UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DOS ESTUDOS AGRÁRIOS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
Fernando Antonio Reimann
Ijuí, RS, Brasil
2013
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
Fernando Antonio Reimann
Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Graduação em
Medicina Veterinária, Área de Concentração em Bovinocultura de Corte,
da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
(UNIJUÍ), como requisito para obtenção do grau de
Médico Veterinário
Orientador: Denize da Rosa Fraga
Ijuí, RS, Brasil
2013
3
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul
Departamento de Estudos Agrários
Curso de Medicina Veterinária
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova o Relatório Curricular
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM
MEDICINA VETERINÁRIA
elaborado por
Fernando Antonio Reimann
como requisito para obtenção do grau de
Médico Veterinário
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________
Denize da Rosa Fraga (UNIJUÍ)
(Orientadora)
_____________________________
Cristiane Beck (UNIJUÍ)
_____________________________
Lisandre de Oliveira (UNIJUÍ)
Ijuí, 20 de junho de 2013.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho
A toda minha família,
A minha namorada, e aos
amigos, por me apoiarem nesta
caminhada.
5
AGRADECIMENTOS
À Universidade do Noroeste do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, pela
oportunidade de estudo.
À toda a minha família pelo apoio, confiança e dedicação, pois foram
fundamentais para mim chegar até aqui.
À minha namorada pela compreensão, amor e carinho.
À MSc. Denize da Rosa Fraga, pela orientação, atenção, apoio e amizade.
À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, pela
oportunidade de estágio.
Ao Med. Veterinário PhD. Fernando Flores Cardoso e toda equipe do
Laboratório de Bioinformática e Estatística Genômina – Labegen, EMBRAPA, pelos
ensinamentos, seriedade, ética, atenção e amizade.
Ao
Med.
Veterinário
ensinamentos e amizade.
À todos amigos.
MSc.
Carlos
Henrique
Laske,
pela
atenção,
6
RESUMO
Relatório de Estágio Curricular
Departamento de Estudos Agrários
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM
MEDICINA VETERINÁRIA
AUTOR: FERNANDO ANTONIO REIMANN
ORIENTADORA: DENIZE DA ROSA FRAGA
Data e Local da Defesa: Ijuí, 20 de junho de 2013
O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado no
Centro de Pesquisa dos Campos Sul-brasileiros - CPPSUL, da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, também denominado Embrapa Pecuária
Sul, Bagé, Rio Grande do Sul, e na Fazenda da Barragem, Dom Pedrito, Rio Grande
do Sul, no período de 04 de fevereiro a 30 de março de 2013, perfazendo um total
de 260 horas, sob orientação da Profª Médica Veterinária MSc. Denize da Rosa
Fraga e supervisão do Médico Veterinário PhD. Fernando Flores Cardoso. Durante
este período foram acompanhadas atividades na Embrapa relacionadas ao
Melhoramento Animal, Bioinformática, Medicina Veterinária Preventiva, Manejo de
Bovinos de Corte e Extensão Rural. Na Fazenda da Barragem foram desenvolvidas
atividades referentes ao Melhoramento Animal, Medicina Preventiva e Manejo de
Bovinos de Corte. O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária
permitiu o aprendizado de técnicas aplicáveis na Medicina Veterinária, o
acompanhamento de pesquisas relacionadas ao Melhoramento Animal, bem como a
atuação do Medico Veterinário à campo.
Palavras-chave: Melhoramento Genético. Diferença Esperada na Progênie.
Bovinos.
7
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
TABELA 2
TABELA 3
TABELA 4
TABELA 5
TABELA 6
– Resumo das Atividades desenvolvidas durante o Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Pecuária Sul,
Bagé, Rio Grande do Sul, no período de 04 de fevereiro a 30 de
março de 2013..............................................................................
– Processamento de Dados desenvolvido durante o Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Pecuária Sul,
Bagé, RS, no período de 04 de fevereiro a 30 de março de
2013..............................................................................................
– Coleta de Dados desenvolvida durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Pecuária Sul, Bagé, RS,
no período de 04 de fevereiro a 30 de março de 2013.................
– Atividades de Medicina Veterinária Preventiva desenvolvidas
durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina
Veterinária na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –
Embrapa Pecuária Sul, Bagé, RS, no período de 04 de fevereiro
a 30 de março de 2013.................................................................
– Atendimentos Clínicos acompanhados durante o Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Pecuária Sul,
Bagé, RS, no período de 04 de fevereiro a 30 de março de
2013..............................................................................................
– Cursos, Defesas de Dissertação de Mestrado e Atividades de
Extensão Rural desenvolvidas durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Pecuária Sul, Bagé, RS,
no período de 04 de fevereiro a 30 de março de 2013.................
14
15
16
19
21
24
8
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
FIGURA 2
FIGURA 3
– Arquivo de Pedigree...................................................................... 54
– Arquivo de dados para peso a desmama..................................... 55
– Arquivo de parâmetros.................................................................. 56
FIGURA 4
– Arquivo solutions gerado pelo programa BLUPF90...................... 57
FIGURA 5
– Exemplo de arquivo airemlf90.log, para peso ao desmame......... 58
FIGURA 6
– Exemplo de arquivo do Software R............................................... 59
FIGURA 7
– Planilha contendo os valores de DEP’s, Acurácia e Percentil...... 61
FIGURA 8
– Tendência Genética (A) e Fenotípica, em quilogramas, para
peso ao nascer (PN).....................................................................
– Tendência Genética (A) e Tendência Fenotípica (B), em
quilogramas, para peso a desmama (PD) ajustado para 205
dias................................................................................................
– Tendência Genética (A) e Tendência Fenotípica (B), em
quilogramas, para peso ao sobreano (PS) ajustado para 550
dias................................................................................................
– Tendência Genética (A) e Tendência Fenotípica (B), em pontos
de escore (1-5), para Musculatura a Desmama (MD)...................
– Tendência Genética (A) e Tendência Fenotípica (B), em pontos
de escore (1-5), para Musculatura ao Sobreano (MS)..................
– Tendência Genética, em centímetros, para Perímetro Escrotral...
FIGURA 9
FIGURA 10
FIGURA 11
FIGURA 12
FIGURA 13
63
63
63
64
64
65
FIGURA 14 – Planilha de animais classificados conforme valor genético
gerado pelo Índice RedBar........................................................... 67
FIGURA 15 – Gráfico de tendência genética para o Índice RedBar..................... 68
9
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A
– Fontes de Aquisição...................................................................... 76
ANEXO B
– Programação – 5º Curso PAMPAPLUS........................................ 77
ANEXO C
– Programação – 1º Dia de Campo Convênio EMBRAPA IRGA..... 79
ANEXO D
– Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne – PROMEBO 80
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 12
2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .................................................... 14
2.1 Processamento de Dados................................................................................. 14
2.1.1 Mensuração de Valores Genéticos .................................................................. 15
2.2 Coleta de Dados ................................................................................................ 16
2.2.1 Pesagens de Bovinos e Ovinos ........................................................................ 16
2.2.2 Avaliações de Escores Visuais em Bovinos de Corte: Conformação,
Precocidade, Musculatura, Tamanho, Racial, Pelame e Tamanho do Umbigo. ....... 17
2.2.3 Ordenha e Coleta de Leite de Vacas de Corte ................................................. 18
2.2.4 Exame Ultrassonográfico de Área de Olho de Lombo, Espessura de Gordura
de Cobertura e Marmoreio, em Touros. .................................................................... 18
2.3 Atividades de Medicina Veterinária Preventiva .............................................. 19
2.3.1 Vermifugação ................................................................................................... 20
2.3.2 Vacinação contra Brucelose ............................................................................. 20
2.3.3 Vacinação contra Clostridioses ........................................................................ 20
2.4 Atendimentos Clínicos...................................................................................... 21
2.4.1 Banhos de Imersão .......................................................................................... 21
2.4.2 Miíases ............................................................................................................. 22
2.4.3 Flebite............................................................................................................... 22
2.2.4 Lesão Física de Membro Anterior .................................................................... 23
2.5 Cursos, Defesas de Dissertação de Mestrado e Atividades de Extensão
Rural ......................................................................................................................... 23
2.5.1 5º Curso de Melhoramento de Bovinos de Corte – PAMPAPLUS.................... 24
2.5.2 1º Dia de Campo Regional Convênio EMBRAPA IRGA – Sistemas
Integrados de Produção para Terras Baixas ............................................................. 24
2.5.3 Defesa de Dissertação de Mestrado ................................................................ 25
3 MELHORAMENTO GENÉTICO EM BOVINOS DE CORTE ............. 25
3.1 Revisão Bibliográfica ........................................................................................ 26
3.1.1 Identificação dos Animais ................................................................................. 27
3.1.2 Controle de Coberturas .................................................................................... 28
3.1.3 Controle dos Nascimentos ............................................................................... 28
3.1.4 Formação de Grupos Contemporâneos ........................................................... 29
3.1.5 O Uso de Critérios de Seleção no Melhoramento Genético de Bovinos de
Corte ......................................................................................................................... 30
3.1.5.1 Medidas Objetivas ......................................................................................... 31
3.1.5.1.1 Peso ao Nascer .......................................................................................... 32
3.1.5.1.2 Peso a Desmama ....................................................................................... 32
3.1.5.1.3 Peso ao Sobreano ...................................................................................... 33
3.1.5.1.4 Perímetro Escrotal ...................................................................................... 34
3.1.6.2 Escores Visuais ............................................................................................. 35
3.1.6.2.1 Conformação .............................................................................................. 35
3.1.6.2.2 Precocidade ............................................................................................... 36
3.1.6.2.3 Musculatura ................................................................................................ 37
3.1.6.2.4 Tamanho .................................................................................................... 37
3.1.6.2.5 Racial ......................................................................................................... 38
11
3.1.6.2.6 Umbigo ....................................................................................................... 38
3.1.6.2.7 Pelame ....................................................................................................... 39
3.1.7 O uso do Valor Genético na Seleção ............................................................... 40
3.1.7.1 Diferença Esperada na Progênie .................................................................. 41
3.1.7.2 Acurácia ........................................................................................................ 42
3.2 Atividades Desenvolvidas em Melhoramento Genético de Bovinos de
Corte ......................................................................................................................... 42
3.2.1 Fazenda da Barragem ...................................................................................... 43
3.2.2 A Raça Angus .................................................................................................. 45
3.2.3 Avaliação de Escores Visuais e Pesagens....................................................... 46
3.2.4 Organização dos Dados ................................................................................... 48
3.2.5 Mensuração de Valores Genéticos .................................................................. 52
3.2.5.1 Programas Computacionais Utilizados .......................................................... 52
3.2.5.2 Execução dos Programas ............................................................................. 53
3.2.5.3 Valores Genéticos Gerados .......................................................................... 59
3.2.5.4 Tendências Genéticas e Fenotípicas do Rebanho ........................................ 62
3.2.5.5 Índice RedBar ................................................................................................ 66
4 CONCLUSÃO ................................................................................... 69
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 70
6 ANEXOS ........................................................................................... 75
12
1 INTRODUÇÃO
O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado no
Centro de Pesquisa dos Campos Sul-brasileiros - CPPSUL, da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, também denominada Embrapa Pecuária Sul,
localizada as margens da BR 153 - Km 603, município de Bagé, estado do Rio
Grande do Sul, Brasil. Também foram realizadas atividades na Fazenda da
Barragem, localizada no distrito de Upacarai, município de Dom Pedrito, Rio Grande
do Sul, Brasil.
A Embrapa Pecuária Sul tem larga experiência em atividades de pesquisa,
desenvolvimento e inovação nos Campos Sul-brasileiros e está comprometida com a
busca por soluções tecnológicas para o desenvolvimento sustentável deste espaço
rural, com foco no agronegócio de bovinos e ovinos, em benefício da sociedade
(CPPSUL, 2013). O Estágio Final do curso de Medicina Veterinária foi efetuado sob a
orientação da MSc, Med. Veterinária Denize da Rosa Fraga e supervisão do
Pesquisador, Médico Veterinário PhD. Fernando Flores Cardoso, no período de 04
de fevereiro a 30 março de 2013, totalizando 260 horas.
A Embrapa Pecuária Sul é um dos centros da Embrapa que há mais de três
décadas
de
existência
vem
trabalhando
para
a
agropecuária
brasileira,
disponibilizando tecnologias nas áreas de bovinocultura de corte, de leite e ovinos,
buscando o bem estar sócio-econômico do homem, com o foco no agronegócio.
As contribuições geradas pela Embrapa Pecuária Sul são suficientemente
consistentes para considerar esta Unidade de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
Tecnológica um marco institucional na região sul do Brasil e, pela sua localização
estratégica, para aqueles países do Mercosul (CPPSUL, 2013).
Ocupa a base física de um antigo imóvel rural denominado Estância “Cinco
Cruzes”, no município de Bagé, estado do Rio Grande do Sul. Possui ampla
variedade de instalações como Biblioteca, Herbário, Laboratório de Ciência e
Tecnologia de Carnes, Laboratório de Estatística e Genômica, Laboratório de Estudos
e AgroEcologia e Recursos Naturais, Laboratório de Genética Animal, Laboratório de
Helmintologia, Laboratório de Endo e Ectoparasitologia, Laboratório de Nutrição
Animal e Forrageiras, Laboratório de Reprodução Animal (CPPSUL, 2013).
13
Possui uma área de aproximadamente 2.700 hectares, sendo a grande
maioria coberta por campo nativo, e um expressivo rebanho bovino, ovino e eqüino .
Desenvolve pesquisas nas áreas de Bovinocultura de Corte, Bovinocultura de Leite,
Ciência da Carne, Desenvolvimento Rural e Agroecologia, Forrageiras, Integração
Lavoura-Pecuária-Floresta, Melhoramento Animal, Modelagem e Simulação de
Sistemas, Nutrição Animal, Ovinocultura, Reprodução Animal, Sanidade Animal e
Socioeconomia (CPPSUL, 2013).
O estágio foi realizado junto ao Laboratório de Bioinformática e Estatística
Genômica (Labegen) da Embrapa Pecuária Sul. O laboratório conta com uma
equipe altamente qualificada liderada pelos pesquisadores Med. Veterinário PhD.
Fernando Flores Cardoso e Zootecnista PhD. Marcos Jun-Iti Yokoo, que
desenvolvem pesquisas nas áreas de Melhoramento Genético Animal, Estatística
Genômica e Ciência da Carne.
