O SERVIÇO SOCIAL E AS COOPERATIVAS QUE UTILIZAM A FILOSOFIA DA ECONOMIA SOLIDÁRIA: O EXEMPLO DA MICROPÃES DE UBERLÂNDIA Simara Paula da Costa* Maria Izabel da Silva** RESUMO: Este artigo visa contribuir com a reflexão da atuação profissional do Assistente Social junto as Cooperativas que utilizam a filosofia da Economia Solidária, enquanto possibilidade de transformação. Para tanto, apresenta a pesquisa empírica realizada com a Cooperativa Micropães de Uberlândia, cuja metodologia privou pela abordagem qualiquantitativa, de caráter exploratório e estudos de casos, além de entrevista semiestruturada e da observação. Os resultados constataram que o cooperativismo é uma forma de enfrentamento ao desemprego, enquanto meio de sobrevivência dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho, bem como confirmaram este espaço sócio-ocupacional como possibilidade real de atuação profissional, embora reconheça as limitações do cooperativismo no contexto capitalista barbarizado sob a égide neoliberal. Palavras-chave: Serviço Social. Cooperativismo. Economia Solidária. 1- INTRODUÇÃO A sociedade capitalista tem sofrido profundas transformações nas últimas 4 décadas, sobretudo a partir da crise estrutural do capital mundializado eclodida na década de 1970, e das respostas que lhes foram dadas, entre as quais o neoliberalismo e a reestruturação produtiva, refletindo graves impactos sob vários aspectos entre os quais: econômico, político, social, cultural, etc. As conseqüências perversas são inegáveis diante do crescente empobrecimento da classe trabalhadora, da precarização das condições de trabalho e do desemprego estrutural que assola a humanidade, em níveis alarmantes jamais imaginados pelos liberais defensores da sociedade de mercado. Nesta perspectiva, é importante ressaltar que neste contexto de trabalho precarizado (inegáveis expressivas perdas de direitos trabalhistas) e de crescente desemprego estrutural, a venda da força de trabalho continua sendo a condição * Graduada em Serviço Social pela Faculdade Católica de Uberlândia. Trabalho de Conclusão de Curso defendido em 29/11/2010, sob a orientação da profa. Ms. Maria Izabel da Silva. ** Professora orientadora, Graduada e Mestra em Serviço Social pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e Doutoranda em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista – UNESP-Franca. É professora e coordenadora do Curso de Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia. preliminar única de sobrevivência para a maioria da população. Além disso, vale lembrar que a sociedade capitalista não se sustenta sem a força de trabalho humana, podendo precarizar e descartar expressivas parcelas da população de trabalhadores, entretanto não pode extingui-las. (ANTUNES, 2006). Percebe-se, portanto, que essas alterações exigem cada vez mais do trabalhador qualificação e adequação às demandas do mundo do trabalho decorrentes do avanço tecnológico e intelectualização do trabalho. Paralelamente a esta tendência ocorre uma desqualificação de uma grande parcela de operários oriunda das formas de produção fordista/taylorista. Nesta análise esclarece Antunes (2006, p. 62): Evidencia-se, portanto, que ao mesmo tempo em que visualiza uma tendência para a qualificação do trabalho, desenvolve-se também intensamente um nítido processo de desqualificação dos trabalhadores, que acaba configurando um processo contraditório que superqualifica em vários ramos produtivos e desqualifica em outros. No que diz respeito a qualificação para o trabalho, Iamamoto (2008) acredita que o pensamento liberal atribui ao “mercado” a solução para todos os desequilíbrios e constrói alguns mitos em relação as causas do desemprego dizendo portanto, que este está relacionado aos elevados salários, outra lógica do pensamento liberal é a culpabilidade que se coloca para os trabalhadores que estão desempregados como “inadaptados” ou que não se qualificaram por falta de interesse. Percebe-se, portanto que a crise vivida pelo capitalismo no que diz respeito as alterações já mencionadas, repercutiram sobre a classe trabalhadora que sofre diretamente as consequências de um sistema excludente, que não proporciona alternativas de inserção e reinserção no mercado de trabalho. No Brasil este cenário é mais crítico, cuja trajetória é denominada como um capitalismo hiper tardio, refletindo o desenvolvimento histórico também tardio, no que diz respeito ao reconhecimento de direitos sociais e de mobilização, organização e lutas através dos movimentos sociais e sindicatos de trabalhadores. Entretanto o desemprego é um problema que atinge de forma evidente a classeque-vive-do-trabalho e é condição primordial para que o capitalismo exista, pois é um sistema que através do trabalho humano: muitos produzem e poucos se apropriam da riqueza socialmente produzida. Ressaltando que o desemprego é um elemento intrínseco do capitalismo, inclusive o “exército industrial de reserva” descrito por Marx, é fundamental e muito útil aos capitalistas para manterem os baixos salários, refletindo no aumento em sua acumulação de