Noroeste paulista é sede da APAMAGIS Barra Bonita sedia Encontro Regional de Bauru, último dos realizados pela Diretoria de Interiorização no biênio 2008/2009. PÁGINAS 6 a 8 Tribuna da Magistratura Informativo da Associação Paulista de Magistrados Ano XVIII - Número 184 - Outubro de 2009 XX Congresso Brasileiro de Magistrados Magistrados do Concurso 179 são vitaliciados Violência doméstica: Congresso Internacional na APAMAGIS Capital paulista recebe Magistrados de todo Brasil Juízes comemoram importante estágio da Brasil e Canadá são conectados no I Simpósio para discutir Gestão e Democracia no Judiciário. Carreira. Virtual, realizado por videoconferência. PÁGINAS 16 a 18 PÁGINA 4 PÁGINAS 14 e 15 Opinião Indagações que necessitam resposta imediata Colegas, do suas dificuldades. Imaginem então se as desconhecesse. A verHá muitos anos venho insistindo com alguns Juízes e Desemdade é que ou somos covardes, o que não posso admitir, ou somos bargadores no sentido de não mais nos submetermos ao sistema ingênuos demais para acreditar na boa vontade do Executivo, o que de fragilização do Judiciário Bandeirante, que nos é impingido por não posso aceitar. S. Exa. o Governador Serra, secundado pelos Secretários das PasNossos colegas mais jovens, de Primeira Instância, tiveram tas da Justiça, do Planejamento e da Fazenda. enorme prejuízo com a recente decisão do CNJ cortando indeniNão entendo a razão pela qual o Tribunal de Justiça não inzação por férias que deveriam ter sido gozadas, mas não o foram gressa no Colendo Supremo Tribunal Federal com mandado de por absoluta necessidade do serviço público. Como procedeu o segurança ou ação civil originária, a exemplo do que já ocorreu TJ/SP? Aceitou candidamente isso e houve necessidade de que a com Tocantins e Rio Grande do Sul, para que não se efetivassem APAMAGIS impetrasse mandado de segurança.Será que a cúpula do mais cortes no orçamento. Será que temos, sem sabermos, alguma TJ/SP desconhece as desventuras desses colegas, muitos dos quais espada de Dâmocles sobre as cabeças, a nos impedir de fazer valer haviam comprometido o recebimento da indenização das férias nossas mais que justas reivindicações? com aquisição da casa própria? Tenho acompanhado as ações da Comissão de Orçamento do Os colegas de Primeira Instância não possuem um assistenA verdade é que Tribunal de Justiça e sei que se elaborou, com critério e absoluta te sequer. Enquanto isso, há poucos dias o Ministério Públiou somos covardes, atenção aos princípios da responsabilidade fiscal, a proposta orçaco conseguiu criação de 900 cargos na Assembléia Legislativa. o que não posso mentária para 2010, ocorrendo, contudo, que novamente tomaComo se explica isso? E o que dizer do descaso com que são admitir, ou somos mos um corte de cerca de 40%, sendo o Judiciário contemplado tratados nossos funcionários, que são o maior patrimônio que ingênuos demais com pouco mais de 200 milhões em relação ao orçamento deste o Judiciário possui? É simples dizer a quem não tem aumento, para acreditar na ano, o que sequer cobre o aumento vegetativo da folha de paganem recebe férias, que o problema é falta de dinheiro. É fácil boa vontade do mento. Por mais que me esforce em imaginar o que ocorre para dizer a quem não tem plano de carreira que a culpa disso é do Executivo, o que não que o TJ não vá ao STF corrigir essa distorção, não consigo imagiExecutivo ou do Legislativo. Onde, contudo, está nosso esforço posso aceitar. nar a razão pela qual não se faz isso. para tornar isso realidade? Será que nos é conveniente ficar sempre à mercê da vontade Ficaremos eternamente nos humilhando, procurando através do Governador, ao buscarmos as suplementações orçamentárias da negociação política algo que nunca nos será dado, simplesmente que são indispensáveis? Não é melhor lutarmos para que o nosso orçamento seja fixaporque ao Executivo não interessa um Judiciário forte e independente? Com o recente do todo ano em 6% do orçamento global do Estado? aumento que tiveram os funcionários da Justiça Federal e com notícias de que serão Até quando faremos reverência a quem só nos prejudica, chegando a ponto de feitos concursos abrindo 11.000 novas vagas, não é de se acreditar que haverá uma reclamar que no nosso Judiciário só se pensa em trocar frota de carros, como li recendebandada dos melhores funcionários? temente no Estadão, ou que só gastamos com vencimentos? E o que dizer do episódio Sinceramente, eu gostaria que alguém me pudesse explicar, de forma convincente, em que o nosso 2º Vice-Presidente, Des. Roque Mesquita, foi destratado publicaporque nada se faz para acabar com essa situação de escárnio e humilhação a que somente na Sede Social, em jantar de confraternização promovido em homenagem ao mos submetidos desde muitos anos. Temos algum rabo preso com o Executivo para Presidente da Câmara dos Deputados? não buscarmos judicialmente os recursos financeiros necessários às nossas vicissituE a nossa Lei de Custas? Sabemos que há projeto na Augusta Assembléia Legislativa des? Se não temos, porque não ingressamos com as ações necessárias no STF? Porque do Estado, mas o que se faz a respeito? Aliás, a liminar que foi concedida ao Governo não procuramos apoio no CNJ, explicitando efetivamente a nossa dura realidade? do Estado, em 2005, contra Resolução do então Presidente do TJ/SP, Des. Tâmbara, Peço escusa por mais esse desabafo, mas estou realmente cansado de perceber em ação de inconstitucionalidade, estava fincada na “surpresa” em que o Executivo que somos um mero apêndice de outros Poderes, especialmente quanto a essa torfora apanhado, dada a vigência da Emenda Constitucional 45/05, só que já se passaram mentosa e inexorável questão da nossa penúria orçamentária. mais quatro anos e não se vê julgamento do mérito. Que faz a respeito o TJ/SP? E ainda vêm com Meta 2. Esperem pelas 3, 4, 5, 6... E a nossa Lei de Plano de Carreiras? Tudo estava encaminhado, devidamente cosQuosque tandem??? turado politicamente, inclusive com o Exmo. Sr. Governador do Estado e, na hora da votação, sabe-se que veio do Palácio dos Bandeirantes ordem para que o projeto não Sidney Romano dos Reis fosse votado. E isso é porque o Executivo diz que respeita o Judiciário, compreendenDesembargador da 6ª Câmara de Direito Público ([email protected]) Conselho Consultivo Afinal, o que é eficiência? É dever da Administração Pública ser eficiente. Foi o recado constituinte enfatizado dez anos depois de promulgada a Constituição Cidadã. Além dos princípios gerais clássicos - legalidade, impessoalidade, moralidade - o formulador do pacto inseriu na Carta da República o comando da eficiência. Dizem que pensou no Judiciário que ainda não havia feito sua “lição de casa”. O que significa “eficiência” para o Poder Judiciário? A eficiência é a qualidade de algo produzir o resultado para o qual foi preordenado. A função da Justiça é solucionar controvérsias, mediante a operação de fazer incidir a vontade concreta da lei sobre o caso posto sob sua apreciação. Ocorre que o processo, que já foi chamado de “direito adjetivo”, investiu muito em sua autonomia científica. Tornou-se mais relevante do que o próprio “direito substantivo”, ou aquilo que em regra é o cerne da demanda. O excessivo formalismo é uma das causas da disfunção do serviço público posto à disposição da cidadania e da sociedade para resolver litígios. Outra causa é a pretensão ao absoluto que em regra acomete o julgador. As decisões passam a abrigar sofisticada erudição e deman- 2 | Associação Paulista de Magistrados Quando o povo pede eficiência ao Judiciário, ele está a dizer que mantém sua confiança na Justiça, mas ela precisa adotar estratégias de otimização. Precisa acompanhar o ritmo da sociedade que se viu imersa na volúpia da velocidade e não vai se desacostumar da aceleração. dam longas horas de estudo e elaboração. Quando o povo pede eficiência ao Judiciário, ele está a dizer que mantém sua confiança na Justiça, mas ela precisa adotar estratégias de otimização. Precisa acompanhar o ritmo da sociedade que se viu imersa na volúpia da velocidade e não vai se desacostumar da aceleração. Tudo se transformou, as comunicações são instantâneas, a cada ano do século XXI o avanço tecnológico e científico equivale a décadas nas centúrias passadas. O Judiciário foi chamado a ingressar na contemporaneidade e as lamúrias já não sensibilizam aquele que é o destinatário de seus préstimos. Sobretudo porque existem quatro prolongados degraus na jurisdição brasileira, cujo percurso costuma representar uma duração do processo bem distanciada da razoabilidade prometida. Toda criatividade no sentido de responder a este anseio será muito bem recebida. José Renato Nalini Desembargador e Membro do Conselho Consultivo Palavra do Presidente Fazendo Justiça É enorme o grau de dificuldade imposto ao Magistrado em seu cotidiano, que tem em suas mãos uma das missões mais importantes para a democracia. Afinal, sem Juízes, as leis são apenas expectativas de direitos; palavras despidas de força e, portanto, sem significação. Compreender que fazer Justiça é muito mais do que um ato isolado do Magistrado é essencial para obter um país mais justo. Nesse sentido, foi extremamente oportuno abrigar em São Paulo o XX Congresso Brasileiro de Magistrados. E o próprio tema encerra o caminho mais sólido para a transformação da Justiça: gestão democrática do Poder Judiciário. Para os céticos na eficácia das ferramentas, podemos nos valer do exemplo da APAMAGIS como emblema para as conquistas que podem ser obtidas quando se investe verdadeiramente em gestão e democracia. E melhor ainda, quando esses conceitos se completam. Em seus 56 anos de história, a entidade foi se solidificando e obteve conquistas verdadeiramente memoráveis. Nos últimos quatro anos, todo o esforço foi voltado para gestão e democracia. Um dos pilares do trabalho foi o de ouvir atentamente o associado, afinal quem verdadeiramente conhece os obstáculos é aquele que lida com o problema no cotidiano. Assim, percorremos todo o Estado de São Paulo, num movimento destinado a obter dados e possíveis soluções. As visitas realizadas nos propiciaram uma visão diferenciada da realidade experimentada pelo Magistrado. Vivenciamos suas agruras e seus desafios para vencer os obstáculos que pareciam intransponíveis. Com todas as preciosas informações amealhadas, precisávamos eleger prioridades e tomar decisões. A despeito de legitimados para nos desincumbirmos da missão, optamos em investir em democracia: realizamos os Encontros de Coordenadores. Os reclamos da Carreira foram sistematizados, exaustivamente debatidos e as possíveis soluções foram elencadas. A seguir, as estratégias foram votadas e se consolidaram em documentos públicos, as Cartas dos Encontros de Coordenadores, e se revelaram diretrizes obrigatórias da Diretoria Executiva. Os resultados não poderiam ser mais alentadores. Vencemos inúmeros obstáculos, nos planos internos e externos. A entidade se revigorou no âmbito administrativo, obtendo seguidos superávits. Pudemos fazer mais, com menos recursos. Houve, inclusive, espaço para investir em mais democratização, ao dotar as Diretorias do Interior de verbas próprias para a realização de eventos culturais e de confraternização. Se pudéssemos escolher um vocábulo para condensar todas as conquistas obtidas por meio da gestão democrática da APAMAGIS, ele seria seguramente a palavra participação. Sem a participação dos associados nada seria possível. E ainda mais alentador é observar que se alcança um recorde histórico: mais de 3.000 associados. Prova inequívoca de que investir em gestão e democracia é êxito certo. A missão agora é transportar essa fórmula de sucesso para o Judiciário brasileiro. Conhecendo os Magistrados é possível vaticinar que, a despeito das enormes dificuldades, a meta será superada. É assim que os Magistrados prosseguirão “fazendo Justiça”. des. Henrique Nelson calandra Presidente da APAMAGIS ([email protected]) “um dos pilares do nosso trabalho foi o de ouvir atentamente o associado, afinal quem verdadeiramente conhece os obstáculos é aquele que lida com o problema no cotidiano. Assim, percorremos todo o Estado de São Paulo, num movimento destinado a obter dados e possíveis soluções. As visitas realizadas nos propiciaram uma visão diferenciada da realidade experimentada pelo magistrado. Vivenciamos suas agruras e seus desafios para vencer os obstáculos que pareciam intransponíveis”. tribuna da magistratura Publicação da Associação Paulista de Magistrados Ano XVIII - nº 184 R. Tabatinguera, 140 - sobreloja CEP: 01020-901 - São Paulo - SP Telefone: (11) 3292-2200 Fax: (11) 3292-2209 tiragem: 4.000 exemplares APAmAGIS [email protected] Presidência [email protected] Secretaria [email protected] Imprensa [email protected] convênios [email protected] Informática [email protected] Site www.apamagis.com.br diRetoRiA eXeCutivA Presidente Henrique Nelson Calandra 1º Vice-Presidente Paulo Dimas de Bellis Mascaretti 2º Vice-Presidente Roque Antonio Mesquita de Oliveira diretor Secretário Fernando Figueiredo Bartoletti diretor Adjunto Secretário Ana Paula Sampaio de Q. Bandeira Lins Luis Antonio Vasconcellos Boselli diretor Financeiro Irineu Jorge Fava diretor Adjunto Financeiro Elcio Trujillo comuNIcAçõES E ImPRENSA diretor de comunicações e diretor-Adjunto de Imprensa Ítalo Morelle diretor de Imprensa e diretorAdjunto de comunicações José Elias Themer Jornalista Responsável Adriana Brunelli (MTB 33.183) coordenação Geral Luciano Ayres Redação Karin Hetschko e Jessamy Kisberi Edição, Revisão, Projeto Gráfico e diagramação AyresPP Comunicação e Marketing Estratégico Tel: (19) 3232.6823 “Se pudéssemos escolher um vocábulo para condensar todas as conquistas obtidas por meio da gestão democrática da APAmAGIS, ele seria seguramente a palavra participação. Sem a participação dos associados nada seria possível. E ainda mais alentador é observar que se alcança um recorde histórico: mais de 3.000 associados. Prova inequívoca de que investir em gestão e democracia é êxito certo”. fotos AyresPP ConSelHo editoRiAl Aloísio de Toledo César Ana Paula Sampaio de Queiroz Bandeira Lins Antonio Ernesto de Bittencourt Rodrigues José Carlos Ferreira Alves Marcello do Amaral Perino Sebastião Luiz Amorim Silvio Marques Neto ColABoRAdoReS Todos os artigos assinados neste jornal são de responsabilidade exclusiva de seus autores. Associação Paulista de Magistrados | 3 Carreira TJ/SP | Magistrados do 179º Concurso de Ingresso na Magistratura são vitaliciados Importância da contínua reciclagem e alinhamento da emoção à razão dão tom a solenidade. | Judiciário de São Paulo conta com mais 86 Magistrados Vitalícios Foi realizada no Palácio da Justiça, no dia 23 de outubro, a cerimônia de vitaliciamento dos 86 Juízes aprovados no 179º Concurso de Ingresso na Magistratura. Na ocasião, o Vice-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Des. Antonio Carlos Munhoz Soares, presidiu a cerimônia, representando o Presidente, Des. Roberto Antonio Vallim Bellocchi. Ao lado do Vice-Presidente da Corte Paulista estavam perfilados os Membros da Comissão do 179º Concurso de Ingresso na Magistratura: Desembargadores Ruy Pereira Camilo (Presidente), Maurício da Costa Carvalho Vidigal, Roberto Soares Lima, José Damião Pinheiro Machado Cogan e o representante da Ordem dos Advogados do Brasil, Erickson Gavazza Marques, hoje também Desembargador. Seguindo a tradição da cerimônia de vitaliciamento, o Juiz Sandro Cavalcanti Rollo fez o juramento em nome dos demais Colegas. Em seguida, o Des. Maurício da Costa Carvalho Vidigal, membro da comissão examinadora do 179º Concurso, proferiu discurso aos pupilos. “Vocês têm o dever somente de semear Justiça e, mesmo que não seja pelo país, pela sociedade e por si próprios, mas pelos que os amam” salientou o Ma- 4 | Associação Paulista de Magistrados gistrado, que ainda citou a fábula do Juiz versus o computador. Ao mencioná-la, o Desembargador mostrou aos vitaliciados que “essa fábula foi criada para mostrar que as virtudes de um e de outro devem caminhar juntas em um julgamento: certeza matemática [raciocínio das máquinas] e lágrimas [emoção do Magistrado]”. Em nome da subsecção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), falou o Advogado Paulo Hamilton Siqueira Júnior: “A sociedade não espera que o Juiz seja um super-herói, mas sem dúvida não é um homem comum. A Justiça para ser eficiente precisa de sacerdotes, e estes são os Juízes. E o bom Juiz é aquele que atua com honestidade intelectual”, garantiu o Advogado. Ao encerrar a cerimônia, o Desembargador Munhoz Soares disse aos vitaliciados, após felicitá-los, para não se esquecerem da necessidade contínua de reciclagem na Carreira. “As verdades essenciais permanecem, são perenes. O seu compromisso hoje, ouvido por todos nós, é uma verdade essencial. Não se esqueçam jamais desse compromisso. As portas do Tribunal de Justiça estarão sempre abertas a todos os senhores”, finalizou. “A sociedade não espera que o Juiz seja um superherói, mas sem dúvida não é um homem comum. A Justiça para ser eficiente precisa de sacerdotes, e estes são os Juízes.” Paulo Hamilton Siqueira Júnior Festa de Vitaliciamento Após a cerimônia no TJ/SP, muitos Magistrados vitaliciados e familiares se encaminharam à Sede Social da APAMAGIS, onde foi oferecida uma festa de vitaliciamento. Na oportunidade, compareceram ainda à celebração o 1º Vice-Presidente da APAMAGIS, Des. Paulo Dimas, o 2º Vice-Presidente, Des. Roque Mesquita, que também esteve presente à cerimônia do Palácio da Justiça, o Diretor Secretário da APAMAGIS, Juiz Fernando Bartoletti, o Vice-Presidente do TJ/SP, Des. Munhoz Soares e os integrantes da Comissão do 179º Concurso de Ingresso na Magistratura. | Des. Munhoz Soares presidiu a solenidade de vitaliciamento TJ/SP | José Luiz Mônaco da Silva é o novo Desembargador do TJ/SP Presidente e orador da solenidade também ascenderam à Corte Paulista pelo quinto constitucional O Procurador de Justiça José Luiz Mônaco da