Durante o período do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina
Veterinária foram desenvolvidas atividades relacionadas ao Melhoramento de
Bovinos
de
Corte,
Atendimentos
Clínicos,
Dias
de
Campo,
Cursos,
acompanhamento de Projetos de Pesquisa na área de Melhoramento Animal,
Manejo de Bovinos de Corte e Extensão Rural.
A escolha do local do estágio levou em conta os trabalhos desenvolvidos pela
Embrapa Pecuária Sul dentro da área de pesquisa e inovação, além de sua
renomada equipe de pesquisadores. O laboratório de Bioinformática e Estatística
Genômica da Embrapa Pecuária Sul em parceria com a Conexão Delta G e Gensys,
foi pioneiro mundial ao desenvolver o primeiro catálogo de touros de corte com DEP’s
para resistência ao carrapato, também exerce papel importante nas linhas de
pesquisa de cruzamentos de bovinos de corte, possui vínculo auxiliando o Programa
de Melhoramento Genético de Bovinos Hereford e Braford – PampaPlus, e
desenvolve ferramentas de genética e genômica, como o programa computacional
INTERGEN.
A área de Melhoramento Animal encontra se em expansão e está
acompanhada de constantes descobertas. Possui um papel fundamental na
bovinocultura de corte, sendo uma ferramenta essencial para tornar a atividade
sustentável, gerando bons retornos econômicos ao pecuarista.
14
O estágio teve por objetivo a obtenção de conhecimentos e experiências
práticas da atuação profissional, permitindo agir de maneira reflexiva no auxilio das
atividades referentes ao médico veterinário.
2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em
Medicina Veterinária estão descritas resumidamente na Tabela 1.
TABELA 1 – Resumo das Atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa Pecuária Sul, Bagé, RS, no período de 04 de fevereiro a
30 de março de 2013.
Tipo de Atividade
n
%
Processamento de Dados
3419
61,03
Coleta de Dados
1174
20,95
Medicina Veterinária Preventiva
591
10,56
Atendimentos Clínicos
415
7,41
3
0,05
5.602
100
Cursos, Defesas de Dissertação de Mestrado e Atividades de
Extensão Rural
Total
2.1 Processamento de Dados
As atividades referentes a Processamento de Dados desenvolvidas durante o
Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritas
resumidamente na Tabela 2.
15
TABELA 2 – Processamento de Dados desenvolvido durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa Pecuária Sul, Bagé, RS, no período de 04 de fevereiro a
30 de março de 2013.
Atividade
n
%
Mensuração de Valores Genéticos
3.419
100
Total
3.419
100
2.1.1 Mensuração de Valores Genéticos
Para uma melhor seleção dos animais superiores, se faz necessário o
conhecimento da porção genética responsável pela expressão fenotípica de
características que servem como critérios de seleção. Para isto, os valores de
Diferença Esperada nas Progênies (DEP’s) servem como forma de seleção,
permitindo selecionar animais pelo valor genético que carregam para cada
característica desejada.
Através de um banco de dados do rebanho da Fazenda da Barragem
localizada no município de Dom Pedrito no Rio Grande do Sul, foi possível a
realização da mensuração dos valores genéticos de cada animal pertencente ao
rebanho. Foram usados programas que utilizam a Metodologia dos Modelos Mistos
(MMM), entre eles INTERGEM, BLUPF90, RENUMF90, AIREMLF90 para
mensuração.
Para que isso fosse possível, os dados foram organizados em planilhas do
Excel para posterior utilização ao executar os programas. Os pesos foram ajustados
para 205 e 550, para desmame e sobreano, respectivamente.
Foram gerados valores de DEP’s, Acurácia e Percentil para as seguintes
características: Peso ao Nascer, Peso aos 205 dias, Peso aos 550 dias, Perímetro
Escotral, Musculatura a desmama e ao sobreano.
Em seguida foi gerado um índice utilizando algumas características de maior
interesse, que serviu posteriormente para a seleção do rebanho.
16
2.2 Coleta de Dados
As atividades referentes a Coleta de Dados desenvolvidas durante o Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritas resumidamente
na Tabela 3.
TABELA 3 – Coleta de Dados desenvolvida durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa Pecuária Sul, Bagé, RS, no período de 04 de fevereiro a
30 de março de 2013.
n
Atividade
Pesagens de Bovinos e Ovinos
%
647
55,11
Pelame, Tamanho do Umbigo e Perímetro Escrotal.
338
28,79
Ordenha e Coleta de Leite de Vacas de Corte
156
13,29
33
2,81
1174
100
Avaliações
de
Escores
Visuais
em
Bovinos
de
Corte:
Conformação, Precocidade, Musculatura, Tamanho, Racial,
Exame Ultrassonográfico de Área de Olho de Lombo, Espessura
de Gordura de Cobertura e Marmoreio, em Touros.
Total
2.2.1 Pesagens de Bovinos e Ovinos
Foram realizadas 547 pesagens de bovinos, sendo que os quais estavam
enquadrados no programa de melhoramento de bovinos de carne – PROMEBO, ou
eram vacas pertencentes ao projeto: Sistema GH/IGF-I nas características
metabólicas e eficiência produtiva de vacas de corte puras e oriundas de
17
cruzamentos envolvendo as raças Angus, Hereford, Caracu e Nelore no sul do
Brasil. A pesagem foi realizada individualmente, sendo nas vacas pertencentes ao
projeto Sistema GH/IGF-I nas características metabólicas e eficiência produtiva de
vacas de corte puras e oriundas de cruzamentos envolvendo as raças Angus,
Hereford, Caracu e Nelore no sul do Brasil, foi realizado momentos antes da
ordenha.
Também foram realizadas pesagens de 100 cordeiros da raça texel, entre 9 e
11 meses idade, destinados ao abate. Todos os animais foram submetidos a jejum
de sólidos e líquidos prévio de 12-16 horas para a pesagem, que teve como objetivo
a verificação de peso para a venda dos animais.
2.2.2 Avaliações de Escores Visuais em Bovinos de Corte: Conformação,
Precocidade, Musculatura, Tamanho, Racial, Pelame e Tamanho do Umbigo.
As avaliações feitas foram realizadas conforme preconiza o Programa de
Melhoramento de Bovinos de Carne – Promebo. Foram avaliados 94 terneiros e 109
terneiras a desmama, e 52 touros e 83 novilhas ao sobreano. Sendo que a medida
de perímetro escrotal somente foi feita nos touros de sobreano.
Para uma correta avaliação os animais foram separados conforme seu grupo
contemporâneo. Inicialmente foram observados em conjunto ou entre alguns animais
selecionados aleatoriamente como forma de definir os padrões de Conformação,
Precocidade, Musculatura e Tamanho para comparação dentro do grupo
contemporâneo.
Após, foram avaliados individualmente atribuindo-se escores de 1 a 5 para
Conformação, Precocidade, Musculatura, Tamanho, Racial e Tamanho do Umbigo,
sendo 1 o escore de pior e 5 o de melhor atribuição a característica. Escores de 1 a
3 foram usados para Pelame, sendo 1 pêlo curto e 3 longo.
A avaliação é utilizada para melhor seleção dos animais, uma vez que, há
grandes correlações entre os escores avaliados e características produtivas
desejadas.
18
2.2.3 Ordenha e Coleta de Leite de Vacas de Corte
A Embrapa Pecuária Sul possui um rebanho de animais pertencentes ao
projeto Sistema GH/IGF-I nas características metabólicas e eficiência produtiva de
vacas de corte puras e oriundas de cruzamentos envolvendo as raças Angus,
Hereford, Caracu e Nelore no sul do Brasil.
Para dar continuidade ao projeto são realizadas diversas atividades, entre
elas a ordenha das vacas para avaliar produção de leite em Kg, onde são coletadas
também amostras para análises químicas e físicas do leite. As ordenhas foram
realizadas em três momentos durante a amamentação, no início, meio e fim,
considerando um período total de 210 dias.
Para se obter uma medida fidedigna de produção, as vacas eram trazidas à
mangueira na manhã do dia anterior à ordenha, os bezerros eram separados das
vacas após terem mamado, e colocados para mamar novamente ao final da tarde,
com o objetivo de esgotar o úbere. No dia seguinte, pela manhã, era realizada
ordenha mecânica usando ordenhadeira tipo balde ao pé, após injeção intravenosa
de 20 a 40UI de ocitocina1.
Foram acompanhadas 156 ordenhas, realizadas em um tronco de contenção
com balança eletrônica sendo feita pesagem e avaliação de escore de condição
corporal (1 a 5), no momento da ordenha. Após a ordenha o leite era pesado e
retirada uma amostra após homogeneização, as amostras eram armazenadas em
fracos de 40mL com conservante bronopol e enviadas refrigeradas para o
Laboratório de Qualidade do Leite – Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, para
análise físico-química e de contagem de células somáticas.
2.2.4 Exame Ultrassonográfico de Área de Olho de Lombo, Espessura de Gordura
de Cobertura e Marmoreio, em Touros.
19
A realização de exame ultrassonográfico de área de olho de lombo (AOL),
espessura de gordura de cobertura (EGC), marmoreio (MAR) e espessura de
gordura na picanha (EGP) foi realizada para avaliação de carcaça de 33 touros das
raças hereford e braford participantes da Prova de Avaliação a Campo – PAC,
realizada na Embrapa Pecuária Sul. Este exame foi realizado com equipamento
Aloka SSD 500, transdutor linear com 18cm e freqüência de 3,5 MHz.
O principal objetivo foi a observação da musculosidade e capacidade de
deposição de gordura subcutânea e intramuscular.
Foram realizadas imagens no sítio entre a 12ª e 13ª costelas do músculo
Longissimus dorsis, onde foi mesurada a AOL, MAR e EGC, e na região do terço
superior do músculo Bíceps femuris para obter a EGP.
2.3 Atividades de Medicina Veterinária Preventiva
As atividades desenvolvidas na área de Medicina Veterinária Preventiva
durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritas
resumidamente na Tabela 4.
TABELA 4 – Atividades de Medicina Veterinária Preventiva desenvolvidas durante o
Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária – Embrapa Pecuária Sul, Bagé, RS, no período de 04 de
fevereiro a 30 de março de 2013.
n
%
Vermifugação
404
68,36
Vacina contra Brucelose
109
18,44
Vacina contra Clostrídioses
78
13,20
Total
591
100
Atividade
20
2.3.1 Vermifugação
A vermifugação nos terneiros era realizada com a aplicação de 2,5mg/40Kg
de peso vivo de sulfóxido de albendazol2, via subcutânea. O uso de sulfóxido de
albendazol2 era recomendado por ser eficaz no combate aos principais
endoparasitas que acometiam os terneiros e não agir sobre os carrapatos, uma vez
que os terneiros deviam permanecer com os carrapatos, como forma de adquirirem
imunidade contra a tristeza parasitária bovina.
Nos demais bovinos e nos ovinos foi aplicado moxidectina3, na dose de
0,2mg/Kg de peso vivo, via subcutânea por se tratar de um produto eficaz para o
combate de endo e ectoparasitas.
2.3.2 Vacinação contra Brucelose
Foi realizada a vacinação contra brucelose em 109 terneiras da raça angus,
com idade entre 3 e 8 meses, no momento da desmama. Após serem vacinadas as
terneiras foram marcadas com ferro incandescente na porção esquerda da região
mandibular com um “V”, seguido pelo último número do ano da realização da
vacinação, no caso “3” referente ao ano de 2013.
A vacina utilizada é produzida através de amostras da bactéria Brucella
abortus, cepa B-19 atenuada4. A vacina foi misturada ao diluente, agitada, e
aplicada, via subcutânea, na dose de 2mL por terneira. É usada como profilaxia a
brucelose e evita perdas causadas pela doença como abortos. A vacinação é
obrigatória em terneiras de 3 a 8 meses de idade.
2.3.3 Vacinação contra Clostridioses
21
A imunização dos animais contra clostridioses foi feita através do uso de
vacina polivalente5 que concede imunidade a carbúnculo sintomático, gangrena
gasosa, morte súbita por clostrídeos, doença do rim polposo, enterotoxemia
hemorrágica e hepatite necrótica infecciosa.
Foi aplicada via subcutânea, na dose de 2mL em 78 terneiros primovavinados
a partir da oitava semana de vida, sendo revacinados decorridas de 4 a 6 semanas.
2.4 Atendimentos Clínicos
As atividades referentes a Atendimentos Clínicos acompanhados durante o
Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritas
resumidamente na Tabela 5.
TABELA 5 – Atendimentos Clínicos acompanhados durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa Pecuária Sul, Bagé, RS, no período de 04 de fevereiro a
30 de março de 2013.
Diagnóstico
n
%
411
99,04
Miíase
2
0,48
Flebite
1
0,24
Lesão Física de Membro Anterior
1
0,24
415
100
Banhos de Imersão
Total
2.4.1 Banhos de Imersão
22
Os banhos em bovinos com finalidade curativa foram conduzidos em
banheiros de imersão, sendo efetuados para combater infestações de ectoparasitas,
principalmente mosca-dos-chifres (Aematobia irritants) e o carrapato (Rhiphicefalus
boophlus microplus). O amitraz6 foi o princípio ativo utilizado na diluição de 25g/1000
litros de água. Inicialmente era feita a averiguação da qualidade da água contendo a
mistura do banheiro, sendo realizada a reposição quando necessária, e sempre
antes de iniciar os banhos a água do era mexida para ocorrer a mistura com o
princípio ativo.
2.4.2 Miíases
Foram acompanhados dois casos de miíase em vacas da raça hereford, na
região da virilha. A possível causa para deposição dos ovos da mosca Cochliomyia
hominivorax, foi a lesão provocada pela semente de carrapicho (Xanthium spp.) que
se prendem nos pelos da região.
As miíases foram tratadas com a aplicação tópica de Diclorfention 3,0g7,
sendo também realizada a remoção dos carrapichos e larvas da lesão. As larvas
foram mortas e com o passar dos dias a lesão causada cicatrizou.
2.4.3 Flebite
O caso de flebite acompanhado, ocorreu em um terneiro da raça brangus de 5
meses de idade. O animal apresentava aumento da região umbilical, inflamação e
infecção com presença de pus.
Foi optada por terapia medicamentosa a base de benzilpenicilina procaína,
diidroestreptomicina, cloridrato de procaína e piroxican 8. A dose usada foi de
10.000UI de benzilpenicilina procaína, 4,0mg de diidroestreptomicina, 0,3mg de
23
piroxican e 0,86mg de cloridrato de procaína por Kg de peso vivo, em três
aplicações de 48/48 horas, via IM.
