Gestão da Qualidade para Administradores Prof Douglas C. Ferreira 3 GURUS DA QUALIDADE Para qualquer pessoa que se propõem a trabalhar na área etapa básica na sua formação é conhecer os “Papas da Qualidade”, contribuíram de forma significativa na modificação dos conceitos ferramentas de gestão e visões da qualidade que se perpetuam até Gurus da Qualidade são: 3.1 de gestão da qualidade, uma ou seja, aquelas pessoas que da qualidade e introduziram os dias de hoje. Os principais EDWARDS DEMING Dr. W. E. Deming (1900 - 1993) foi um dos grandes propulsores da qualidade no Japão. Norte Americano e especialista em ferramentas da qualidade, foi convidado pela JUSE (Japonese Union of Scientits and Engineers) para proferir palestras e cursos no Japão em Julho de 1950. Foi tão importante nos resultados da qualidade da indústria japonesa que foi instituído um prêmio de excelência intitulado Deming Prize em 1951. O seu conceito é simples, mas revolucionário: os níveis de variação da qualidade podem ser reduzidos se geridos através do controle estatístico. Deming elaborou no seu livro “Out of Crisis” os célebres 14 passos para a qualidade total. Bibliografia: Elementary Principles of the Statistic Control of Quality (Nippon Kagasu Gijutsu Remmei, 1952); Quality, Productivity and Competitive Position (MIT, Center for Advanced Engineering Study, 1982); Out of the Crisis (MIT, Center for Advanced Engineering Study, 1986, 1988); e The New Economics (MIT, Center for Advanced Engineering Study, 1993). Os 14 Passos de Deming: 1º Crie uma visão consistente para a melhoria de um produto ou serviço. 2º Adapte a nova filosofia e assuma a sua liderança na empresa. 3º Termine com a dependência da inspeção como caminho para a qualidade. 4º Minimize os custos com a seleção de um fornecedor preferencial. 5º Melhore de uma forma constante e contínua, cada um dos processos da empresa. 6º Promova a aprendizagem no chão de fábrica (training on the job). 7º Encare a liderança como algo que todos podem aprender. 8º Não lidere com base no medo. Evite usar um estilo autoritário de gestão. 9º Destrua as barreiras entre os departamentos funcionais. 10º Elimine as campanhas ou slogans com base na imposição de metas. 11º Abandone a gestão por objetivos com base em indicadores não quantitativos. 12º Não classifique o desempenho dos trabalhadores ordenando-os por ranking. 13º Crie um ambicioso programa de formação para todos os funcionários. 14º Imponha a mudança como sendo uma tarefa de todos os trabalhadores -8- Gestão da Qualidade para Administradores Prof Douglas C. Ferreira 3.2 JOSEPH JURAN Nascido na Romênia em 1904, engenheiro eletrotécnico, acompanhou Edwards Deming na revolução da qualidade no Japão do pósguerra. Ambos se interessaram pelo controle estatístico durante os anos 20. Em 1951, Juran publicou o primeiro manual sobre controlo da qualidade. Foi convidado para uma série de palestras em Tóquio e acabou por ser considerado um dos principais obreiros do milagre industrial japonês. Juran é um dos mais importantes inspiradores do conceito de qualidade total. É o autor de uma metodologia para determinar os custos evitáveis e inevitáveis da qualidade e do conceito de company-wide quality management (CWQM). Bibliografia: Quality Control Handbook (McGraw-Hill, 1951); Juran on Planning for Quality (Free Press, 1988); e Managerial Breakthrough (McGraw-Hill, 1995). A trilogia de Juran: Melhoria da qualidade 1º Reconheça as necessidades de melhoria. 2º Transforme as oportunidades de melhoria numa tarefa de todos os trabalhadores. 3º Crie um conselho de qualidade, selecione projetos de melhoria e as equipas de projeto e de facilitadores. 4º Promova a formação em qualidade. 5º Avalie a progressão dos projetos. 6º Premie as equipes vencedoras. 7º Faça publicidade dos seus resultados. 