Silva é o novo Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. O Magistrado foi nomeado pelo governador José Serra em 11 de setembro e chega ao Tribunal pelo quinto constitucional. A cerimônia de posse aconteceu no primeiro dia de outubro, no salão do Júri do TJ/SP, e foi presidida pelo Desembargador José Geraldo Barreto Fonseca. O Desembargador Hermann Herschander, que também já atuou no Ministério Público do Estado de São Paulo, foi o orador da solenidade em nome do TJ/SP. “A presença de José Luiz Mônaco da Silva enriquecerá esta Corte”, afirmou, ressaltando “a riqueza do quinto constitucional”. Na sequência, em nome do Ministério Público, Francisco Stella Júnior também se pronunciou: “O Doutor José Luiz Mônaco da Silva certamente está apto a contribuir para a manutenção das reconhecidas tradições da Corte Paulista”, afirmou. Por sua vez, o então empossado Desembargador saudou o Ministério Público em seu discurso. “Não é nada fácil deixar essa instituição”, disse. Ele contou que acompanhou de perto as mudanças pelas quais passou o órgão, principalmente após promulgação da Constituição de 1988. O Magistrado ressaltou a afinidade existente entre o TJ/SP e o MP: “São instituições co-irmãs, porque, no fundo, perseguem o mesmo objetivo: a felicidade do ser humano.” O Desembargador Barreto Fonseca encerrou a cerimônia. “Tenho orgulho de ter sido Promotor de Justiça também”, disse. O Magistrado finalizou a posse fazendo menção à coincidência de que enquanto foi Promotor atuou na comarca de Monte Azul Paulista, onde o novo Colega também trabalhou. Estiveram presentes à solenidade além das autoridades mencionadas, o Desembargador Antonio Carlos Munhoz Soares, Vice-Presidente do TJ/SP, o 2º Vice-Presidente da APAMAGIS, Des. Roque Mesquita e o Secretário de Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey. | Des. José Luiz Mônaco da Silva alcança o mais alto posto do Judiciário de São Paulo Perfil José Luiz Mônaco da Silva nasceu em 29 de julho de 1954, na cidade de São Paulo. Estudou na Faculdade de Direito de Guarulhos (turma de 1976) e atuou como Advogado durante cinco anos. Em julho de 1982, ingressou no Ministério Público, onde ocupou o cargo de Promotor de Justiça até janeiro de 2001, quando foi promovido a Procurador de Justiça. Como Promotor, atuou nas Comarcas de Monte Azul Paulista, Ubatuba, Guarulhos e na capital do Estado. Além disso, o novo Magistrado concluiu dois mestrados, um doutorado e exerce a profissão de professor. Atualmente, leciona a disciplina Direito Processual Civil na Universidade São Francisco. TRE/SP | Silvia Rocha Gouvêa é a primeira mulher no TRE/SP Após 24 anos de prestação jurisdicional, Juíza entra para a história da Magistratura O dia 22 de outubro de 2009 está regis- trado na história da Magistratura Bandeirante como a data de posse da primeira mulher como membro efetivo no Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo. A Magistrada que ostenta o feito é a Juíza Silvia Rocha Gouvêa, que desde 1985 compõe o quadro de Magistrados do TJ/SP. Ela substitui o Colega Paulo Alcides Amaral Salles, que deixou a Corte em agosto de 2009. Durante a cerimônia de posse, o orador do TRE, Juiz Galdino Toledo Júnior, narrou parte da trajetória da Colega de turma de ingresso à Magistratura, que atuou em Santo André, Vale do Ribeira, Taboão da Serra, Valinhos e na capital, ocupando atualmente a função de Juíza em 2º grau na 28ª Câmara de Direito Privado. Segundo o Magistrado, a Juíza Silvia Rocha Gouvêa foi uma das então quatro mulheres escolhidas para ingressar na Magistratura Paulista, de um total de 96 Magistrados, em 1985. “Uma mulher desbravadora que soube com | Silvia Rocha Gouvêa assume cargo de membro efetivo do TRE/SP seu lado afável enfrentar o espinhoso trabalho da Justiça, desbravando picadas em terrenos desconhecidos”, concluiu Galdino Toledo Júnior. Em seu discurso, Silvia Gouvêa, com simplicidade, disse que não pos- suía currículo, e a única informação que poderia colocar na sua trajetória profissional é o título de Juíza durante mais de vinte anos. Informação esta que já a gabaritaria para a função no Tribunal Regional Eleitoral. A curiosida- de e a vontade de aprender da Magistrada também, por certo, são critérios para a escolha de seu nome no TRE. “Aprender sempre foi meu gosto e encontrei, no Tribunal, solo fértil”, disse a Magistrada, que, por fim, afirmou acreditar que os Juízes podem contribuir para o bem estar da sociedade. A cerimônia foi conduzida pelo Presidente do TRE/SP, Des. Marco César Müller Valente, e estiveram presentes o 1º Vice-Presidente da APAMAGIS, Des. Paulo Dimas, os demais integrantes da Corte Eleitoral, Des. Walter de Almeida Guilherme, Des. Alceu Penteado Navarro, o Jurista Flávio Luiz Yarshell, o Jurista Paulo Henrique dos Santos Lucon, o Jurista Paulo Hamilton Siqueira Júnior, o Procurador Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, a Desa. Teresa Cristina Motta Ramos Marques, representando o Presidente do TJ/SP, Des. Roberto Antonio Vallim Bellocchi, a Desa. Maria Cristina Zucchi, o Des. Alvaro Lazarini, o Juiz Paulo Alcides Amaral Salles, o Advogado Luiz Silvio Moreira Salata, entre outros. Associação Paulista de Magistrados | 5 Integração Bauru | Barra Bonita encerra ciclo de Encontros Regionais Magistrados da região são homenageados pela APAMAGIS no Encontro de Bauru | Magistrados se reuniram para debate institucional e para confraternização Os dados apresentados pelo Juiz Fernando Bartoletti, Diretor Secretário da APAMAGIS, durante a reunião institucional do Encontro Regional de Bauru confirmam a presença inegável da APAMAGIS no interior do Estado. Em 2008 e 2009, a Associação Paulista de Magistrados realizou nove encontros regionais, computando a presença de 1.848 participantes, entre Magistrados e familiares. A Diretoria Executiva da APAMAGIS também visitou durante esses dois anos 41 Circunscrições no Estado de São Paulo, que, ao total, contaram com a participação de 978 Magistrados da ativa, além dos aposentados. Durante essa gestão, a APAMAGIS também realizou três encontros de coordenadores; a primeira edição do evento contou com a participação de 59 Magistrados, a segunda com 72 e a terceira com 78. Para participar de todos esses eventos associativos, a Diretoria Executiva já percorreu mais de 15 mil quilômetros do interior do Estado de São Paulo. A Diretoria Executiva da APAMAGIS também visitou durante esses dois anos 41 Circunscrições no Estado de São Paulo, que, ao total, contaram com a participação de 978 Magistrados da ativa, além dos aposentados. 6 | Associação Paulista de Magistrados Com a força desses números, o Encontro de Bauru, realizado entre os dias 02 e 04 de outubro, marcou o fim do ciclo de grandes encontros da Magistratura Paulista no interior do Estado de São Paulo neste ano, efetivando a política de interiorização da APAMAGIS. O último dos encontros regionais da APAMAGIS em 2009 aconteceu em Barra Bonita, cidade situada a 80 km de Bauru e famosa por sua grande atração turística: a eclusa, a primeira das oito que formam o sistema do Rio Tietê. Hotel Estância Barra Bonita Com muita animação, Magistrados e familiares iniciaram o Encontro Regional de Bauru na noite do dia 02 de outubro, com um jantar com música ao vivo no Hotel Estância Barra Bonita. Na manhã seguinte, na sala de conferência do Hotel, os Magistrados Paulistas iniciaram a reunião institucional do evento, prestigiando os dons artísticos do coral da Fundação Cosan ao som da canção “Imagine”, de John Lennon. “Agradeço a presença dos Colegas a este Encontro. A apresentação do coral da Fundação Cosan é uma forma de apresentar os talentos da região de Bauru”, informou a Diretora-Adjunta de Interiorização, Juíza Rossana Teresa Mergulhão, uma das anfitriãs do evento. Recomposição dos subsídios O Presidente Calandra iniciou os trabalhos associativos da reunião institucional do Encontro Regional de Bauru comentando as lutas da APAMAGIS para aprovação da Recomposição dos subsídios. “Em breves palavras, vou contar aos Colegas a luta que tivemos para conseguir aprovar a recomposição dos subsídios do STF no Congresso Nacional”. Na sequência, o Presidente discorreu sobre as agruras dessa batalha, desde a exata construção do texto da proposta às muitas conversas com as lideranças do Congresso. Os valores correspondem a reajustes de 5% neste ano e de 3,88% em 2010. A soma é inferior aos 14,09% pretendi- dos pelo STF no projeto original, pois um destaque aprovado retirou o aumento intermediário de 4,6% previsto para 1º de novembro de 2009. Indenização de férias O Presidente Calandra também comentou todos os passos da APAMAGIS com relação ao Mandado de Segurança ajuizado no Supremo Tribunal Federal contra a deliberação do CNJ que vedou a indenização dos períodos de férias não gozadas pelos Magistrados por necessidade do serviço. “Preparamos com muito carinho a minuta do Mandado de Segurança e de última hora conseguimos ainda o apoio do ex-Ministro Roberto Rosas”, informou o Presidente. | Emoção marcou apresentação de coral formado na comunidade da região Homenagem a Reynaldo Galli Após narrar o movimento da APAMAGIS em Brasília, o Presidente Calandra anunciou a homenagem especial da APAMAGIS ao Juiz aposentado Reynaldo Galli, da região de Bauru. “Quero homenagear meu Colega, que atuou como Advogado nos melhores escritórios de Advocacia, e que como Magistrado trabalhou de forma brilhante, sempre procurando unir a Magistratura Paulista, mesmo depois de aposentado”, sublinhou o Presidente. Após a breve apresentação do currículo do Juiz Reynaldo Galli, o 1º Vice-Presidente da APAMAGIS, Des. Paulo Dimas, entregou uma singela medalha, que simbolizou a homenagem ao Magistrado da região de Bauru. Também foram homenageados os Juízes Horácio Furquim Guanaes e Jaime Ferreira Menino, que não puderam comparecer ao Encontro. Projetos da Magistratura Logo após a homenagem aos Magistrados, o Presidente Calandra passou a palavra ao Des. Paulo Dimas. Ad- “Quero homenagear meu Colega, que atuou como Advogado nos melhores escritórios de Advocacia, e que como Magistrado trabalhou de forma brilhante, sempre procurando unir a Magistratura Paulista, mesmo depois de aposentado”, sublinhou o Presidente Calandra. ministrando a reunião institucional, o Des. Paulo Dimas, 1º Vice-Presidente da APAMAGIS, elencou aos Colegas alguns projetos de interesse da Magistratura no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Entre as propostas elencadas estavam: a PEC 289/08, que versa sobre as eleições dos órgãos diretivos dos TJs, a PEC 408/09, de autoria da Diretoria de Assuntos Legislativos da APAMAGIS, que propõe o sétimo constitucional, e a PEC 334/09 que trata da criação do cargo de Juiz Eleitoral na composição da Justiça Federal. Em âmbito estadual, o Desembargador comentou que a APAMAGIS está lutando para que os projetos que valorizam os servidores sejam aprovados. Entre as propostas que precisam ser votadas na ALESP estão o PLC 43/05, que versa sobre o plano de Carreira, Cargos e Salários dos serventuários Paulistas, e o PL 11/09, que dispõe sobre a autonomia financeira do Judiciário Paulista. “Nossos servidores estão muito desmotivados”, disse o Des. Paulo Dimas, que narrou aos Colegas o panelaço dos funcionários da Justiça no Estado de São Paulo, ocorrido na tarde de 02 de outubro, em frente ao Fórum Central João Mendes. Durante a reunião, Paulo Dimas ainda falou sobre o importante projeto de assistente de primeiro grau. “Essa é uma luta que começamos a delinear desde a posse do Des. Amorim à frente da APAMAGIS”, garantiu o Des. Paulo Dimas, que ainda explicou aos Colegas que esse cargo será formatado nos moldes do atual assistente jurídico dos Desembargadores. Eleições dos órgãos diretivos dos TJs O Des. Roque Mesquita, 2º VicePresidente da APAMAGIS, novamente destacou em seu discurso no Encontro Regional de Bauru a letargia das ações políticas do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. “Hoje não temos um líder que faz os contatos políticos necessários para melhorar o cenário da Justiça Paulista”, afirmou o 2º Vice-Presidente da APAMAGIS, que sublinhou que isso é resultado do atual sistema de eleição dos órgãos diretivos dos TJs. “Precisamos mudar esse critério tão sórdido que possibilita apenas aos três Desembargadores mais antigos serem candidatos à Presidência dos Tribunais”, disse Roque Mesquita. Com relação à questão, o 2º Vice-Presidente da APAMAGIS ainda sugeriu que os Juízes de Primeiro Grau também deveriam votar nas eleições dos órgãos diretivos dos TJs. “Atualmente apenas os Desembargadores têm esse direito”, explicou. | Presidente Calandra discorreu sobre avanços no Judiciário | Debates contaram com a participação de associados Interiorização da APAMAGIS Após o eloquente discurso do Des. Roque Mesquita, o Diretor Secretário da APAMAGIS, Juiz Fernando Bartoletti, comentou com os Colegas sobre o programa de Interiorização da APAMAGIS A Diretoria Executiva e a de Interiorização, comandada pelo Juiz João Agnaldo Gandini, traçaram três metas para a Interiorização da Associação, que foram devidamente cumpridas, tornando a interiorização da Associação uma realidade: 1) a compra de equipamentos de informática para a realização de encontros, fóruns e cursos por videoconferência, 2) a realização de nove encontros regionais e 3) a destinação de verbas para eventos das Diretorias e Coordenadorias do Interior, como os Juízes Fernando Bartoletti e João Agnaldo Gandini destacaram. | Reconhecimento: Juiz aposentado Reynaldo Galli é homenageado Interesses da Magistratura Os Magistrados presentes no Encontro puderam traçar suas considerações sobre algumas questões da | Ambiente descontraído propiciou reencontro de amigos Associação Paulista de Magistrados | 7 Integração | Navegando... Magistratura Paulista logo após as considerações da mesa diretora da APAMAGIS, formada pelo Presidente Des. Henrique Nelson Calandra, pelo 1º Vice-Presidente, Des. Paulo Dimas, pelo 2º Vice-Presidente, Des. Roque Antonio Mesquita de Oliveira, pelo Diretor Secretário, Juiz Fernando Bartoletti, pelo Diretor Financeiro Juiz Irineu Fava, pelo Diretor do Departamento de Interiorização, Juiz João Agnaldo Donizeti Gandini, pela Diretora-Adjunta do Departamento de Interiorização, Juíza Rossana Teresa Mergulhão, pelo Assessor da Presidência da APAMAGIS, Des. Silvio Marques Neto, pelo Diretor-Adjunto do Departamento de Interiorização, Juiz Michel Feres, pelo Coordenador da APAMAGIS em Ribeirão Preto, Juiz Luis Fernando Carvalho. Depois de pontuadas e discutidas as questões, o 1º Vice-Presidente da APAMAGIS passou a palavra à Juíza Rossana Teresa Mergulhão, que encerrou os debates e convocou os Colegas para um almoço servido nas dependências do Hotel Estância Barra Bonita. O almoço contou ainda com a presença do Poder Executivo da região, representado pelo Prefeito de Bauru, Rodrigo Antonio de Agostinho Mendonça e pelo Prefeito de Barra Bonita, José Carlos de Mello Teixeira. Eclusa de Barra Bonita Para conhecer a atração turística da cidade de Barra Bonita, Magistrados e familiares tiveram que fazer um almoço rápido para entrar, às 14h30, na embarcação que os lavaria para conhecer o elevador de águas da eclusa e a famosa “prainha de Barra Bonita”. Com muito humor, o comandante da embarcação conduziu os Magistrados à eclusa de Barra Bonita, que tem 142 metros de comprimento, 12 metros de largura e desníveis médios de 26 metros de altura. A eclusa tem capacidade para receber comboios de carga com até 137 metros de comprimento e 11 metros de largu- 8 | Associação Paulista de Magistrados | ... conhecendo a hidrovia... A Diretoria Executiva e a de Interiorização, comandada pelo Juiz João Agnaldo Gandini, traçaram três metas para a Interiorização da Associação, que foram devidamente cumpridas, tornando a interiorização da Associação uma realidade. | ... e descobrindo um rio Tietê limpo e vivo! ra. Além de conferir o gigantismo da eclusa, os passageiros também observaram todo o processo de enchimento e esvaziamento do elevador de águas. Para cada operação, são gastos cerca de 50 milhões de litros de água, acionados pela força da gravidade. Despedida na Noite italiana Ao som de tarantela, mesclada com músicas dos anos 70 e 80, os Magistrados e familiares fecharam o segundo dia do Encontro Regional de Bauru com descontração total na noite italiana. Após degustarem o cardápio de massas, pães, queijos, vinhos e sobremesas da Nonna, os Magistrados, ao lado de suas esposas, maridos e filhos dançaram a noite toda. Muitos ficaram dançando até o início da madrugada, quando a banda encerrou a apresentação. Os participantes do Encontro Regional de Bauru se despediram do evento no dia 04 de outubro com uma visita a cidade de Jaú, muito forte no setor calçadista feminino, um almoço no Hotel Estância Barra Bonita e a certeza de que em 2010 o programa de grandes Encontros da Magistratura será retomado. | Jantar marcou elegância e descontração dos associados | Magistrados e familiares exibiram belos passos de dança Confraternização | Churrasco na Colônia de Guarujá reúne Magistratura Paulista No mesmo dia, diretoria também realizou encontro com Juízes do circuito das águas Paulistas mesmo com o clima frio e chuvoso, novamente a Magistratura se reuniu, no dia 17 de outubro, na Colônia de Férias do Guarujá, para um churrasco de confraternização organizado pela Diretoria Regional do Litoral Sul, com apoio das Coordenadorias das regiões de Itanhaém, Santos e Guarujá. O churrasco de confraternização no Guarujá foi uma oportunidade para que o Presidente Calandra anunciasse que a APAMAGIS está ultrapassando o número de 3.000 Associados. Por sua vez, o 1º Vice-Presidente, Des. Paulo Dimas disse que essa grande união da Magistratura em torno da APAMAGIS é trabalho dos Colegas que são Coordenadores da APAMAGIS em suas Comarcas e dos Diretores-Adjuntos de Interiorização. “Cumprimento os Juízes Joel Birello e Valdir Marinho, que fizeram um ótimo trabalho nos Em cada visita, em cada confraternização e em