INFLUÊNCIA DE DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS E ARRANJOS ESPACIAIS NA INTERCEPTAÇÃO DE RADIAÇÃO GLOBAL EM CULTIVARES DE SOJA Elvis Felipe Elli1, Braulio Otomar Caron2, Ana Paula Rockenbach3, Denise Schmidt2, Elder Eloy4 1 Graduando do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria campus Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul – Brasil ([email protected]). 2 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Maria, campus Frederico Westphalen, RS – Brasil. 3 Engenheiro Agrônomo, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia - Agricultura e Ambiente, Universidade Federal de Santa Maria, campus Frederico Westphalen, RS – Brasil. 4 Engenheiro Florestal, Doutorando em Engenharia Florestal, Bolsista do CNPqBrasil. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR – Brasil. Recebido em: 06/05/2013 – Aprovado em: 17/06/2013 – Publicado em: 01/07/2013 RESUMO A energia da radiação global interceptada pelo dossel vegetativo está diretamente relacionada com diversos processos fisiológicos dos vegetais. O objetivo do trabalho foi avaliar a influência de diferentes estádios fenológicos e arranjos espaciais na interceptação de radiação global em cultivares de Glycine max L. Merril. No planejamento dos tratamentos, utilizou-se delineamento experimental de blocos completos casualizados, em esquema fatorial 3x6x7, ou seja, três cultivares (BMX Ativa RR, BMX Turbo RR e BMX Potência RR), seis arranjos espaciais (45 cm; semeadura cruzada; 20 cm; 20x40 cm; 20x60 cm e 20x80 cm) e sete estádios fenológicos (V7, V8, R2, R3, R4, R5, R6), com três repetições. A radiação global incidente (W m-2) foi monitorada com o auxílio de um piranômetro (LICOR PY32164) acoplado a um Datalogger (LICOR 1400). Observou-se diferença significativa para a variável interceptação de radiação global no fator estádio fenológico. No entanto, não observou-se esta característica para os demais fatores estudados (cultivar e arranjo espacial). A interação arranjo x estádio fenológico revelou diferença em nível de significância frente aos arranjos espaciais e para os estádios V7 e R4. O arranjo espacial e o estádio fenológico influenciam na interceptação de radiação global da cultura da soja, sendo que a evolução dos estádios vegetativos promove um aumento nos valores de interceptação de radiação global. PALAVRAS-CHAVE: Glycine max L. Merril, índice de área foliar, fotossíntese, piranômetro. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.1288 2013 INFLUENCE OF DIFFERENT PHENOLOGICAL STAGES AND SPATIAL ARRANGEMENTS IN THE INTERCEPTION OF GLOBAL RADIATION ON SOYBEAN CULTIVARS ABSTRACT The power of global radiation intercepted by canopy is directly related to many physiological processes of plants, in this context, the objective of this study was to evaluate the influence of different growth stages and spatial arrangements in global radiation interception in soybean cultivars. In planning treatment, we used experimental design of randomized complete block in a factorial 3x6x7, ie three cultivars (BMX Ativa RR, BMX Turbo RR e BMX Potência RR), six spatial arrangements (0.45; cross-seeding; 0.20, 20x40, 20x60 and 20x80 cm 0) and seven growth stages (V7, V8, R2, R3, R4, R5, R6) with three replications. The overall incident radiation (W m-2) was monitored with the aid of a pyranometer (LICOR PY32164) coupled to a Datalogger (LICOR 1400). According to analysis of variance, one can observe a significant difference for the variable radiation interception factor in global growth stage. However, not observed this characteristic to the other factors (cultivar and spatial arrangement). The interaction Arrangement x phenological stage pointed difference in significance compared to the spatial arrangements and for stages V7 and R4. The spatial and developmental stage influence the global radiation interception of