capital. Neste contexto complexo de crise e desemprego estrutural, no qual o Estado é cada vez mais omisso com suas responsabilidades no enfrentamento às expressões da questão social (objeto de intervenção do Serviço Social), emerge a cultura de incentivo à economia solidária e o cooperativismo, como forma de sobrevivência daqueles trabalhadores expulsos do mercado de trabalho. Esta temática constitui-se, portanto, importante campo de estudos e pesquisas para a Serviço Social, além de apresentar novas possibilidades de intervenção profissional para os Assistentes Sociais. Assim sendo, abordaremos conceitualmente de forma sucinta a economia solidária e o cooperativismo, enquanto embasamento teórico a nortear nossa reflexão sobre a Cooperativa Micropães de Uberlândia-MG. 2. Breves considerações sobre a Economia Solidária e o cooperativismo Segundo Lechat (2005), desde o século XIX, a classe trabalhadora tem lutado em prol de melhores condições de vida e de trabalho, a exemplo das novas formas de organização e lutas como a formação de sindicatos e cooperativas de trabalho. Para o referido autor, na Europa vários pensadores como Saint-Simon, Fourier, Owen e Proudhon, os quais eram denominados por Karl Marx como socialistas utópicos, bem como Kropotkin e Landauer após 1870, ambos contribuíram para a construção do pensamento da Economia Solidária. Na Inglaterra e nos Estados Unidos várias comunidades ou aldeias foram criadas, mas não conseguiram se manter por muitos anos. Nas décadas de 1830 e 1840 surgiram sociedades de socorro mútuo, balcões alimentícios e cooperativas de produção criadas por trabalhadores que se recusavam a tornar-se proletários nas fábricas. A crise que afetou a agricultura nos anos 1873-1895 que levou uma modernização e investimentos no setor agrícola representou grandes dificuldades para os camponeses, que tiveram como alternativa as cooperativas agrícolas e de poupança. Mais recentemente, com a crise estrutural do capital eclodida a partir da década de 1970, em âmbito global, e com as respostas que lhes foram dadas entre os ou as quais: o neoliberalismo (Estado Mínimo) e a reestruturação produtiva, a sociedade capitalista passa por profundas alterações em âmbito mundial evidenciadas sob várias dimensões: econômica, política, social, cultural, etc1. Dentre essas alterações destaca-se o aprofundamento da miséria e do pauperismo mundial, a militarização das potências mundiais, o fechamento de empresas e demissões em massa (além do avanço tecnológico substituindo o homem pela máquina), refletindo o desemprego estrutural, provocando fortes e cruéis impactos sobre a classe trabalhadora. Neste contexto adverso, os trabalhadores buscaram novas formas de se organizar e encontraram no cooperativismo uma alternativa para enfrentar o desemprego (o pauperismo) como meio de sobrevivência. Na década de 1980 foram criadas várias cooperativas de auto-gestão na Europa cunhadas por diversos movimentos sociais que trouxeram uma nova visão de organização social, como possibilidade de novas formas do homem se relacionar com o social, econômico e com o meio-ambiente. Segundo Guélin (1998, p. 13) apud Lechat (2005, p. 04) a economia solidária: é composta de organismos populares de bens e serviços, colocados em condições jurídicas diversas nos seio das quais; porém, a participação dos homens resulta de sua livre vontade, onde o poder não tem por origem a detenção do capital e onde esta não fundamenta a aplicação dos lucros. No Brasil, a Lei nº 5764 de 16 de dezembro de 1971 definiu a Política Nacional de Cooperativismo apresentando o estímulo do Governo Federal as formas de cooperativismos e associativismos, lei que rege até os dias atuais: Art. 1º Compreende-se como Política Nacional de Cooperativismo a atividade decorrente das iniciativas ligadas ao sistema cooperativo, originárias de setor público ou privado, isoladas ou coordenadas entre si, desde que reconhecido seu interesse público. Art 2º As atribuições do Governo Federal na coordenação e no estímulo às atividades de cooperativismo no território nacional serão exercidas na forma desta Lei e das normas que surgirem em sua decorrência. Parágrafo único. A ação do Poder Público se exercerá, principalmente, mediante prestação de assistência técnica e de incentivos financeiros e creditórios especiais, necessários à criação, desenvolvimento e integração das entidades cooperativas. A partir da década de 1980 com a redemocratização do Brasil, esses movimentos surgem com mais força política e novas formas de organização emergem no cenário brasileiro. Segundo Lechat (2005, p. 7) o conceito de economia solidária ficou imerso 1 Vid. SILVA, José Fernando Siqueira; SILVA, Maria Izabel. Reprodução do capital, trabalho estranhado e violência. In: O Avesso ao Trabalho: trabalho II, precarização e saúde do trabalhador. Expressão Popular, UNESP-Franca, 2010. por diversas décadas sendo tratado com denominações diferentes como: autogestão, cooperativismo, economia informal ou economia popular. Surge então o conceito de Economia Solidária como uma resposta dos trabalhadores que