JOVENS DE FÉ: LUZEIROS QUE ILUMINAM O MUNDO
Pe. Leandro Luís
Arquidiocese de Pouso Alegre/MG
Publicado no Portal A12.com
Como nos faz mal ficar na escuridão! Como nos faz bem ter o auxílio da luz! São duas
afirmações que sempre devem nos fazer pensar no valor que devemos dar aos momentos bons
e felizes, ruins e tristes pelos quais passamos. Cada um desses contrários, luz e escuridão, têm
muito a nos ensinar. Mas você jovem pode se perguntar qual é a relação da Fé com esses dois
opostos.
De fato, a relação é estreita: a Fé na vida das pessoas é como luz que ilumina. A
ausência dela é como a escuridão a nos cegar.
Há poucos meses, o Papa Francisco lançou uma mensagem aos cristãos católicos em
forma de encíclica, cujo nome é Lumen Fidei (Luz da Fé). Nela, é possível notar a
preocupação que devemos ter com esse bem tão precioso que é a Fé. Falta-nos, talvez, maior
zelo e entendimento de sua importância, de sua ligação com o cotidiano e da qualidade que
ela confere ao nosso existir.
A fé é comparada à luz que ilumina todo aquele que crê. É isso mesmo o que ela deve
ser para nós: luz. Ter Fé não é nos depararmos com a ilusão! A Fé existe! Ela é um presente
de Deus para nós. É a condição que precisamos para lidar com os acontecimentos divinos e
humanos em nossas vidas. No entanto, é importante que a Fé seja redescoberta, valorizada,
encontrada e assumida como fonte e sustento de nossa crença em meio às críticas e crises que
podemos enfrentar em nossa juventude. Tudo isso pode ser vivenciado melhor quando
acreditamos no amor, fruto e alimento da fé, capaz de dar sentido ao que se crê (1Jo 4,16).
Sem acreditar no amor que sustenta a fé não é possível a ninguém compreender a
essência que a Fé tem. A Fé revela a verdade que é Deus. “E se Deus é fiável é razoável ter Fé
n’Ele”. Deste modo, nos é possível lidar com as situações do mundo que nos apresentam
inúmeras verdades. É urgente que conheçamos a verdade! Para tanto, duas atitudes derivadas
da Fé nos estimulam: escutar e ver.
Escutar a palavra de Deus e Ver as maravilhas que Ele realiza em nós. Escutar os
ensinos de Jesus e ver como ele os pratica para repeti-los.
Contudo, ter Fé não é desprezar a inteligência. As duas, Fé e Razão, embora
diferentes, são interdependentes. Precisamos da razão para entender a Fé. Precisamos da Fé
para que a razão não se torne estéril e fria. Tem coisas sobre Deus e sobre a Fé que o
raciocínio humano não consegue atingir, pois a Fé vai além da inteligência.
A fé sempre fez parte da vida do povo antigo, das pessoas da bíblia, assim como faz
parte dos nossos dias. A fé encontra sua plenitude em Jesus. ELE é o modelo de pessoa fiel
que mostrou ao ser humano a força da confiança e, também, nos ensinou que a Fé nos pode
salvar.
Há muitas formas de se chegar à Fé. A Igreja é uma delas. Ela é lugar privilegiado no
qual a pessoa expressa a sua crença sem individualismo, “pois ela [a fé] abre o cristão aos
irmãos e à comunhão”. A fé é vivida na comunidade. A Igreja é sinal da Salvação.
Felizmente, nos tempos em que estamos, mesmo com as crises da sociedade, há uma
constante busca de Deus. Os jovens, por exemplo, têm sede de Deus. Eles são estímulos para
que busquemos Deus sem desanimar. O ser humano vive uma inquietude quando não
consegue encontrar Deus e, experimenta uma paz duradoura quando o encontra. Deus se deixa
encontrar e faz de tudo para atrair o ser humano a si.
Deste modo, como uma lâmpada acesa, a Fé nos aguça o desejo de explorá-la. Por
isso, é bom que conheçamos bem o que amamos. Amamos a Fé. A fé nos leva a amar.
