A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO O SERVIÇO DOMÉSTICO REMUNERADO NO BRASIL: MERCADO DE TRABALHO E CONQUISTA DE DIREITOS FRANCILENE SOARES DE MEDEIROS COSTA1 Resumo: O debate e a aprovação da Emenda Constitucional n. 72/2013, que equiparou os trabalhadores domésticos aos demais trabalhadores urbanos e rurais, é um dos episódios mais recentes da luta por reconhecimento social e trabalhista dessa categoria. Este artigo apresenta algumas estatísticas de mercado de trabalho presentes na Pesquisa Mensal de Emprego (PME/IBGE), para os anos de 2003 a 2013, e na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD-Contínua/IBGE), para os anos de 2012 e 2014. Busca identificar e analisar os padrões que representam possíveis relações com as mudanças recentes. Baixa escolarização e rendimento médio próximo do salário mínimo, fazem parte do perfil geral da categoria. Entre os anos de 2012 a 2014 houve uma tendência de retração do segmento no mercado de trabalho, com uma queda geral do setor. Apesar dos avanços na esfera dos direitos, ainda há desafios significativos no substrato de luta desta categoria. Palavras-chave: Serviço doméstico remunerado; direitos do trabalho; mercado de trabalho. Abstract: The debate and the approval of the Constitutional Amendment. 72/2013, which equated domestic workers to other urban and rural workers, is one of the latest episodes of the struggle for social recognition and labor that category. This article presents some labor market statistics present in the Monthly Employment Survey (PME/IBGE) for the years 2003-2013, and the National Survey of Household Continuous (Continuous-PNAD/IBGE), for the years 2012 and 2014. Seeks to identify and analyze patterns that represent possible relationships with the recent changes. Low schooling and average income close to the minimum wage, are part of the general profile of the category. Between 2012 to 2014 there was a trend of decrease of the segment in the labor market, with a general decline in the industry. Despite advances in the field of rights, there are still significant challenges in substrate fight this category. Key-words: Domestic service; labor rights; labor market. 1 – Introdução O presente artigo enfoca o comportamento no mercado de trabalho em anos recentes de um segmento dos trabalhadores que se encontra na esfera reprodutiva da sociedade, mais especificamente no setor dos serviços. Apesar de ter contado com dispositivos legais datados das décadas de 1920 e 1940, o trabalho doméstico remunerado foi regulamentado enquanto profissão no Brasil com a Lei n° 5.859, de 1972, que considera empregado doméstico “[...] aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou a família, no âmbito residencial destas”. Embora tenha caminhado rumo ao assalariamento e apesar da “invenção do trabalhismo” no país dos anos 1930 e 1940, que se voltou 1 Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Faculdade de Ciência e Tecnologia da UNESP-Campus Presidente Prudente. E-mail de contato: [email protected]. 2036 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO especificamente para a montagem do cidadão-trabalhador (GOMES, 2005, p. 238), o trabalho doméstico remunerado foi relegado a uma significativa restrição em termos de direitos sociais e trabalhistas, uma vez que ao ser adotada, em 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) excluiu tais trabalhadores de sua proteção. Por sua vez, a equiparação com os trabalhadores urbanos e rurais só se formalizou recentemente, com a aprovação da Emenda Constitucional n. 72/2013, quando o empregado doméstico foi finalmente incorporado ao art. 7º da Constituição Federal e seus direitos trabalhistas igualados aos demais assalariados. À luz do contexto político e social que tal segmento do trabalho vivencia na atualidade, este artigo apresenta algumas estatísticas de mercado de trabalho presentes na Pesquisa Mensal de Emprego (PME/IBGE) e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua/IBGE), buscando identificar e analisar os padrões que representam possíveis relações com as mudanças recentes. A partir dos dados da PME foi possível traçar um breve perfil da categoria entre os anos 2003 e 2013 e com as estatísticas da PNAD Contínua observar a variação dos postos de trabalho entre os anos de 2012 e 2014, período que coincide com o debate e a aprovação da Emenda Constitucional. 