ESTERÓIDES ANABOLIZANTES: UMA VISÃO DOS ALUNOS QUE CURSAM A
8ª SÉRIE
Diene Pires Costa
Graduada em Educação Física pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste-MG.
[email protected]
Letícia Soares Silva
Graduada em Educação Física pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste-MG.
[email protected]
Ms. Marley Pereira B. Alvim
Mestre em Desenvolvimento da Criança.Técinica de Lisboa. Faculdade de Motricidade Humana.
Docente do Curso de Educação Física do Centro Universitário do Leste de M. Gerais – Unileste-MG.
[email protected]
RESUMO
Essa investigação objetivou analisar a visão dos alunos de 8ª série do ensino
fundamental a respeito dos esteróides anabólicos e diagnosticar o local de acesso
dos mesmos. Foram entrevistados 121 alunos, de um universo de 606. O
instrumento utilizado foi uma entrevista semi-estruturada, elaborada mediante a
fundamentação teórica. As entrevistas foram realizadas individualmente, gravadas,
transcritas e consolidadas, utilizando o parâmetro metodológico de Bardin (2002).
Conclui-se que dos 121 alunos, 68 não têm ciência do que é esteróides anabólicos e
53 já ouviram falar e sua principal referência é ser uma “bomba”. Todos alegaram
nunca ter feito uso de esteróides anabólicos e não tiveram interesse em ter acesso
ao mesmo; 69 não sabem quais os prejuízos à saúde, que os esteróides anabólicos
podem causar e 52 consideram que os principais prejuízos são: impotência sexual,
morte e problemas cardíacos. Os 121 alunos não sabem nomear nenhum tipo de
esteróides anabólicos.
Palavras-chave: Esteróides anabólicos, corpo, educação ambiental.
ABSTRACT
This investigation aimed to analyse the point of view of students who attend the 8th
grade of elementary school concerning the anabolic steroids and diagnose the local
where they access them. Among 606 students, 121 were interviewed. The tool used
was a semi-structured interview which was elaborated according to the theoretical
fundamentalism. The interviews were accomplished individually, recorded, written
down and consolidated using Bardin’s methodological parameter (2002). It was
concluded that among the 121 students, 68 aren’t aware of what anabolic steroid is
and 53 have already heard of it and their main reference describes it as a “bomb”. All
of them said they’ve never used anabolic steroids and have never been interested in
accessing them; 69 don’t know the losses they can cause to health and 52 consider
that the main losses are lack of sexual power, death and cardiac problems. The 121
students don’t know how to name any kind of anabolic steroid.
KEY-WORDS: anabolic steroid; human body; environmental education.
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MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.2 - N.2 - Ago.dez. 2007.
INTRODUÇÃO
De acordo com o CONFEF (2005); Darido (1999); Molinari e Sens (2003) a
Educação Física Escolar caracteriza-se como uma disciplina que introduz e integra o
aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la,
reproduzi-la e transformá-la, capacitando-o para usufruir os jogos, os esportes, as
danças, as lutas e as ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da
melhoria da qualidade de vida. Segundo Nascimento et al. (2004), “os objetivos da
Educação Física Escolar relacionam-se a concepção sócio-histórica de ensino e
aprendizagem a aspectos relacionados ao desenvolvimento da autonomia, do
conceito de regras, da ética, da cooperação, da moral, do prazer, do reconhecimento
da importância da atividade física, etc. A Educação Física para cumprir sua função
no currículo escolar precisa ser planejada, significante, reflexiva, movimentada e não
mecânica”.
Por volta dos 14 anos de idade o indivíduo chega à 8ª série do ensino
fundamental respectivamente. De acordo com o CONFEF (2005); Cotrim (2005),
esta idade é conhecida como adolescência. Nesta fase, os alunos colocam alguns
obstáculos à Educação Física, devido às dificuldades emocionais, às mudanças
hormonais, o modismo, e principalmente às mudanças no corpo.
Diante dessa reflexão, o objetivo deste estudo é analisar a visão que os
alunos de 8ª série do ensino fundamental têm à respeito dos esteróides anabólicos e
diagnosticar o local onde os alunos têm acesso ao mesmo, sendo isto fundamental,
para que através deste, profissionais da área de Educação Física e demais
interessados sejam capazes de estruturarem melhores estratégias de intervenção e
informações aos adolescente.
