CENÁRIOS PROSPECTIVOS DA PRODUÇÃO DE LEITE NA
AMERIOS EM 2025
Por Jeovany Folle, Jonas Dall’Agnol, Mauricio Siebel, Rosilene Siebel. Dezembro 2009.
Com uma extensão territorial de aproximadamente 2.371 Km² e população de 96.986
habitantes, localizada na região oeste de Santa Catarina entre o Rio das Antas e o Rio Chapecó está
a Amerios (Associação dos Municípios do Entre-Rios). Fundada em 5 de dezembro de 1995
objetivando criar uma microrregião independente e sustentável.
A entidade promove a integração entre os 16 municípios: Bom Jesus do Oeste, Caibi,
Cunha Porã, Cunhataí, Flor do Sertão, Iraceminha, Modelo, Palmitos, Riqueza, Romelândia,
Saltinho, Santa Terezinha do Progresso, São Miguel da Boa Vista, Saudades, Tigrinhos e
Maravilha, sendo sua sede própria na cidade de Maravilha.
Sua economia concentra-se 57% da atividade agropecuária com uma significativa produção
de grãos, destacando-se o milho, soja, feijão e plantio de fumo, criação de suínos e aves, com boa
rentabilidade econômica, fator principal de alguns municípios associados. E 43% na indústria e
comércio, com destaque nas atividades de abatedouro de aves, indústria de madeira, mobiliário e
têxtil, as quais industrializam também para exportação, como serviços de transporte e eletrificação
que vem se desenvolvendo ano a ano nesta região. O incentivo é dado para instalações de pequenas
agroindústrias familiares nas quais a principal preocupação é a agregação de valores aos produtos e
a viabilidade econômica das mesmas, gerando renda e crescimento regional, evitando o êxodo
rural. Do mesmo modo, a bacia leiteira gera grande produção com rebanhos de boa qualidade
genética começando a conquistar maior espaço no arranjo produtivo local. Hoje a cultura do leite é
uma complementação da renda, conseqüência disso a produção do leite é a do tipo “C”, pois o
produtor não foca a qualidade dessa produção, causando assim baixa remuneração.
O grande potencial leiteiro desperta interesse de investidores, já que a região oeste
representa a maior parte da produção agrícola/leiteira do estado. A viabilização dos investimentos
possibilita crescimento sócio-econômico, expansão regional, retração do êxodo rural e
desenvolvimento do comércio.
A região da Amerios vive a expectativa da instalação de uma nova indústria de leite. O
Laticínios Bela Vista – Piracanjuba – que promete alavancar o comércio de Maravilha, onde está
sendo instalada, e de toda a Amerios. Embora na região já existam algumas indústrias de leite
como, Auriverde, Aurora, Tirol, Cedrense entre outras; a Piracanjuba é uma das maiores indústrias
de leite de Goiás e promete ser a maior indústria de leite da região. Após vários estudos para
escolher o local da instalação, a microregião se destacou. A escolha por Maravilha foi motivada
pela posição geográfica e a inexistência de concorrentes locais. O objetivo dessa empresa é fazer o
produtor focar a produção de leite tipo “A”, tendo em sua propriedade somente a cultura do leite,
priorizando a qualidade de produção e não a quantidade de animais. Pesquisas da empresa: a
produção média na região é hoje de 205.280 litros/dia. Sabe-se que a região tem potencial maior.
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O poder público municipal se limita a apoiar os produtores e seus investimentos sem
subsídios financeiros, disponibilizando alguns técnicos agrícolas, porém com poucos recursos para
acompanhamento adequado, faltando inclusive conscientização por parte da prefeitura para
melhorar a qualidade do leite sendo que o aumento da produção influencia diretamente a
arrecadação de impostos pagos tanto pelo produtor com pelo comércio local.
