Detectores do LHCb - 2009 Daniel Corrêa de Guamá Vinícius Franco Lima Introdução Múons estão presentes em muitos dos estágios finais dos decaimentos do méson B, e assim a detecção é vitalmente importante para o experimento LHCb. Localizado no final do detector, o sistema de múons compreende cinco estações retangulares, gradualmente ampliadas em tamanho e cobrindo uma área combinada de 435m² (~ o tamanho de uma quadra de basquete). Cada estação contém câmaras preenchidas com uma combinação de três gases: CO2, Ar e CF4. Os múons que passam reagem com esta mistura, e os fios de eletrodos detectam os resultados. No total, o sistema de múons contém cerca de 1400 câmaras e 2.5 milhões de fios (o suficiente para ligar Genebra à Madri). Detectores de Ionização Foram os primeiros dispositivos elétricos desenvolvidos para detectar radiação. São baseados na coleção direta de elétrons e íons de ionização produzidos num gás pela passagem da radiação. Devido a maior mobilidade de elétrons e íons, um gás é o melhor meio para a coleção de ionização. Consiste e um container com paredes condutoras uma janela fina ao fim. É preenchido com um gás apropriado, usualmente um gás nobre. Ao longo do seu eixo é suspenso um fio condutor no qual uma voltagem positiva (Vo) relativa às paredes é aplicada. Fig: Configuração básica de um detector à gás. Detectores de Ionização Se radiação penetra o container, um certo número de pares elétron-íon serão criados. O número médio de pares criados é proporcional à energia depositada no contador. Sob a ação do campo elétrico, os elétrons serão acelerados para o anodo e os íons para o catodo onde serão coletados. O sinal observado, entretanto, dependerá da intensidade do campo. Fig: Número de íons coletados pela voltagem aplicada em uma única câmara. Ionização e Fenômenos de Transporte • excitação Interação da radiação com a matéria • ionização • não depende do tipo da partícula e sim Número médio de pares criados do tipo do gás • para gases: ~ 1 par a cada 30eV de energia perdida • recombinação (devido à interação Coulombiana, Fenômenos interferentes emitindo um fóton) • anexação eletrônica (captura de e- livres por átomos eletronegativos) Transporte de e- e íons em Gases Movimento dos e- é descrito pela teoria cinética dos gases. Fenômenos de transporte • difusão (sem campo elétrico) • arrasto (com campo elétrico) Difusão: e- liberados pela passagem da radiação se difundem uniformemente para fora do ponto de interação. Ele sofre múltiplas colisões com moléculas do gás e perde energia até entrar em equilíbrio térmico com o mesmo e recombinar. A velocidade média das cargas, dada pela distribuição de Maxwell fica: v Obviamente, a velocidade média dos e- é maior que a dos íons. 8kT m Transporte de e- e íons em Gases Da teoria cinética, a distribuição linear das cargas depois de se difundir em um tempo t pode ser dada por: dN dx x2 N0 exp 4 Dt 4Dt O erro da propagação em x fica: ( x) 2Dt O coeficiente de difusão é um parâmetro que pode ser calculado da teoria cinética e pode-se mostrar ser: 1 D v 3 1 kT 2 1 Para um gás clássico ideal , então teremos: D 2 0 p 3 p 0 kT 3 m Transporte de e- e íons em Gases Arrasto e mobilidade: e- e íons libertados pela radiação são acelerados ao longo das linhas de campo. A aceleração é interrompida pelas colisões com moléculas do gás. A velocidade média alcançada é conhecida como velocidade de arrasto. Da teoria cinética, definimos a mobilidade de uma carga como: u E Para um gás ideal teremos: D kT e Fig: velocidades de arrasto de e- em várias misturas de gases como função do campo elétrico. Multiplicação Avalanche A multiplicação ocorre quando elétrons da ionização primária ganham do campo elétrico energia suficiente para também ionizar moléculas do gás. A repetição sucessiva do processo ocasiona uma avalanche. Se é o caminho livre médio, então 1 / é a probabilidade de ionização por unidade de comprimento. Se há n e- numa distância dx criar-se-ão dn novos e-: dn ndx n n0 expx O fator de multiplicação então será: M Fig: Formação da gota devido à maior mobilidade dos elétrons no gás. n expx n0 r2 Se (x) : M exp ( x)dx r1 A Câmara Proporcional Multifilar • A câmara proporcional multifilar foi desenvolvida por Charpak em 1968, no CERN. • Charpak mostrou que uma série de fios dentro de uma mesma câmara comportavam-se como uma série de câmaras monofilares proporcionais. Tomada de dados com as MWPC Sobreposição de planos de anodos nas direções x /y. Razão entre os sinais medidos. Método do centro de gravidade : Uso de sinais em vários anodos. O Sistema de Múons As câmaras de múons do LHCb foram projetadas com objetivo de trabalhar na reconstrução de eventos importantes que tem como estado final múons. Também é função dos sistema de múons fornecer dados para o trigger L0. Desafios do sistema de múons : •Fornecer dados sobre múons de alto momento transverso para o trigger. •Identificar claramente a passagem de bunches pelo detector. •Permitir que, na reconstrução offline, os múons sejam reconstruídos com uma eficiência superior à 90% com momentos a partir de 3GeV/c. O Sistema de Múons Organização do sistema de múons : • Estações. • Regiões. • Câmaras. • Pads Lógicos. Tipos de detectores MWPCs em todas as estações. Detectores do tipo GEM na estação M1 Região R1. O Sistema de Múons Regiões : São divisões entre as câmaras de uma mesma estação, visando ajustar a granularidade do detector à ocupância da região.R1 é a região mais próxima ao tubo do feixe e a que possui maior granularidade. O Sistema de Múons Câmaras Multifilares Proporcionais : As MWPCs do sistema de múons do LHCb variam em tamanho, forma e obtenção de sinais. As câmaras da M1 possuem dois intervalos, para minimizar a quantidade de material antes dos calorímetros enquanto todas as outras possuem 4. Informações sobre as MWPCs : • 1368 câmaras no total. • Espaçamento entre os fios de 2mm. (aprox. 3 milhões de fios) • Proporção da mistura de gás : Ar(40%),CO2(50%), CH4(10%). • Tensão de funcionamento : 2,7kV. • Ganho do gás : 105 O Sistema de Múons Pads Lógicos : Os Pads Lógicos representam a definição do detector naquela área. Cada Pad é ligado a um canal eletrônico independente, contudo o Pad pode considerar o sinal de uma área do catodo, do anodo ou de ambos, dependendo da região e da estação. Sinal do anodo → Região 4 de todas as estações. Sinal combinado →Regiões 1 e 2 das estações M1 e M2. Sinal do catodo → Todas as outras Regiões. O Sistema de Múons GEM (Gas Electron Multiplier) : Os detectores utilizados na região R1 da estação M1 possuem uma tecnologia diferente da aplicada com as MWPCs. Embora os detectores ainda se baseiem no processo de ionização, os GEM usam uma série de buracos da ordem de micrômetros para gerar as avalanches. Referências Bibliográficas Leo, W.R. – Techiniques for Nuclear and Particle Physics Experiments – 1993. The LHCb Collaboration – Muon System Technical Design Report - 2001. Polycarpo, E – Estudo da Sensibilidade do Experimento LHCb ao Decaimento Raro Bs->mu+um- e Contribuição ao Desenvolvimento do Sistema de Múons.- 2002. Blum, W.,Rolandi,L. –Particle Detection with Drift Chambers – 1993.