estão excluídos do mercado de trabalho pelo desemprego estrutural e que buscam no mercado informal uma alternativa para sua sobrevivência. Um dos percursores dessa questão no Brasil é Paul Singer que traz o conceito de economia solidária vinculado a uma estratégia de luta contra desigualdades sociais e o desemprego. Assim, afirma Singer (2000, p.138): A construção da economia solidária é uma destas outras estratégias. Ela aproveita a mudança nas relações de produção provocada pelo grande capital para lançar os alicerces de novas formas de organização da produção, à base de uma lógica oposta àquela que rege o mercado capitalista. Tudo leva a acreditar que a economia solidária permitirá, ao cabo de alguns anos, dar a muitos, que esperam em vão um novo emprego, a oportunidade de se reintegrar à produção por conta própria individual ou coletivamente2. O crescente aumento da informalidade e a precarização dos contratos de trabalho estruturou-se o desemprego em massa, onde muitos trabalhadores não encontram outra alternativa a não ser abdicar de seus direitos em busca da garantia de sua sobrevivência e de suas famílias. Por outro lado abriu-se caminho para o surgimento de novas formas de organização de trabalho que possibilitam geração de renda. Nesta perspectiva esclarece Maia (2006, p.1-2): Na economia solidária encontramos milhares de trabalhadores organizados de forma coletiva, gerindo seu próprio trabalho e lutando pela sua emancipação. São principalmente iniciativas de Organizações Não Governamentais voltadas para projetos produtivos coletivos, cooperativas populares, redes de produção-consumocomercialização; instituições financeiras voltadas para empreendimentos populares solidários, empresas recuperadas por trabalhadores, organizados em autogestão, cooperativas de agricultura familiar, cooperativas de prestação de serviços, dentre outras. Conforme já abordado anteriormente, o crescimento da economia solidária aconteceu no Brasil como uma forma de sobrevivência encontrada pela classe trabalhadora para enfrentar o desemprego estrutural, as articulações entre sociedade civil e diversas entidades que se organizaram em diversos fóruns locais e regionais, resultando na criação do Fórum Brasileiro de Economia Solidária. De acordo com 2 Discordamos de Paul Singer, cujo excesso de otimismo vê na Economia Solidária uma possibilidade de superação da sociedade capitalista. Nosso entendimento é que seja uma possibilidade de enfrentamento ao desemprego, provendo a sobrevivência do trabalhador expulso do mercado de trabalho, entretanto permanece dentro da lógica do capital. informações contidas no site do Ministério do Trabalho e Emprego3 existem atualmente 27 fóruns estaduais com milhares de participantes (empreendimentos, entidades de apoio e rede de gestores públicos de economia solidária) em todo território brasileiro, além disso, foram fortalecidas ligas e uniões de empreendimentos econômicos solidários e novas organizações foram criadas em âmbito nacional. É oportuno ressaltar que em 2003 o governo federal criou a Secretaria Nacional de Economia Solidária-SENAES, responsável pela implementação do Programa Economia Solidária em Desenvolvimento, com o objetivo de fortalecer e divulgar a Economia Solidária mediante políticas públicas integradas visando o desenvolvimento por meio da geração de trabalho e renda com inclusão social. Pressupondo que o sistema capitalista é um modo de produção hegemônico antagônico e excludente, a classe trabalhadora desempregada sem alternativas, busca sobreviver a partir da organização de grupos de trabalho. Desta forma, a economia solidária apresenta um crescimento significativo no cenário brasileiro, embora evidencie inúmeras dificuldades para se organizar e consolidar no sistema capitalista. Portanto, a Economia Solidária no Brasil constitui-se como uma alternativa de acessar o direito ao trabalho (e não o emprego) do cidadão, como forma de prover sua sobrevivência no atendimento das necessidades humanas. Ressaltando que o direito ao trabalho é assegurado na Constituição Federal de 1988 no artigo 170, enquanto direito do cidadão, valorizando o trabalho humano e a busca do pleno emprego (que nunca tivemos no Brasil), entretanto na realidade evidencia-se que a lógica liberal da propriedade privada é prevalecida, promovendo o enriquecimento da minoria (burgueses) e agravamento das desigualdades sociais, bem como a crescente pauperização da maioria (trabalhadores). O trabalho humano portanto, é assegurado legalmente, entretanto não é efetivado na prática a todos os cidadãos, sobretudo em tempos de crise do capital e sob a lógica neoliberal, o que não favorece a classe trabalhadora, ao contrário, haja vista os perversos impactos nos movimentos sociais e sindicatos de trabalhadores nos últimos tempos. Neste cenário, as formas de estímulo ao cooperativismo também são asseguradas na Constituição de 1988, assegurando o apoio do Estado as formas associativistas e cooperativistas no artigo 174 inciso 2º. 3 Disponível em http// www.mte.gov.br acessado em 15/11/10. Desta forma, o governo