Parceria
Núcleo em Rede
Edição 10
Informativo Mensal do Instituto Elo | Agosto 2009
Tempo bom que sempre pode voltar
Festa Favela Samba Soul relembrou os movimentos black music que agitaram o
Aglomerado Santa Lúcia nas décadas de 1980 e 1990
Foto: Paulo Oliveira
Vários vinis de soul, funk e
samba passaram pela mesa
de DJ (foto) e animaram a
festa Favela Samba Soul
Ao som de ícones do funk, soul e samba,
moradores do Aglomerado Santa Lúcia e
convidados de outras comunidades dançaram
e conheceram melhor esses estilos musicais
que há anos embalavam as festas do
morro. Luzes, máquina de fumaça e grafites
ambientaram a quadra do BH Cidadania, em
19 de julho, onde aconteceu a festa Favela
Samba Soul. A quadra fica na rua São Tomás
de Aquino, no Morro do Papagaio, mesma rua
onde era o bar do Zacarias, que nas décadas
de 80 e 90 fazia o som e animava os finais de
semana do local.
Joana Ladeira, técnica do Fica Vivo! do Núcleo
de Prevenção à Criminalidade (NPC) do Santa
Lúcia, conta que há muito tempo os jovens
queriam fazer um evento para resgatar os
movimentos de música negra que ocorriam
no morro. “Antigamente rolava muito aqui
no bairro, Zé Pedro, Zacarias, samba de roda.
O pessoal era mais unido, era muito amor,
alegria. A gente era novo, mas lembra dessas
festas”, recorda Luiz Fernando, mais conhecido
como Liu, um dos DJs do evento e oficineiro do
Fica Vivo!.
Essa nostalgia foi transmitida para todo o
morro. Moradores, lideranças, comerciantes
e entidades da região organizaram a festa.
Paulo Oliveira, morador do bairro São Paulo,
estava na comemoração e ficou surpreso com
a produção. “Foi todo mundo. O grupo de
pagode [Klegal] foi bom, os DJs muito bons,
eu não esperava tanto”, enfatiza Paulo, que
fez fotografias do momento. O NPC apoiou
a festa na divulgação e na mobilização dos
organizadores.
Wesley Oliveira, participante do Fica Vivo!
e um dos DJs, comenta que ninguém ficou
parado. Na apresentação do Brother Soul,
grupo com mais de 20 anos de experiência e
participação em shows e DVD de Fernanda
Abreu, as crianças começaram a imitar os
passos. “Eu vi aquilo e achei maravilhoso”,
ressalta Wesley.
O evento também apresentou para a nova
geração, mais ligada ao funk carioca, o funk
norte-americano e outros ritmos que faziam
sucesso antigamente. “Muita gente não
conhecia o que é um soul de verdade, um
funk de verdade”, cita Alexandre de Souza,
mais conhecido como Branca de Neve, um
dos organizadores do evento. Além disso,
a festa quis proporcionar novas formas de
diversão para os jovens da comunidade, que
em todos os finais de semana já se encontram
na rua para dançar e escutar funks cariocas, os
‘proibidões’. A comunidade já está pensando
em uma nova edição da festa.
“Oh, Dona Almira, esse som é do Zaca
purinho!”. Mulher de Zacarias Borges do
Nascimento, Almira Ferreira Nascimento
conta que escutou frases como essa o
tempo todo na comemoração. Isso porque
o seu marido, Zaca, falecido há nove anos,
organizava várias festas e fazia o som no
bar que levava seu nome. “Eles [os DJs
da festa] passaram as músicas todas que
tinham no bar”, afirma Dona Almira. Ela
conta que todos os finais de semana, nas
décadas de 80 e 90, o Bar do Zacarias
tocava músicas de James Brown, Michael
Jackson, Jimmy Borrone e Ângela Maria.
“Tocava música lenta, pagode, rap, muita
música bonita de antigamente”, frisa. O
bar funcionou por aproximadamente 15
anos e, ao mesmo tempo, outros locais
como o bar do Zé Pedro e do Zé Maria
animavam os sábados e domingos do
morro com muito soul, funk, samba e
pagode. Na festa Favela Samba Soul, Dona
Almira foi homenageada pelos moradores
do Santa Lúcia.
Núcleo Santa Lúcia
Beco Santa Inês, 30, Barragem Sta. Lúcia
Belo Horizonte [31] 3297-5975
Segurança
Minas Gerais envia representantes e
propostas para a 1ª Conseg
Gestor social do NPC de Sabará é um dos delegados que participará das discussões em Brasília
Cento e cinco cidadãos mineiros foram
eleitos para representar o Estado nas
discussões da 1ª Conferência Nacional de
Segurança Pública, que está sendo realizada
em Brasília de 27 a 30 de agosto. A escolha
dos representantes aconteceu durante a
etapa estadual do evento, realizada em Belo
Horizonte de 21 a 23 de julho.
