T170 - RENDIMENTO DE GRÃOS DE SOJA, EM FUNÇÃO DA SATURAÇÃO DE Ca e
Mg, NA CTC, E DA SATURAÇÃO POR BASES, EM SOLOS DE CERRADOS
G. J. Sfredo1, D. Klepker2, C. M. Borkert1,3, F. Álvares de Oliveira1. 1 Embrapa Soja, Cx.
Postal 231, CEP 86001-970, Londrina, PR. 2 Embrapa Soja, Cx Postal 131, CEP 65800000, Balsas, MA; 3 Bolsista do CNPq. [email protected];
Palavras-chave: Bases - Nível Crítico - Glycine max
INTRODUÇÃO
A baixa fertilidade natural dos solos dos Cerrados, é um dos fatores que influem na
baixa produtividade das lavouras, quando a tecnologia recomendada não é utilizada na
sua totalidade. A correção do solo, para fins de cultivo de soja, inicia com a aplicação de
calcário, insumo de elevado custo, devido à baixa qualidade do mesmo e à estrutura viária
inadequada na região. Além do aumento do valor de pH, da Capacidade de Troca de
Cátions (CTC), da saturação por bases (V%) e outras vantagens da calagem, torna-se
necessário estabelecer as faixas de suficiência da saturação de Ca e Mg, em relação a
CTC, e da saturação por bases (V%).
Cada nutriente tem sua função nas plantas. O cálcio (Ca) é essencial na germinação do
grão de pólen, no crescimento do tubo polínico, ativa as enzimas relacionadas ao
metabolismo do fósforo e atua na manutenção da integridade funcional da membrana e da
parede celular e como ativador de enzimas relacionadas ao metabolismo do fósforo. O
magnésio é o átomo central da molécula de clorofila, correspondendo a 2,7% do seu peso
da clorofila, fazendo parte na sua composição química (estrutura) e sendo fundamental
nos processos da fotossíntese. É um ativador de várias enzimas relacionadas à síntese de
carboidratos e de ácidos nucléicos. O equilíbrio dos nutrientes no solo é essencial para o
desenvolvimento das plantas e para os altos rendimentos.
Para Ca e Mg, já foram estabelecidos níveis de suficiência de saturação em relação a
CTC, a partir de resultados gerais em vários solos, nas regiões consideradas tradicionais
para a cultura da soja, sul e parte do centro-oeste e do sudeste. Entretanto, foi verificado
que, em solos dos Cerrados, os níveis de suficiência da saturação na CTC, que são de
50% de Ca e 20% de Mg, estabelecidos desse modo, estão acima dos observados em
solos dos Cerrados (Embrapa Soja, 2005).
O objetivo deste trabalho foi estabelecer níveis de suficiência de saturação em relação à
CTC de Ca e Mg e de V% em percentagem, em condições de solos dos Cerrados do
nordeste e do centro-oeste do Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Para estabelecer os níveis de saturação de Ca e Mg, em relação a CTC, e de saturação
por bases (V%) em solos dos Cerrados, instalaram-se vários experimentos na região sul
do Maranhão, em 1997, em Latossolo vermelho amarelo, sendo um com 28% e outro com
50% de argila, na camada de 0-20 cm, e no Mato Grosso, em Latossolo vermelho escuro,
com 55% de argila.
Mediante a aplicação de seis níveis de calcário dolomítico, foram estabelecidos níveis
crescentes de saturação por bases-V% (30%, 40%, 50%, 60%, 70% e 80%). O calcário foi
incorporado à profundidade de 18-20 cm, com grade 32 polegadas. Os demais nutrientes
(P, K, S, Zn, Mn, Cu, B, Mo, Co) foram supridos em quantidades suficientes. Para
estabelecer esses valores de Ca e Mg, foram aproveitados experimentos com doses de
enxofre e doses e fontes de micronutrientes, em solos do MA, PI e MT. Ao todo, foram
utilizados mais de 2000 pontos entre o teor de cada nutriente e a produção relativa (100%
para cada local e cada ano), em vários anos de pesquisa, culminando em um gráfico com
288 pontos. Esses pontos foram reunidos, em ordem crescente do teor, sendo calculado o
nível crítico, conforme o método matemático de Cate & Nelson. Foram determinados os
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valores do pH-SMP e, através deles, calcularam-se os valores do H+Al, utilizando-se as
fórmulas:
1.No Maranhão e no Piauí:
(H+Al)=109,52-30,224(SMP)+2,0935(SMP)2;
2.No Mato Grosso:
(H+Al)=Exp(7,719-1,068(SMP)).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Utilizando 288 pontos de um total de 2000, foi verificado que a saturação na CTC,
considerada suficiente para uma produtividade acima de 90% da produção máxima, é de
34% de Ca (Fig.1), 18% de Mg (Fig.1) e a saturação por bases 53% (Fig.2). Para K não
houve correlação. Portanto, para Ca o valor é menor que o valor geral recomendado para
o Brasil (50%), enquanto que para o Mg e para a saturação por bases os valores são
próximos aos recomendados (20% e 50%, respectivamente). Isso deve melhorar em muito
a interpretação para os solos dos Cerrados daqui a diante, pois valores de Ca abaixo de
50% e de Mg abaixo de 20%, nesses solos, eram considerados baixos (Embrapa Soja,
2005).
100
100
95
95
90
%Produção de Soja
%Produção de Soja
90
85
80
75
M
B
85
80
75
A
70
Baixo
70
%C a
M
%M g
C a_ 3 4 %
65
13%
V%
65
M g _ 18 %
Alto
NC_50%
18% 26% 34%
40% 50%
60
60
0
10
20
30
40
50
60
Fig.1. Relação entre a % de Ca e % de
Mg na CTC e a produção relativa de
soja, em vários locais e anos, com 72
pontos. Em brapa Soja, 2006.
0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Fig.2. Relação entre a Saturação por
bases (V%) e a produção relativa de
soja, em vários locais e anos, com 72
pontos. Em brapa Soja, 2006.
CONCLUSÃO
Com os resultados obtidos nos locais estudados, pode-se estabelecer as faixas de
Baixo (B), de Médio (M) e de Suficiente (S) da saturação de Ca (%Ca) e Mg (%Mg), na
CTC, e da saturação por bases (V%), para melhor interpretação da análise do solo:
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Tecnología de Cultivo
% de Saturação na CTC
Teor
%Ca
%Mg
V%
Baixo
< 26
< 13
< 30
Médio
26-34
13-18
30-50
Suficiente
> 34
> 18
> 50
Acima dos valores na faixa suficiente, há pouca possibilidade de acréscimo de
produtividade.
REFERÊNCIAS
CATE, R.B. Jr.; NELSON, L.A. A rapid method for correlation of soil test analyses with plant response data.
Raleigh: North Carolina State University - NCSU, 1965. 23p. (NCSU.Technical Bulletin, 1)
CATE, R.B. Jr.; NELSON, L.A A simple statistical procedure for partitioning soil test correlation data into two
classes. Soil Science Society of América Proceedings, v.35, nº. 6, p.658-660, 1971.
EMBRAPA SOJA. Correção e Manutenção da Fertilidade do Solo. Organizado por SOJA, Comitê de Publicações
da Embrapa. Tecnologias de Produção de soja- Região Central do Brasil 2006. Londrina: Embrapa Soja:
Fundação Meridional, 2005. 220p. (Sistemas de Produção/Embrapa Soja, ISSN 1677-8499; n.9).
Trabalho apresentado no: IV Congresso Brasileiro de Soja 5 al 8 de junho de 2006 –
Londrina PR- Brasil.
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