1- Conceito de anabolizantes ,esteróides e esteróides anabolizantes
“Anabólico refere – se a promoção do anabolismo, que é o
atual processo de construção dos tecidos, principalmente, do tecido
muscular. Isso pode ocorrer pela própria reação natural do corpo ao
trabalho muscular (atividade física), a nutrição e a suplementação
adequada, ou pela introdução de drogas. O anabolismo ocorre retirando
substâncias do sangue, que são essenciais para o crescimento e reparo
dos tecidos e usando-os para estimular reações que produzem síntese dos
mesmos. Esteróides são hormônios, responsáveis pela harmonia das
funções vitais do organismo. São compostos químicos sintéticos que imitam
os efeitos anabólicos da testosterona, tendo a propriedade de ativar o
metabolismo protéico, retendo o nitrogênio e aumentando a atividade do
ácido ribonucléico - RNA. Esteróides Anabólicos existem versões sintéticas
do hormônio masculino testosterona, um hormônio que controla várias
funções e que ocorre naturalmente no corpo. Entre essas funções está a
promoção do anabolismo. Esteróides manipulam este evento natural, com a
habilidade de fazê-lo em um passo acelerado. Pelas drásticas mudanças
metabólicas no corpo, anabolizantes esteróides aceleram a síntese de
proteínas, reduzem o catabolismo e aumentam massa muscular e força nos
atletas que treinam com pesos. Esteróides não só exercem seus efeitos nos
músculos, mas afetam várias outras partes do corpo. Esta é a razão de
ganhos dramáticos na musculatura acompanhados por sérios efeitos
colaterais
(NETO, 2006).”
1.1-Aspectos dos esteróides anabolizantes
Silva, et al (2002).afirma que a testosterona é o hormônio esteróide
androgênico mais importante produzido pelas células de Leydig nos testículos. No
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sexo feminino, é produzido em pequena quantidade pelos ovários. Todavia, pode ser
sintetizado pelo córtex da supra-renal em ambos o sexo.
De acordo com Gentil (2002),em 1889, o fisiologista francês Charles Edouard
Brown-Sequard revelou que um extrato retirado dos testículos de animais produzia
efeitos positivos na força, energia intelectual e outros fatores. Ao final de 1930 foram
isolados os agentes anabólicos responsáveis pelos efeitos propostos por BrownSequard e, deste então, os esteróides anabólicos androgênicos tornaram-se mais
disponíveis e seu uso comum tanto em atletas quanto em pacientes em condições
patológicas crônicas.Os esteróides anabólicos androgênicos (a partir de agora EAA)
são hormônios sintéticos similares a testosterona, possuindo, como o próprio nome
diz, tanto propriedades anabólicas, quanto androgênicas. Dentre os efeitos
anabólicos destaca-se o aumento da massa muscular e retenção de nitrogênio. Nos
androgênicos, encontram-se o agravamento da voz, o crescimento de pêlos,
agressividade e outros.
1.2 –Esteróides anabolizantes: seus efeitos e suas dosagens
Segundo Peluso et al. (2000), os esteróides anabólicos podem ser tomados
na forma de comprimidos ou injeções e seu uso ilícito pode levar o usuário a utilizar
centenas de doses a mais do que aquela recomendada pelo médico.
Freqüentemente são combinados diferentes esteróides anabólicos entre si para
aumentar a sua efetividade. Outra forma de uso dessas drogas é tomá-las durante 6
a 12 semanas, ou mais e depois parar por várias semanas e recomeçar novamente.
Existem dezenas de produtos que entram ilegalmente no país e são vendidos em
academias e farmácias. Muitas das substâncias vendidas são falsificadas e
acondicionadas em ampolas não esterilizadas, ou misturadas a outras drogas.
Alguns usuários chegam a utilizar produtos veterinários à base de esteróides
anabólicos, sobre os quais não se tem nenhuma idéia sobre os riscos do uso em
humanos.
