CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE BENTO GONÇALVES CURSO DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA A VITICULTURA COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO PARA SANTO AUGUSTO Paula Cristiane Vicentini Orientador Professor Doutor Eduardo Giovannini Bento Gonçalves 2007 A VITICULTURA COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO PARA SANTO AUGUSTO Paula Cristiane Vicentini Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Tecnologia em Viticultura e Enologia pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Bento Gonçalves CEFET–BG. Orientador: Professor Doutor Eduardo Giovannini Bento Gonçalves 2007 2 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho às pessoas mais importantes da minha vida, àquelas que não mediram esforços para que eu chegasse onde estou hoje, meus pais Claudio e Ivanir e aos meus irmãos Tamiris e Alexandre. 3 AGRADECIMENTOS Meus agradecimentos à Equipe da EMATER/ASCAR – Santo Augusto, na pessoa do Senhor Romeu Rohde; à Equipe de ATRs da EMATER Regional de Ijuí, em especial ao Senhor Neimar Peroni; aos meus professores do CEFET-BG, em especial meu orientador Doutor Eduardo Giovannini; à Doutora Coordenador Ana do Maria Curso Diniz; ao Professor Jesus Borges e ao Professor Mestre Onorato Jonas Fagherazzi. 4 “Sem suor no rosto, não haverá alegrias na mesa!”. Lema Pregado pelo Grupo de Extensionistas Rurais – Dec.70. 5 SUMÁRIO SUMÁRIO ........................................................................................................... 6 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 8 2 DA REALIDADE SÓCIO-RURAL DE SANTO AUGUSTO ............................. 10 3 DA EXTENSÃO RURAL VITIVINÍCOLA COMO UM INSTRUMENTO DA SOLUBILIDADE DO PROBLEMA DA MONOCULTURA DE SANTO AUGUSTO A PARTIR DO CULTIVO DE UVAS .................................................................. 17 3.1 Da extensão rural vitivinícola ...................................................................... 18 3.2 Dos pressupostos teóricos de vitivinicultura ao extensionista rural vitivinícola ......................................................................................................... 23 3.2.1 Fatores geográficos influntes no cultivo da videira .................................. 23 3.2.1.2 Clima ..................................................................................................... 24 3.2.1.3 Temperatura.......................................................................................... 24 3.2.1.4 Pluviosidade .......................................................................................... 24 3.2.1.5 Solos ..................................................................................................... 24 3.3 Clima, Solo e Relevo da Região Noroeste.................................................. 25 3.4 Das práticas de manejo do solo .................................................................. 27 3.5 Das variedades de uva ............................................................................... 30 3.6 Da Poda ...................................................................................................... 33 6 3.7 Da Enxertia ................................................................................................. 33 3.8 Dos Sistemas de Condução........................................................................ 34 3.9 Das Moléstias.............................................................................................. 34 3.10 Da Qualidade da Uva ................................................................................ 37 3.11 Da Colheita e da Vinificação ..................................................................... 37 4 A VITICULTURA COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO PARA SANTO AUGUSTO ........................................................................................... 43 4.1 Ações trabalhadas pela extensão ............................................................... 44 4.2 Dos resultados dos projetos de extensão rural realizados no escritório da Emater de Santo Augusto..................................................................................49 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................50 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................54 7 1 INTRODUÇÃO A partir da década de 50, a agricultura da Região Noroeste do Rio Grande do Sul, onde se situa o município de Santo Augusto, sofreu profundas transformações como conseqüência da chamada modernização agrícola, que se caracterizaram pela introdução de insumos químicos industrializados, sementes melhoradas e pela moto-mecanização. As novas tecnologias, combinadas com o crédito subsidiado e com a política de incentivo às exportações, proporcionaram novas formas de ocupação do espaço agrícola e o aumento da produtividade do trabalho. Com isso, a produção diversificada e de subsistência cedeu lugar à produção de grãos em larga escala, com predominância da cultura da soja, provocando intenso êxodo rural e concentração de terra. Os impactos negativos do novo modelo, principalmente quanto à expulsão da mão-de-obra do campo, e o risco da monocultura frente às possíveis variações climáticas e de mercado, desencadearam o interesse por novas alternativas visando à diversificação de culturas. Segundo Brum (1988), os primeiros movimentos neste sentido ocorreram no final dos anos 70, quando, em função de frustrações de safras, elevação dos juros, queda dos preços agrícolas e aumento do preço dos insumos, ocorreu a primeira crise do modelo com base na monocultura. A crise se agrava nos anos 80 em decorrência do esgotamento do solo e da conseqüente estagnação do preço do produto final, até mesmo a queda 8 da produtividade nas lavouras de soja e trigo, e esses fatores reforçam ainda mais a necessidade de se mudar o rumo da agricultura regional e diversificar sua produção, principalmente entre os pequenos agricultores, notadamente os mais atingidos pelo modelo em curso. A partir da crise do modelo e das propostas de diversificação da produção, a fruticultura passa a ser apresentada como alternativa, surgindo diversas iniciativas que visam sua introdução e expansão na região. Estas iniciativas favoráveis à fruticultura consideram que se trata de uma atividade que pode proporcionar adequada ocupação da terra, uso mais intensivo de mão-de-obra e, conseqüentemente, maior renda aos agricultores. Com isso, surgiram vários planos e programas que, de forma direta ou indireta passaram a apoiar a atividade visando à reconversão dos sistemas de produção, como: Programa de Fruticultura Tropical da Região Noroeste do Rio Grande do Sul, Plano Desenvolvimento Regional Rural, Plano Estratégico de Desenvolvimento da Região Noroeste do Rio Grande do Sul e Programa de Desenvolvimento da Fruticultura na Região do Vale do Rio Turvo (Fundaturvo/DS), dirigidos pelo Governo Estadual, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) e Conselhos Regionais e Municipais de Desenvolvimento. Este trabalho tem como objetivo discutir o problema gerado pela baixa diversificação no setor agrícola e apontar soluções para o desenvolvimento deste setor. A viticultura nasce como opção a partir do momento em que o projeto piloto de um agricultor do município começa se destacar por ter resultados satisfatórios. 9 2 DA REALIDADE SÓCIO–RURAL DE SANTO AUGUSTO O município de Santo Augusto, situado no noroeste do Planalto do RS, faz parte atualmente da autodenominação Região Celeiro. Situadas sobre derrames fissurais de rochas basálticas de natureza alcalina, que foram estratificadas ao longo de sucessivos “eventos”, as terras locais são produtos de alta meteorização e lenta dissecação de um Planalto imenso a partir do período Cretáceo. Regionalmente, o modelamento fisiográfico do Planalto, que começou por intensos processos de intemperização das rochas, foi muito brando nas formas erosivas de construção do relevo. Localmente, as formas brandas do relevo, situadas a sudoeste lembram um relevo suave ondulado, composto pela individualização de pequenas chapadas com aspectos mamilonares, de encostas suaves e extensas. As depressões de drenagem iniciam nas nascentes do Rio Turvo e Rio Inhacorá, e se inter-relacionam com as chapadas. São vales largos, rasos, antigos e com baixos declives, próprios de processos erosivos brandos de planeo-climas que modelam as chapadas. Santo Augusto compreende terras com relevo ondulado. Trata-se de conseqüências de uma ativação constante do processo erosivo, que modelou o relevo de chapadas, em formas estreitas e alongadas. [...] São chapadas que se estreitaram para formar espigões aplainados, longos e muito pouco sinuosos, que se assemelham as coxilhas do Sul. (Brasil, 2004, p. 21) 10 As elevações, que se assemelham às coxilhas do Sul, formam um relevo ondulado, por se situarem próximas aos rios principais onde estão submetidas aos processos erosivos naturais mais intensivos. Os vales depressivos estreitos, com cortes abruptos nas encostas, formam drenos naturais. Esses vales são produtos