cada encontro, a magistratura Paulista vem se tornando cada vez mais coesa para enfrentar os desafios do dia-a-dia. últimos quatro anos, mostrando que a Magistratura jovem é comprometida com a nossa valorização. Isso me deixa muito feliz”, disse. A união da Magistratura Paulista passa necessariamente pela valorização dos Magistrados de 1º grau. É o que afirmou o 2º Vice-Presidente, Des. Roque Mesquita, durante a confraternização, ao enaltecer o trabalho dos Colegas da primeira instância que, ao longo dos últimos anos, ajudaram a APAMAGIS a conquistar grandes batalhas à Magistratura Bandeirante. Para o Diretor Secretário, Juiz Fernando Bartoletti, apesar de todas as conquistas, ainda há um longo caminho a ser percorrido. “Temos que nos unir em torno da APAMAGIS para que possamos defender nossas prerrogativas e Direitos”. Na oportunidade, os Magistrados da região, seus familiares, a Diretoria Executiva da APAMAGIS e ainda o Des. Sebastião Luiz Amorim, Conselheiro da APAMAGIS e Vice-Presidente da AMB, confirmaram mais uma vez que a interiorização é realmente um caminho sem volta. Em cada visita, em cada confraternização e em cada encontro, a Magistratura Paulista vem se tornando cada vez mais coesa para enfrentar os desafios do dia-a-dia. Interior circuito das águas Paulistas No mesmo dia, a Diretoria Executiva, representada na oportunidade pelo 1º Vice-Presidente, Des. Paulo Dimas, pelo 2º Vice-Presidente, Des. Roque Mesquita e pelo Diretor Secretário, Juiz Fernando Bartoletti, se dirigiram ao churrasco de confraternização com os Colegas que atuam na região do Circuito das Águas Paulistas. O convite foi feito pela Colega Érika Silveira de Moraes Brandão, que atua em Socorro e cedeu a sua residência para o evento. A confraternização ainda contou com a participação do Juiz Carlos Eduardo Silos de Araujo, de Serra Negra, Euzy Lopes Feijó Liberatti, de Amparo; Marta Brandão Pistelli, de Jaguariúna; e de Fabrício Reali Zia, de Serra Negra, além de seus respectivos familiares. Associação Paulista de Magistrados | 9 Integração Interiorização | Reuniões institucionais demarcam nova era da Magistratura diretoria Executiva comprova eficiência do projeto de interiorização com visitas a três comarcas em dois dias foram mais de 1.250 quilômetros percorridos em apenas dois dias e três Comarcas visitadas: Araçatuba, Fernandópolis e Araraquara. Esse foi o saldo quantitativo da última visita da Diretoria Executiva da APAMAGIS ao interior do Estado de São Paulo, realizada entre os dias 20 e 21 de outubro. O saldo qualitativo da visita realizada pelo 1º Vice-Presidente da APAMAGIS, Des. Paulo Dimas, e pelo Diretor Secretário, Juiz Fernando Bartoletti, pode ser mensurado na troca de informações entre os Magistrados da região e a Diretoria, que comprova a eficácia do programa de interiorização da Associação. Com a reunião, os Magistrados das Comarcas visitadas puderam conhecer, de forma mais objetiva, questões importantes que envolvem o Poder Judiciário, como informações sobre as tramitações de PECs no Congresso Nacional e o andamento de lutas históricas da Magistratura – a indenização de férias, por exemplo. Por sua vez, a Diretoria Executiva presenciou relatos dos Magistrados sobre questões locais e receberam pedidos e sugestões de Juízes das Comarcas. PRoJEto dE INtERIoRIzAção dA APAmAGIS No dia 20 de outubro ocorreu a reunião institucional da APAMAGIS com os Magistrados da Região de Araçatuba, que também congrega as circunscrições de Tupã, Lins e Andradina. Na oportunidade, a Diretoria Executiva foi recebida no Fórum de Araçatuba pelo Juiz Vicente Benedito Battagello, Diretor-Adjunto de Interiorização da APAMAGIS, pelo Juiz Alcides Lourenço Cabral Filho, Coordenador da APAMAGIS no município e pelo Coordenador Adjunto, Juiz Márcio Eid Sammarco. No dia seguinte, 21 de outubro, a Diretoria Executiva da APAMAGIS realizou duas reuniões institucionais. A primeira no Fórum de Fernandópolis, que ainda contou com a participação dos Colegas das circunscrições vizinhas: Jales e Votuporanga. A Diretoria Executiva foi recebida pelo Juiz Evandro Pelarin, Coordenador da Associação em Fernandópolis e pelo Juiz Pedro Manoel Callado Moraes, Coordenador da APAMAGIS em Jales. Ainda no mesmo dia, no período da tarde, os Magistrados Paulo Dimas e Fernando Bartoletti participa- | Magistrados da região de Fernandópolis recebem Diretoria da APAMAGIS 10 | Associação Paulista de Magistrados | Des. Paulo Dimas discorre sobre ações empreendidas pela APAMAGIS | Espaço para confraternização: Diretoria e Magistrados após reunião institucional debates, discussões, propostas e definições. Essa é a atual política da APAmAGIS, que vai às comarcas mais longínquas resgatar soluções e debater os problemas que serão, posteriormente, encaminhados para os departamentos ou setores de interesse da Associação. ram de uma reunião na circunscrição de Araraquara, organizada pelo Coordenador e Coordenador Adjunto da APAMAGIS em Araraquara, respectivamente, os Juízes Paulo Luis Aparecido Treviso e Heitor Luiz Ferreira do Amparo. Para o Des. Paulo Dimas, o trabalho de interiorização denota a integridade da APAMAGIS, que hoje tem o mesmo peso político de grandes Associações nacionais e é um forte órgão de representação do trabalho institucional da Magistratura Paulista. ”Estamos na APAMAGIS há muitos anos, sem- pre com os mesmos objetivos”, disse. “Como um Juiz que iniciou a carreira em 1983, continuo confiando na APAMAGIS como um forte braço político”. Durante as reuniões foram assinaladas as seguintes questões: auxílio-voto, situação dos servidores, reposição do subsídio, o mandado de segurança impetrado pela APAMAGIS contra decisão do CNJ que impede pagamento de indenização de férias dos Magistrados, a Autonomia do Judiciário, a distribuição e utilização de verbas de interiorização por circunscrição, entre outros. | Juiz Evandro Pelarin e Juiz Fernando Bartoletti, Diretor Secretário da APAMAGIS uNIão SElAdA PElA mAGIStRAtuRA PAulIStA Debates, discussões, propostas e definições. Essa é a atual política da APAMAGIS, que vai às Comarcas mais longínquas resgatar soluções e debater os problemas que serão, posteriormente, encaminhados para os Departamentos ou setores de interesse da Associação. “A APAMAGIS tem uma equipe grande e atuante, pronta para dar suporte aos Juízes. Estamos envolvidos em um processo de descentralização”, disse o Des. Paulo Dimas. | Juízes de Araraquara e Diretoria da APAMAGIS Entrevista Eleições TJ/SP | Conheça os candidatos à Presidência Desembargadores falam sobre os problemas da Justiça Paulista e seus projetos No dia 02 de dezembro, será conhecido o nome do novo Presidente do maior tribunal do Brasil, o TJ/SP. Concorrem ao pleito os Desembargadores Antonio Carlos Munhoz Soares, Antonio Carlos Viana Santos e Marco César Müller Valente. O Tribuna da Magistratura traz entrevista exclusiva, com perguntas idênticas aos três candidatos. As respostas estão publicadas por ordem alfabética de nome. ANtonio Carlos Munhoz Soares Qual é a trajetória do senhor na Magistratura Paulista? Sou Magistrado há 43 anos e antes da Magistratura já era funcionário da Justiça Estadual. Desde que comecei a atuar como Juiz, trabalhei em todos os ramos da atividade Judiciária: Direito Privado, Direito Público, Crime, TACRIM. Fui Substituto no primeiro Tribunal de Alçada Civil e no Tribunal de Justiça atuei na Segunda Câmara Civil, na Sexta Câmara Civil e na Quarta Câmara Civil. E esta última em concomitância com o órgão especial. Em 1995 fundamos o serviço psicossocial que abrange inclusive o serviço de perícias médicas. Já no exercício da Vice-Presidência do TJ [ago 2008/2009], o Presidente me confiou uma solução para o imóvel de 11.000m2. O que em seis biênios não foi resolvido, em 8 meses, eu resolvi. Fizemos todas as demolições e ainda obrigamos a Fazenda Estadual a pagar os credores finais da grande desapropriação. O terreno [próximo ao Palácio da Justiça] está agora completamente saneado e entregue à Comissão para fazer as construções das torres, cujo projeto está aí para ser examinado e ter seu início com a prospecção de obra. Esta é a minha trajetória, que acredito que não seja pequena, mas sempre com presença absoluta e com algo que acredito que Deus tenha me dado: dinamismo! Comigo não há marasmo. Morosidade judiciária, indenização de férias não usufruídas e autonomia financeira são temas latentes para a Magistratura. Qual é a posição do senhor quanto a esses assuntos? Precisamos entender que antes da vigência da emenda 45 tínhamos quatro acervos: 12 | Associação Paulista de Magistrados primeiro Tribunal de Alçada, segundo Tribunal de Alçada Civil, Tribunal de Alçada Criminal e o TJ. Nós éramos 132 Desembargadores e os Colegas dos Tribunais de Alçada. Com a emenda 45 ocorreu a extinção dos alçadas e a soma dos acervos em um só. Quando os móveis de uma casa estão em lugares estanques é mais fácil conhecer e administrar a casa. Quando esses móveis são tirados de determinado lugar e reunidos em um só cômodo, o que se dá em primeiro lugar é a dificuldade de distribuir suas competências, suas administrações, etc, porque todas confluem em um só. Todos os Juízes são seres humanos e eles não podem dar mais do que possuem. Eles têm que trabalhar nos seus limites, como já o fazem. Todos são dedicadíssimos. O meio para atingir a satisfação da prestação jurisdicional é melhorar os gabinetes, agora vem mais um assistente. É um projeto de todos, não há paternidade de um só para isso. Ainda sobre a morosidade, a floresta de leis que existem, principalmente de teor processual, com os recursos processuais existentes e que as partes se valem para protelação, para submeter a mesma questão a novo julgamento, é um direito que a parte tem, e que às vezes se gastam anos para a solução final de um processo. Então isso contribui para a morosidade. E não pode ser atribuída qualquer culpa ao Judiciário. Isso é parte da Legislação. Agora, quanto a indenização de férias não usufruídas, existe uma lei do Ministério Público que determina que as férias não usufruídas sejam pagas no mês subsequente àquele mês em que o Promotor Público deixou de gozar as férias por absoluta necessidade de serviço. O nosso Tribunal de Justiça mandou um projeto de lei para a Assembleia Legislativa que depende da sanção do senhor Governador do Estado. E isso atinge o tesouro do Estado, porque precisa ter a correspondente fonte de custeio. E isso faz parte do equilíbrio orçamentário. A indenização de férias não usufruídas virá normalmente. Havendo possibilidade, isto realmente será pago, aliás, o próprio Presidente do Tribunal de Justiça já o disse e já distribuiu e-mail há algum tempo dizendo que ele teria pago imediatamente caso ocorresse. Sobre a Autonomia Financeira, a Constituição Federal é uma só e lá se diz “independência dos Poderes”. Independência, termo genérico, abrange independência financeira, então, é pre- ciso que deixe de ser uma expressão contida na nossa CF. Porém, nós somos Estados de uma federação, temos um pacto federativo. E na CF está escrito que “os Estados organizarão a sua Justiça”, então é preciso que os três Poderes tenham orçamentos equilibrados, de acordo com suas necessidades. Quais são os projetos do senhor para o Tribunal Paulista? Eu sou natural de Itapetininga, a terra de Júlio Prestes e Fernando Prestes, que foram Governadores do Estado de São Paulo e o primeiro inclusive Presidente da República, portanto, eu posso, conhecendo muito bem o interior do Estado, dizer que esse interior é composto de fortes contingentes eleitorais-partidários, porque os senhores Deputados dependem desses Colégios Eleitorais para serem eleitos. Acontece que os Deputados sabem muitas das insatisfações existentes no interior e que o Judiciário não pode acudir por falta de recursos financeiros. Então, eu tenho desenvolvido diálogos intensos com muitos Deputados. Na verdade, quando colocamos que alguma comarca precisa de uma vara, alguma cidade precisa ter o seu foro distrital, ou então a sua elevação à Comarca, eles sabem disso, e sabem a razão porque nós não promovemos os antigos Parlamentares. É como eu digo e repito: “a transparência é irmã gêmea da verdade”. Quando se fala a verdade, se fala de cabeça erguida. Quem a diz olhando para o chão, para o teto ou para os lados, ou é porque tem medo da verdade, ou é porque tem algum problema pessoal de não se auto-encarar. Caso eleito, o que espera dos colaboradores/funcionários? Eu espero a melhor colaboração possível, porque quem está em cargo de comando, de direção, precisa exigir dos outros, mas a partir de si mesmo. Essa é a moral pública. Não se exige senão de si mesmo, ou seja, sem dar o exemplo pessoal de dedicação, de entusiasmo pelo que faz. Quem faz isto tem capacidade de liderança. Quando digo isto me lembro do porteiro do foro distrital de Maracaí, do da Comarca de Paulo de Faria, que é a última Comarca no Estado de São Paulo, às margens do Rio Grande, do da Comarca de Santa Fé do Sul, do da Comarca de Rosana, a última às margens do Rio Paraná; eu me lembro desses funcionários, que têm orgulho de pertencer ao Judiciário, trabalhando com humildade, ganhando pouco, mas sobrevivendo. Isto é que me move a postular a Presidência do Tribunal de Justiça, porque há 43 anos quando eu tomei posse, cargo de Juiz Substituto, para mim, todos os dias, tem sido o primeiro dia, até hoje. Antonio Carlos Viana Santos Qual é a trajetória do senhor na Magistratura Paulista? Completei o curso de direito na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1965, logo depois fui Procurador da Prefeitura de Osasco, lá, viria a ser o fundador e Presidente da primeira Associação dos funcionários públicos do município de Osasco. No ano de 1969, ingressei na Magistratura como Substituto na circunscrição de Jundiaí, depois foi promovido para São Luiz de Paraitinga, Osvaldo Cruz, Presidente Prudente, Taubaté e São Paulo na 4ª Vara Distrital de Penha de França e na 21ª Vara Civil, e após fui para o Alçada Criminal e, em 1988, fui alçado para o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Atualmente, no TJ/SP, exerço a Presidência da Seção de Direito Público. Fui ainda professor, principalmente, em Direito Civil e hoje estou aposentando desta função, após 44 anos de Magistério. Tenho também uma longa lista de palestras e outras atividades acadêmicas em meu currículo. Quanto à vida associativa na Magistratura, fui Presidente da nossa querida Associação Paulista de Magistrados, a APAMAGIS, por dois biênios [de 1996 a 1999] e nos anos de 2000 e 2001 presidi a Associação de Magistrados Brasileiros. Também fui fundador e o primeiro Presidente da Academia Paulista de Magistrados. Essas atividades me deram uma experiência administrativa e institucional. Morosidade judiciária, indenização de férias não usufruídas e autonomia financeira são temas latentes para a Magistratura. Qual é a posição do senhor quanto a esses assuntos? Muitos imputam a morosidade do Judiciário ao sistema processual civil que é passível de recursos: é aquele que não se contenta com uma decisão recorre a outro grau de jurisdição - não se contenta com a sentença recorre a um Tribunal estadual ou regional, se o acórdão não é bem vindo recorre aos Tribunais Superiores. Hoje, no STF e no STJ, com o estreitamento criado pela repercussão geral, em um futuro pró- Morosidade judiciária, indenização de férias não usufruídas e autonomia financeira são temas latentes para a Magistratura. Qual é a posição do senhor quanto a esses assuntos? A mo- | Des. Antonio Carlos Munhoz Soares ximo teremos menos ações dirigidas a esses tribunais, mas nos dias atuais o número é ainda muito grande. E não é só isso, hoje no TJ/SP, temos apenas no primeiro grau mais de 19 milhões de processos, enquanto na Justiça Estadual ordinária em todo Brasil temos tramitando, de acordo com números citados pelo ilustre Ministro Gilmar Mendes, Presidente do STF, 43 milhões de processos. Portanto, São Paulo tem por volta de 40% do movimento judiciário brasileiro e um pouco mais de 1800 Juízes, 360 Desembargadores e 85 substitutos de 2º grau para atuar nesses processos. Além do mais, São Paulo ainda não tem uma rede única de informatização que cubra o Estado todo. Os Tribunais de Alçada e de Justiça foram se informatizando como puderam, mas não pensaram em uma rede única e cada tribunal tinha um tipo de editor de texto. Portanto, não poderiam, como se diz na linguagem da informática, um conectar com outro, e isso resultou em grande dificuldade quando os Tribunais foram unificados e tiveram os arquivos reduzidos em um só no Ipiranga. Portanto, na próxima gestão, diante de plena resposta, a informatização precisará ser planejada assim como terá que haver a racionalização dos processos arquivados e já distribuídos aos Desembargadores no Ipiranga. Quanto à indenização de férias, cada Desembargador e cada Juiz têm direito a dois meses de férias. Com o número de processos no Estado de São Paulo, se essas férias forem, de fato, gozadas o Judiciário Paulista vai ficar abarrotado, atrasado e lento com os seus serviços. Então, a concessão dessas férias é um direito constitucional, inclusive com acréscimo de um terço. Se não forem as férias indenizadas, não há interesse em trabalhar, acumular férias para que? E nós teremos aí um acúmulo, uma lentidão ainda muito maior dos processos. Com relação à autonomia financeira, os três poderes deveriam ter a autonomia financeira. Mas na verdade, quem | Des. Antonio Carlos Viana Santos controla o orçamento dos poderes é o Executivo. O Executivo troca interesses com o Legislativo e este consegue obter suas vantagens. Mas como vamos fazer com o Judiciário? Em São Paulo, nunca ocorreu e acho que nunca ocorrerá, pela nossa cultura. Portanto, o que nos falta, na verdade, para uma melhora na administração são recursos financeiros. A lei de responsabilidade fiscal permite que se gaste com o Judiciário até 6% do orçamento do Estado. Não é que o Judiciário tem direito a 6% do orçamento, mas hoje estamos com