VIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar
AO
PO - 157
QUE NEGÓCIO É ESSE DE OPERAR? A ABORDAGEM GESTÁLTICA EM
GRUPO DE ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO
A CRIANÇAS EM PROCESSO CIRÚRGICO
Celita Almeida Rosario, Cristiane Ferreira Esch
Rio de Janeiro, UERJ
Introdução: O presente trabalho aborda a importância do acompanhamento psicológico a crianças em
processo cirúrgico utilizando como fundamento conceitos da abordagem gestáltica e estudos na área da
psicologia da saúde. A autora utilizou-se dos resultados obtidos em sua experiência como estagiária de
Psicologia no Grupo de Acolhimento a Pacientes Infantis em Processo Cirúrgico do Instituto Fernandes
Figueira/FioCruz, no período de 2007 à 2008. Este programa tem como objetivo criar estratégias de
intervenção que através do brincar possibilitem o acolhimento da criança, dos familiares e da equipe de
saúde do Instituto Fernandes Figueira durante o processo cirúrgico. No caso de pacientes infantis, além
do desconforto emocional, ansiedade, medo e angústia, encontra-se a dificuldade de enfrentar e lidar
com esta experiência, muitas vezes compreendida pela criança como uma punição (Broering, 2008). De
acordo com os conceitos da Gestalt-terapia, um bom programa de acompanhamento psicológico para a
cirurgia deve, além de informar e reduzir a ansiedade pré-cirúrgica, buscar abarcar toda a complexidade
desta vivência, compreendendo a criança como um ser total e considerando-se os diversos componentes
presentes nesta totalidade. Nesse sentido, esta intervenção visa à tomada de contato com a situação
vivida, oferecendo um espaço de expressão de sentimentos, possibilitando ajustamentos criativos e um
processo de internação e cirurgia menos traumático. Métodos: O grupo ocorria semanalmente por um
período médio de três horas, na sala de espera do ambulatório de cirurgia do Instituto, com pacientes
encaminhados por médicos ou por demanda espontânea da família do paciente. Participavam crianças
entre 3 e 11 anos, em investigação cirúrgica, pré-operatório, internação cirúrgica e pós-operatório. Era
estruturado a partir do seguinte roteiro: triagem, apresentação, contação de história, operação de bonecos,
visita à enfermaria de cirurgia e entrega de uma cartilha interativa com informações sobre a operação
em linguagem acessível e lúdica. Acompanhantes podiam observar seus filhos e tirar dúvidas com os
integrantes da equipe, composta por psicólogos, pedagogos e terapeutas ocupacionais. Semanalmente,
eram atendidas, em média, 20 crianças e suas respectivas famílias, representando um total de cerca
de 960 atendimentos anuais. Resultados: O trabalho possibilitou que as crianças entrassem em contato
com a situação cirúrgica, tornando-as mais aware de si, permitindo que expressassem seus medos e
fantasias, tornando-se mais autorizadas a questionarem sua doença, os procedimentos e até as relações
com membros da equipe de saúde. Apresentaram-se mais colaborativas durante as consultas e mais
seguras durante o período de internação, estabelecendo um vínculo de maior confiança com a equipe
de saúde. Conclusões: O grupo de acolhimento a crianças em processo cirúrgico pautado nos conceitos
da abordagem gestáltica pode ser considerado como uma estratégia positiva de intervenção. Criança e
família passaram, em geral, a sentir-se mais confiantes e a ter minimizada a angústia. A utilização do
brincar como facilitador do contato da criança com outras, consigo mesma e com a própria situação,
é capaz de transformar a relação da criança e sua família com o espaço hospitalar, fortalecendo a
autonomia e a segurança na instituição e contribuindo de maneira significativa para a humanização dos
atendimentos.
Palavras-chave: Cirurgia Infantil. Abordagem Gestáltica. Psicologia Hospitalar.
Email de contato: [email protected]
140
Download

157 – ao / que negócio é esse de operar?