das formas erosivas mais ativas de transformação do relevo antigo, que modelou as superfícies, antes aplainadas, e produziu formas alongadas de espigões. A vegetação composta inicialmente por floresta denominada como Floresta Estacional Decidual Montana em contato com a Estepe GramíneoLenhosa, está praticamente extinta, com restos ocasionais de pequenas áreas isoladas nos vales de drenagem. As culturas, principalmente de soja, trigo, milho, azevém, aveia e girassol, cobrem a paisagem em sucessivos cultivos. A terra tem sido usada com culturas intensivas de soja, milho e trigo, em sistema de plantio direto em uma agricultura muito desenvolvida. A adição de insumos relativos ao controle de doenças e pragas das plantas, além dos herbicidas para controle da vegetação invasora, se apresenta como um questionamento da sua sustentabilidade. Tabela 1. Uso do solo no município de Santo Augusto, RS: Usos Hectares % da área municipal Urbano 468,65 1,0 Barragens e açudes 234,33 0,5 Florestal 5.155,19 11,0 Agropecuário 35.570,83 75,9 Indiferenciado 5.436,38 11,6 TOTAL 46.865,38 100,0 Fonte: Prefeitura municipal de Santo Augusto, RS (2004) Até onde registra a história, essa região teve ciclos distintos na sua economia, que tiveram início com a exploração da erva-mate pelos jesuítas, 11 com o trabalho indígena. Com o domínio português, houve um progressivo incremento da pecuária com o desmatamento ocasional e gradativo da floresta densa e exuberante, para o pastoreio (Oliveira, 2000). Posteriormente, as grandes fazendas foram cedendo espaço a um processo de “colonização”, onde a agricultura intensiva, em médias e pequenas propriedades, estabeleceu-se com o cultivo de trigo, milho e soja, além da criação de aves e suínos. Essa evolução drástica das atividades do uso da terra trouxe, na época, além das variações econômicas positivas próprias dessas culturas, gradativamente, uma contribuição de aspectos negativos, como infestação de doenças e saturação do mercado pelos seus produtos. No geral houve um desenvolvimento econômico regional pelas atividades relativas à intensidade do uso da terra, mas o surgimento acentuado dos processos erosivos foi um grave problema para a economia regional da época. Regionalmente, Santo Augusto tem liderado os movimentos que se propõem a aprimorar as tecnologias agrícolas ou modificar os tratos culturais com o objetivo de aumentar a produtividade. Atualmente, isso se verifica com início do processo de irrigação de culturas anuais de verão e introdução de uma fruticultura diversificada. Conforme CONSELHO (2004), atualmente os valores adicionados à agropecuária são baixos devido à baixa agregação de valores no setor primário. A não transformação dos produtos primários remete a uma situação de descapitalização da região, ocasionando êxodo rural e urbano, a diminuição da população municipal, a baixa arrecadação, o que leva ao empobrecimento e enfraquecimento dos setores econômicos. Segundo AGROANALYSIS (2004), a comercialização da produção de cereais e oleaginosas da safra 2004/2005 correu fora da normalidade. O aumento da colheita interna e mundial desencadeou uma crise aguda de preços e, como se não bastasse, a estiagem castigou os campos do Rio Grande do Sul e alguns estados da região Sul. Também houve aumento nos 12 preços, numa média de 20,93% para os principais insumos utilizados entre junho de 2003 e junho de 2004. Vejamos as tabelas 2 e 3. Tabela 2. Preço dos principais insumos na cultura da soja: insumos unidade Jun/2004 Jun/2003 Acréscimo Semente de soja 50Kg 85,24 63,98 33,23% calcário dolomítico a T 54,65 44,84 21,89% Adubo 00-20-20 T 780,70 641,48 21,70% Adubo 00-30-20 T 924,08 724,58 27,53% Adubo 02-20-20 T 787,89 668,83 17,80% Baculoviros nitral 20g 3,22 2,33 38,09% Azodrin L 28,25 24,35 16,03% Dimilin Kg 189,97 149,05 27,45% Standak L 682,89 554,82 23,03% Endosulfan 350 CE L 24,67 Bulldock 125 sc 250 ml 80,61 70,60 14,17% Larvin 800 WG Kg 141,12 111,18 26,93% Sumithion 500 CE L 45,17 39,11 15,49% Orius 250 CE L 136,09 119,85 13,55% Folicur CE L 117,08 103,25 13,39% Palisade 500 g 94,43 71,65 31,79% Vatavax- thiram 200 L 60,47 56,08 7,83% Score L 258,30 227,45 13,56% Derosal 500 SC L 62,82 53,90 16,55% Cercobin 500 SC L 51,96 42,97 20,93% Flex 5L 352,73 295,32 19,44% Classic 300 g 225,96 220,77 2,35% Scepter 5L 357,89 288,60 24,01% Spidet 840 GRDA 240 g 473,70 395,18 19,87% Pacto 240 g 472,38 341,45 38,34% granel (tipo c) Fertilizante Inseticidas Fungicidas 20,44 20,67% SC Herbicida 13 insumos unidade Jun/2004 Jun/2003 Acréscimo Aroundup WG Kg 29,68 25,02 18,63% Podium S L 69,69 57,75 20,68% 20,93% Média geral Fonte: Embrapa Soja - PR (2004) A colheita de grãos na safra 2005/2006 ocorreu em ambiente de crise no campo, talvez a mais aguda dos últimos 20 anos. Houve um aumento de custos e os preços de mercado estão aquém da real necessidade, o preço da saca era de R$ 35,00. A perda de força é decorrente, em grande parte, da valorização do real frente ao dólar. Os resultados ficaram no vermelho, principalmente nas regiões de fronteira. O endividamento do campo é elevado e compromete a oferta de novos recursos para o crédito rural (AGROANALYSIS, 2006). Análises profundas do sistema econômico agrícola revelam a inviabilidade do cultivo de soja em área menor a 150 hectares. Estima-se que mais de 80% das propriedades da região possuem área inferior a este patamar. Isso explica o empobrecimento gradativo das pequenas propriedades que sofrem com a falta de alternativas viáveis de diversificação, principalmente devido à descapitalização (CONSELHO, 2004). Tabela 3. Preços das máquinas, implementos, mão-de-obra, transportes e arrendamentos: Fatores de produção Unidade Jun/04 Jun/03 Acrésc. Tratores e John Deere 5600(75 CV) Unidade 78.896,2 66.657,8 18,36% colheitadeiras (4x2) Valtra 785C (75 CV) (4x2) Unidade 68.747,6 60.267,9 14,07% Valtra BH (180 CV) (4x4) Unidade 178.767,2 152.675,0 17,09% Agrale 6150 BXSH (135 CV) Unidade 140.991,1 114.860,4 22,75% Unidade 290.452,8 233.445,4 24,42% turbo (4x4) MF 3640 (125 CV) 14 Implementos New Holland TC59 (240) Unidade 435.316,9 342.095,8 27,25% Grade niveladora 36 discos Unidade 5.787,5 5.059,9 14,38% Unidade 43.696,8 36.005,9 21,36% Pulv. De barra cap. 2000L Unidade 33.449,3 28.660,2 16,71% Carreta de calcário de Unidade 9.692,4 8.233,4 17,72% Unidade 12.605,0 11.072,6 13,84% Hora 53,1 41,7 27,23% Colheitadeira de soja Saca 3,6 2,3 55,27% Gerente/ administrador Mês 1.576,9 1.475,3 6,89% Motorista (permanente) Mês 775,3 703,8 10,16% Trabalhador rural polivalente Mês 501,3 465,5 7,69% Tratorista/ operador de Mês 688,8 628,9 9,53% Diarista (serviços gerais) Dia 18,3 15,5 18,19% Trans. De cereais diversos Tonelada 12,4 9,88 25,91% Hectare 403,3 358,14 12,62% 20 polegadas Semeadora 15 linhas de arrasto PD c/ adubadeira arrasto 2 rodas cap 2,5 T Distrib. De calcário de arrasto 4 rodas cap. 5,5 T Aluguel Trator de pneu médio (71 a 86 HP) Mão-de-obra colhedora (permanente) (granel) 30Km Arrendamento de terra mecanizada – por safra Média geral 19,07% Fonte: Embrapa Soja - PR (2004) 15 Tabela 4. Custos de produção na safra 2004/2005: Município Produtividade Custo variável Custo total sacas/ha US$/saca US$/saca 40 8,42 10,53 Tupanciretã – RS 40 8,48 10,60 Cascavel – PR 53 7,01 8,76 Campo Mourão – PR 53 7,92 9,90 Sinop – MT 56 8,64 10,80 Sorriso – MT 56 8,98 11,23 Diamantino – MT 51 7,92 9,90 Primavera do Leste – MT 54 7,68 9,60 Rio Verde – GO 53 7,76 9,70 Itumbiara – GO 46 8,89 11,11 Palmeira das Missões – RS Fonte: Embrapa Soja – PR (2004) 16 3 DA EXTENSÃO RURAL VITIVINÍCOLA COMO UM INSTRUMENTO DE DIVERSIFICAÇÃO DA AGROPECUÁRIA DE SANTO AUGUSTO 2.1 Da Extensão Rural Desde a fundação da ACAR (Associação de Crédito e Assistência Rural), em Minas Gerais, em 1948, outras instituições de extensão rural foram criadas em todo o Brasil, seguindo um modelo difundido pelo governo norteamericano. A fundação da ASCAR (Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural), no Rio Grande do Sul, em 1955, ocorreu após a assinatura de um convênio entre os governos norte-americano e brasileiro para a criação dos Escritórios Técnicos de Cooperação entre os dois países. Em 1956, foi criada a ABCAR (Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural), em âmbito nacional, à qual as associações estaduais se filiaram. Desse período até o início dos anos 60, as famílias e as comunidades foram o foco das ações extensionistas. A extensão desenvolvia-se através de um técnico em Ciências Agrárias e uma mulher com capacitação para atuar no campo da "Economia Doméstica". O objetivo da extensão, estabelecido a partir de enfoques teóricos sobre desenvolvimento rural, visava diminuir a pobreza rural, vista como decorrência da desinformação e da resistência às mudanças que caracterizariam os agricultores. Do ponto de vista da produção agrícola, o foco estava na conservação do solo e na adoção do Crédito Rural Supervisionado. De forma complementar, as economistas domésticas, através 17 da organização de Grupos do Lar, e dos Clubes 4-S (para os jovens), difundiam conhecimentos sobre saúde, alimentação, saneamento, abastecimento de