soybean, and the evolution of vegetative stages causes an increase in the values of global radiation interception. KEYWORDS: Glycine max L. Merril, Leaf area index, photosynthesis, pyranometer. INTRODUÇÃO A soja (Glycine Max L. Merril) é atualmente um dos principais cultivos no Brasil e no mundo, devido às características como elevado potencial de produção, alto teor de óleo e proteína. Apresenta amplo uso tanto na alimentação humana como animal, assim é de relevante papel sócio econômico mundial. Esta cultura apresenta características de alta plasticidade, ou seja, capacidade de adaptar-se às condições ambientais e de manejo, através de modificações na morfologia e nos componentes de rendimento (KOMATSU, 2010), sendo que um dos fatores modificantes é o espaçamento. Logo, é importante conhecer qual o espaçamento que resultará no maior rendimento. O crescimento das plantas depende do saldo de matéria seca acumulada pela fotossíntese e esta será fortemente influenciada pela absorção de radiação pelas plantas em comprimentos de ondas do visível (0,4 a 0,7µm), faixa conhecida como radiação fotossinteticamente ativa (RFA). Porém, somente parte desta radiação incidente é absorvida e aproveitada pelas plantas no processo fotossintético. Assim, a estimativa da RFA absorvida pelas plantas, é um parâmetro necessário à modelagem do crescimento das mesmas, sendo que sua determinação é feita pelo balanço entre a radiação recebida subtraindo as frações transmitidas e refletidas para o meio (KOMATSU, 2010). A eficiente utilização da radiação por uma cultura requer a máxima absorção da RFA pelos tecidos fotossintetizantes, neste contexto as folhas são os principais órgãos (ALAMBERT, 2010). Assim, o rápido estabelecimento, desenvolvimento e manutenção de um ótimo índice de área foliar (IAF) são importantes para que se possa maximizar a interceptação da RFA e, consequentemente, a fotossíntese do ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.1289 2013 dossel (RODRIGUES, et al., 2001). Em média, cerca de 90% da matéria seca acumulada pelas plantas ao longo do seu ciclo é resultado da atividade fotossintética, tal qual é diretamente influenciada pela disponibilidade de radiação solar do período de cultivo (BENINCASA, 2003). A interceptação de radiação solar ocorre em função do índice de área foliar (IAF) e do coeficiente de extinção luminosa (k) (PENGELLY et al., 1999). O coeficiente de extinção é a fração de radiação extinta ao longo do dossel vegetativo, devido à menor transmissividade luminosa. A relação entre este e a penetração de luz no dossel é inversamente proporcional (ALAMBERT, 2010). À medida que o dossel torna-se mais denso, ocorre um aumento do auto-sombreamento, a penetração da luz diminui e crescem os valores de k (CASAROLI et al., 2007). Espécies que apresentam folhas eretas têm um baixo coeficiente de extinção, ao passo de que folhas horizontais tendem a apresentar maiores valores deste coeficiente. Baixos valores do mesmo são mais eficazes na transmissão da radiação para o interior do dossel, podendo influenciar diretamente no aproveitamento da energia incidente (MÜLLER & BERGAMASCHI et al., 2005). Quando há incremento no IAF, há aumento na interceptação de radiação, mas só até um determinado valor, ou seja, até que ocorra o fechamento completo do dossel. As folhas começam a sombrear-se umas às outras, até atingir o IAF crítico, quando novas áreas foliares não resultam em aumento na quantidade de luz interceptada (ALAMBERT, 2010). O IAF crítico da soja está entre 3,5 a 4,0 quando a cultura está em estádio R1 (BOARD & HARVILLE, 1992). Para a cultura da soja, no Rio Grande do Sul, MARTORANO et al., (2008) observaram que a eficiência de absorção no início do ciclo é baixa, cerca de 4%, e aumenta até atingir o valor de 95% no máximo IAF, que neste caso foi de 6,3. A maneira como a RFA é interceptada pelo dossel das plantas reflete na eficiência fotossintética e no desenvolvimento da cultura, portanto fatores como forma, densidade populacional e espaçamento, afetam a distribuição da área foliar no dossel das plantas e, consequentemente, a quantidade de energia da radiação solar incidente (STEWART et al., 2003). Frente ao exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar a influência de diferentes estádios fenológicos e arranjos espaciais na interceptação de radiação global em cultivares de Glycine Max L. Merril. