CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES
NAS INDÚSTRIAS DA CONSTRUÇÃO E DO MOBILIÁRIO
RECONHECIDA NOS TERMOS DA LEGISLAÇÃO VIGENTE EM 16 DE SETEMBRO DE 2010
Estudo técnico – Edição nº 20 – dezembro de 2014
Organização: Maurício José Nunes Oliveira – Assessor econômico
CONTRICOM
R e c o n h e c i d a n o s t e r m o s d a l e g i s l a ç ã o v ig e n t e
e m 1 6 d e s e te m b r o d e 2 0 1 0
Os altos juros pagos pelo
Governo destroem a economia
brasileira e as políticas sociais
1 Neste ano de 2014, que ainda não terminou o Governo já
gastou R$ 298 bilhões com juros.
Esse dinheiro vem dos impostos pagos pela população
brasileira e ameaça o crescimento econômico do país e as
nossas políticas sociais.
ENTENDA O JURÔMETRO
1. O que pretende o Jurômetro Fiesp-Ciesp ao
mostrar os juros pagos pelo Governo Brasileiro?
O Jurômetro Fiesp-Ciesp é um instrumento para democratizar o
acesso às informações sobre o quanto o setor público paga de
juros pelo que toma emprestado.
O Jurômetro mostra ao público três coisas:
a) o quanto o governo paga de juros pela dívida que tem (juros
nominais pagos);
b) se o que o governo paga em juros é pouco ou muito (ranking
de taxas);
c) se o governo não pagasse tantos juros, o que poderia ser feito
em benefício dos cidadãos brasileiros.
2 2. Mas o Governo tem dívida?
Sim. Em setembro de 2011, segundo dados do Banco Central, a
dívida líquida do Governo Brasileiro (diferença entre o que o deve
e o que devem a ele), representava aproximadamente 37,2% do
PIB (Produto Interno Bruto) acumulado em 12 meses.
No passado, esse valor foi maior. Em setembro de 2002, por
exemplo, a Dívida Líquida do Setor Público – DLSP - atingiu
62,9% do PIB acumulado em 12 meses.
3. E por que o setor público se endivida?
Por vários motivos, uns bons, outros ruins. O setor público pode
contrair uma dívida para financiar um investimento para o qual
não tem recursos no momento, mas que supõe que gerará, no
futuro, recursos suficientes para arcar com a amortização da
dívida e com o pagamento dos juros.
É como quando você pega dinheiro emprestado, contando que, lá
na frente, vai conseguir pagar a dívida, com juros e tudo. Ao
tomar recursos da sociedade, o setor público deve ter em mente
que os investimentos que faz geram empregos e renda (salários e
lucros), o que aumenta a arrecadação de impostos.
Essa arrecadação é que cobre as despesas com a amortização
do principal da dívida e o pagamento dos juros.
O setor público também pode se endividar quando, por
descontrole, gasta mais do que arrecada. Nesse caso, o estoque
da dívida é mero acúmulo de déficits nominais passados.
4. Por que o setor público paga juros por sua
dívida? Não poderia ser uma dívida sem juros?
Não. O setor público precisa de dinheiro emprestado e, para isso,
paga juros, como todo mundo.
Assim as pessoas físicas ou jurídicas são estimuladas a lhe
emprestar parte do que poupam.
5. Quanto o setor público paga de juros?
Considerando os últimos 12 meses até setembro de 2011,
segundo dados do Banco Central, o setor público pagou cerca de
5,8% do PIB (Produto Interno Bruto) em juros.
3 Esse valor depende de dois fatores: do estoque da Dívida Líquida
do Setor Público – DLSP –, que já vimos anteriormente, e da taxa
média de juros paga por ela.
Essa taxa, representada pela taxa de juros implícita acumulada
em 12 meses, estava em 16,7% ao ano, em setembro último. Já
em setembro de 2003, essa taxa era de 19,6% ao ano.
6. O Setor Público paga muito ou pouco em juros?
Para saber se é muito ou pouco, vamos comparar o que o
governo brasileiro paga com o que é pago por outros países.
Por exemplo, os títulos públicos brasileiros de três meses
pagavam juros de 12,0% ao ano em agosto de 2011.