água, além de apoiar as mulheres nas suas atividades domésticas (alimentação, confecção de roupas, móveis, colchões, cuidados com as crianças). Entre os anos 60 e final dos anos 70, a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) estatal teve por objetivo o aumento da produção agrícola através da transferência das tecnologias ditas modernas _ insumos químicos e mecanização _ a denominada Revolução Verde. O aumento da renda das famílias estaria na decorrência direta do aumento da produtividade. Essa política visava ainda o aumento da produção de alimentos e de produtos de exportação. Em 1972 foi criada a Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária, e em 1974, a Embrater, consolidando um sistema nacional de pesquisa, extensão rural e assistência técnica. Desde o golpe militar de 1964, passou a se reprimir toda e qualquer ação de organização da população (em grupos, associações), assim como ações de formação de lideranças. A ATER passou a ser mais individualizada, dirigida aos "chefes" das propriedades rurais (homens). As mulheres sequer eram vistas como agricultoras. Seu espaço continuava a ser o das "ações sociais", mas essas não eram privilegiadas. Em 1977, chegou a ser proposto pelo então presidente da ASCAR a extinção do trabalho social. Apesar dessas restrições, em muitas regiões esses trabalhos de organização de mulheres (Clubes de Mães e de Senhoras) e de jovens (Clubes 4-S) continuaram a ser realizados, e se transformaram numa "marca" do trabalho da extensão. Na década seguinte, de 1980 a 1990, ocorreu a reorganização dos movimentos sociais, inclusive no campo, e o trabalho da extensão rural pode se rearticular. Tomaram corpo as críticas ao modelo tecnológico adotado pela Revolução Verde, tanto do ponto de vista ambiental (questionamentos ao uso de agrotóxicos, à mecanização, à monocultura), como do ponto de vista sócioeconômico, pela diferenciação social ocorrida no período, com o 18 empobrecimento de segmentos significativos da agricultura familiar, processos crescentes de expulsão da terra, aumento do vínculo de submissão dos agricultores às grandes agroindústrias, entre outros, mostrando o lado perverso do "milagre econômico". Nesse período surgiu o movimento "Repensar da Extensão Rural", propondo refletir criticamente sobre o papel que a extensão vinha desempenhando nessa realidade. Foi também o período em que proliferaram as organizações não governamentais (ONGs) de prestação de serviços no meio rural. Estas, em muitos lugares, passaram, desde então, a disputar com a extensão rural a legitimidade de ações e propostas. O Serviço de Extensão Rural brasileiro, ante seu tríplice compromisso, toma a organização dos agricultores como fundamento. Atuará no sentido de contribuir para o aperfeiçoamento e o fortalecimento econômico e sócio-político das formas associativas, através de uma ação educativa dos seus membros, de forma a torná-los mais participantes e conscientes de suas realidades, bem como de seus deveres e direitos, e de suas possibilidades. É, pois, no desenvolvimento das organizações rurais, no estímulo ao associativismo, que o Serviço de Extensão Rural pretende concentrar suas ações, apoiando os agricultores com a finalidade de viabilizar o seu desenvolvimento tecnológico e sócio-econômico e democratizar os instrumentos da política agrícola oficial.(FAGHERAZZI, 2005, p. 61) A interação entre empresa e mulheres rurais caracterizava-se pela organização de grupos (clubes de mães, de senhoras, e outros), acompanhados pelas extensionistas de bem estar social. Estas ações serviram, em muitas regiões, como embrião do envolvimento das mulheres em outros movimentos (sindicatos de trabalhadores rurais, pastorais, associações e cooperativas). No entanto, havia muitas críticas (e ainda há) a esse trabalho, devido a seu caráter "tutelador". Ademais, os grupos, muitas vezes, serviam como reforçadores de uma visão conservadora do papel da mulher na sociedade. De forma geral, os grupos ajudavam a consolidar a idéia de que havia um lugar separado entre as mulheres e os homens no meio rural, reforçando uma divisão sexual do trabalho que, na prática, negava às mulheres seu papel produtivo na agricultura. Essa ação contribuiu para excluir as 19 mulheres dos espaços onde se tratava das questões tecnológicas e de financiamento da produção agrícola, embora elas sempre tenham participado ativamente dessas atividades e sobre elas recaíssem as conseqüências das mudanças ocorridas. Houve também, nesse período, a consolidação do trabalho com a juventude rural, em que a criação do CEJUR, Conselho Estadual dos Jovens Rurais e, subseqüentemente, os Conselhos Regionais e Municipais, assim como a consolidação dos Jogos Rurais, constituíram-se como alguns dos marcos mais importantes. Em muitos locais essas organizações existiam vinculadas de tal forma ao trabalho da EMATER/RS-ASCAR, que se repetiam aqui os problemas anteriormente mencionados. Os profissionais da extensão passavam a substituir, eventualmente, as lideranças dos movimentos, em atuação "paternalista" cujas propostas despolitizadas (principalmente voltadas ao lazer) pouco contribuíam para a formação cidadã. O tripé básico da área de “Bem Estar Social” continuava assentado nos temas saúde, alimentação e habitação. Incorpora-se, gradativamente, a busca de tecnologias adaptadas aos agricultores familiares, definidos como público preferencial da extensão. Iniciam-se, nesse período, as propostas de planejamento participativo. Dos anos 90 até o momento atual, a extensão rural vem vivenciando grandes mudanças, com destaque especial para a preocupação com as questões ambientais, assim como a busca de formas de enfrentamento às crises sócio-econômicas e aos seus impactos sobre o meio rural. Quanto às ações sociais, houve, por um lado, maior preocupação com a geração de renda, através do desenvolvimento de atividades como agroindústrias, artesanato, turismo rural, entre outras. Multiplicaram-se, também, ações voltadas para a "ecologização" do meio rural, ampliando-se os planos de gestão/educação ambiental, o estímulo à utilização de tecnologias menos agressivas ao meio ambiente, ações de saneamento básico e ambiental apoiadas em projetos de financiamento como o Pró-Guaiba, o PASS, o RS- 20 Rural, entre outros. Adicionalmente, vem se dando ênfase cada vez maior aos trabalhos de resgate de conhecimentos tradicionais e, em particular, ao trabalho com plantas medicinais. Esses trabalhos vêm sendo realizados, fundamentalmente, pelas extensionistas de bem estar social. No que se refere às questões organizativas, ocorreram (e ocorrem) pressões cada vez maiores por parte do público, articulado em movimentos sociais diversos, para que a extensão incorpore a participação social na execução das políticas públicas. Por outro lado, a proliferação de Conselhos, Fóruns, e outros espaços de definição de políticas, vem conduzindo a instituição rumo a uma nova postura com relação às parcerias – órgãos públicos, ONGs e instituições de representação do público beneficiário, entre outras. Neste contexto, o papel dos profissionais da extensão vem sofrendo importantes mudanças: devem ser mediadores e facilitadores de processos de mobilização e organização de diferentes grupos de interesses, e não propriamente os agentes propulsores/condutores desses processos. Essa nova postura não foi ainda totalmente assimilada por parte significativa desses profissionais. A Extensão é a educação informal e extra-escolar para quem não teve escola técnica, tanto para adultos como para adolescentes. Um programa de Extensão, devido à sua abrangência, objetiva contribuir para a elevação do nível de vida das famílias e comunidades rurais, através do incremento da renda líquida familiar, do aumento da produção e da qualidade do produto agropecuário, mediante a utilização de processos educativos. Alguns sistemas de ensino se destinam às intervenções em setores específicos, como os da saúde e da agricultura, tais como o sanitarismo e assistência técnica à agricultura. Outros são mais abrangentes e menos setorizados, como o desenvolvimento de comunidades, a organização comunitária, a educação de base e a própria extensão rural (BICCA, 1992). Na missão da EMATER/RS-ASCAR apresenta-se uma proposta de desenvolvimento vista como um conjunto de melhorias para o campo 21 (econômicas, culturais, ambientais, sociais, políticas) nas quais as populações envolvidas, apoiadas pelos agentes de extensão rural, devem ter um papel protagônico. Essa missão foi definida como: promover a construção do desenvolvimento rural sustentável, com base nos princípios da Agroecologia, através de ações em assistência técnica e extensão rural, mediante processos educativos e participativos, objetivando o fortalecimento da agricultura familiar e suas organizações, de modo a incentivar o pleno exercício da cidadania e a melhoria da qualidade de vida (EMATER, 2002, p. 61). Essas propostas têm um forte conteúdo de mobilização e organização social, explicitados nas suas estratégias: privilegiar o uso de metodologias participativas; valorizar os distintos saberes (científico e