apenas 4% desse montante ou um pouco menos. Eu só queria para poder administrar, mais 1%. Com essa quantia a mais teríamos por volta de um bilhão e cem milhões a mais para o orçamento do Judiciário. Legítimo, legal e constitucional, com esse acréscimo de 1% poder-se-ia pagar todos os atrasados dos servidores que tem direito a férias, licença prêmio e outros benefícios, como os Magistrados, nas mesmas qualificações jurídicas. Há uma frente parlamentar para a autonomia real do Judiciário, na nossa Assembleia Legislativa, tomara que ela frutifique. Quais são os projetos do senhor para o Tribunal Paulista? A Constituição de 1988 impõe aos Tribunais formalizar um projeto estratégico plurianual, quinquenal de administração e também um projeto de controle interno. Isto só ocorreu, no nosso Tribunal de São Paulo, formalmente com todos os nossos instrumentais administrativos, na última quarta-feira, 26 de novembro. O projeto de plano quinquenal e do controle interno, elaborado por um grupo de Desembargadores e Juízes Substitutos de segunda instância, foi bem formulado, buscando normatizar e planejar toda a administração do Tribunal, primordialmente, a financeira e orçamentária. Esse plano aprovado faz com que o próximo dirigente do Tribunal de Justiça tome um embasamento para a administração do TJ, que acho que no dia-a-dia poderemos também ter que adequá-lo ao momento presente, como | Des. Marco César Müller Valente de crises financeiras, por exemplo, no último episódio econômico globalizado que nasceu dos EUA, e outro que pode vir a nascer lá dos Emirados Árabes. Eu tinha em mente algumas proposições de plano de governo, mas como a grande maioria está incumbida nesse projeto cujo núcleo de gestão eu participei, vou tomá-lo como base da gestão. Caso eleito, o que espera dos colaboradores/funcionários? Espero total colaboração, porque sem o apoio dos nossos servidores, funcionários, não há a efetivação e a realização do serviço. É evidente que eles também terão que ter a sua recompensa financeira adequada. É necessária a recomposição salarial, senão os nossos servidores também padecerão. Há um plano de carreira que tramita por volta de três anos na Assembleia Legislativa e também há uma portaria de um aumento aos servidores. Este plano de carreira deveria ter sido aprovado no início de junho, segundo constava na pauta de votação, mas por ingerência governamental foi retirado de pauta. Vamos voltar a ele, o que será o primeiro marco. Marco César Müller Valente Qual é a trajetória do senhor na Magistratura Paulista? Sou Juiz desde 1976, entrei para a Magistratura com a idade mínima. Fui Juiz Substituto em Barretos e depois fui titular das Comarcas de Miracatu e Pereira Barreto. Também atuei como Juiz de Direito Substituto da Capital e me instalei na 27ª Vara Cível. Fui parar no 1º Tribunal de Alçada Civil, e estou no Tribunal de Justiça já há 22 anos. Atualmente, estou no Tribunal Regional Eleitoral, onde primeiro entrei como Vice-Presidente e depois Corregedor. Hoje sou Presidente do TRE Paulista, cargo este que deixarei no dia da eleição para a Presidência do Tribunal de Justiça independentemente de qual for o resultado. rosidade tem de ser vista com muito cuidado. É evidente que, como em qualquer profissão, qualquer carreira, qualquer atividade humana, há alguns que não se entendem bem, mas como um todo, no Judiciário, vou falar apenas do Judiciário Paulista, a atividade funciona excepcionalmente bem, apesar de enfrentar enormes dificuldades, sobretudo financeira. Não dispomos da estrutura que deveríamos dispor, e dentro das nossas possibilidades procuramos dar a melhor prestação de serviço possível. A cidade de São Paulo é motivo de orgulho para o Estado, para todos nós, e um motivo de orgulho para o Brasil. É muito fácil criticar. O difícil é construir. E nós temos os cortes orçamentários. Mandamos o orçamento para o Legislativo e ele volta de lá sensivelmente cortado. Assim, vamos nos desdobrando dentro do possível. Agora vou fazer uma comparação com a Justiça Eleitoral, que recebe verbas federais. Lá não há falta de recursos. Os funcionários são mais bem remunerados, tudo funciona bem porque não há falta de recursos, temos meios. Agora aqui, nós sabemos das dificuldades que enfrentamos não só para ampliar a máquina judiciária como, sobretudo, para remunerar dignamente nossos funcionários. Quais são os projetos do senhor para o Tribunal Paulista? Quanto aos projetos para o Tribunal, prefiro não me pronunciar. O que é importante, o que é fundamental, é que nos cerquemos de pessoas, Colegas qualificados, entusiastas e entusiasmados pelo serviço, de forma tal que nós possamos orientar nossas decisões segundo um bom aconselhador. Colegas Desembargadores, Juízes Auxiliares, tudo para fazer com que o Tribunal de Justiça, apesar de todas as dificuldades que enfrenta seja próspero, além de saber receber as críticas e as sugestões dos Colegas Desembargadores e de Primeiro Grau. Caso eleito, o que espera dos colaboradores/funcionários? Sendo eleito Presidente do TJ/SP - e eu conto com isso - a ideia é que todos, efetivamente, co-participem da gestão do tribunal, não só pelo Conselho da Magistratura, mas de todas as coisas relacionadas ao tribunal. Espero que muitos colaborem. Desejo também que saibamos nos aproximar daqueles que querem fazer sugestões ou até mesmo acreditam no potencial da Magistratura Estadual. Eu acho que assim se administra o Tribunal. Associação Paulista de Magistrados | 13 TJ/SP I Simpósio Virtual de Combate à Violência Doméstica | Brasil e Canadá debatem ações contra Violência Doméstica Comparação surpreende Magistrados e mostra que temos políticas mais avançadas que o Canadá | Ministro Massami Uyeda participou do I Simpósio Virtual Internacional Brasil-Canadá sobre ações contra a violência doméstica Reconhecer a violência contra a mulher como violação dos Direitos Humanos foi essencial para que a Lei Maria da Penha fosse aprovada. Dados do Banco Mundial e da Sociedade Mundial de Vitimologia informam que a cada hora sete mulheres estão em situação de violência, sendo que apenas 40% denunciam seu agressor e que aproximadamente 41% dos homens que agridem a parceira também são violentos com os filhos. Uma intervenção coordenada e interdisciplinar, que desprivatiza o conflito e pune o agressor se faz cada vez mais necessária. A partir dessas constatações, em uma iniciativa inovadora, a APAMAGIS, a Escola Paulista da Magistratura e a Academia Paulista de Magistrados, realizaram no dia 5 de outubro o I Simpósio Virtual de Combate à Violência Doméstica entre Brasil e Canadá, para discutir os entraves dos dois países neste tema. Para tanto, em parceria com a Université de Sherbrooke, da província de Quebec no Canadá, a APAMAGIS transmitiu, em sua sede administrativa, uma videoconferência, com tradução simultânea, sob a supervisão minuciosa do Diretor do Departamento de Informática da Associação, Juiz Edison Aparecido Brandão. Os conferencistas que debateram o tema pelo Brasil foram Massami Uyeda, Ministro do STJ, e o Diretor-Adjunto do Departamento de Assuntos Internacionais, Des. Luiz Roberto Sabbato. Do lado canadense, o Professor da Faculdade de Direito da Université de Sherbrooke, Simon Roy. caso de infração comum é tocar alguém sem o consentimento. O toque implica em uma força, que não precisa ser necessariamente brutal, o que é uma infração muito comum dos homens contra as mulheres”, frisou o Dr. Roy. De acordo com o Professor Simon Roy há similaridades entre os dois países, principalmente no fato de que normalmente as mulheres agredidas não denunciam os agressores. Porém, o Brasil sai na frente em outros fatores. “O Canadá não tem Juízes especializados. O mesmo Juiz, no mesmo dia, pode julgar um processo de divórcio sem violência conjugal e depois um processo com violência conjugal. No âmbito Criminal, o Juiz pode ter um roubo/fraude e depois um processo em Direito da Família. De longe, os tribunais especializados são as melhores opções, mas aqui no Canadá, ainda não é aplicável. Obviamente seria mais eficaz, mais rápido e as soluções seriam globais”, falou, elogiando o sistema brasileiro de julgamento. Uma medida tomada pelo sistema judiciário canadense é fazer com que A relutância das mulheres para efetuar a denúncia contra os agressores, o que atrasa a aplicação das medidas e a eficácia da Justiça para resolução destes casos. Apesar do medo de denunciar o parceiro afetivo - ato que só é realizado após cerca de 10 incidências de agressão, em média. o acusado se comprometa, perante a Justiça, a não cometer mais infrações, proibindo o contato com a vítima. “Isso não é uma condenação, é uma medida judicial alternativa, que faz com que a vítima fique mais segura”, disse. De acordo com o Prof. Simon Roy, caso a promessa seja rompida, isso passa a ser uma infração criminal. “A segunda medida é muito parecida com o que é feito no Brasil”, disse o Dr. Roy. “Suponha-se que a vítima chame as autoridades, faça boletim, e é tomado conhecimento dos suspeitos. O Procurador Medidas canadenses contra o agressor No Canadá, são inúmeros os atos considerados como infrações e inúmeras as maneiras de lidar com eles. “Um 14 | Associação Paulista de Magistrados | Min. Massami Uyeda profere palestra magistral sobre quadro da violência então decide se há um processo ali ou não. Caso a vítima não queira que o processo continue, não cabe mais a ela, pois não tem controle sobre a decisão do Procurador”, salientou. O Juiz pode proibir que o agressor seja posto em liberdade ou impor medidas de liberdade restritivas. Quando há crianças envolvidas no contexto da separação, o acusado é impedido de obter a guarda. Caso a cônjuge tenha sofrido danos físicos muito graves, o Estado fica incumbido de resguardar as crianças durante a recuperação da mãe, fazendo com que fiquem salvos. Avanço brasileiro contra a violência doméstica Comparar o Brasil a um país como o Canadá, que tem índice de desenvolvimento humano mais elevado, é um sinal de grande avanço para a Justiça nacional. Com a clara explicação do Ministro Massami Uyeda sobre o surgimento e a aplicação da Lei Maria da Penha no Brasil, os participantes do evento puderam conferir as principais experiências da Justiça Brasileira nessa área. Hoje o Brasil conta com 387 Delegacias de Defesa da Mulher, além de ter no currículo inúmeras campanhas informativas para a população, que surtiram resultados muito positivos: a população se atentou à questão da violência doméstica. A prova da aceitação da lei está na busca de informações, que obteve um crescimento de 245% em 2008, segundo pesquisa do Instituto Perseu Abramo. “Os efeitos deletérios da violência contra a mulher são impressionantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que grande parte dos homicídios são cometidos no âmbito doméstico, tendo a mulher como vítima. Isso não se trata de uma questão que deva Tecnologia como ferramenta para efetivação da Justiça A realização do I Simpósio Virtual de Combate à Violência Doméstica entre Brasil e Canadá foi um marco para o Judiciário Paulista. Em quase duas horas de debates, sem custos com hospedagens e passagens aéreas, Magistrados e Juristas do Brasil e do Canadá puderam compartilhar experiências jurídicas sobre o tema, enriquecendo o estudo sobre o assunto. Em um Estado cujo Tribunal de Justiça ainda não conseguiu atingir efetivamente a informatização de todas as Varas, a APAMAGIS se orgulha de trabalhar os meios tecnológicos para disseminar aos Associados notícias e debates forenses. Em breve entrevista com o Diretor de Informática da APAMAGIS, Juiz Edison Aparecido Brandão, autor do primeiro interrogatório por meio de videoconferência, fala sobre esse papel Associativo da Entidade. Como a APAMAGIS tem trabalhado a tecnologia a favor do Judiciário? A APAMAGIS trabalha com a ideia de videoconferência, que é o que chamamos de full, porque vai vídeo e volta vídeo também, de forma que ambos os participantes se vejam. A tecnologia é o stream de vídeo: disponibiliza o vídeo na internet para que as pessoas que o acessam interajam com o lugar onde está sendo feita a transmissão. No caso da APAMAGIS, é possível digitar a mensagem e iniciar a participação em um chat, comunicando e mandando as perguntas através da digitação. No dia do Simpósio, por exemplo, o auditório ser considerada como menor. Ou como apenas um movimento de grupos feministas. Trata-se de uma questão que fundamentalmente diz respeito a dignidade da condição humana, que deve ser preservada”, sublinhou. Um fator comum observado entre o Brasil e o Canadá é a relutância das mulheres para efetuar a denúncia contra os agressores, o que atrasa a aplicação das medidas e a eficácia da Justiça para resolução destes casos. Apesar do medo de denunciar o parceiro afetivo - ato que só é realizado após cerca de 10 incidências de agressão -, em 2008 houve um aumento de 32% em relação a 2007, o que representou quase 270 mil atendimentos. Para o Ministro Uyeda, a sociedade está mais receptiva à Lei Maria da Penha, pois esta exalta a equalização dos direitos e obrigações dos homens patamar muito diferente das medidas de lá. O uso intenso de terapias já é bastante disseminado no Brasil inteiro, e eu tenho muito carinho por esses | Juiz Edison Aparecido Brandão assistia ao Advogado do Canadá e ele via o nosso auditório, simultaneamente. Percebemos que a tecnologia lá está muito adiantada, então a qualidade de áudiovídeo foi excelente. Conseguimos ter uma receptividade muito grande, interação total. A APAMAGIS é a Associação de Magistrados pioneira no Brasil nessa tecnologia. De que forma o Simpósio sobre a Violência Doméstica se fez importante dentro do Poder Judiciário? Valeu para muita coisa. Nelson Rodrigues falava que o brasileiro tinha o complexo do vira-lata, se achava sempre inferior. Foi um afago na autoestima brasileira saber que estamos à frente do Canadá no combate à violência doméstica. Descobrimos também coisas interessantes do Canadá, como a pouca presença feminina na Magistratura. E que de uns anos para cá isso vem mudando, muitas mulheres estão ingressando na carreira, uma coisa que há algumas décadas ocorre no Brasil. Verificamos também que as medidas protetivas daqui estão em um | Des. Heraldo de Oliveira Silva e das mulheres. “A Lei é uma resposta aos anseios de concretização dos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade decantados em todas as constituições modernas”, lembrou. No encerramento, o Presidente sistemas que eu iniciei em 1996, como o uso de terapias breves para agressores domésticos, na 1ª Vara Criminal de Campinas. E institucionalmente foi a primeira vara no país a ter esse tipo de tratamento compulsório, já com a vinda da lei 9.099/1995, e nós assistimos ali uma constatação que o Brasil tem um uso muito mais técnico, mais aprofundado que o próprio Canadá. Pouca gente esperava isso. Na sua opinião, podemos afirmar que a implementação de métodos digitais vem enriquecendo a comunidade jurídica? Bastante. Na verdade, conseguimos ter um custo muito parecido com o custo que o Judiciário e o Direito sempre teve, sempre gostou, se acostumou, que é a sabedoria centenária do Direito transmitida por meio da oratória. E esse sistema permite que a pessoa esteja em qualquer lugar do planeta e se dirija e interaja com a plateia, nos remetemos automaticamente à velha fórmula da academia. Então, o resultado para a ciência jurídica é viabilizar o curso. A grande vantagem é que nós conseguiríamos fazer um curso pela manhã e, se quiséssemos, a tarde com a França, e a noite com Portugal, com um custo baixo. Isso é exatamente o que sempre se buscou, com uma facilidade muito maior, porque depois é repetido para todos fora do local do evento também. A última notícia sobre utilização da tecnologia no âmbito Judici- | Desa. Maria Cristina Zucchi da APAMAGIS, Des. Henrique Nelson Calandra falou sobre a esperança de mudar o quadro de atentado a mulher. “Nós entendemos que, além de ter uma lei que reprime os abusos, nós temos que caminhar com a nossa ário foi de um Juiz da Comarca de Plácido de Castro, no Acre, Edinaldo Muniz, que proferiu a sentença por uma mensagem de celular, e de outro também do Acre que atua na Comarca de Barro Branco, Juiz Cloves Augusto, que realizou uma audiência pelo sistema viva-voz do aparelho celular. Na opinião do senhor, a utilização desses meios também é válido para o Judiciário? Eu acredito que qualquer tecnologia que permita uma celeridade com algumas garantias é bem-vinda. Quando eu fiz a primeira videoconferência no Brasil, a qualidade da imagem não era boa. Já se foram quase 15 anos desde então, e a grande massa de críticas de pessoas intolerantes, que se prendiam à qualidade da imagem, viram que hoje a imagem é dezenas de vezes melhor. O grupo reacionário perdeu muito tempo em irrelevâncias examinando aquela tecnologia, que viria a mudar rapidamente. Então, quando você usa o celular para mandar alguma coisa, óbvio que tem as suas preocupações com o celular, com a origem, pra saber se a mensagem é do celular ou não é, hoje isso pode ser trabalhado com uma garantia tão boa quanto um mandado assinado. Em contrapartida, há uma mobilidade, uma rapidez, que não existe de outro modo. Então, essa atitude começa como ousadia pra ser, daqui a pouco, a solução. Portanto, eu, até pelo fato de ter feito a primeira videoconferência no país e a primeira gravação de audiência em vídeo digital em processo, além de um dos primeiros, sem uma certeza técnica, a receber petições por internet nos anos 90, sou, obviamente, o mais partícipe dessas novidades. cartilha [Cartilha Maria da Penha - Em defesa da mulher], porque ensinar a amar desde o início é mais fácil do que punir pessoas consideradas de difícil recuperação. Um abraço do Brasil e homenagem à mulher brasileira, que é o alvo do nosso trabalho”. Além das autoridades já citadas estavam presentes ao Simpósio Virtual a Diretora-Adjunta do Departamento de Assuntos Internacionais da APAMAGIS, Desembargadora Maria Cristina Zucchi, o Diretor do Departamento de Cultura, Des. Antonio Raphael Silva Salvador, o Presidente da Academia Paulista de Magistrados, Heraldo de Oliveira Silva, o Juiz Nelson Moraes Rêgo, a titular do primeiro Juizado dedicado à violência contra a mulher em São Paulo, Juíza Vanessa Ribeiro Mateus, a Juíza Maria Domitila Prado Manssur Domingos e a Juíza Angélica de Mello, entre outros. Associação Paulista de Magistrados | 15 Aconteceu XX Congresso Brasileiro de Magistrados | Pela gestão democrática do Poder Judiciário Após três dias de debate, são aprovadas 32 teses e a Carta de São Paulo por uma Justiça mais célere e democrática | Diversas autoridades dos 3 Poderes estiveram presentes na abertura do Congresso Durante o XX Congresso Brasileiro de Magistrados (CBM), entre os dias 29 e 31 de outubro, São Paulo, centro da economia e da movimentação judiciária brasileira, recebeu Magistrados e autoridades dos três Poderes para debater políticas e mecanismos nacionais que auxiliem os trabalhos forenses no Brasil. Sabe-se que para a engrenagem do Judiciário alinhar-se com a atual demanda da prestação jurisdicional é fundamental que os Tribunais conduzam uma gestão voltada para o planejamento, como sempre enfatiza o Presidente da Suprema Corte, Ministro Gilmar Mendes: “o planejamento é ferramenta crucial à administração de uma instituição que busca a melhoria contínua dos serviços prestados”. Nesse contexto, o XX CBM focou seus debates no tema “Gestão Democrática do Poder Judiciário”. Para falar sobre o assunto, a Associação Brasileira de Magistrados, organizadora do evento, e as associações colaboradoras APAMAGIS e AMATRA II, convidaram personalidades de renome como o Ministro Tarso Genro, Ministro Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes, Senadora Kátia Abreu, exConselheiro do CNJ Joaquim Falcão, entre outras. 