XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
RENDIMENTO DE GRÃOS DE POPULAÇÕES ALAGOANAS DE
MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES POPULACIONAIS SOB
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
Ana Maria Maciel dos Santos1, Tâmara Rebecca Albuquerque de Oliveira2 , Kleyton Danilo da Silva Costa3, Taciana
Leite de Andrade Lima3, Lamonier Chaves Ramos3, Fernando Antonio Tenorio Rocha4, José Luiz Sandes de Carvalho
Filho5.

Introdução
Dentre os cereais cultivados no Brasil, o milho (Zea mays L.) é o mais significativo, com cerca de 58 milhões de
toneladas de grãos produzidos, em aproximadamente 14,5 milhões de hectares (CONAB, 2012). Vem sendo utilizado na
America Latina, desde os tempos mais remotos, como a principal e a mais tradicional fonte de alimentação, ocupando
hoje, uma posição de destaque entre os cereais cultivados no mundo. Além de ser utilizado na alimentação humana, este
cereal também é usado na alimentação animal, como uma importante fonte energética, e na indústria, com um grande
número de derivados (Alvarez, 2001).
Os três maiores produtores mundiais de milho são os Estados Unidos, China e Brasil, que, na safra de 2010/11,
produziram: 339,60; 160,00; e 57,122 milhões de toneladas. Esses três países representam um total de 66,68% da
produção mundial (FAO, 2012). No Brasil, cerca de 93% da produção e 79% da área total concentram-se nos estados do
Centro-Sul, sendo o Paraná o principal produtor. Os contrastes existentes entre as regiões brasileiras são grandes,
convivendo regiões com rendimentos em torno de 8 – 10 t/ha e outras com rendimento médio de 0,60 t.ha -1 (CONAB,
2012).
A cultura do milho é importantíssima para o Estado de Alagoas, seja sob o ponto de vista alimentar ou como opção
econômica de exploração agrícola em pequenas propriedades familiares, sendo importante também como atividade de
ocupação. A produtividade média de grãos de milho no Estado de Alagoas é uma das mais baixas do País, girando em
torno de 0,72 t.ha-1 (CONAB, 2012).
A baixa produtividade do milho no Estado de Alagoas deve-se principalmente a: utilização de cultivares com baixo
potencial produtivo e/ou baixa adaptabilidade quanto ao solo e clima; utilização de baixas densidades populacionais (30
a 35 mil plantas por hectare) e a ausência de manejo nutricional.
Assim sendo, fez-se necessário um estudo no sentido de avaliar o desempenho de populações Alagoanas de milho em
diferentes densidades populacionais sob adubação orgânica, a fim de possibilitar o aumento da produtividade da cultura
para o Estado de Alagoas.
Material e métodos
O experimento foi conduzido no período de abril a agosto de 2011, na área experimental do Setor de Melhoramento
Genético de Plantas do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas (SMGP/CECA/UFAL), no
município de Rio Largo-AL, localizada a 9o 27’de latitude sul e 35o27’de longitude oeste e 127 m de altitude. O clima
da região de acordo com a classificação é do tipo (tropical quente e úmido com estações seca de primavera-verão e
chuvosa de outono-inverno) com precipitação pluviométrica média anual de 1.267,70 mm, com temperaturas máxima e
mínima média de 29°C e 21°C, respectivamente, sendo que o período chuvoso na região situa-se de abril a julho. O solo
foi classificado como Latossolo Amarelo coeso argissolico, de textura franca arenosa (EMBRAPA, 1999).
Foram avaliados quatro genótipos de milho, sendo três populações alagoanas desenvolvidas pelo Setor de
Melhoramento Genético de Plantas do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas
(SMGP/CECA/UFAL): Viçosense, Branca e Rio Largo; e uma variedade comercial desenvolvida pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA): BR 106 (Pé de Boi).
As populações foram submetidas aos seguintes espaçamentos: 0,6m x 0,2m, 0,8m x 0,2m e 1,0m x 0,2 representando
as densidades populacionais de 83.333, 62.500 e 50.000 plantas.ha -1, respectivamente.