popular); incorporar uma visão holística (que compreenda os processos sócio-econômicos em sua relação com o ambiente); estimular dinâmicas de participação ativa das populações, através de diagnósticos e planejamentos em conjunto; estimular parcerias em todos os níveis; estimular formas associativas; respeitar as diferenças de gênero, de culturas, de grupos de interesses; buscar a inclusão social; tomar o agroecossistema como uma unidade básica de análise, planejamento e avaliação dos sistemas de produção agrícola; apoiar a implementação da Reforma Agrária e o fortalecimento da Agricultura Familiar. Os objetivos definidos destacam o caráter social deste trabalho: a sustentabilidade, a estabilidade, a produtividade, a eqüidade e a qualidade de vida. 22 3.2 Dos Pressupostos Teóricos de Vitivinicultura ao Extensionista Rural Vitivinícola A existência do cultivo de uva nesta região data de 1940, ano em que alguns italianos se instalaram na região de Ijuí. As variedades trazidas por eles foram: Concord, Isabel, Goethe e mais tarde as cultivares Bordô e a Niágara branca e rosada. Os parreirais eram de tamanho significativo. Com a falta de recursos para o combate das pragas e moléstias, em pouco tempo o cultivo se tornou inviável, o que ocasionou a eliminação dos parreirais afetados, reduzindo a plantação a um índice insignificante. Não se tem registro da presença de cultivares viníferas nesta época (DEROSSO, 1992). O cultivo da videira para fins comerciais se deu há pouco mais de 15 anos, destacando-se a cidade de Santo Augusto com uvas comuns e experimentos de uvas finas, como Cabernet Sauvignon, Merlot e Chandonnay, tendo ótimos resultados. 3.2.1 Fatores geográficos influentes no cultivo da videira "As videiras podem ser cultivadas entre as latitudes 10o e 50o e se adaptam a várias altitudes. Pode ser cultivada tanto em terrenos planos quanto em encostas. Quanto maior for a exposição à luz solar, melhor será a uva. Nas condições do Rio Grande do Sul, o vinhedo deve ficar voltado ao norte” (GIOVANNINI, 2005). 23 3.2.1.2 Clima A região sul do Brasil encontra-se em área considerada inadequada para o cultivo, devido à grande umidade presente no ar. No entanto, há regiões que possibilitam o cultivo através de práticas de manejo e cultivares que se adaptam ao macroclima predominante. 3.2.1.3 Temperatura A temperatura ideal para o desenvolvimento da videira varia de cultivar para cultivar. A média ideal gira em torno de 25oC, a mínima está entre 7o e 9oC e a temperatura máxima é de 40o C. Vale citar que a temperatura mínima mortal é de –15oC e a máxima mortal é de 55oC (GIOVANNINI, 2005). 3.2.1.4 Pluviosidade A videira prefere clima seco, com precipitações anuais entre 400 a 600 mm anuais, mas suporta pluviosidades maiores. Também pode ser cultivada em locais que apresentam baixos índices de pluviosidade desde que compensados os índices hídricos por irrigação (GIOVANNINI, 2005). 3.2.1.5 Solos A videira se adapta a diferentes tipos de solo, com exceção aos muito úmidos, aos muito compactados e aos turfosos. Quanto mais profundos os solos melhor será a qualidade da uva. A textura ideal é aquela composta por partes semelhantes de argila, silte e areia. Em geral, solos escuros são mais férteis que os demais (GIOVANNINI, 2005). 24 3.3 Clima, solo e relevo da Região Noroeste Santo Augusto situa-se na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Seu clima é considerado bom para o cultivo de videiras, como podemos ver nas tabelas 6, 7 e 8. Tabela 6. Temperaturas médias (oC) da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul: Mês Média Máxima Mínima Mínima a 5 cm do Máxima a 5 cm solo coberto do solo desnudo Janeiro 22,9 29,8 17,8 15,9 17,2 Fevereiro 22,5 28,0 17,6 16,8 17,9 Março 21,0 27,8 16,2 16,3 17,1 Abril 17,5 23,9 13,0 12,4 14,3 Maio 15,2 21,4 11,2 10,0 11,1 Junho 13,4 19,2 10,1 5,6 7,9 Julho 13,1 19,4 8,8 7,9 8,4 Agosto 14,7 20,6 10,1 9,4 9,7 Setembro 16,2 22,3 11,4 8,0 9,1 Outubro 18,0 23,4 13,1 11,7 12,0 Novembro 20,3 26,2 4,5 13,8 14,2 dezembro 21,9 29,2 16,1 14,8 15,2 Fonte: Instituto de Pesquisas Agronômicas-RS (1989) 25 Tabela 7. Dados climáticos (médias) da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul: Mês Precipitação mm Umidade Radiação Horas de relativa do ar solar insolação Janeiro 166 71 488 237,3 Fevereiro 148 73 469 213,2 Março 148 74 392 218,2 Abril 148 77 325 201,0 Maio 165 77 255 178,5 Junho 195 82 211 136,7 Julho 152 77 225 159,8 Agosto 141 72 262 163,4 Setembro 203 75 338 173,0 Outubro 191 73 422 214,5 Novembro 117 67 472 245,0 Dezembro 145 65 496 237,5 Ano 1919 74 363 2.378,1 Fonte: Instituto de Pesquisas Agronômicas-RS (1989) Tabela 8. Horas de frio em período médio: Temperatura Maio a agosto Maio a setembro 7OC 234 253 10OC 563 631 Fonte: Instituto de Pesquisas Agronômicas-RS (1989) 26 3.4 Das práticas de manejo do solo Para a viticultura o ideal é solo de pH 6. Entretanto, há produção de vinhos em solos de pH 5,5 a 8. Deve ser levada em conta a profundidade de incorporação a ser feita e a qualidade do calcário empregado, para que possam ser ajustadas as dosagens. Após cinco anos, deve ser feita nova análise para verificar a necessidade de recorreção de pH. A aplicação de calcário deve ser feita, no mínimo, seis meses antes do plantio das mudas, baseada em análise de solo, cujo resultado pode ser interpretado com o auxílio da tabela 9. Tabela 9 – Recomendação de calagem em t/ha (calcário com PRNT 100%) com base no método SPM, para acidez de solos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, para a aplicação na camada de 0 a 20 cm: Índice SMP pH em água a atingir 5,5 6,0 6,5 <4,4 15,0 21,0 29,0 4,5 12,5 17,3 24,0 4,6 10,9 15,1 20,0 4,7 9,6 13,3 17,5 4,8 8,5 11,9 15,7 4,9 7,7 10,7 14,2 5,0 6,6 9,9 13,3 5,1 6,0 8,3 12,3 5,2 5,3 7,5 11,3 5,3 4,8 6,8 10,4 5,4 4,2 6,1 9,5 5,5 3,7 5,4 8,6 5,6 3,2 4,8 7,8 5,7 2,8 4,2 7,0 5,8 2,3 3,7 6,3 5,9 2,0 3,2 5,6 6,0 1,6 2,7 4,9 27 6,1 1,3 2,2 4,3 6,2 1,0 1,8 3,7 6,3 0,8 1,4 3,1 6,4 0,6 1,1 2,6 6,5 0,4 0,8 2,1 6,6 0,2 0,5 1,6 6,7 0,0 0,3 1,2 6,8 0,0 0,2 0,8 6,9 0,0 0,0 0,5 7,0 0,0 0,0 0,2 7,1 0,0 0,0 0,0 Fonte: Giovannini (2005) A adubação corretiva é aplicada antes do plantio das mudas visando corrigir os teores de Fósforo e Potássio para elevar os teores no solo. As doses de P e K devem seguir as tabelas 10 e 11. Os produtos devem ter solubilidade lenta e ser uniformemente distribuídos em todo o perfil. Em alguns solos poderá ter deficiência de Boro, devendo-se, nestes casos, aplicar-se de 50 a 70 Kg/ha de bórax (Giovannini, 2005). Tabela 10– Recomendação de adubação de correção de P e K em Kg/ha, com base na análise de solo: P Mehlich (mg/Kg) 9,0 9,0 a 14,0 K trocável (mmol/Kg) >14,0 <1,5 P2O5 200 100 1,5 a 2,1 B água quente (mg/Kg) > 2,1 <0,6 0,6 a 1,0 K2O 0 90 60 >1,0 B 0 9,5 5,0 0 Fonte: Giovannini (2005) A adubação de plantio é a aplicação de adubo nitrogenado feita por ocasião do plantio ou das estacas ou das mudas de videira. Deve se basear no resultado da análise de solo, cuja interpretação é dada na tabela 11. 28 Tabela 11 – Adubação nitrogenada, em Kg/ ha, de plantio ou de crescimento: Matéria orgânica Dose de nitrogênio <25 50 25 – 50 30 >50 0 Fonte: Giovannini (2005) Na adubação de manutenção ou de produção se incorpora adubos nitrogenados a partir da brotação até após o florescimento, fracionando a dose. Os adubos fosfatados e potássicos podem ser incorporados após a colheita da uva, no outono, devendo-se ter o cuidado de manter as folhas em bom estado sanitário para que os mesmos possam ser absorvidos ainda antes do inverno. (GIOVANNINI, 2005). Nas práticas de manejo do solo, devemos observar as condições do solo. Em locais onde as disponibilidades de água e nutrientes sejam poucas, a vegetação espontânea exerce concorrência com a videira, não sendo recomendável ter o solo sempre coberto com vegetação. Em locais declivosos, em climas chuvosos, podem ser empregados, pois as perdas para a vegetação serão menores do que as devidas à erosão. No entanto esta vegetação pode ser mantida roçada periodicamente, a cada 40 dias, no mínimo (Hidalgo, 2002). Caso o solo estiver sempre limpo, haverá maior possibilidade de desenvolvimento às videiras, porém isso somente ocorrerá em situações não sujeitas à erosão. Locais planos e irrigados por gotejamento, podem adotar este tipo de manejo, podendo acoplar à água de irrigação os fertilizantes e mesmo os herbicidas. A cobertura do solo é uma prática que tem dado bons resultados tanto à produção quanto controle de erosão. É possível empregar vários tipos de 29 cobertura, desde a manutenção da vegetação nativa roçada até a semeadura de misturas de gramíneas e leguminosas. 