Dentre os nomes, está o de Amauri Barra,
gestor social do Núcleo de Prevenção à
Criminalidade de Sabará, e o de Giselle
Corrêa, supervisora do Mediação de
Conflitos, que vai representar a parceria
no programa com a Polícia Civil no projeto
Mediar . “Será um espaço importante
para a sociedade dizer o que ela pensa e
quer da segurança pública. Muitas vezes, a
segurança está ligada a melhores condições
de infra-estrutura e não apenas a questões
relacionadas à polícia. A Conferência será
um espaço importante para publicizar essa
discussão”, avalia Amauri.
Ele foi indicado para ser um dos
representantes de Minas pelos demais
gestores sociais dos Núcleos de Prevenção
à Criminalidade, que também participaram
da Conferência. “Na função de gestor
trabalhamos diretamente com a articulação
comunitária e, por isso, estamos muito
próximos da população, especialmente
nas áreas mais violentas. Espero que essa
experiência ajude a aproximar as discussões
Foto: Renato Cobucci/Secom-MG
Cidadãos mineiros reuniram-se para discutir
os rumos da segurança pública no Brasil
Foto: Joel Barbosa
Os gestores sociais dos NPCs levaram suas
experiências para o evento
2
do sentimento real da sociedade a respeito
da segurança pública”, almeja o gestor.
Princípios e diretrizes
Também foram escolhidos, durante a etapa
estadual, sete princípios e 21 diretrizes
para serem enviados para a Conferência
Nacional. Eles mostram que os mineiros
estão preocupados com a valorização e a
qualificação dos profissionais da área de
segurança pública, a promoção dos direitos
humanos e da cidadania e a integração
das instituições para o enfrentamento
preventivo e reativo da criminalidade,
entre outros. A intenção é que essas
idéias contribuam para as discussões que
acontecerão em Brasília.
A escolha de representantes e a elaboração
de princípios e diretrizes vêm sendo
realizadas em todos os estados do Brasil. Na
etapa de Minas Gerais, um diferencial foi
a atenção dos participantes com questões
relacionadas ao adolescente autor de
ato infracional, tema, a princípio, não
contemplado pela metodologia proposta
pelo Ministério da Justiça. Uma das diretrizes
escolhidas em Minas foi: “Implementar
programas de resolução extrajudicial
de conflitos e aplicação de medidas
socioeducativas em meio aberto, como
também medidas e penas alternativas à
privação de liberdade”.
Essa diretriz está diretamente ligada à
política de prevenção à criminalidade de
Minas Gerais, tema que Amauri também
pretende levar para Brasília. “Quero
apresentar a experiência de Minas e
também conhecer o que está sendo feito
em outros estados em termos de prevenção,
para enriquecer o nosso trabalho”, finaliza.
A 1ª Conferência Nacional de Segurança
Pública é uma iniciativa do Ministério
da Justiça que tem por objetivo definir
princípios e diretrizes orientadores para
a Política Nacional de Segurança Pública,
com a participação da sociedade civil,
trabalhadores e poder público.
•
Para saber os nomes de todos os
representantes de Minas e também
conhecer os princípios e diretrizes
eleitos na etapa estadual, acesse
www.conseg.mg.gov.br
•
Informações sobre a etapa nacional
da 1ª Conseg estão disponíveis em
www.conseg.gov.br
Esporte
Jovens disputam Olimpíadas do Fica Vivo!
Jogos classificatórios serão realizados até setembro. Equipes vencedoras enfrentam-se
nas finais, que acontecem de 13 a 17 de outubro
Fotos: Paulo Proença
Fotos: Paola Lage
Jovens da 4ª Olimpíada do Fica Vivo!
Estão em andamento os jogos
classificatórios da 4ª edição das
Olimpíadas do Fica Vivo!. Desde julho,
acontecem as disputas entre os times
formados por jovens dos Núcleos de
Prevenção à Criminalidade (NPCs) do
estado. As modalidades desse ano são
futsal, futebol de campo, vôlei, basquete,
handebol, tênis e lutas (karatê, karajucá,
judô e tae kwon do).