Nas pesquisas realizadas na região, pela Amerios, a produção diária é menor comparando a
outras regiões brasileiras, porém, o aumento da produtividade associada ao potencial de expansão
do segmento é um dos objetivos do produtor de leite. A qualidade do leite entregue aos laticínios é
uma preocupação constante do produtor e reflete nos seus ganhos. Sendo esta uma forma inovadora
e que será utilizada para incentivar a produtividade e o lucro dos produtores e empresas do setor.
Dentre os fatores que caracterizam o setor leiteiro, a automação é uma alternativa que
proporciona ao produtor controle da alimentação, temperatura do ambiente e do leite, manejo da
ordenha, entre outros. Acredita-se que a tecnologia será a mola propulsora para manutenção e
ampliação do ramo.
A atividade leiteira embora tenha sido considerada um paliativo que garantia a
subsistência da família do agricultor na entre safra, atualmente, tornou-se uma atividade de
perspectivas rentáveis e um setor onde a busca por conhecimentos técnicos e práticos é
imprescindível. Onde sua profissionalização interfere diretamente em todo arranjo produtivo.
O melhoramento genético objetiva melhorar a qualidade, quantidade e eficiência
reprodutiva do rebanho proporcionando segurança nos investimentos e desenvolvimento do setor.
Além do aumento da competitividade que paradoxalmente, diminui os índices que colocam a
região em disparidade conforme a produtividade nacional.
Com a instalação de uma nova indústria de leite surgiram vários questionamentos em
relação o futuro da bacia leiteira na região da Amerios. Diante deste contexto, pergunta-se: Quais
serão os impactos da produção de leite para a região da AMERIOS em 2025? Como será o
arranjo produtivo da agricultura familiar? Qual a origem e qualificação da mão-de-obra na
produção? Quais serão os métodos utilizados em relação à produtividade? Qual será o reflexo para
o comércio da região? Qual o comportamento do poder público?
Essas dúvidas não podem ter suas respostas em forma de suposição ou adivinhações, é
necessário utilizar uma ferramenta consistente: Cenários Prospectivos, os quais não buscam acertar
o futuro, mas criar estratégias vencedoras em qualquer ambiente a porvir. Nos cenários não se
projetam tendências, mas as quebras de tendências, que podem ser oportunidades ou ameaças.
Dessa forma encontraram-se quatro possibilidades de cenários: A Vaca foi pro Brejo,
Água no Leite, Petróleo Branco, Enchendo o Balde. Não existe um cenário a ser seguido,
devemos analisar as quatro possibilidades de futuros e nos preparar para viver qualquer um deles
ou até mesmo partes de cada.
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A VACA FOI
PRO BREJO
ÁGUA NO
LEITE
ORGANIZAÇÃO
ENCHENDO O
BALDE
PETRÓLEO
BRANCO
A VACA FOI PRO BREJO
A intensa atividade industrial, o capitalismo irresponsável e a falta de consciência
ecológica da população mundial colocaram o meio ambiente em estado lastimável, o efeito estufa
elevou as temperaturas a níveis insuportáveis, estações do ano mal definidas e desertificação de
muitas regiões já é realidade, esta situação ambiental causa um desequilíbrio biológico onde os
animais ficam mais susceptíveis a doenças.
Em decorrência dos maus tratos à natureza uma impiedosa epidemia percorre o rebanho
leiteiro do continente americano, países europeus e asiático, levando as autoridades sanitárias do
mundo todo ao alerta máximo. A fiscalização de fronteiras e aeroportos foi intensificada e nos
locais mais afetados, caso da região da Amerios, animais estão sendo sacrificados.
Uma pandemia bovina é instalada, uma vez que a bactéria causadora da epidemia é de
fácil transmissão e altíssima letalidade para o animal. Fato esse que quase exclui o leite das mesas
da população mundial. Alimento rico e saudável e agora tem seu consumo abruptamente reduzido.
