TRANSPLANTE de PULMÃO em ENFISEMA: a experiência com 118 pacientes. J. J. Camargo e Grupo de Transplante Pulmonar da Santa Casa de Porto Alegre –RS [email protected] Transplante de Pulmão em Enfisema : a experiência de 100 casos. Grupo de Tx Pulmonar da Santa Casa de Porto Alegre – Brasil Centro de Transplantes – Hospital Dom Vicente Scherer TRANSPLANTE de PULMÃO EM ENFISEMA Fase Pós-Ciclosporina: RETOMADA TX ENFISEMA TX DUPLO Dark, Patterson et all: Ann.Thor.Surg. 42:394, 1986 Patterson, Todd, Cooper- Ann.Thor.Surg. 45:626,1988. TRANSPLANTE de PULMÃO EM ENFISEMA Primeiro Avanço : O TX UNILATERAL É POSSÍVEL. MAL, H., ANDREASSIAN, B., FABRICE, P. : Unilateral lung transplantation in end stage pulmonary emphysema. AMER. REV. RESP. DIS. 140:797, 1989. TRANSPLANTE DE PULMÃO EM ENFISEMA - evolução conceitual • Idéia inicial de que o Tx Unilateral determinaria desproporção ventilação/perfusão e hiper-insuflação do pulmão nativo que inviabilizaria o Tx. • Atualmente o ENFISEMA é a principal indicação isolada de TRANSPLANTE PULMONAR. • Na experiência da Santa Casa – Porto Alegre representam 118/385 transplantes (40%) TRANSPLANTE de PULMÃO EM ENFISEMA (incl. Def. alfa-1) I N D I CAÇ Õ ES FEV1 pós-BD < 20% Hipoxemia em repouso (PaO2 < 55mmHg) Hipercapnia Hipertensão Pulmonar Secundária Curso Clínico : Apreciável queda do FEV1 Exacerbações freqüentes Inclusão em lista por Enfisema Mais recentemente os seguintes elementos têm sido referidos como indicadores de que se deve apressar a inclusão em lista de espera por DPOC: Dispnéia > grau IV Impossibilidade de cirurgia de redução de volume pulmonar Presença de doença homogênea Deficiência de alfa-1 antitripsina Índice de massa corporal (IMC) < 20 Trulock EP. Lung transplantation. Am J Respir Crit CareMed 1997;155:789–818. Transplante de pulmão por Enfisema Observações Recentes: Para o mesmo grau de dispnéia o enfisematoso seco tem menor expectativa de vida que o DPOC com componente bronquítico importante. Paciente com enfisema e PAP > 30 mmHg tem uma expectativa de vida em 5 anos de apenas 15% (Oswald, CHEST, 1995) Sobrevida em 2 anos é de 50% quando um paciente é admitido com PaCO2 > 51 mmHg TRANSPLANTE EM ENFISEMA CONTRA-INDICAÇÕES ABSOLUTAS Idade > 70 anos Mau estado geral Desnutrição Cor pulm. descompensado Coronariopatia intratável Hepatopatia Tabagismo persistente Sem deambulação Nefropatia Depressão,alcoolismo TRANSPLANTE EM ENFISEMA CONTRA-INDICAÇÕES RELATIVAS Corticoterapia elevada (> 20 mg/dia) Osteoporose Hepatite C, com dano leve Neoplasia há mais de 3 anos Ventilação mecânica não invasiva Coronariopatia corrigível (angioplastia) ENFISEMA PULMONAR E O TX DE PULMÃO CANDIDATO IDEAL Menos de 65 anos de idade Sem co-morbidades Enfisema difuso e homogêneo Expectativa de vida < 2 anos Transplante de Pulmão em Enfisema Masc, 59 anos, VEF1 : 14% - Submetido a Tx Unilateral D por enfisema TRANSPLANTE de PULMÃO EM ENFISEMA TX UNILATERAL : A ESCOLHA DO LADO O pulmão menos funcionante é definido pela cintilografia perfusional. Em doença simétrica há preferência pelo pulmão D: Pulmão maior, brônquio mais calibroso Hiperinsuflação do pulmão nativo mais