O uso dos esteróides anabólicos pelos jovens, em grande escala e altas
doses, com o objetivo do melhoramento estético, vem ocorrendo por
desconhecimento dos malefícios que esses medicamentos podem causar. Biscaia
(2004); Chiesa (2003); Magno (2002); Yonamine e Yonamine (2005) destacam que
os efeitos colaterais relacionados ao uso contínuo de esteróides anabólicos são
bastante numerosos e de graves conseqüências, tais como: câncer de fígado,
hipertrofia cardíaca, hipertensão arterial, dores ósseas, hipertrofia da próstata,
cefaléia grave, redução grave dos níveis de colesterol HDL, aumento do colesterol
LDL, morte. Em homens, o uso de esteróides anabólicos pode causar a diminuição
do tamanho dos testículos, a contagem de espermatozóides é reduzida, impotência,
infertilidade, calvície, desenvolvimento de mamas, dificuldade ou dor para urinar e
aumento da próstata. Em mulheres, é comum que ocorra crescimento de pêlos
faciais, alterações ou ausência de ciclo menstrual, aumento do clitóris, voz grossa e
diminuição de seios. Já em adolescentes, a maturação esquelética prematura e a
puberdade acelerada levando a um crescimento raquítico, são os efeitos mais
comuns.
Oliveira (2006) relata que os aparecimentos desses efeitos são muito
variáveis. Alguns efeitos podem surgir durante o ciclo de uso do esteróides
anabólicos e outros podem surgir após o uso, às vezes, até bem mais tarde.
Fleck e Kraemer (1999) relatam que muito frequentemente, algumas pessoas
abusam das drogas esteróides anabólicos na esperança de negar a predisposição
genética.
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1.3 -Tipos de esteróides anabólicos
De acordo com Yonamine e Yonamine (2005), existem dois subgrupos de
agentes anabólicos: Esteróides anabólicos androgênicos e Agonistas beta-2
(Agentes anabólicos não-esteroidais).
“Típicos atletas usuários de esteróides anabólicos são aqueles
que participam de modalidades que exigem força, velocidade ou aparência
física. Esteróides endógenos, principalmente testosterona, são os
preferidos, devido à dificuldade na detecção de seu uso. Os esteróides
anabólicos sintéticos não são produzidos no corpo humano, mas foram
sintetizados artificialmente através de substituições de grupos químicos da
molécula de testosterona, com o objetivo de aumentar a atividade anabólica
e diminuir os efeitos androgênicos O Agonista beta-2 como o clembuterol,
possui a propriedade de aumentar a massa muscular e reduzir a gordura
corporal. (YONAMINE e YONAMINE,2005) “
Segundo Silva, Danielski e Czepielewski (2002) o uso de anabolizantes nos
esportes causa resultados, na maioria das vezes, benéficos do desempenho, como a
hipertrofia muscular e o aumento da força física. Mas alguns estudos demonstram
que tais resultados podem estar relacionados simplesmente à retenção de fluidos
corporais, efeitos comportamentais e placebo. Os efeitos colaterais tornam-se
evidentes quando os atletas fazem o mau uso dos EAA (abuso), ou seja, utilizam
estas drogas em concentrações acima da recomendável terapeuticamente,
provocando muitas vezes danos irreversíveis à saúde física e mental.
1.4 -Esteróides anabólicos mais utilizados
Os principais esteróides anabólicos são: oximetolona, metandriol, donazol,
fluoximetil testosterona, mesterolona, metil testosterona, sendo os mais utilizados no
Brasil a Testosterona e Nandrolona (PELUSO et al.,2000).
A nandrolona se caracteriza como um esteróide anabólico que apresenta
efeitos poupadores protéicos e anticatabólicos, além de efeitos favoráveis no
metabolismo do cálcio. A nandrolona é um dos esteróides anabólicos mais
encontrados em dopagem de atletas nos últimos anos (MARQUES et al., 2003). No
organismo humano a nandrolona é metabolizada a norandrosterona e
noretiocolanolona, que são excretadas na urina na forma glicuconjugada.
A diferença entre a testosterona e a nandrolona é que a nandrolona é um
derivado sintético da testosterona, que é mais anabólica, menos androgênica, sem
hepatotoxidade e com mínimos efeitos colaterais em doses abusivas. Com essas
características, a nandrolona atua muito no aumento da massa muscular e é
preferida pelos atletas que abusam das doses porque ela é pouco androgênica, isto
é, não atua muito na esfera sexual o que reduz os efeitos colaterais mais
indesejáveis pelos esportistas. A prescrição médica nos casos indicados, também
privilegia a nandrolona, por esses mesmos motivos (OLIVEIRA, 2006).