3.5 Das variedades de uva Para a elaboração de vinhos comuns, normalmente são utilizadas uvas de cultivares americanas. Estas em geral são mais rústicas e mais produtivas, portanto de custo de produção inferior ao da vinífera. O vinho apresenta características que agradam ao consumidor brasileiro, ou seja, o gosto “foxado”, que é desdenhado pelo europeu, é apreciado pelo brasileiro. O padrão do vinho tinto comum nacional é de Isabel. No branco se destaca o Niágara. Da uva americana Herbemont e da híbrida Couderc 13 nascem vinhos neutros, que servem para a vinificação em branco visando obter vinho base para vermute e para destilaria. O suco de uva preferido pelo mercado mundial é o da uva americana Concord, mas no mercado interno o suco da variedade Isabel é muito apreciado. A seguir são descritas algumas variedades americamas de interesse: Couderc 13: Uva branca. Brota de 05/09 a 15/09 e amadurece de 23/02 a 05/03. Sua produtividade é de 25 a 30 t/ha, com teor de açúcares de 14 a 16° Brix e acidez total de 60 a 80 meq/L. É altamente resistente à antracnose, ao oídio e ao míldio, sendo resistente às podridões (GIOVANNINI, 2005). Herbemont: Uva tinta de pouca cor vinificada em branco. Também chamada de Borgonha ou Champanha. Brota de 25/08 a 10/09 e amadurece de 05/02 a 25/02. É resistente à antracnose, tolerante ao míldio e altamente sensível às podridões. Sua produtividade é de 25 a 35 t/ha, com teor de açúcares de 14 a 16° Brix (GIOVANNINI, 2005). Isabel: Uva tinta conhecida internacionalmente como Isabella. No Uruguai é chamada de Frutilla, Brasilera e Brasileña. Na Itália é conhecida como Uva Fragola. Brota de 23/08 a 06/09 e amadurece de 19/02 a 05/03. É 30 altamente resistente à antracnose e às podridões, sendo tolerante ao míldio. Sua produtividade é de 20 a 25 t/ha, com teor de açúcares de 15 a 16° Brix. (GIOVANNINI, 2005). Concord: também conhecida como Francesa. Brota de 27/08 a 11/09 e amadurece de 25/01 a 08/02. É resistente à antracnose e às podridões, sendo tolerante ao míldio. Sua produtividade é de 15 a 20 t/ha, com teor de açúcares de 15 a 16° Brix. (GIVANNINI, 2005). Niágara Branca: Também chamada de Francesa Branca. Brota de 25/08 a 06/09 e amadurece de 22/01 a 05/02. É resistente à antracnose e ao míldio, sendo altamente resistente às podridões (exceto Glomerella cingulata). Sua produtividade é de 25 a 30 t/ha, com teor de açúcares de 15 a 17° Brix. (GIOVANNINI, 2005). Niágara Rosada: Uva de mesa comum, brota de 25/08 a 06/09 e amadurece de 22/01 a 05/02. Sua produtividade é de 25 a 30 t/ha, com teor de açúcares de 15 a 17° Brix. É resistente à antracnose, ao míldio e às podridões (GIOVANNINI, 2005). A seguir são descritas algumas cultivares de Vitis vInífera L.de interesse: As cultivares Vitis vinífera L. são as mais importantes no mundo, responsáveis pela maior parte da produção de vinhos, uvas de mesa e passa. No Brasil são chamadas de uvas finas e somente desta espécie pode-se obter vinho fino, de acordo com legislação. Cabernet Franc: Uva tinta, brota de 01/09 a 10/09 e amadurece de 10/02 a 20/02. Sua produtividade é de 18 a 23t/ha, com teor de açúcares de 06 a 08° Brix e acidez total de 70 a 90 meq/L. É moderadamente sensível à antracnose, sensível ao oídio e resistente ao míldio e às podridões (GIOVANNINI, 2005). Cabernet Sauvignon: Uva tinta, brota de 05/09 a 15/09 e amadurece de 20/02 a 02/03. Sua produtividade é de 15 a 20t/ha, com teor de açúcares de 16 a 18° Brix e acidez total de 80 a 100 meq/L. É moderadamente sensível à antracnose, sensível ao oídio, ao míldio e às podridões. 31 Merlot: Uva tinta, brota de 03/08 a 13/08 e amadurece de 10/02 a 20/02. Sua produtividade é de 20 a 25t/ha, com teor de açúcares de 17 a 19° Brix e acidez total de 90 a 110 meq/L. É sensível à antracnose, altamente sensível ao míldio e resistente às podridões (GIOVANNINI, 2005). Chardonnay: Uva branca aromática, brota de 10/08 a 20/08 e amadurece de06/01 a 15/01. Sua produtividade é de 8 a 13t/ha, com teor de açúcares de 15 a 17° Brix e acidez total de 80 a 100 meq/L. É resistente à antracnose, sensível ao oídio e às podridões e moderadamente sensível ao míldio (GIOVANNINI, 2005). Gewürztraminer: Uva de película rosada geralmente vinificada em branco, brota de 28/08 a 07/09 e amadurece de 20/01 a 30/01. Sua produtividade é de 7 a 12 t/ha, com teor de açúcares de 16 a 18° Brix e acidez total de 80 a 100 meq/L. É moderadamente sensível à antracnose e ao míldio, sensível ao oídio e altamente sensível às podridões (GIOVANNINI, 2005). Moscatos : Uva branca aromática, brota de 18/08 a 28/09 e amadurece de 25/02 a 06/03. Sua produtividade é de 25 a 30 t/ha, com teor de açúcares de 14 a 16° Brix e acidez total de 110 a 130 meq/L. É resistente à antracnose, moderadamente sensível ao oídio, sensível ao míldio e altamente sensível às podridões. Malvasias: Uva branca aromática, brota de 04/09 a 14/09 e amadurece de 18/02 a 28/02. Sua produtividade é de 13 a 18 t/ha, com teor de açúcares de 16 a 18° Brix e acidez total de 100 a 110 meq/L. É moderadamente sensível à antracnose, ao míldio e às podridões, sendo sensível ao oídio (GIOVANNINI, 2005). Itália (coloração branca) e suas mutações somáticas ‘Rubi’ (película rosada), ‘Benitaka’ (de coloração rosa intensa), ‘Brasil’ (coloração rosada escura à tinta) e ‘Redimeire’ (coloração rosada): Uva de mesa, brota de 01/09 a 25/09 e amadurece de 05/02 a 25/02. Sua produtividade pode atingir 40 t/ha, com teor de açúcares de 16 a 18° Brix. É moderadamente sensível à 32 antracnose e ao oídio e sensível ao míldio e às podridões (GIOVANNINI, 2005). 3.6 Da Poda A poda de formação é feita visando fornecer o desenvolvimento do tronco e dos braços primários da planta. É realizada nos anos anteriores à entrada em produção das videiras. Consiste na eliminação de todos os cachos de uva que porventura existam, bem como todos os brotos em excesso. A poda de produção é feita quando a planta já atingiu um determinado desenvolvimento e iniciou a produção de frutos. É realizada anualmente, no inverno, antes que as plantas tenham iniciado sua brotação. A poda verde é uma operação realizada durante o ciclo vegetativo, no tecido em estado herbáceo. Essa poda consiste na eliminação total ou parcial de gemas, brotos, folhas, flores, cachos e bagas da videira. O objetivo principal é equilibrar o desenvolvimento vegetativo e a produção visando a melhoria da qualidade da uva. 3.7 Da Enxertia A enxertia é empregada sempre que se tenha alguma característica de solo que a torne necessária. Isto pode ser a presença de filoxera (caso mais comum), a presença de nematóides, de salinidade, ou condições físicas e/ou químicas especiais de solo. A enxertia de campo pode ser feita no viveiro onde se enraízam os cavalos (porta-enxertos), ou no local definitivo. Usualmente é usada a garfagem de fenda simples. A enxertia de mesa envolve, para a formação do calo de enxertia, o processo de forçagem em câmara quente. É um processo que permite ganhar tempo, mas requer algumas técnicas que são, normalmente, empregadas somente por viveiristas profissionais. 33 A enxertia verde é feita por garfagem herbácea, durante a primavera quando os brotos estão em pleno desenvolvimento vegetativo. Devido à alta atividade metabólica, a percentagem de pegamento dos enxertos é alta (GIOVANNINI, 2005). 3.8 Dos Sistemas de condução O sistema latada é conhecido também por pérgola ou caramanchão. Esse sistema é muito difundido no Brasil e proporciona altas produções, permitindo grande expansão vegetativa à planta. É um sistema cuja desvantagem está no alto custo de implantação, na dificuldade de mecanização de algumas operações e na exposição do viticultor aos produtos fitossanitários. No sistema espaldeira a ramagem fica exposta de forma vertical. A construção desse sistema é semelhante à uma cerca e mais simples que a latada. Ele apresenta a desvantagem da baixa produtividade, entretanto a graduação de açúcares da uva é maior que a produzida em sistema latada. A lira aberta é um sistema desenvolvido na França, que visa manter ou aumentar a produtividade dos vinhedos, obtendo, apesar disso, uva de melhor qualidade. As videiras são conduzidas em dois planos inclinados a fim de captarem maior quantidade de energia solar. A desvantagem de tal sistema está no alto custo de sua implantação e na necessidade de mão-de-obra especializada. 3.9 Das Moléstias A antracnose é uma moléstia causada pelo fungo Elsinoë ampelina (de Bary) Shear, originário da Europa, conhecida também por “varola” na região colonial italiana. O fungo se desenvolve em temperatura de 2°C a 32°C, sendo os ataques mais severos com temperaturas entre 15°C e 18°C, associados a alta umidade relativa do ar. Os sintomas inicias da moléstia são pontos de aspecto clorótico, evoluindo para necrose de tecido. Os produtos indicados 34 para o controle são: Captan, Chlorothlonil, Difenoconazole, Dihianon, Folpet, Imibenconazole e Thiophanate, além de misturas entre eles. A escoriose é causada pelo fungo Phomopsis viticola. Este se desenvolve bem em temperaturas moderadas e umidade acima de 98%. Os sintomas podem ser observados em toda parte aérea da planta, são manchas marrom-escuras com as bordas amareladas. Os produtos eficazes para o controle são: Dithianon, Enxofre e Mancozeb. O oídio é causado pelo fungo Uncinula necator. Na região colonial italiana é também chamado de “mufetta”. Seus poros germinam em temperaturas entre 6°C e 32°C e clima seco, embora possa se desenvolver em alta umidade relativa do ar. Aparecem manchas brancas e as folhas dobram as margens para cima e, aos poucos vão ganhando a coloração marrom ou amarelada. O enxofre previne a infestação. Para o controle da moléstia recomenda-se o uso de fungicidas a base de Difenoconazole, Fenarimol, Pyrazophos, Triadimefol e Tebuconazole. A podridão ácida é causada por uma associação de microrganismos e insetos. Caracteriza-se por um odor ácido de uva avinagrada. Esta só aparece em frutos danificados. Não há controle químico eficiente, devendo ser tomadas medidas preventivas, como o controle de insetos e pássaros. A podridão amarga é causada pelo fungo Greeneria uvicola. O sintoma mais característico é o escurecimento da baga e, com lesões úmidas que se desenvolvem nos frutos maduros. Os fungicidas usados para o controle de moléstias comuns, são efetivos para o controle desta podridão: Captan, Dithianon, Folpet e Mancozeb. A podridão da uva madura é causada pelo fungo Glomerella cingulata. O sintoma primário é o apodrecimento dos frutos maduros. Há uma formação de massa rosada mucilaginosa, que são os conídios do fungo. A remoção dos frutos mumificados da safra anterior reduz a fonte de inóculo. O controle químico é feito com fungicidas a base de Captan, Folpet, Mancozeb e Tubeconazole. 