8º Reveja os sistemas de recompensa para aumentar o nível de melhorias. 9º Inclua os objetivos de melhoria nos planos de negócio da empresa. Planejamento da qualidade 1º Identifique os consumidores. 2º Determine as suas necessidades. 3º Crie características de produto que satisfaçam essas necessidades. 4º Crie os processos capazes de satisfazer essas características.] 5º Transfira a liderança desses processos para o nível operacional. Controle da qualidade 1º Avalie o nível de desempenho atual. 2º Compare-o com os objetivos fixados. 3º Tome medidas para reduzir a diferença entre o desempenho atual e o previsto. -9- Gestão da Qualidade para Administradores Prof Douglas C. Ferreira 3.3 KAORU ISHIKAWA Nasceu em 1915. Em 1939, licenciou-se em Química Aplicada pela Universidade de Tóquio. Depois da Segunda Guerra Mundial foi um dos impulsionadores da Japonese Union of Scientits and Engineers (JUSE), promotora da qualidade no Japão, e foi presidente do Musashi Institute of Tecnology. Ishikawa é a figura nipônica mais representativa do movimento da qualidade. Recebeu muitas homenagens das mais diversas instituições, entre as quais se destaca a Medalha de 2.ª Ordem do Sagrado Tesouro, atribuída pelo imperador japonês. Nos anos 50 e 60 lecionou cursos para executivos sobre controle da qualidade. Como membro do júri do Deming Prize, criou um rigoroso método de auditoria de qualidade para escolher a vencedora. Esteve envolvido nas normas japonesas e internacionais de certificação. Faleceu em 1968. Em sua homenagem, a ASQC atribui anualmente a Ishikawa Medal aos indivíduos ou grupos de trabalho que mais se salientaram nos aspectos humanos da qualidade. Bibliografia: Guide to Quality Control (Kraus, 1976); QC Circle Koryo (JUSE, 1980); Quality Control Circles at Work (JUSE, 1984); e What is Total Quality Control? (Prentice Hall, 1985). 3.4 PHILIP CROSBY Nasceu em 1962 em Wheeling, West Virginia. Em 1952 trabalhou como engenheiro na Crosley Corporation e em 1957, passou a gestor da qualidade da Martin-Marietta. Foi nesta empresa que desenvolveu o conceito de zero defeitos. Em 1965 foi eleito vice-presidente da ITT, onde trabalhou 14 anos. Em 1979 fundou a Philip Crosby Associates e lançou a obra Quality is Free, um clássico do movimento da qualidade que vendeu mais de 2,5 milhões de cópias e foi traduzido para 15 línguas. Em 1991 criou a empresa de formação Career IV, Inc. Vive em Winter Park, Florida. Em 1996 lançou um novo livro intitulado Quality Is Still Free . Bibliografia: Cutting the Cost of Quality (Industrial Education Institute, 1967); Quality is Free (McGraw-Hill, 1979); The Art of Getting Your Own Sweet Way (McGraw-Hill, 1981); Quality Without Tears (McGraw-Hill 1984); Running Things (McGraw-Hill, 1986); The Eternally Successful Organization (McGraw-Hill, 1988); Let’s Talk Quality (McGraw-Hill, 1989); Cutting the Cost of Quality (The Quality College Bookstore, 1990); Quality for the 21st Century (Dutton, 1992); Reflections on Quality (McGraw-Hill, 1995); e Quality is Still Free (McGraw-Hill, 1995). As 5 Ilusões da Qualidade segundo Crosby: 1 A qualidade significa luxo ou notoriedade. Está na moda dizer-se que a qualidade é um esforço para satisfazer as necessidades dos clientes, ou para ultrapassar as suas expectativas. Encantar o cliente é um objetivo aceitável na fase de concepção de um produto. Depois é preciso assegurar que o cliente vai receber aquilo que esperava. A qualidade significa conformidade com as exigências do cliente. Numa conjuntura de negócios cada vez mais turbulenta é fundamental cumprir as promessas. 