Após o tratamento o animal apresentou significativa melhora no processo
inflamatório e infeccioso, não sendo necessária a intervenção cirúrgica.
2.2.4 Lesão Física de Membro Anterior
A lesão física de membro anterior ocorreu em um touro da raça angus de três
anos de idade com aproximadamente 800Kg de peso. Provavelmente ocasionada
por um briga, acometeu a região escapular causando claudicação. Foi realizada a
aplicação de 20mg de dexametazona9 em dose única, via IM.
O animal foi apartado dos demais touros e permaneceu em um piquete
próximo a sede da fazenda para receber melhor acompanhamento do quadro
clínico. O animal até a finalização deste relatório permanecia em recuperação,
apresentando melhora do quadro clínico.
2.5 Cursos, Defesas de Dissertação de Mestrado e Atividades de Extensão
Rural
As atividades referentes a Cursos, Defesas de Dissertação de Mestrado e
Atividades de Extensão Rural desenvolvidas durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritas resumidamente na Tabela
6.
TABELA 6 – Cursos, Defesas de Dissertação de Mestrado e Atividades de Extensão
Rural desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina
Veterinária na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Pecuária
Sul, Bagé, RS, no período de 04 de fevereiro a 30 de março de 2013.
24
Atividade
n
%
5º Curso de Melhoramento de Bovinos de Corte –
1
33,33
1
33,33
Defesa de Dissertação de Mestrado
1
33,33
Total
3
100
PAMPAPLUS
1º Dia de Campo Regional Convênio EMBRAPA IRGA –
Sistemas Integrados de Produção para Terras Baixas
2.5.1 5º Curso de Melhoramento de Bovinos de Corte – PAMPAPLUS
O 5º Curso de Melhoramento de Bovinos de Corte – PAMPAPLUS, ocorreu
nos dias 21 a 23 de março de 2013 no auditório da Federação da Agricultura do Rio
Grande do Sul – FARSUL, localizado em Porto Alegre - RS. O curso foi promovido
em parceria pela Embrapa Pecuária Sul, Associação Brasileira de Herefor e Braford
(ABHB), Geneplus e Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O evento contou com a participação de pesquisadores brasileiros e do
exterior, os quais apresentaram inovações na área de melhoramento genético de
bovinos de corte, a importância do uso desta ferramenta, o programa PAMPAPLUS,
e perspectivas para o futuro do melhoramento genético (Anexo B):
2.5.2 1º Dia de Campo Regional Convênio EMBRAPA IRGA – Sistemas Integrados
de Produção para Terras Baixas
Em parceria com a EMBRAPA e o Instituto Rio Grandense de Arroz – IRGA,
foi promovido o 1º Dia de Campo Regional sobre Sistemas Integrados de Produção
para Terras Baixas, realizado no dia 26 de fevereiro de 2013 na Embrapa Pecuária
Sul no município de Bagé – RS.
25
Foram apresentadas inovações tecnológicas desenvolvidas para servirem
com alternativas para melhorar o rendimento de produção nas áreas de várzea.
Novas cultivares de arroz, e forrageiras foram apresentadas, além de pesquisas
desenvolvidas com o uso de camaleão para implantação da lavoura nas áreas de
terras baixas.
2.5.3 Defesa de Dissertação de Mestrado
A defesa de dissertação de mestrado ocorreu na Universidade Federal de
Pelotas – UFPEL, intitulada Sistema GH/IGF-I nas características metabólicas e
eficiência produtiva de vacas de corte puras e oriundas de cruzamentos envolvendo
as raças Angus, Hereford, Caracu e Nelore no sul do Brasil, foi defendida por
Rodrigo Carneiro de Campos Azambuja.
O trabalho foi desenvolvido em área experimental da Embrapa Pecuária Sul,
Bagé – RS, e teve como objetivo identificar genótipos mais adaptados à produção
eficiente de bezerros em regime de pastejo na região sul do Brasil, utilizando a
avaliação do sistema GH/IGF-I e as características metabólicas de vacas de corte
puras e oriundas de cruzamentos envolvendo as raças Angus, Hereford, Caracu e
Nelore.
3 MELHORAMENTO GENÉTICO EM BOVINOS DE CORTE
No transcorrer do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária
foi desenvolvido um trabalho em conjunto com a Embrapa Pecuária Sul e Fazenda
da Barragem no município de Dom Pedrito, Rio Grande do Sul. Foram coletadas
informações através de visitas a fazenda, sendo realizada avaliação de escores
visuais e pesagem, que juntamente com o acesso a um banco de dados do rebanho
26
dos anos de 1995 a 2012, serviu como base para a predição dos valores genéticos
dos animais.
Foram gerados valores de Diferenças Esperadas na Progênie (DEP’s),
Acurácia e Percentil para as seguintes características: peso ao nascer; peso a
desmama ajustado para 205 dias; peso ao sobreano ajustado para 550 dias;
musculatura a desmama; musculatura ao sobreano e perímetro escrotal. Após a
predição destes valores foi desenvolvido um valor classificatório único – índice.
3.1 Revisão Bibliográfica
A pecuária de corte passa por constante adaptação, a qual tem por principal
finalidade diminuir os custos de produção e aumentar produtividade e rentabilidade
do processo. Nesse contexto, o melhoramento genético constitui recurso para
aumentar os índices de produção (WEBER et al., 2009).
Desta forma, para a pecuária de corte, o melhoramento genético se torna um
instrumento de grande importância, permitindo ao produtor agregar melhorias em
produtividade no seu rebanho sem gastos excessivos (CARDOSO, In BARCELLOS
2007).
Segundo Cardellino e Rovira (1987), o melhoramento genético visa aumentar
as características produtivas e favoráveis a determinada população de indivíduos,
através do aumento da freqüência de genes desejáveis ou melhorar a redistribuição
destes genes no rebanho.
O desempenho produtivo do animal, conforme Cardoso, In Barcellos (2007),
depende basicamente de dois fatores, o Ambiente e o Genótipo, sendo que ainda há
um terceiro que nada mais é do que a interação entre estes dois G*A, conforme
descrito na fórmula a seguir:
P = G + A + G*A
Onde:
P = Fenótipo
27
G = Genótipo
A = Ambiente
G*A = Interação entre Genótipo e Ambiente
Para se melhorar a produção animal, existem duas maneiras: através de
mudanças no meio ambiente, como manejo, nutrição e sanidade, e através do
melhoramento genético, que apesar de causar menos impacto à primeira vista,
tende a ser permanente e acumulativo através de geração a geração.
(CARDELLINO & ROVIRA, 1987).
Cardoso, In Barcellos (2007), relata que de nada adianta termos animais de
composição genética superior se as condições ambientais ofertadas a eles forem
desfavoráveis, sendo assim, da mesma forma o contrário procede, de nada serviria
uma ótima alimentação em animais geneticamente inferiores.
Primeiramente cabe destacar o papel decisivo do criador na execução de
qualquer programa de seleção, sendo de fundamental importância a definição dos
objetivos e critérios de seleção. Em outras palavras ele deve ter muito claro onde
quer chegar (SEVERO, 1994).
3.1.1 Identificação dos Animais
Segundo Severo (1994), devemos tomar medidas criteriosas na identificação
do rebanho, cita que o primeiro pré-requisito para o controle de produção e para o
melhoramento de um rebanho é a identificação permanente e única de todos os
animais.
Um método eficiente de identificação indicado por Severo (1994), é o padrão
adotado pela Associação Nacional de Criadores – Herd Book Collares, que usa uma
letra para identificar o ano de nascimento, seguindo em ordem alfabética, porém
evitando o uso das letras I, O e Q, para não causar confusão com os números 1 e 0,
sendo que, acompanhado a letra irá o número do animal nascido naquele ano.
Portanto:
28
Identificação
Corresponde a:
A1
Animal de nº 1 nascido em 1981
A138
Animal de nº 138 nascido em 1981
C1
Animal de nº 1 nascido em 1983
E1027
Animal de nº 1027 nascido em 1985
Como forma de identificação permanente e de diminuir os risco de perda do
número do animal, Campos, In Elias (2006), cita que os animais devem ser tatuados
na parte central das orelhas, e esta identificação deve ser complementada por
brincos ou marcações a fogo.
3.1.2 Controle de Coberturas
Deve ser realizado o controle dos serviços reprodutivos diariamente durante a
temporada de reprodução. Desta forma, é de grande valor prático que se prepare
previamente uma listagem das vacas a serem destinadas a reprodução. (SEVERO,
1994).
Basicamente existem quatro tipos de coberturas que podem ser realizadas
conforme nos relata Severo (1994): inseminação artificial, monta dirigida, monta
natural com reprodutor único e monta natural com reprodutor múltiplo.
Um controle fidedigno das coberturas nos permite montar um pedigree do
rebanho de forma correta. Desta forma, torna-se possível obter controle de
consangüinidade, além de permitir a avaliação dos genitores através de suas
progênies.
3.1.3 Controle dos Nascimentos
29
O controle feito a campo, através de recorridas diárias dos potreiros de
parição, é uma prática que se faz necessária na época de parição. Conforme Severo
(1994), os animais devem ter seus dados de nascimento anotados (número da mãe,
data de nascimento) e serem identificados o mais cedo possível nas suas vidas.
Desta maneira, poderão ser observados também partos distócicos, além de permitir
o manejo do terneiro mais fácil nas primeiras horas de vida, diminuindo os riscos de
lesionar e debilitar o animal para ser apanhado e contido.
É fundamental o registro do dia exato do nascimento, pois a idade do próprio
animal é a causa mais importante da variação dos pesos no momento do desmame
ou ao sobreano. Um exemplo prático do impacto causado por um erro na data de
nascimento, pode ser visto sabendo que o ganho médio diário até estas idades gira
ao redor de 0,5 – 0,6 Kg/dia, o erro na determinação de idade em 2 ou 3 dias pode
significar 1 ou mais Kg de peso ajustado para estas idades. E muitas vezes esta
diferença pode determinar se o animal será castrado ou usado na reprodução
(SEVERO, 1994).
O peso ao nascer também deverá ser coletado junto com este manejo.
Conforme Cardoso e Lopa (2010) deverá ser verificado nas primeiras 48hs de vida.
3.1.4 Formação de Grupos Contemporâneos
Segundo Fries (1972), dentro de um mesmo rebanho haverá diferentes
grupos de manejo, que devem ser formados levando em consideração diferenças
ambientais, alimentares, sanitárias, podendo ser comparados entre si, somente
através de avaliações cuidadosas para formação correta destes grupos.
O grupo contemporâneo (GC) serve como uma unidade básica de
comparação de desempenho, sendo que todos os animais pertencentes a um grupo
tiveram as mesmas condições ambientais para produzir. São considerados em um
mesmo grupo contemporâneo animais de mesma raça, rebanho, ano, estação de
nascimento, sexo e que tenham sido criados em um mesmo regime alimentar e
30
grupo de manejo, com diferença de idade no grupo inferior a 90 dias (CARDOSO,
2009).
Para a correta avaliação e comparação das diferenças genéticas, todos os
animais pertencentes ao mesmo GC devem receber as mesmas condições, ou seja,
manejos uniformes e alimentações iguais (SEVERO, 1994).
A formação dos grupos contemporâneos é considerada um dos pontos
críticos para a avaliação genética do rebanho. Conforme relata Campos, In Elias
(2006), a má formação dos grupos contemporâneos é responsável por grande parte
dos erros e problemas dos programas de avaliação genética.
Cardoso (2009) destaca como os itens com maior chance de erros, a
indicação do regime alimentar e a formação do grupo de manejo.
O regime alimentar serve, de forma ampla, para indicar os principais sistemas
alimentares utilizados, por exemplo, campo natural, campo melhorado, pastagem,
suplementado, estabulado, etc (CARDOSO, 2009).
Já, segundo Cardoso (2009), os grupos de manejo devem ser usados para
informar diferenças de manejo ou de ambiente dentro de um mesmo regime
alimentar. Cita como exemplo, em que se tem todos os bezerros em campo natural,
mas é realizado desmame temporário em parte dos animais, necessariamente os
animais com e sem desmame temporário deverão pertencer a grupos de manejo
dististos.
Conforme Campos, In Elias (2006), a melhor forma disponível e de melhor
aplicabilidade a fim de reduzir os efeitos ambientais comuns é a formação dos GC,
apesar dos mesmos não levarem em consideração efeitos ambientais específicos.
3.1.5 O Uso de Critérios de Seleção no Melhoramento Genético de Bovinos de Corte
Cardellino e Rovira (1987) citam como critérios de seleção, características
que podem ser medidas nos animais ou em seus parentes. Exemplificando, se
tivermos o objetivo de aumentar o peso ao desmame, nossos critérios serão, ganho
de peso diário, habilidade materna, precocidade, o próprio peso a desmama, entre
outros.
31
Ao implantar um programa de melhoramento genético dentro de uma
propriedade de bovinocultura de corte, inicialmente devem ser traçadas as metas a
serem atingidas, que nada mais são do que os objetivos de seleção. A seleção dos
animais pertencentes ao rebanho será baseada nos objetivos de seleção, que
indicam o que queremos ver no fim do processo. Para se atingir este objetivo são
delineados os caminhos, ou seja, os critérios de seleção (CARDELLINO e ROVIRA,
1987; ALLENCAR, 2002).
Conforme Cardoso, In Barcellos (2007), o produtor inicialmente deve definir
seus objetivos a médio e longo prazo antes de iniciar processo de seleção. Com
base nos objetivos devem ser identificadas quais as características que devem ser
incluídas no programa. Essas decisões devem ser tomadas com base na carência
de seu rebanho e na importância econômica que tem cada característica, e destaca
que quanto maior o número de caracteres menor o progresso em cada um deles
individualmente, evidenciando a importância de conseguir selecionar realmente os
caracteres que podem agregar maior importância ao produtor.
3.1.5.1 Medidas Objetivas
As características de crescimento, como o peso corporal, medidas na fase
inicial do desenvolvimento do animal, servem como importantes ferramentas na
determinação da eficiência econômica de qualquer sistema de produção de bovinos
e podem ser recomendadas como critérios de seleção (FERRAZ FILHO et al., 2002).
Devemos ter o cuidado de evitar diferenças nas pesagens não esperadas,
Campos e Cardoso (1995) ressaltam que as condições de pesagem devem ser as
mesmas para todos os animais de um determinado grupo a ser comparado.
Conforme Severo (1994), uma das principais causas de variação entre os
animais, tanto no peso a desmama, quanto no peso ao sobreano, é o conteúdo do
rúmen e o intestino. Para evitar esta variação, este erro, os animais devem ser
submetidos a um jejum total de 12-14 horas antes da pesagem.
