HISTÓRIA – DAS CAVERNAS AO TERCEIRO MILÊNIO
Ensinar a ler em História, Ciências,
Matemática, Geografia
PAOLA GENTILE
A forma como se lê um texto varia mais de acordo com o
objetivo proposto do que com o gênero, mas você pode ajudar o
aluno a entender o conteúdo esclarecendo termos específicos de sua
área e formulando questões problematizadoras.
Nada de colocar a responsabilidade toda nos colegas que dão
aulas de Língua Portuguesa quando os estudantes não compreendem
a mensagem dos livros didáticos e do material escrito que você leva
para a classe. Você também é um formador de leitor. Afinal, grande
parte do conhecimento – qualquer que seja ele – é adquirida por
meio das habilidades de leitura e compreensão de textos.
“Qualquer professor é professor de linguagem, especialmente
da usada em sua área”, afirma Heloísa Cerri Ramos, consultora em
Língua Portuguesa e selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador
Nota 10. Nas aulas de História, Geografia, Matemática e Ciências, a
turma pode ter contato com vários gêneros textuais e lê-los com
diferentes propósitos. Mas a ênfase está nos específicos de cada
disciplina, com os termos e características próprios.
Ricardo Dreguer, autor de livros didáticos e formador de
professores em História, de São Paulo, participou durante dois anos
de um grupo interdisciplinar que estudava leitura e leva sua
experiência aos cursos de capacitação. No primeiro encontro, ele
afirma: “O tempo dedicado ao trabalho com o texto não é perdido. É
investimento no principal papel da escola: preparar leitores e
escritores competentes”. Em seguida, ele pede aos professores em
formação que observem como eles lêem os textos de sua área –
grifando? Fazendo anotações na página? Identificando os subtemas?
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“Quando estiverem na sala de aula, é só ajudar o aluno a fazer o
mesmo e a encontrar sua própria maneira de ler.”
Didática da leitura
À parte as especificidades de cada área, os procedimentos para
levar as crianças a compreender um texto são bem parecidos:
•
Selecionar os textos em função das possibilidades dos alunos e
dos objetivos de ensino e organizar a ordem em que eles serão
apresentados.
•
Antes de pedir para a turma ler, explique a idéia central do texto e
deixe claro o objetivo da leitura.
•
Formular questões problematizadoras cujas respostas deverão
estar no texto ou perguntar se alguém tem alguma curiosidade
sobre o tema.
•
Escolher entre a organização ascendente (primeiro a leitura
individual
ou
em
dupla
e
depois
a
compartilhada)
ou
a
descendente (primeiro a compartilhada, indicada quando os textos
são complexos).
•
Sugerir que os estudantes grifem palavras-chave, ou os principais
pontos, ou que façam anotações (dúvidas, observações, novas
idéias).
•
Explicar os conceitos difíceis.
•
Aproveite as pausas durante a leitura compartilhada para fazer
comentários e dar novas informações, relacionando-as com o
conteúdo.
•
No fim do processo, retomar os aspectos mais importantes. Avaliar
se
as
questões
iniciais
foram
respondidas
e
o
que
mais
aprenderam.
•
Leitura e escrita devem estar juntas no estudo. De acordo com a
série, solicitar que os alunos façam paráfrase, resumo, relatório,
esquema ou fichamento do texto.
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A seguir, confira na reprodução de trechos de materiais
didáticos
selecionados
por
consultores
a
indicação
de
suas
características e um roteiro para ajudar o aluno a lê-los
História Narração e dissertação
As narrativas são a base dos livros didáticos e paradidáticos
dessa disciplina. Elas apresentam progressão temporal, agentes e
sujeitos históricos e fatos interligados. Porém há sempre um
componente dissertativo, nem sempre explícito, com a opinião e a
interpretação
do
autor
sobre
os
fatos.
Antes
de
cobrar
o
entendimento dessas relações ocultas, Ricardo Dreguer sugere que
na primeira leitura sejam explorados os elementos narrativos (que,
quem, quando e onde) e somente na segunda sejam destacados os
dissertativos (como e por quê).