2 – Breves considerações sobre o trabalho doméstico no Brasil Tem sido recorrente entre os pesquisadores do tema a constatação de que o serviço doméstico no Brasil guarda suas raízes históricas no trabalho escravo, este que foi especialmente próprio do período colonial. Pereira (2012), tematiza a herança escravocrata do trabalho doméstico no Brasil referindo-se à naturalização do servir, numa aproximação do termo com o trabalho escravo e com o trabalho que demanda exploração intensiva e extensiva. No mesmo sentido, o trabalho do empregado doméstico herda socialmente o estigma de desvalorização que acompanha suas atividades, de maneira que “[...] patroas e empregadas domésticas participam de uma relação de identidade mediada pela lógica de servir aos outros como algo natural” (LÉON, 1989, Apud MELO, 1998, p.3). Face à tal herança, comparece ainda hoje como uma atividade invisibilizada e estigmatizada, apesar de ao mesmo tempo estar na base do atendimento das necessidades de reprodução social das famílias num contexto contemporâneo de 2037 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO crescente feminização do mercado de trabalho brasileiro em todos os setores. A própria trajetória vivenciada pela categoria na busca pelo reconhecimento dos seus estatutos e direitos trabalhistas descrita acima revela o desprezo dispensado a esta pela sociedade brasileira. Contudo, a aprovação da lei em 2013, além de vários outros, aspectos não possíveis de serem tratados nesse breve artigo, aponta para um horizonte de mudanças nessas relações, apesar da falta de clareza sobre os rumos que serão tomados com o advento das mesmas. A esse respeito, Costa (2003, p. 472) considera que, a conquista desses direitos está diretamente ligada à organização política das trabalhadoras domésticas, movimento que data da década de 30 do século passado. A aprovação da Emenda Constitucional 72 não foi fruto do acaso, e sim de um longo processo histórico, em que a organização política das trabalhadoras domésticas, articulada com outros movimentos sociais, obteve êxito nas suas reivindicações. É óbvio que esse avanço legal pode não significar muito, pode inclusive se converter em “letra morta”, haja vista que, por exemplo, 3/4 das trabalhadoras domésticas não dispõem da carteira de trabalho assinada, um direito garantido desde 1972. Em virtude dos debates recentes sobre as conquistas de direito, a categoria tem estado em maior evidencia social. A mídia tem veiculado várias informações e construído conceitos entorno desse segmento de trabalho, algumas vezes tentando reconstruir o imaginário social acerca do trabalho doméstico, mas muitas vezes reforçando estigmas e preconceitos. Nesse sentido, compreende-se que em função de toda a problemática social, histórica e cultural que envolve o trabalho doméstico no Brasil, é preciso que se desenvolva um esforço maior no sentido de qualificar os debates, discussões e produções teóricas acerca do mesmo. O país possui um banco de dados sobre o trabalho bastante representativo. Não obstante suas limitações teórico-metodológicas, sobre as quais também não é possível tecer discussões mais aprofundadas nesse artigo, é preciso explorá-lo e utilizar tais pesquisas para a produção de um conhecimento socialmente relevante, buscando fazer uma mediação entre os dados estatísticos e as determinações mais amplas da realidade sociohistórica na qual estão contidos os fenômenos analisados. Este artigo tem como foco contribuir com essa construção social e intelectual, somando ao processo de maior visibilização e valorização do trabalho doméstico remunerado no Brasil. 2038 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 3 – Metodologia Os dados estatísticos presentes neste artigo foram extraídos da Pesquisa Mensal de Emprego (PME/IBGE) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua/IBGE), ambas disponíveis no banco de dados agregados SIDRA/IBGE, com acesso livre no Website do IBGE. A Pesquisa Mensal de Emprego é um monitoramento sistemático do Instituto, o qual permite a construção de “[...] indicadores mensais sobre a força de trabalho que permitam avaliar as flutuações e a tendência, a médio e a longo prazos, do mercado de trabalho, nas suas áreas de abrangência” (IBGE/SIDRA). Já A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, sumariamente, “[...] investiga características gerais da população, educação, trabalho, rendimento e habitação, e outras com periodicidade variável” (IBGE/SIDRA). A PNAD Continua por sua vez, é resultado de um esforço de aperfeiçoamento metodológico do IBGE no que se refere a construção de dados e indicadores sobre o trabalho no Brasil, que vem se desenvolvendo desde 2012. Dessa forma, a PNAD Continua [...] substituirá as estatísticas sobre mercado de trabalho obtidas a partir da PME e da PNAD, potencializando os resultados produzidos por ambas, agregando, em relação à primeira, a cobertura do território nacional e, em relação à segunda, a disponibilização de informações sobre trabalho com periodicidade de divulgação que permitirá a análise conjuntural do tema. (IBGE/SIDRA). Para este trabalho, foi traçada uma evolução das médias anuais dos anos 2003 e 2013 a partir dos dados da PME, com o objetivo de identificar o comportamento do trabalho doméstico remunerado no mercado de trabalho com destaque para as variáveis de rendimento e escolaridade. E já com os dados disponibilizados pela PNAD Continua foi analisado o comportamento do mercado de trabalho doméstico face à força de trabalho ocupada no período de 2012 a 2014, distinguindo-se também números referentes aos vínculos formais e informais do trabalho doméstico no Brasil. Os dados foram coletados diretamente dos Bando de Dados das Pesquisas, disponíveis no SIDRA, conforme já mencionado, no qual é possível a construção de 2039 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO tabelas com as variáveis selecionadas. Posteriormente, as tabelas foram exportadas para o ambiente do software Microsoft Excel, onde foi feita análise dos dados e produção dos gráficos. 