1
Aluna da Pós-graduação em Agronomia, Melhoramento Genético de Planas do Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife/PE, CEP: 52171-900. E-mail: [email protected]
2
Aluna da Pós-graduação em Agronomia, Melhoramento Genético de Planas do Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife/PE, CEP: 52171-900. E-mail: [email protected]
3
Aluno de doutorado em Agronomia, Melhoramento Genético de Planas do Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife/PE, CEP: 52171-900. E-mail: [email protected] /
[email protected]
4
Engenheiro Agrônomo do departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois
Irmãos, Recife/PE, CEP: 52171-900. E-mail: [email protected]
5
Professor adjunto do departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos,
Recife/PE, CEP: 52171-900. E-mail: [email protected]
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados em esquema fatorial (4x3), com 12 tratamentos e três repetições,
totalizando 36 parcelas experimentais. Cada parcela foi constituída de 5 linhas de 5m de comprimento, com 25 plantas
por linha e 125 plantas por parcela.
Antes da semeadura, foram retiradas amostras da área experimental para análise química do solo no Laboratório de
Análise de Produtos Agropecuários do CECA-UFAL (Tabela 1). O preparo do solo foi efetuado de modo convencional,
com uma aração e duas gradagens.
De acordo com os resultados obtidos na análise de solo não houve a necessidade do uso de corretivos (calagem),
apenas realizou-se adubação orgânica, toda em fundação através de 29 t. ha -1 de um composto formado de 2 t de M B4 + 7 t de Torta de Mamona e 20 t de Composto de Usina (Vinhaça, torta de filtro e bagaço de cana-de-açúcar). A
adubação foi realizada no fundo do sulco com 15 cm de profundidade, e após a aplicação o composto foi coberto com
uma camada de 10 cm de terra por ocasião do plantio das sementes.
A semeadura foi realizada no dia 25/04/2011, de forma manual, onde foram distribuídas três sementes espaçadas de
20 cm ao longo de cada suco de 5m. Após a emergência das plântulas, procedeu-se um desbaste (15 dias após o plantio)
permanecendo cinco plantas por metro linear. O controle de plantas daninhas foi realizado através de capina manual
(enxada), com um total de quatro operações durante o ciclo da cultura. Não foi realizada irrigação, pois a implantação
do experimento coincidiu com o período chuvoso da região. Na ocasião da colheita, aos 130 dias, coletou-se 63 plantas
das três fileiras centrais de cada parcela, eliminando-se as duas primeiras e as duas últimas em cada extremidade das
linhas.
As analises de variância e as regressões foram realizadas segundo Ferreira (2000).
Resultados e Discussão
Segundo o critério de Ferreira (2000), o coeficiente de variação foi classificado como regular precisão experimental
para RG (18,02%). Pelo teste F houve diferenças significativas a 1 % de probabilidade apenas para as densidades
populacionais, sendo para populações e para interação populações e densidades populacionais o teste F não significativo
a 5% de probabilidade.
Na Figura 01 encontra-se ilustrada a equação de regressão linear correspondente ao padrão de resposta do rendimento
de grãos, em função das densidades populacionais avaliadas. De acordo com os resultados obtidos neste ensaio, há
indicação de regressão linear positiva com a densidade populacional, ou seja, à medida que aumenta a densidade
populacional aumenta o rendimento de grãos. Esta relação apresentou um bom coeficiente de determinação, sendo
96,62% do fenômeno biológico explicado pela equação abaixo.
A densidade populacional de 83.333 plantas por hectare proporcionou maior rendimento de grãos, com média de
8.109,22 kg.ha-1, superando os rendimentos das densidades populacionais de 62.500 plantas por hectare e 50.000
plantas por hectare. Considerando que a densidade populacional mais utilizada com a cultura do milho é de 50.000
plantas por hectare, observa-se um aumento no rendimento de grãos de 20,44% na densidade populacional de 62.500
plantas e de 54,53% na densidade populacional de 83.333 plantas por hectare.