2 A qualidade é algo intangível e não mensurável. A maior parte dos programas de qualidade falha devido à falta de empenho da gestão de topo. Este alheamento deve-se à ausência de estimativas sobre os custos da não-conformidade. Os gestores lidam com dinheiro e tendem a avaliar todos os problemas segundo uma abordagem financeira. A determinação dos custos das não-conformidades, tem outra vantagem: revelam onde concentrar os esforços de melhoria. 3 A convicção de que é impossível fazer bem à primeira. A sabedoria convencional diz que é caro fazer tudo bem na primeira vez. Em 1961 criou-se o conceito de zero-defeitos para combater - 10 - Gestão da Qualidade para Administradores Prof Douglas C. Ferreira esta idéia. Por exemplo: Em um hotel a assistente responsável pelo serviço de quartos era de uma eficiência notável. Apesar disso, o nível de satisfação decaiu. A empresa só resolveu o problema quando instituiu cursos de formação na preparação dos quartos. Fazer bem na primeira vez é sempre a melhor solução. 4 Os problemas da qualidade partem dos trabalhadores. Um gestor de topo disse-me que se ele tivesse trabalhadores japoneses, não teria 8% de defeitos nos automóveis que produzia. Eu respondi-lhe que só teria uma percentagem menor se o líder da empresa fosse japonês. Ele reagiu mal ao comentário. Os trabalhadores não são a causa de todos os males. Por exemplo, os bancos, seguradoras, restaurantes e hotéis têm um índice de rotação de pessoal de 40%, um valor que só é justificável devido à ausência de treino para um bom desempenho das tarefas. 5 A qualidade é criada pelos departamentos da qualidade. Nada mais errado. A qualidade é uma responsabilidade de todos os empregados e nasce da tomada de ações concretas. Não é criada por departamentos, comissões ou normas impostas e controladas por terceiros. 3.5 GENICHI TAGUCHI Genichi Taguchi ganhou quatro vezes o Prêmio Deming, do Japão. Ele recebeu o primeiro destes prêmios de excelência pela sua contribuição para o desenvolvimento da estatística aplicada à qualidade. Mas Taguchi tornou-se especialista mundial no processo de desenvolvimento e design de novos produtos (foi o criador do movimento Robust Design). Ele começou a ser conhecido no início dos anos 50, quando trabalhou na Nippon Telegraph and Telephone. Em 1982, os seus ensinamentos chegaram aos Estados Unidos e muitas empresas usaram as suas idéias com sucesso, como da ITT. Em 1990 recebeu do imperador japonês a Blue Ribbon Award pela sua contribuição para o desenvolvimento da indústria japonesa. Taguchi é diretor executivo do American Supplier Institute, sediado em Michigan. Bibliografia: Introduction to Quality Engineering (American Supplier Institute, 1986); System of Experimental Design (American Supplier Institute, 1987); e Introduction to Off-line Quality Control Systems (Central Quality Control Association, 1980). 3.6 WALT ER SHEWHART O conceito original de “Gerenciamento da Qualidade Total” e “melhoria contínua” foi iniciada na Bell Telephone pelo funcionário chamado Walter Shewhart. Como um dos professores do Deming, ele pregou a importância da adaptação do gerenciamento do processo para criar soluções lucrativas tanto para as empresas quanto para os clientes, através da utilização da sua criação conhecida mundialmente com CEP (Controle Estatístico de Processo). Dr. Shewhart acreditava que a falta de informação dificultava que esforços no gerenciamento da qualidade obtivessem sucesso no ambiente de manufatura. Com o objetivo de ajudar os Gerentes a tomarem decisões com base científica, eficientes e econômicas, ele desenvolveu métodos estatísticos para controle de processo. Muitas das ferramentas modernas da qualidade são frutos das idéias do Dr. Shewhart. Shewhart se formou em 1918 e seu primeiro emprego foi na empresa Bell Telephone. Em 1924 ele desenvolveu uma técnica para estudar um problema de falhas e reparos, através do conceito de “causas associáveis” e “causas mutáveis”. Shewhart recebeu uma medalha de honra da