Para piorar a situação, o desequilíbrio ambiental praticamente inviabiliza a produção do
leite. O sol escaldante está castigando o solo e dificultando o cultivo da pastagem que é o alimento
do rebanho bovino, os recursos hídricos que é de fundamental importância para a pecuária está
escasso nas propriedades agrícolas. Fato este que provoca êxodo rural em massa. Famílias inteiras
de agricultores que por falta de condições estão abandonando a agricultura e migrando para as
cidades em busca de dias melhores.
Para a região da Amerios o impacto é enorme e os prejuízos incalculáveis. Muitos
produtores estão sendo obrigados a sacrificar seus rebanhos, devido à epidemia, o que causa a
estagnação da produção e os custos para manter a propriedade rural aumentam significativamente
tornando assim a qualidade do leite duvidável. Produtores à beira da falência e sem linhas de
créditos para financiar a produção abandonam a atividade leiteira e buscam novas alternativas para
equilibrarem seu orçamento uma vez que a produção do leite não rentabiliza mais e o sustento de
suas famílias está dificultoso.
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Para a indústria láctea os resultados são ainda mais catastróficos. Com a falta de matéria
prima, e queda do consumo de leite e derivados os industriais sofrem o impacto financeiro e muitos
dispensam funcionários parando as atividades industriais.
O produtor de leite que nasceu e cresceu na propriedade rural, passou por intensa
qualificação profissional através de cursos técnicos e superior, agora se deparam com essa situação,
uma vida inteira de muita dedicação para uma atividade que se tornou inviável forçando estes
profissionais a procurar outras atividades de trabalho.
A avançada tecnologia que foi empregada no setor leiteiro, ordenhas totalmente
automatizadas, dutos que transportavam o leite em condições adequadas do produtor direto ao
laticínio, grande tecnologia dos laticínios no beneficiamento do leite, tudo isso sucumbiu em
função da grande pandemia. Especialistas reavaliam métodos e tecnologias empregadas no setor
antes tidas como inabaláveis.
O comportamento da sociedade, frente aos recentes fatos, é de grande desconfiança, as
pessoas estão com medo de tomar leite e serem contaminadas por bactérias.
Os reflexos dos eventos mencionados acima é um verdadeiro bloqueio ao consumo do
leite e seus derivados, por conseqüência o comércio regional totalmente dependente do setor
leiteiro vive a pior crise de sua história.
Frente a está realidade catastrófica em que se encontra a economia regional, autoridades
se mobilizam na tentativa de encontrar soluções para o segmento, políticas de isenções fiscais são
lançadas, além de linhas de créditos especiais para produtores de leite subsidiadas pelo governo
federal, e o presidente da república instala um pacote emergencial de ajuda a agricultura familiar
para controlar o êxodo rural numa tentativa de trazer o ruralista que migrou para os centros urbanos
de volta para suas propriedades.
ÁGUA NO LEITE
Com a queda na produção de grãos o produtor obrigou-se focar na monocultura do leite,
diminuindo a diversidade produtiva. Embora contra sua vontade ele faz investimentos no setor
leiteiro, devido à pressão que sofre por parte da indústria, já que essa exige qualidade no leite e
total atenção a produção leiteira.O aumento da temperatura faz o produtor confinar seu rebanho,
mesmo a indústria não aprovando porém o aumento da produtividade, diminuição do desgaste do
animal e diminuição do consumo na alimentação o produtor mantém o confinamento. Com uma
grande produção leiteira a região da Amerios é referência a nível nacional através de feiras do setor
e aumento no turismo rural e gastronômico. Embora a produção seja o maior destaque, produtor e
indústria são notícias em função de constante conflito ocasionado pelo preço pago ao produtor e
também pela disputa sobre quem deve patrocinar as feiras do setor; a indústria ou o poder público.
