O IDEB e a Copa Remi Castioni Professor da Faculdade de Educação da UnB. É secretário-geral da ADUnB Horas antes de o técnico Dunga mandar a campo a seleção brasileira que seria desclassificada pelo time holandês, o Brasil tomava conhecimento dos novos números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), resultado da Prova Brasil aplicada em outubro do ano passado. Um jogo de Copa do Mundo tem semelhanças com uma prova para medir conhecimentos e habilidades em determinada área do conhecimento. Se os alunos não atingem um resultado satisfatório seu time, no caso sua escola, terá seus objetivos comprometidos. Foi mais ou menos o que aconteceu com o time canarinho que teve de fazer as malas e regressar para casa. Porém, diferente do jogo em questão, o momento da realização da prova foi mais um no processo de aprendizagem de crianças e adolescentes nas quase 200 mil escolas do Brasil. Em algumas a preparação foi perfeita e o “jogo” foi totalmente controlado. Em outras, o resultado deixou a desejar. Por que isso aconteceu é que o ponto central da questão. O IDEB é um indicador precário, mede o índice de acertos em português e matemática controlado pelo fluxo escolar. Ou seja, se o tempo esperado para a conclusão de uma série for maior do que um ano, o resultado da prova, embora tendo o aluno acertando todos os itens, recebe uma penalização. Talvez pelo fato de ser precário e refletir apenas o rendimento e o fluxo é que ele se tornou importante, muito mais pelo efeito que proporciona do que pela nota alcançada. Diria que a grande questão não é a nota, mas porque escolas com alunos de um mesmo nível sócio econômico, numa mesma região geográfica, e cujos professores têm a mesma formação apresentam desempenho diferentes um dos outros. Esta a meu ver é o ponto que deve ser observado quando se analisam essas informações. Os dados revelam que em algumas escolas realmente houve uma preparação. Há casos em que a nota dobrou de uma avaliação para outra. O que aconteceu? Isso foi obra exemplar dos alunos que seguiram as instruções “dos técnicos” ou um amplo movimento que liderou mudanças significativas no espaço escolar. Eu ficaria com a segunda opção. Se a escola em questão simplesmente se preparou para que os alunos tivessem um desempenho excepcional nas notas, seguramente pouco acrescentou no papel que essa escola desempenha para os próprios alunos, para os professores, funcionários e principalmente para os pais desses alunos. O Ministro da Educação anunciou que em 2014 o Brasil pode alcançar as metas previstas e que foram fixadas para 2021. Ou seja, a média pode chegar a nota 6 até a próxima Copa e não daqui há três. Mas será que essa nota irá refletir na melhoria da qualidade da educação? Eu diria que a medida da qualidade deveria vir menos da embalagem e mais do conteúdo. Ela deveria ser um processo que, independente da nota, revelasse para a comunidade escolar que aquela escola está fazendo a diferença na vida do aluno, da sua comunidade e da sua família. Quanto ao futebol.... Deixemos para outra Copa.