tolerável à esquerda. Rx de tórax e Cintilografia perfusional de enfisema assimétrico (16% a D) Controles pós-Tx de pulmão direito TRANSPLANTE DE PULMÃO – Estado atual O ganho funcional médio é impressionante ( VEF1 < 250% no TxU e < 480% em TxB) A expectativa de vida em 5 anos é de 55% O impacto é maior sobre a qualidade de vida do que sobre o tempo de vida 1/3 dos pacientes tem internações freqüentes As drogas tem para-efeitos consideráveis A principal limitação é a escassez de doadores. TRANSPLANTE no ENFISEMA PULMONAR INDICAÇÕES Enfisema Puro Paciente > 50 anos Tx Unilateral Enfisema c/ Supuração ou Paciente < 50 anos Tx Bilateral Transplante en Enfisema: Aprendizado É o transplante tecnicamente mais simples. Transplante recomendável para iniciar um programa Raramente é necessária a CEC. Nas formas simétricas preferência pelo lado D. Pulmões menores que a cavidade favorecem a hiperinsuflação do pulmão nativo. Alternativas: Transplante Bilateral Transplante Unilateral com doador maior. JS. 59 anos, enfisema grave, FEV1 19%, em uso contínuo de O2. Altura 1,67 m , peso : 70 Kg. Pulmão Esq: 27% da perfusão. Em Tx Unilateral por enfisema, um doador de mesmo tamanho implica en hiper-insuflação do pulmão nativo e menor ganho funcional. FEV1 pós- Tx: 49% do previsto LS. 59 anos, FEV1 21%, recebeu um pulmão esquerdo de um doador mais alto (1,70 x 1,84 m e mais pesado pesado (67 Kg x 85 Kg). VEF1 pós- Tx: 69% do previsto. Rx de tórax – Pré - Tx Rx de Tórax - Pós-Tx TX DE PULMÃO EM ENFISEMA Dificuldades Precoces Hiper-insuflação do Pulmão Nativo Dificuldade de Preenchimento do Espaço Instabilidade Hemodinâmica Tendência à Retenção de Líquidos Transplante de Pulmão em EnfisemaComplicações Hiper-insuflação do pulmão nativo pós-Tx de pulmão esquerdo por enfisema, tratado por redução de volume do pulmão direito Transplante de pulmão em Enfisema Lições Profilaxia da Hiper-insuflação do Pulmão Nativo Desmame precoce Ventilação independente dos dois pulmões Cirurgia redutora contra-lateral Transplante duplo como opção inicial OE, fem., 64 anos, Tx Pulmão Direito em 1994. Adenocarcinoma no pulmão D removido para o transplante. Dois anos depois, hiper-insuflação do pulmão E com perda funcional. Indicada pneumoplastia à E. Função pulmonar estável no 9o ano pós-Tx 1994 1996 2003 OE, 73 anos, Tx unilateral D por enfisema. Controle radiológico e tomográfico 11 anos depois. Função pulmonar inalterada. FEV1 66% do previsto TX DE PULMÃO EM ENFISEMA Complicações Tardias Infecções Oportunistas Rejeição Crônica Infecção por CMV Bronquiolite Obliterante Tx pulmonar por enfisema – Complicações Rejeição aguda no sexto mês pós-Tx de pulmão D por enfisema Transplante Pulmonar por Enfisema Pneumonite por CMV com boa resposta ao Ganciclovir Tx pulmonar por enfisema Bronquiolite Obliterante como complicação tardia do Tx pulmonar por enfisema Enfisema por Deficiência de Alfa-1 Antitripsina OBSERVAÇÕES Pacientes mais jovens (<45 anos) Hiperinsuflação mais grave 25% tem bronquiectasias TX preferentemente DUPLO ENFISEMA PULMONAR Unilatel X Bilateral UNILATERAL Menor morbidade Função razoável Maior disponibilidade de órgãos