35 A podridão cinzenta é causada pelo fungo Botrytis cinerea. É caracterizada por manchas circulares de cor lilás nas bagas e, se a umidade persistir o fungo toma a baga madura e ganha um aspecto de mofo acinzentado. Ocorrendo o período de vindima em tempo chuvoso à perda pode ser total. Os produtos químicos utilizados são: Folpet, Iprodione, Procymidone, Pyrimathanil e Thiophanate Methyl. A ferrugem se caracteriza pela manifestação do fungo Phakopsora euvitis, ocorrendo com maior freqüência em climas tropicias. O fungo ataca as folhas, onde surgem pontuações pulvurulentas amarelo-alaranjadas, com manchas necróticas na fase superior da folha. Não há controle químico específico. A fusariose é causada pelo fungo Fusarium oxysporum. Este afeta as raízes da planta, causando lesões. O fungo é capaz de sobreviver em solos secos, assim como também resiste aos solos úmidos e às temperaturas altas de baixa umidade relativa. O controle deve ser preventivo: evitar a implantação de vinhedos em local onde tenha sido constatada a presença desta moléstia, usar mudas sadias, evitar solos maldrenados e evitar ferimentos. O míldio ou peronóspora é causado pelo fungo Plasmopara vilticola. Também chamado de muffa. Há presença de mofo branco. Para o controle, Calda Boralesa, Azoxystrobin, Benalaxyl, Captan, Dithianon, Folpet, Fenamidone e Mancozeb. A pérola-da-terra é uma cochonilha subterrânea que infesta raiz de videira. Vive, também, em outras plantas. Nutre-se da seiva e paralelamente injeta uma toxina que diminui o vigor da planta, que vai definhando com o passar do tempo, apresentando folhas com coloração amarelada entre as nervuras, com os bordos voltados para baixo. Está em fase de teste um inseticida específico que mostrou controle eficaz da praga. Recomenda-se o uso de porta-enxerto resistente. 36 3.10 Da qualidade da uva A qualidade da uva depende dos teores e da proporção dos componentes da mesma. Os principais componentes da uva são: água, açúcares, ácidos orgânicos, polifenóis (taninos e antocianinas), polissacarídeos, minerais e aromas. Qualidade da uva pode ser definida como aqueles atributos da uva, que tornam atrativa ao paladar a fruta fresca ou para bebê-la como vinho. A concentração absoluta de açúcares e ácidos assim como a relação entre estes, desempenham um papel importante no sabor das uvas. Após a fermentação o açúcar é convertido a álcool. Isso determina se o vinho será magro e aguado ou capitoso e alcoólico. A acidez excessiva na uva produz vinhos ácidos, mas a sua falta produz vinhos chatos e de sabor desinteressante. A acidez também está envolvida na inibição de oxidação e deteriorações, e é um fator favorável na estabilidade dos vinhos. Os fenóis determinam a cor em quase todos os vinhos e são os principais fatores no sabor dos vinhos tintos. Contribuem com um desejável sabor amargo e com adstringência ao vinho. São extraídos principalmente das sementes, mas também da película e da polpa. Os aminoácidos servem como importantes fontes de nitrogênio para o desenvolvimento das leveduras durante a fermentação. Os compostos aromáticos, que são importantes para o sabor do vinho, provêm tanto da uva como da fermentação. Isoladamente nenhum composto é responsável pelo sabor característico (GIOVANNINI, 2004). Para a elaboração de um vinho de qualidade a uva tem que ser fresca (colhida na temperatura adequada e conduzida imediatamente ao lagar), sã (isenta de podridões e limpa) e madura. 3.11 Da Colheita e da vinificação Deve ser feita de maneira cuidadosa a fim de obter bagas sem ruptura e sem fermentação prematura. Sobre a película existe uma população 37 microbiana de bactérias acéticas, leveduras e mofos que em caso de ruptura da baga a infectarão, produzindo etanol, ácido acético e outros compostos que contribuirão para a queda da qualidade do produto final. A colheita deve ser feita, preferencialmente, cedo da manhã, quando a uva ainda está fria. No momento da colheita, também deve ser feita a seleção dos cachos e bagas, separando aqueles em más condições. É indicada a colheita somente das uvas que sofreram completo amadurecimento. Transporte da uva: As caixas devem ser plásticas de até 20Kg, com perfurações facilitando a saída da água e do possível mosto. Determinação do °Brix: Os cachos devem ser escolhidos aleatoriamente. Esmagam-se os cachos e com o mostímetro se verifica a graduação de açúcar para mais tarde fazer a correção do açúcar do mosto (chaptalização). Desengaçamento: Separação dos engaços. Recomendado para a obtenção de vinhos de qualidade, tanto brancos quanto tintos. Ruptura da baga: Coloca o mosto em condições de fermentar. Libera maior quantidade de mosto e favorece a maceração dos fragmentos da película no mosto na vinificação em tinto. A esmagadeira mais comum é a de cilindros. Existem dois tipos: um que retira o engaço antes de esmagar a uva (ideal) e, outro que esmaga e depois tira o engaço. Na vinificação em tinto a uva é esmagada e enviada para os tanques de fermentação. Na vinificação em branco a uva é enviada para os esgotadores ou para a prensa. Esgotador é um recipiente que possui uma malha perfurada inclinada, que deixa fluir o mosto e, no fundo, retém as partes sólidas. É realizado pelo simples repouso da massa. Pode ser de aço inoxidável ou plástico. Uvas brancas em ótimo estado de sanidade podem ser colocadas direto na prensa – com engaço – para a extração do mosto. Existem vários tipos de prensa: vertical com rosca sem fim hidráulico (pressão de baixo para cima) ou com torno (pressão de cima para baixo); horizontais hidráulicas (pressão por 38 dispositivos hidráulicos) ou eletrônicas (com duas portas circulares); pneumática (uma bolsa - inflável - comprime contra uma jaula cilíndrica) e de ação contínua (apresenta um parafuso “sem-fim” helicoidal que pressiona o bagaço contra uma comporta). O Dióxido de Enxofre - SO2 - tem efeito antioxidante e antimicrobiano. Também dissolve os compostos fenólicos facilitando a extração destes compostos, em especial, as antocianinas, responsáveis pela coloração do vinho. Comercialmente encontra-se em forma de metabissulfito de potássio, em pó. Este deve ser dissolvido em água antes do uso. Tem rendimento de 50g/100g de SO2. A dosagem depende da sanidade da uva. Quando sadia, utiliza-se de 30 a 60 mg/L, em caso de uva com podridão, usa-se de 70 a 100 mg/L. Após a extração do mosto da uva branca é indispensável que se faça a clarificação do mosto, pois este se encontra turvo devido à presença de suspensões, como fragmentos de película, engaço, polpa, terra, leveduras selvagens e dispersões coloidais, como polissacarídeos, proteínas e polifenóis. O processo mais comum é por decantação, onde a separação é feita naturalmente pela gravidade. Este exige altas doses de dióxido de enxofre (SO2). Outra forma é o uso de agentes clarificantes, o que exige o emprego de filtros. A correção do açúcar do mosto é feita pela prática de adição de sacarose, chamada de chaptalização. A legislação brasileira permite a adição de sacarose para aumentar até 3% em álcool. A dissolução do açúcar não deve ser feita diretamente no mosto dentro do tanque, pois se depositará no fundo. O ideal seria dissolver o açúcar em água aquecida a 40°C para que houvesse a quebra das moléculas de sacarose. Mas como não é desejável a adição de água, dissolve-se em um pouco de mosto reservado em uma mastela (recipiente semelhante a uma panela grande com capacidade variada, de 25 a 100 litros). A chaptalização deve ser feita no início da fase tumultuosa, homogeneizando em seguida. A literatura afirma que 17g de sacarose 39 corresponderão a 1°GL, mas na prática, se levarmos em consideração que o açúcar que normalmente é usado (cristal) tem certo grau de impureza, se admite 18g para 1° GL. Para o bom andamento da fermentação são utilizadas leveduras selecionadas da espécie Saccharomyces cerevisiae. A dosagem é indicada na embalagem, geralmente varia de 20 a 25 g para cada 100 L de mosto. A