Títulos públicos mexicanos semelhantes pagavam juros de 4,2%
ao ano no mesmo período. Descontada a inflação, essas taxas de
juros seriam respectivamente de 4,4% e 2,0% ao ano.
7. Quais são as conseqüências do pagamento de
juros altos?
Ao pagar juros altos, o setor público usa recursos que poderiam
ser utilizados para produzir bens, oferecer, melhorar e ampliar os
serviços públicos.
Por exemplo, entre 1º de janeiro e 30 de setembro de 2011, o
setor público gastou R$ 177,5 bilhões em juros. Com esse
dinheiro seria possível construir 192 mil escolas modelo.
4 Manifesto
MOVIMENTO POR UM BRASIL COM JUROS BAIXOS: MAIS
EMPREGOS E MAIOR PRODUÇÃO
O Brasil é um caso único na história econômica de prática de taxa de
juros reais de dois dígitos por 16 anos seguidos, de 1991 a 2006. Por
conta disso, quando a economia mundial crescia 4,5% e os emergentes
entre 7% e 8% ao ano, nosso crescimento ficava na média de 3%.
No final de 2008, com a crise econômica que se abateu sobre o mundo,
os países centrais logo reduziram as taxas de juros para próximo de
zero, o Brasil, que estava no início de um processo de aumento de juros
após ter atingido o mínimo de 11,25%, agiu na contramão do mundo e
manteve a taxa em 13,75% a.a. O BC só foi reduzir a taxa em janeiro, 4
meses depois da crise abater sobre o mundo trazendo uma contração na
produção industrial brasileira de mais de 20%.
Um país como o Brasil, com urgente necessidade de crescer e se
desenvolver, não pode se dar ao luxo de transferir enormes volumes de
capital na forma de renda improdutiva. Capitais especulativos afluem ao
nosso sistema financeiro buscando rentabilidade que nenhum outro país
oferece. Cerca de 36% do Orçamento Geral da União são destinados ao
pagamento de encargos da dívida, recursos estes que poderiam atender
as enormes carências de infraestrutura, saúde, transporte,
telecomunicações, educação, saneamento etc.
Os altos juros não consomem apenas recursos públicos, pelo contrário,
espalham para toda a economia o alto custo do crédito fomentando o
comportamento rentista e improdutivo, corroendo o poder de compra das
famílias e drenando recursos do setor produtivo.
A crise de 2008/9 não passou. Europa, Estados Unidos e Japão são
testemunhas de que ainda não se encontrou, sequer, um caminho de
consenso que faça a atividade econômica retornar ao curso normal.
5 Mesmo a China, responsável pelo crescimento da economia mundial nos
últimos anos, está reduzindo seu ritmo de atividade.
Com o cenário internacional precário e incerto, a redução dos preços das
commodities e com uma projeção de crescimento do PIB em torno de
3,5%, não há porque temer a inflação. Além disso, com o aumento das
metas fiscais, o governo sinaliza para um déficit nominal zero, alterando
as expectativas futuras dos agentes econômicos, abrindo mais uma
oportunidade de redução das taxas de juros.
Dado o quadro de incertezas que nos cerca, passou da hora de
caminharmos para taxas de juros mais próximas ao padrão internacional.
Menor taxa de juros implica em menor entrada de capitais especulativos,
câmbio mais realista e competitivo, redução do custo de oportunidade do
capital, maior equilíbrio das contas públicas e maior renda para as
famílias.
O COPOM, em sua última reunião em 31 de agosto, iniciou processo de
redução da taxa de juros SELIC. Acreditamos que reduções adicionais
dos juros darão ao país a oportunidade de iniciar um movimento de
combate à crise, apoiado na maior competitividade de nossas
exportações e no dinamismo de nosso mercado interno. Assim, a
redução da taxa de básica de juros aliada a uma política industrial ativa e
realista é fundamental para preservarmos postos de trabalho e
continuarmos a crescer com mais emprego e renda.
E é na defesa da redução dos juros, que lançamos este Movimento por
um Brasil com juros baixos, que articulando trabalhadores, empresários e
intelectuais tem o firme propósito de contribuir com o governo e com
outros setores da sociedade na defesa de um Brasil com maior
crescimento e oportunidades para a sua população.
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Estudo técnico – Edição nº 20