2- Característica de escolares de 8ª série
Aproximadamente aos 14 anos de idade o indivíduo chega à 8ª série do
ensino fundamental. A partir desta idade, os alunos colocam alguns obstáculos à
Educação Física, devido às dificuldades emocionais, às mudanças hormonais e até
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ao modismo, bastante comum, nesta fase da vida (CONFEF, 2005). Segundo Cotrim
(2005), a adolescência é a fase que ocorre as principais mudanças no corpo, tanto
biológicas quanto psicológicas. Esta é a fase em que é necessário enfrentar as
mudanças do corpo, onde os rapazes começam a ficar preocupados com o tamanho
do pênis e com a mudança de voz, e as moças com o arredondamento das
escadeiras e até mesmo a primeira menstruação, onde muitas delas não estão
realmente preparadas para recebê-la.
“Aproximadamente aos 13 anos de idade, a criança encontrase pelo estágio de aplicação, onde, ocorre sofisticação cognitiva crescente
e certa base ampliada de experiências motoras, tornando o indivíduo capaz
de tomar numerosas decisões de aprendizado e de participação baseadas
em muitos fatores da tarefa, individuais e ambientais. O indivíduo aos 13
anos, começa a tomar decisões conscientes a favor ou contra sua
participação em certas atividades. Aos 14 anos de idade, o indivíduo chega
ao último estágio do desenvolvimento motor, o estágio de utilização
permanente que continua por toda a vida adulta, e é caracterizado pelo uso
do repertório de movimentos adquiridos pelo indivíduo durante a vida,
representando o cume de todos os estágios e fases precedentes”.
(GALLAHUE e OZMUN, 2003)
3- Corpo e Natureza
O ser humano pode ser definido como um ser inacabado, incompleto, em
busca da perfeição (FURTER, 1978 citados por SILVA, s/d). O ser humano é um
complexo de emoções e ações, propiciadas por meio do contato corporal nas
atividades psicomotoras, que também favorecem o desenvolvimento afetivo entre as
pessoas, o contato físico, as emoções e ações (MOLINARI e SENS, 2002). À
procura de um novo caminho para a conscientização ecológica, é que encontra-se
na Educação Física, um dos mais novos atalhos rumo a uma nova proposta de vida.
De acordo com Ribeiro (1997), trata-se de uma nova metodologia que objetiva o
restabelecimento da relação harmônica entre o Homem, a sociedade e a natureza,
perdida através dos tempos.
O professor pode buscar com seus alunos a valorização da construção,
manutenção e conservação de espaços disponíveis para a prática de atividades
físicas em sua comunidade. Tenta-se mostrar que o conhecimento a ser transmitido
pela Educação Física na escola refere-se a uma cultura do movimento, com suas
dimensões conceituais (saber), procedimentais (saber fazer) e atitudinais (ser),
conhecimento que pode ser articulado com os objetivos do aperfeiçoamento da
convivência social e da consciência a respeito do meio ambiente (SILVA, 1996).
Encontra-se nas atividades, algumas consideradas alternativas, como, jogos
cooperativos, danças, massagens, dinâmicas de grupo, atividades lúdicas,
exercícios de exploração dos sentidos, artes marciais e esportes realizados na
natureza, uma forma prática de exercitar conceitos ecológicos. Tais conceitos podem
ser transportados para o corpo quando pensa-se que a relação de harmonia e
equilíbrio só existe quando tem início no interior de cada ser.
Segundo BRASIL-PCN’s (1998), a prática dessas atividades é considerada,
no senso comum, como sinônimo de saúde. É explorada e estimulada pela indústria
cultural, do lazer e da saúde ao reforçar conceitos e cultivar valores, no mínimo
questionáveis, de dieta, forma física e modelos de corpo ideal. Atrelada a essas
premissas inevitavelmente carregadas de valores ideológicos e a interesses
econômicos, a prática da atividade física é vinculada diretamente ao consumo de
bens e de serviços (equipamentos, academias, espaços de lazer, complementos
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alimentares, prescrições de treinamento), citada como método infalível no combate
ao uso abusivo de álcool, fumo e drogas, e como recurso de integração social do
jovem e do adolescente. No plano pessoal, da vida cotidiana do cidadão, abre-se um
espaço que favorece os modismos, o consumismo exacerbado ou a impossibilidade
de acesso, a anorexia entre adolescentes, a exclusão calcada em estereótipos e
padrões corporais, no comércio clandestino de anabolizantes, entre outros. Sempre
que possível é interessante trazer para o cotidiano uma visão sobre o equilíbrio dos
sistemas e de sociedade sustentável que seja a mais próxima da realidade local.