Quando a Fé é reta, com bom senso, pautada na verdade e na sinceridade, Deus não é objeto e
sim sujeito que atua e se revela aos homens. Aqui vemos a carência do aprofundamento da fé
por meio do estudo. Deve, portanto, fazer parte da vida intelectual do jovem o estudo das
verdades de nossa fé. Seria como que retomar a catequese ou ter uma noção da teologia.
A teologia não é um mero estudo sobre Deus, antes disso, é um aprofundamento e
compreensão da mensagem que Deus transmite para nós. “A humildade é o caminho que a
teologia escolhe para se deixar tocar por Deus”.
Nessa perspectiva, o que sabemos e conhecemos sobre a Fé nos foi transmitido ao
longo dos séculos (1Cor 15,3). A Igreja é mãe, pois educa seus filhos para Deus. Nela, se vive
os sacramentos como sinais sensíveis da graça de Deus que nos é, ao mesmo tempo, invisível.
A regra da educação baseia-se na oração e no cumprimento dos Mandamentos.
De certo modo, não há como separar a Fé da vida das pessoas. O “quê” e “como”
somos depende do modo como vivemos e assumimos a nossa crença. O bem feito aos que
mais precisam é testemunhar a Fé. À Luz da Fé se concretiza a justiça, a paz e o direito. “A
luz da Fé valoriza as relações humanas”. Esta relação se estende aos nossos lares, pois a
família é o berço da Fé, assim como é também o lugar especial onde a Fé se traduz em amor
consentido entre o homem e a mulher e os filhos. “Em família, a Fé acompanha todas as
idades”.
“A Fé não é um refúgio para gente sem coragem, ela dilata a vida”. Os jovens sonham
em ser grandes: em Cristo se encontra a grandeza almejada! Por isso, se for aprofundada a Fé,
dentro das famílias, será possível gerar os indispensáveis laços das relações sociais. Quanta
luz a Fé trouxe às nossas cidades! Quanto respeito à dignidade da pessoa e o bem à natureza a
Fé alumia. “Quando a Fé enfraquece, enfraquece com ela o sentido e a motivação de se
viver”. A ausência da Fé nas cidades, no mundo, no trabalho, nas instituições de ensino, e em
tantos outros lugares, enfraquece a confiança mútua e fortalece ações egoístas.
A falta de Fé nos faz entrar de cabeça nos problemas e nos impede de ver soluções
para cada um deles. O mesmo podemos dizer do sofrimento: sem a Fé nos momentos de dor
não conseguimos a força, não crescemos como pessoas e não nos permitimos experimentar
quão grande é Deus e como são grandes os seus feitos por nós. Deus permite o sofrimento.
Deus não os causa. Eles servem para nos fortalecer a alma, o espírito e o corpo numa entrega
confiante e amorosa à bondade divina.
“A luz da Fé não nos faz esquecer os sofrimentos do mundo” e é isso que tem
acontecido: achamos que somente nós sofremos. O sofrer nos revela que sempre há esperança
para todos. A Fé está unida à esperança.
Por fim, apenas pessoas de Fé podem irradiar a luz que dissipa as trevas. O jovem é
esperançoso, corajoso e aberto! Tais características certamente reconhecemos nele. Aqui está
a força da Fé em sua vida. O jovem que crê tem muito a nos ensinar. Tantos outros homens e
mulheres também. É o caso de Maria Mãe de Jesus e de Madre Tereza de Calcutá; é o caso
dos papas João XXIII e João Paulo II, santos hoje e que sempre foram pessoas de Fé.
Eles sempre lutaram pela fidelidade da juventude à sua crença Será que aqueles que
conhecemos: nossos avós, os amigos, os parentes também travam conosco essa batalha de Fé?
Todos esses homens e mulheres, por meio de nós jovens podem entender que a FÉ é a LUZ
que ILUMINA a VIDA. Jovem, vá em frente! Seja portador da fé. Leve-a a todos! Seja luz a
iluminar o mundo e os corações humanos.
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Luzeiros que iluminam o mundo (por Pe. Leandro Luís)