Um exemplo de manejo simples a ser empregado para evitar erros nos pesos
dos animais, é deixar o lote a ser pesado encerrado na mangueira desde a tardinha
32
da véspera. No caso de terneiros a serem desmamados, os mesmos devem ser
separados das mães na véspera também, permanecendo na mangueira isolados.
Outro ponto importante são os bebedouros nas mangueiras, que devem ser
esvaziados ou tampados (SEVERO, 1994).
Um formulário próprio para a pesagem contendo a listagem dos animais,
informações de nascimento e genealogia, deve ser usado para anotação dos pesos
e observações (SEVERO, 1994).
3.1.5.1.1 Peso ao Nascer
Conforme Severo (1994), o peso ao nascer é o dado mais difícil de ser
tomado, por se tratar de uma pesagem feita a campo, e apesar de existirem
balanças portáteis para este fim, muitas vezes os erros são em decorrência dos
campeiros terminarem estimando o peso dos animais e informando como sendo
dado real.
Conforme Cardoso e Lopa (2010) o peso ao nascer deve ser verificado nas
primeiras 48hs de vida.
Os valores de herdabilidade para peso ao nascer encontrados por
Albuquerque & Meyer (2001), Sakaguti et al. (2003) e Dias et al. (2005), variaram de
0,26 a 0,37.
As correlações genéticas estimadas entre o peso ao nascer e pesos até os
dois anos de idade são positivas, de moderadas a altas magnitudes, com tendência
de diminuição após esse período. Desta forma, devemos tomar cuidado para não
aumentar o peso ao nascer de forma que a seleção possa provocar aumento da
incidência de partos distócicos (BOLIGON et al., 2009).
3.1.5.1.2 Peso a Desmama
33
A coleta do peso a desmama deve ser a mais próxima possível dos 205 dias
de idade do terneiro, no mínimo 160 e no máximo 250 dias, desta forma ao ajuste de
idade para 205 dias e a correção para idade da mãe, a tomada de peso torna-se
mais homogênea possibilitando a comparação dos indivíduos neste modelo que
simula como se todos tivessem a mesma idade no dia da pesagem (FRIES, 1972).
O peso a desmama tem como principal finalidade avaliar o desenvolvimento
do animal do nascimento até o desmame, incluindo seu ganho de peso diário,
conforme relata Campos, In Elias (2006), além de estar vinculado a fatores
genéticos do animal, possui grande influência do potencial da mãe quanto a sua
habilidade materna
Leal (2007) cita que desempenho do terneiro está vinculado também ao
ambiente materno, que é representado principalmente pela produção de leite e
habilidade materna.
Boligon et al. (2009) encontrou valores de herdabilidade para peso a
desmama de 0,33. Em virtude das correlações genéticas entre os pesos serem
positivas e de moderada a alta magnitude, a seleção para peso em qualquer idade
deverá promover mudança no peso nas demais idades.
3.1.5.1.3 Peso ao Sobreano
O peso a desmama deve ser ajustado para uma idade fixa como forma de
correção. Fries (1972), recomenda o ajuste para 365 dias de idade para sistemas de
criação intensivos, para sistemas intermediários 452 dias e para sistemas extensivos
550 dias. As datas de avaliação refletem o crescimento obtido nos diferentes
sistemas, sendo por exemplo mais tardio em sistemas extensivos.
Campos e Cardoso (1995) frisam como a melhor época para realizar a
pesagem dos animais nascidos na primavera é aos dezoito meses, ou seja, ao
sobreano.
No dia de avaliação e pesagem, somente devem ser realizados manejos para
esta finalidade. Conforme Cardoso e Lopa (2010) outros manejos como, castração,
marcação, assinalação, entre outros que possam causar estresse aos animais,
devem ser realizados em outra ocasião que não seja com a pesagem dos animais.
34
A seleção por peso ao sobreano é efetiva, segundo Boligon et al. (2009) a
herdabilidade para esta característica é de 0,34, resultando em ganhos satisfatórios
através da seleção de animais superiores na avaliação.
3.1.5.1.4 Perímetro Escrotal
Diante das dificuldades para se implantar programas de seleção por idade a
puberdade, se buscou por utilizar características indicadoras de precocidade sexual,
que tenham variabilidade genética adequada, possuam correlação genética
favorável a idade à puberdade e outras características economicamente importante
e sejam de fácil mensuração (BERGMANN, 1998).
O perímetro escrotal é uma característica a ser usada como forma de
melhoramento de fertilidade da progênie. Selecionando animais com maior
perímetro escrotal, pode-se esperar melhorias na progênie relacionadas a
puberdade precoce e maior produção espermática. Podemos relacionar com a
antecipação da puberdade nas fêmeas e conseqüentemente, idade de concepção e
ao primeiro parto antecipada, acarretando num melhor retorno econômico ao
produtor (SEVERO, 1994; BERGMANN, 1998).
Gressler et al.(2000) e Campos, In Elias (2006), recomendam como melhor
idade para a medição desta característica os 18 meses, ou seja, ao sobreano,
devido a maior variabilidade genética encontrada nesta fase. A medida por ser
realizada utilizando uma fita métrica, tomando a medida no local de maior
circunferência escrotal sendo utilizada uma escala em centímetros, com uma casa
decimal (ex: 38,2cm).
Valores de correlações genéticas entre Perímetro Escrotal aos 18 meses, e
Idade ao Primeiro Parto, Datas do Primeiro Parto, Datas do Segundo Parto e
Primeiro Intervalo de Parto, de -1,00; 0,21; -0,35; e -0,44, respectivamente, e
herdabildade de 0,31, foram encontrados por Gressler et al. (2000).
35
3.1.6.2 Escores Visuais
O uso de escores visuais em programas de melhoramento genético bovino,
tem se mostrado uma ferramenta eficaz na seleção de animais superiores. Os
escores visuais de conformação, precocidade, musculatura e tamanho são
importantes características disponíveis e economicamente viáveis para selecionar
animais que produzam mais carne ou carcaça, que cumpram as exigências do
mercado, em menor tempo (FRIES, 1996).
Apesar de terem natureza objetiva, os escores visuais, quando aplicados de
maneira criteriosa e por avaliadores qualificados, podem servir para alterar o valor
genético dos animais em caracteres relacionados com a carcaça, como grau de
desenvolvimento muscular e grau de acabamento (CARDOSO et al. 2001).
Os escores visuais aliados as características mensuráveis de crescimento,
constituem ferramenta importante quando se busca aumentar a produção de carne
(COSTA et al., 2004).
Para a realização de uma avaliação fidedigna dos animais, seja que espécie
for, os técnicos devem possuir um mínimo de conhecimento de anatomia e de
padrões raciais, pois desta forma as probabilidades de acerto serão maiores (LEAL,
In BARCELLOS, 2007).
Para avaliação de escores visuais, inicialmente deve-se possuir animais de
um mesmo grupo contemporâneo a serem avaliados comparativamente, desta
forma, antes de iniciar a avaliação individual é realizada a observação do grupo
como um todo. Esta prática permite a identificação prévia dos animais médios,
superiores e inferiores que servirão de comparativo para posterior avaliação de todo
grupo (CAMPOS, In ELIAS, 2006).
3.1.6.2.1 Conformação
Ao olharmos o animal vivo, quando se avalia a conformação, deve imaginar a
carcaça do mesmo pendurada em um frigorífico (SEVERO, 1994).
36
Koury Filho (2010) relata correlação genética entre conformação, peso a
desmama e ao sobreano, de 0,97 e 0,83, respectivamente. Desta forma, considera
que aumento nos pesos corporais deve ser esperado como resposta correlacionada
a seleção por escores visuais
Em estudos para estimação dos valores de herdabilidade para conformação a
desmama em rebanho da raça Angus, Cardoso et al. (2001) encontrou valores de
0,18 e Forni et al. (2007) em animais da raça Nelore, 0,12. Já ao sobreano, Cardoso
et al. (2004) encontrou valores de herdabilidade para conformação de 0,19. Koury
Filho et al. (2010) também encontrou valores de herdabilidade ao sobreano de maior
magnitude que a desmama, sendo de 0,24.
Cardoso, In Barcellos (2007), destaca que animais com boa conformação
apresentam boa quantidade e distribuição muscular em cima de uma adequada
estrutura física com um correto sistema de aprumos.
Kippert et al. (2006), cita como a combinação de comprimento e profundidade
do corpo, o desenvolvimento muscular e a harmonia geral do indivíduo, aliado a
capacidade do animal em produzir carne se abatido naquele momento,
componentes fundamentais para avaliação do escore de conformação.
3.1.6.2.2 Precocidade
Conforme Koury Filho e Albuquerque (2002) a precocidade se evidencia pela
facilidade do animal depositar gordura subcutânea, ou seja, grau de terminação para
abate, pois conclui que animais mais precoces permanecem menos tempo nos
pastos, aumentando a eficiência do sistema de produção, conseqüentemente mais
lucro ao produtor.
Precocidade nada mais é que a rapidez que o animal tem em dar acabamento
à carcaça, deve possuir as formas musculares desenvolvidas e reservas de gordura,
porém sem um grande peso vivo. São características de animais precoces: maior
profundidade de costelas, maior caixa torácica, silhueta cheia, virilhas pesadas e em
início de deposição de gordura subcutânea, principalmente na base da cauda
(KIPPERT et al.,2006).
Cardoso et al. (2001; 2004) relata herdabilidade para precocidade a desmama
e ao sobreano de 0,19 e 0,25, respectivamente. Segundo Koury Filho et al. (2010), a
37
correlação genética entre peso corporal a desmama e precocidade é 0,67, e com
peso ao sobreano cita uma correlação de 0,59.
Leal (2007) cita a importância da profundidade, amplitude de tórax e bom
arqueamento da região das costelas como necessidade para que os órgãos internos
possam funcionar bem e, com isto, teremos animais mais precoces e eficientes.
3.1.6.2.3 Musculatura
A musculatura é uma característica a ser usada na seleção que permite
adequar o rebanho aos padrões exigidos por frigoríficos. Esta característica é
avaliada pela presença de massas musculares principalmente no quarto traseiro,
lombo, paleta e antebraço (KIPPERT et al., 2006).
Uma das razões para seleção de animais mais musculosos é a relação entre
os mesmos e índices superiores de rendimento de carcaça(KOURY FILHO &
ALBUQUERQUE, 2002).
Koury Filho (2010) cita valores de correlação entre musculatura e peso a
desmama e ao sobreano, de 0,62 e 0,68, respectivamente. Os valores encontrados
por Cardoso et al. (2001; 2004) para herdabilidade de musculatura a desmama, foi
de 0,19 e ao sobreano 0,26
Na avaliação, um dos pontos a serem observados, conforme Severo (1996), é
que animais com musculatura mais desenvolvida movimentam seus músculos que
se contraem ritmicamente ao contrario da gordura que simplesmente balança sem
forma definida.
Animais com a musculatura mais desenvolvida, quando se encontram em
estação, apresentam os membros mais afastados, quando observados tanto pela
frente quanto por trás (CARDOSO, In BARCELLOS, 2007).
3.1.6.2.4 Tamanho
38
O tamanho deve ser mensurado através da visualização lateral do animal,
obtendo uma relação entre a altura e o comprimento (KIPPERT et al., 2006).
O fator idade deve também ser levado em consideração na avaliação do
animal, Severo (1994) cita que normalmente a medida que o comprimento é maior, o
mesmo normalmente ocorre com a altura, porém exceções acontecem e as mesmas
devem ser penalizada ao mensurarmos o escore de tamanho.
Leal (2007) destaca que animais que apresentam carcaças pesadas e de
grande tamanho, não possuem relação com comprimento de pernas e a sua altura,
mas sim com o comprimento corporal.
Os valores de herdabilidade para tamanho ao desmame e sobreano são
respectivamente 0,21 e 0,24 (CARDOSO et al., 2001; 2004).
3.1.6.2.5 Racial
Para se realizar uma avaliação correta, é imprevisível o conhecimento integral
dos padrões raciais, só assim poderemos julgar quais animais realmente atendem
os padrões da raça (LEAL, 2007)
O grupo genético ou a raça é composto por um conjunto de caracteres
fenotípicos, o biótipo, a pelagem, a conformação, e o desempenho produtivo
(CARDOSO & LOPA, 2010).
Nos sistemas de criação os animais só terão seus registros definitivos
mediante a visita do inspetor técnico a fazenda, que realizará a revisão de aspectos
raciais e de desempenho, conforme o regulamento interno de cada raça, para
posterior emissão dos registros e marcações a fogo (ELIAS, 2006).
3.1.6.2.6 Umbigo
A avaliação de umbigo e prega prepucial pode variar conforme a raça, sendo
que animais de origem taurina, o apresentam de forma menos expressiva que
39
animais zebuínos. Desta forma, Cardoso & Lopa (2010) definem que o umbigo e a
prega prepucial devem ser avaliados conforme critérios pré-definidos para cada
raça.
Avalia-se através da referência entre seu tamanho e posicionamento em
relação ao abdômen do animal (KOURY FILHO & ALBUQUERQUE, 2002).
Segundo Cardoso, In Barcellos (2007), a importância desta característica se
dá quando avaliamos animais sintéticos ou cruzados, por apresentarem maior
variabilidade de tamanho e para evitar problemas de prepúcio nos touros.
A
forma,
tamanho
do
umbigo
e
prega
prepucial
podem
interferir
negativamente na capacidade reprodutiva de um touro, este deve possuir orifício
prepucial voltado para frente e ângulo não maior que 45°, de modo a não dificultar a
cópula (CARDOSO & LOPA, 2010).
Alencar (2002) cita que um dos fatores importantes na seleção de tamanho de
umbigo é evitar umbigos extremamente grandes, pois estes estão associados ao
aumento de incidência de lesões, que podem gerar perdas produtivas e diminuição
de índices reprodutivos.
3.1.6.2.7 Pelame
Conforme Bertipaglia et al. (2007) as condições térmicas adversas ocorrem no
ambiente normal dos animais, causando-lhes estresse e levando-os a reduções no
desempenho, como resultado da diminuição na saúde e na higidez. Dentro de certos
limites,
os
animais
podem
se
ajustar
fisiológica,
comportamental
ou
imunologicamente de modo a sustentar a homeostase orgânica e minimizar as
conseqüências adversas. Neste processo de ajuste, entretanto, podem ser afetadas
as funções menos vitais ao organismo, como o desempenho (produção e
reprodução) e o bem- estar, quando a duração dos estressores ambientais excedem
a capacidade compensatória dos animais, geneticamente determinada.
