Diário do Minho ID: 20807704 24-05-2008 Tiragem: 9000 Pág: 8 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 23,30 x 37,13 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 2 Famalicão abriu ontem festival de doçaria de inspiração medieval Doces e licores conventuais revelam-se no mosteiro de Landim Joaquim Martins Fernandes Avelino Lima Uma prova de licor de ginja “Abadia”, com origem genuína em Alcobaça. Foi o “brinde de honra” que ontem marcou a abertura do Festival de Doçaria Conventual e Tradicional de Vila Nova de Famalicão, que decorre até ao final da tarde de amanhã, no Mosteiro de Landim. Dos doces de amêndoa de Moncorvo, aos ovos-moles de Aveiro, passando pelos Pastéis de Tentugal e pelo pão-de-ló de Ovar, o festival apresenta um leque diversificado de doces tentações, a que não faltam licores de eleição. É o caso do inteiramente artesanal licor “Abadia”, feito de ginjas, álcool e vinho maduro de boa qualidade. para se obter um sabor único, juntam-se uns pozinhos de canela. O processo de fabrico é inteiramente artesanal e remonta aos segredos da produção monástica. Produzir não é muito complicado e segredo reside na paciência. A milagrosa composição «precisa de repousar um ano em manta», sublinha Georgina Morão, explicando que fi- Visita ao Mosteiro tem é boa desculpa para experimentar as doces tentações car em manta é deixar que a ginja se misture com uma boa aguardente vinícola e o vinho de boa qualidade. O engarrafamento faz-se no ano seguinte, altura em que o licor «pode ser degustado em qualquer altura, acompanhado ou não de um doce conventual, porque sabe sempre bem». O licor que conquista as atenções Para quem se sentir indisposto por não conseguir resis- tir às doces tentações, a alameda do Mosteiro de Landim tem a cura “in loco”. No pavilhão consagrado à presença da aldeia de Vilar de Perdizes, os chãs expostos curam todas as maleitas possíveis e imaginárias. O que os distingue dos chãs comuns é o facto de serem inteiramente naturais e de resultarem de uma colheita espontânea. «É só subir a serra e colher as plantas certas. E deixar que a secagem natural faça o resto», afirma Marisa Santos. Carqueija, giesta e epericão são algumas das matérias primas usadas nas receitas ancestrais que curam males do fígado e rins, artrites reumatóide e infecções vesiculares e até gripes nervosas, que ajudam a emagrecer, ao mesmo tempo que combatem a celulite ou previnem infecções urinárias. Mas a grande atracção da presença de Montalegre é o famoso licor “Levanta o pau”, em cuja confecção entram «ervas naturais com grande po- der afrodisíaco». Bebida «muito tradicional», o “Levanta o pau” é já uma das grandes atracções deste festival de docarias conventuais. Ao que parece pelo poder quase «milagroso”, já que «deve beber-se apenas em casa, devido ao seu efeito imediato», adverte Marisa Santos. Bem menos “perigoso” é o “Chupito do amor”, que se revela «um licor mais suave e que não faz efeito imediato». Este pode ser encontrado no recinto do Festival da doçaria conventual. Assumir o conceito conventual Ermelinda Carvalho é uma investigadora auto-didacta da doçaria conventual. Daquelas que gosta de aperfeiçoar a teoria na prática. Esse sentido perfeição foi a razão de fundo que a levou a assumir em pleno o conceito monástica associado ao festival de doçaria conventual. Por isso mesmo se apresentou em Landim trajando a rigor para o que considera ser uma verdadeira festa da doçaria conventual portuguesa. O que doces de inspiração conventual que apresenta no Mosteiro de Landim «são feitos o mais próximo possível das receitas conventuais originais, embora com a actualidade que é exigida pelos próprios produtos que servem de matéria prima». As doces tentações que o seu stand oferece expressam a criatividade que caracterizou os mosteiros e conventos das zonas de Viana do Alentejo e do Convento de Cós. Natural de Angola, Ermelinda assume-se como uma investigadora apaixonada pela cultural gastronómica medieval. «Seduzida pelo bom gosto de tudo o que é bom, mas também pela história de uma arte que marcou os meados do século XVII e o século XVIII», sublinha. A opção pela doçaria conventual alentejana tem uma fundamentação clara: «acho que é a mais rica». Toucinho do céu do Convento de Cós, Encharcadinhas, Palha O conceito monástico na doçaria conventual de Abrantes, pão-de-ló, broinhas de amêndoas conventuais e o Rançoso de Alcáçovas, que já conquistou um terceiro prémio no festival de Landim, são os doces com que Ermelinda Carvalho seduz os visitantes da feira de inspiração conventual promovida pela autarquia famalicense. Diário do Minho ID: 20807704 24-05-2008 ::R:: Região Tiragem: 9000 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,77 x 10,31 cm² Âmbito: Regional Corte: 2 de 2 p.8 Doces e licores conventuais revelam-se em Landim AVELINO LIMA Uma prova de licor de ginja “Abadia”, com origem em Alcobaça, foi o brinde de honra que ontem marcou a abertura do Festival de Doçaria Conventual e Tradicional de Vila Nova de Famalicão. O certame, que decorre até ao final da tarde de amanhã no Mosteiro de Landim, apresenta um leque diversificado de doces tentações, a que não faltam licores de eleição.