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na área experimental do Laboratório de Agroclimatologia, vinculado à Universidade Federal de Santa Maria campus Frederico Westphalen – RS, situado na linha Sete de Setembro com localização geográfica de 27º23’48’’ S, 53º25’45’’ O, e altitude de 490 m. Segundo a classificação climática de Köppen, o clima da região é Cfa. Frederico Westphalen está distante de Iraí aproximadamente 30 km, sendo o município tomado como referência para os dados de classificação climática. Conforme proposta de MALUF (2000), Iraí apresenta clima de tipo subtemperado subúmido, sendo a temperatura média anual de 18,8°C e temperatura média do mês mais frio de 1 3,3°C. O solo da área experimental pertence à unidade de mapeamento Passo Fundo, classificado como Latossolo Vermelho distrófico típico, textura argilosa, profundo e bem drenado (EMBRAPA, 2006). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.1290 2013 No planejamento dos tratamentos, utilizou-se delineamento experimental de blocos completos casualizados, em esquema fatorial 3x6x7, ou seja, três cultivares (BMX Ativa RR, BMX Turbo RR e BMX Potência RR), seis arranjos espaciais (0,45; semeadura cruzada; 20 cm; 20x40 cm; 20x60 cm e 20x80 cm) e sete estádios fenológicos (V7, V8, R2, R3, R4, R5 e R6), com três repetições. As parcelas foram dispostas de três metros de comprimento e as larguras variaram de acordo com o espaçamento, sendo cinco linhas nos espaçamentos de 45 cm e cruzado, 10 linhas no espaçamento de 20 cm, cinco linhas duplas em 20x40 cm, 20x60 cm, 20x80 cm e assim, a largura correspondeu a 2,25 m; 2,25 m; 2 m; 2,6 m; 3,4 m e 4,2 m, respectivamente. O acompanhamento dos estádios fenológicos foi realizado semanalmente, sendo classificados conforme a escala proposta por FEHR & CAVINESS (1977), de acordo com o Quadro 1: QUADRO 1. Descrição dos estádios fenológicos da soja, conforme a escala proposta por FEHR & CAVINESS (1977). Estádio Denominação Descrição Sexta folha trifoliolada completamente V7 Sétimo nó desenvolvida. Sétima folha trifoliolada completamente V8 Oitavo nó desenvolvida. Uma flor aberta em um dos dois últimos nós R2 Florescimento pleno do caule com folha completamente desenvolvida. Vagem com 5 mm de comprimento em um Início da formação da R3 dos quatro últimos nós do caule com folha vagem completamente desenvolvida. Vagem com 2 cm de comprimento em um dos Vagem completamente R4 quatro últimos nós do caule com folha desenvolvida completamente desenvolvida. Grão com 3 mm de comprimento em vagem Início do enchimento de R5 em um dos quatro últimos nós do caule, com grão folha completamente desenvolvida. Vagem contendo grãos verdes preenchendo as cavidades da vagem de um dos 4 últimos R6 Grão cheio ou completo nós do caule, com folha completamente desenvolvida. Fonte: FEHR & CAVINESS (1977). O experimento foi conduzido na safra 2012/2013. A semeadura foi realizada no dia 28/11/2012, sendo que as sementes foram distribuídas de forma manual ao longo da linha de semeadura nos espaçamentos pré-definidos. A adubação de base foi realizada de acordo com as recomendações para a cultura (ROLAS, 2004) e os controles de insetos praga, doenças e plantas daninhas estão sendo realizados de acordo com as recomendações para a cultura (REUNIÃO, 2012). A emergência de 50% das plântulas ocorreu nove dias após a semeadura, sendo