federal, em 2003, com a criação da SENAES (Secretaria Nacional de Economia Solidária), dentro do Ministério do Trabalho e Emprego, apresentou uma forma de estimular este crescimento da economia solidária no cenário brasileiro, além dos diversos fóruns nacionais e estaduais promovidos pelos projetos de extensão de universidades públicas. Assim, muitas cooperativas foram fomentadas e criadas, entretanto percebe-se que tais ações de apoio e fomento foram insuficientes para as cooperativas se consolidarem. Nesse contexto de desemprego estrutural, conforme mencionado anteriormente, a classe trabalhadora em busca de prover sua sobrevivência, encontra no trabalho informal uma alternativa de atender suas necessidades, sendo que as cooperativas de trabalho são algumas destas formas. Em Uberlândia, no final da década de 1980 e meados da década de 1990, as Micro Unidades de Produção foram alternativas para muitos que estavam fora do mercado de trabalho, dentre elas a Cooperativa Micropães que será nossa unidade de análise, trazendo a perspectiva dos cooperados em relação ao trabalho em cooperativa, ao sistema capitalista e do trabalho do Assistente Social. 3. A experiência da Micropães de Uberlândia Segundo documento organizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Divisão do Trabalho em 2001, as Micro Unidades de Produção e Prestação de Serviços originaram-se do PROECI-Programa Estadual de Cidades Intermediárias, criado em 1982, como um dos programas de desenvolvimento das cidades de médio porte. Dentre as vertentes do PROECI (saúde, educação, urbanização, saneamento, etc), enfatizaremos aqui as Micro Unidades, as quais foram implantadas com a finalidade de oportunizar meios de renda às pessoas, que exerciam atividades no setor informal, para organizarem-se com o ideal associativista e fomento à iniciativas de auto gestão. Na referida unidade Micropães a Fundação de Desenvolvimento Comunitário FUNDECOM , órgão instituído pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Trabalho para gerir tal Programa,” cedeu espaço físico em 1993 para um grupo de 13 mulheres para a produção de quitandas e balas com vendas a varejo. Segundo consta o relatório da FUNDECOM/1997, o grupo era independente e funcionava sem qualquer interferência da mesma, recusando-se a assinar o termo de permissão de uso. Em relatório da referida Fundação não apresentam-se para esta unidade ações e recursos destinados para os anos de 1995,1996 e 1997. A Cooperativa Micropães localiza-se no Bairro Luizote de Freitas I. Segundo nos relatou uma cooperada que preferiu não se identificar, a cooperativa começou as atividades em 11 de novembro 1988 com 23 pessoas, entretanto efetivamente apenas 03 trabalhavam, sendo que inicialmente desenvolvia atividades de revenda de salgados e ficaram 08 meses sem remuneração. As atividades desenvolvidas foram trazidas através de uma pesquisa no bairro, onde inicialmente eram produzidos doces e em 1990 começou a ser desativada por falta de demanda. Logo depois começaram a receber encomendas de salgados, quitandas e 10.000 pães por dia, sendo inicialmente o padeiro o coordenador da unidade, que também recebia o maior salário. Segundo a referida fonte, trabalhavam mais de 10 horas por dia e não tinham retorno financeiro. Inicialmente a cooperativa trabalhava por meio de assessoria da Prefeitura de Uberlândia e Estado de Minas Gerais fazendo cursos pelo SEBRAE. As taxas de água e energia eram isentas, mas posteriormente esse direito foi cortado. A Cooperativa obteve registro efetivo com CNPJ somente em 14/11/2005 e devido as diversas dificuldades enfrentadas, fez parceria com o Centro de Incubação de Empreendimentos Populares Solidários-CIEPS em 2007, no qual diversas atividades de treinamento e politização foram estabelecidos para os cooperados. Em 06 de janeiro de 2009 a Vigilância Sanitária fechou o estabelecimento pelo fato das instalações estarem em condições precárias, o prédio necessitava de reforma e os maquinários também apresentavam falhas. Segundo relato da mesma cooperada o terreno não apresenta registro no nome da cooperativa pertencendo ainda a Prefeitura de Uberlândia, os maquinários são de contrato até 2012, data em que terão que devolvêlos também à prefeitura. Diante das dificuldades apresentadas pela Cooperativa Micropães, objetivou-se apreender as concepções dos sujeitos em relação ao trabalho em cooperativa: C2: Trabalho que todo mundo é dono, funções e deveres iguais. Cooperativa todos trabalham, reparte o dinheiro, arregaçar as mangas e ir em frente. C3: Trabalho em grupo. C4: Algo que quer concretizar, mas o governo não ajuda mas sei que tem cooperativa de sem-terra que dá certo. Produzir e vender o que produz. C5: Uma pessoa cooperando com a outra para o benefício de todos, se a cooperativa cresce você cresce, se ficar só olhando para o “seu umbigo” não dá certo. Percebe-se, portanto que o trabalho em cooperativa apresenta alguns desafios, face a evidente desinformação deste trabalho e da importância de se pensar coletivamente, haja visto que o individualismo e as opiniões divergentes são