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A necessidade em qualificação técnica da mão-de-obra devido à qualidade na produção,
tanto da família rural quanto na indústria, gera um aumento do custo de produção. O excesso de
leite no mercado e a dificuldade de colocação do produto por causa da grande intolerância a lactose
que a população tem, faz a indústria pressionar o produtor para baixar o preço pago por litro de
leite, conseqüentemente o produtor tenta equilibrar seu financeiro empregando profissionais de
baixo conhecimento, porém essa falsa impressão reflete na qualidade do leite. A baixa remuneração
dos profissionais do leite não desperta o interesse de novos candidatos a trabalhar no setor e as
instituições de ensino que tem cursos de formação nessa área estão tirando de sua grade os mesmos
devido a essa baixa procura gerando assim o início de uma crise no setor.
Devido ao perfil do produtor de leite ser da agricultura de subsistência, há resistência em
se adaptar as mudanças tecnológicas disponíveis no mercado, mesmo sendo boas para a produção,
como por exemplo, a melhora dos genes, alimentação do rebanho, cuidados com a saúde do animal,
a higienização no processo de produção, transporte e industrialização. Fatores importantes que
aumentam a produção e a rentabilidade da propriedade e acaba freando o desenvolvimento do setor
na região da Amerios acentuando ainda mais o problema entre indústria e produtor. A indústria por
sua vez busca alternativas para se manter no mercado buscando leite fora da região e até mesmo
comprando leite dos estados vizinhos além de aumentar a produção de derivados de leite. Os
produtores que não se adequaram as mudanças acabaram sendo descartados com o tempo.
O comércio da região não se beneficia com o aumento do setor leiteiro principalmente as
empresas voltadas ao setor, que vêem a sua oportunidade de faturamento com a venda de produtos
que se fazem necessário para as adequações que são cobradas. O comércio sobrevive de outros
setores como já faz há anos. Uma opção para amenizar o desconforto entre o comércio do setor e
produtor é o aumento nas linhas de crédito de baixo custo que financia esses investimentos
necessários nas propriedades rurais.
O poder público não se manifesta em relação a incentivos para produtores e empresa do
setor. As prefeituras alegam que o incentivo aos produtores deve partir da indústria por outro lado,
a indústria alega que o incentivo deve partir do poder público. O produtor que espera esta ajuda que
vai desde a conservação das estradas até as linhas de crédito para que ele possa melhorar sua
propriedade se sente abandonado e começa a pensar em abandonar o setor. O jogo de disputa de
quem deve incentivar freia bruscamente o setor, sem chegar assim a um acordo ou solução.
Novamente quem sai perdendo mais é o produtor que passa por dificuldades de
investimento e deixa de aumentar sua produtividade e lucratividade, o comércio que deixa de
contratar pessoas e aumentar o giro de dinheiro e negócios e o consumidor que muda seus hábitos
alimentares buscando cada vez mais outras opções, deixando a região da Amerios com grande
produção, porém com conflitos freando um maior crescimento.
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PETRÓLEO BRANCO
Após anos de estagnação na produção de leite porque o produtor não via vantagens em
focar este setor, a realidade hoje é outra. O estouro da produção leiteira faz da região que antes era
de grãos, agora entre os maiores produtores de leite do país. Esse aumento na produção de leite se
deu devido às altas tecnologias utilizadas na propriedade, fazendo nascer o “empresário rural”; que
faz altos investimentos na propriedade visando à monocultura do leite, acabando com a diversidade
produtiva nessa propriedade, pois a cultura somente do leite, gera um incremento financeiro de
grande satisfação ao produtor sem que seja necessário investir em várias plantações, gastando
tempo e necessitando de grandes esforços para manter as lavouras em dia, ou seja, hoje é o leite
que garante a permanência das famílias no interior.
A mudança da produção do leite do tipo “C” para o tipo “A” se deve a tecnologia
utilizada, à nova forma de transporte do leite e a organização da propriedade. Piquetes de pastagem
bem organizados com água e sal mineral, sala de ordenha em alvenaria, ambiente climatizado, som
ambiente, iluminação adequada e tranqüilidade na hora da ordenha para que os animais tenham um
maior rendimento na produção, são as principais alterações do arranjo produtivo.