Veja, no exemplo abaixo, pontos a destacar e que questões
fazer à turma.
Geografia – Descrição do homem no seu meio
Apesar de a cartografia ser a linguagem geográfica por
excelência e trabalhada em toda a escolaridade, os textos descritivos
também são uma importante fonte de informações para o aluno. A
maioria deles apresenta a descrição do espaço físico (acidentes,
climas, solos e vegetações) e das relações entre o meio natural e os
grupos que o ocupam. É importante que os alunos conheçam o autor
e a época em que a produção foi feita e a comparem com as de
outros autores. Regina Célia Pedro Noffs, professora do Colégio
Oswald de Andrade/Caravelas, em São Paulo, começa o trabalho pelo
levantamento de hipóteses sobre o título do texto escolhido, de
acordo com os objetivos de ensino, e depois pede que os alunos
grifem as idéias centrais.
HISTÓRIA – DAS CAVERNAS AO TERCEIRO MILÊNIO
Matemática Dupla linguagem
Por
ser
ideográfica
(formada
por
sinais),
a
linguagem
matemática não tem oralidade própria. Para ser compreendida, ela
precisa da língua materna como parceira.
Nilson José Machado, da Universidade de São Paulo, dá o
exemplo: que número é 5 x 106? Cinco milhões? 5 milhões? 5 mi
(como usado pela imprensa)? 5000000? “O entendimento do texto
matemático e dos problemas passa pela compreensão da língua e dos
símbolos.” O professor pode ajudar o aluno certificando-se de que ele
entendeu todos os termos usados. Fazer comparações com situações
do cotidiano e explicitar o objetivo de cada questão também facilita a
leitura e a resolução do problema.
Exemplo:
Relacionar medida com figura e palavra
Mostrar que a unidade de medida é mostrada de diferentes
maneiras
Apontar para a generalização
1 volta – 50m
x voltas – ? m
Relacionar a multiplicação e a divisão como operações inversas
Ressaltar que o problema pede estimativa
Relacionar com o comprimento de um quarteirão
Marcar no relógio ou contar até 60
Mostrar de maneira diferente o trajeto do nadador
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Ciências Teoria que pode ser comprovada
Procedimentos e conclusões de pesquisas puramente técnicas
chegam à sala de aula em forma de texto informativo voltado para o
ensino. Essa transposição didática traz dificuldades para autores e
professores, que devem somar esforços para facilitar a aprendizagem
de termos e conceitos, alguns deles de difícil assimilação. Vale definir
as expressões e os vocábulos mais complicados ou providenciar o uso
do dicionário antes de a turma prosseguir a leitura.
Maria Cecília Guedes Condeixa, consultora e autora de livros
didáticos, de São Paulo, acredita que o mais importante é o aluno
identificar a relação entre Ciência, sociedade e tecnologia: “Para isso,
a leitura deve vir depois de atividades de exploração e de
sensibilização e de questões problematizadoras”.
Nas
aulas
instrucionais
ou
dessa
disciplina,
normativos
que
também
orientam
aparecem
a
textos
realização
de
experimentos. A leitura e a realização compartilhada favorecem o
entendimento do conteúdo e a necessidade de seguir o passo-apasso.
Exemplo:
Em que situações se usa a combustão na atualidade?
Associar os termos em negrito e a imagem (explorar relações
entre
natureza, tecnologia e sociedade)
Mostrar o uso de linguagem científica
Processo tecnológico
Relacionar com a época e o modo de vida
Chamar a atenção para lista de materiais que devem ser
providenciados
com antecedência
Introduzir os propósitos do experimento
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Explicar que é necessário seguir à risca os procedimentos para
que a experiência não fracasse
Realizar experimentos junto com os alunos
Pedir
aos
alunos
que
compartilhá-las posteriormente.
anotem
suas
observações
para
Download

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