4 – Resultados A partir dos dados da Pesquisa Mensal de Emprego, apresenta-se a seguir o uma síntese do comportamento dos indicadores de renda e escolaridade entre os anos de 2003 e 2013 para o trabalho doméstico remunerado no Brasil. No período analisado, os trabalhadores domésticos tiveram um expressivo aumento do poder de compra do seu rendimento médio, se considerado 2013 em relação a 2003. Em 2003, o rendimento médio desse segmento era de R$ 501,07, ao passo que em 2013 chegou aos R$ 814,93, o que equivale a um aumento de 62%. É possível equiparar o crescimento desse rendimento com o próprio aumento que sofreu o salário mínimo nos últimos anos. Não obstante os serviços domésticos terem sido o agrupamento de atividades cuja elevação dos rendimentos foi a maior entre todos, é nessa categoria profissional onde se encontram os menores rendimentos registrados pela pesquisa. Sabe-se, por sua vez que os anos de estudos são um forte indicador para a definição da faixa de rendimentos de um segmento profissional. Apesar da pesquisa ter apontado para uma melhoria real na escolarização dos empregados do setor, vêse que o predomínio da escolaridade dos mesmos (52,2%) é a faixa dos sem instrução ou que tiveram menos de 8 anos de estudo. A melhoria consiste no fato de que o percentual que se encontra na faixa citada anteriormente diminuiu nesses dez anos, uma vez que em 2003 atingia 69,7%. Já os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua apontam o comportamento no mercado do trabalho doméstico face à força de trabalho ocupada entre os anos de 2012 e 2014. A seguir, a Figura - 1 apresenta graficamente os dados e os dispõe em duas séries, sendo a força de trabalho ocupada, representada pela cor azul e o trabalho doméstico representado pela cor laranja. 2040 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Figura 1 – Total de trabalhadores domésticos em comparação a força de trabalho ocupada (Mil pessoas) Fonte de dados: Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, IBGE – Acessado em abril de 2015. Organização: Francilene S. de M. Costa Segundo as estimativas da Pesquisa, no primeiro trimestre de 2012 a força de trabalho ocupada era de 88 milhões e 41 mil pessoas. Acompanhando a linha azul na figura, é possível perceber um gradativo crescimento e ao final do terceiro trimestre de 2014, a força de trabalho ocupada alcança o patamar 92 milhões e 857 mil pessoas. O trabalho doméstico, por sua vez, inicia o período analisado num patamar de 6 milhões e 91 mil trabalhadores. Oscila no período e marca 5 milhões e 981 mil pessoas ocupados no trabalho doméstico em ao final de 2014. De janeiro de 2012 até o início do seu último trimestre, as duas curvas mostram tendência de crescimento, quando ambas começam a decrescer. Essa queda é bem acentuada para o trabalho doméstico, que tem seus níveis mais baixos no segundo trimestre de 2013, período em que ocorre a aprovação da Emenda Constitutional n.72, em abril de 2013, e no primeiro de 2014. As curvas se cruzam entre o primeiro e o segundo trimestre de 2013, quando a força de trabalho ocupada já está se recuperando e o trabalho doméstico ainda encontra-se em queda. Após esse primeiro período de decréscimo, o trabalho doméstico não recupera mais o 2041 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO nível de crescimento inicial do período analisado e conclui com uma retração de 1,8%, seguindo uma tendência oposta à da força de trabalho ocupada, que chega a final de 2014 com um aumento de 5,2%, em relação ao início de 2012. É possível, também apontar um decréscimo da participação do trabalho doméstico na força de trabalho ocupada. Enquanto que este representava 6,9% no primeiro trimestre de 2012, passa a representar 6,4% ao final do período analisado. Cabe atenção ao aspecto relacionado a formalidade do contrato de trabalho dos empregados domésticos. Os dados da PNAD Contínua apontam para o alto grau de informalidade ao qual está submetida a categoria. Verificando o último trimestre do ano de 2014 é possível ter uma noção quantitativa dessa realidade. Enquanto estimava-se que os trabalhadores domésticos com carteira de trabalho assinada representavam um quantitativo de 1.921.000, os sem carteira assinada estariam alcançando o patamar de 4.060.000, ou seja, mais que o dobro. A figura - 2 apresenta a variação especifica dos postos de trabalho com carteira de trabalho assinada, no período analisado. 