que o raleio foi realizado sete dias após a emergência onde a densidade padrão constituiu de 250.000 plantas ha-1, sendo que o número de plântulas por ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.1291 2013 metro linear variou de acordo com o espaçamento: 12; 6; 5; 15; 20 e 25 plantas m-1, para 45 cm; semeadura cruzada; 20 cm; 20x40 cm; 20x60 cm e 20x80 cm entre linhas, respectivamente. As características das cultivares usadas são apresentadas no Quadro 2: QUADRO 2. Características das cultivares BMX Ativa RR, BMX Turbo RR e BMX Potência RR. BRASMAX (2013). Cultivar Hábito de crescimento Grupo de maturação Porte BMX Ativa RR 5,6 Baixo Determinado BMX Turbo RR Indeterminado 5,8 Médio BMS Potência RR Indeterminado 6,7 Alto Fonte: BRASMAX (2013). A radiação global incidente (w m-2) foi monitorada com o auxílio de um piranômetro (LICOR PY32164) acoplado a um Datalogger (LICOR 1400), sendo determinada no período de 10h00min à 12h00min. Os valores de interceptação da radiação global foram obtidos de acordo com a seguinte equação proposta por CARON et al., (2012): % interceptação = [100 - (Rn x 100/Rt)] Onde: Rn = radiação luminosa incidente no interior do dossel; Rt= radiação luminosa total incidente no superior do dossel. Para verificar a relação entre as variáveis estudadas, os dados foram submetidos à análise estatística, por meio do programa computacional Statistical Analysis System Learning Edition 8.0 (SAS, 2003). Os parâmetros que demonstraram diferenças estatísticas significativas a nível de 5% de probabilidade de erro, foram comparados através do teste de Tukey para ambas as variáveis estudadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a análise de variância, pode-se observar diferença significativa para a variável interceptação de radiação global no fator estádio fenológico. No entanto, não foi observada esta característica para os demais fatores estudados (cultivar e arranjo espacial). A interação arranjo x estádio fenológico apontou diferença em nível de significância frente a todos os arranjos espaciais e para os estádios V7 e R4 (Tabela 1). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.1292 2013 TABELA 1. Análise de variância para interceptação de radiação global (%) na cultura da soja, sob diferentes arranjos espaciais e estádios fenológicos. UFSM/CESNORS campus Frederico Westphalen – RS, 2013. Efeito Principal Quadrado Fator de estudo Grau de liberdade médio Cultivar 2 9,11ns Arranjo 5 59,54ns Estádio 6 2054,19* Cultivar x Arranjo 10 50,21ns Cultivar x Estádio 12 76,87ns Arranjo x Estádio 30 168,14* Média 60 - 39,81ns 85,34 r² CV (%) - 0,62 8,50 125 - Cruzada 20 cm 45 cm 6 6 6 120,501* 519,478* 191,161* 20x40 cm 20x60 cm 20x80 cm 6 6 6 1300,769* 125,817* 637,188* V7 5 835,828* V8 5 5,316ns R2 5 15,687ns R3 5 53,921ns R4 5 130,502* R5 5 25,646ns R6 5 1,514ns Cultivar x Arranjo x Estádio Total Efeito Simples Arranjo x Estádio Arranjo Estádio * Significativo em nível de 5 % de probabilidade de erro; ns não significativo em nível de 5 % de probabilidade de erro; r²: coeficiente de determinação; CV: coeficiente de variação. De modo geral, observou-se que a evolução dos estádios vegetativos proporcionou um aumento na interceptação de radiação global do dossel de plantas. No momento em que as cultivares passaram para o estádio reprodutivo, a interceptação manteve este comportamento apenas para os arranjos de semeadura cruzada, 20 e 40 cm. Para os outros arranjos (20x40 cm; 20x60 ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.1293 2013 cm; 20x80 cm) os valores de interceptação reduziram a partir do estádio R5 (Tabela 2). Este resultado complementa o exposto por JIANG et al., (2004), ao afirmarem que aumento gradativo da atividade fotossintética do dossel vegetativo da soja relaciona-se com o desenvolvimento e expansão foliar. Para PORRAS et al., (1997) e PEREIRA (2002) a