles não lêem? Ou será que a preocupação de alguns críticos literários e das instituições de ensino é que eles não estão lendo apenas os autores consagrados por eles? E diante disso, como afirma Verbena Cordeiro, nos perguntamos: 8 Quem de nós não se considerou, um dia, um ‘não-leitor’, só porque não lia livros que a escola receitava como sendo a única leitura social e moralmente digna de ser lida? Quem de nós não se considerou, um dia, um ‘não-leitor’, porque não teve acesso à leitura dos livros consagrados clássicos e socialmente reconhecidos pela comunidade letrada, ou indicados nas listas dos dez mais?! (CORDEIRO, 2007, p. 58-9) Os questionamentos são os mais diversos, e nem sempre as respostas são as desejadas, mas é importante é pelo menos reconhecer que os jovens lêem um pouco de tudo que lhes agradam e que lhes dão prazer, percorrendo diferentes espaços de leitura. Embora, é de se notar que havia e consequentemente ainda haja um certo preconceito com aqueles livros considerados menores porque é dessa maneira que a escola e universidade faz vê-los. Mas, com o passar do tempo percebe-se que esses livros são lidos por uma infinidade de leitores e, por conseguinte, ficamos nos perguntando por que estudantes, professores, escola, universidade consideram esses livros ruins se é essa a leitura que muitos estão fazendo? Será que esses leitores estão equivocados em lerem esses tipos de livros ou todos estão equivocados? Por fim, diante de questionamentos a serem profundamente pesquisados, podemos dizer que as histórias de leitura de cada um, suas preferências, suas práticas individuais e sociais possam ser respeitadas individualmente e socialmente, pois nem todos dividem os mesmos gostos de leitura, pois é entre leituras e leituras que navega o leitor. Notas de fim Marcia Azevedo de Abreu atualmente é professora do Departamento de Teoria Literária da UNICAMP. ABREU, Márcia. Cultura Letrada: leitura e literatura. São Paulo: Editora UNESP, 2006, p. 109. 3 BLOOM, Harold. O cânone ocidental: Os livros e a escola do tempo. Tradução: The Western Cânon. - Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 16. 4 BLOOM. Op. Cit. p. 16 5 ABREU. Op. Cit. p. 39. 6 ABREU. Op. Cit. p. 111. 7 LAJOLO, M. apud ABREU, M. Cultura Letrada: leitura e literatura. São Paulo: Editora UNESP, 2006, p. 93. 8 Professora titular da Universidade do Estado da Bahia, integrante do corpo docente do Departamento de Ciências Humanas, do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens e também do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade do Campus I – Salvador. 1 2 Referências: ABREU, Márcia. Cultura Letrada: leitura e literatura. São Paulo: Editora UNESP, 2006. ______________ . Os constrangimentos da literatura: vergonha por ler, vergonha por não ler. In: _ II Encontro de Leitura e Literatura da UNEB - ELLUNEB, 2007, Salvador. Anais do II Encontro de Leitura e Literatura da UNEB - Elluneb, Salvador, 2007. BELO, André. História & livro e leitura. 1 reimp. - Belo Horizonte: Autêntica, 2008. BLOOM, Harold. O cânone ocidental: Os livros e a escola do tempo. Tradução: The Western Cânon. - Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos. Tradução: Nilson Moulin. – São Paulo: Companhia das Letras, 1993. CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navegador: conversações com Jean Lebrun. Tradução: Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes – Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Editora UNESP, {1998}. ____________ (Org.). Práticas da leitura. Tradução: Cristiane Nascimento – 4 ed. – São Paulo: Estação Liberdade, 2009. COELHO, Paulo. Biografia. In: _ Site oficial Paulo coelho. São Paulo, 2009. disponível em: http://www.paulocoelho.com.br. Acesso em 13.07.2009. CORDEIRO, V. M. R. Com quantas histórias se faz um leitor? In: _ SOUZA, Elizeu Clamentino de; MIGNOT, Ana Chrystina. (Org.). História de vida e formação de professores. Boletim 01. Março, 2007. Salto para o futuro, p. 49-69. ___________________. Cenas de leitura. In: Leitor formado, leitor em formação: leitura literária em questão. TURCHI, Maria Zaira; SILVA, Vera M. Tietzmann (Org.). São Paulo: Cultura acadêmica; Assis, SP: ANEP, 2006. FERREIRA, N. S. A. A pesquisa sobre leitura no Brasil 1980-1995. Campinas, SP: Komedi; Arte Escrita, 2001. FISCHER, Steven R. Lendo o futuro. In: _ História da leitura. Tradução: Cláudia Freire. São Paulo: Editora UNESP, 2006. LAJOLO, M. apud ABREU, M. Cultura Letrada: leitura e literatura. São Paulo: Editora UNESP, 2006 MANGUEL, A. Uma história da leitura. São Paulo: Cia das Letras, 1997. MARTÍN-BARBERO, Jésus. A América Latina e os anos recentes: o estudo da recepção em comunicação social. _In: SOUSA, Mauro Milton de (org.). Sujeito, o lado oculto do receptor. Tradução e transcrição: Silvia Cristina Dotta e Kiel Pimenta. São Paulo: Brasiliense, 1995. PIGLIA, Ricardo. O último leitor. Tradução: Heloisa Jahn. – São Paulo: Companhia das Letras, 2006. POULAIN, Martine. Entre preocupaciones sociales e investigación científica: el desarrollo de sociologias de la lectura em Francia em el siglo XX. In: _ LAHIRE, Bernard (compilador). Sociologia de la lectura. Barcelona: Editorial Gedisa, 2004. REIS, Roberto. Cânon, in: JOBIM, Luis José (org.). Palavras da Crítica – Tendências e Conceitos no Estudo da Literatura, RJ, Imago, Biblioteca Pierre Menard, 1992. SOUZA, Eneida Maria de. Crítica Cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. http://www.lerfazcrescer.com.br/#/home acessado em 20 de outubro de 2010.