BILATERAL Mais trabalhoso Sem hiperinsuflação Melhor função pós-op e maior sobrevida em 5 anos. TX EM ENFISEMA : SIMPLES OU DUPLO ? Os resultados funcionais são satisfatórios nos dois grupos (> no TxD). A incidência de bronquiolite é semelhante A sobrevida em 5 anos é 53% (TxD) e 41% (TxS) Sundaresan,RS, et al: J.Thorac.Cardiovasc.Surg. 112:1485, 1996 Transplante bilateral por DPOC infectada AG, 42 anos, alfaiate, SC. Enfisema + bronquiectasias Rx inicial com enfisema e bronquiectasias – Rx do doador Transplante bilateral (06.03.93) AG, 42 anos, alfaiate, SC. Enfisema + bronquiectasias Final do Tx (clam shell) – Rx do 6o mês pós-Tx duplo Tendência Atual em Bilateral de Pulmão: - Toracotomia antero-lateral bilateral (clam shell como opção técnica) - Raramente necessária a CEC Meyers BF, Sundaresan RS, Cooper JD, Patterson GA. Bilateral sequential lung transplantation without sternal divisio neliminates posttransplantation sternal complications. J Thorac Cardiovasc Surg 1999;117:358–64. Tx em enfisema - Atualidade - Experiência do Barnes Hospital com 306 pacientes transplantados entre 1988 e 2000. - 220 pacientes com DPOC e 86 com Def. Alfa-1 - Idade média de 55 (DPOC) e 49 anos (Def.Alf-1) - Mortalidade cirúrgica e sobrevida em 5 anos comparável nos dois grupos (58%). - Indicado mais Tx duplo na Def.Alfa-1 do que no DPOC (84.9% x 66.8%) - Sobrevida em 5 anos superior no grupo tratado com Tx bilateral (66.7%) comparado com o grupo de Tx Unilateral (44.9% ) p < 0.005). Cassivi et al: Lung transplantation for emphysema. Ann Thorac Surg. 2002;74:1663–70 TRANSPLANTE DE PULMÃO HOSPITAL DOM VICENTE SCHERER - POA, RS (Maio 1989 – Outubro 2008 INDICAÇÕES : 295 Casos Enfisema Difuso Fibrose Pulmonar Fibrose Cística Silicose Bronquiolite (118) (109) (020) (010) (012) Linfangioliomiomatose HPP Bronquiectasias Re-transplante Ca Bronquiolo-Alv (11) (04) (05) (05) (01) TRANSPLANTE DE PULMÃO DOM VICENTE SCHERER- POA,RS (Maio 89 - Outubro 2008) Tx de Pulmão: 295 casos Unilateral: (244) Esquerdo Direito Bilateral : (140) (104) (51) Pulmonar Bi-Lobar (26) (25) TRANSPLANTE DE PULMÃO Santa Casa de Porto Alegre – Hospital Dom Vicente Scherer (Maio 89 – Outubro 2008) Tx de Pulmão: 295 casos RESULTADOS Mortalidade Cirúrgica : 51/295 (17,28%) Sobrevida global no primeiro ano : 73,7% Sobrevida nos últimos 4 anos: 92 / 112 ( 82,14%) Cirurgia Redutora x Transplante Pavilhão Pereira Filho – Porto Alegre Enfisema Pulmonar Difuso : 69 Casos Janeiro 96 a Dezembro 99 24 transplantes (22 unilaterais e 2 bilaterais) 45 Cirurgias redutoras por toracotomia bilateral Cirurgia Redutora x Transplante Pavilhão Pereira Filho – Porto Alegre Enfisema Pulmonar Difuso : 69 Casos Janeiro 96 a Dezembro 99 AUMENTO MÉDIO DE FEV1 (6o mês pós-op) TRANSPLANTE 211% CIRURGIA REDUTORA 67% Transplante de Pulmão em Enfisema Consideração Final : “O transplante em enfisema tem que ser considerado como um grande investimento em qualidade de vida. É injusto com os pacientes que muitos médicos ainda cogitem do transplante apenas como terapia do desespero”. Uma Reflexão: “A pior tragédia do homem é o que morre dentro dele, enquanto ele ainda está vivo”