16 | Associação Paulista de Magistrados Abertura do Congresso Por volta das 19h do dia 29 de outubro, no Centro de Convenções do World Trade Center, na capital paulista, iniciou-se a cerimônia de abertura do XX Congresso Brasileiro de Magistrados. Comandada pelo jornalista Heródoto Barbeiro, a solenidade ainda contou com a presença do Presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, Ministro Gilmar Mendes; dos Ministros do STF, Ricardo Lewandowski e José Antonio Dias Toffoli; dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, Luis Felipe Salomão, Luiz Fux, Massami Uyeda e Sidnei Beneti; do Ministro da Justiça, Tarso Genro; do Prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab; do Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo, Luis Antonio Guimarães Marrey; além de representantes de Associações de Magistrados de todo Brasil. Muitas dessas autoridades pronunciaram-se favoráveis ao tema central do congresso e reafirmaram compromisso por uma Justiça mais ágil. “É preciso buscar novas vias, novos caminhos e modelos de gestão para dar maior celeridade nos processos”, explicou o Presidente da Suprema Corte. O Presidente da AMB, Juiz Airton Mozart Valadares Pires, agradeceu a presença de todos e destacou a importância da temática do Congresso. “O maior objetivo é promover um debate que identifique as principais dificuldades e crie soluções viáveis para assegurar à sociedade brasileira uma prestação jurisdicional de excelência”, enfatizou. O Prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, deu as boas vindas aos participantes dizendo que a cidade de São Paulo se sentia muito feliz em recepcionar este vigésimo Congresso. “Desejamos que todos se sintam integrados à cidade e que os temas aqui debatidos contribuam para o fortalecimento do nosso Judiciário e dê mais agilidade na consolidação dos nossos direitos”, solenizou o Prefeito. Repercussão “É um evento marcante, conta com um número expressivo de Magistrados que eu jamais vi em outro Congresso desse âmbito. Isso é muito importante para o trabalho da Magistratura”, disse o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luis Felipe Salomão. Segundo o Presidente da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS), Des. Carlos Cini Marchionatti, o Congresso foi um sucesso absoluto. “Só tenho que parabenizar o trabalho, a sensibilidade e a dedicação dos Magistrados na realização deste evento”, disse o Magistrado. Para o Juiz da 3ª Vara Criminal de São Carlos, André Luiz de Macedo, este encontro é de extrema importância. “Neste Congresso temos a oportunidade de discutir sobre todos estes temas e ainda apontar soluções. O Judiciário depende de prioridades”, afirmou o Juiz. De acordo com o Corregedor da Justiça Militar da União, Alceu Alves dos Santos, este evento só tem a acrescentar no âmbito jurisdicional. “Espero que esses assuntos sejam de utilidade para que o Poder Judiciário possa se aparelhar melhor, de forma mais eficiente para uma melhor prestação jurisdicional”, disse. O Ministro Ricardo Lewandowski afirmou que, hoje, não é possível pensar em alternativas individuais, mas necessariamente em soluções coletivas para os problemas que se apresentam. Segundo o Presidente Calandra, o encontro é um marco para a cidade de São Paulo. “Nesta noite de abertura do XX Congresso Brasileiro de Magistrados, recebemos mais de 2 mil brasileiros em São Paulo [Magistrados e família]. Isto ocorre depois de 20 anos na nossa história, o que nos trouxe grande alegria pela confraternização e oportunidade de trabalho. Esperamos que o resultado do Congresso seja positivo para todos”, completou o Desembargador. Planejamento Estratégico do Poder Judiciário Após as considerações iniciais da mesa diretora do XX Congresso Brasileiro de Magistrados, o Ministro Ricardo Lewandowski, um dos representantes do Estado de São Paulo no STF, proferiu palestra magna sobre o tema “Planejamento Estratégico do Poder Judiciário”. Em sua exposição, o Ministro discor- | Ministro Ricardo Lewandowski reu sobre o conceito e a necessidade de aplicação do planejamento estratégico como fio condutor de um projeto de sucesso. Lewandowski afirmou que, hoje, não é possível pensar em alternativas individuais, mas necessariamente em soluções coletivas para os problemas que se apresentam. Segundo ele, não é mais tolerável que, na atual configuração do mundo, a eficiência de um Poder seja medida apenas pela capacidade de cumprir metas em um determinado período de tempo. “A estrutura e organização dos Poderes estão claramente inadequados para a realidade social e política de hoje”, destacou. Após cerimônia de abertura do XX | Ministro Tarso Genro CBM, os participantes terminaram a noite com a bela apresentação do grupo de música popular brasileira que resgata as raízes da metrópole paulistana: Demônios da Garoa. 2º dia: Tarso Genro e Kátia Abreu O segundo dia do XX CBM teve início com a apresentação do Ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre “O Poder Judiciário na Sociedade Moderna”. Na exposição, Tarso Genro destacou a importância de abordar a atual realidade do Judiciário sob a perspectiva da democracia, uma vez que a atuação do Judiciário e dos Magistra- | Dep. Michel Temer, Presidente da Câmara dos Deputados dos não é efetiva em regimes de exceção. “No Brasil, foi somente a partir de 1988, com a constitucionalização dos direitos sociais, que o Judiciário passou a ganhar espaços cada vez mais amplos, tanto na mídia e na sociedade”, afirmou Tarso Genro. O Ministro encerrou a Conferência destacando os desafios que se apresentam à nova geração de Juízes, como a necessidade de se estreitar o tempo dos processos e os anseios do jurisdicionado e ainda de evitar a politização do Judiciário. A segunda conferência do dia foi ministrada pela Senadora Kátia Abreu, que mostrou sua visão política sobre Carta de São Paulo | Auditório do WTC ficou lotado na abertura do evento | Desembargadores Viana Santos e Henrique Calandra, ao lado do Juiz Fernando Bartoletti A Magistratura brasileira, reunida em São Paulo no XX Congresso Brasileiro de Magistrados promovido pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), de 29 a 31 de outubro de 2009, empenhada em garantir a eficiência da atividade jurisdicional e a duração razoável do processo, assume publicamente compromissos para a gestão democrática do poder judiciário. Os Magistrados e os colaboradores do Poder Judiciário vêm se dedicando exaustivamente ao trabalho, porém, reconhecem que os sistemas legais e administrativos e as condições de trabalho vigentes não permitem atender plenamente a necessidade social de Justiça com eficiência, efetividade e transparência. O planejamento e a gestão estratégica são instrumentos que contribuem com a agilidade dos trâmites judiciais e administrativos, no entanto, é fundamental e imprescindível que todos os Magistrados tenham possibilidade de, democraticamente, participar de tais processos institucionais de política administrativa e jurisdicional, inclusive com representantes eleitos diretamente. A gestão do Poder Judiciário é uma delegação da sociedade para a administração de políticas e ações jurisdicionais. Desse modo, tal atividade não pode e não deve ser exercida indevidamente, sem transparência ou participação concreta de todos os Magistrados. Tais premissas, aliadas à certeza de uma remuneração digna, segura e garantidora do regime previdenciário dos Magistrados, aposentados e pensionistas, contribuem para a independência do Judiciário. Incluem-se nas providências para a gestão democrática do Poder Judiciário enfatizar o processo conciliatório adotando-se outras formas de solução de conflitos para o juiz atuar como apaziguador. A qualidade total da prestação jurisdicional no Brasil constitui o caminho mais eficiente para a consolidação do Estado social democrático de direito. Este é o compromisso da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que aprofundará este tema pelas suas ações institucionais por meio da campanha “Gestão Democrática do Judiciário”. Associação Paulista de Magistrados | 17 Aconteceu “é fundamental e imprescindível que todos os magistrados tenham possibilidade de, democraticamente, participar de tais processos institucionais de política administrativa e jurisdicional, inclusive com representantes eleitos diretamente” carta de São Paulo | Ministros do STF, STJ e diversas autoridades prestigiaram o XX Congresso o Papel do Judiciário e da Legislação Brasileira, falando sobre decisões judiciais, questões sobre o Meio Ambiente e desenvolvimento econômico. coNGRESSo APRoVA 32 teSeS Após um dia inteiro de palestras e reflexões, os Magistrados presentes ao XX CBM tiveram um momento de pura descontração na manhã do último dia do evento. Na oportunidade, eles conferiram o humor contagiante do ator Marcelo Médici, que apresentou o pocket show do espetáculo “Cada um com seus pobrema”. Depois da apresentação do Presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, sobre a harmonia entre os Poderes, os Magistrados discutiram proposituras para tentar acabar com os eventuais problemas do Judiciário Brasileiro. Os trabalhos da plenária começaram no final da manhã e só se encerraram por volta das 16 horas. O Congresso recebeu 42 teses, que versavam sobre seus quatro temas centrais: Democratização do Judiciário; Planejamento Estratégico do Judiciário; Autonomia e Gestão do Poder Judiciário e Procedimentos Judiciários. Desse montante, 32 foram pontuadas e aprovadas, um índice de 76% de aprovação. Ao final da programação científica do Congresso ainda foi lançada a Carta de São Paulo. O documento, aprovado pelos congressistas, enfatiza que os Magistrados, por meio da AMB, aprofundarão as políticas voltadas para o comprometimento de uma Justiça mais célere e democrática. No entanto, explica a carta “é fundamental e imprescindível que todos os Magistrados tenham possibilidade de, democraticamente, participar de tais | Desembargador Roque Mesquita processos institucionais de política administrativa e jurisdicional, inclusive com representantes eleitos diretamente”. São Paulo se despediu dos Magistrados que participaram ativamente do XX Congresso Brasileiro de Magistrados de uma forma bem paulistana: com uma apresentação da banda de rock paulista Titãs, que foi precedida pelo conjunto de rock Judges, formado por Magistrados do Rio Grande do Sul, na casa de espetáculos Credicard Hall. Confira teses aprovadas no xx cBm e seus respectivos autores tEmA I: dEmocRAtIzAção do JudIcIáRIo tEmA III: AutoNomIA E GEStão do PodER JudIcIáRIo - Criação de Comissão de Direitos Humanos nos Tribunais, como auxiliar nas políticas ligadas ao combate à tortura - João Ricardo dos Santos Costa - Administração do Poder Judiciário: Alteração da Forma de Escolha dos Cargos Diretivos dos Tribunais - Carlos Eduardo Richinitti - Alterar a Composição do CNJ e Competência - Diógenes Vicente H. Ribeiro - Barcos da Justiça: Cidadania Efetiva na Região Amazônica - José Barroso Filho - Centros Integrados de Cidadania - José Barroso Filho - Concretização do Direito Humano de Acesso à Justiça: Imperativo Ético do Estado Democrático de Direito - Marcelo Malizia Cabral - Criação de Conselhos Comunitários nos Juizados Especiais - Maria Gilmaise de Oliveira Mendes - Da Imprestabilidade da Taxa de Congestionamento para a Aferição de Litigiosidade, Produtividade e Eficiência de Varas Criminais - Anastácio Lima de Menezes Filho - Escolas Judiciais: a Formação dos Juízes da Justiça Militar para uma Atuação Democrática - Fernando Antônio N. Galvão Da Rocha - Garantia do Direito de Sufrágio aos Presos Provisórios - Fernando Antônio N. Galvão da Rocha - Instituir a Alternância para Exercer Cargos nos Órgãos Jurisdicionais e Diretivos dos Tribunais com Base no Critério da Antiguidade - Jorge Luiz Lopes do Canto - Nas Soluções Autocompositivas o Juiz Não Está Limitado Nem Deve Ficar Adstrito ao Pedido e à Contestação (Lide Processual) - Roberto Portugal Bacellar - Participação de Todos os Magistrados nas Eleições para os Cargos Administrativos dos Tribunais - Thiago Melosi Sória - Representação das Escolas de Magistratura Estaduais na Enfam - Diógenes Vicente H. Ribeiro - Unificação de Entrâncias na Magistratura Estadual - Giordane de Souza Dourado - Aposentadorias e Pensões do Poder Judiciário: Integralidade e Paridade - Maria Isabel Pereira da Costa - Assessorias de Imprensa às Unidades Judiciárias - José Luiz Leal Vieira - Gestão de Ações de Massa - João Ricardo dos Santos Costa - Inteligência de Negócios - Ney Wiedemann Neto - O Princípio da Separação dos Poderes e o Regime Previdenciário dos Magistrados - Cláudio Luís Martinewski - O Princípio da Separação dos Poderes Repele a Inclusão dos Magistrados no Regime de Previdência Complementar de que Trata o Art. 40, § § 14 A 16, da Cf, por Iniciativa do Poder Executivo - Cláudio Luís Martinewski - Papel das Escolas na Formação do Magistrado: Curso Obrigatório de Gestão Jurisdicional como Via de Transformação do Juiz-Juiz em Juiz-Gestor - Higyna Josita Simões de Almeida Bezerra - Seleção de Magistrados - Propostas de Alterações na Resolução Nº 75 de 2009 do CNJ - Ricardo Pippi Schmidt tEmA II: PlANEJAmENto EStRAtéGIco do JudIcIáRIo - Gestão Participativa - José Barroso Filho - Páginas Setoriais Relativas às Unidades Judiciárias dos Tribunais - Jorge Luiz L. do Canto - Planejamento Estratégico em Comarca - Vanderlei Deolindo 18 | Associação Paulista de Magistrados tEmA IV: PRocEdImENtoS JudIcIáRIoS - A Verdadeira Igualdade na Distribuição de Processos - Aluizio Pereira dos Santos - Câmaras de Conciliação - Uma Proposta Contra a Morosidade do Poder Judiciário - Deisy Cristhian de Oliveira Ferraz - Efetividade do Acesso à Justiça: Criação Obrigatória de juizados da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher nas Comarcas de Terceira/Última Entrância - Higyna Josita Simões de Almeida Bezerra - Medidas a Serem Adotadas pela AMB Junto às Instituições de Ensino Jurídico do País Visando a Mudança da Tradicional Cultura da Litigiosidade (Adversarial) para a Consesual - Vanderlei Deolindo - Na Conciliação Não Devem Ser Consignadas Propostas Não Aceitas. Modelo Autocompositivo Não Aceita Produção de Prova - Roberto Portugal Bacellar - Prorrogação da Competência da Vara do Tribunal do Júri - Aluizio Pereira dos Santos - Sessões Virtuais nos Tribunais - Jorge Luiz Lopes do Canto Entrevista Proposituras da Magistratura | Sétimo constitucional valoriza a Magistratura de carreira Proposta prevê a reorganização das cortes Superiores no Brasil e aprimora o quinto constitucional A última indicação do Presidente da República ao cargo de Ministro da Suprema Corte no Brasil, a oitava em sete anos de governo, reacendeu uma discussão que há tempos ronda as diversas esferas da Magistratura. Por que em um país de base democrática uma única figura detém esse poder de escolha? A questão ainda leva a outro assunto que deveria ser observado com olhos mais atentos: será que um profissional que nunca participou de um processo de julgamento como Juiz seria indicado para rever decisão de Colegas que há anos atuam na Magistratura? Olhando para tais questões a APAMAGIS, por meio de sua Diretoria de Assuntos Legislativos, elaborou uma Proposta de Emenda Constitucional, o chamado sétimo constitucional, que olha por outra perspectiva tais questionamentos. Confira entrevista exclusiva com o autor da propositura, o Juiz Regis de castilho Barbosa filho, Diretor de Assuntos Legislativos da APAMAGIS. de forma resumida, como funcionaria o sétimo constitucional? A proposta institui a alteração das cadeiras ocupadas hoje, exclusivamente, por Membros do Ministério Público e Advogados nas Cortes Superiores Brasileiras de um quinto para um sétimo. Incluímos no projeto também nessas vagas a Advocacia Pública e a Defensoria Pública, o que aumenta a representatividade do instituto. Ademais, os candidatos por meio do que chamamos de sétimo constitucional, deverão possuir mais de vinte anos de carreira além do já conferido notório saber jurídico e reputação ilibada. dos de carreira na Suprema Corte, uma para Magistrados oriundos do sétimo constitucional e quatro para