QUE É O QUE ACONTECE COA LICENCIATURA DE GEOGRAFIA?
Xosé M. Santos
Nos anos mais recentes está a aparecer umha crescente preocupaçom polo futuro
da licenciatura de Geografia. Desde que no 1993 se desprendeu da História e da Arte, o
caminho seguido foi incerto. As esperanças que daquela se pugérom sobre estes novos
estudos, que chegavam assi à maioria de idade, abriam interrogantes sobre a renovaçom
de conteúdos e sobre a necessária adaptaçom a um mercado laboral em que a
concorrência com outras disciplinas é cada vez maior. O Colégio de Geografia nasceu
como complemento a esse proceso de incorporaçom profissional.
Passados já 10 anos, começamos a ter umha certa perspectiva de todo este
período. A leitura que temos que fazer, polo menos a minha leitura, nom é muito
optimista. No nível de conteúdos, acho que a renovaçom foi parcial de mais. Com
certeza que fôrom incorporadas matérias novas, ferramentas de trabalho úteis e métodos
novidosos, mas nom coa profundidade procurada. As famosas geografias descritivas
continuam a ocupar tempo de mais para achegarem uns saberes enciclopédicos próprios
de umha formaçom humanística pouco reflexiva; muitas cartografias mantenhem-se
ancoradas nos mapas topográficos e geológicos ao tempo que outras matérias apenas
mudam de nome.
Relativamente à adaptaçom ao mercado laboral, pouca cousa nova no horizonte
quebrado da Galiza. Os Sistemas de Informaçom Geográfica, o desenvolvimento local
ou a gestom dos espaços naturais, que pareciam campos de trabalho muito apropriados
para a Geografia —quer por tradiçom, quer por formaçom—, fôrom reclamados com
sucesso por outras disciplinas quando, paradoxalmente, desde a nossa mais se insistia na
sua importáncia.
Neste panorama ainda aparecem mais dúvidas. O número de estudantes vém
caindo até umhas proporções alarmantes para quem se preocupa pola rendibilidade
económica da Universidade. Abrem-se interrogantes sobre o futuro da licenciatura e
mesmo há quem tem saudades daqueles tempos em que, junto com a História e a
História da Arte, havia mais de 200 alunas/os por sala. Para outra gente, o problema está
no desconhecimento da Geografia na educaçom obrigatória e falam da necessidade de
irmos vender as bondades que tem o estudo geográfico.
Nom o sei, mas provavelmente a análise que se está a fazer seja errada.
Passamos o tempo culpabilizando um sistema que ignora a Geografia, lamentamo-nos
de um estudantado pouco formado e incentivado e com remorsos porque nom estamos a
justificar a nossa presença na universidade em termos de rendibilidade. Mas, poucas
vezes reflexionamos sobre nós próprios, sobre a nossa responsabilidade ante esta
situaçom. Qual deve ser o nosso protagonismo no estímulo do alunado? Como podemos
continuar a dar aulas para 10 persoas como se fossem 100? Como podemos continuar a
entender a Geografia desde a simples descriçom? Para quê queremos convencer a gente
das maravilhas da Geografia quando nós próprios vivimos isolados da realidade
profissional?
Com certeza, nom podemos obviar a situaçom da Geografia no conjunto das
disciplinas para comprendermos parte da nossa localizaçom na periferia do sistema.
Mas a nossa passividade e a culpabilizaçom da concorrência, e mesmo da clientela, nom
fai senom agravar a marginalidade. A posiçom que ocupemos no conjunto das ciências
sociais deriva dos nossos próprios comportamentos e atitudes. Infelizmente, nom temos
deixado os lastros do passado que tanto nos pesam e aliás incorporámos outros que fam
o presente pouco estimulante.
Porém, nom vamos renunciar à resistência e ao ataque. Resistência frente a
quem se afortala no abichamento dos tempos do privilégio e da submissom. Ataque para
contruirmos umha Geografia plural, aberta, crítica e reflexiva. As nossas alianças virám
do próprio estudantado muito mais vivo e activo que nunca e daquelas outras ciências
sociais que, longe de nos roubarem o que naturalmente nos pertence, estám a nos
enriquecer. Para quem cremos na Geografia como umha disciplina útil (para o sistema e
para quem quer mudá- lo) vamos continuar trabalhando para demostrá- lo e vamos
defender a licenciatura porque opinamos que, além da rendibilidade económica, a
universidade é umha instituiçom educativa e formativa e, portanto, social.
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02. OPINIÓN. Que é o que acontece coa