2000 1945 1950 1932 1918 1932 1930 1901 1912 1921 1900 1855 1850 1800 1852 1831 1778 1750 1700 1650 Figura 2 – Total de trabalhadores domésticos com Carteira de Trabalho assinada (Mil pessoas) Fonte de dados: Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, IBGE – Acessado em abril de 2015. Organização: Francilene S. de M. Costa 2042 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Os dados registram uma queda brusca iniciada no primeiro trimestre de 2013, chegando a sua maior baixa no terceiro trimestre do ano, logo após a aprovação da Emenda n.72, em abril de 2013. O gráfico aponta uma recuperação no último trimestre deste ano, tendência que vai permanecendo até o final do período analisado, apesar de ser alcançado um nível inferior ao do período inicial. O comportamento do trabalho doméstico sem carteira assinada encontra-se na Figura - 3, abaixo. Figura 3 – Total de trabalhadores domésticos sem Carteira de Trabalho assinada (Mil pessoas) Fonte de dados: Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, IBGE – Acessado em abril de 2015. Organização: Francilene S. de M. Costa A curva do gráfico apresentado na Figura 3, sugere uma instabilidade, que pode ser considerada típica da oscilação própria do setor informal. Assim como no gráfico do comportamento dos vínculos formais, é possível perceber uma tendência de queda, uma vez que o período é concluído com uma leve diminuição. Apesar disso, o padrão que queda brusca não se repete nos meses de debate e aprovação 2043 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO da Emenda. Apesar de também ter terminado em baixa o padrão de oscilação aponta para a reprodução de uma possível sazonalidade do setor. Para melhores conclusões, no entanto, se fazem necessárias análises complementares. 5 – Conclusões A partir da análise dos dados, foi possível observar que o serviço doméstico remunerado no Brasil é realizado por trabalhadores com baixa escolarização, apesar de ter havido uma sensível melhoria desse indicador ao longo dos anos analisados, e que o parâmetro principal para a definição do aumento do seu rendimento é elevação do salário mínimo, o que representa a tendência de permanência dos baixos salários, como se constatou na estatísticas. Foi possível perceber, ainda, que houve uma tendência de retração do segmento no mercado de trabalho no período de 2012 a 2014, com uma queda geral do setor, para quem tem ou não carteira de trabalho assinada. Pode-se considerar que esse comportamento do trabalho doméstico esteja seguindo uma tendência que se repete em períodos anteriores e que sua retração nada tenha a ver com as mudanças recentes na legislação. Porém, para o recorte que foi feito neste estudo, foi possível associar o decréscimo absoluto do trabalho doméstico e deste relativamente à força de trabalho ocupada, à edição da Emenda Constitucional, pois, coincidentemente, a tendência de queda se dá exatamente no trimestre de sua aprovação e essa queda não é seguida da recuperação dos níveis iniciais considerando-se o período analisado. Os direitos conquistados podem ter gerado uma atmosfera de apreensão entre os empregadores no que se refere a oneração da tomada do serviço face aos novos encargos trabalhistas e ter resultado em demissões. Como consequência desse clima de instabilidade e insegurança também e principalmente da parte dos trabalhadores, é possível que esteja havendo uma migração de parte destes para a informalidade em ocupações variadas ou até mesmo para o desemprego. Análises complementares se fazem necessárias. Portanto, representados trabalhadores não obstante os pelos direitos trabalhistas domésticos avanços remunerados no na esfera político-institucional recentemente conquistados, Brasil enfrentam ainda os muitas 2044 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO dificuldades e inseguranças, de modo que desafios significativos ainda se encontram no substrato de luta desta categoria. 6 – Referências bibliográficas COSTA, Joaze Bernardino. Controle de vida, interseccionalidade e política de empoderamento: as organizações políticas das trabalhadoras domésticas no Brasil. Est. Hist., Rio de Janeiro, vol. 26, n. 52, p. 471-489, julho-dezembro de 2013. GOMES, Ângela Maria de Castro. A invenção do trabalhismo. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2005. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sistema IBGE de recuperação Automática (SIDRA). Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/>. Acessado em 14 de abril de 2015. MELO, Hildete Pereira de. O serviço doméstico remunerado no Brasil: de criadas a trabalhadoras. Texto para Discussão. IPEA, Rio de Janeiro, 1998. PEREIRA, Virgínia Areias. Herança escravocrata e trabalho doméstico remunerado: rupturas e permanências. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Pernambuco. Programa de Pós-Graduação em Antropologia. Recife, 2012. 2045