Membros do Ministério Público da Advocacia Pública, da Defensoria Pública e dos Advogados. Além do mais, os Ministros serão indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal e nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Haverá um aprimoramento da participação da população na indicação das cortes superiores com essa nova proposta? | Juiz Regis de Castilho Barbosa Filho com relação à magistratura de representação, há setores da magistratura que entendem que seria o caso de extinguila. Nós pensamos muito sobre isso na APAmAGIS e chegamos à conclusão de que melhor do que extinguila seria propiciar uma melhora nesse perfil. que entendem que seria o caso de extingui-la. Nós pensamos muito sobre isso na APAMAGIS e chegamos à conclusão de que melhor do que extinguila seria propiciar uma melhora nesse perfil. Nessa esteira, fui incumbido de propor um anteprojeto que acabou, por força de ter agradado ao Deputado Regis de Oliveira, se tornando uma Proposta de Emenda Constitucional, que leva o número 408/2009. o que impulsionou o senhor a desenhar as linhas desse projeto? Essa PEC partiu da preocupação Essa PEc trabalha na vertente da valorização da magistratura de carreira? Há queixas enormes que sempre nutriu a classe em relação no sentido de que a Magistratura de carreira se vê um pouco desmotivada, porque essa dimensão de 20% ou 1/5 das vagas reservadas na Magistratura de representação realmente me parece um pouco excessiva. Para se ter uma ideia, no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo nós temos 360 Desembargadores. Isso significa que à composição do seu próprio corpo de Magistrados, formado por Magistrados de carreira, que tem a sua investidura por meio de concursos públicos, de provas e títulos e pela Magistratura de representação. Com relação à Magistratura de representação, há setores da Magistratura nós temos hoje 72 Magistrados que não foram provenientes de concurso público, que são indicados. A nossa proposta é que essa proporção na Magistratura de representação seja reduzida para 1/7. Então, reduziríamos de 72 Magistrados no Tribunal de Justiça de São Paulo para 52. Isso seria um alento bastante interessante para a carreira que, aliás, precisa ter o devido reconhecimento. como o projeto prevê a utilização do sétimo constitucional no StJ e tSt? Atualmente, no STJ e no TST também há uma cota para a Magistratura de representação. No entanto, nós entendemos que é imprescindível que esse Magistrado tenha uma experiência prévia na atuação, na judicatura, para que ele ingresse nas Cortes Superiores. Então, na verdade, procuramos modificar um pouco isso de modo que ao invés de termos no STJ 1/3 da Magistratura de representação, possamos passar para 1/7. E no TST ao invés de 1/5 para 1/7 . E esse 1/7 seria provido, na verdade, por meio de escolha feita pelo próprio Tribunal, que faria uma lista tríplice e a encaminharia ao Poder Executivo. Este, por sua vez, escolheria um dos nomes que seria sabatinado pelo Senado. A proposta da APAmAGIS também propõe algum tipo de alteração na composição do Stf? Propomos a fixação do número de seis cadeiras de Magistra- Sempre nos perguntamos se era possível ter um conteúdo mais técnico e uma participação política aprimorada da sociedade nas nossas indicações. E acho que nós conseguimos equilibrar dentro dessa proposta esse grande ganho. A nossa propositura é no sentido de que haja arguições técnicas em audiências públicas e que haja uma prévia divulgação de que essas vagas serão preenchidas. Isso torna a investidura muito mais democrática e pautada pelo controle da sociedade. Outra questão que acho imprescindível é que o Legislativo tome parte hoje desse procedimento. Nós sabemos que há, e isso é corriqueiro, sabatinas para que o candidato tenha acesso ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça. Mas para você ser guindado a um órgão de segundo grau, não há essa sabatina, ou seja, apenas o Executivo faz a indicação, após ter sido feita a lista sêxtupla pela OAB ou pelo Ministério Público, o que permaneceria com essa proposta que nós apresentamos, só que a partir da arguição técnica em audiência pública, conseguiria o Tribunal de Justiça reduzir a uma lista tríplice e o Governador escolheria um dos nomes. Porém, acrescentamos também a sabatina pela Assembleia Legislativa ou pelo Senado Federal, se tratarmos de Magistrados da Justiça Estadual ou da União. Portanto, isso aumenta a legitimidade e valoriza a Magistratura de representação. De outro lado, nós temos também a preocupação com a Magistratura de carreira. Nossa proposta, na verdade, é tornar essa forma de investidura mais plural, mais democrática e mais sujeita ao controle da sociedade. Associação Paulista de Magistrados | 19 Aconteceu 81º Encontro de Presidentes dos Tribunais de Justiça | A cúpula da Magistratura Brasileira reuniu-se na capital paulista Carta do encontro destaca revisão na atuação do CNJ e ratifica o procedimento eletrônico como ferramenta eficaz para a prestação jurisdicional O mês de outubro de 2009 colocou a capital paulista como centro de debates dos temas da Magistratura Brasileira. São Paulo foi palco do 81º Encontro Nacional do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, evento que precedeu em vinte dias o XX Congresso Brasileiro de Magistrados, realizado nos dias 29, 30 e 31 de outubro. Exatamente às dez horas do dia 08 de outubro, o Presidente da Corte Paulista, Des. Roberto Antonio Vallim Bellocchi, anunciou a abertura oficial do 81º Encontro Nacional do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, no Salão dos Passos do TJ/SP. A solenidade de abertura foi realizada com as presenças de Presidentes de 23 Tribunais Estaduais Brasileiros. Durante a cerimônia, a criação e a atuação do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, idealizado em 1992 pelo então Presiden- | Membros do 81º Encontro Nacional do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil Juízes com a busca de um comprometimento ético dos novos Magistrados e a preocupação com a sua aposentadoria. As preocupações levantadas nesse Encontro constam na Carta de São Paulo, documento que resume as proposituras aventadas do evento. Ademais, consta também no site do Colégio Permanente de Presidentes de TJs (www.tjse.jus.br/colegiodepresidentes) o estudo apresentado pela Diretoria de informática e comunicação da Corte Paulista “A Modernização do Judiciário e a Implantação do Processo Eletrônico do TJ/SP” como sugestão de implantação aos demais Tribunais. Carta de São Paulo | Desembargadores paulistas prestigiaram o evento te do TJ/SP, Desembargador Odyr Porto, foram destacadas nos discursos do orador da Corte Paulista, Des. José Renato Nalini e do Presidente do Colégio, Des. Marcus Antônio de Souza Faver. O Des. Marcus Antônio de Souza Faver sublinhou ainda em seu discurso a importância de saber que cada Estado tem suas idiossincrasias, que não há como estabelecer normas iguais para todos. O Presidente Vallim Bellocchi encerrou a solenidade elogiando a fala do Des. Marcus Faver, afirmando que ele praticamente fez um resumo dos ideais contidos na carta que criou o Colégio Permanente de Presidentes. “Não há como separar o que a natureza criou”, disse Bellocchi, lembrando das peculiaridades existentes em cada Estado brasileiro. Em seguida, os trabalhos do En- 20 | Associação Paulista de Magistrados contro foram iniciados com a apresentação do Juiz assessor da Presidência para assuntos de informática e comunicação do TJ/SP, Claudio Augusto Pedrassi, a respeito do projeto de informatização do Tribunal de Justiça de São Paulo. Outros temas apresentados durante o Encontro foram: “Ética na Magistratura” e “A Magistratura e a Previdência Social”. Grande parte das discussões ocorridas entre os participantes do Colégio versou sobre os princípios republicanos e federativos. Nesse aspecto, foi feita no encontro uma análise crítica de algumas atitudes do Conselho Nacional de Justiça que estão ferindo tais princípios. Foi discutida também a preocupação com dois pontos da estrutura do Poder Judiciário brasileiro: o do recrutamento dos O Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, reunido na cidade de São Paulo, nos dias 08, 09 e 10 de outubro do ano de 2009, atento aos problemas vivenciados na atualidade pelo Poder Judiciário, torna público as seguintes conclusões tomadas à unanimidade: 1. Manifestar seu inconformismo com a atuação do Conselho Nacional de Justiça e de sua Corregedoria-Geral que, ferindo a autonomia dos Estados federados, em especial a auto-organização de sua Justiça, tem adotado procedimentos que comprometem a dignidade do Poder Judiciário e a independência da Magistratura. 2. Eleger o processo eletrônico como eficaz instrumento para atender os reclamos da sociedade, que anseia por uma atuação pronta e efetiva do Poder Judiciário. 3. Pugnar pela realização de concursos públicos para o preenchimento dos cargos de Juízes de Direito com a adoção de mecanismos modernos que avaliem a postura ética do candidato. 4. Alertar a Magistratura nacional para as constantes alterações das normas constitucionais atinentes à Previdência Social que têm se revelado prejudiciais aos seus integrantes. São Paulo, 10 de outubro de 2009. Des. MARCUS ANTÔNIO DE SOUZA FAVER Presidente do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça Des. ROBERTO ANTONIO VALLIM BELLOCCHI Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo Espaço Aberto A mediação, linguagem universal de resolução de conflitos Valeria Ferioli lagrasta luchiari Juíza e Diretora do Núcleo de Mediação e Conciliação da APAMAGIS nos dias 16 e 17 de outubro, no Sé- nat, em Paris, foi realizado o “I Congresso Internacional de Mediação Judicial”, reunindo personalidades dos modos alternativos de resolução de conflitos. Vinte e sete países se fizeram presentes no Congresso, entre eles, o Brasil, através da Desembargadora Maria Cristina Zucchi. Organizado pelo Grupo Europeu de Magistrados pela Mediação (GEMME), sob a coordenação de Michèle AlliotMarie, Ministro da Justiça e das Liberdades, o Congresso marcou o nascimento da “Confederação Internacional pela Mediação Judicial”, tendo entre os membros fundadores a Desembargadora Zucchi e a Juíza de Direito Valéria Ferioli Lagrasta Luchiari. Nas mesas redondas foram debatidos, sob os parâmetros das legislações européia e brasileira, o grau de implicação dos poderes públicos e a formação dos mediadores, apresentando-se um panorama das práticas da mediação na Europa, América, Ásia-Pacífica, África e Meio Oriente. No que diz respeito à Europa, a Diretiva da União Européia 2008/52/CE, de 21 de maio de 2008, que dispõe sobre certos aspectos da mediação civil e comercial, garante o acesso aos modos de resolução amigável de litígios, notadamente em relação ao oferecimento dos serviços de mediação, tanto judicial, quanto extrajudicial. E, como tais prescrições deverão ser transpostas para as legislações dos Estados membros até no máximo 21 de “A mediação é o diálogo mais sofisticado do mundo, que leva em consideração as emoções e a razão”. louise ortis, Juíza da corte de Apelação de Quebec maio de 2011, estes estão trabalhando na elaboração de suas leis, contemplando as experiências já existentes. Quanto ao Brasil, a Desembargadora Maria Cristina Zucchi retratou de forma clara e precisa a situação de nossos tribunais, com o excessivo número de processos, mas não se li- mitou a lamentar tal situação, apresentado, pelo contrário, o trabalho que está sendo desenvolvido, graças ao esforço de alguns desembargadores e juízes, e que busca a melhoria dos serviços judiciais, propiciando aos jurisdicionados a possibilidade de se valerem da mediação. Por fim, para a troca de experiências e o consequente aprimoramento da mediação nos diversos países. Ao final do Congresso, concluiu-se que, apesar de trazerem consigo tradições e de pertencerem a culturas judiciais diferentes, os representantes dos diversos países coadunam um mesmo salientou a inexistência de legislação específica em nosso país. A participação de mais de 300 pessoas - ministros, embaixadores, magistrados, advogados, mediadores e conciliadores - demonstra o sucesso do evento e o interesse pela mediação e sua institucionalização no seio das legislações nacionais, sendo notório que encontros deste jaez contribuem princípio: “a mediação vem enriquecer e completar a Justiça”. No dizer de Louise Ortis, Juíza da Corte de Apelação de Quebec, a mediação é “o diálogo mais sofisticado do mundo, que leva em consideração as emoções e a razão”. Enfim, colocase a mediação como instrumento da Justiça do 3º Milênio, que deve estar a serviço dos cidadãos. Frente a Frente com a Justiça discute os principais temas de interesse da Magistratura Brasileira. TV Justiça Domingo 16h30 Associação Paulista de Magistrados | 21 Espaço Aberto Vale a pena ser fiel? Fábio Henrique Prado de Toledo Juiz de Direito em Campinas [email protected] Foram recentemente divulgados os resul- tados de uma pesquisa, feita por duas psicólogas norte-americanas, Melissa Burkley e Jessica Parker, da Universidade Estadual de Oklahoma, na qual se constatou que as entrevistadas descompromissadas sentiam maior atração por homens comprometidos. Não pretendo questionar nem concordar com o resultado da pesquisa. Aliás, se analisarmos com sinceridade e coragem, concluiremos que é de certa forma inevitável que homens e mulheres sintam atração uns pelos outros, sejam ou não comprometidos. Lembro-me do que me contou um grande amigo, que bem pode ficar a título de conclusão. Na época, ele era professor universitário e uma aluna passou a assediálo indiscretamente. Por exemplo, ao se deparar com uma mulher bonita, atraente, com um perfume agradável e bem arrumada, pode ocorrer que o primeiro impulso no homem seja desejá-la como parceira de uma relação íntima, independentemente de serem ou não casados. Mais ainda, tal como revela a pesquisa, a aliança no dedo pode mesmo ser um atrativo a mais. Penso, porém, que a questão que se coloca como fundamental não é esse sentimento inicial. O que importa é a atitude que tomaremos após esse impulso, quando a nossa inteligência tomar conta da situação. Ao me deparar com esses questionamentos, vem-me à memória um cachorrinho que possuíamos há alguns anos, quando ainda morávamos numa cidade muito pequena do interior. O Slinky era um poodle adorável e obediente. Mas havia ocasiões em que nos fugia completamente do controle. Quando alguma cachorrinha da vizinhança entrava no cio, a situação ficava insustentável. Ele roía os pés da mesa, rasgava o sofá, pulava o muro e sempre dava um jeito de escapar e ir ao encontro dela. Poderíamos traçar um paralelo entre a atitude do Slinky e a das pessoas mencionadas na pesquisa. Ambos sentem uma atração sexual. Mas seria conveniente que nós, seres humanos, reagíssemos diante de um estímulo exatamente como faz um cachorrinho de estimação? Penso que a sexualidade é parte integrante da natureza dos seres e é dela indissociável. Um animal, mais precisamente um mamífero recém-nascido necessita da proteção da mãe, que ela o amamente e dispense os cuidados até que atinja a maturidade suficiente para cuidar de si próprio. O ser humano, ainda que necessite desses cuidados materiais e alimentação a ser proporcionados pelos pais, deles dependem muito mais. Precisam de carinho, de afeto e de acolhida em sua formação. Em suma, necessitam de amor. E se é isso o que nos define como seres humanos, ou seja, como seres que possuem e aspiram ao amor, nisso está indissociavelmente inserida a nossa sexualidade. Assim, quando se dissocia o sexo do amor e da afetividade, coloca-se esse ato humano, em si sublime e belo, abaixo do acasalamento praticado pelos animais. É que esses, quando ao menos, o fazem com total “disposição”, se é que se pode assim dizer, imposta pelo instinto natural de preservação da espécie, de acolher e alimentar a prole que disso advenha. Lembro-me do que me contou um grande amigo, que bem pode ficar a título de conclusão. Na época, ele era professor universitário, e uma aluna passou a assediá-lo indiscretamente. Certa vez, ao final da aula, a aluna lhe disse: “Professor, todas as meninas da classe acham que o senhor é o professor mais charmoso que nós temos”. Ele não perdeu a compostura. Deu um suspiro, lançou um olhar penetrante e sério. Em seguida, disse: “Eu agradeço o elogio, muito embora acredito que quem disse isso não esteja bem da visão. Mas, faça um favor, diga a quem pensa isso de mim que eu estou casado há dezessete anos e que, depois desses anos todos, posso dizer que amo minha esposa ao menos setecentas vezes mais do que a amava quando, diante do altar, prometi a ela que esse amor seria para sempre. Diga também que, todas as noites, beijo meus filhos em suas camas e depois, ao me deitar, beijo minha esposa enquanto renovo em voz baixa a mesma promessa: meu amor, é para sempre, para sempre...”