CARTA DO GESTOR Out / Nov 2013 Prezado investidor, O mês de outubro foi o quarto mês positivo do Ibovespa, desta vez com elevação de 3,66%. O acumulado no ano até o final do mês ainda ficou perto de 11% negativo, colocando a bolsa brasileira entre as de pior desempenho no planeta, mas já distante dos quase 25% negativos atingidos em junho. Nosso portfólio acumulou alta de 5,25% no mês. Em termos de indicadores econômicos não houve nenhum dado que possa ser considerado impactante. Observamos indicadores de inflação ainda elevados, mas abaixo de 6% ao ano; vimos mais uma desaceleração no mercado de trabalho, mas com geração positiva de empregos; observamos um crescimento em agosto de 1,32% para o PIB, abaixo das expectativas. Houve nova elevação na taxa SELIC, em linha com as expectativas do mercado de 0,5%, para 9,5%. As vendas de automóveis continuaram fortes em outubro, indicando produção anualizada em torno de 3,5 milhões de unidades. A taxa de inadimplência referente ao mês de setembro caiu novamente atingindo 7%, vinda de um pico de 8,2% há um ano. O Real teve pequena desvalorização no mês, depois de forte apreciação no trimestre. Em outubro o IBOVESPA pôde ainda se despedir, finalmente, das ações da OGX após o pedido de recuperação judicial feito pela empresa nos últimos dias do mês. Aqui é importante destacar que o mercado que chegou a avaliar a empresa em quase USD 40 bilhões, mesmo antes da produção de uma única gota de óleo, foi frustrado com as dificuldades operacionais no campo de Tubarão Azul e que será desativado em 2014. Alguns especialistas trabalhavam com produção diária de mais de cem mil barris por dia foram sendo obrigados a revisitar seus modelos e chegaram tardiamente à conclusão que haveria uma impossibilidade de honrar os compromissos financeiros dos títulos de dívida da empresa e ainda arcar com investimentos para o desenvolvimento de outros campos. Isso sem levar em conta a crise de confiança que afetou as demais empresas do grupo, onde havia muita parte relacionada. Foi o maior evento de default privado na América Latina. Boa parte dos efeitos negativos deste calote já haviam sido, entretanto, absorvidos pelos mercados ao longo deste ano, quando o grupo X começou a agonizar. Aparentemente os principais bancos privados conseguiram diminuir bastante as suas exposições em ativos do grupo, através da venda de participações ou de colaterais ou ainda de garantias exigidas, e trouxeram as perdas para níveis que não comprometerão suas saúdes financeiras, nem as sistêmicas. Provavelmente os bancos públicos serão os maiores perdedores nesta história juntamente com alguns grandes fundos estrangeiros que detinham a maior parte dos bonds da empresa e devem assumir seu controle após a renegociação dos termos desta dívida. O IBOVESPA deverá com a saída da OGX, que chegou a ser a terceira maior participação do índice no início do mês, ter sua volatilidade reduzida. PORTFOLIO Destacamos ainda a melhora significativa nos resultados reportados por diversas empresas referentes ao terceiro trimestre do ano. Os destaques se deram principalmente em empresas do setor de transformação como as siderúrgicas, que apresentaram recuperação de margens e lucro líquido, e no setor petroquímico, cujo destaque foi a Braskem a qual apresentou geração de caixa operacional recorde, mesmo com uma parada não programada por problemas de abastecimento de energia no Nordeste. Creditamos estes bons desempenhos à combinação entre um mercado doméstico que se recupera permitindo algum poder de preço às empresas neste novo patamar de taxa de câmbio, além das medidas de desoneração tributária promovidas desde o final do ano passado pelo governo. Outro destaque foi o bom resultado da Vale. Os preços do minério de ferro têm se mantido acima dos USD 130 ao longo do trimestre e, em reais, estão muito próximos do recorde histórico. Acreditamos que os mercados terão que revisar as projeções futuras de preços para cima em face ao melhor desempenho