Com a realização de atividades no meio natural, pode-se desenvolver uma atitude
de observador atento as mudanças, tratando possíveis relações que o meio
estabelece com o organismo durante uma prática, e de uma atitude no cotidiano que
busque minimizar as marcas deixadas pelo homem no meio ambiente.
4- Educação Ambiental
A Educação Ambiental surge como uma nova proposta, tanto para a
educação como para a vida. É um instrumento que tem como prioridade e objetivo
preparar o cidadão, resgatando os valores básicos que estão se perdendo na
sociedade (MORALES, 2004).
A Educação Ambiental pode ser definida como o processo que objetiva o
desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais, e que se
relaciona com a sociedade para manutenção ecológica (IBAMA, 2002 citado por
BERTOLINI, 2004). É o processo educacional de estudos e aprendizagem dos
problemas ambientais e suas interligações com o homem, na busca de soluções que
visem a preservação do meio ambiente como um todo (SANTOS, 1996). Tavares
(2002) entende a Educação Ambiental como uma perspectiva educativa, com caráter
de educação permanente, que pode estar presente em todas as disciplinas, na
tentativa de enfocar a compreensão e resolução de todos os problemas ambientais
planetários. De acordo com Reigota (1994), pode-se usar conteúdos diversos nas
ações de Educação Ambiental tais como pobreza, saneamento básico, degradação
da fauna e flora, poluição em geral, efeito estufa, biodiversidade, reciclagem do lixo
doméstico e industrial, produção bélica, esgotamento clandestino, ocupação
irregular de áreas naturais, degradação da vegetação litorânea e aterro de
manguezais, por exemplo. De qualquer forma, é fundamental que estes temas façam
sentido ao público-alvo, ou seja, façam parte da realidade cotidiana destas pessoas.
Segundo Morales (2004), a Educação Ambiental busca a inter-relação entre a
ética, a política, a economia, a ciência, a tecnologia, a cultura, a sociedade e a
ecologia diante reflexões de uma permanente complexificação do pensar e do agir
ambiental, sendo necessária uma postura interdisciplinar no contexto sistêmico.
Portanto, é neste processo que a Educação Ambiental deve preparar novas
gerações, com novas atitudes e mentalidades, capazes de compreender as
complexas inter-relações entre os processos objetivos e subjetivos do seu mundo,
permitindo o desenvolvimento de uma postura crítica e interdisciplinar, baseado nos
princípios do sentir, da reverência em relação a vida. O Brasil possui uma política
nacional de Educação Ambiental eficiente, mas não aplica seus fundamentos,
acentuando as distorções na realidade nacional.
Segundo Noal et al. (1998), a aprendizagem das questões relacionadas à
situação ambiental geral e particular integra a aquisição de conhecimento, de
valores, de compromisso e de habilidades necessárias para desenvolver a
conscientização ambiental e, assim, criar novos padrões de conduta, de consumo e
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de relações interpessoais orientadas para a melhoria da qualidade de vida no
planeta.
5- A triangulação: anabolizante, corpo e educação ambiental
O ensino de saúde tem sido um desafio para a educação, no que se refere à
possibilidade de contribuir com uma aprendizagem efetiva e transformadora de
atitudes e hábitos de vida. As experiências mostram que transmitir informações a
respeito do funcionamento do corpo e descrição das características das doenças,
bem como um elenco de hábitos de higiene, não é suficiente para que os alunos
desenvolvam atitudes de vida saudável. É preciso educar para a saúde levando em
conta todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes que
acontecem no dia-a-dia da escola.
