Varroose A varroose é uma doença parasitária provocada pelo ácaro Varroa destructor. O ciclo de vida e de reprodução deste parasita decorre em paralelo com o do seu hospedeiro – a abelha –, o que explica a contaminação generalizada desaparecimento completo e de o elevado número de colónias. Normalmente são as obreiras e os zângãos que asseguram a propagação da Varroa, que, alimentando-se multiplicando-se muito do sangue rapidamente das dentro abelhas dos (hemolinfa) alvéolos e operculados, enfraquece as colónias, deixando-as à mercê de outras doenças (loques, viroses e micoses). À primeira vista, a Varroa parece um piolho das abelhas. Este último é um insecto com os seus 3 pares de patas características; a Varroa possui 4 como todos os ácaros. A Varroa é visível à vista desarmada, como um pequeno parasita castanho globoso amarelado sobre o corpo das abelhas. O macho mede cerca de 1mm de diâmetro e a fêmea até 2mm. A Varroa reproduz-se num ciclo de aproximadamente 10 dias. A fêmea adulta penetra nos alvéolos de desenvolvimento das abelhas, e assim que ele são operculado efectua a ovipostura sobre a larva. A eclosão dos ácaros juvenis, tipicamente todos fêmeas à excepção de um, que é macho, ocorre em sintonia com o desenvolvimento da abelha no alvéolo. Quando a abelha adulta parasitada deixa o alvéolo de desenvolvimento, leva consigo ácaros de Varroa agarrados solidamente ao seu corpo através de ventosas que possuem na ponta das patas. São deste modo transportados dentro da colmeia, e eventualmente de uma colónia para outra. Identificação do Ácaro Varroa A Varroa suga a hemolinfa (sangue) das larvas, ninfas e adultas, deixandoas fragilizadas e mais susceptíveis a todo o tipo de infecções. Sob sua acção uma colónia pode debilitar-se e sucumbir por completo em apenas 1 ano. Com excepção das abelhas russas, subgrupo que desenvolveu alguma resistência no seguimento de forte pressão de selecção natural, a abelha europeia Apis mellifera encontra-se praticamente indefesa contra a Varroose. Para a espécie Apis cerana, hospedeiro original da Varroa, a Varroose não constitui nenhum tipo de ameaça. A espécie asiática desenvolveu procedimentos de limpeza e remoção destes parasitas. Adicionalmente, o tempo de operculação do alvéolo é mais reduzido nas colónias desta espécie (a Varroa reproduz-se exclusivamente no alvéolo operculado). Panorama da Varroose na apicultura nacional A Varroa destructor foi identificada pela primeira vez no nosso país em 1986. Desde associada então com tem sido aumento da mortalidade de abelhas e colónias inteiras e com um decréscimo na produção de mel. Durante o Inverno, período em que a rainha diminui (ou pára) a postura, as varroas encontram-se sobretudo nos corpos das abelhas adultas, até ao reinicio da postura. Nalgumas regiões de Portugal continental, a rainha poderá também parar temporariamente a postura no pico do Verão. Durante o Verão, as fêmeas de varroa podem viver por um período de 2 a 3 meses. Em áreas de grande densidade de colónias, e com focos importantes de varroose, a taxa de reinfestação com varroa pode ser muito elevada, pelo que as populações de ácaros podem crescer de forma preocupante durante determinados períodos do ano, mesmo em colónias recentemente tratadas. No Alentejo, por exemplo, são frequentes grandes picos de reinfestação durante uma ou duas semanas dos meses de Dezembro/Janeiro. A varroa depende das abelhas adultas para se deslocar entre colónias, através dos fenómenos naturais de enxameação, ou de pilhagem, de deriva, ou ‘livre-trânsito’ de zângões. Os apicultores têm também infelizmente ajudado a espalhar a varroa, ao mover colónias infestadas de um local para outro, muitas vezes percorrendo longas distâncias. Nas colónias muito infestadas com varroa, alguns vírus (normalmente considerados inofensivos, ou cujos efeitos não se fazem facilmente notar), provocam estragos consideráveis. Actualmente pensa-se que muitos dos danos provocados pela varroose podem resultar destas viroses, mais do que dos danos directamente causados pela própria varroa. Não existe tratamento específico para vírus das abelhas, mas na ausência da varroa, normalmente não são causadores de grandes prejuízos económicos. Assim, se o apicultor tiver o cuidado de fazer tratamentos eficazes contra a varroa, não deverá sofrer grandes prejuízos devidos a viroses nas suas colónias. Em Portugal, a varroose favorece também o desenvolvimento de muitas micoses em colónias infestadas, o que contribui para acelerar o colapso dessas colónias. Impacto sobre a produção de mel Dados as severas implicações da varroa sobre as colónias, não é de estranhar que a capacidade de armazenamento de mel operculado venha a diminuir em colónias mais infestadas, comparativamente a colónias não (ou muito pouco) infestadas. Um núcleo sem controle eficaz da varroa virá apenas a produzir até metade do mel que, de outro modo, produziria. Pior ainda, correrá o sério risco de vir a morrer pouco antes, ou pouco depois, da época de cresta.