que mágica é essa? Os números e a invenção do computador | O mundo digital Bits e Bytes PROFESSORES Cristiane R. C. Tavolaro Física Leo Akio Yokoyama Matemática Sinopse do Programa No final do século XX os computadores pessoais revolucionaram a vida em todo o planeta. Trabalho, educação, lazer e entretenimento são alguns exemplos de atividades que estão cada vez mais dependentes da informática. Mas, apesar dessa onipresença, poucas pessoas sabem que essa revolução nasceu do casamento da Matemática com a Física, da linguagem dos números com a eletrônica. No programa “Sala de Professor”, os convidados propõem uma série de jogos e desafios que desvendam os números binários e a digitalização de dados. Apresentação Em um mundo tecnológico cada vez mais instigante e sedutor, é desafiador sensibilizar o estudante para um olhar científico. A série “Bits e Bytes” nos possibilita esse enfoque a partir da linguagem da Matemática e da Física. Em nossa proposta, abordaremos o funcionamento do sistema binário de numeração, uma aplicação para a detecção de erros no computador (em forma de uma brincadeira mágica) e um desafio matemático que é solucionado por meio do sistema binário. Além disso, mostraremos como se dá a tradução do mundo analógico para o mundo digital, em uma abordagem experimental inovadora e tão sedutora quanto a própria tecnologia. Um olhar para o documentário a partir da matemática A proposta apresentada poderá ser aplicada em qualquer série do Ensino Médio. O professor poderá desenvolver conteúdos que envolvam o sistema de numeração binário e a detecção de erros. Inicialmente será apresentado um número de mágica para dois voluntários. Aparentemente essa mágica não tem nada a ver com o documentário e nem com números binários, porém, no final do programa, essa mágica será revelada e a relação com o documentário ficará clara. Depois, um desafio matemático será lançado para outros dois voluntários. O desafio tem como objetivo iniciar o ensino do sistema de numeração binária por meio de um painel de luzes, que em sala de aula pode ser substituído por alunos segurando cartões com os números 1, 2, 4, 8 e 16 impressos. IMPAR PAR PAR 25 cartões imantados e coloridos (com uma cor de cada lado). IMPAR PAR IMPAR PAR PAR PAR IMPAR Alunos distribuem inicialmente os 25 cartões em cinco colunas e cinco linhas. Solicite que os voluntários distribuam 25 quadradinhos imantados em cinco linhas e cinco colunas sobre uma placa metálica, assim a mágica se iniciará. É importante que metade dos quadrados tenha um dos lados colorido. Os alunos podem escolher aleatoriamente qual cor ficará à mostra. Em um segundo momento, o professor acrescentará mais 11 cartões para formar a sexta coluna e linha, com a desculpa de “dificultar o truque”. Esses cartões inseridos pelo professor são, na verdade, o segredo para o truque. O professor sala de professor A seguir o professor acrescenta mais cartões e forma a sexta linha e sexta coluna. deverá escolher os cartões adicionais de forma que haja um número par de cartas coloridas em cada linha e coluna. Ou seja, se na primeira linha havia três cartões coloridos (ímpar), o professor colocaria mais um colorido, formando assim um número par de cartões coloridos na primeira linha. Na segunda linha não há cartões coloridos (par), portanto o professor deverá colocar um cartão sem cor (ou da outra cor), continuando assim com um número par de cartões sem cor (zero). Para as colunas, o professor deve seguir o mesmo raciocínio das linhas. os números e a invenção do computador | o mundo digital 3 IMPAR IMPAR Após finalizar o acréscimo das cartas, o professor pedirá para um voluntário virar apenas um cartão de qualquer linha ou coluna; enquanto isso, o professor irá virar-se de costas e cobrir seus olhos. A linha e a coluna que contêm a carta modificada terão um número ímpar de cartas coloridas, e isto identificará a carta modificada. Ao final, incentive seus alunos a descobrir o truque. Ouça as sugestões deles, motive-os a conjecturar sobre o problema. Propomos, a seguir, um plano para o ensino do truque aos estudantes. 1.O s alunos podem trabalhar em grupos. Peça para eles distribuírem suas cartas em um quadrado 5x5. 