Reigota (1994) relata que há muitos métodos possíveis para se transmitir
Educação Ambiental. O mais adequado é que cada professor(a) estabeleça o seu e
que este vá de encontro às características de seus alunos. Na metodologia utilizada
residem os aspectos que caracterizam a criatividade do professor diante dos
desafios que encontra cotidianamente. Segundo Silva (1996), os conteúdos
selecionados por parte do professor é a possibilidade destes permitirem o
crescimento pessoal dos alunos e, ao mesmo tempo, a consideração a respeito da
sua relevância social, ou seja, a consideração a respeito de quanto um conteúdo é
capaz de contribuir para a promoção de uma convivência social responsável, digna,
justa, pautada pelo diálogo, solidariedade e respeito mútuo. Marinho (2004) destaca
as atividades na natureza, o lazer e a educação ambiental como oportunidades
privilegiadas para a reflexão e a experimentação lúdica, de extrema importância no
processo de mudança para melhores condições de vida na Terra. Não isoladamente,
mas em estreita relação com outros campos de atuação e formação, potencializando
a participação e o engajamento crítico e criativo dos sujeitos. Chao (2004) afirma
que o lazer, enquanto ambiente propício para o desenvolvimento de práticas
educativas transformadoras, pode ser uma possibilidade de sensibilização para a
questão ambiental.
De acordo com BRASIL Parâmetros Curriculares Nacionais PCN’s, (1998), a
aquisição de hábitos saudáveis, a conscientização de sua importância, bem como a
efetiva possibilidade de estar integrado socialmente (o que pode ocorrer mediante a
participação em atividades lúdicas e esportivas), são fatores que podem ir contra o
consumo de drogas. Quando o indivíduo preza sua saúde e está integrado a um
grupo de referência com o qual compartilha atividades socioculturais e cujos valores
não estimulam o consumo de drogas, terá mais recursos para evitar esse risco. Em
relação aos objetivos da Educação Física, os PCN’s reconhecem em seus objetivos
gerais que ao final do ensino fundamental, os alunos devem ser capazes de
reconhecer-se como elemento integrante do ambiente, adotando hábitos saudáveis
de higiene, alimentação e atividades corporais, relacionando-os com os efeitos sobre
a própria saúde e de recuperação, manutenção e melhoria da saúde coletiva.
Segundo Lollo (2004), pode-se notar que atualmente a Educação Física vem
ganhando reconhecimento na área da saúde devido à visão de que a atividade
física, em todas as idades e de todas as formas pode ajudar a entenderem melhor o
próprio corpo e os mecanismos para o desenvolvimento de uma vida saudável. O
meio ambiente não se restringe apenas em fauna e flora, mas também ao nosso
corpo, quando utilizamos algum tipo de droga anabólica estamos afetando o nosso
primeiro meio ambiente, o nosso corpo, fazendo com que aja uma transformação no
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mesmo onde estaremos modificando nosso metabolismo natural (genético)(Alvim,
2007).
Os esteróides anabólicos já fazem parte do universo adolescente, senão no
uso, pelo menos no seu círculo social em que vivem ou em seus temas de interesse.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2006),
desde 1996, o uso juvenil aumentou 39% entre os estudantes do nível fundamental.
O educador é responsável por dar espaço para a abertura deste tema e das
problemáticas atuais que motivam o uso abusivo por vários indivíduos na sociedade.
Discutir sobre esteróides anabólicos na escola, de acordo com Tavares et al. (2003),
é pensar em um espaço onde os alunos, professores e orientação escolar possam
se conscientizar e se preparar para os efeitos nocivos das drogas entre os
praticantes de atividades físicas.
METODOLOGIA
Em um universo de 606 alunos que cursam a 8ª série do ensino fundamental
em cinco escolas municipais da cidade de Ipatinga-MG, a amostra foi composta por
um percentual de 20% de cada escola, sendo 10% do sexo feminino e 10% do sexo
masculino, totalizando em 121 escolares, conforme tabela abaixo. Os alunos foram
selecionados através de sorteio.Os dados apresentados em resultados e discussão
não constam de percentuais específicos do sexo feminino e masculino, pois durante
o consolidado e análise das respostas não foi diagnosticada o nível de
conhecimento diferente.Dessa forma percebeu-se que tanto as meninas como os
meninos tem um entendimento equivalente da problemática abordada.
Escolas Municipais
de Ipatinga
Alunos da 8ª
série
matriculados
Alunos da 8ª
série percentual
de 20%
1
223
2
140
3
56
4
103
5
84
606
Total
Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga- MG.