Além dos fatores ambientais que interferem no equilíbrio térmico dos animais,
o pelame é essencial nas trocas térmicas organismo versus ambiente. A estrutura
física de suas fibras e a camada de ar armazenada no pelame promovem
isolamento térmico e proteção contra a radiação solar direta (Silva, 2000; Silva et al.,
2001).
40
Turner (1958) cita que o pelame está diretamente relacionado à capacidade
do animal em perder ou ganhar calor do ambiente, por isso, os diversos tipos de
pelames envolvem isolamento térmico, eficiência de termólise evaporativa, atributos
termorreguladores (entre tipo de pelame e sudação) e associação do tipo de pelame
com produção, ganho de peso, reprodução e outras características não ligadas
diretamente à termorregulação.
3.1.7 O uso do Valor Genético na Seleção
Para se atingir o sucesso em um programa de melhoramento genético animal,
é de fundamental importância a adoção de precisos métodos de seleção. O uso do
valor genético predito através de programas como o BLUP surgiu como ferramenta
indispensável no processo, possibilitando a seleção de animais realmente de
genética superior (RESENDE & PERES, 1999).
O uso da metodologia dos modelos mistos (MMM) (Henderson, 1953) tem
sido tomado como forma padrão para avaliação genética de animais, tanto na
bovinocultura de corte e leite, como em suínos, permitindo a divulgação periódica de
avaliações nacionais de touros (BRASIL, 1989).
Os modelos mistos levam em conta as associações genéticas existentes
entre os animais em função do parentesco entre eles, quantificados por informações
de genealogia, em uma abordagem que considera os efeitos genéticos tendo como
natureza aleatória. Permitem ainda que os efeitos não-genéticos sejam removidos,
de maneira a obter predições dos valores reprodutivos livres desses efeitos
(NOGUEIRA, 2003).
Conforme Nogueira (2003), essas predições são denominadas “BLUP”, pela
designação do inglês “melhor predição linear não-tendenciosa. Os modelos mistos
são nomeados desta maneira por reunir efeitos fixos e aleatórios em um único
modelo. Desta forma o uso de MMM permite identificar diferenças genéticas entre
indivíduos criados em ambientes diferentes.
41
Os procedimentos de predição de valores genéticos denominado BLUP, foi
desenvolvido em 1949 por Handerson, porém só foi apresentado em 1973 pelo autor
(HENDERSON, 1973; 1984).
3.1.7.1 Diferença Esperada na Progênie
Conforme Resende & Perez (1999) Diferença Esperada na Progênie (DEP)
refere-se à diferença esperada na performance da progênie de um animal em
comparação com a performance média das progênies de todos os animais em
avaliação. Assim, a DEP equivale à metade do valor genético de um animal, predito
como desvio da média geral de todos os animais. A medida denominada DEP é
amplamente utilizada nos sumários de avaliação genética em gado de corte.
Como metade do patrimônio genético dos filhos vem da mãe e metade do pai,
as DEP’s equivalem à metade do valor genético aditivo. Assim, ao comparar um
tourinho A com DEP = +13,0 kg para peso aos 365 dias, com o tourinho B que tenha
uma DEP de +3,0 kg, significa que os filhos do tourinho A teriam 10 Kg de peso aos
365 dias a mais do que os filhos do tourinho B se acasalados com vacas escolhidas
ao acaso (FERRAZ & ELER, 1999).
As DEP’s são obtidas a partir de sistemas de avaliação genética baseados,
quase sempre, na teoria BLUP. Os sistemas em uso atualmente no Brasil e no
mundo possuem várias características desejáveis, como a obtenção de soluções
simultâneas para DEP’s direta e DEP’s maternas (para características influenciadas
pelo ambiente materno) para todos animais de uma população, inclusive animais
que não possuam progênie e os que não expressaram a característica
(BERGMANN, 1996).
Segundo Bergmann (1996) a DEP para crescimento direto estima o valor
genético médio dos gametas de um animal, ou seja, o valor dos genes que este
individuo passa para a progênie e que irão influenciar o crescimento diretamente. A
DEP materna avalia o mérito dos genes da mãe do bezerro que influencia a sua
habilidade para promover meio materno para seus filhos.
42
3.1.7.2 Acurácia
A Acurácia (do inglês accuracy, também conhecida como repetibilidade da
avaliação) de uma estimativa é uma medida da correlação entre o valor estimado e
os valores das fontes de informação, ou seja mede o quanto a estimativa que
obtivemos é relacionada com o "valor real" do parâmetro (FERRAZ & ELER, 1999).
Conforme Ferraz & Eler (1999) a acurácia nos informa o quanto o valor
estimado é "próximo" do valor real e nos dá a "confiabilidade" daquela estimativa ou
valor. Se estimamos o valor genético apenas pelo desempenho do próprio animal
(em peso aos 365 dias por exemplo), o valor da acurácia será de 0,50 (para
herdabilidade de 0,25), mas se a estimativa for baseada em 18 filhos (progênie) de
um touro com uma amostra aleatória (tirada ao acaso) de vacas, a acurácia subirá
para 0,74. Quanto mais informações tivermos a respeito de um touro, mais acurada,
mais "confiável" a estimativa.
A acurácia no entanto, não depende somente do número de filhos de um
reprodutor que foram medidos, mas, principalmente do número de parentes medidos
que esse reprodutor teve. Assim, é comum touros com menor número de filhos do
que outros terem acurácias maiores, devido à contribuição de maior número de
parentes na estimação de seu valor genético (FERRAZ & ELER, 1999).
Um outro caso comum nas avaliações é a estimação de DEP's para efeitos
genéticos maternos igual a zero, com acurácia igualmente igual a zero, para touros
que não tiveram nenhuma filha com descendentes na população. Às vezes tais
touros podem ter centenas de filhos medidos, alta acurácia para efeitos diretos e
nenhuma estimativa ou acurácia para efeito materno (FERRAZ & ELER, 1999).
3.2 Atividades Desenvolvidas em Melhoramento Genético de Bovinos de Corte
Durante
o
Estágio
Supervisionado
em
Medicina
Veterinária
foram
desenvolvidas atividades principalmente ligadas ao melhoramento genético de
43
bovinos de corte. Foram realizadas coletas de dados a campo, tais como, pesagens
e avaliações de escores visuais a desmama e sobreano, que juntamente com um
banco de dados serviram como base para a geração dos valores genéticos do
rebanho.
O trabalho foi desenvolvido na Embrapa Pecuária Sul em parceria com a
Fazenda da Barragem, a qual teve o rebanho avaliado. Através da supervisão do
Médico Veterinário PhD. Fernando Flores Cardoso, foram realizadas as atividades
de avaliação a campo do rebanho e geração dos valores genéticos por meio de
programas computacionais como o RENUMF90, BLUPF90, AIREMLF90 e o
Software R.
3.2.1 Fazenda da Barragem
A Fazenda da Barragem está localizada no distrito de Upacarai, município de
Dom Pedrito, Rio Grande do Sul. É de propriedade do Sr. Francisco de Paula
Cardoso e Filhos, tem como principal atividade a criação de bovinos da raça Angus.
Possui uma área de 1160 hectares, divididos em 21 invernadas, sendo
destes: 300 hectares de campo nativo melhorado com azevém (Lolium multiflorum),
trevo branco (Trifolium repens) e trevo vermelho (Trifolium pratense), 260 hectares
de área com integração lavoura de soja ou arroz com pecuária e 600 hectares de
campo nativo com presença de capim annoni (Eragrostis plana).
O rebanho é composto por 780 bovinos da raça Angus, 128 ovinos Texel e 38
cavalos Crioulos, sob responsabilidade técnica do Médico Veterinário MSc. Carlos
Henrique Laske. A fazenda possui em seu rebanho genética Angus renomada,
sendo sua principal atividade econômica a comercialização de touros da raça. Além
dos touros, também são comercializadas novilhas e vacas para cria, vacas e bois
para abate e ovinos.
Os touros são comercializados todos os anos no mês de outubro em um
remate promovido em parceria com a fazenda. São comercializados os touros de 2
anos que não serão utilizados no próprio rebanho, e os de 3 anos que foram
utilizados na estação de monta anterior, na fazenda.
44
A fazenda possui todo seu rebanho rastreado pelo Sistema Sisbov e está
enquadrada no Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne – PROMEBO.
O manejo sanitário e nutricional exercido pela fazenda é especifico para cada
categoria animal, leva em conta as necessidades impostas devido as exigências de
cada categoria e a produção de forragem em cada época do ano, além de manter
um calendário sanitário eficiente.
O manejo reprodutivo é efetuado da seguinte maneira:

Novilhas de 2 Anos: é feita inseminação artificial perante observação de cio.
Inicia em 1 de novembro e se estende até 29 de janeiro.

Vacas com Cria: são formados lotes conforme ordem de parição das vacas, o
tamanho do lote varia conforme a capacidade de lotação do piquete em que
será posto. Após se formar o lote, é esperado 45 dias da data de entrada da
última vaca no lote e é realizada a inseminação artificial em tempo fixo (IATF).
Vacas com escore de condição corporal inferiores a 3, em uma escala de 1 –
5, não são protocoladas. No dia da inseminação as vacas são separadas em
lotes para posterior repasse com touros. Os novos lotes levam em conta
características semelhantes entre os animas, pois posteriormente serão
repassadas com o mesmo touro, de maneira que ocorra um acasalamento
dirigido.

Vacas Falhadas: as vacas que não pegarem cria são descartadas, com
exceção das com 2 a 5 anos, que serão entouradas no outono.

Vacas com Escore de Condição Corporal abaixo de 3: passam para serem
protocoladas no lote seguinte, caso seja o último lote de IATF vão somente
para entoure.
A confirmação de prenhez é feita mediante exame de toque retal realizado em
torno de 60 dias após a retirada dos touros. A estação de monta perdura do dia 1º
de novembro até 29 de janeiro.
O melhoramento genético da fazenda é feito através da seleção dos animais a
partir das avaliações de escores visuais, pesagens e de relatório emitido pelo
PROMEBO. Para que fosse possível uma melhor avaliação dos animais
possibilitando uma seleção mais fidedigna, foi realizado um trabalho que teve como
finalidade gerar valores genéticos do rebanho.
45
Foram gerados valores de Diferenças Esperadas na Progênie (DEP’s) para cada
característica avaliada tendo como base as avaliações do rebanho do ano de 1995 à
2012.
3.2.2 A Raça Angus
Conhecida mundialmente como uma das raças mais completas quando o
objetivo é produzir carne, a raça angus é de origem Bos taurus, oriunda de
Aberdeenshire, região da Escócia que mais tarde, no século XVII, foi anexada a
Inglaterra tornado a raça conhecida como britânica (ANC, 2013).
Possui duas linhagens, uma de pelagem vermelha chamada Red Angus e
outra preta, Aberdeen Angus. Entre suas características destacam se a precocidade
sexual, de crescimento e de terminação, facilidade de parto, habilidade materna e
longevidade (ABA, 2013).
Atinge a puberdade sexual mais cedo quando comparada a outras raças e
possui alta fertilidade, tornando a raça sinônimo de produção, tanto pelo número de
terneiros, quanto pela qualidade dos mesmos (ABA, 2013).
A precocidade de terminação aliada a excelente qualidade de carne que
produz, também é uma das características marcantes da raça. Possui boas massas
musculares e produz uma carne marmorizada, macia, saborosa e suculenta (ANC,
2013).
São bovinos de temperamento ativo, porém extremamente dóceis. De
estatura mediana a raça é caracterizada por animais volumosos, profundos, com
linha superior reta e não apresentam excessos de prega de pele, mesmo no umbigo
e prepúcio (ABA, 2013).
A raça apresenta boa rusticidade e adaptação aos mais diversos climas.
Tornou se a raça de origem européia mais difundida no Brasil, sendo largamente
utilizada em cruzamentos industriais agregando suas qualidades nos produtos. É a
opção para quem busca produzir animais de qualidade diferenciada, que são
capazes de gerar excelentes índices produtivos e um produto final de excepcional
qualidade (ABA, 2013).
46
3.2.3 Avaliação de Escores Visuais e Pesagens
As avaliações de escores visuais foram realizadas no rebanho pertencente a
fazenda no período de desmama e ao sobreano, totalizando 338 bovinos avaliados.
O sistema de avaliações e pesagens utilizado foi o do Programa de Melhoramento
de Bovinos de Carne – Promebo® (Anexo D). Todos animais avaliados eram da raça
angus, tanto da linhagem Aberdeen, como Red Angus.
Os animais foram trazidos para a mangueira no dia anterior, respeitando um
jejum de sólidos e líquidos de 12 a 14 horas até início das avaliações e pesagens.
Para uma correta avaliação, os animais foram separados conforme seu grupo de
manejo e sexo.
Foi realizada uma pré-listagem de todos animais a serem avaliados,
organizados em uma planilha com dados de identificação individual, data de
nascimento, paternidade, peso e características a serem avaliadas. Esta planilha
serviu como base para os apontamentos das pesagens e avaliações de escores
visuais a serem efetuadas.
Inicialmente foi feita a observação do lote como um todo, para serem
identificados os padrões para posterior avaliação individual dos animais. Neste
momento se busca observar animais inferiores, médios e superiores, da forma que
se tenha conhecimento das particularidades do lote para conformação, precocidade,
musculatura e tamanho.
Em seguida, os animais eram conduzidos a um tronco de contenção para
verificação do número de identificação, tatuagem na porção interior das orelhas nos
terneiros a desmama e brincos nos animais de sobreano, e para verificação da
presença de chifres, má formação congênita e presença de pigmentação de cor
clara. Nos touros de sobreano era realizada a medida de perímetro escrotal.
A verificação de presença de chifres, batoques ou rudimentos córneos é
necessária pois a raça é de origem mocha, devendo serem descartados do rebanho
animais
que
possuam
alguma
destas
características.
O
prognatismo
ou
47
retrognatismo e outros defeitos congênitos, a presença de manchas brancas,
também são fatores desclassificatórios.
Campos (2011), cita que somente serão permitidas manchas brancas nas
seguintes regiões:
Machos:
a. na linha ventral (inferior) na região compreendida entre o saco
escrotal e prepúcio, excluindo estes, na face medial (interior) das
pregas de pele da virilha (sem sobressair lateralmente);
b. somente no colo do saco escrotal (inserção no corpo), não
sendo admitidas manchas no corpo do saco escrotal;
Fêmeas:
a. na linha ventral (inferior) entre o umbigo e o úbere, excluindo
o umbigo, e na face medial (interior) das pregas de pele da virilha (sem
sobressair lateralmente);
A circunferência escrotal era medida com uma fita métrica contendo unidades
de centímetros e milímetros. Era realizada a medição do perímetro escrotal na sua
porção de maior circunferência.