2.Pergunte a eles: Quantas cartas coloridas estão em cada linha e coluna? Trata-se de um número par ou ímpar? Lembre-os que zero é um número par. 3.A seguir, adicione uma sexta carta em cada linha, certificando-se de que o número de cartas coloridas seja sempre par. Esta carta extra é chamada de carta de “paridade”. 4.Adicione uma sexta linha de cartas na parte de baixo, fazendo com que o número de cartas em cada coluna seja um número par. 5.Peça para que virem uma carta qualquer. Pergunte a eles o que notam sobre a linha e a coluna na qual essa carta foi virada. Certifiquese de que eles visualizaram o número ímpar de cartas coloridas. Cartas de paridade são usadas para mostrar a ocorrência de um erro. 6.Sugira que se revezem na realização do “truque”. 4 Essa mágica exemplifica o conceito de detecção de erros por bit paridade exibido no documentário. Retome que os dados de um computador são armazenados em um disco ou transmitidos de um computador para outro de forma que estes não sofram alterações no processo. Mas, às vezes, problemas acontecem, e os dados são alterados acidentalmente. O bit de paridade serve para detectar quando e onde os dados foram corrompidos para que possam ser corrigidos. Outra atividade que pode ser realizada para auxiliar no ensino dos números binários se passa na forma de desafio: “Uma senhora se hospedou em um hotel para ficar sete dias, mas esqueceu-se do dinheiro. Ela explicou ao dono do hotel que ao final de sete dias teria o dinheiro para pagar sua hospedagem e lhe propôs um acordo. Ela tinha um colar de ouro, constituído de sete argolas unidas e transpassadas umas às outras. A senhora então propôs pagar cada diária com uma argola (uma argola por dia de hospedagem), e no final dos sete dias pagaria a hospedagem de todos os dias e pegaria as argolas de volta. O dono do hotel aceitou. Para realizar o prometido à senhora, precisaria cortar pelo menos uma argola para liberar as outras. Como ela gostava muito de sua joia, encontrou uma maneira de efetuar poucos cortes para não danificar o colar. Quantos cortes, no mínimo, a senhora terá que realizar, e de que maneira será feita a separação das argolas?” os números e a invenção do computador | o mundo digital sala de professor O professor poderá incentivar os alunos a pensarem em estratégias. Com certeza ouvirá respostas como sete cortes, seis cortes, três cortes. E sempre o professor pode dizer: “Eu consigo em menos”. O problema pode ser resolvido com apenas um corte, que precisa ser realizado na argola de número 3, pois fica com uma argola cortada solta, duas argolas unidas e quatro argolas unidas: 1. No primeiro dia ela deu a argola única cortada. Antes de dar as respostas da mágica e do desafio para os alunos, será interessante que o professor explique como funciona o sistema binário de numeração. Observe a tabela abaixo que representa um painel de luzes. Se o professor desejar, em sala de aula o painel pode ser substituído por alunos segurando cartões com os números 1, 2, 4, 8 e 16 impressos. 2. No segundo dia pegou a cortada de volta e deu as duas unidas. 3. No terceiro dia acrescentou a cortada novamente para somar 3 com as duas que já estavam com o dono do hotel. 4. No quarto dia ela pegou todas as que estavam com o dono e entregou as quatro unidas. 5. No quinto dia ela foi até o dono do hotel e entregou a argola cortada novamente para somar 5 com as quatro que já estavam com ele. A primeira coluna da direita para a esquerda representa o número 1, a segunda representa o número 2, a terceira, o número 4, a quarta coluna, o número 8 e a última coluna representa o número 16. Assim, para representarmos o número: Números Decimais 24 = 16 23 = 8 22 = 4 21 = 2 20 = 1 0 ou 1 0 ou 1 0 ou 1 0 ou 1 0 ou 1 Cartões Luzes Número Binário Luz apagada = 0 6. No sexto dia ela pegou todas as argolas com o dono e entregou as duas unidas, mais as quatro unidas, somando 6. 7. No sétimo dia ela entregou a última novamente. Assim como nos números binários 1=2º, 2=21 e 4=22 formam os números de 0 a 7, é possível combinar 1, 2 e 4 argolas de forma a se obter de 1 a 7 argolas. sala de professor Luz acesa = 1 1 basta levantar o cartão 1 (da direita) e esconder os outros. 2 basta levantar o cartão 2 e esconder os outros. 3 basta levantar os cartões 2 e 1 e esconder os outros. os números e a invenção do computador | o mundo digital 5 4 basta levantar o cartão 4 e esconder os outros. 