fatores que dificultam o trabalho em cooperativa. Quanto a suas opiniões sobre o trabalho assalariado, responderam: C1: O trabalho assalariado até eu conhecer a economia solidária era ruim, mas ele tem uma vantagem, que o seu salário está no final do mês, a “migalhinha” está na conta, mesmo que fique 100 mil reais para o patrão e 5 reais para você, você tem certeza que vai receber. C2:Trabalha para enriquecer o dono, sobra só o resto para você, aí você ganha uma cestinha, um vale-transporte. Se for uma SADIA ganha um franguinho no final do ano e paga por aquilo, descontado no pagamento. Se o patrão for honesto ele paga direitinho, mas tem uns que não pagam. O dono do boi que está engordando e o resto trabalha para engordar. C3:É muito bom, você pode comprar suas “coisinhas”, mas na cooperativa é melhor. C4: Muitas vezes só recebe um salário mínimo que para sustentar uma família é pouco, para viver bem é pouco. C5: É um passo para a pessoa desenvolver, se você não ganha nada não tem como se sustentar, você vai trabalhando, estudando e se graduando. Percebe-se na resposta do cooperado 01 que até conhecer a realidade do trabalho na cooperativa, considerava o trabalho assalariado ruim, mas face as dificuldades encontradas pelo trabalho em cooperativa e do retorno financeiro não satisfatório, acredita que o trabalho assalariado traz mais-segurança, pois tem a certeza que no final do mês, mesmo que seja pouco, o salário está garantido. Na resposta do cooperado 02 percebe-se que este apresenta a concepção que no trabalho assalariado, o trabalhador, trabalha para dar lucro para a empresa e ainda fala sobre os benefícios “concedidos” pela empresa como forma a “melhorar” os ganhos dos trabalhadores, mas estes são descontados em folha-de-pagamento. O relato do cooperado 04 apresenta que um salário mínimo é pouco para que os sujeitos possam viver com qualidade de vida e sustentar uma família com dignidade. Os relatos dos sujeitos 03 e 05 apresentam uma concepção mais positiva do trabalho assalariado, atribuindo que é um meio para melhorar e se sustentar. Objetivando perceber qual o reflexo da cooperativa nas suas vidas, responderam: C1: Se funcionar de verdade é boa, mas ter só o nome de cooperativa e não funcionar não é bom. C2: Me deu possibilidade de abrir a cabeça das pessoas. Não trouxe coisas materiais, pois muitas vezes eu tirava mais da minha casa do que recebia da cooperativa. Não movimentou muito, mas movimentou a cabeça das pessoas, também não fiquei focada nos problemas e sim em ajudar as pessoas. C3: Ampliou a idéia, minha mente, a remuneração também ajudou. C4:É uma coisa boa, aprendi muita coisa boa, insere quem não consegue trabalho. C5:Ensina muito. Aprendi que para o produto final chegar na mesa do outro é necessário um trabalho em conjunto: um produz, outro limpa, outro vende, ensina trabalhar em equipe. A partir destas respostas, percebe-se que quanto a bens materiais a cooperativa não lhes trouxe resultados satisfatórios, mas possibilitou-lhes conhecimentos. Com vistas a compreender se a experiência adquirida com a economia solidária possibilitou-lhes uma visão crítica sobre a produção capitalista, a saber: C1: Eu gosto da economia solidária gostaria de saber mais, entender, mas eu acho que o capitalismo faz parte da vida da gente, a economia solidária é muito pequena ainda dentro do capitalista. Percebe-se na fala da cooperada 01 uma concepção positiva da economia solidária, embora reconheça que a economia solidária é muito pequena em relação ao sistema capitalista. Neste sentido, Rios (1989) esclarece que o cooperativismo está longe de superar o capitalismo, pelo fato de existirem cooperativas que utilizam do trabalho assalariado reproduzindo o sistema capitalista não reduzindo as desigualdades sociais: Na realidade, longe de superá-la, a diferenciação classista se reproduz no coo-perativismo, contradizendo a ideologia niveladora. A cada classe sua coopera-tiva. Existe, pois, um cooperativismo dos ricos e um cooperativismo dos pobres. Isto significa que, ao invés de as diferenças entre as classes diminuírem , ao contrário, se acentuam. Isto ocorre pela concentração de riqueza, do prestígio social e do poder político aumentada pelas cooperativas das classes dominantes. (RIOS, 1989, p.10) Quanto aos demais cooperados, percebe-se uma concepção positiva em relação à economia solidária, entretanto admitem que o sistema capitalista é um sistema maior e que a economia solidária não consegue se consolidar, pelo fato do sistema capitalista ser dominante. Entendem que nesta sociedade muitos trabalham e poucos se apropriam do lucro, ficando este para os donos dos meios de produção. C2: Produção capitalista você trabalha e recebe as migalhas. C3:Foi melhor a economia solidária, a gente tem a responsabilidade de fazer sem ninguém mandar. Sabe o que tem que fazer e faz. C4:Capitalismo é um pouco mais dolorido, pra pessoa de baixa renda é ruim. O rico cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre. C5:Sempre o patrão quer sugar, se o patrão repartisse o lucro, com certeza os funcionários ficariam