Em seguida os animais eram pesados individualmente, obtendo se o peso em
Kg. Após a pesagem os animas eram soltos em um curral da mangueira, onde era
realizada a avaliação individual dos escores visuais.
Inicialmente eram esperados serem soltos no mínimo três animais, para
servirem como base de comparação para atribuição dos escores. Em seguidas os
animais eram avaliados um a um, sendo atribuídos escores para conformação,
precocidade, musculatura, tamanho, pelame, racial e tamanho de umbigo.
Na avaliação de Conformação o animal era observado imaginando a sua
carcaça no frigorífico, sendo os pontos de maior relevância, o tamanho corporal,
comprimento e a cobertura muscular que a carcaça possuía. Animais musculosos e
com uma boa estrutura óssea, profundos e harmônicos recebiam os melhores
escores.
A Precocidade era avaliada através da profundidade de costela em relação
aos membros, do arqueamento de costelas e a presença de boa musculatura aliada
a uma cobertura de gordura, determinando animais com melhor precocidade de
terminação. Eram atribuídos escores menores para animais mais “fínos e
compridos”, com um tipo esguio e alto, enquanto que animais profundos,
48
musculosos, com boa deposição de gordura, virilhas preenchidas e harmônicos
recebiam escores mais altos.
Para avaliação da Musculatura dos animais, eram observados pontos
estratégicos como a largura e profundidade do quarto, lombo, paleta, antebraço e
ângulo da porção lateral e caudal do quarto. Para realizar a avaliação os animais
eram observados também em movimento, permitindo diferir musculatura de
deposição de gordura. Animais com a porção caudal do quarto retilínea ou voltada
para dentro, lombo sem preenchimento muscular, peito fechado, carcaça pouco
musculosa, recebiam escores inferiores. Já animais com a porção caudal do quarto
angulosa com preenchimento muscular até os “garrões”, peito aberto, lombo
musculoso, com carcaça com ótimo desenvolvimento muscular, recebem escores
superiores.
O Tamanho foi avaliado através de estimação do tamanho do esqueleto do
animal, sem levar em consideração o peso do animal. É o somatório da altura com o
comprimento.
A avaliação do pelame era realizada perante a observação do tamanho e
característica do pêlo dos animais. Eram atribuídos escores de 1 a 3, sendo que
animais com pêlo curto e liso recebiam escores próximos a 1, enquanto animais com
pêlos longos e lanosos recebiam escores 3.
A avaliação racial teve como critério os padrões da raça. Os animais eram
classificados com escores de 1 a 5, sendo conferido escore 5 para animais
superiores, que se destacam dentro dos padrões da raça. Para uma avaliação
correta racial, é de suma importância o conhecimento das características
morfológicas da raça a ser avaliada.
Ao avaliar o umbigo/prepúcio dos animais eram observados quanto ao
tamanho e ao ângulo formado pelo prepúcio, ideal não maior que 45°, tendo em
vista a facilidade de cópula. Eram atribuídos escores de 1 a 5, porém levando em
conta a raça angus, de origem européia, os animais deveriam ter escores o mais
próximo de 1, ou seja, umbigo/prepúcio pequeno, pouco expressivo.
3.2.4 Organização dos Dados
49
Para tornar possível a mensuração dos valores genéticos do rebanho, foram
utilizados dados de pedigree, pesagens, e avaliações visuais dos anos de 1995 a
2012. Os dados foram organizados em uma planilha do Excel, sendo corrigidas as
pesagens de desmame para 205 dias e ao sobreano para 550.
A correção dos pesos para 205 dias torna possível realizar uma avaliação o
mais próxima do real, corrigindo os pesos através de uma forma que leva em
consideração principalmente o ganho de peso médio diário do nascimento a
desmama, que é multiplicado por 205 dias. Desta forma, busca-se padronizar os
pesos a 205 dias de idade, minimizando as diferenças de idade no momento da
pesagem. Para sua obtenção foi usada a seguinte fórmula:
Peso estimado 205 dias = PRD – PN X 205 + PN
IDD
Onde:
PRD= peso real a desmama
PN= peso ao nascer
IDD= idade real em dias na desmama
Para correção dos pesos para 550 dias levou-se em consideração o ganho de
peso médio diário da desmama a pesagem ao sobreano, usando se a seguinte
fórmula para estimar o peso aos 550 dias:
Peso estimado 550 dias = PRS – PRD X 345 + PE 205
NDEP
Onde:
PRS= peso ao sobreano
PRD= peso real a desmama
PE 205= peso estimado aos 205 dias
NDEP= número de dias entre as pesagens
A planilha continha as seguintes informações do rebanho: Identificação do
Animal; Pai; Mãe; Ano de Nascimento da Mãe; Data de Nascimento; Peso ao
Nascer; Sexo; Grupo de Manejo ao Desmame e ao Sobreano; Data do Desmame;
50
Idade ao Desmame; Peso ao Desmame; Peso Ajustado para 205 Dias;
Conformação, Precocidade, Musculatura, Tamanho, Pelame, Racial e Tamanho de
Umbigo a Desmama; Data de Sobreano; Idade ao Sobreano; Peso ao Sobreano;
Peso Ajustado para 550 dias; Conformação, Precocidade, Musculatura, Tamanho,
Pelame, Racial e Tamanho de Umbigo ao Sobreano; Safra; Grupo Contemporâneo
ao Nascimento; Grupo Contemporâneo a Desmama e Grupo Contemporâneo ao
Sobreano.
O sexo dos animais recebe as seguintes codificações: 1 = Macho; 2 = Fêmea;
3 = Macho Castrado; 4 = Fêmea nascida gêmea de macho.
Conforme Campos (2011), a condição alimentar e grupo de manejo podem
ser codificados da seguinte forma:
Código de Criação (fase de desmama):
1 = Campo nativo
2 = Irregulares: “guachos’’, doentes
3 = Pastagem cultivada
4 = Preparo para exposição (“cabanha”)
5 = Racionado (pasto e ração)
6 = Creep Feeding (suplementação a campo)
7 e 8 = abertos
9 = Gêmeos criados pela mãe
10 = Desmama precoce
20 = Ama leiteira
21 = Receptora (TE)
Código de Manejo Pós-desmama:
1 = Campo nativo
2 = Irregulares: doentes
3 = Pastagem cultivada
4 = Preparo para exposição (“cabanha”)
5 = Racionado
6 = Suplementação à campo
7 e 8 = abertos
10 a 98 = abertos
99 = animais com excesso de preparo ou peso fora do limite superior.
A Safra era dividida em duas categorias, uma de animais nascidos de janeiro
a junho (2), outra de animais nascidos de julho a dezembro (1). Era feita para poder
enquadrar os animais ao grupo contemporâneo conforme o mês de nascimento,
51
permitindo assim realizar uma avaliação correta, pois a oferta de alimento difere
conforme as estações do ano afetando no desenvolvimento dos animais.
A formação de Grupos Contemporâneos (GC) é uma prática utilizada para
avaliar de forma comparativa os animais que receberam as mesmas condições. Para
isso ser possível, é imprescindível a existência de dados do rebanho como datas,
sexo, condições alimentares, entre outros. Os dados são transformados em números
que unidos formam o código do grupo contemporâneo. São formados Grupos
Contemporâneos para o Nascimento, Desmama e para o Sobreano.
O Grupo Contemporâneo ao Nascimento (GCN) agrupa animais pelas
seguintes características: ano de nascimento + safra + sexo.
Exemplo de GCN:
200712
Onde:
2007 = ano de nascimento
1 = safra
2 = sexo
Desta forma, o GCN 200712 significa que o animal pertencente a ele nasceu
no ano de 2007, de julho a dezembro e o sexo é fêmea.
O Grupo Contemporâneo ao Desmame (GCD) agrupa animais pelas
seguintes características: GCN + condição Alimentar+ data do desmame.
Exemplo de GCD:
200712139546
Onde:
200712 = GCN
1 = condição alimentar
39546 = data de desmame em forma de número
Assim, pertencem ao GCD 200712139546 animais nascidos em 2007, de
julho a dezembro, do sexo fêmea, com a condição alimentar de campo nativo a
desmama e desmamados na data 8/4/2008 (código 39546).
52
E por fim, Grupo Contemporâneo ao Sobreano (GCS) agrupa animais pelas
características de: GCD + condição alimentar + data do sobreano.
Exemplo de GCS:
200712139546139957
Onde:
200712139546 = GCD
1 = condição alimentar
39957 = data do sobreano
Desta forma, os animais pertencentes ao GCS 200712139546139957 são
nascidos em 2007, de julho a dezembro, do sexo fêmea, condição alimentar de
campo nativo a desmama, desmamados na data 8/4/2008, com a condição alimentar
de campo nativo ao sobreano, avaliados ao sobreano na data de 25/5/2009 (código
39957).
3.2.5 Mensuração de Valores Genéticos
3.2.5.1 Programas Computacionais Utilizados
O método utilizado para gerar as Diferenças Esperadas na Progênie (DEP’s)
dos animais pertencentes ao banco de dados da Fazenda da Barragem foi a
Metodologia dos Modelos Mistos (MMM). Através do uso da MMM é possível estimar
o quanto da diferença observada entre os animais é decorrente de fatores genéticos
ou ambientais.
O modelo animal utilizado foi o BLUP (melhor predição linear não viciada),
que utiliza dados do próprio animal, dos seus parentes e leva em conta os efeitos
ambientais identificáveis.
Para chegar aos valores genéticos e as DEP’s, foram utilizados os programas
computacionais RENUMF90, BLUPF90 e AIREMLF90 e o software estatístico R.
53
3.2.5.2 Execução dos Programas
Para executar os programas usando os dados da fazenda foi necessária a
criação de arquivos. Foi criado um Arquivo de Pedigree que serviu de base para
todas avaliações, Arquivo de Dados e Arquivos de Parâmetros.
O Arquivo de Pedigree foi criado em forma de tabela, no Microsoft Excel,
contendo três colunas: identificação do animal, identificação do pai e identificação da
mãe. Pais desconhecidos ou reprodutores múltiplos devem receber a identificação
(0). Todos animais presentes nos dados da fazenda devem estar presentes no
pedigree.
O arquivo foi salvo em formato CSV (separado por vírgulas) (*.csv). Após ser
salvo o arquivo foi aberto com o Bloco de Notas, foram substituídos os ponto e
vírgulas ( ; ) por espaços , e as vírgulas ( , ) por pontos ( . ), novamente o arquivo é
salvo porém em formato (*.ped) (Figura 1).
54
Figura 1 - Arquivo de Pedigree.
Para gerar os Arquivos de Dados a serem executados pelos programas,
foram seguidos os mesmos passos do arquivo de pedigree, porém os mesmos
devem ser salvos em formato (* .txt), e conter as seguintes colunas conforme a sua
finalidade:

Arquivo de Dados para Peso ao Nascer: identificação, grupo contemporâneo
ao nascer, idade da vaca e peso ao nascer.

Arquivo de Dados para Peso a Desmama (Figura 2): identificação, grupo
contemporâneo ao desmame, idade da vaca, idade do produto ao desmame
linear, idade do produto ao desmame quadrática, peso ajustado para 205
dias.

Arquivo
de
Dados
para
Peso
ao
Sobreano:
identificação,
grupo
contemporâneo ao sobreano, idade da vaca, idade do produto ao sobreano
linear, idade do produto ao sobreano quadrática, peso ajustado para 550 dias.

Arquivo de Dados para Conformação, Precocidade, Musculatura, Tamanho
ao Desmame: identificação, grupo contemporâneo ao desmame, idade da
55
vaca, idade do produto ao desmame linear, idade do produto ao desmame
quadrática, escore de conformação, precocidade, musculatura, tamanho.

Arquivo de Dados para Conformação, Precocidade, Musculatura, Tamanho e
Perímetro Escrotal ao Sobreano: identificação, grupo contemporâneo ao
sobreano, idade da vaca, idade do produto ao sobreano linear, idade do
produto ao sobreano quadrática, escore de conformação, precocidade,
musculatura, tamanho, perímetro escrotal.
Figura 2 - Arquivo de dados para peso a desmama.
Os programas computacionais necessitam de um Arquivo de Parâmetros que
irá servir como referência para sua execução. Nele estão contidas informações dos
nomes dos Arquivos de Dados e Pedigree, as colunas onde se encontram as
características, os efeitos a serem avaliados e valores fornecidos a priori de
covariâncias para as características estudadas.
O arquivo de parâmetros deve ser salvo em formato (* .par) (Figura 3).
56
Figura 3 - Arquivo de parâmetros.
Após a devida organização dos arquivos necessários para uso dos programas
computacionais, deu se início a avaliação dos dados. Inicialmente os Arquivos de
Pedigree, Dados e Parâmetros eram rodados no programa RENUMF90, que serviu
principalmente para renumerar os arquivos e gerar novos Arquivos de Pedigree,
Dados e Parâmetros que serviram para análise pelos programas computacionais
BLUPF90 e AIREMLF90.
O uso do programa computacional BLUPF90, teve como finalidade a geração
dos valores de DEP’s dos animais do rebanho. Para isso, fez se necessário o uso
dos Arquivos de Pedigree, Dados e Parâmetros gerados pelo programa RENUMF90.
Após rodar o programa os valores de DEP’s ficam armazenados em um arquivo
denominado “solutions” (Figura 4), que além das DEP’s contém valores para o erro,
que pressupostamente significa interferências não genéticas, mas sim ambientais na
característica.
57
Figura 4 - Arquivo solutions gerado pelo programa BLUPF90.
O programa AIREMLF90 foi usado para se obter os valores de variâncias
genéticas, para posteriormente estimar os valores de herdabilidade genética aditiva
e materna. O programa gerou um arquivo de nome “airemlf90.log” (Figura 5) que
continha os valores de variância genética aditiva direta, covariância genética entre
efeitos aditivo direto e materno, variância genética aditiva materna, variância
genética de ambiente permanente e variância genética ambiental.
58
Figura 5 - Exemplo de arquivo airemlf90.log, para peso ao desmame.
Para organização dos dados, criação de tabelas e gráfico foi utilizado o
Software Estatístico R.