5 basta levantar os cartão 4 e 1 e esconder os outros. E assim por diante. Peça para os alunos representarem alguns números entre 0 e 31. Por exemplo, para representar 26. Números Decimais 24 = 16 23 = 8 22 = 4 21 = 2 20 = 1 0 1 0 1 1 Cartões Luzes Toda vez que um cartão for levantado, sua lâmpada correspondente acenderá e o número abaixo dela se torna 1. Se a lâmpada estiver apagada, continuará 0. Portanto, se quiséssemos representar o número 11, ficaria assim: Números Decimais 24 = 16 23 = 8 22 = 4 21 = 2 20 = 1 1 1 0 1 0 Cartões Luzes Número Binário Dessa forma o número 11 na base binária é representado por 1011. O professor poderá questionar aos alunos quantas possibilidades há com: 1 lâmpada. Resposta: duas – 0 ou 1 (apagada ou acesa). 2 lâmpadas. Resposta: quatro – 00, 01, 10, 11. Número Binário Propomos que o professor separe sua turma em pequenos grupos e os incentive a tentar resolver cada um dos problemas propostos. Lembre-se que as soluções da mágica e do desafio devem ser discutidas entre os integrantes dos grupos e os resultados apresentados para o resto da turma. Se nenhum grupo resolver as questões, o professor poderá explicar o sistema binário e dizer que ele pode ser utilizado para as resoluções. A avaliação pode ser pela participação dos grupos e no cuidado com o registro de cada resolução. MATERIAL 36 quadradinhos 5x5cm, aproximadamente, coloridos em apenas um lado; Cartões com os números 1, 2, 4, 8 e 16 impressos. 3 lâmpadas. Resposta: oito – 000, 001, 010, 011, 100, 101, 110, 111. 4 lâmpadas. Resposta: dezesseis. 5 lâmpadas. Resposta: trinta e duas possibilidades. ETAPAS Apresentação da mágica; veja mais Mais sobre números binários no Portal do Professor (MEC). Disponível em: <portaldoprofessor.mec.gov. br/buscaGeral.html?busca=binario&x=0&y=0>. 6 Apresentação do desafio; Explicação do sistema binário; Solução do desafio e da mágica. os números e a invenção do computador | o mundo digital sala de professor Um olhar para o documentário a partir da Física O mundo físico, isto é, o mundo real, não é digital! As grandezas físicas que medimos como intensidade luminosa, intensidade sonora, massa, temperatura e tantas outras têm valores que podem variar em frações em suas unidades de medida, muito diferentes de 0 e 1. Então, como o computador registra e reproduz com fidelidade imagens, sons e ainda consegue gerenciar valores de outras grandezas em experimentos ou em dispositivos automatizados como os robôs? A conversa entre o mundo real e o computador precisa de um tradutor que podemos também chamar de conversor AD (analógico - digital). A placa de som do computador, cuja entrada pode ser acionada através do microfone, é um exemplo de conversor. Sensor transforma em tensão elétrica. Tradutor/ conversor A/D Código/ digital/binário Sensor transforma em tensão elétrica. Tradutor/ conversor A/D Código/ digital/binário Sensor transforma em tensão elétrica. Tradutor/ conversor A/D Código/ digital/binário 120Hz 300W 15A Trajeto do registro e reprodução de dados pelos computadores. A onda sonora captada pelo microfone possui informações sobre a intensidade e a frequência do som, que por sua vez são transformadas em valores de tensão elétrica (voltagem) no microfone. Então o computador lê apenas voltagens, não sons! Mas estes valores de voltagem ainda são analógicos, isto é, são sinais análogos aos reais, cujos formatos são semelhantes ao das ondas originais, cheios de curvas, picos e vales. O conversor AD os transformará em um sinal de tensão digital. Mas essa transformação poderá acarretar em perdas de informação! sala de professor Vejamos um exemplo: o software disponível na Internet Gram V6 é um analisador de sons que permite alterar a taxa de amostragem do som gravado. Sugerimos que o professor estimule os alunos a utilizarem o software da seguinte forma: com o microfone conectado ao computador, abra o software; depois clique em SCAM INPUT e escolha o valor de FFT points desejado; finalmente cante ou fale ao microfone e observe o resultado. As figuras a seguir mostram o mesmo som analisado por duas taxas de amostragem diferentes: 16824 pontos e 512 pontos. O eixo horizontal da figura mostra a frequência do som. os números e a invenção do computador | o mundo digital 7 