Aula de enzimologia Tema Reatores enzimáticos Prof. Adriane M. F. Milagres Departamento de Biotecnologia - Escola de Engenharia de Lorena Universidade de São Paulo – USP [email protected] Tópicos abordados: 1. Definição 2. Classificação geral dos biorreatores 3. Problemas Operacionais 4. Equaçoes de desempenho de Reatores enzimáticos 5. Reatores enzimáticos para a hidrólise de celulose 6. Influencia da inibição pelo produto na catálise enzimática Reatores enzimáticos • O reator enzimático é um recipiente onde se procede uma reação catalisada por uma enzima. • Enzimas solúveis • Enzimas imobilizadas Tipos de reatores 1. Contínuo, descontínuos e descontínuo alimentado 2. Enzimas livres: agitados mecanicamente (STR) agitados pneumaticamente (coluna de bolhas e air lift) 3. Enzimas imobilizadas em suporte (leito fixo ou leito fluidizado) Reator de membrana Reator de Membrana Inerte (IMRCF) Vantagens: • promovem a produção e a separação de produtos de modo praticamente concomitante. • A extração de produtos do meio, que podem apresentar efeitos tóxicos ou inibitórios às enzimas, é também uma vantagem importante dos biorreatores com membranas. • As membranas de nanofiltração permitem a retenção de cofatores enzimáticos, ampliando o leque de aplicação desses reatores para as aplicações que envolvem diversas enzimas intracelulares, que requerem cofatores Desvantagens - Decréscimo da atividade com o tempo - Heterogeneidade das condições de reação - Obstrução da membrana Reator de Membrana Reator de Membrana Catalítica (CMR) Operação de reatores enzimáticos Equações de desempenho de Reatores enzimáticos Equação geral de balanço de massa: o que entra – o que sai – convertido = o que cumula - dS = v dt • Reator descontínuo Reator Contínuo Equação geral de balanço de massa: o que entra – o que sai – consumido = o que cumula A vazão de alimentação (Q), volume total da mistura (Vr), volume total de liquido é uma função de vazios (V’r = Vr). QSo – QS = v V’r (So – S) = v V’r Q XSo = v V’r Q X = Vr v QSo X = So – S So Reator contínuo Reator contínuo de fluxo pistonado V’r = Vr SoQ – (SoQ + QdS) = v V’r -dS = v V’r Q -dS = v dt V’r = t Q XSo – ln (1-x) = Vmax VR Km Km Q XSo – ln (1-x) = Kcat.E . t Km Km Outros fatores que afetam a performance do reator Uso de biorreatores enzimáticos Exemplo 1: Reatores enzimáticos para minimizar a inibição enzimática durante a hidrólise de lignocelulósicos Enzimologia da degradação da celulose Influência da inibição na catálise enzimática Celobiose é um potente inibidor das celulases, mas a inibição por este composto pode ser aliviada ajustando a dose de β-glicosidase • Se o inibidor é o produto (P), este aumenta com o transcorrer da reação. • A inibição pelo produto é negligenciada no início da reação, mas o produto glicose causa uma redução da velocidade da reação em hidrolisados comerciais (100 g/l) Remoção de glicose do Reator em batelada: modos de condução 1. Remoção de parte do líquido após 24h de reação e adição de tampão novo 2. Remoção de parte do líquido após 24h de reação e adição de enzimas e tampão novos 3. Remoção de glicose por diálise durante 24-48 h Remoção de glicose 65% 94% 59% Comparação do tamanho do reator para conversão de lignocelulósicos (30%) Parâmetros cinéticos da enzima: (kcat=12 h−1, KM=0,9 mM, KIG=6,4 mM; Vmax = 0,23 g/l.h) - Inibição não competitiva So = 10 g/l Em um reator CSTR: substituindo os valores na equação abaixo, encontramos um tempo de residência (Vr/Q) de 13,7 h. Dependendo da vazão escolhida (por exemplo 1L/h), o