mais satisfeitos. No que se refere ao trabalho do Assistente Social, apresentaram suas expectativas sobre a atuação deste profissional: C1: Que nos instruísse nos ajudasse, por ser uma pessoa formada. Assistente Social faz reuniões em prefeitura, vai atrás dos órgãos para conseguir máquinas, auxiliava, como iria proceder no trabalho. Eu não sei antigamente a assistente social era para ajudar os pobres, mas hoje eu sei que mudou. C2: Assistente Social abre a cabeça das pessoas, ajuda as pessoas a crescer na vida. Dava perspectiva de vida, auto-estima. No grupo de diabetes elas davam um trabalho de grupo, entrosando as pessoas. É tudo na vida da pessoa desde que a pessoa queira. Planejava as reuniões, trazia atividades, idéias novas para as vendas, tanto na cooperativa como na vida em família, só foi ela sair as coisas bagunçaram, é muito importante numa empresa. Perguntava o que estava ruim e colocava na reunião de forma a não ofender a pessoa. C3:Bom, ajuda muita gente a economizar a matéria-prima e no dinheiro. Ensinava a fazer a contabilidade. Orientava quanto aos direitos. Trabalho em grupo. Fazia dinâmicas e dava animo ao trabalho. C4: Bom, mas tem muitos aspectos que não ajudam, serve para dar apoio, mas não conseguem resolver coisas políticas. Dar apoio. C5: Devia ter uma intervenção maior para conscientizar o trabalho em grupo, para confiar mais no outro, não olhar só no “seu umbigo” que as pessoas conseguiam crescer juntas. Reuniões para a pessoa se relacionar melhor, intervia nas relações. Pra um trabalho dar certo tinha que preparar melhor as pessoas e a vida em comunidade e para que cada um faça sua função bem feita aproveitando a matéria-prima e mão-de-obra para diminuir o custo. Diante de tais respostas, percebe-se que consideram o Assistente Social como o profissional que dá apoio, “ajuda” aos sujeitos, além de mobilizar a comunidade, tendo o “poder de ajudar” as pessoas, o trabalho em equipe. Mas também acreditam que é um profissional que pode mobilizar e buscar ações em questões políticas, embora nem sempre consegue resolver tudo. Apresentam também que a partir das atividades desenvolvidas com as dinâmicas em grupo, possa melhorar o relacionamento do grupo. 4. Sucintos comentários sobre a atuação do Assistente Social Quanto ao Assistente Social atuar na mobilização e luta política em prol da ampliação de direitos, acreditamos estar concernente ao que se propõe o projeto éticopolítico da categoria, com vistas a contribuir na construção de um outro projeto societário hegemônico, a partir da mobilização da sociedade civil efetivadas através de luta de classes e parcelas de classes. Segundo afirma Carvalho (1986, p.274): Os trabalhadores sociais, enquanto profissionais, parecem ter uma função intelectual em termos de estimular e apoiar a luta dos dominados no interior do seu processo de organização política. Assim, o nível de organicidade dessa sua função intelectual se define a partir das exigências das lutas dos dominados numa dada realidade, num dado momento histórico específico e das possibilidades efetivas e reais de exercício da ação profissional numa dada correlação de forças. Nesta perspectiva, acreditamos que o Assistente Social é um profissional que tem a possibilidade de articular os sujeitos nos processos de luta e esclarecimentos dos direitos sociais em busca da cidadania. Todavia, não devemos esquecer que as conquistas da classe trabalhadora se devem principalmente a mobilização da própria classe no processo de luta por melhores condições de vida e trabalho, reconhecendo os sujeitos como transformadores da sua própria história. Neste sentido esclarece Iamamoto e Carvalho (1986, p. 74): Ao considerar o Assistente social como ‘agente de transformação”, não reconhece, nem elucida, verdadeiro caráter dessa prática na sociedade atual. Ao superestimar a eficácia política da atividade profissional, subestima o lugar das organizações políticas das classes sociais no processo de transformação da sociedade, enquanto sujeitos da história; por outro lado, parece desconhecer a realidade do mercado de trabalho. No que diz respeito a função social do Assistente Social como intelectual na sociedade, Faleiros analisa que o referido profissional pode facilitar a acesso da população ao saber produzindo efeitos políticos e dando o poder de decisão apresenta como um desafio do profissional. Nas palavras do autor: [...] na reorientação de seu cotidiano de acordo com a correlação de forças existentes, para facilitar o acesso da população ao saber sobre elas mesmas, aos recursos disponíveis e ao poder de decisão. A relação de saber produz um efeito ideológico de desocultação (oposto à camulflagem), enquanto o acesso aos recursos facilita a reapropriação dos excedentes retirados da população e o acesso ao poder produz efeitos políticos de auto-organização.