. Em bom português: palavras com hífen Alexandre Germano Bem separa-se por hífen quer o segundo elemento comece por vogal, por consoante ou pela letra h: bem-aventurado, bemestar, bem-humorado, bem-visto, bem-falante, bem-mandado. Desembargador e Coordenador do Museu do TJ/SP Vimos, em artigo anterior, os casos mais comuns em que as palavras devem ser usadas sem hífen. Veremos a seguir palavras que devem ser ligadas por hífen, de acordo com a reforma ortográfica, em vigor desde janeiro de 2009. Os prefixos e falsos prefixos separam-se por meio de hífen do segundo elemento quando este começa pela letra h: anti-higiênico, extra-humano, pré-história, sub-hepático, super-homem, semi-hospitalar. Mas quando os prefixos bi, des, ex, in e re ligam-se a uma palavra que perde o h inicial, os elementos se juntam sem hífen: desumano, exaurir, inábil, reabilitar, reaver, biebdomadário. Usa-se hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina com a mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, autoobservação, micro-onda, semi-interno, 22 | Associação Paulista de Magistrados micro-ônibus, contra-acusação, contraapelação, contra-argumento, contraarrazoado, contra-arrestante, contraarresto, contra-assinante, contra-aviso, contra-anunciar. A exceção é o prefixo co, que se liga sem hífen a palavras iniciadas pela letra o: coobrigação, coobrigado, coocupante, cooperação, cooperativa, cooperar, coordenar. Sempre serão separados do segundo elemento por meio de hífen os prefixos ex, vice, soto e sota: ex-presidente, ex- reitor, ex-ministro, ex-juiz, ex-diretor, vice-diretor, vice-presidente, soto-mestre, sota-piloto. Também se usa hífen no caso de prefixos tônicos (acentuados) como pós, pré e pró: pós-graduação, pós-crise, pré-sal, pré-eleitoral, préescolar, pré-natal, pró-europeu. Mas se essas formas forem átonas (sem acento), a ligação é feita sem hífen: pospor, prever, promover, preposto. Os prefixos além, aquém, recém e sem são ligados por hífen ao se- gundo elemento: além-mar, aquémmar, recém-casado, recém-nascido, sem-cerimônia, sem-vergonha. Mal separa-se por hífen quando o segundo elemento começa por vogal ou h: mal-estar, mal-afortunado, mal-afamado, mal-humorado (nos demais casos não há hífen: malcriado, malvisto, maldito, etc.). Bem separa-se por hífen quer o segundo elemento comece por vogal, por consoante ou pela letra h: bem-aventurado, bem-estar, bemhumorado, bem-visto, bem-falante, bem-mandado. Exceções: bendito, bendizer, benfazejo, benfeitor, benfeitoria, benquerença, benquisto. Afonso Schmidt Paulo Bomfim Poeta, Jornalista e Membro da Academia Paulista de Letras Amanheci com saudade de Afonso Schmidt. Tive vontade de sair para procurá-lo ou telefonar para a Publicidade “Sem Rival” ou para o Clube do Livro e deixar um recado para que ele se comunicasse comigo assim que chegasse. Senti falta de nossos encontros quase sempre casuais, de sua prosa moça, de nossos grandes silêncios. Lembrei-me daquela noite tão significativa para mim, quando em casa de Samuel Pessoa, um homem de olhos de menino prestava atenção num menino que pretendia ter olhos de adulto. Até hoje não sei bem se Afonso Schmidt partiu mesmo ou apenas deu mais uma de suas sumidas, daquele evaporar-se tão comum ao “Menino Felipe”. Sim, deve estar viajando, certamente está viajando. Cansou-se de vagabundear liricamente, de percorrer países exóticos, de conviver com marinheiros, gaivotas e boêmios de toda parte do mundo. A esta hora estará parado em alguma esquina do universo, com cigarro no canto da boca, mãos nos bolsos, conversando com os heróis humildes que pereceram na luta pelo pão de cada dia, com seus revolucionários que adentraram a eternidade com uma rosa de sangue na camisa, com Paulo Eiró ou com São Francisco de Assis. Na certa prepara novas procuras e embarcará como passageiro clandestino numa nuvem que passa rumo ao desconhecido, ou será convidado de honra do Pequeno Príncipe para uma estada em seu planeta mágico. Sim, porque Afonso Schmidt onde quer que se encontre, na dimensão que percorra, em toda estrela onde chegue, será sempre o irmão amado que retorna, cidadão do cosmos que leva apenas como passaporte um coração que abre todas as portas e é válido em todos os reinos. Novidades | Livros Novos em outubro de 2009 Antonio Raphael Silva Salvador O estudo é completo, como tudo que o Dr. Credie examina, discute e publica. Desembargador e Professor Universitário Esta 3ª edição do livro, atualizada e mais completa, tem 176 páginas e não se poderia desejar acrescentar ou tirar qualquer matéria. Tudo está certo! BEm dE FAmílIA (teoria e Prática) Autor: Ricardo Arcoverde Credie Editora Saraiva lIVRE-ARBítRIo, RESPoNSABIlIdAdE E PRoduto dE RISco INERENtE - o paradigma do tabaco (aspectos civis e processuais) Coordenação da Profa. Teresa Ancona Lopez e 17 juristas. Editora Renovar O mais completo livro sobre o bem de família, este direito que representa uma feliz ideia dos nossos legisladores para a proteção da família e do bem único de sua residência, recebe agora a sua 3ª edição, onde o seu culto autor traz alguns aspectos novos, jurisprudência atualizada e posições reafirmadas ou que sentia antes que mereciam uma fundamentação maior. O Des. Credie fez muito bem em nos brindar com este livro, pois estávamos vendo o bem de família ser afastado, quando não era caso de sua negação sem autorização especial dada pela Lei, em posição jurisdicional adotada em alguns tribunais e juízos, especialmente o trabalhista, como se a determinação emanada da lei fosse facultativa. Esquecem-se, os que assim pensam ou julgam, que a lei não foi feita para se aceitar ou não a sua aplicação, mas com o julgador obrigado a aplicá-la , enquanto estiver em vigência. O empregado protegido em seus direitos, até mesmo contra o bem de família, somente pode ver reconhecido o seu direito se estivermos frente àquele que é empregado da residência que constitui o bem de família e não para todo e qualquer empregado, como bem lembra o culto autor (fl.96). Esse é o ponto só do correto livro que temos em mão. Muitos outros merecem aceitação. Livro excelente sobre o tema discutido do uso do cigarro, com 17 brilhantes estudos de grandes juristas nacionais, destacando o dever de informar acerca dos riscos do cigarro, que realmente existem, mas a serem examinado diante do princípio constitucional da legalidade e o aberto conceito da boa-fé, onde ensina o eminente Miguel Reale que não pode ser desconsiderado o elemento histórico e os valores do respectivo contexto temporal. Temos ainda vários estudos sobre a matéria, diante do Direito do Consumidor, do Direito Civil e do Processo Civil, envolvendo discussão sobre um produto lícito, para, na opinião dos juristas que se manifestam no livro, saber se devido o reconhecimento do livre-arbítrio humano em confronto com a “dependência” causada e os riscos à saúde. No campo processual, estudos sobre os limites do poder de instrução do juiz, do cerceamento de defesa, requisitos e cabimento da ação coletiva e da inversão do ônus da prova. A ilustre coordenadora, na apresentação, termina dizendo que a discussão nesse campo é um prato cheio a todos que têm o dever profissional - ou o simples apreço intelectual - de refletir com profundidade sobre a responsabilidade civil no âmbito das relações de consumo, sob uma ótica jurídica e jus-filosófica, afastada de ideologias, posições políticas ou paixões pessoais. A BoA-Fé oBJEtIVA E o INAdImPlEmENto do coNtRAto (doutrina e Jurisprudência) Autora: Renata Domingues Balbino Munhoz Soares O livro tem muito mais, inclusive trazendo vários julgados de nossos tribunais, abonando sua posição e mostrando como deverá ser aceita a noção de boa-fé contratual nos casos de inadimplemento do contrato. Mereceu os elogios que recebeu. tRAtAdo dE uSucAPIão Autor: Benedito Silvério Ribeiro Editora Saraiva Editora LTr A autora, Mestre em Direito e Professora da Universidade Mackenzie, vem no presente livro mostrar como, partindo do novo Código Civil, devemos entender hoje a boa-fé objetiva nos casos de inadimplemento do contrato. Foi o tema por ela escolhido para o título de Mestre e mereceu os aplausos constantes do Prefácio de autoria do professor Milton Paulo de Carvalho. A autora mostra como passamos do Estado Liberal para o Estado Social, mudança que aceita e que entende certa, pois argumenta que o intérprete do Direito e da vontade popular deve buscar esta última, adequando-a ao momento presente, e assim solucionar a controvérsia que lhe é apresentada. Estuda na Parte II, o novo direito contratual e os limites impostos ao poder econômico nesse novo direito. Em seguida, estuda a boa-fé e como deverá ser conceituada para chegar à boa-fé objetiva como elemento do contrato. Se o grande Pontes de Miranda já disse, com propriedade, que o mérito dos livros há de se medir pelo que deixaram na doutrina e na jurisprudência, como roteiro de suas atividades e resolvendo as dúvidas existentes, sob pena de se tornarem livros de metafísica ou de retórica jurídica, e assim também pensando, tenho a certeza de que o livro Tratado de Usucapião, agora comentado, é importante por mostrar aos estudiosos como se deverá entender o usucapião, atuando pela prescrição aquisitiva de bens, vindo o livro solucionar eventuais dúvidas de quem o lê. Seu autor é um mestre no assunto, como todos reconhecem. O ilustre autor cita o Ministro José Celso de Mello Filho e o acompanha quando diz que “a função social inerente à propriedade justifica a perda do domínio, em favor do possuidor, por via do usucapião. Este instituto resgata a hipoteca social que incide sobre o próprio direito de propriedade.” Sendo grande a importância do usucapião, recomendamos este livro, em 6ª edição, revista e atualizada, em dois volumes, o 1º deles com 785 páginas, tudo com muita discussão, com posições de outros doutrinadores e do autor e com respaldo em ampla jurisprudência. Vale a pena lê-lo e adotá-lo para todas as questões que surjam sobre a prescrição aquisitiva de bens. Associação Paulista de Magistrados | 23 Um giro pela APAMAGIS Presidente da APAMAGIS é homenageado pela Câmara de Itapetininga Des. Henrique Nelson Calandra consolida a importância da ação social ao receber Título de Cidadão Itapetiningano Como símbolo de gratidão e colaboração com a cidade de Itapetininga, o Presidente da APAMAGIS, Des. Henrique Nelson Calandra, foi homenageado no dia 22 de outubro, com o honroso título de cidadão Itapetiningano. O momento foi marcado pela emoção e pelo reconhecimento das ações do Magistrado em prol da sociedade. A entrega do título foi realizada pelo Advogado Hiram Ayres Monteiro: “A cidade comemora hoje o nascimento de seu mais novo Magistrado. Parabenizo a cidade pela honra de acolher este cidadão”. Na sequência, ao ser convidado para discursar, o 2º Vice-Presidente da APAMAGIS, Des. Roque Mesquita, fez considerações sobre as dificuldades do que é ser Juiz no Brasil. “As pessoas que governam nesse país não dão o valor a atuação do Magistrado”, frisou. O Desembargador também abordou a importância dos Colegas Magistrados que naquela data também recebiam, consequentemente, a devida menção. “Isso se dá porque meu amigo Henrique Nelson Calandra corporifica esta homenagem. Ele está aqui hoje com os Colegas, Desembargadores, Juízes, pessoas do povo, o povo de Itapetininga, que recebe, no seu seio, este homem, que dedicou sua vida para a Justiça e que muito fez por Itapetininga. Neste momento, vocês estão homenageando o Poder Judiciário!”. O Deputado Estadual Edson Giriboni (PV/SP), concordou com a afirmação do Des. Roque Mesquita: “Realmente | Presidente Calandra recebe Título de Cidadão Itapetiningano “Um reforço, uma pessoa importante como o Dr. Calandra, faz com que cada vez mais possamos deliberar e resgatar uma dívida histórica entre os Poderes Estaduais. É uma justa homenagem.” Deputado Estadual Edson Giriboni não é fácil fazer Justiça no Brasil”. Todos conferiram as ideias de melhoria propostas por ele, que comentou sobre os projetos que estão tramitando para valorizar a Magistratura. O Deputado também aproveitou para dizer como a concessão do título ao Des. Calandra era prolífico para a cidade. “Um reforço, uma pessoa importante como o Dr. Calandra, faz com que cada vez mais possamos deliberar e resgatar uma dívida histórica entre os Poderes Estaduais. É uma justa homenagem“, afirmou o Parlamentar, que na ocasião representou o Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Quando assumiu a palavra, o homenageado, visivelmente contente com a repercussão do trabalho exercido durante os 30 anos de carreira dentro da Magistratura Estadual, externou a emoção que lhe trazia a solenidade. “Queria dedicar o momento especial para os Vereadores e Vereadoras da cidade e da região, para dizer como é importante o trabalho de vocês”, declarou. “Com um trabalho em conjunto podemos construir a Justiça no nosso país”, concluiu. Além das autoridades já citadas, a mesa da solenidade foi composta pelo Prefeito de Itapetininga, Prof. Roberto Ramalho Tavares, pelo Presidente da Câmara do município, Dr. Heleno de Souza, pelo Secretário José Eduardo Gomes Franco e pelo Juiz Diretor do Fórum de Itapetininga Aparecido César Machado. Também estiveram presentes à oportunidade os Desembargadores do Tribunal de Justiça Sebastião Luiz Amorim, Conselheiro da APAMAGIS e Vice-Presidente da AMB, Antonio Benedito Ribeiro Pinto, Emmanoel França, João Luiz Morenghi, Paulo Rubens Soares Hungria, José Manoel Ribeiro de Paula e William Roberto de Campos; o Juiz Diretor da 4ª Vara Cível de Itapetininga, Marcelo Haddad; o Juiz da 2ª Vara Criminal de Itapetininga, Elias Junior de Aguiar Bezerra; o Prefeito Municipal de Guareí, José Pedro Barros e do Advogado, Escritor e VicePresidente da Academia Itapetiningana de Letras, Dr. Hiram Ayres Monteiro. Após a solenidade, as autoridades seguiram ao Coquetel concedido pelo próprio homenageado, no Central Park, o Space Lounge. Mais um Paulista integra a Suprema Corte do Brasil Ex-Advogado Geral da União é a oitava indicação do Presidente Lula para integrar a Corte O Ex-Advogado-Geral da União, José Antonio Dias Toffoli, tomou posse, no dia 23 de outubro, como 162º Ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele ocupa a vaga deixada por Carlos Alberto Menezes de Direito, que faleceu no início de setembro, vítima de um câncer. Na solenidade de posse, Dias Toffoli - nome oficial a ser usado pelo novo Ministro na Corte - entrou no Plenário acompanhado por Celso de Mello e Cármen Lúcia, o mais antigo Ministro e a Ministra mais nova da Corte, respectivamente empossados em 1989 e 2006. Como prevê a cerimônia de posse da Suprema Corte, Dias Toffoli fez o juramento de fidelidade à Constituição e à República, assinou o termo de posse e foi oficialmente empossado pelo Presidente Gilmar Mendes, sem que houvesse discurso. O novo Ministro do Supremo Tribunal Federal, que deverá assumir a relatoria de 11 mil processos, foi indicado pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva para integrar a Suprema Corte no dia 17 de setembro e passou pela sabatina do Senado no dia 30 do mesmo mês. Aos 41 anos, Dias Toffoli é o oitavo Ministro da Suprema Corte a ser indica- 24 | Associação Paulista de Magistrados nado, José Sarney, o Presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, o Presidente da APAMAGIS, Des. Henrique Nelson Calandra, o Conselheiro da APAMAGIS e Vice-Presidente da AMB, Des. Sebastião Luiz Amorim, a Ministra Dilma Rousseff, o Governador de São Paulo, José Serra, além de Ministros do TCU, do STJ e do STF. Perfil | Ministro Antonio Dias Toffoli do por Lula. A atual composição da Corte, com 11 Ministros, tem uma indicação de José Sarney (Celso de Mello), uma de Fernando Collor de Mello (Marco Aurélio Mello) e duas de Fernando Henrique Cardoso (Ellen Gracie e Gilmar Mendes). Entre os presentes à solenidade estavam o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o Presidente do Se- Aos 41 anos, Dias Toffoli é o oitavo Ministro da Suprema Corte a ser indicado por Lula. Paulista de Marília, José Antonio Dias Toffoli ocupava o cargo de Advogado-Geral da União (AGU) desde março de 2007, quando assumiu o posto em substituição a Álvaro Augusto Ribeiro Costa. Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), em 1990, e especialista em legislação eleitoral, foi Advogado do PT nas campanhas de 1998, 2002 e 2006 e subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil entre 2003 e 2005, na gestão do então Ministro José Dirceu. De 1995 a 2000, foi Assessor Parlamentar da Liderança do PT na Câmara dos Deputados. Leilão eletrônico do TJ/SP concorre ao Innovare O leilão eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo está entre as três iniciativas da Corte que vão concorrer ao Prêmio Innovare como as melhores práticas para tornar a Justiça mais rápida e eficaz. A setorização de cartórios e a comunicação por via eletrônica de alteração de alvará de soltura também foram inscritas para a edição 2009 do prêmio. Regulamentado desde fevereiro de 2009, o leilão eletrônico foi criado para aumentar a quantidade de pessoas na tentativa de arrematar bens, baratear o processo de licitação e agilizar os processos de execução. O TJ/SP decidiu terceirizar os leilões eletrônicos e acabar com os presenciais, que contavam com poucos participantes, fazendo com que os bens alienados fossem desvalorizados. O provimento aprovado pelo tribunal previu que empresas e entidades públicas ou privadas pudessem ser gestoras de páginas virtuais. O gestor ficará com 5% do valor da venda. O Juiz Auxiliar da CorregedoriaGeral da Justiça, Hamid Charaf Bdine Júnior, e o Juiz Airton Pinheiro de Castro fizeram o projeto sair do papel. O instrumento foi criado pela reforma do artigo 689-A do Código de Processo Civil. Hoje, 12 empresas estão cadastradas para fazer os leilões. A licitação também é feita de forma eletrônica. De acordo com os Juízes, há casos de grande sucesso. STJ não é obrigado Turma do 142º Concurso comemora a votar lista 33 anos de judicatura da OAB para vaga do Quinto Constitucional Em outubro, a 2ª Turma do STF reconheceu que o STJ pode recusar a lista sêxtupla enviada pela OAB para preencher uma vaga no Tribunal pelo quinto constitucional. Em sessão extraordinária, a OAB nacional decidiu que recorrerá ao pleno do STF contra a decisão da 2ª Turma da Corte. A Ministra Ellen Gracie, Presidente da 2ª Turma, havia pedido vista do processo em junho desse ano quando o julgamento estava empatado em dois votos contra e dois a favor do provimento do Recurso Ordinário em Mandado de Segurança ajuizado pela OAB. A entidade reivindica a votação imediata da lista sêxtupla enviada ao STJ. O voto de Ellen Gracie foi desfavorável ao pedido da OAB, que pode agora insistir para que o caso seja analisado no plenário do Supremo ou enviar uma nova lista ao STJ. A Ministra entendeu que não faria sentido os 28 Ministros que participaram do escrutínio justificarem cada um o seu voto, pois isso iria expor desnecessariamente os Advogados indicados pela OAB cujos nomes foram rejeitados. Ademais, tiraria o caráter secreto