Sociedade Americana de Engenharia Mecânica e foi eleito membro honorário da Sociedade Americana de Estatística da Qualidade. - 11 - Gestão da Qualidade para Administradores Prof Douglas C. Ferreira 3.7 ARMAND V. FEIGENBAUM Armand Feigenbaum não recebeu tanta atenção como outros gurus da qualidade (Shewhart, Deming, Juran, Ishikawa, etc.), mas sua contribuição foi fundamental na história da qualidade, principalmente através do conceito de “Controle da Qualidade Total”. Os conceitos sobre custos da qualidade foram primeiramente desenvolvidos pelo Dr. Feigenbaum. Feigenbaum trabalhou como diretor mundial de manufatura, operações e controle da qualidade da empresa General Electric entre 1958 e 1968. Mais tarde ele se tornou presidente da empresa General System Inc. Feigenbaum também o chairman e fundador da Academia Internacional para a Qualidade e também foi um dos presidentes da American Society for Quality (ASQ). Em 1988, Feigenbaum foi apontado como membro honorário da United States Malcolm Baldridge National Quality Award Program. A mensagem do Dr. Feigenbaum é andar adiante dos conceitos técnicos do controle da qualidade e ter um foco mais direcionado em métodos de gestão da qualidade e do negócio da empresa, incluindo funções administrativas e humanas. Outro conceito enfatizado é que a Qualidade não significa ser o “melhor”, mas sim “ser o melhor para o cliente”. 3.8 DR. SHIGEO SHINGO Shigeo Shingo, juntamente com Deming e Juran, acreditava na aplicação de zero defeito através de boa engenharia e processo investigativo ao contrário da filosofia ocidental de trabalhar com slogans e campanhas para a qualidade. Shingo acredita ser melhor divulgar as melhorias da qualidade do que divulgar os índices de defeito que são desmoralizantes. A técnica do Poka-Yoke para correção de defeitos + Inspeção investigativa para prevenir defeitos = Controle da Qualidade Zero. Essa equação é a essência do conceito do “Zero Controle da Qualidade”. A primeira de muitas realizações do Dr. Shingo aconteceu em 1930, implementando o sistema de administração científica, ele pôde reduzir custos de operação na empersa Taipei Estrada de Ferro. Em 1951, Shingo descobriu o conceito de "controle" estatístico da qualidade, investigando mias de 300 companhias ao redor do mundo. Antes das 1959, Dr. Shingo já era conhecido como um "gênio" de engenharia. Nos 1960, a principal contribuição de Shingo para o Controle de Qualidade foi o desenvolvimento do Poka-Yoke (menanismo à prova de erros) enquanto trabalhou como engenheiro industrial na Toyota Motors Co. Em 1988, a Universidade Estadual de Utah fundou um prêmio em sua homenagem. 3.9 PROF. VICENTE FALCONI CAMPOS Vicente Falconi Campos, Dr. Vicente Falconi Campos nasceu em 1940. Graduou-se em Engenharia de Minas e Metalurgia em 1963 pela Universidade Federal de Minas Gerais. Em 1964 foi admitido como instrutor de ensino no Departamento de Engenharia Metalúrgica da UFMG, onde se aposentou como professor-titular. Em 1966 iniciou estudos e pós-graduação na Colorado School of Mines, EUA, tendo obtido os graus de M.Sc. e Ph. D. em Engenharia Metalúrgica em 1968 e 1971 respectivamente. Vicente Falconi é consultor e membro do Conselho Superior de Administração da Fundação de Desenvolvimento Gerencial - FDG. É também membro do Conselho de Administração da AmBev, membro do Comitê de Finanças do Conselho da TELEMAR, Membro - 12 - Gestão da Qualidade para Administradores Prof Douglas C. Ferreira do Conselho de Administração da SADIA e membro da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica, designado pelo Presidente da República. O único brasileiro escolhido como uma das "21 vozes do século XXI" pela American Society for Quality (ASQ). Segundo ele, são necessários disciplina e sistema para estabelecer e cumprir metas. - 13 -