As tecnologias utilizadas vão desde a inseminação ao processo de ordenha. O
melhoramento genético que já era utilizado, hoje é o principal meio de reprodução, pois corrige as
falhas genéticas dos animais e possibilita cruzar animais de excelente qualidade genética. Utiliza-se
a sexagem para o maior percentual de nascimento de novilhas, elevando a produção do leite.
O processo de ordenha passa pelos tetos sendo higienizadas, na seqüência as teteiras
serem colocadas; o leite passa pelos canos de aço alumínio e vão até o resfriador sem ter qualquer
contato com o ar. Ao atingir a temperatura de 3ºC começa o transporte do leite em tubos
refrigerados da propriedade até as Centrais de Leite e ao Resfriador Central, sem o uso de
caminhões. Das Centrais o leite é transportado em caminhões com resfriadores que fazem a sucção
do leite (a vácuo) sem contato com o ar e da mesma forma é feito ao chegar às indústrias.
Esse arranjo objetiva a praticidade em trabalhar com um setor bem organizado com alta
lucratividade com a produção, a mão-de-obra sendo na maioria das propriedades somente da
família e também faz o turismo rural e gastronômico da região crescer ao ponto de atrair grandes
investidores em toda a cadeia do leite e satisfatórios investimentos pelos órgãos públicos.
Além dos investimentos financeiros na produção e na propriedade, os investimentos vão
mais longe; cursos específicos para formar profissionais de alto nível técnico. Os empresários
rurais e seus filhos que antes abandonavam a propriedade devido à baixa remuneração, buscam
agora a qualificação sendo assim profissionais do leite. As várias instituições de ensino que
disponibilizam cursos técnicos para todos os processos da cadeia despertam o interesse inclusive de
alguns jovens da cidade que vêem na cultura do leite a grande oportunidade de crescimento
profissional através da boa remuneração financeira, trabalhando em um setor que tem se
desenvolvido muito nos últimos anos com o fator determinante que é a alta qualidade do leite.
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A qualidade do leite produzido na propriedade junto à divulgação dos produtos
industrializados e apelo ao uso do leite devido aos benefícios que ele traz à saúde só aumentam a
intensa atividade industrial de beneficiamento do leite gerando ainda mais aumento da procura e
oferta do lácteo. Há uma variedade muito grande de derivados do leite, em destaque está o queijo,
leite condensado, creme de leite, iogurtes, bebidas lácteas e leite em pó, todos produzidos na região
da Amerios e consumidos em todo o Brasil e em outros países.
As indústrias do segmento em parceria com os produtores fazem o uso de técnicas de
criação, cuidados com a saúde do animal e a tecnologia avançada aumentando a produção e
fazendo a qualidade do leite ser indiscutível, já que o controle realizado dentro da propriedade rural
e a fiscalização na indústria deixa o consumidor tanto interno quanto externo satisfeito, o que gera
consumidores fiéis, aumentando a lucratividade de todo o segmento.
Essa intensa atividade leiteira traz para o comércio os investimentos na infra-estrutura de
transportes e adequação às exigências sanitárias e ainda na divulgação da produção e
comercialização do leite. Esse crescimento do mercado leiteiro, formado pelo produtor, indústria e
consumidor traz inúmeros benefícios para o comércio local tendo em vista que o fortalecimento do
arranjo rural. Também favorece áreas inter-relacionadas, como: Educação, Cultura Social, Saúde,
Lazer, entre outras. O comércio ganha muito com a cultura do leite. O dinheiro que está sendo
injetado no comércio local faz do setor leiteiro o principal responsável pelo sucesso do comércio
em toda a região da Amerios.