da sessão e, por conseguinte, tolheria a liberdade dos Ministros para escolha dos nomes para figurar na lista tríplice. Segundo ela, pela mesma lógica, não são justificados, pelo STJ, os votos que eliminam três dos seis candidatos das listas sêxtuplas encaminhadas para escolha de três nomes, quando do preenchimento de vaga do quinto constitucional que cabe à categoria dos Advogados ou representantes do Ministério Público. Pensionistas da Magistratura se reúnem em Brasília | Presidente da AMB se reúne com pensionistas No dia 06 de outubro, realizou-se na sede da AMB, em Brasília/DF, reunião em que participaram as Coordenadoras de Departamentos de Pensionistas das entidades de diversos Estados. Durante a reunião, a Sra. Eneida T. Barboza, Diretora das Pensionistas da Ajuris (Associação dos Juízes do Rio Grande de Sul) e da AMB entregou ao Presidente da AMB, Juiz Mozart Valadares, a carta do VI Congresso de Santa Catarina, realiza- do em setembro de 2009 . O Estado de São Paulo foi representado pelas Coordenadoras Sra. Lucélia de Moura Alcântara e Sra. Celina T. da Silva que, após a reunião, dirigiram-se à Câmara dos Deputados para assistirem a exposição de motivos referentes à PEC 351 de 2009, que altera o artigo 100 da Constituição de 1988 e trata de precatórios, cujo relator é o Deputado Federal Eduardo Cunha (PMDB/SP). | Turma do 142º Concurso de Ingresso da Magistratura Paulista No segundo semestre deste ano, a turma do concurso 142º de ingresso à Magistratura Paulista se reuniu, em jantar, na Sede Social, para comemorar os 33 anos de atuação na Magistratura Bandeirante. Na oportunidade, o Des. Sebastião Oscar Feltrin, orador da turma do concurso 142º, prestou homenagem para a Comissão Examinadora da turma formada pelos falecidos Desembargadores Adriano Marrey, Francisco Thomaz de Carvalho Filho, Pedro Barbosa Pereira e o Advogado José de Castro Bigi. Em seu discurso, o Des. Sebastião Oscar Feltrin também recordou os Colegas sobre o excesso de trabalhos do Judici- ário Paulista: “Enfrentamos uma avalanche nunca vista de processos, exigindo de cada um de nós redobrado esforço e crescente preocupação com a causa da Justiça”. No entanto, o Desembargador garantiu que esse trabalho diário de prestação jurisdicional tranquiliza a consciência dos Magistrados por servir bem as necessidades da sociedade. “É com alegria que estamos neste encontro comemorando 33 anos do nosso ingresso na Magistratura. Um momento raro de uma confraternização que nos proporciona muita satisfação”, encerrou o Sebastião Oscar Feltrin sua fala, que ficará guardada na memória dos Magistrados desta turma. Penas alternativas ao pequeno traficante Senado institui comissão para anteprojeto do CPC Até o final do ano, o governo promete enviar ao Congresso projeto de lei que será responsável por mudanças na lei antidrogas. Segundo a proposta, quem for flagrado pela polícia vendendo pequena quantidade, estiver desarmado e não tiver ligação comprovada com o crime organizado será condenado a penas alternativas. A justificativa do governo é que pretende-se evitar que essas pessoas sejam cooptadas nos presídios por grandes criminosos e permitir que a polícia concentre o trabalho de repressão nos grandes traficantes e no crime organizado. “Precisamos trabalhar uma mudança na lei para que as pessoas que se envolvem esporadicamente com as drogas e que não têm relação com o crime organizado cumpram penas alternativas”, alegou o Secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Pedro Abramovay. “Isso não é nenhuma questão de bondade ou de leniência com o tráfico de drogas. É uma questão de estratégia.”, afirmou o Secretário. O presidente do Senado, José Sarney, assinou no dia 01 de outubro ato instituindo comissão para elaborar o anteprojeto de lei de um novo Código de Processo Civil. A comissão será presidida pelo Ministro Luiz Fux, do Superior Tribunal de Justiça, e contará com mais 11 integrantes. A relatoria da proposta ficará por conta da Professora Teresa Arruda Alvim Wambier. A Comissão de Juristas responsável pela elaboração do anteprojeto de Código de Processo Civil terá 180 dias, contados a partir de 1º de novembro, para apresentar o anteprojeto. O trabalho deverá instruir os Parlamentares na elaboração do novo texto, da mesma forma do que ocorreu no caso do projeto do novo Código de Processo Penal, que também teve a colaboração de especialistas. Associação Paulista de Magistrados | 25 Um giro pela APAMAGIS Atendimento Odontológico | Atendimento odontológico da APAMAGIS: nível de excelência assegurado A APAMAGIS, sempre preocupada com a saúde de seus associados e familiares, mantém convênio com ASOPREST Odontologia Integrada Ltda., empresa responsável pelos serviços odontológicos (estética, clareamento a laser, prótese, periodontia, ortondontia, odontopediatria, cirurgia e implantes). O atendimento é feito nas dependências das Sedes Social e Administrativa, de segunda a sexta, das 8h às 19h, e aos sábados, com agendamento. Contatos: (11)5539-1445, (11)8847-0744 (Sede Social), (11)3242-9038 e (11)88470745 (Sede Administrativa). Aprovado Novo Regimento Interno do TJ/SP Depois de quase três anos de trabalho, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo aprovou finalmente seu novo regimento interno, que foi publicado no Diário Eletrônico do Judiciário, no dia 02 de outubro. Mais enxuta, a norma reduziu de 900 para 290 o número de artigos que disciplina o funcionamento da maior Corte do país. Entre as principais novidades estão: a criação das câmaras reunidas, agora chamadas de turmas especiais, com atribuição para apreciar matérias internas de cada seção, e a nova composição do Conselho Superior da Magistratura, que agora passa a contar oficialmente com os três presidentes de seções. Estes também ganharam mais poder e autonomia administrativa. O novo regimento permite que o rela- tor sorteado ou substituto legal possa rejeitar, por decisão monocrática, qualquer feito que não tenha consistência mínima para tramitar. A norma ainda criou o sistema de cadeiras, que permite a distribuição ininterrupta, voltando os Juízes Substitutos do tribunal à condição de auxiliares e substitutos dos Desembargadores. A Comissão de Regimento Interno foi presidida pelo Desembargador Guilherme Strenger e teve como Relator o Desembargador Ivan Satori. Ainda participaram os Desembargadores Walter de Almeida Guilherme, Samuel Meira Brasil Júnior, Matheus Fontes, Mathias Coltro, Mário Devienne Ferraz, José Orestes de Souza Néri, Palma Bisson, Luís Antonio Ganzerla, Luiz Eurico Costa Ferrari e Ricardo Cintra Torres de Carvalho. OAB e CNJ assinam acordo para estimular conciliação O Presidente do Conselho Nacional de Justiça, Ministro Gilmar Mendes, e o Presidente do Conselho Federal da OAB, Cezar Britto, assinaram um termo de cooperação para estimular a prática de conciliação. O termo prevê intercâmbio de dados, informações e apoio técnico entre as duas entidades a fim de contribuir com a redução do estoque de processos e combater a morosidade na tramitação de ações judiciais. O CNJ e a OAB também se comprometeram a propor em conjunto medidas alternativas para a solução e prevenção de novos conflitos judiciais. A iniciativa prevê a criação de grupos de trabalho para a realização de estudos e proposição de mecanismos mais ágeis e eficientes que contribuam para reduzir o acervo de processos. “Precisamos desenvolver uma cultura de resolver o conflito no momento em que ele surge, seja no escritório, seja na audiência, evitando o acirramento de disputas e a belicosidade que dificultam a consecução do preceito constitucional de Justiça para todos”, disse Cezar Britto. Britto e Mendes entendem que há uma ênfase excessiva no conflito e no pressuposto de que a contenda somente pode ser resolvida pelo Juiz. O esforço conjunto faz parte do Planejamento e Gestão Estratégica do Poder Judiciário, instituído pela Resolução 70 do CNJ. Lula sanciona lei que autoriza registro civil único A carteira de identidade, o passaporte, o CPF e a carteira de motorista são alguns dos documentos que passarão a ter o mesmo número de registro. A Lei 12.058/09 que autoriza o registro civil único foi sancionada em outubro pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a unificação, o cidadão terá o número único de registro de identidade civil, válido para os brasileiros natos e naturalizados. De acordo com a lei, a implementação do registro único deve começar dentro de um ano. O Poder Executivo terá 180 dias para a regulamentação. A União poderá firmar convênios com os estados e o Distrito Federal para implantar o número único e trocar os documentos antigos de identificação. Lula sanciona Projeto de Lei dos Subsídios O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou, no dia 08 de outubro, Projeto de Lei que recompõe os subsídios da Magistratura e do Ministério Público. O dispositivo concede a readequação conforme os índices previstos no projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, com correção de 5% a partir de setembro e 3,88% a partir de fevereiro de 2010. CNJ faz primeira audiência por videoconferência Divulgação Rubens Rihl integra o CNJ | Juiz Rubens Rihl O Juiz Substituto em 2º grau do TJ/ SP, Rubens Rihl, é o novo Juiz Auxiliar do Conselho Nacional de Justiça. O Magistrado vai atuar como Juiz Auxiliar da Presidência nos diversos programas em andamento do Conselho. Com 24 anos de carreira, Rubens Rihl é formado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Paulistano, assumiu diversas competências 26 | Associação Paulista de Magistrados nas áreas cível, criminal, da infância e da juventude, eleitoral, administrativa e trabalhista, quando a Justiça Estadual ainda exercia essa atividade, em apoio à Justiça do Trabalho. Rubens Rihl ainda foi Corregedor de Presídios e da Polícia Judiciária na cidade de Diadema, à época com grande índice de criminalidade, e cuidou também do Tribunal do Júri. Na área da criança e do adolescente, entre 1998 e 2005, esteve à frente da 1ª Vara Especial da Juventude, para tratar especificamente de adolescentes em conflito com a lei, além de auxiliar o Departamento de Execuções da Infância e da Juventude em inspeções à antiga Febem. Desde 1998, Rubens Rihl é Auxiliar da Presidência do TRE de São Paulo nos períodos eleitorais e desde 2005 integrava a 8ª Câmara de Direito Público do TJ/SP. Foi Secretário Geral da Escola Paulista da Magistratura, no período de 1999 e 2002 e um dos idealizadores do Centro de Apoio ao Direito Público - CADIP, um órgão do Tribunal de São Paulo de auxílio aos Juízes e Desembargadores que atuam na área. O Conselho Nacional de Justiça realizou, no último dia 6 de outubro, a inquirição de testemunhas pelo sistema de videoconferência. É a primeira vez que a ferramenta é utilizada pelo CNJ. Na oportunidade, o Conselheiro Walter Nunes da Silva Júnior ouviu três testemunhas de um Processo Administrativo Disciplinar movido pelo CNJ e o Tribunal de Justiça de Amazonas contra o Des. Jovaldo dos Santos Aguiar. Pela rede informatizada do Judiciário e com a utilização de duas câmeras de vídeo, televisão e computadores, o conselheiro Walter Nunes, que estava em Brasília, pôde fazer perguntas às testemunhas, que estavam na seção judiciária da Justiça Federal, em Manaus. Se fosse adotado o método convencional, a audiência poderia ser feita por um Juiz da seção judiciária de Manaus ou pelo próprio Conselheiro, que teria de se deslocar até o Amazonas. As perguntas foram feitas às testemunhas tanto pelo Conselheiro como pelo acusado. “A audiência foi um sucesso”, avalia o conselheiro Walter Nunes. Essa forma de oitiva de testemunhas, como também de interrogatório por videoconferência, foi autorizada pela Lei 11900/2009, que modificou o Código de Processo Penal. Vale a pena relembrar que a primeira audiência por videoconferência foi realizada em Campinas, em 1996, pelo Diretor de Informática da APAMAGIS, Juiz Edison Aparecido Brandão. Cúpula Justina debate o aperfeiçoamento do sistema judiciário brasileiro Nos dias 27 e 28 de outubro, foi realizada a Cúpula Justina, evento organizado pelo Instituto Besc, cujo objetivo era propor alteração de ritos e normas processuais para acelerar o desenvolvimento econômico-social do país. O evento, que ocorreu na capital paulista, reuniu conferencistas de diversas áreas do Direito para debater o aperfeiçoamento do sistema judiciário brasileiro e foi presidido pelo Ministro José Antonio Dias Toffoli. A Cúpula Justina contou com a presença do Presidente Calandra, do Juiz do TJ/SP Eduardo Francisco Marcondes, do Deputado Federal e Presidente da CNI, Armando Monteiro Neto (PTB/PE), do Senador Demóstenes Torres (DEM/GO), do Vice-Presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, Ralph Lima Terra, entre outros. No primeiro dia do evento, os painéis abordaram temas como desburocratização e aperfeiçoamento do sistema Judiciário, métodos alternativos na resolução de conflitos e sobre a atuação no Ministério Público no Brasil. Já no segundo dia, a Cúpula Justina debateu assuntos como o Judiciário e os sistemas de regulação, fiscalização e supervisão financeira, lacunas jurídicas em âmbito federal provocadas pela falta de regulamentação e tratamento e disposição de resíduos sólidos urbanos. | Presidente Calandra participa de evento destinado a acelerar o desenvolvimento social do País | Lauro Celidonio Neto e Desa. Federal Marli Marques | Jurista Walter Ceneviva prestigiou o evento | Público acompanhou os debates TRT/SP reconhece mérito de Magistrados de SP A outorga é idealizada para os benfeitores do Direito que praticam justiça social | Desembargadores Marco Antonio Marques da Silva e Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, e o Juiz Nuncio Theophilo Neto O Diretor do Departamento de Relações Internacionais da APAMAGIS, Des. Marco Antonio Marques da Silva, e o Juiz Nuncio Theophilo Neto foram agraciados com a Comenda da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho da 2ª Região, realizada no último dia 10 de setembro. A solenidade, presidida pelo Desembargador Decio Sebastião Daidone, Presidente do TRT da 2ª Região, também homenageou outras 43 autoridades do cenário político e social nacional por seus dignos trabalhos realizados. Associação Paulista de Magistrados | 27 Turismo Ásia/Tailândia | A terra Thai oferece roteiros mais que exóticos A Tailândia desvenda-se como uma ótima opção para quem deseja sair das viagens comuns e conhecer uma cultura milenar, há pouco descoberta por turistas ocidentais. Localizada no sudeste asiático, na zona climática tropical, a terra Thai, “livre” para os tailandeses, além da rica cultura oferece trilhas por paisagens deslumbrantes das florestas tropicais asiáticas, sabores distintos encontrados exclusivamente em países orientais, além de inúmeras praias paradisíacas. País Fênix Ao final de 2004, a Tailândia encontrava-se em páginas de destaque de jornais de todo o mundo. Uma triste notícia percorria o país: um tsunami assolou a costa tailandesa desabrigando moradores e turistas que passavam o final de ano no local. Um ano após o ocorrido, já não se viam os rastros da tragédia e, em dois anos, o turismo voltou a eleger a Tailândia como destino de férias. É um espírito de reconstrução arraigado na cultura tailandesa. Desde os primeiros resquícios da civilização thai, há 10 mil anos, até meados do século XV, a história do país dos sorrisos passou por períodos ora mais prósperos, ora marcados por estrondosas e sangrentas invasões. Mas sempre ressurgiu das cinzas para oferecer sua contagiosa alegria aos visitantes. Budismo como religião A força de se reerguer e lutar contra seus males talvez seja, em parte, uma dádiva distribuída aos tailandeses seguidores de Buda. O budismo é a religião praticada por mais de 90% da população, e mostra grandes influências na vida cotidiana do país. A primeira aparição do Budismo na Tailândia foi durante o terceiro século antes de Cristo, em Nakhon Pathom, local onde está o maior monumento budista do mundo. Além das normas morais, o Budismo proporciona aos seus praticantes coesão social, auxílio espiritual e uma incomparável inspiração artística; em cada região há referências desta religião, como os vários templos budistas espalhados por todo canto do país. Mulheres-girafas Para a cultura ocidental não é fácil entender como mulheres conseguem esticar seus pescoços para fixarem anéis de metais nesta parte do corpo. Essa é uma das curiosidades que a Tailândia propicia: a visita às mulheresgirafas da tribo Padung. Não se sabe ao certo qual o intuito do que para 28 | Associação Paulista de Magistrados muitos é “mutilação do corpo”, mas o adorno faz parte da cultura da tribo e elas garantem que os anéis não incomodam e são indolores. Praias de cinema Não deixe também de conferir as diversas praias, por ora, ainda paradisíacas, que circundam a região. Suas águas tranquilas, com tonalidades de verde e azul, são muito convidativas para a prática de desportos náuticos como o mergulho e a natação. Uma boa dica é observar, nas ilhas Phi Phi, o cemitério de conchas com mais de 75 milhões de anos. Terra de muitos sabores Misture doce ao apimentado, com toques de azedume e salgado, e assim você terá uma comida típica tailandesa. Conhecida por misturar elementos que raramente são colocados na mesma panela, que por lá leva o nome de wok - um tipo de frigideira de grandes proporções, que serve para cozinhar e fritar - a culinária tailandesa é tida por muitos como exótica; quem experimenta misturas de peixe, manjericão, abacaxi, leite de coco, curry, pimenta e limão garante que é uma delícia. Lembre-se: a Tailândia está situada na zona climática tropical, onde o clima é bastante quente e caracterizado por monções. A sensação é que se está sempre úmido ou molhado, portanto escolha roupas leves para levar na bagagem. SERVIÇO Para Tailândia e inúmeros outros roteiros com segurança, comodidade e descontos reais, entre em contato com o Departamento de Turismo da APAMAGIS no telefone (11) 3292-2200.