(FALEIROS, 1987b, p. 55). Com este entendimento, acreditamos que o Assistente Social é um dos profissionais que exerce uma função pedagógica, isto é sócio-pedagógica, principalmente no trabalho com as políticas públicas, na organização de lutas da classe trabalhadora, conforme entende Abreu (2002). Para a autora, o profissional que apresenta perfis pedagógicos diferenciados ao longo da trajetória profissional: a “pedagogia da ajuda”, a “pedagogia da participação” e a “pedagogia emancipatória das classes subalternas”, que coexistem, refuncionalizadas, em disputa no cenário profissional contemporâneo.Assim, apresenta a função pedagógica do Assistente Social: [...] é determinada pelo vínculo que a profissão estabelece com as classes sociais e se materializa, fundamentalmente, por meio dos efeitos da ação profissional na maneira de pensar e de agir dos sujeitos envolvidos no processo da prática. Tal função é mediatizada pelas relações entre o Estado e sociedade civil no enfrentamento da questão social, integrada às estratégias de racionalização da produção e reprodução das relações sociais e no controle social. (ABREU, 2002, p. 17). Nesta perspectiva, o Serviço Social, inserido na divisão socio-técnica do trabalho coletivo, pode contribuir com o esclarecimento e a capacitação dos sujeitos sociais, em busca de sua cidadania, na ampliação de seus direitos e na sua autonomia, mobilizando os processos de luta coletiva. 5. Considerações finais A partir das referências bibliográficas pesquisadas, foi possível perceber as diversas alterações ocorridas no mundo do trabalho nas últimas décadas do século XX dentre elas: a terceirização, a precarização dos contratos de trabalho, o avanço tecnológico, substituindo em grande medida a força de trabalho humana pela máquina. Assim, considerando a sociedade capitalista de classes antagônicas, na qual a desigualdade social sempre existiu nessa relação classista, que se materializa nas múltiplas expressões da questão social (objeto de intervenção do Serviço Social), no qual o desemprego também é característico desde seus primórdios, pressupondo tratarse de um sistema excludente. Entretanto, cabe salientar que o desemprego estrutural tornou-se evidente a partir da década de 1970, um cenário de crise estrutural do capital, no qual as diversas alterações evidenciadas (e já mencionadas) repercutiram de forma aguda sobre a classe trabalhadora. Neste contexto de desemprego estrutural a classe trabalhadora procurou novas formas de inserção e de sobrevivência, entre as quais o cooperativismo, que é um movimento que teve suas primeiras origens no cenário mundial desde a revolução industrial, entretanto foram reprimidos pela classe burguesa. No Brasil, por apresentar um capitalismo denominado hiper tardio, o Cooperativismo foi um termo desconhecido por muitos anos, tendo emergido a partir da década de 1980, num período de redemocratização reafirmada pela Constituição Federal de 1988, onde a concepção de direitos sociais e participação popular trouxeram uma nova perspectiva para a classe trabalhadora no que diz respeito a luta por direitos principalmente os relacionados ao trabalho e acesso a renda. Paralelamente a isto, emerge um cenário contraditório onde o política neoliberal tornou-se mais evidente a partir da década de 1990, devido ao Consenso de Washington, a queda do Muro de Berlim e também pelas propostas de Reformas do Estado propostas pelo ex-ministro Bresser Pereira (inspiradas no referido Consenso). Nesse sentido, entendemos a (contra)Reforma do Estado, na qual o Estado se desresponsabilizou de grande parte de suas atribuições no âmbito social, pelas políticas públicas, transferindo para o chamado Terceiro Setor parte das ações que seriam de competência prioritárias do Estado. Diante deste cenário complexo e sem muitas alternativas, muitos trabalhadores se organizaram, mobilizaram e buscaram outras alternativas e formas de acesso ao trabalho e renda, dentre elas o cooperativismo com a perspectiva da economia solidária. Nesta perspectiva, a pesquisa realizada com a Cooperativa Micropães em Uberlândia evidenciou alguns problemas e desafios entre os quais: o espaço onde localiza-se a cooperativa é um terreno cedido pela Prefeitura Municipal, o qual já foi alvo de diversas reivindicações e discussões com a mesma. Na disposição dos maquinários que também são pertencentes ao Município, com contrato vigorando até 2012, quando então terão que ser devolvidos ao mesmo. Outro problema encontrado na cooperativa é em relação às instalações, que são consideradas insuficientes de acordo com as normas de funcionamento da vigilância sanitária, motivo este principal que levou a cooperativa a paralisar suas atividades. Desta forma, compreende-se que, embora haja ações de apoio e divulgação para a construção do pensamento da economia solidária, as cooperativas enfrentam imensos desafios, entre os quais a concorrência desleal no mercado com as outras empresas. Também percebe-se nos relatos das cooperadas que a concepção de cooperativismo apresenta-se como algo positivo teoricamente, pois conseguiram obter conscientização dos direitos e demonstra uma visão crítica em relação ao sistema capitalista. Entretanto, a partir da vivência prática dos mesmos, não conseguiram conquistar retorno financeiro para viver uma vida digna e prover meios suficientes