Os jovens atletas das Olimpíadas têm
entre 12 e 24 anos e participam de
atividades promovidas pelo Fica Vivo!,
programa desenvolvido pela Secretaria de
Estado de Defesa Social (Seds) em regiões
com elevado índice de criminalidade. As
disputas entre os NPCs de Belo Horizonte
aconteceu de 20 a 30 de julho. Em agosto,
foi a vez dos NPCs de Betim, Contagem e
Ribeirão das Neves, que se mobilizaram de
20 a 29. No mês de setembro, enfrentamse os jovens dos Núcleos de Sabará, Santa
Luzia e Vespasiano. As finais acontecerão
de 13 a 17 de outubro, quando os
classificados nas etapas eliminatórias se
enfrentarão para decidir as Olimpíadas.
A previsão é de que cinco mil jovens
participem dos jogos.
“Entramos para ganhar”, afirmou
Gustavo Ferreira dos Santos, de 12 anos.
Morador da comunidade Cabana do Pai
Tomás, bairro Vista Alegre, Gustavo fez
sua estréia nas Olimpíadas e conta que
entrou para o Núcleo a convite de um
colega, interessado principalmente em
participar dos jogos. As disputas das fases
classificatórias estão sendo realizados
dentro das comunidades em quadras,
campos e praças. “Assim, aumentamos
o número de jovens participantes,
provocamos a circulação deles em
sua região, dando aos pais e amigos a
chance de acompanhar os resultados
da primeira etapa das Olimpíadas. E, na
fase final, realizada em locais variados
da cidade, proporcionaremos a esses
jovens a oportunidade de conhecer
novos espaços”, afirma o gerente de
Proteção Social do Fica Vivo!, Felipe Viegas
Tameirão.
A participação foi dividida nas categorias
subquinze, subdezoito e subvinte e quatro.
Por questões de logística, apenas os
integrantes dos Núcleos de Belo Horizonte
e Região Metropolitana participarão
das Olimpíadas. “O deslocamento seria
complicado, mas isso não significa
que os demais não terão eventos
desportivos. Para o interior, apresentamos
alternativas”, explicou Tameirão.
Veterano, Welberth Lucas do Nascimento,
que atende pelo apelido de “Nego”,
18 anos, conta como ingressou nas
Olimpíadas do Fica Vivo!. “Eu já jogava
futebol e soube que tinha um programa
aqui no Cabana que realizava jogos
entre as comunidades. Me interessei em
participar. Fomos campeões da categoria
subdezoito do ano passado”, lembrou o
jovem, referindo-se ao título alcançado
pelo seu time.
Experiente, ele já passou pelas equipes de
base do Clube Atlético Mineiro e Cruzeiro
Esporte Clube, mas abandonou o sonho de
ser jogador de futebol e fez do esporte um
hobbie. “É uma profissão muito instável
e, agora, já estou velho pra investir nisso”,
alega o jovem, que acaba de concluir o
ensino médio e deseja prestar vestibular
na área de informática.
A exemplo de outros garotos que
disputam as Olimpíadas, “Nego” já
participou de várias oficinas do Programa
Fica Vivo!. “Fiz grafite e capoeira. Antes da
implantação do programa, os meninos que
estudavam de manhã passavam a tarde na
rua, sem fazer nada ou soltando papagaio.
Agora, a maioria tem uma atividade”,
ressaltou.
A cerimônia de abertura da etapa final
será realizada na sede do Minas Tênis
Clube. No evento, haverá desfiles dos
participantes e apresentações culturais.
Os demais jogos acontecerão em diversos
espaços esportivos da cidade, como o
Mineirão. Os vencedores serão premiados
com troféus e medalhas em ouro (1º
lugar), prata (2º lugar) e bronze (3º lugar).
3
Aniversário
Núcleos comemoram aniversário
NPCs do Barreiro, em BH, e do Cidade Cristo Rei, em Montes Claros, completam
três e um ano de funcionamento, respectivamente
Fotos: Arquivo NPCs
Adão Caetano, presidente da Associação
Pró-melhoramento da Vila Cemig, aponta
os frutos dessa parceria. “Os moradores da
Vila Cemig, Alto das Antenas e Conjunto
Esperança procuram espontaneamente o
NPC. Os moradores estão mais cientes do
que querem, as pessoas sabem mais sobre
os seus direitos, a comunidade está mais
alerta depois da vinda no núcleo”, observa
o presidente.
Além de dar continuidade às atividades
em andamento, o programa Mediação
de Conflitos quer intensificar o
relacionamento com a rede parceira. Já o
Fica Vivo! deseja ampliar a percepção dos
jovens sobre outras atividades dentro da
cidade das quais eles podem participar.