44,6
28
11,2
20,6
16,8
121,2
* Alunos da 8ª série
entrevistados
Feminino
22
14
6
10
8
60
Masculino
22
14
6
10
8
60
Primeiramente, foi enviada uma carta às escolas da rede municipal de IpatingaMG explicando o objetivo da investigação e solicitando a autorização para realizá-la,
enviando a mesma para a prefeitura de Ipatinga para que o setor de recursos
humanos autorizasse a entrada das acadêmicas no recinto das escolas para a
aplicação da entrevista com os alunos no período de aula. Após a prefeitura
conceder a autorização, um calendário foi elaborado para a realização sistemática
da investigação, aplicando o instrumento de maneira que obtivesse fidedignidade.
As entrevistas foram realizadas dentro das escolas.
O instrumento utilizado nesta investigação foi uma entrevista semi-estruturada
elaborada pela orientadora e orientandas, pautado na fundamentação teórica. As
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entrevistas realizadas individualmente, gravadas, transcritas e consolidadas
baseando-se no método de análise de conteúdo (BARDIN, 2002).
Não foram citados os nomes dos alunos entrevistados em nenhum momento
da investigação, preservando a integridade dos mesmos. A amostra foi informada
dos objetivos do estudo e sua participação foi voluntária.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Serão apresentadas as perguntas das entrevistas, consolidando as respostas
dos alunos, bem como a análise das mesmas.
1-Voçê já ouviu falar em esteróides anabólicos? Você sabe o que é? Ou sabe
de algum caso ou colega que já fez uso ou já te contou algo sobre esteróides
anabólicos?Fale um pouco sobre o que você sabe.
Dos 121 alunos entrevistados, 68 disseram que não sabem o que é esteróides
anabólicos e que nunca ouviram falar de colegas ou conhecidos que fizeram ou
fazem uso, enquanto 53 deles afirmaram que já ouviram falar de esteróides
anabólicos, sendo que em seus relatos afirmaram que o conhecimento que tinham
sobre esteroides anabólicos era de ser uma “bomba”, de ser igual à droga e algo
que aumenta o corpo.
“Os esteróides anabólicos são hormônios, responsaveis pela
harmonia das funções primordiais do organismo. Podemos também chamálos de ‘anabólicos, que são hormonios esteróides da classe dos hormónios
sexuais masculinos, os andrógenos. As propriedades anabólicas destes
hormônios aceleram o crescimento, elevando a taxa de massa muscular. O
uso de esteróides anabólicos eleva principalmente: a força, a aceleração e
a explosão muscular. Se por um lado os esteróides beneficiam no
desempenho, eles oferecem riscos seríssimos a saúde"(ROSA,1991).
Esteróides anabólicos são medicamentos que alteram o metabolismo. Os
esteróides anabólicos funcionam como os hormônios masculinos naturais. Ajudam a
aumentar a massa e a força muscular do atleta. Seu uso é difundido também entre
as mulheres que praticam provas que exigem grande potência muscular, ou desejam
melhor aparência física (WIKIPÉDIA, 2006).
2-Voçê já fez ou faz uso de esteroides anabólicos? Quais os motivos que te
levaram a usá-lo ou à não usar esteróides anabólicos?
Dos 121 alunos entrevistados todos relataram nunca ter feito uso de esteróides
anabólicos porque não conhecem ou por não terem interesse e por ser prejudicial à
saúde.
Segundo Souza (2005) e Fisberg (2005), no Brasil, a facilidade de obtenção
dos esteróides anabólicos favoreceu seu consumo entre os atletas e não atletas. A
grande procura para uso destas drogas ocorre porque seus efeitos são visíveis, com
duração de até nove meses após o término da ingestão. Estas duas características,
somadas ao apelo à aparência física na sociedade, levaram o consumo excessivo
de esteróides anabólicos a uma faixa etária problemática: a pré-adolescência e a
adolescência.
3-Voçê sabe quais os prejuízos que o esteróides anabólicos traz à saúde? Me
fale 2 prejuízos?
Dos 121 alunos entrevistados 69 deles afirmaram não saber quais os prejuízos
que os esteróides anabólicos traz à saúde, sendo que 52 deles consideram o
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esteróides anabólicos ser prejudicial à saúde. Entre os prejuízos citaram a
impotência sexual, morte e problemas cardíacos.