variação fotossintética e respiratória da soja ocorre de acordo com seu desenvolvimento, devido à alteração na arquitetura e estrutura foliar. WELLS (1991), trabalhando com a mesma cultura, observou diferentes respostas à interceptação de radiação e fotossíntese, em função de seu estádio fenológico. TABELA 2. Efeito de diferentes arranjos espaciais (cm) e estádios fenológicos na interceptação de radiação global (%) da soja. UFSM/Cesnors campus Frederico Westphalen – RS, 2013. Estádio fenológico Arranjo V7 V8 R2 R3 R4 R5 R6 Cruzada 81,3aC 84,5aABC 83,4aBC 83,4bBC 89,1aAB 89,3a A 90,8aA 20 68,9bB 85,5aA 85,2aA 85,8abA 90,3aA 89,0aA 91,0aA 45 79,5aC 84,7aBC 82,6aC 85,8abABC 79,6bC 89,1aAB 91,8aA 20 x 40 20 x 60 20 x 80 57,8 cC 83,5aB 81,5aC 84,6aBC 67,2bC 83,5aB 86,1aAB 89,2aAB 89,4aA 92,6aA 90,8aA 84,3aBC 86,4aABC 88,0aAB 92aA 90,6aAB 83,3aB 86,7bAB 89,3aAB 91,9a A 90,9aA Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre sí, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro. No estádio R3, o arranjo espacial 20x80 cm e semeadura cruzada demonstraram valores de interceptação inferiores, comparados aos tratamentos 20x40 cm e 20x60 cm. Estes resultados corroboram com ELOY et al., (2012), analisando a influência do espaçamento na interceptação de radiação do dossel vegetativo de espécies arbóreas, ao constatarem que o espaçamento entre as plantas influencia na quantidade de radiação que chega ao interior do povoamento. O motivo pelo qual a interceptação de radiação diminuiu em R6 pode ser explicado devido ao fato das plantas terem iniciado o processo de senescência das folhas localizadas em sua fração inferior, o que acarreta uma diminuição do índice de área foliar (IAF) e consequentemente da capacidade fotossintética das mesmas. Para WELLS (1991), a relação entre interceptação da PAR com a fotossíntese foi aparentemente positiva e linear nos primeiros 70 dias após a semeadura na cultura da soja, correspondente ao estádio reprodutivo R1 e R2. No entanto, após esse período, não foi observada relação da interceptação da PAR com a fotossíntese, ocorrendo um sombreamento gradual nas folhas inferiores do dossel, com subseqüente senescência associada à redução de interceptação de luz. Nos estádios V8, R2, R4, R5 e R6 não observou-se diferença significativa frente aos arranjos espaciais estudados. Analisando a interceptação de radiação global ao longo dos estádios fenológicos nos diferentes arranjos estruturais, observa-se que em V7, os valores são inferiores aos demais estádios, uma vez que a planta está em fase de desenvolvimento e que a área foliar existente é inferior aos estádios posteriores. A interceptação de radiação solar apresenta também uma grande importância ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.1294 2013 com relação ao controle de plantas daninhas. Estudos realizados por PROCÓPIO et al., (2003), com soja e feijão, revelaram que a taxa de expansão foliar da soja foi mais que o dobro da taxa do feijão (6,77 e 2,91 cm planta-1 dia-1, respectivamente), promovendo um maior coeficiente de extinção de luz dessa cultura e consequentemente acarretando a interceptação de grande parte da radiação solar na parte superior do dossel, limitando o crescimento de plantas invasoras. CONCLUSÃO O arranjo espacial e o estádio fenológico influenciam na interceptação de radiação global da cultura da soja. A evolução dos estádios vegetativos promove um aumento nos valores de interceptação de radiação global. REFERÊNCIAS ALAMBERT, M. R. Estimação estocástica de parâmetros produtivos da soja: uso do modelo PPDSO em um estudo de caso em Piracicaba/SP. Dissertação de mestrado. Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2010. BENINCASA, M. M. P. Análise de crescimento de plantas: noções básicas. 2. ed. Jaboticabal: Funep, 2003. BOARD, J.E.; HARVILLE, B.G. 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