Apresentações durante
festa do NPC Barreiro
Após três anos de trabalho junto aos
moradores da Vila Cemig, Conjunto
Esperança e Alto das Antenas, o Núcleo
de Prevenção à Criminalidade (NPC) do
Barreiro, em Belo Horizonte, tornou-se
referência para a comunidade. Quem afirma
é a técnica social do Mediação de Conflitos,
Cíntia Yoshihara, que está no programa
desde a fundação do NPC. Para comemorar
esses três anos de projetos, completados
em 8 de julho, o NPC promoveu uma festa
no dia 16 de agosto com participação de
toda a comunidade.
Houve apresentações de grafite, teatro, rap,
grupo de dança, percussão e pagode, além
de campeonato de futebol, barraquinhas
e serviços de manicure e corte de
cabelo. A intenção foi celebrar, com os
moradores, a parceria estabelecida com
os programas. O Fica Vivo!, por exemplo,
tem conseguido a adesão de jovens que
antes não participavam das atividades.
“Hoje oferecemos 17 oficinas e o trabalho
vai além. Queremos criar possibilidades
para que os jovens não escolham saídas
permeadas pela criminalidade”, afirma
Vanessa Cardoso, técnica social do Fica Vivo!.
4
Primeiro ano em Montes Claros
A comunidade do bairro Cidade Cristo
Rei, em Montes Claros, está conhecendo
o NPC, que atua há um ano na região.
De acordo com Layla Caribé, técnica
do Mediação de Conflitos, as equipes
dos programas estão apresentando
as atividades e os objetivos do núcleo
para os moradores por meio de ações
coletivas. Entre essas ações, está o
curso de formação do trabalho, que deu
orientações para os moradores sobre
elaboração de currículo, comportamento
em entrevista de emprego e onde buscar
ofertas de trabalho. Outra atividade foi
uma tarde de rap, promovida pelo NPC
em maio, que uniu todos os jovens da
comunidade em um evento pacífico, que,
de acordo com a estagiária do Fica Vivo!,
Any Karoline Fernandes, não acontecia há
bastante tempo no bairro Cidade Cristo
Rei. “É a partir dessas mobilizações que os
programas terão o reconhecimento dos
moradores”, acrescenta Layla.
Tome nota
NPC Centro de casa
nova em Montes Claros
Nova sede do NPC Centro
de Montes Claros
O Núcleo de Prevenção à Criminalidade
(NPC) de Montes Claros, que abriga os
programas Central de Apoio às Penas
Alternativas (Ceapa) e Reintegração do
Egresso do Sistema Prisional (PrEsp)
está em novo endereço:
Avenida Afonso Pena, 543, Centro
(38) 3222-9680 / (38) 3222-9708
Também atuam em Montes Claros dois
outros NPCs:
Núcleo Santos Reis
Avenida João XXIII, 2.015, Santos Reis
(38) 3212-8116 / (38) 3212-7622
Apresentação de dança de rua de
jovens do Cidade Cristo Rei, em
Montes Claros
Expediente
Instituto Elo
Diretor-Presidente: Kris Brettas - Diretor Administrativo-Financeiro: Gleiber Gomes
Informativo Núcleo em Rede
Assessora de Comunicação: Liliane Lessa - Jornalista Responsável: Ana Paula Ferreira (12606/MG)
Reportagem e redação: Ana Carolina Jácome, Ana Paula Ferreira e Paulo Proença
Design Gráfico: Henrique Cardinali e Sônia Silva - Colaboração: Ascom/Seds
Tiragem: 2.000 exemplares - Impressão: Imprimaset - Publicado em 28 de agosto de 2009
Rua Guajajaras, 40, 10o andar, sala 3 - Belo Horizonte - MG - 30.180-100
www.institutoelo.org.br/ Contatos: (31) 3309-5617 / [email protected]
Núcleo Cidade Cristo Rei
Rua Jequitinhonha, 107, Alto São João
(38) 3224-3009 / (38) 3215-1897
O Instituto Elo é uma associação privada sem fins lucrativos, qualificada como Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) pelos governos federal e estadual, que atua na gestão
de projetos sociais e culturais em parceria com as iniciativas pública e privada. Nos Núcleos de
Prevenção à Criminalidade, o objetivo do Instituto é desenvolver, em parceria com a Secretaria
de Estado de Defesa Social, ações relativas à prevenção social da criminalidade e da violência por
meio da implantação, desenvolvimento e consolidação dos NPCs.
Neles, são executados os programas Fica Vivo!, que atende jovens em situação de risco social;
Central de Apoio às Penas Alternativas, responsável por monitorar o cumprimento de penas e
medidas alternativas; Reintegração Social do Egresso do Sistema Prisional, que trabalha para a
reinserção das pessoas que deixaram o sistema penitenciário; e Mediação de Conflitos, voltado
para a resolução extrajudicial de problemas.
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