da economia chinesa e europeia. Junto com o mercado se apresentando melhor, a Vale segue mostrando grande disciplina tanto na redução de custos quanto no foco dos investimentos em projetos para minério e ferro, mais rentáveis, além de projetos pontuais em cobre e níquel. A Vale também tem anunciado venda de ativos, entre os quais ativos em logística e alumínio. Ainda esperamos para o final do mês de novembro o acordo entre a empresa e o governo relacionado à diversas disputas tributárias num passivo potencial que poderia chegar até R$ 50 bilhões, principalmente relacionado a tributação de empresas coligadas no exterior, mas que acreditamos que seja reduzido severamente com isenção total das multas e alongamento dos prazos 1 Para mais informações: Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1.726 – 9º andar | São Paulo - CEP: 04543-000 | Tel.: 55 (11) 3078-1058 | www.gtinvest.com.br CARTA DO GESTOR Out / Nov 2013 para pagamento em até 15 anos. Neste caso o governo parece muito interessado em ganhar receitas para melhorar o lado fiscal e estes processos poderiam levar anos até que a justiça brasileira chegue a um veredito final. Por isso, nosso entendimento de que a empresa teria em suas mãos a possibilidade de negociar as causas com maior probabilidade de perdas e seguir na justiça com aquelas onde há o entendimento de que o mérito lhe é favorável. Acreditamos que se os valores finais forem reduzidos para até R$ 25 bilhões e a serem pagos em até 15 anos, a reação de mercado deverá ser positiva. No caso da Petrobrás os resultados foram fracos, novamente pelo grande prejuízo causado pela conta de abastecimento, onde quase um sexto do óleo vendido pela empresa foi importado a um valor quase 15% superior ao preço de venda. Ao longo do mês, entretanto, o diferencial de preços que chegou a 25% nos piores momentos chegou a perto de 5%, com a queda do dólar e do óleo no mercado externo. O lado positivo é que após forte desencontro de posições entre o ministro da Fazenda, e presidente do conselho da Petrobrás, e a presidente da empresa aparentemente e para o bem da Petrobrás a última parece ter sido a vencedora e a empresa deverá apresentar uma nova metodologia de preços objetivando repassar em períodos mais curtos este diferencial de preços para os consumidores. Seria inteligente o governo implementar o quanto antes esta nova política para não prejudicar o rating da empresa ao longo dos próximos meses. As perspectivas para a Petrobrás em termos operacionais são bastante promissoras para o futuro e acreditamos que voltaremos em breve a ver crescimento na produção pela entrada de novos campos em operação. Por fim, percebemos que o humor dos investidores ainda piora enquanto percebemos nas empresas dos mais diversos setores inflexão nos seus resultados. Acreditamos num cenário construtivo. Ainda teremos juros nominais elevados por um período mais longo, mas em compensação o Real deve permanecer mais fraco devolvendo alguma competitividade às empresas. No pano de fundo temos um cenário político préeleitoral, onde a reeleição da atual presidente é dada como certa, mas que qualquer cenário alternativo envolvendo os três principais nomes na disputa deverá ser muito positivo para os mercados de risco, em particular a bolsa. As últimas pesquisas indicam um empate técnico entre Dilma e os demais candidatos somados, o que levaria o pleito ao segundo turno. Lembramos que os candidatos de oposição ainda são pouco conhecidos do público nacional, enquanto a presidente tem utilizado com bastante intensidade a exposição que o cargo lhe propicia. Parece-nos que a baixa alocação em ações nos indica que poucos compartilham deste cenário alternativo, mas a história recente do Brasil mostra-nos que muita água ainda deve rolar nos próximos meses. Atenciosamente, André Gordon 2 Para mais informações: Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1.726 – 9º andar | São Paulo - CEP: 04543-000 | Tel.: 55 (11) 3078-1058 | www.gtinvest.com.br