Estes resultados foram bem superiores a media de rendimento de grãos no estado de Alagoas (630 kg.ha-1) e em nível
nacional (4.991 kg.ha-1). Segundo Porto et al. (2011), estudando variedades de milho em diferentes densidades
populacionais, verificou maior rendimento de grãos em maiores densidades populacionais.
Cruz e Pereira Filho (2003) afirmam que o rendimento de uma lavoura de milho eleva-se com o aumento da
densidade de plantas até atingir uma densidade ótima, a partir da qual ocorre decréscimo progressivo de produtividade.
Além disso, em milho, o uso de espaçamentos reduzidos constitui-se numa prática que pode auxiliar no manejo cultural
de plantas daninhas.
Vasquez e Silva (2002), estudando densidades populacionais utilizando espaçamentos entre linhas de 0,46, 0,71, 0,82
e 0,93 m, observaram acréscimo de produção de 19,4%, quando reduziram o espaçamento entre linhas de 0,82 m para
0,46 m. Da mesma forma, Bortoloni (2002), utilizando os espaçamentos entre linhas de 0,45, 0,70 e 0,90 m, observou
que houve um aumento no rendimento de grãos em 9 e 26%, quando o espaçamento entre linhas é reduzido de 0,90 para
0,70 e 0,45 m, respectivamente.
Referências
Alvarez, M. D. P. Análise de cruzamento dialélico de produção de milho (Zea mays L.) para resistência à lagarta-docartucho (Spodoptera frugiperda Smith, 1997, Lepdoptera: noctuidae).120 f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2001.
Bortoloni, C.G. Influência do espaçamento entre linhas e do estande de planta de milho sobre o rendimento de grãos. In:
Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 24., 2002, Florianópolis, SC. Anais. Florianópolis: ABMS, 2002. Cd Rom.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra brasileira: grãos: quarto
levantamento,
janeiro/2012.
Brasília,
2012.
p.
28-30
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Disponívelem:<http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/12_01_10_10_53_02_boletim_graos_3o_levanta
mento.pdf>. Acesso em: 21 de fev. 2012, 15:42:03.
Cruz, J. C.; Pereira Filho I. A. Manejo e tratos culturais. In: PEREIRA FILHO, I. A. (Ed). O cultivo do milhoverde. Brasília, DF: EMBRAPA, 2003. p. 31- 44. (Informação Tecnológica).
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de
Janeiro, 1999.
Ferreira, P. V. Estatística experimental aplicada à agronomia. 3. ed. Maceió: EDUFAL, 2000.
FOUNDATION AGRICULTURAL ORGANIZATION. FAOSTAT Database Gateway – FAO. Disponível em:
<http://faostat.fao.org/DesktopDefault.aspx?PageID=339&lang=en. Acesso em: 25 de mar.. 2012, 19:30:31.
Porto, A. P. F.; VASCONCELOS, R. C.; VIANA, A. E. S.; ALMEIDA, M. R. S. Variedades de milho a diferentes
espaçamentos no Planalto de Vitória da Conquista-BA. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, Recife, v. 6, n. 02, p.
208-214, 2011.
Vasquez, G.H; Silva, M.R.R. Influência de espaçamento entre linhas de semeadura em híbrido simples de milho. In:
CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 24. Florianópolis,2002. Anais... Florionópolis. ABMS, 2002.
Tabela 1. Análise química do solo da área experimental do SMGP/CECA/UFAL, antes da instalação do experimento,
Rio Largo-AL, 2011.
pH
P
H+AL
Al
Ca+Mg
K
Na
SB
T
V
H2O
mg.dm-3 ------------------------- Cmolc.dm-3 ----------------------------------%---------5,57
40,95
3,47
0,20
4,10
60
19
4,34
7,80
55,58
Y = 955,1677 + 0,085X
R²= 96,62%
Figura 01. Valores de Rendimento de grãos (kg.ha-1) mensurados aos 130 dias após o plantio em diferentes densidades
populacionais sob adubação orgânica, Rio Largo-AL, 2011.
Download

rendimento de grãos de populações alagoanas de milho em