Segundo Guimarães Neto (s/d), “o principal culpado pelos
efeitos colaterais provocado pelo uso de anabolizantes é um hormônio
denominado: DIHIDROTESTOSTERONA(DHL). Os efeitos indesejavéis
provocado por essa droga são: Calvície, hipertrofia prostática, acne,
agressividade, hipertensão, limitação do crescimento, virilização em
mulheres, aumento do colesterol, ginecomastia, dores de cabeça,
impontência, e esterilidade, insónia, hepatoxidade, problemas de tendões e
ligamentos, entre vários outros.”
De acordo com Magno (2002), os inúmeros efeitos colaterais de longo e curto
prazo que podem ocorrer nos homens são calvície, acne, agressividade, hipertensão
arterial, hipertrofia da próstata, limitação do crescimento, impotência sexual,
esterilidade, insônia, cefaléias (dor de cabeça), aumento do mau colesterol (LDI),
diminuição do bom colesterol (HDL), surgimento de seios, complicações cardíacas,
enrijecimento das articulações e atrofia testicular. Nas mulheres, além desses
efeitos, podem ocorrer ainda virilização, crescimento de pelo, engrossamento da
voz, hipertrofia do clitóris e distúrbios menstruais e ovulatórios.
4-De acordo com a pergunta 2: Onde você conseguiu ter acesso ao esteróides
anabólicos aos alunos serem unânimes em dizer que nunca fizeram ou não fazem
uso de esteróides anabólicos os 121 alunos entrevistados não tiveram interesse em
ter acesso ao mesmo.
Segundo Souza (2005) e Fisberg (2005), os esteroides anabólicos são muitas
vezes receitados por instrutores e professores de Educação Física, que indicam e
vendem os esteróides anabólicos, podendo ser compradas em farmácias, sem
receita médica, apesar da tarja vermelha.
5-Quais os tipos de esteróides anabólicos que você mais conhece ou já ouviu
falar? Fale-me dois tipos.
Dos 121 alunos entrevistados, todos relataram não conhecer ou nunca ouviram
falar de qualquer tipo de esteróides anabólicos.
Segundo Wikipédia (2006) há três categorias de esteróides anabólicos:
estrógenos andrógenos, cortisona estrógenos (hormônio feminino) e os andrógenos
(hormônios masculinos). Esses esteróides anabólicos foram reproduzidos pela
indústria farmacêutica gerando anabolizantes sintéticos, sendo sua substância
através de supositórios, cremes, selos de fixação na pele e sublingual, porém os
mais consumidos são os orais e injetáveis. Os esteróides anabólicos são um
subgrupo de andrógenos, nessas substâncias existem diferentes níveis dependendo
de cada esteróide anabólico.
CONCLUSÃO
Conclui-se que 121 alunos entrevistados nessa investigação, 68 não têm
ciência do que é esteróides anabólicos e 53 já ouviram falar e sua principal
referência é ser uma “bomba”. Todos alegaram nunca ter feito uso de esteróides
anabólicos e não tiveram interesse em ter acesso ao mesmo; 69 não sabem quais
os prejuízos à saúde, que os esteróides anabólicos podem causar e 52 consideram
que os principais prejuízos são: impotência sexual, morte e problemas cardíacos. Os
121 alunos não sabem nomear nenhum tipo de esteróides anabólicos.
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MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.2 - N.2 - Ago.dez. 2007.
Percebe-se que o pouco conhecimento a respeito do assunto deixa os alunos
em uma zona vulnerável; pois dependendo da situação vivenciada ou do discurso
proferido, esses adolescentes podem iludir e iniciar o uso dos esteróides anabólicos.
Outra situação interessante é a falta de percepção dos alunos em relação à
mutação corporal causada pelos esteróides anabólicos.
Dessa forma foi possível alcançar o primeiro objetivo do estudo, mas o
segundo não; uma vez que os alunos afirmaram não conhecer o local de acesso aos
esteróides anabólicas.
Os resultados dessa investigação evidenciam a importância do trabalho do
professor de Educação Física em formentar reflexões a respeito dos esteróides
anabólicos, principalmente ressaltando os impactos corporais ocasionados e a
urgente compreensão do respeito com o corpo.
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