volume do reator deverá ser de 13,7 litros. Em um reator de fluxo pistonado: substituindo os valores na equação abaixo, encontramos um tempo de residência (Vr/Q) de 11,6 h. Dependendo da vazão escolhida (por exemplo 1L/h), o volume do reator deverá ser de 11,6 litros. Exemplo 2: Uso de reator em batelada e contínuo para a hidrólise da lactose por β-galactosidase imobilizada • Enzima: Validaset derivada de Kluyveromyces lactis, com 50,000 ONPGU/g (o-nitrophenyl-b-D-galactopyranoside Units/g) e 30 g/l de proteína • Suporte: 4 gramas de Amberlite IRC-50 (carga negativa) foi pesado em um tubo. O suporte foi lavado e tratado com 10 ml de polyetilenimina (carga positiva) (100 mg/ml) sob agitação por 2 h. É feita a adição de 10 ml de 2.5% glutaraldeído em pH 7,0 (ligante para reagir com os amino grupos da proteína). • Imobilização: 4 ml de lactase e 6 ml de tampão fosfato 50 mM (pH 7.0) foram adicionados ao suporte. Hidrólise da lactose em reator de batelada Enzima solúvel Hidrólise da lactose em reator contínuo xSo + Km x/(1-x) = Vmax . t Exemplo 3: Uso de reator plug-flow para a hidrólise da lactose por β-galactosidase imobilizada O que se pensa quando se usa um biorreator? Como varia a vazão de alimentação? F varia no decorrer do processo devido as próprias variações na atividade enzimática. È muito comum que a vazão de alimentação tenha um decréscimo exponencial. F1- vazao inicial; t* é o tempo de meia-vida da enzima Equação para determinação da produção da enzima quando o decréscimo da vazão for exponencial Fixando a Produção total (Pt) pode-se determinar o tempo de produção (tp) Questao de prova – entrega até o dia 9/09. Assumindo que a enzima imobilizada é apropriada para uma aplicação industrial e que o processo continuo possa ser escalonado, quantos litros de substrato pode ser tratado em uma coluna de 1000 litros? Qual deveria ser a dimensão da coluna? A vazão de alimentação? A quantidade de enzima imobilizada? Para responder essas perguntas voces irao escolher um processo de conversao enzimatica, verificar os parametros cineticos da enzima, verificar se há algum tipo de inibição, escolher um metodo de imobilização, comparar a quantidade de substrato que pode ser hidrolisado pela enzima em operação continua e descontinua, discutir as vantagens e desvantagens do reator continuo especialmente aqueles relacionados a conversao de substrato versus tempo de operação. Material para leitura: 1. Andric, P., Meyer, AS, Jensen, PA, Dam-Johansen, K Reactor design for minimizing production inhibition during enzymatic lignocellulose hydrolysis II Quantification of inhibition and suitability of membrane reactors Biotechnology advances 28 (2010) 407-425 2. Andric, P., Meyer, AS, Jensen, PA, Dam-Johansen, K Effect and Modeling of Glucose Inhibition and In Situ Glucose Removal During Enzymatic Hydrolysis of Pretreated Wheat Straw Appl Biochem Biotechnol (2010) 160:280–297 3. LIMA, U.A., AQUARONE, E., BORZANI, W., SCHMIDELL, W. Biotecnología Industrial: Processos Fermentativos e Enzimáticos. São Paulo, SP, Ed. Edgard Blucher LTDA, 2001. vol. 3. 593p. 4. J.M. OboH n, M.R. Castellar, J.L. Iborra, A. ManjoHn* Beta-Galactosidase immobilization for milk lactose hydrolysis: a simple experimental and modelling study of batch and continuous reactors. Biochemical Education 28 (2000) 164}168 5. Y.GE, H.ZHOU, W. KONG, Y. TONG,S. WANG, and W.Li Immobilization of Glucose Isomerase and Its Application in Continuous Production of High Fructose Syrup Applied Biochemistry and Biotechnology Vol. 69, 1998