Conforme Reis et al. (2009) os estudos de simulação de dados na área de
Melhoramento Animal têm sido realizados por meio de programas desenvolvidos em
linguagem FORTRAN, que demandam grande conhecimento computacional (não se
trata de uma linguagem específica para estudos genéticos e estatísticos). Desse
modo, a alternativa do uso do software estatístico R, para desenvolver esses
estudos de simulação, que são mais compatíveis com a área de estatística e
genética, surge como uma opção viável (REIS et al., 2009)
O software R é uma linguagem e um ambiente para computação estatística e
gráficos e fornece uma ampla variedade de técnicas estatísticas (linear, não linear,
59
testes estatísticos clássicos, análise de séries temporais, classificação...) e gráficas,
e é altamente extensível (REIS et al., 2009).
Através do Software R (Figura 6) formam passados os resultados contidos
nos arquivos “solutions” gerados pelo BLUPF90 para planilhas do Microsoft Excel,
condizendo a identificação nova do animal gerada pelo programa RENUMF90, com
a identificação original do pedigree.
Figura 6 - Exemplo de arquivo do Software R.
3.2.5.3 Valores Genéticos Gerados
60
Foram geradas DEP’s aditivas diretas e maternas, acurácia e percentil para
peso ao nascer, peso ao desmame (ajustado para 205 dias), peso ao sobreano
(ajustado para 550 dias), musculatura ao desmame e sobreano, e perímetro escrotal
ao sobreano para 3.419 animais pertencentes a fazenda de 1995 a 2012.
A DEP aditiva direta indica a porção influenciada pelos genes do próprio
individuo sobre a característica avaliada. Já a DEP aditiva materna indica a
interferência dos genes da mãe sobre a característica. Desta forma, os momentos
em que a interferência da mãe sobre o desempenho da prole pode ser de maior
importância estão no momento da amamentação, ou seja, na DEP aditiva materna
das características ao desmame, principalmente o peso.
As DEP’s foram salvas em forma de planilhas do Microsoft Excel, juntamente
com dados de pedigree dos animais. Além das DEP’s foram calculados os valores
de acurácia e percentil para cada característica avaliada (Figura 7).
A acurácia é a medida que serviu para estimar a confiabilidade, ou o quanto
os dados estão mais próximos do valor real. O valor da acurácia pode variar de 0 e
1, sendo os valores mais próximos de 1 indicativos de melhor confiabilidade dos
dados. O número de filhos, parentes e dados referentes ao animal para tal
característica serão responsáveis pelos valores da acurácia. Desta forma animais
com poucos filhos e parentes com dados para peso a desmama terão valores de
acurácia baixos, enquanto animais com vários filhos, parentes com dados para peso
a desmama terão valores maiores de acurácia.
O percentil é usado como forma de ranquear os animais, possui valores que
vão de 0 a 100, da forma que nos valores de percentil menores estão os animais
superiores para a DEP. É usado por alguns catálogos e associações para ranquear
os animais como os 30% melhores, 10% melhores, 1% melhores.
61
Figura 7 - Planilha contendo os valores de DEP’s, Acurácia e Percentil.
Os valores de herdabilidade aditiva direta foram calculados a partir dos dados
obtidos pelo uso do programa computacional AIREMLF90 no arquivo “airemlf90.log”.
Com o uso dos dados presentes no arquivo “airemlf90.log”, foram calculados
os valores de herdabilidade aditiva direta para peso ao nascer, peso ao desmame,
peso ao sobreano, musculatura ao desmame, musculatura ao sobreano e perímetro
escrotal.
Para realização do cálculo para estimar a herdabilidade das características foi
usada a seguinte fórmula:
h²a =
α²a
.
α²a + αam + α²m + α²c + α²e
Onde:
h²a = herdabilidade aditiva direta
α²a = variância genética aditiva direta
αam = covariância genética entre efeitos aditivo direto e materno
62
α²m = variância genética aditiva materna
α²c = variância genética de ambiente permanente
α²e = variância genética ambiental
Os valores encontrados de herdabilida aditiva direta para peso ao nascer,
peso a desmama, peso ao sobreano, musculatura a desmama, musculatura ao
sobreano e perímetro escrotal, foram 0,25; 0,10; 0,10; 0,10; 0,22 e 0,38
sucessivamente.
Estes valores de herdabilidade aditiva direta encontram se abaixo dos valores
encontrados por Albuquerque & Meyer (2001), Sakaguti et al. (2003) e Dias et al.
(2005) (0,26 a 0,35) para peso ao nascer, Boligon et al. (2009) (0,33) para peso a
desmama, Boligon et al. (2009) (0,34) para peso ao sobreano, Cardoso et al. (2001;
2004) (0,19 e 0,26) para musculatura a desmama e ao sobreano, sucessivamente.
Porém a herdabilidade aditiva direta encontrada para perímetro escrotal
(0,38), é superior a encontrada por Gressler et al. (2000), que obteve o valor de
0,31.
3.2.5.4 Tendências Genéticas e Fenotípicas do Rebanho
Para estimar os valores das tendências genéticas do rebanho para as
características estudadas, foi feito o uso do Software R que possibilitou encontrar as
médias das DEP’s de cada ano e construir gráficos expressando os valores
encontrados. Também foram estimados os valores das médias fenotípicas de cada
ano através do Microsoft Excel. Os seguintes gráficos (Figura 8, 9, 10, 11, 12 e 13)
representam as tendências genéticas e fenotípicas de cada característica:
63
A
B
Médias Fenotípicas
PN
40
38
36
34
32
1995
2000
2005
2010 ANO 2015
Figura 8 - Tendência Genética (A) e Fenotípica (B), em quilogramas, para peso ao nascer (PN).
A
B
PD
Médias Fenotípicas
250
200
150
100
50
0
1995
2000
2005
2010
2015
ANO
Figura 9 - Tendência Genética (A) e Tendência Fenotípica (B), em quilogramas, para peso a desmama (PD) ajustado
para 205 dias.
A
B
PS
Médias Fenotípicas
400
300
200
100
0
1995
2000
2005
2010
2015
ANO
64
Figura 10 - Tendência Genética (A) e Tendência Fenotípica (B), em quilogramas, para peso ao sobreano (PS) ajustado
para 550 dias.
A
B
MD
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1995
Média Fenotípica
2000
2005
2010
2015
ANO
Figura 11 - Tendência Genética (A) e Tendência Fenotípica (B), em pontos de escore (1-5), para Musculatura a
Desmama (MD).
A
B
MS
4
Média Fenotípica
3
2
1
0
1995
2000
2005
2010
ANO
2015
Figura 12 - Tendência Genética (A) e Tendência Fenotípica (B), em pontos de escore (1-5), para Musculatura ao
Sobreano (MS).
65
Figura 13 - Tendência Genética, em centímetros, para Perímetro Escrotral.
As figuras 1 a 13 nos mostram tendências positivas para os valores genéticos
em todas as características. As tendências fenotípicas acompanharam a evolução,
exceto para musculatura ao sobreano que apresentou tendências positivas para os
valores genéticos, porém tendência de queda nos valores fenotípicos.
Os ganhos genéticos para peso ao nascer foram baixos, em torno de 260
gramas ao longo de 16 anos. Visto que, não se busca o aumento de peso ao nascer
em virtude dos problemas causados pelo excesso de tamanho dos terneiros ao
nascimento, os valores podem ser considerados bons, não apresentando tendência
de aumentarem excessivamente o peso a ponto do poder gerar problemas como
partos distócicos.
Para peso a desmama a tendência genética foi positiva aumentando em torno
de 1,6 quilogramas ao longo de 16 anos. O peso ao sobreano também apresentou
valores genéticos positivos, com um ganho de 2,0 quilogramas em 16 anos. Quando
considerado o ganho genético a cada ano, os valores podem ser classificados como
baixos, girando em torno de 0,100 – 0,125 gramas por animal ano. Porém, ao
avaliarmos as médias fenotípicas de peso do rebanho, vemos que os animais,
considerando as características da raça Angus e o manejo alimentar oferecido, são
considerados com bons pesos com médias para peso a desmama de 192,3 Kg, e de
321,3 Kg para peso ao sobreano.
A evolução genética para Perímetro Escrotal foi de aproximadamente 0,5
centímetros durante o período de avaliação. O aumento de Perímetro Escrotal
66
reflete em ganhos reprodutivos, como a precocidade sexual, fator de importância
econômica considerável na bovinocultura de corte.
3.2.5.5 Índice RedBar
Para tornar possível uma avaliação genética que permita a seleção de
animais através de um valor genético único, foi criado um índice de seleção. O
índice foi formado por diversas DEP’s de características selecionas, tendo um “peso”
ou porcentagem de importância no mesmo.
O valor único foi denominado Índice RedBar, sendo formado pelas seguintes
porcentagens das DEP’s que é composto:
Índice RedBar = 10% Peso ao Nascer + 15% Peso a Desmama Direto + 15%
Peso a Desmama Materno + 10% Musculatura a Desmama + 10% Musculatura ao
Sobreano + 20% Peso ao Sobreano Direto + 20% Perímetro Escrotal
O índice buscou englobar as principais características de efeito no
desempenho produtivo e econômico do sistema. O peso ao nascer (10%) tem sua
importância, conforme relatado por Boligon et al. (2009), de forma que se evite que a
seleção de animais pesados ao nascer possa provocar um aumento na incidência de
partos distócicos.
O peso a desmama aditivo direto (15%) é a parte genética do próprio animal
para a característica, já o peso a desmama aditivo materno (15%) é a porção
genética aditiva proveniente da mãe, que Leal (2007) define como sendo a produção
de leite e habilidade materna. Desta forma, selecionamos animais que apresentarão
melhores resultados de peso a desmama e que no caso de novilhas herdarão genes
para serem boas mães. O valor econômico destas características é alto, pois o peso
do bezerro é o principal fator econômico na fase de cria na pecuária de corte.
A Musculatura tanto a Desmama (15%), quanto ao Sobreano (15%), mereceu
destaque no índice devido a sua importância. Kippert et al. (2005) relata que ao
selecionarmos animais pelo musculatura aumentamos a proporção de carne na
67
carcaça e adequamos o rebanho aos padrões exigidos pelos frigoríficos. Além de,
estarmos selecionando animais mais pesados, devido as altas correlações com peso
a desmama e sobreano, conforme encontrados por Koury Filho (2010).
A parte responsável pela seleção de animais com potencial reprodutivo
superior, está incluída no índice através dos valores de DEP’s para Perímetro
Escrotal (20%). Ao selecionarmos animais pelo Perímetro Escrotal, estamos
melhorando a fertilidade reprodutiva da progênie, tais como a puberdade precoce e
a maior produção espermática (SEVERO, 1994; BERGMANN, 1998).
Para gerar os valores do índice foi utilizado o Software Estatístico R, que
possibilitou atribuir o valor genético do Índice RedBar a todos animais avaliados
(Figura 14), além de criar um gráfico para visualização da tendência genética do
índice (Figura 15).
Figura 14 - Planilha de animais classificados conforme valore
genético gerado pelo Índice RedBar.
68
Figura 15 – Gráfico de tendência genética para o Índice RedBar.
Sendo assim, concluímos que os índices gerados permitem realizar a seleção
dos animais, de forma correta e eficaz. A tendência do índice mostrou-se positiva
nos anos avaliados indicando que ao selecionarmos animais pelo índice RedBar
teremos bons ganhos genéticos.
O método de seleção através do uso de valores genéticos é uma ferramenta
fundamental ao criador de bovinos de corte que busca obter uma melhora de índices
produtivos de seu rebanho. O uso desta tecnologia só é possível através da correta
implantação do programa de melhoramento genético, com a definição dos objetivos
da seleção, dos critérios de seleção que serão usados e da correta formação dos
GC e coleta de dados.
Desta forma, com o uso das DEP’s estaremos selecionando os animais
geneticamente superiores, tendo a garantia da superioridade genética dos animais
selecionados, refletindo em ganhos genéticos do rebanho ano após ano.
69
4 CONCLUSÃO
A realização do Estágio Curricular em Medicina Veterinária foi fundamental à
formação profissional como médico veterinário. Permitiu obter novos conhecimentos,
além de colocar em prática os adquiridos ao longo do curso.
O melhoramento genético possui papel importantíssimo na bovinocultura de
corte, pois é uma ferramenta fundamental para melhorarem se os índices de
produtividade.
O uso dos valores genéticos na seleção de bovinos cresce cada vez mais, o
conhecimento da forma que é estimado e o aprendizado do uso correto desta
ferramenta, foi muito importante para minha formação profissional.
Desta forma, o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária
serviu para gerar novos conhecimentos práticos e teóricos na área de melhoramento
genético de bovinos de corte, graças a cooperação e auxílio da equipe altamente
qualificada da Embrapa Pecuária Sul.
70
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WEBER, T.; RORATO, P. R. N.; LOPES, J. S., et al. Parâmetros genéticos e
tendências genéticas e fenotípicas para características produtivas e de
conformação na fase pré-desmama em uma população da raça Aberdeen
Angus. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38,p.832 - 842, 2009.
75
6 ANEXOS
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FONTES DE AQUISIÇÃO
1. Placentex®.
União Química Farmacêutica Nacional S/A. R. Coronel Luís
Tenório de Brito, 90 Centro. Embu-Guaçu – SP.
2. Ricobendazole 10®. Ouro Fino Saúde Animal Ltda. Rod, Anhanguera 330,
Cravinhos São Paulo – SP.
3. Cydectin®. Fort Dodge Saúde Animal Ltda. RUA LUIZ FERNANDO
RODRIGUES, 1701 - VILA BOA VISTA, CAMPINAS – SP.
4. Brucelina B-19®. Vallée S.A. (Matriz). Av. Hum, 1500, Montes Claros – MG.
5. Sintoxan® Polivalente. Merial Saúde Animal Ltda. Avenida Calos Grimaldi,
1701 - 4º andar – São Quirino, Campinas – SP.
6. Tacplus Banheiro®. Allvet Química Industrial LTDA. Av. Tiradentes, 6736 Gleba Cambé Londrina – PR.
7. Matabicheira Coopers®. Coopers Saúde Animal Ind. e Com. Ltda. Avenida Sir
Henry Wellcome, 335 – Moinho Velho, Cotia – SP.
8. Agrovet® plus. Eurofarma Laboratórios Ltda. Av. Enéas L.C. Barabnti, 216.
São Paulo – SP.
9. Azium Injetável®. Coopers Saúde Animal Ind. e Com. Ltda. Avenida Sir Henry
Wellcome, 335 – Moinho Velho, Cotia – SP.