para suas vidas e seus familiares. Percebeu-se também que o Assistente Social é um profissional de referência para estes sujeitos, pois a partir da experiência que tiveram com uma profissional na referida cooperativa, puderam conhecer de perto quais as ações desenvolvidas pelo mesmo na cooperativa dentro dos processos de trabalho. O exercício profissional do Assistente Social é materializado pela relação que o Serviço Social tem no enfrentamento da Questão Social e suas múltiplas expressões, sendo este seu objeto de intervenção profissional. Considerando a chamada Questão Social como resultado da luta de classes no modo de produção capitalista, emergindo diversas expressões tais como: fome, miséria, alcoolismo, violência, desemprego, falta de acesso a educação, trabalho, saúde, a terra e diversas outras. . Diante de tais realidades o Serviço Social é uma profissão que foi legitimada historicamente dentro da sociedade capitalista em face das demandas configuradas por um sistema excludente, no qual repercutiu de forma evidente sobre a classe trabalhadora. Desta forma cabe a categoria se reconhecer como uma profissão capaz de intervir de forma direta ou indireta sobre a realidade social posta. Assim sendo, percebe-se algumas formas de enfrentamento da Questão Social encontradas pela classe trabalhadora, no sentido de se organizar coletivamente para conseguir sobreviver dentro da sociedade capitalista, a exemplo do cooperativismo. Nesse sentido, o Assistente Social possui um desafio frente às demandas impostas na sociedade, reconhecendo no cooperativismo um espaço sócio-ocupacional, onde há reais possibilidades de articulação mediante ações sócio-educativas, possibilitando esclarecimentos sobre a organização das cooperativas, que vão além da própria sobrevivência dos sujeitos, com vistas ao movimento de lutas organizadas em prol da conquista de direitos. Dentro desta realidade, constitui-se para o Serviço Social, através de seu exercício profissional cotidiano, trabalhar de forma investigativa, propositiva e de maneira democrática, contribuindo para que a classe trabalhadora (da qual faz parte) possa exercer sua cidadania de forma efetiva dentro da sociedade, reduzindo as injustiças e as desigualdades sociais. Desta forma, sendo o cooperativismo uma alternativa encontrada pelos trabalhadores no enfrentamento ao desemprego de forma a prover sua sobrevivência, entendemos que cabe ao Assistente Social, atuar efetivamente quanto a possibilidade de articular as demandas da classe trabalhadora na luta pela garantia e ampliação dos seus direitos sociais. Assim coloca-se um novo desafio para o Serviço Social: buscar meios para estes sujeitos organizados em cooperativas, as “brechas” deixadas pelo capitalismo de forma a não reproduzir as desigualdades e sim possibilitar que estes cidadãos conscientes de sua existência enquanto sujeitos de direitos, exerçam sua cidadania, não reproduzindo o clientelismo e o assistencialismo peculiares de nossa trajetória histórica. Também propor o planejamento de novas políticas que possam possibilitá-los o acesso ao trabalho, contribuindo com sua emancipação, concernente ao previsto no código de ética profissional. É importante salientar que o Assistente Social é o profissional que tem a capacidade de articular estes sujeitos para a luta por seus direitos, entretanto não é de competência somente do Assistente Social e sim do coletivo, a exemplo da Cooperativa Micropães, visando retomar suas atividades. Entendemos que os próprios cooperados possuem a capacidade de se reconhecerem como sujeitos autônomos capazes de exercer sua cidadania se mobilizando na busca de direitos, articulando-se em seminários, conferências e espaços coletivos de discussões, com vistas a viabilizar o retorno da cooperativa ao seu pleno funcionamento. Apresenta-se como demanda para os cooperados a articulação coletiva, pois se somente dois cooperados se mobilizarem em reuniões e mobilizações, os órgãos competentes não reconhecerão a importância do trabalho da cooperativa e o benefício que ela pode trazer à comunidade. Fica a sugestão para estes cooperados fazerem uma pesquisa no seu respectivo bairro, favorecendo a mobilização da comunidade, de forma democrática, a fim de que essa possa demonstrar a real importância da cooperativa para o bairro. Portanto apresenta-se como sugestões para este grupo ter um profissional de apoio, entretanto que as mobilizações sejam feitas pelo grupo todo, se organizando e articulando em busca da reafirmação de seus direitos. 6. REFERÊNCIAS ABREU, M. Serviço Social e a organização da cultura: perfis pedagógicos da prática profissional. São Paulo: Cortez, 2002 ANTUNES, R. Adeus ao Trabalho?: Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 11ª edição SP: Cortez: Campinas SP: UNICAMP, 2006 BRASIL. Política Nacional de Cooperativismo. Lei 5.764 de 16 dezembro de 1971. BRESSER PEREIRA,L. C. Reforma do Estado para a cidadania. A reforma gerencial brasileira na perspectiva internacional. São Paulo, Editora 34, 1998. CARVALHO, A. 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