500 1000 1500 2000 Hz 500 1000 1500 2000 Hz Som analisado por taxa de 16824 pontos. Som analisado por taxa de 512 pontos. Note que no segundo caso o som ficou descaracterizado, isto é, a frequência do som gravado ficou indefinida, já que no lugar de curvas temos retângulos. Isso acontece por conta dos sinais de tensão analógicos, quando são transformados em frases binárias pelo conversor AD. Uma frase binária tem um conjunto de dígitos e cada dígito corresponde ao que chamamos de bit. É esse número de bits na sua saída que define a precisão na análise do sinal de entrada. Vamos imaginar um conversor AD cuja saída tenha 3 bits. Quantas frases binárias podemos escrever, sabendo que os valores possíveis para os bits são 0 e 1? Vejam a tabela abaixo. 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 1 1 1 0 0 1 0 Sinal de tensão analógico Tradutor Frases binárias sinal digitalizado 1 8 frases = 2 3 Transformação dos sinais de tensão pelo conversor digital de 3 bits. Os componentes eletrônicos, por sua vez, podem ser polarizados com tensões de no máximo 5 volts. Imagine, por exemplo, que os sinais de tensão produzidos em microfones que entram no conversor AD têm valores que variam entre 0 e 5 volts. Que frase binária será utilizada para representar cada sinal? Veja no quadro abaixo a distribuição dos sinais para cada frase, já que teremos 8 frases possíveis. Lembre-se que teremos no máximo 5V para 8 frases! Frases 0 0.625 1.25 1.875 2.5 3.125 3.75 4.375 5.0 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 0 0 0 1 1 0 1 0 0 0 1 0 0 0 Tensão (V) Frases binárias representadas em diferentes sinais. 8 os números e a invenção do computador | o mundo digital sala de professor Perceba que todos os sinais que tiverem valores de tensão entre 0,625V e 1,250V serão escritos com a mesma frase binária, 001, e consequentemente quando o som for reproduzido pelo computador, será muito diferente do som original, isto é, terá baixa qualidade. Então, quanto maior o número de bits do conversor, mais fiel ao real será o sinal gravado. Para desenvolver o projeto, utilizaremos a placa microcontroladora Arduino. Essa placa foi desenvolvida para promover a interação física entre o ambiente e o computador utilizando dispositivos eletrônicos de forma simples, baseada em softwares e hardwares livres. O custo da placa e componentes associados não ultrapassa R$100,00. Hoje em dia, existem conversores AD de 64 bits fornecendo uma ótima resolução, já que serão de 1,8 x 1019 frases binárias possíveis para representar o sinal. O alarme óptico funciona assim: ao escurecer em um dado ambiente, uma lâmpada acende sozinha, sem que alguém precise acionar qualquer dispositivo. A aplicação prática desse projeto de robótica é uma excelente oportunidade para motivar os estudantes, contribuindo para a melhoria da qualidade de suas vidas. Para mostrar detalhadamente a conversão de um sinal analógico em digital vamos construir um alarme óptico. O professor poderá usá-lo para incentivar os estudantes a realizarem pequenos projetos de física e robótica, utilizando material de baixo custo e alta tecnologia. Estes pequenos projetos podem tornar a aula de Física bastante motivadora, permitindo que os estudantes aprendam os conteúdos com maior motivação. Exemplos de montagem da placa de Arduino. A entrada e saída de informações se dão por meio do sensor de luz LDR, ligado à “porta” de entrada analógica A0 do Arduino. Por esta porta entrarão sinais de tensão em formato analógico que terão valores altos ou baixos, dependendo da intensidade luminosa. O Arduino Duemilinove (versão usasala de professor Vamos à montagem do circuito. A figura a seguir mostra os componentes já associados à placa Arduino. Para ver a montagem passo a passo, assista ao vídeo disponível em: <www.youtube.com/watch?feature=player_ embedded&v=Vtk6VFXKzHg>. A montagem do circuito é uma grande oportunidade para o professor abordar os conceitos de Eletrodinâmica e Física Moderna. O sensor de luz LDR é uma resistência que varia com a intensidade luminosa que o atinge, isto é, quanto mais luz, mais elétrons da banda de valência do semicondutor são levados à banda de condução, e com isso a resistência do LDR diminui. Então, como o LDR está associado em série com a resistência de 10 kΩ, e esta