O poder público que anos atrás não dava a devida atenção ao setor vê a cultura do leite
como dinheiro em caixa, já que o setor aumenta as riquezas da região e gera bom retorno aos cofres
públicos. As prefeituras partem em defesa das necessidades e interesses dos produtores e das
indústrias de leite. Com as indústrias de leite a todo vapor, o poder público não mede esforços para
trazer maiores recursos aos agricultores que desejam investir na produção de leite. Com isenção de
impostos é cada vez maior o número de indústrias do setor que desejam se instalar na região, pois
são as maiores geradoras de trabalho e fazem o sucesso de toda a região da Amerios.
ENCHENDO O BALDE
Com a remuneração imediata frente aos pagamentos por safra e a crescente necessidade
de alimentar uma população mundial cada vez maior, a produção de leite passa a ser vista com
novos olhos pelo produtor rural que vê na melhora da qualidade do leite produzido o grande
propulsor da rentabilidade em sua propriedade rural. Focado na monocultura do leite, diminui à
diversidade produtiva, por sua vez, planta o que é insumo na alimentação do rebanho.
As linhas de crédito em alta passa a ser a grande chance de aumentar os investimentos e
de incrementar tecnologicamente a produção além de passar a financiar as técnicas de criação e
cuidados com a saúde animal. Esse arranjo produtivo aliado à produção leiteira profissional faz
surgir às propriedades modelo. Nascendo o turismo rural e gastronômico de toda a bacia leiteira.
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Com a elevação da temperatura o produtor se vê obrigado a trabalhar com áreas de
confinamento fazendo ocorrer o aumento no custo na manutenção e destinação de áreas de
pastagem devido aos períodos de estiagem e desgastes de minerais do solo, porém, a utilização
destas alternativas não tem interferem na quantidade e qualidade de produção.
A indústria leiteira assume o papel do suporte técnico tanto no que tange o arranjo
produtivo como o rebanho leiteiro, trazendo um crescimento considerável em áreas de pastagens
assim como em aumento na produção por unidade leiteira, cabendo ao poder público fiscalizar a
níveis de vigilância sanitária.
A tecnologia apesar de exigir alto investimento inicial, torna-se grande aliada para o
produtor, por agilizar o tempo na distribuição, controle na produção, significativa melhora dos
genes e redução do desperdício. Saldo animador para investir no segmento.
A partir dos grandes investimentos que estão ocorrendo, tem se buscado cada vez mais a
profissionalização da atividade leiteira, através de uma qualificação da mão-de-obra e conseqüente
valorização do gado leiteiro e das terras. O que no passado era chamado de produtor rural em uma
nova classe denominada Empresário Rural.
A mão-de-obra agora profissionalizada é formada pelos filhos dos empresários e dos
funcionários que tem na produção leiteira a remuneração financeira satisfatória não havendo mais a
necessidade de buscar nos grandes centros a chance de vencer na vida. Esse rendimento financeiro
proporciona a formação em cursos técnicos e voltados às necessidades da propriedade.
O êxodo rural muito acentuado no passado ainda tem continuidade, porém em escala
muito menor agora, pois ainda temos jovens sem aspirações de permanecer no campo buscando
dessa maneira ganhar a vida morando em centros urbanos. A tecnologia vista como a grande aliada,
também sofre com a falta de profissionais com aptidão e conhecimentos necessários para sua
utilização, esse problema era ainda maior no passado, porém ainda hoje continua permanecendo
mesmo que de maneira menor.
O crescimento da produção leiteira, a intensificação da assistência técnica atende às
necessidades do produtor e da indústria, no que diz respeito à quantidade e qualidade de produção.
As melhorias dos métodos e tecnologias de produção as indústrias intensificam a atividade de
beneficiamento abrindo desse modo mais espaço a produção leiteira, logo havendo maior procura
tem-se o aumento de rentabilidade para o produtor rural. O marketing agressivo contribuiu para o
aumento do consumo, embasado no apelo a saúde e padrão de qualidade alcançado pela produção
do leite, medidas essas que geram forte aumento do volume econômico da região.