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PROGRAMAÇÃO – 5º CURSO PAMPAPLUS
Dia 21/03/2013 - QUINTA-FEIRA
08h00m - 08h30m: Credenciamento
08h45m: Cerimônia de Abertura.
09h00m - 09h45m: A contribuição do melhoramento genético no aumento da
produtividade e qualidade da pecuária de corte brasileira - Luiz Otávio Campos da
Silva,
Zootec.,
D.Sc.,
EMBRAPA
Gado
de
Corte/GENEPLUS.
10h00m - 10h45m: Prioridades tecnológicas para a produção de terneiros - Matheus
Dill, Méd. Vet. M.Sc. e doutorando do NESPRO/UFRGS.
Intervalo - 15 minutos
11h15m - 12h00m: Ferramentas genômicas para o melhoramento de bovinos de
corte - Fernando Flores Cardoso, Méd. Vet. PhD., EMBRAPA Pecuária Sul/Equipe
PampaPlus.
Intervalo de Almoço
13h30m - 14h15m: Recentes avanços na fisiologia aplicada ao manejo do touro Méd. Vet. Sílvio Renato Oliveira Menegassi, Méd. Vet., M.Sc. e doutorando do
NESPRO/UFRGS.
14h30m - 15h15m: Novidades na seleção assistida por marcadores genéticos em
zebuínos e raças compostas - José Bento Sterman Ferraz, Méd. Vet., PhD.,
USP/Pirassununga.
Intervalo - 15 minutos
15h45 - 16h30m: Cruzamentos e a utilização de Raças Compostas para otimizar
ganhos
-
Marcelo
Louzada,
Med.
Vet.
Inspetor
Técnico
ABHB.
16h45 - 17h30m: Ultrassonografia como ferramenta de melhoramento genético - Dr.
Marcos
Jun-Iti
Yokoo,
Zootec.
PhD.,
EMBRAPA
Pecuária
Sul.
DIA 22/03/2012 - SEXTA-FEIRA
08h30 - 09h30m: Introdução aos Métodos de Seleção - O Melhoramento Animal na
Era das DEPs: Entendendo Conceitos para Usar Corretamente as Informações
Disponíveis - Roberto Augusto de Almeida Torres Jr., Méd. Vet. PhD., EMBRAPA
Gado
de
Corte/GENEPLUS.
09h45m - 10h45m: Planejamento, Metodologia e Critérios de Seleção em Bovinos
78
de Corte - PampaPlus - Fernando Flores Cardoso, Méd. Vet. PhD., EMBRAPA
Pecuária Sul/Coordenador PampaPlus.
Intervalo - 15 minutos.
11h00m - 11h30m: Análise de Consistência e Validação de Dados - Bruno Teixeira Méd. Vet., Embrapa Pecuária Sul/Equipe PampaPlus, Bolsista CAPES mestrando do
PPGZ/UFPel.
11h30m - 12h00m: O Programa PampaPlus - Assistência ao Criador - Thais Pires
Lopa
Méd.
-
Vet.,
Equipe
PampaPlus/ABHB
Intervalo de Almoço.
13h30m - 14h15m: Evolução do melhoramento genético na bovinocultura no
Uruguai,
Olga
Ravagnolo,
Eng.
Agron.
PhD.,
INIA/Uruguai.
14h30m - 15h15m: Programas de Avaliação e Utilização de Touros Jovens
Geneticamente Superiores - Leonardo Martin Nieto, Geneticista, D.Sc, EMBRAPA
Gado
de
Corte/GENEPLUS.
Intervalo - 15 minutos.
15h45m - 16h30m: Sumários de Touros PampaPlus e sua Utilização no Suporte aos
Processos de Seleção e Acasalamento - Roberto Augusto de Almeida Torres Jr.,
Eng.
Agron.
PhD.,
EMBRAPA
Gado
de
Corte/GENEPLUS
16h45m - 17h30m: Tamanho animal e eficiência de produção - Dante Pazzanese
Lanna,
Eng.
Agron.
PhD,
ESALQ
e
Diretor
Técnico
da
ASSOCON.
DIA 23/03/2012 – SÁBADO
08h45 - 12h00: Visita a Estância Santa Tereza - Vencedora da PAC 2010-2011 nas
duas raças. - Melhoramento Através da Utilização de Touros Jovens Provados na
PAC- Méd. Vet. M.Sc. Joal José Brazzale Leal e Dr. Marcos Jun-Iti Yokoo,
EMBRAPA Pecuária Sul. - Prática Zootécnica e Funcional em Bovinos de Corte Méd. Vet. Gustavo Isaacsson, Inspetor Técnico ABHB.
79
PROGRAMAÇÃO – 1º DIA DE CAMPO REGIONAL CONVÊNIO
EMBRAPA IRGA
Programação:
8:00 h – Inscrições
8:30 h – Formação dos grupos para inicio dos roteiros pelas estações;
8:45 h – ESTAÇÃO 1 – Soja em Microcamaleão;
9:00 h – ESTAÇÃO 2 – Linhagens promissoras do IRGA e ensaios de rendimento;
9:15 h – ESTAÇÃO 3 – Ensaio de rendimento IRGA 424 RI;
9:30 h – ESTAÇÃO 4 – Milho em microcamaleão;
9:45 h – ESTAÇÃO 5 – Produção e manejo de sementeira de trevo branco em terras
baixas;
10:00h – ESTAÇÃO 6 – Produção e manejo de sorgo forrageiro;
10:15h – ESTAÇÃO 7 – Aspectos produtivos da cultivar BRS – Estribo de capim
Sudão;
10:30h – ESTAÇÃO 8 – Estratégias de irrigação para redução do uso da água em
arroz irrigado;
10:45 h – ESTAÇÃO 9 – Produção de soja com e sem micro-camaleão em terras
baixas;
11:00 h – ESTAÇÃO 10 – Iahra;
11:15 h – ESTAÇÃO 11 – Basf;
11:30 h – ESTAÇÃO 12 - Syngenta;
11:45 h – Apresentação do Convênio EMBRAPA – IRGA;
12:00 h – Almoço
80
PROGRAMA DE MELHORAMENTO DE BOVINOS DE CARNE –
PROMEBO.
Com a crescente necessidade de implantação de um programa que
permitisse realizar o melhoramento genético efetivo, de forma prática e acessível,
surgiu o Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne – PROMEBO no ano de
1974, executado pela Associação Nacional de Criadores - ANC.
Segundo Campos (2011) o PROMEBO® - Programa de Melhoramento de
Bovinos de Carne – consiste em um sistema moderno, simples e econômico para o
melhoramento através da seleção dentro e entre rebanhos de gado de corte de todo
o Brasil. É aberto para animais puros de origem, puros controlados e cruzamentos.
O programa é de execução extremamente simples, sendo realizadas apenas
duas pesagens e classificações – uma à desmama e outra, na fase pós-desmama,
em geral ao sobreano. A coleta do peso ao nascer pode ser efetuada, sendo
opcional.
Outras características, além das ponderais, também podem ser avaliadas
através de:
- escores visuais, como conformação, precocidade, musculatura e tamanho;
- medidas de características reprodutivas, como perímetro escrotal em
machos e idade ao primeiro parto em novilhas;
- características de carcaça através de medidas de ultrassom, como área de
olho de lombo, espessura de gordura de cobertura e marmoreio.
Nas avaliações genéticas entre rebanhos, o PROMEBO® oportuniza
comparações válidas e adequadas entre toda uma população ou raça, fornecendo a
chamada Diferença Esperada na Progênie, ou DEP da Raça. Esta DEP é obtida a
partir de uma base de dados única e centralizada, englobando somente os rebanhos
conectados das raças registradas e controladas pelo programa na ANC.
PESAGENS
- Pesagem a Desmama: deve ser efetuada quando os animais tiverem, em
média 6-7 meses de idade (205 dias mais precisamente), de modo que tenham entre
160 e 250 dias de vida.
81
-Pesagem ao Sobreano: o período entre o peso a desmama e o peso final
deve ser de pelo menos 160 dias.
Os animais deverão ser pesados individualmente. Os pesos coletados devem
ser expressos em Kg.
O criador deverá submeter seus animais a um JEJUM TOTAL, de pelo menos
12-14 horas antes do início das pesagens.
AVALIAÇÃO POR ESCORES VISUAIS
Antes de iniciar os procedimentos de avaliação visual, deve se separar
machos de fêmeas, e cruzados de não cruzados.
No processo de avaliação da CPMT, os animais SEMPRE são avaliados
comparativamente aos animais do seu Grupo de Manejo. É importante olhar
atentamente o grupo de animais, no seu conjunto, formando uma idéia dos animais
médios, dos superiores e dos inferiores. A ESCALA de Escores Visuais para avaliar
as características CPMT varia de 1 a 5, onde 1 é o menor e 5 é o maior grau
(Quadro 1).
Escore
Mérito
do
animal
para
a
característica
5
Ótimo; animal superior
4
Um pouco acima da média
3
Animal médio
2
Um pouco abaixo da média
1
Animal Inferior
Quadro 1 - Escala de escores de mérito do animal
para as características de Conformação,
Precocidade, Musculatura e Tamanho de 1 a 5
utilizados
durante
o
Estágio
Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no
período de 04 de abril a 30 de março de 2013.
CONFORMAÇÃO = C
82
Na apreciação da conformação são importantes as características: presença
de massas musculares e quantidade total estimada de carne na carcaça (dadas pelo
seu grau de musculosidade). Envolve também aspectos de estrutura física boa e
forte e tamanho corporal, principalmente o comprimento.
Outro aspecto a considerar ao avaliar a conformação é olhar para o animal
vivo, mas procurando visualizar ou imaginar sua carcaça depois de abatido, já no
frigorífico.
PRECOCIDADE DE TERMINAÇÃO = P
Avalia-se como Precocidade de Terminação, a capacidade ou grau de
deposição precoce de gordura. Assim, atualmente, o que se busca, são animais que
atinjam a terminação (acabamento para o abate) mais cedo. Avalia-se a capacidade
do animal chegar a um grau de acabamento mínimo aceitável de carcaça, com um
peso não elevado.
É analisado também o biotipo do animal. O tipo longilíneo, representado por
um animal alto, esguio, com pouca profundidade de costelas e enxuto; caracteriza
um animal “new type”, mais tardio, e portanto, menos precoce. Enquanto o animal de
estatura média, mais “troncudo”, com boa profundidade de costelas, boas massas
musculares, virilha preenchida - desde que aliada a um bom desenvolvimento
corporal - define o animal mais precoce, recebendo notas mais altas para esta
característica.
Recomenda-se observar a ponta das paletas, sobre as últimas costelas e
sobre a linha média do dorso, onde qualquer cobertura tecidual é deposição de
gordura.
MUSCULATURA = M
Avalia-se o desenvolvimento da massa muscular como um todo, observandose pontos como o antebraço, a perna, a paleta, o lombo, a garupa e, principalmente,
a largura e profundidade dos quartos traseiros.
Analisando-se os animais parados, nota-se que os de musculatura mais
desenvolvida apresentam os membros afastados, tanto de frente como de trás.
Quando o animal se desloca, observa-se o movimento dos músculos, que se
contraem e aumentam de volume ritmicamente, delineando sua forma. Isto os
diferencia da gordura, que “sacode” sem apresentar formato definido.
83
O animal de musculatura forte tem o peito amplo e é mais largo na parte
inferior do corpo. Já o animal de musculatura débil ou fraca, tem o peito fechado e é
mais largo na parte superior do corpo.
TAMANHO DO ESQUELETO = T
Compreende o comprimento e, principalmente, a altura do animal,
considerando sua idade ou data de nascimento.
Outras características avaliadas pelo PROMEBO, que não participam do
Índice de Seleção, são:
PERÍMETRO ESCROTAL = PE
A importância da medição desta característica em touros jovens, em um
programa de melhoramento, é que ela é um excelente indicador da fertilidade e
precocidade sexual da progênie destes touros. O tamanho testicular apresenta uma
alta correlação com o volume e qualidade de sêmen produzido, associando-se ainda
favoravelmente com a idade à puberdade em vaquilhonas. A alta herdabilidade
desta característica permite a obtenção de uma boa resposta seletiva.
Recomenda-se coletar esta informação junto com a pesagem pós-desmama
(ou final) dos animais. Se coletada em outra oportunidade, anotar além da PE e data
da medição, o peso e o grupo de manejo dos touros em questão. Ao tomar a medida
da PE, usar uma escala em centímetros, com uma casa decimal (por exemplo, 32,7
cm).
TAMANHO DO UMBIGO/PREPÚCIO = U
É uma característica funcional. Avalia-se o tamanho e o formato do prepúcio
e/ou umbigo.
No processo de avaliação do “U”, os animais sempre são analisados em
relação a um tamanho e formato de prepúcio/umbigo ideal. São dadas notas
maiores para prepúcio e/ou umbigo maiores e notas menores para prepúcio e/ou
umbigo menores.
O Umbigo/ Prepúcio é avaliado, em raças sintéticas, através de escores
visuais, em escala de 1 a 5 (Quadro 2).
84
Escore
Tamanho do umbigo
5
Grande; intolerável
4
Grande mas tolerável
3
Médio, ideal
2
Pequeno
1
Tipo europeu
Quadro 2- Escala de escores de mérito do animal
para a característica de Tamanho de Umbigo, de
1 a 5 utilizados durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no
período de 04 de abril a 30 de março de 2013.
PELAME
As características do pelame são: espessura da capa, comprimento médio
dos pêlos, número de pêlos por unidade de área, densidade de massa dos pêlos,
ângulo de inclinação dos pêlos. São classificadas conforme o Quadro 3.
Escore
Característica
1
Curto e Liso
2
Médio
(meio
longo
e
meio
lanoso)
3
Longo e Lanoso
Quadro 3- Escala de escores de mérito do animal
para a característica de Pelame, de 1 a 3
utilizados
durante
o
Estágio
Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no
período de 04 de abril a 30 de março de 2013.
RACIAL
Classifica o animal em ralação aos padrões raciais, animais com escores 1 e
2 estão em nível independente de descarte (Quadro 4).
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Escore
Mérito
do
animal
para
a
característica
5
Ótimo; animal superior
4
Um pouco acima da média
3
Animal médio
2
Um pouco abaixo da média
1
Animal Inferior
Quadro 4- Escala de escores de mérito do animal
para a característica Racial, de 1 a 5 utilizados
durante o Estágio Curricular Supervisionado em
Medicina Veterinária no período de 04 de abril a
30 de março de 2013.
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Relatório Final Embrapa - Fernando Reimann