Texto complementar
Joseph Rotblat,
a ciência pela paz
Fernando Souza Barros
CIÊNCIAS
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Ciências
Assunto: Pesquisa científica
Joseph Rotblat, a ciência pela paz
Joseph Rotblat faleceu em 31 de agosto de 2005, em Londres, aos 96 anos de idade. Prêmio Nobel da
Paz de 1995, era o último sobrevivente dos signatários do Manifesto Russel-Einstein, de 1955. [...] Durante
os últimos 50 anos, Rotblat promoveu a divulgação dos propósitos do manifesto em todos os pontos do
planeta, numa série de conferências denominadas Conferências Pugwash.
Ele participou da Conferência Pugwash no Rio de Janeiro, em 1998. Acompanhado pelo professor
brasileiro Luiz Pinguelli Rosa, Rotblat foi recebido pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, em
Brasília, tendo proposto a participação brasileira no Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, no
âmbito da ONU.
Rotblat foi o único cientista que abandonou o Projeto Manhattan (o projeto que criou a bomba atômica) por questões morais. Isso ocorreu quando ele soube, no final da 2a Guerra Mundial, que a Alemanha
nazista já não tinha condições de fabricar bombas atômicas.
Enfrentando forte reação oficial contra a sua decisão, Rotblat retornou à Inglaterra, onde havia trabalhado antes do início da guerra, e iniciou sua campanha contra as armas atômicas, fundando a Associação
dos Cientistas Atômicos (ASA em inglês).
Os propósitos dessa associação [...] eram, e continuam sendo, [...] revelar projetos nucleares militares
em elaboração pelo mundo e [...] contribuir para o conhecimento público das questões das armas de
destruição em massa.
No final dos anos 1950, bombas de hidrogênio, mil vezes mais potentes do que as bombas lançadas
no Japão, estavam sendo testadas na atmosfera. Fora das esferas oficiais, o impacto ambiental da média
anual de 16 testes nucleares da época era somente do conhecimento de cientistas que trabalhavam em
partes distantes do planeta e que detectavam o aumento da radioatividade ambiental devido aos testes.
O Manifesto Russel-Einstein, fruto da proposta inicial do físico teórico Prêmio Nobel Max Born, foi a
última iniciativa pública de Albert Einstein. O manifesto alertou a opinião pública mundial sobre a devastação que seria provocada por um conflito com bombas de hidrogênio. A divulgação do manifesto por
Bertrand Russel, grande pensador do século XX, para a imprensa internacional foi presidida por Rotblat, o
mais jovem cientista entre os onze assinantes. A atuação de Rotblat foi fundamental para a continuidade
dessas conferências, cujos propósitos são, ainda hoje, alertar sobre o perigo dos arsenais nucleares e propor caminhos alternativos para conflitos entre nações que levem ao desarmamento universal.
A série iniciada em 1957 é reconhecida hoje como as Conferências Pugwash. Rotblat e a organização
Pugwash Conferences on Science and World Affairs receberam o Prêmio Nobel da Paz de 1995. [...]
BARROS, Fernando Souza. Joseph Rotblat, a ciência pela paz. Jornal da Ciência, São Paulo, SBPC, n. 560, 15 set. 2005.
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