Palingenesia Vivendo em meio à natureza É na natureza que vivo Em meio a ela me sinto em casa Tudo o que preciso, aqui eu encontro Se tenho fome: pego um fruto numa árvore e como Se tenho sede: bebo da água dos límpidos rios Onde me banho quando acordo e ao fim da tarde Enquanto contemplo o pôr-do-sol no longínquo horizonte Ouvindo o canto de infindáveis variedades de pássaros Durmo ao pé de uma palmeira E, se sinto frio, tenho minha coberta Que eu mesmo fiz Trançando palhas de milho secas Que fui guardando de espigas que comia Às vezes faço uma fogueira para cozinhar E uso cascas de coco como panelas e pratos Mas não preciso de talheres, como com as mãos Gosto de abraçar as árvores Para sentir o que elas sentem Sempre tentando entender Por que elas só ficam paradas Se é tão bom caminhar Mesmo sem ter destino Mas chego à conclusão De que é assim que elas gostam de estar Esse é o modo como se sentem bem Tecnologia X Simplicidade A vida simples na natureza Tem me feito um bem tão grande Que nem tenho mais saudades da cidade Quero viver como os animais e os índios Sem as preocupações do dia-a-dia corrido Sempre acertando os ponteiros do relógio Para não perder a hora do trabalho Para não me atrasar para o almoço Aqui, na companhia dos animais Meu único trabalho é caçar ou pescar E, às vezes, construir Mas, um tipo simples de construção Apenas algo que me proteja das chuvas Uma cabana bem rudimentar Que seja de vime com folhas de bananeira Que dure uma noite apenas Para que Internet? Para que carro? Tudo o que preciso está à minha volta Para conhecer belos lugares? Não existe beleza maior que a da natureza E se eu me enjoar de algum lugar, vou para outro É muito fácil escolher para aonde vou Só preciso subir numa árvore e escolher Para chegar lá, não preciso comprar passagem Pode ser uma longa caminhada Mas eu não estou com pressa mesmo Posso parar para descansar e continuar mais tarde Redescobrindo os sentidos O ar puro me revigorou Sinto-me jovem novamente É como se eu tivesse renascido Quando encho meus pulmões de ar Deste ar que tem um leve aroma de flores Pareço ficar mais leve Chego até a achar que posso voar Gosto também do cheiro da chuva Aquele cheiro de terra molhada Ah! Como são belas as árvores Com seus frutos de tão diversas cores E de tão exóticos sabores Cores que eu nunca havia visto E sabores que eu nunca havia degustado As folhas parecem feitas de veludo E basta um simples toque Para constatar que são mais suaves Que a mais bem cuidada cútis Uma simples conclusão A cada dia fico mais impressionado Quando acho que já estou me acostumando Surpreendo-me com a mais comum das coisas Que agora parece ser novidade Como podem coisas tão simples... ...serem tão exuberantes? Acho que cheguei a uma conclusão: A perfeição e a felicidade Só são encontradas na simplicidade Na mais simples maneira de ser e de viver E eu só descobri isso ao encontrar a simplicidade dentro de mim