associação está polarizada com os 5 volts fornecidos pela placa Arduino, quanto mais luz houver no LDR, menor será a queda de tensão neste componente e maior a queda de tensão na resistência. Professor, neste momento pode ser trabalhado o conteúdo das Leis de Ohm. A associação em série do LED com a resistência de 330 Ω também está polarizada com 5V e este LED representa a lâmpada que acenderá quando o ambiente escurecer. da neste experimento) possui uma saída digital de 10 bits e isso significa que escreve 210 = 1024 frases binárias. Logo, os sinais de tensão do LDR poderão se distribuir entre 1024 possibilidades de sinais digitais e para cada frase com 5V/1024 que serão enviadas ao computador e lidas pelo software Arduino. os números e a invenção do computador | o mundo digital 9 Para que o software possa ler estes sinais e comandar o acendimento da lâmpada, será necessário programá-lo. Os códigos de programação deste e de outros tantos projetos com o Arduino estão disponíveis na internet, e é por isso que a plataforma é interessante, já que há grande troca de informações entre os usuários. Na figura ao lado, vemos a janela de programação e comando do software, bem como a janela Serial monitor. Por meio dela acessamos os números binários correspondentes aos sinais de tensão de entrada. Janela serial monitor do software Arduino. Os valores lidos no LDR são decimais. Lembre-se que são no máximo 5V de entrada para 1024 frases binárias. Cada valor indica a frase binária correspondente ao valor de tensão na porta de entrada. Por exemplo: para certa intensidade de luz o valor lido é 432. Este é o valor da tensão no LDR: 2,10 volts. A tradução da frase binária de 10 bits para o valor decimal 432 pode ser realizada por regra de três simples: 5 volts ___ 1024 x volts ___ 432 x = 2,10 volts Decimal 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 432 0 1 1 0 1 1 0 0 0 0 Confira: 432 = 0 + 256 + 128 + 0 + 32 + 16 + 0 + 0 + 0 Logo, se uma tensão de 2,10 V entrar no Arduino, ele traduzirá para 0110110000! Para cada valor de tensão teremos uma frase dessas. Para acender o LED é necessário programar o Arduino. Toda vez que a intensidade de luz produzir uma tensão acima de um determinado valor que vamos escolher (lembre-se que quanto menos luz no LDR, maior é a sua resistência e maior será a queda de tensão nele), o Arduino enviará um sinal pela porta de saída digital 13 que fará o LED acender! Veja como isso é feito no código de programação: LED não acende com valor em torno de 400. if(LDR>700) {digitalWrite(ledPin, HIGH); delay(1000);} else {digitalWrite(ledPin, LOW); delay(1000);} Toda vez que a frase binária corresponder a um decimal superior a 700, o LED vai acender (HiGH). A seguir, à esquerda, o resultado da leitura com valor em torno de 400 (aproximadamente 2V). Ao bloquear a luz, os valores lidos crescem para cerca de 950 (4,6V). 10 LED acende com valor em torno de 950.t os números e a invenção do computador | o mundo digital sala de professor O código de programação do alarme óptico completo está disponível em: <skydrive.live.com/ view.aspx?cid=0CFC642261A60EB2&resid=CFC642261A60EB2!327&app=Word>. Este experimento mostra que todos os periféricos associados ao computador podem ser comandados da mesma forma - microfones, Webcam, câmeras fotográficas introduzem sinais de tensão; caixas de som, monitores e impressoras executam tarefas comandadas em linguagem binária. A atividade sugerida aqui é mais adequada ao terceiro ano do Ensino Médio, série em que os estudantes têm mais contato com os conteúdos de eletrodinâmica. O professor poderá avaliar o passo a passo da atividade experimental, e pedir aos estudantes para projetarem as associações em série (LDR e resistor, LED e resistor) de modo a calcularem os valores de resistência adequados para não queimar os componentes LDR e LED. Poderá também avaliar a execução (montagem do circuito) e finalmente as interpretações dos resultados, por meio de discussões entre os grupos. A partir das discussões, o professor poderá também pedir sugestões sobre outros projetos que podem ser executados com o Arduino. Importante enfatizar que esta atividade atende aos eixos cognitivos II e IV, contemplando as competências 2, 5 e 6 da área de Ciências da Natureza e suas tecnologias, presentes