levedura deve ser hidratada em água aquecida a, no máximo, 40°C. Após estar totalmente dissolvida (a levedura vem em forma de grãos pequeninos), acrescenta-se mosto para alimentá-las e acostumá-las a temperatura do mosto. O pé-de-cuba é adicionado somente depois de constatar que as leveduras estão se multiplicando (aparece em suspensão uma espécie de espuma). Acabada a fermentação alcoólica no vinho branco é feito um resfriamento e a trasfega, que consiste em trocar de tanque para a separação das possíveis borras. O vinho branco é um vinho para consumo jovem e por isso tem necessidade de envelhecimento. Na vinificação em tinto, as uvas esmagadas são fermentadas com o mosto, por um período que depende da sanidade da uva, quanto mais sadia, mais tempo poderá o mosto ficar em contato com a casca. Depois o bagaço é retirado e prensado. Esta separação é chamada de descuba. Depois o vinho entra em processo de fermentação malolática, conduzida por bactérias lácticas, que convertem o ácido málico (agressivo ao paladar) em ácido láctico (menos agressivo que o primeiro) e CO2. Terminada a fermentação malolática, que é percebida quando não há mais liberação de gás carbônico (CO2), é hora de fazer a estabilização tartárica. Esta pode ser feita com o auxilio de um processo de resfriamento. O resfriamento no vinho proporciona a cristalização do bitartarato de potássio, também chamado de “grupula”, e a sua deposição no fundo. O frio do inverno é um ótimo agente estabilizador. Faz-se a trasfega e, se o vinho tiver estrutura, 40 pode ser armazenado por longo tempo em tanques de inóx. Em geral os vinhos tintos brasileiros devem ser consumidos no seu segundo ano. A temperatura de vinificação ideal para os brancos é de no máximo 15°C, em função da sua sensibilidade oxidativa. Os tintos não são muito exigentes, podendo chegar a 30° C durante o processo de sua elaboração, em função da liberação de energia. Para a extração de cor, ganho de corpo e aroma, no vinho tinto, faz-se remontagens, que consistem em macerar o bagaço por várias vezes. A quantidade de remontagens por dia é determinada pela qualidade da uva. Quanto melhor a uva, mais vezes pode-se fazer esta maceração. O envelhecimento do vinho tinto fino bem estruturado pode ser feito em barricas de carvalho, o que dará um aroma amadeirado com toques de café e baunilha. O custo das barricas é muito elevado, tornando o seu uso inviável para pequenas cantinas. A solução seria a utilização de chips de carvalho, que são pedacinhos da madeira. Estes podem ser deixados em contato com o vinho durante o tempo desejado. O ideal é acompanhar fazendo a degustação para determinar o momento de se retirar os chips. O vinho, assim, é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto simples de uva sã, fresca e madura. Vinhos finos ou nobres são provenientes de uvas Vitis vinifera L. Eles apresentam um completo e harmônico conjunto de qualidades organolépticas próprias. Vinho comum ou de consumo corrente é o vinho que não é fino nem especial obtido de cultivares americanas ou híbridas. O vinho é sensível às impurezas e contaminações do ponto de vista sensorial e microbiológico. Absorve com facilidade aromas e sabores dos recipientes. O mais indicado é que seja utilizado, tanto para a fermentação quanto para a estocagem, tanques de inóx. Na impossibilidade destes, podese utilizar barricas de madeira com revestimento de parafina e lavagem com solução de metabissulfito. 41 Devido a essa sensibilidade, também deve ser feita a limpeza e a desinfecção de toda a cantina antes do inicio das vinificações, com detergentes à base de cloro. 42 4 A VITICULTURA COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO PARA SANTO AUGUSTO Os colonizadores de Santo Augusto, e da Região, que se fixaram a partir da década de 1940, entre eles, italianos, alemães, negros e outros, trouxeram na sua bagagem cultural e étnica costumes que passaram de geração para geração. Os italianos trouxeram a videira, produziram derivados, como sucos, doces, vinho e licores. A tecnologia adotada na época era rudimentar, familiar, passada de geração para geração. Os pomares eram na maioria domésticos. Não havia pomares comerciais implantados. A produção de vinho, principalmente, tinha baixa tecnologia em relação àquelas exigidas pelo mercado nacional e consumidor. A partir de um estudo de situação Emater (1998) verificou na Região a baixa remuneração por área cultivada de soja, milho e trigo, o abandono das culturas de subsistência e de produção de frutas. A transformação da agricultura, através da “revolução verde”, produziu uma mudança no ambiente, produziu o êxodo rural e o abandono de valores culturais, poluiu o ambiente, degradou áreas de preservação permanente, poluiu rios, solo e ar, introduziu o binômio trigo e soja e hoje a monocultura. Os agrotóxicos foram usados de forma desenfreada e sem responsabilidade social. Muitos defensivos, como o 2.4 D, foram utilizados generalizadamente, e isso produziu efeito devastador nos pomares de videiras. Os pomares foram aos poucos sendo abandonados. 43 Em 1992, inicia-se uma busca de recuperação da fruticultura, incentivando-se os produtores interessados. Alguns poucos produtores surgiram para iniciar a atividade, conscientes de que com a área pequena que possuíam não sobreviveriam com produção de grãos. Na viticultura, surge o produtor Claudio Valdir Vicentini, que adotou uma postura de observador. Na sua propriedade foi instalado um pomar de observação das variedades de mesa e para vinho, com o intuito de verificar seu desempenho na região, e pomar comercial de 1,0 ha para que, economicamente pudesse demonstrar a rentabilidade/ha. A propriedade também cultivou 1,0 ha de pêssego e 1,0 ha de laranja. Foram implantados em 2005 dois vinhedos para fins comerciais. Um de propriedade do Senhor Paulo Antonow e outro de propriedade do Senhor Aparício Domingues Mafalda. Os vinhedos são de 0,5 hectares. As variedades plantadas foram Isalel, Bordo, Niágaras e Cabernet Sauvignon. Outros vinhedos menores estão em fase de estudo. 4.1 Ações Trabalhadas pela Extensão: O papel da Extensão Rural exercida pela Emater/Ascar Santo Augusto foi explanar os prós e contras das novas culturas, incentivar os produtores interessados atravez da disponibilização de recursos financeiros junto a entidades bancarias para a implantação dos pomares, capacitação dos produtores e acesso a informações sobre as culturas, além de garantir mercado para os produtos. O projeto de vitivinicultura teve como mentalizador o Sr. Cláudio Valdir Vicentini com o auxilio da Emater/ Ascar Santo Augusto e Regional de Ijuí. A seguir, algumas das ações da Emater/Ascar: 44 a) Unidade de Observação: A escolha de um produtor, dedicado, esforçado, disposto a participar de capacitações, em busca de novos aprendizados, foi importante para esta atividade. Foi escolhido o Sr. Claudio Valdir Vicentini. Na Unidade de Observação foram introduzidas a maioria das variedades pesquisadas pela Embrapa Uva e Vinho, para mesa e viníferas, com objetivo de observar o comportamento, adaptação, produção e resistência as doenças. Este trabalho seria um norteador da recomendação para a região, quanto ao plantio, cuidados, variedades adaptadas, rendimentos e período de podas. Também, serviria como unidade para realizar Demonstração de Métodos- DM, através de dias de campo e, aos poucos, fazer a discussão da viabilidade, da sua importância, dos fatores limitadores da região, das potencialidades e das boas práticas de produção. b)Cursos de Capacitação: Foram realizados cursos teórico-práticos em julho de 2005, coordenado pelo Engenheiro Agrônomo e Assistente Técnico Regional da EMATER/ASCAR Regional de Ijuí Gilberto Pozzobon, e em outubro de 2005, coordenado pelo Engenheiro Agrônomo Gilberto Bortolini no CETREB – Centro de Treinamento de Bom Progresso, tendo como público alvo, técnicos e produtores, abordando a escolha do terreno, uso de barreira vegetal (quebravento), adubação e calagem, controle de formigas, uso de porta-enxerto, enxertia, enxertia verde, podas de formação e de frutificação, identificação econtrole de moléstias e pragas. c)Excursões: Técnicos e produtores realizaram excursões para as regiões produtoras do Estado, com o objetivo de visualizar, trocar experiências, aprender, observar e contatar com mercado. Tais realizações se deram, em setembro de 1996 em viagem para Pinto Bandeira; em dezembro de 1999 ao Vale dos Vinhedos e a 45 Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves, tendo o acompanhamento técnico dos Engenheiros Agrônomos responsáveis pela EMATER/ASCAR de Santo Augusto, Jandir Luiz Pedroni e Neuri Frozza. Em novembro de 2000 foram visitadas as cidades de Iraí e Sarandi e, em junho de 2004, as visitas foram realizadas às cidades de Antônio Prado e Farroupilha com o acompanhamento do Técnico Agrícola da EMATER/RS-ASCAR de Santo Augusto Sr. Romeu Rohde. d)Dias de Campo: Foram realizados dias de campo, ocasião de demonstração de práticas importantes como tratamento com caldas, oportunidades em que se produziu a calda bordalesa e sulfocálcica, poda seca e poda verde. Estes encontros