O aumento das linhas de crédito gera incremento de tecnologia na produção, e criação do
animal e também gera maior agilidade na entrega do lácteo para o laticínio, além das melhoras em
infra-estrutura e as devidas adequações sanitárias. Apesar das ações das indústrias incentivando o
crescente consumo do leite e seus derivados, há o risco de queda na produção oriundos de escassez
de chuvas além da constante ameaça que o leite a base de soja vem gradativamente sendo imposta.
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O comércio apresenta uma postura altamente favorável ao ramo leiteiro, pois a intensa
atividade industrial do beneficiamento e a exportação de lácteos para os países da América do Sul
além das boas técnicas de criação e o aumento de cuidados com a saúde do animal, aliadas a
necessidade alimentar o rebanho com sais mineiras e demais insumos faz gerar grande circulação
de dinheiro junto ao comércio local, aumentando o volume econômica da região
O Aumento dos investimentos na infra-estrutura de transportes e adequação as exigências
sanitárias e ainda nas divulgações das alternativas da produção e comercialização do leite, está
incremento no turismo rural e gastronômico da região.
O poder público municipal continua sendo o grande apoiador e elaborando em conjunto
com o governo estadual e federal, políticas protecionistas dos países do MERCOSUL com reflexo
na diminuição do preço do produto no mercado interno, garantindo desse modo acesso a alimento
para toda a população, além dos investimentos na infra-estrutura de transportes e fiscalização das
exigências sanitárias.
Apesar de todo o esforço do poder público municipal a maior parte dos investimentos
corre por conta dos empresários rurais, que lançam mãos às linhas de crédito disponíveis para a
fomentação do segmento e fortalecimento da região.
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CENÁRIOS PROSPECTIVOS DA PRODUÇÃO DE LEITE NA AMERIOS EM 2025
Impacto da
produção de leite
para a região da
Amerios
A Vaca Foi Pro
Brejo
Água no Leite
Petróleo Branco
Enchendo o Balde
Arranjo produtivo
da agricultura
familiar
Abandono da
produtividade
leiteira
Focada na
monocultura
Monocultura do
leite visando
produção do leite
do tipo “A”
Monocultura
leiteira
Origem e
qualificação da
mão-de-obra
Pecuaristas
qualificados por
curso técnico e
superior, porém sem
trabalho
Profissionais de
nível técnico com
baixa remuneração
Cursos de
formação técnica
Filhos dos
empresários e
funcionários com
formação técnica
Métodos
utilizados para a
produtividade
Avançada
tecnologia
empregada
Aumento na
produção de
derivados
Alto controle na
qualidade
Reflexo para o
comércio da
região
Pior crise da história
Sem influência no
crescimento do
comércio
Grande injetor de
dinheiro no
comércio
Comportamento
do poder público
Mobilização das
autoridades na ajuda
ao setor
Pouco
investimento no
setor tão
importante
Voltado para o
setor leiteiro
Tecnologia,
acompanhamento
técnico e
marketing
Postura favorável
devido ao aumento
do volume
financeiro
Apoiador, ponte
ente as esferas
estaduais e federais
Curso para Formação de Consultores em Cenários Prospectivos
Período:
01 de agosto a 05 de dezembro de 2009, 100 horas
Promotor:
Associação Comercial e Industrial de Chapecó – ACIC
Realizador:
ZUCCHI Educação Corporativa
Professor:
Clairto Zucchi CRA/SC 10288
Grupo de Estudo Prospectivo: Jeovany Folle, Jonas Dall’Agnol, Mauricio Siebel,
Tema do Estudo Prospectivo: Produção de Leite
Curso para Formação de Consultores em Cenários Prospectivos.
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Rosilene Siebel.
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