na Matriz de Referência para o ENEM 2011. Com as atividades propostas o professor poderá desenvolver os conceitos de eletrodinâmica e física moderna, em especial as Leis de Ohm. ETAPAS MATERIAL Dividir a turma em pequenos grupos, sendo que cada grupo terá um kit Arduino com todos os componentes; Placa Arduino Uno (cabo de alimentação USB incluso); Montar o circuito no protoboard; Placa de prototipagem (protoboard); Abrir o software Arduino e colar o código de programação; Um resistor de 330 Ω·; Executar o software e conferir os valores no Serial Monitor com o LDR em luz ambiente; Um resistor de 10 kΩ; Escrever o valor decimal correspondente à luz ambiente na programação do Arduino; Um LDR; Um LED; Executar o software, bloquear o LDR e verificar o acendimento do LED; Fios de ligação; Computador com software Arduino instalado. sala de professor Conferir os valores no Serial Monitor com o LDR bloqueado. os números e a invenção do computador | o mundo digital 11 UMA CONVERSA ENTRE AS DISCIPLINAS No documentário há a seguinte fala: “Todo computador é pura Matemática”. Nós gostaríamos de sugerir outra frase: “Todo computador são puras Matemática e Física”, pois sem as duas disciplinas, não seria possível a existência do computador. binário de numeração, ou seja, o computador só entende 0 e 1. E a Física ficou responsável por uma estrutura que fosse capaz de representar os 0 e 1 com a ajuda da eletrônica. Os primeiros computadores funcionavam através de válvulas. A Matemática foi a responsável pelo software e a Física pelo hardware, ou seja, a Matemática foi responsável pela programação, pelo desenvolvimento do sistema operacional, a linguagem do computador. Este só entende uma linguagem: o sistema A Matemática e a Física tiveram um “casamento” perfeito quando se juntou o simples código binário (“0” ou “1”) com a facilidade de conseguir uma estrutura eletrônica do tipo “ligado” ou “desligado”. Desta união nasceu o computador! SUGESTÕES DE LEITURA E OUTROS RECURSOS Livros e Revistas CALVALCANTE, M. A.; TAVOLARO, C. R. C.; MOLISANI, E. Física com Arduino para iniciantes. Revista Brasileira de Ensino de Física (Online), v. 33, p. 4503-1-4503-9, 2011. CAVALCANTE, M. A.; BONIZZIA, A.; GOMES, L.P.C. O ensino e aprendizagem de Física no século XXI: sistemas de aquisição de dados nas escolas brasileiras, uma possibilidade real. Revista Brasileira de Ensino de Física (Impresso), v. 31, p. 4501-1-6, 2009. FOMIN, D. Círculos matemáticos: a experiência russa. Ed. IMPA, 2010. sites e outros recursos Números binários e o funcionamento do computador (textos em português). Disponível em: <csunplugged.org/activities>. Acesso em 21de set. de 2012. Software Gram V6. Disponível em: <xviiisnefnovastecnologias.blogspot.com.br/2009/08/software-de-analise-sonoragram-v6.html>. Acesso em 1 de set. de 2012. Software Arduino disponível em: <arduino.cc/en/Main/Software>. Acesso em 21 de set. de 2012. Blog contendo tutoriais para utilizar o Arduino, além de projetos educacionais. Disponível em: <labduino.blogspot.com.br>. Acesso em 21 de set. de 2012. Site contendo dicas de projetos com o Arduino disponível em: <labdegaragem.com>. Acesso em 21 de set. de 2012. 12 os números e a invenção do computador | o mundo digital sala de professor FOTO Um documentário da TV Escola. Um ponto de partida para grandes trabalhos com os alunos. Assim é o Sala de Pofessor. O programa incentiva os professores de Ensino Médio a desenvolverem projetos que mudem a rotina em sala de aula. Em cada programa, dois professores convidados criam um projeto a partir de documentários exibidos na TV Escola. São sempre propostas e experimentos inovadores, que podem ser reaplicados em qualquer escola do país. Os trabalhos apresentados são detalhados em dicas pedagógicas como essa e ficam disponíveis no site da TV Escola. Os professores também podem usar as artes criadas para o programa: são animações, tabelas, mapas e infográficos que tornam os conteúdos mais visuais e interativos. As dicas pedagógicas e as computações gráficas foram transformadas em fascículos interativos para tablets. E o professor também pode navegar pelo material extra do programa no blog do Sala. Para ter acesso a esses produtos, acesse o site tvescola.mec.gov.br ou curta a fan page da TV Escola no Facebook. FOTO