para troca de experiências ocorreram na propriedade do Sr. Claudio Valdir Vicentini em abril e novembro de 2002, janeiro de 2003 e agosto de 2004, sob a coordenação do Técnico Agrícola da EMATER/ASCAR Santo Augusto, Sr. Romeu Rohde e do anfitrião. e)Formação de Comitê Municipal de Fruticultura: Técnicos, produtores e instituições municipais reuniram-se com o objetivo de discutir os problemas, apontar soluções, integrar o grupo de produtores para, a partir do envolvimento grupal, gerar o desenvolvimento local e regional. O Comitê reúne-se a cada dois meses e ou sempre que necessitar tomar decisões, discutir assuntos técnicos, da produção, da comercialização e da fabricação de vinhos, sucos, derivados da uva e de outras frutas. f) Implantação de vinhedos: Os produtores foram incentivados para implantarem novos vinhedos através da busca de recursos de investimentos, com projetos técnicos elaborados para ser utilizada a melhor tecnologia de plantio como o uso de 46 correção e conservação do solo, uso de quebra-ventos, de porta-enxertos de qualidade e de variedades viníferas, controle de pragas e moléstias, melhor sistema de condução e adequados tratos culturais, com a coordenação do ATR de Ijuí, Eng° Agrônomo Gilberto Pozzobon e o Técnico Romeu Rohde, com o apoio prático do vitivinicultor Claudio Valdir Vicentini e da então estagiária da EMATER/ASCAR Santo Augusto a acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia e também autora desta obra. g) Feiras: Com o comitê Municipal em plena atividade, surge a necessidade de comercializar frutas e derivados, organiza-se a Feira Municipal de Hortifrutigranjeiros, que inicia suas atividades no ano de 1993. Hoje, 30 agricultores produtores participam da feira dividida em dois grupos fornecendo frutas e verduras de qualidade de sua produção. h) Organização de Jantares: Incentivar o resgate das culturas locais foi o objetivo principal de reunir comunidades, discutir seus valores históricos e realizar ações comunitárias para valorizar o saber local. Foram organizados em localidades do interior do município o Jantar Italiano, Jantar do Peixe e o Jantar da Colônia, todos regados a vinho produzidos dentro do município de Santo Augusto. i) Elaboração de Vinho: A base do saber foi obtida junto a Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves, de vitivinicultores da região do Vale dos Vinhedos, de regiões vizinhas e da literaturas. Foram, entretanto, os anos de observação do comportamento tanto da uva quanto do vinho os que mais ensinaram e acabou por criar uma maneira diferenciada de se elaborar vinhos, sucos e derivados. 47 j) Fundação Vale do Rio Turvo Para o Desenvolvimento Sustentável FUNDATURVO/DS: É uma organização voltada para a promoção do desenvolvimento regional, e que trabalha com o objetivo de monitorar a região para usar instrumentos e tecnologias inovadoras, buscando soluções regionais para a educação profissional, a fruticultura e o desenvolvimento social. Através dela foram assinados vários convênios com instituições como: Ministério da Educação e Cultura - MEC, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério de Integração Nacional, Embrapa, Emater, Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária - Fepagro, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Unijuí, Universidade Federal de Pelotas - Ufpel e outros, para buscar a integração entre a pesquisa e o campo, bem como recursos econômicos para realizar o desenvolvimento com melhor educação, conhecimento, mais emprego, renda e inclusão social com melhor qualidade de vida para a população. l) Palestras: A Emater Regional, com sede em Ijuí, solicitada, promoveu duas palestras sobre vinificação, em processo artesanal, nos dias 04 e 05 de Janeiro de 2006, uma na cidade de Boa Vista do Cadeado e outra na cidade de Pejuçara. Foi realizada explanação abrangendo desde o plantio da videira até a estocagem do vinho, para um melhor entendimento dos agricultores produtores de uva e eleboradores de vinho e seus derivados. Essas palestras foram coordenadas pela então Assessora Técnica da Fundaturva/DS e autora desta obra, com o apoio do Eng° Agrônomo ATR de Agroindústria da EMATER/ASCAR Regional de Ijuí, Neimar Perin. 48 4.2 Dos Resultados do Projeto de Extensão Rural, Realizados no Escritório da EMATER de Santo Augusto Foram muitos os anos de luta até o primeiro cacho de uva de um pomar comercial ser colhido em solo santoaugustense. No princípio havia uma certa rejeição e, por que não dizer, uma certa desconfiança por parte de alguns agricultores. A grande maioria cresceu plantando e colhendo soja. Não era de fácil entendimento a troca de uma cultura por outra de práticas e manejos totalmente diferentes. A fruticultura “foi vista com outros olhos” a partir do momento em que o Sr Claudio Valdir Vicentini pôde desligar-se totalmente da cultura da soja, passando a sobreviver comercializando pêssego, laranja, uva e vinho. Hoje, em Santo Augusto, são 7,3 hectares de vinhedo de propriedade da Agropecuária Irmãos Polo, 0,5 hectare de propriedade de Paulo Antonow, 0,5 hectare de propriedade de Aparício Domingues Mafalda e 1,0 hectare de propriedade de Claudio Valdir Vicentini, que também é produtor de mudas, a partir de material obtido da Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves e reproduzido em pequena escala em estufa, e responsável pela enxertia dos vinhedos implantados. 49 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A mesma evolução que trouxe o progresso, trouxe consigo o desgaste da agricultura familiar. São tantas as tecnologias e tantas são as famílias que abandonam o campo para buscar na cidade o que a ‘’terra’’ já não pode dar mais.Uma realidade cruel que encontramos numa região que por “produzir“ muitas riquezas, foi batizada de Região Celeiro do estado do Rio Grande do Sul. A viticultura nasceu como alternativa para o desenvolvimento do município a partir do momento em que o projeto piloto de um agricultor obteve ótimos resultados. Embora a viticultura seja uma cultura de alto custo de implantação e de retorno não imediato, o que exige muita paciência e muita dedicação, bem ao contrário da soja, seu retorno é certo. A uva pode ser comercializada “in natura”, em forma de suco, vinagre vinho ou geléia, enquanto a soja não permite ao pequeno produtor a agregação de valores. Os resultados até agora apurados demonstram que os bons rendimentos proporcionados pela vitivinicultura são suficientes para considerá-la uma alternativa para o pequeno produtor que trabalha com mão-de-obra familiar. 50 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, E. Pobreza rural no Brasil: desafios da extensão e da pesquisa. Brasília: Codevasf, 1998. BICCA, E.F. Extensão rural: da pesquisa ao campo. Guaíba: Agropecuária, 1992. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Estudo de solos do município de Santo Augusto – RS. Pelotas – RS, 2004. BRASIL. Ministério da agricultura. Levantamento de reconhecimento dos solos do Estado do Rio Grande do Sul. Recife, 1973. CAETANO, J. O Processo educativo não-formal da extensão rural. Porto Alegre: EMATER/RS, 1994. CAPORAL, F. R. La extensión agraria del sector público ante los desafíos del desarrollo sostenible: el caso de Rio Grande do Sul, Brasil. 1998. 517p. Tese. (Doutorado) – Programa de Doctorado en Agroecología, Campesinado e Historia, ISEC-ETSIAN, Universidad de Córdoba, España. 54 CONSELHO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO DE SANTO AUGUSTO. Plano estratégico de desenvolvimento municipal de Santo Augusto/RS. Santo Augusto: COMUDESA, 2004. CONSELHOS MUNICIPAIS DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Plano estratégico de desenvolvimento da Região Noroeste do Rio Grande do Sul RS. Porto Alegre: EMATER, 1996. EMATER. Rio Grande do Sul. Diretrizes para ação de desenvolvimento rural na EMATER/RS. Porto Alegre: EMATER, 1998. EMATER. Rio Grande do Sul – ASCAR. Marco referencial para as ações sociais da EMATER/RS-ASCAR. Porto Alegre, 2002. 45p. FAGHERAZZI, O. J. (org). Extensão rural. (Apostila do Curso Acadêmico de Extensão Rural, CEFET-BG, II/06), Bento Gonçalves: Mimeo, 2005. GIOVANNINI, E. Produção de uvas para vinho, suco e mesa. Porto Alegre: Renascença, 2a edição, 2005. GIOVANNINI, E. Viticultura, gestão para a qualidade. Porto Alegre: Renascença, 2004. GIOVANNINI, E. Uva Agroecológica. Porto Alegre: Renascença, 2001. HIDALGO, L. Tratado de Viticultura General. Barcelona: Mundi-Prensa, 3a edição, 2002. 55 INSTITUTO DE PESQUISAS AGRONÔMICAS. Atlas agroclimático do RS. Porto Alegre: Editora Palotti, 1989. OLIVEIRA, O. Santo Augusto 1815/20 até 1940. Porto Alegre: Evanraf, 2000. OUGH, C.S. Tratado básico de enología. Zaragoza: Acribia, 1996. PEYNAUD, D. Enología prática: Conocimiento y elaboracion del “vino”. Madri: Mundi-Prensa RIBÉREAU-GAYON, J. et al. Tratado de enologia. Ciencias y tecnicas del vino. Buenos Aires: Hemísfério Sul, 1980. REVISTA DE AGRONEGÓCIOS DA FGV. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1944 – Mensal. ISSN 0100 – 4298. STRECK, V. Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Emater/RS; UFRGS, 2002. 56